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empresa Velox concessionária de veículos Ltda
PARECER TÉCNICO
Junho/2020
	
Elaborado por: Kleber Silva Macedo
Disciplina: Direito Empresarial
Turma: 36_0520
Introdução
A empresa de sociedade limitada é uma das mais predominantes no Brasil, como o nome já diz, ela desenvolver uma atividade econômica por meio de uma sociedade limitada é uma das maneiras de restringir a responsabilidade dos sócios, desta forma, dar garantia na proteção do patrimônio dos sócios. Também podemos citar outras características desta modalidade como:
· Composição por dois ou mais sócios, não tendo obrigatoriedade de que eles exceção atividades da mesma natureza;
· A remuneração de cada integrante é equivalente ao investimento realizado, simplificando a distribuição de lucros;
· Não tem valor mínimo de capital, sendo a responsabilidade do sócio proporcional ao capital investido, mas todos respondem pelo total;
· Em caso de qualquer quebra de regras ou de contrato por parte de um dos sócios, ele pode ser excluído do negócio, evitando prejuízos maiores para empresa;
· A responsabilidade dos sócios é restrita a empresa, sendo que em caso de falência ou débitos os bens pessoais são protegidos.
Diante destas características da sociedade limitada o presente trabalho aborda um parecer técnico de um contexto da empresa Velox Concessionária de Veículos Ltda.
A empresa objeto do estudo, é uma sociedade empresária limitada localizada em Guarapuava no estado do Paraná, onde está devidamente registrada e com capital de R$ 40.000.000,00. A sociedade possui 5 sócios (Ana, Braga, Telêmaco, Guaraci e Maurício) onde cada socio é detentor de 20% do capital social. Porém, Maurício ainda não integralizou a sua parte do capital social, estando inadimplente a 45 dias. A empresa é administrada por Braga e Guaraci e todos os sócios residem na mesma cidade da sede.
Após 9 anos de funcionamento da empresa, a harmonia entre os sócios não é mais a mesma, Ana tem apresentado insatisfação nas decisões administrativas dos administradores e vem tentando dissolver a sociedade por distrato, não utilizando seu direto de sair da sociedade. Insatisfeita com a situação Ana resolve vender suas quotas para a empresa societária concorrente, pois os sócios não usarem o direto de compra dentro do prazo definido por lei, então, Ana faz alienação das quotas sem a aprovação dos sócios. Depois disso, Ana passa a realizar ataques virtuais (e-mails) sobre notícias falsa da vida particular, atividades fraudulentas e apropriação indevida dos sócios que estão na administração da sociedade. Os sócios caluniados tiveram acesso aos e-mails e fizeram uma acareação com Ana, que assumiu a autoria das informações mentirosas. 
Em detrimento a crise harmônica entre os sócios a empresa é afeta economicamente, tendo sua relação abalada com os clientes e gerando várias reclamações. Esta situação fez o faturamento da empresa reduzir, sendo necessário a solicitação da recuperação judicial, na qual Ana não aprova. No meio deste turbilhão de problemas ocorre o falecimento do sócio Telêmaco, vítima de um infarto fulminante, deixando como único herdeiro seu filho Caio de 2 anos de idade.
Fundamentação
Como gestor da Velox Concessionária de Veículos Ltda, estou elaborando este parecer com base nas normas do Direito Empresarial para contestar as irregularidades ocorridas após os 9 anos de funcionamento da empresa societária. Essas irregularidades podem ser resumidas nos seguintes tópicos:
· Inadimplência do sócio Maurício em relação ao aporte não realizado na sociedade, estando atraso de 45 dias;
Antes de falar sobre inadimplência do sócio em uma sociedade empresária limitada, vamos lembrar das responsabilidades do sócio perante as obrigações sociais, principalmente na integralização do capital social pelos sócios, o artigo 1052 da Lei 10.406/2002 do novo Código Civil traz a limitação à responsabilidade dos sócios, em virtude do prazo de integralização das quotas na sociedade. 
“O art. 1.052 do Código Civil dispõe que:
Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social.” (Jusbrasil,2017)1
As integralizações das quotas podem ser feitas no momento da constituição da sociedade ou em prazo definido no contrato social.
Além disso, existem mais dois artigos que normativa a exata estimação dos bens incorporados ao capital social e a não integralização da quota de sócio remisso dentro do Código Civil.
“Art. 1.055.
§ 1o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade.” (Jurisway,2018)8
“Art. 1.058. 
