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TEORIA DO CRIME I) FATO TÍPICO (1° requisito ou característica do crime) 1) CONDUTA HUMANA DOLOSA OU CULPOSA >TEORIA NATURALISTA OU CAUSAL - a conduta é evento natural, sem apreciação sobre a sua ilicitude ou reprovabilidade. > TEORIA SOCIAL - o comportamento deve ser valorado por padrões sociais. Não deixa de ser causal, embora com elemento adicional. > TEORIA FINALISTA DA AÇÃO - a conduta é comportamento humano dirigido a determinada finalidade. Portanto, o dolo (elemento subjetivo) e a culpa (elemento normativo) integram a conduta, não a culpabilidade, que abrange apenas o dolo normativo (potencial consciência da ilicitude). > DOLO - é elemento subjetivo do tipo (está na cabeça do agente); é elemento natural, não normativo. > TEORIAS: > TEORIA DA VONTADE - é a vontade de concretizar os elementos do tipo, desejando o resultado; > TEORIA DA REPRESENTAÇÃO - basta que o agente preveja o resultado; > TEORIA DA ANUÊNCIA - exige a ação voluntária, mas basta que o agente assuma o risco de produzir o resultado. > ESPÉCIES: > dolo direto (teoria da vontade - art. 18, I, CP); > dolo indireto, alternativo ou eventual (teoria da anuência - art. 18, I, CP); > dolo de dano e de perigo; > dolo genérico e específico; > dolo normativo e natural; > dolo geral (erro sucessivo). >ELEMENTOS: > consciência da conduta e do resultado; > consciência da relação de causalidade (momento intelectual – previsibilidade subjetiva); > vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (momento volitivo). > CRITÉRIOS SUBJETIVOS: > os objetivos; > os meios empregados; > as conseqüências secundárias. > CULPA - é elemento normativo do tipo (está na cabeça do juiz); o juiz é que vai examinar a inobservância do cuidado objetivo necessário. > ESPÉCIES: > culpa inconsciente - o resultado não é previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum, manifestada pela imprudência, negligência ou imperícia; > culpa consciente - o resultado é previsível, mas o agente espera, levianamente, que não venha a ocorrer; > culpa própria - é a comum, o agente não deseja o resultado, nem assume o risco de produzi-lo; > culpa imprópria, por extensão, por assimilação ou por equiparação - o resultado é desejado pelo agente, que incide em erro de tipo vencível. Damásio entende que a denominação é inadequada, por tratar-se de crime doloso que a lei estabelece pena de crime culposo. > ELEMENTOS: a) previsibilidade objetiva (pessoa comum); b) inobservância do cuidado objetivo – (imprudência, negligência e imperícia); c) resultado involuntário. > GRAUS: > grave, leve e levíssima. > EXCLUDENTES: a) coação física – vis absoluta (a coação moral refere-se à culpabilidade); b) Sonambulismo, hipnose ou inconsciência; c) Caso fortuito e força maior (teoria do Damásio - finalista); d) movimento reflexo (diferente de ato instintivo). > ERRO DE TIPO: 1) ESSENCIAL - incide sobre elementos ou circunstâncias do crime: a) vencível, inescusável ou culpável - exclui o dolo; b) invencível, escusável ou inculpável - exclui o dolo e a culpa. 2) ACIDENTAL incide sobre dados secundários do fato ou sobre a conduta da sua execução - relaciona-se à tipicidade. > DISCRIMINANTES OU EXIMENTES PUTATIVAS DA ANTIJURIDICIDADE - ERRO DE TIPO ESSENCIAL (art. 20, § 1°, 1ª parte c/c art. 23 - CP): a) Estado de necessidade putativo; b) Legítima defesa putativa; c) Estrito cumprimento do dever legal putativo; d) Exercício regular do direito putativo. > INCULPABILIDADES PUTATIVAS - ERRO DE TIPO ESSENCIAL (art. 22, 1ª parte - CP): a) coação moral irresistível putativa; b) obediência hierárquica putativa. 2) RESULTADO (salvo se de mera conduta) TEORIA NATURALÍSTICA - existem crimes que não têm resultado material. Damásio: - a teor dos artigos 13 e 18 CP, o que não existe é infração sem evento jurídico, consistente no dano efetivo ou potencial; - existem, ainda, os crimes de mera conduta, que não requerem qualquer resultado; - o resultado pode ser físico, fisiológico ou psicológico; - o perigo, abstrato ou concreto, também é resultado. TEORIA NORMATIVA OU JURÍDICA - todo crime tem resultado. 3) NEXO DE CAUSALIDADE (salvo se de mera conduta e formais) > TEORIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS OU DA CONDITIO SINE QUA NON (regra adotada pelo CP): > causa é todo fato que, suprimido mentalmente, o resultado não teria ocorrido como ocorreu.; > evita-se o regresso ao infinito, limitando-se o exame das causas às condutas dolosas ou culposas. > TEORIA DA SUPERVENIÊNCIA CAUSAL (restrição à regra): > causas absolutamente independentes: > preexistentes - exclui o nexo; > concomitantes - exclui o nexo; > supervenientes - exclui o nexo. > causas relativamente independentes: > preexistentes - imputável; > concomitantes - imputável; > supervenientes - exclui o nexo. > EXCLUDENTE: caso fortuito e força maior (2ª teoria - causal). > CONCAUSAS - condições personalíssimas da vítima ( antecedentes) ou inobservância de cuidados específicos (supervenientes). O CP não admite, tanto é que as causas relativas preexistentes e relativas concomitantes não excluem o nexo. 4) TIPICIDADE (conduta, resultado e nexo) > CONCEITO - é o conjunto de elementos descritivos do crime. Contém indicação do juízo de reprovação da conduta - ratio cognoscendi (o fato é ilícito, até prova em contrário). > FORMAS: > NORMAL – descrição objetiva do tipo; > ANORMAL – descrição objetiva do tipo, da antijuridicidade e do estado anímico do agente. > ELEMENTOS: a) objetivos – verbo nuclear (de natureza causal); b) subjetivos – elementos subjetivos do injusto ou do tipo (dolo ou culpa); c) normativos – pressupostos do injusto típico. > EXCLUDENTE: consentimento do agente passivo, quando a tipicidade depende do não consentimento. > ERRO DE TIPO: 1) ESSENCIAL - incide sobre elementares ou circunstâncias do fato. Relaciona-se à culpa e ao dolo. 2) ACIDENTAL - incide sobre dados secundários do fato ou sobre a conduta da sua execução. Pode ser: a) erro sobre o objeto (error in objecto) – não exclui a tipicidade; b) erro sobre a pessoa (error in persona) – não exclui a tipicidade. Aplicam-se os critérios de punibilidade relativos à vítima virtual; c) erro na execução (aberratio ictus) – não exclui a tipicidade. Se há multiplicidade de crimes, aplica-se o princípio da consunção (art. 73 CP); d) resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) - não exclui a tipicidade. O resultado diverso é punido como culposo. > DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO - o sujeito pretende praticar o crime, mas vem a cometer um indiferente penal, por ausência de elementar do tipo, que supunha existir (ex.: prática de aborto por mulher que se supunha grávida) . II) ANTIJURIDICIDADE (2° requisito ou característica do crime) > JUÍZO DE REPROVAÇÃO - refere-se ao fato. É o contraste entre o fato e a norma, resultando na lesão ou no perigo de lesão ao bem jurídico protegido. > CONCEITOS: > MATERIAL - crime é a violação de um interesse penalmente protegido. ilicitude é a lesão ao interesse tutelado pela norma; > FORMAL - crime é fato típico e antijurídico. Ilicitude é a simples contradição entre o fato e a norma; > SUBJETIVO - leva em conta a culpabilidade do agente; > OBJETIVO - é irrelevante se o agente é culpável ou não (posição do Damásio). > JUSTIFICATIVAS EXCLUDENTES: a) Estado de necessidade; b) Legítima defesa; c) Estrito cumprimento do dever legal; d) Exercício regular do direito; e) coação para impedir suicídio; f) ofensa em juízo; g) aborto para salvar gestante; h) violação de domicílio para evitar crime; i) consentimento do agente passivo, quando ele confirma os fatos. > EXCESSOS NAS JUSTIFICATIVAS: a) consciente – responde por dolo. b) inconsciente: 1) erro de tipo: > escusável – exclui o dolo e a culpa; > inescusável – exclui o dolo. 2) erro de proibição: > escusável – exclui a culpabilidade;> inescusável – responde por dolo, com diminuição da pena. III) CULPABILIDADE (3° requisito ou característica do crime) > Damásio - não é requisito do crime, mas apenas condição de imposição da pena, tendo em vista que o CP trata, separadamente, de exclusão de antijuridicidade (“não há crime”, “não constitui crime”, etc) e de exclusão da culpabilidade (“é isento de pena”, “só é punível o autor”). Portanto, há crime que não é punível. > em face do princípio do estado de inocência, a responsabilidade penal é apenas subjetiva; não pode ser objetiva; > TEORIAS: > TEORIA PSICOLÓGICA - compreende o estudo do dolo e da culpa; > TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA - a culpabilidade é um juízo de valoração a respeito de um fato doloso (psicológico) ou culposo (normativo). Segundo Damásio, é aceita por vários penalistas, mas peca por manter o dolo como elemento da culpabilidade. > TEORIA NORMATIVA PURA - relaciona-se à teoria finalista da ação. Retira o dolo da culpabilidade e o coloca no tipo penal; exclui do dolo a consciência da ilicitude e a coloca na culpabilidade, como elemento meramente normativo (está na cabeça do juiz), como o é a culpa (Damásio). > ELEMENTOS: > EXCLUDENTES (dirimentes): a) imputabilidade a) deficiência mental (doença, retardo ou insuficiência – 18 anos); b) embriaguez completa por caso fortuito ou força maior (actio libera in causa). b) potencial consciência da ilicitude a) erro de proibição - incide sobre a ilicitude do fato; b) suposição de existência de justificativa (discriminantes putativas - erro de proibição escusável); c) exigibilidade de conduta diversa a) coação moral irresistível - vis compulsiva (a coação física refere-se ao dolo e à culpa); b) obediência hierárquica; c) caso fortuito e força maior ( 1ª teoria - causal) > ERRO DE PROIBIÇÃO: 1) ESCUSÁVEL - exclui a culpabilidade; 2) INESCUSÁVEL - responde por dolo, com diminuição da pena. > DISCRIMINANTES OU EXIMENTES PUTATIVAS DA ANTIJURIDICIDADE - ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 - CP): a) Estado de necessidade putativo; b) Legítima defesa putativa; c) Estrito cumprimento do dever legal putativo; d) Exercício regular do direito putativo. > INCULPABILIDADES PUTATIVAS - ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 - CP): a) coação moral irresistível putativa; b) obediência hierárquica putativa. IV) PUNIBILIDADE (4° requisito ou característica do crime - para a minoria dos doutrinadores) > Damásio - não é requisito ou característica do crime, pois, mesmo extinta a punibilidade, o crime permanece, salvo se decorrente de anistia e abolitio criminis;
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