Não integralizada a quota de sócio remisso, os outros sócios podem, sem prejuízo do disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato mais as despesas.” (Jurisway,2018)8
A lei não fixa, para as sociedades empresariais limitadas, uma data limite para a integralização do capital social e nem para que os sócios têm o valor referente a suas quotas, deixando a decisão para os sócios quanto ao momento do pagamento das quotas subscritas. Como já citado anteriormente, os sócios também podem acionar o art. 1058 para o sócio remisso como penalidade da não integralização do aporte na sociedade. O artigo 1004 aplica-se quando não há estabilizado no contrato social a forma de constituição do sócio devedor em mora, neste caso, a regra prevê um prazo de 30 dias após a notificação do devedor. Caso o sócio não cumpra o prazo de 30 dias, caberá a sociedade optar pelas seguintes alternativas:
a) exigir-lhe o valor faltante, acrescida indenização pela mora; 
b) reduzir-lhe a quota ao montante já realizado, com redução do capital social; c) reduzir-lhe a quota ao valor já integralizado, com aquisição da diferença pelos demais sócios, mantendo o capital social; 
d) excluir o sócio, transferindo sua quota a outros sócios; 
e) excluir o sócio, com cessão de sua quota a terceiros não sócios.
· Pretensão da sócia Ana em dissolver a sociedade pautada na insatisfação com os demais sócios, sem utilizar o direito de deixar a sociedade;
A dissolução da sociedade pode ser entendida como o fim da personalidade jurídica da sociedade contratual, atualmente existem várias formas de dissolução, mas iremos aprofunda em dois tipos de dissolução a parcial e total, cada um com suas regras específicas. Neste parecer iremos abordar os dois tipos de dissolução, pois se enquadra na situação ocorrida com a sócia Ana.
Schlintwein & Meneghetti (2014) aborda o assunto dizendo,
“Já a dissolução parcial ocorre no caso de ato específico que atingi a desvinculação de um sócio da equipe associativa, por exemplo, quando houver algum conflito entre sócios ou sucessores onde não se possa manter as ligações contratuais, havendo assim o encerramento de parte desses vínculos e permanecendo a atividade empresarial pelos demais sócios, com o intuito de preservar a empresa.”
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Essa modalidade aplica a liquidação de quotas do contrato social, com a finalidade de entregar um valor referente ao patrimônio da sociedade de acordo com o percentual de quota do sócio. Os motivos da retirada de um integrante da sociedade estão listados abaixo:
· Direto de retirada;
· Falência;
· Falta grave;
· Incapacidade superveniente;
· Mortes;
Nota-se que essa modalidade permite que a sócia Ana poderia usufruir da opção de direito de retirada, prevista no Código Civil pelo art. 1029, sem realizar a dissolução total da sociedade, porém, ela não optou por essa solução.
A outra modalidade é a dissolução total que corresponde ao encerramento de todos os vínculos do contrato da sociedade. A sociedade pode ser dissolvida através de alguns fatores, conforme abordado abaixo:
Art. 1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer:
I – O vencimentodo prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II – O consenso unânime dos sócios;
III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
IV – A falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
V – A extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar. (Correa Ferreira Advogados, 2018)3
Diante disso, pode-se observar que no contexto abordado dentro das situações citas na Velox Concessionaria, não há nenhum fator que possa ser aplicado o artigo 1.033. Entretanto, os outros sócios (Braga, Telêmaco, Guaraci e Maurício) que corresponde a 80% das quotas da sociedade, podem acionar o art. 1085 do Código Civil que disciplina os procedimentos e requisitos para a exclusão de um sócio pelos demais em uma sociedade. É importante constar no contrato social da sociedade a cláusula de exclusão de um sócio, onde a exclusão deve ser manifestada pela maioria dos sócios que devem apresentar maioria do capital social. A exclusão de um sócio não pode ser aplicada somente com base na simples divergência entre os sócios, ou seja, se sua conduta estiver colocando em risco a empresa, então, o sócio por ser excluído. Diante disso, os sócios da Velox Concessionária de Veículos, pode acionar a exclusão da sócia Ana, pelo fator de falta grave, apresentando as provas materiais (e-mails) e a confissão da sócia Ana das condutas inadequadas, mostrando que essa conduta coloca o negócio da empresa em risco.
· Ausência da manifestação dos sócios na compra das quotas da sócia Ana e alienação sem anuência dos demais sócios;
Dentro dos atos constituídos de sociedade limitada, é mandatório a cláusula que prevê o direito de preferência dos demais sócios caso algum deles queira vender sua quota, essa regra está descrita conforme no artigo 1057 do Código Civil. 
“Art. 1.057. 
Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.
Parágrafo único. A cessão terá eficácia quanto à sociedade e terceiros, inclusive para os fins do parágrafo único do art. 1.003, a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios anuentes.” (Jusbrasil,2017)4
Existem a opção de os sócios definirem a regra no contrato social sobre a cessão de quotas, mas se isso não for feito os sócios terão que respeitar o procedimento da lei no Código Civil.
Loreto (2017) demostra como é passo a passo da venda de quotas por cessão:
· Ter comprador para a intenção de venda de quota de um ou mais sócios;
· No caso do comprador não sócio, não pode haver a oposição de ¼ do capital, representado pelos titulares, já os sócios são livres para a cessão de quotas, sendo desnecessário o consentimento dos demais sócios;
· Mesmo se o comprador for sócio, o termo não pode ser reduzir por alteração do contrato social e nem por meio instrumento de cessão;
· O documento deve ser registrado e arquivado na Junta Comercial do Estado;
· Informar a transação na declaração do imposto de renda (IRRF).
De acordo com a lei, Ana não pode fazer a cessão de quota para a empresa concorrente sem a anuência de ¼ do capital da sociedade. Quanto a não manifestação dos demais sócios em relação direito de preferência, pode dizer que esse direto só terá valor se estiver incluso nas cláusulas do contrato social estas deverão ser cumpridas na sua integralidade, caso não tenha sido, as regras legais atinentes a sociedade limitada deva ser utilizada. No contexto relatado da empresa Velox concessionária de Veículos não há nada que evidencie que existe esta cláusula no contrato social, desta forma, os sócios não tenham preferência de compra, mas possuem mecanismos na lei que podem cancelada a venda para terceiros, porém, isso não se aplicará aos sócios.
· Divulgação virtual (e-mails) de informação inverídicas feita por Ana aos sócios que são administradores da empresa societária, estas evidências têm valo legal para um processo;
Nos dias de hoje, as empresas societárias dificilmente conseguiriam operar de forma competitiva sem a ajuda das ferramentas virtuais. A agilidade da informação com estas ferramentas está cada vez mais presente no mundo empresarial. Mas, seu uso deve obedecer a certo procedimento e normas para não serem enquadradas como crime virtual. Podemos citar dois tipos de crimes mais cometidos no meio virtual:
· Calúnia – Atribuir a alguém a autoria de um fato definido em lei como crime quando se sabe que essa pessoa não cometeu crime algum. Conforme descrito no artigo 138 do Código Penal e cuja sua punição pode variar de 6 meses a 2 anos de reclusão, além de multa;
· Difamação – Atribuir a alguém fato ofensivo à sua reputação e honra. Conforme descrito no artigo 139 do Código Penal, cuja sua punição pode variar de 3 meses a 1 ano de reclusão, além de multa.
Diante disso, podemos abordar a decisão desembargador Paulo Roberto Lessa Franz no caso marido que realizou dano moral a esposa através de envio de e-mails.
‘‘O dano moral, no caso, se mostra in re ipsa, o qual se presume, conforme as mais elementares regras da experiência comum, prescindindo de prova quanto à ocorrência de prejuízo concreto, diante da ofensa à honra da vítima, com a remessa de variados e-mails, contendo expressões injuriosas’’. (Consultor Jurídico, 2012.)5
Portanto, as evidências geradas pela sócia Ana através de e-mails e da sua própria confissão perante os outros sócios por sim ter validade e ser considerada como prova num processo judicial. Além disso, já como abordado anteriormente os sócios podem solicitar a exclusão da sócia Ana da sociedade, através do art. 1085 do Código Civil, devido a conduta inapropriada e colocando a empresa em risco.
· Reclamação do cliente em relação ao veículo 0 Km adquirido na concessionária Velox com vícios de qualidade;
O Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que quando um produto apresentar vícios de qualidade (defeito) na garantia, o fornecedor tem o prazo de 30 dias para sanar o problema, conforme art.18, parágrafo 1° do CDC. Se por ventura isso não ocorrer o consumidor tem as seguintes possibilidades:
· Fazer a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
· Fazer a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
· Fazer o abatimento proporcional ao preço.
Nos últimos anos o Superior Tribunal de Justiça (STJ) vem elaborando jurisprudências sobre o tema que envolve problemas de vícios de qualidade em automóveis, definindo o alcance dos danos para o consumidor. 
Evolução jurisprudencial
Até 2013, o STJ considerava mero dissabor, insuficiente para configurar dano moral indenizável, o defeito apresentado em veículos novos. Tal entendimento fica evidenciado no Recurso Especial REsp 628.854, julgado em 2007 sob relatoria do ministro Castro Filho, e no Ag 775.948, julgado em 2008 sob relatoria do ministro Humberto Gomes de Barros.
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Ao longo do tempo, o STJ solidificou o entendimento de que fica caracterizado o dano moral, suscetível de indenização, “quando o consumidor de veículo zero-quilômetro necessita retornar à concessionária por diversas vezes para reparo de defeitos apresentados no veículo adquirido”, conforme afirmou o ministro Marco Aurélio Bellizze no AREsp 672.872, julgado em 2015.
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Em recente decisão no REsp 1.640.789, cujo relator foi o ministro Bellizze, e nos casos citados a seguir, o STJ deixa clara a posição de que “a concessionária e o fabricante de automóveis possuem responsabilidade solidária em relação ao vício do produto”. (Consultor Jurídico, 2018)2
Diante da jurisprudência apresentada pode afirmar que o cliente pode acionar a concessionária e a montadora para o efetivo conserto do veículo, num prazo de 30 dias, após espirado prazo o consumido poderá solicitar a substituiçãodo produto ou restituição da quantia paga ou abatimento proporcional ao preço.
· Rejeição da socia Ana no pedido de recuperação judicial da empresa societária;
Atualmente no Brasil muitas empresas estão sofrendo com as crises econômicas. Portanto, para alcançar o seu objeto social e manter suas atividades muitas empresas têm ingressado pedido de recuperação judicial como forma de renegociar seus débitos.
Seu processamento requer a estrita observância e preenchimento de certos comandos legais, para ser apresentado para ao Juiz, há também a necessidade da elaboração do plano de recuperação aprovado pelos sócios, deliberação entre empresa e credores e aprovação dos credores, para posterior homologação jurídica.
Sejam minoritários ou majoritários, os sócios não podem rejeitar a concessão de recuperação judicial em plano elaborado por assembleia geral de credores.
Para fortalecer tal argumento podemos citar a decisão do STJ no caso do pedido de recuperação judicial da Daslu.
“A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou decisão da Justiça de São Paulo que reconheceu a falta de interesse e legitimidade recursal de determinados credores do Grupo Daslu – entre eles, uma empresa que também ostenta a condição de acionista minoritária – que buscavam impedir a concessão da recuperação judicial das famosas lojas de luxo.
Para o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), “os acionistas, minoritários ou majoritários, não podem impedir a concessão de recuperação judicial derivada da aprovação do plano pela assembleia geral de credores”. Além disso, segundo o acórdão, “as querelas intrassocietárias deverão ser dirimidas no palco judicial adequado, e não nos lindes do processo de recuperação judicial”.
No STJ, os credores sustentaram violação do artigo 59, parágrafo 2º, da Lei 11.101/05. Segundo eles, na condição de credores devidamente habilitados, teriam legitimidade e interesse para recorrer da decisão que homologa o plano e defere o pedido de recuperação. Além disso, o fato de uma das recorrentes ser acionista minoritária jamais poderia acarretar ausência de legitimidade recursal e, ainda que assim fosse, esse entendimento não poderia prejudicar a ação dos demais credores que não têm relação societária com o Grupo Daslu.
Também se alegou que o recurso não trata exclusivamente de conflitos societários, mas também de graves ilegalidades que teriam sido praticadas na recuperação judicial, sendo a mais significativa delas a inexistência de avaliação em separado da marca Daslu.” (Direito Comercial, 2018)9
Desta forma, podemos afirmar que a rejeição da sócia Ana ao pedido de recuperação judicial da sociedade não viabiliza juridicamente a pretensão da empresa.
· Omissão da cláusula de sucessão por familiares das quotas no contrato social, em caso de falecimento dos sócios. Há viabilidade jurídica para o filho do sócio falecido (Caio), assumir a posição do pai na empresa por conta da herança recebida.
O sócio falecido não transfere as quotas que possuía aos seus herdeiros, mas sim o valor patrimonial que elas representam. Por outro lado, os herdeiros podem manifestar o interesse de participar da sociedade, cuja entrada somente pode ser feita caso o sócio remanescente concorde com isso. Neste caso é imprescindível que haja entre o socio remanescente e o herdeiro do sócio falecido um ambiente de harmonia, pois daí nascerá um novo vínculo societário (affectio societatis).
Sabe-se que a morte de um dos sócios é uma possibilidade de dissolução parcial da sociedade, o artigo 1028 do Código Civil retrata as possibilidades para esta situação.
“Falecido um dos sócios, e no silêncio do contrato social, podem os demais optar por: a) dissolver a sociedade (art. 1.028, II); b) acordar, com os herdeiros, sua substituição no quadro social (art. 1.028, III); ou c) pagar o valor da quota aos herdeiros, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, que coincide com a do evento morte, verificada em balanço especialmente levantado (art. 1.031)”. (Sisnet Aduaneiras, 2015)6
Assim, mesmo com a omissão desta cláusula no contrato social o filho (Caio) do sócio falecido tem a possibilidade de assumir a posição do sócio, conforme descrição do artigo art. 1.028, III, mas para isso é importante as duas partes tenham um ambiente de harmonia (affectio societatis).
Conclusão
	Podemos concluir que a empresa Velox Concessionária de Veículos Ltda necessita de medidas estratégicas para contornar seus problemas de capital social, clima entre sócios, cessão de quotas, relacionamento com clientes, aprovação da reocupação judicial e definição das quotas do sócio falecido. Buscando a harmonização e o equilíbrio da empresa, serão listados a possíveis soluções para atingimento desta intenção de recuperação da empresa:
· Fazer uma negociação com o sócio Maurício para reduzir a quota ao valor já integralizado, com aquisição da diferença pelos demais sócios, mantendo o capital social;
· Convocar reunião entre os sócios informar que a sócia não tem poder jurídico para rejeitar a recuperação judicial e para negociar a saída da sócia Ana através da opção do direito de retirada, caso não haja consenso, aplicar a opção de exclusão da sócia Ana, por colocar a empresa em risco devido a postura inadequada perante os sócios administradores;
· Fazer uma negociação com a sócia Ana para cessão das quotas pelos demais sócios;
· Conceder ao cliente o efetivo conserto do veículo antes do prazo de 30 dias para restabelecer a confiança e relação com o cliente;
· Se haver um ambiente harmônico entre as partes e um desejo do filho (Caio) em participar da sociedade, então, providenciar a substituição do sócio falecido pelo filho.
Através da implantação destas medidas podemos afirmar que a uma margem muito grande de sucesso na recuperação judicial desta empresa, pois os problemas internos que estão afetando o clima organizacional, as diretrizes da administração e o financeiro da empresa serão eliminadas, para buscar neste período difícil um equilíbrio na administrativo e financeiro.
Referência bibliográfica
1. ANGELLIS, Gilbert Di. A responsabilidade dos sócios pela não integralização do capital social em Sociedade LTDA. Jusbrasil, 2017. Disponível em: https://gilbert92.jusbrasil.com.br/artigos/418945177/a-responsabilidade-dos-socios-pela-nao-integralizacao-do-capital-social-em-sociedade-ltda. Acesso em: 18 jun. 2020.
2. Consultor Jurídico. Veja a jurisprudência do STJ sobre compra de carro novo defeituoso. Consultor Jurídico, 2018. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-fev-25/veja-jurisprudencia-stj-compra-carro-defeituoso. Acesso em: 19 jun. 2020.
3. GONÇALVES, Guilherme Rodegheri. Dissolução total de sociedades: entenda como funciona esse processo. Correa Ferreira Advogados, 2018. Disponível em:
http://blog.correaferreira.com.br/dissolucao-total-de-sociedades-entenda-como-funciona-esse-processo/. Acesso em: 19 jun. 2020.
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5. MARTINS, Jomar. Ofensas à ex-mulher geram indenização por danos. Consultor Jurídico, 2012. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2012-nov-25/ofensas-feitas-ex-mulher-mail-geram-indenizacao. Acesso em: 19 jun. 2020.
6. RONCONI, Diego Richard. A condição dos herdeiros no caso de falecimento de sócio de sociedade limitada. Sisnet Aduaneiras, 2015. Disponível em: http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/caso.pdf. Acesso em: 19 jun. 2020.
7. SCHLINTWEIN, Deborah; MENEGHETTI, Tarcísio Vilton. A Dissolução Total da Sociedade Empresária. Revista Eletrônica de Iniciação Científica. Itajaí, Centro de Ciências Sociais e Jurídicas da UNIVALI. v. 5, n.1, p. 219-236, 1º Trimestre de 2014. Disponível em: 
https://www.univali.br/graduacao/direito-itajai/publicacoes/revista-de-iniciacao-cientifica-ricc/edicoes/Lists/Artigos/Attachments/990/Arquivo%2012.pdf. Acesso em: 19 jun.2020.
8. TEIXEIRA, Antonio. A Integralização do Capital Social na Constituição da Empresa. Jurisway, 2018. Disponível em: https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=18354. Acesso em: 18 jun. 2020.
9. TOMAZETTE, Marlon. Disputa entre acionistas não pode afetar a recuperação judicial. Direito Comercial, 2018. Disponível em: http://direitocomercial.com/disputa-entre-acionistas-nao-pode-afetar-a-recuperacao-judicial/. Acesso em: 19 jun. 2020.
	
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