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Narcisismo Freud e Lacan

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I n s t i t u t o T a q u a r i t i n g u e n s e d e E n s i n o S u p e r i o r 
 “ D r . Ar i s t i d e s d e C a r v a l h o S c h l o b a c h ” – I T E S 
 
ITES - Instituto Taquaritinguense de Ensino Superior 
 
 
 
 
Táires Valério 
 
 
 
 
 
 
 
 
O conceito de Narcisismo em Freud e Lacan 
 
 
 
 
 
 
Trabalho referente à disciplina de 
Fundamento da Psicanálise “ITES- 
Instituto Taquaritinguense de ensino 
superior” orientado pelo 
professor Roger de Lucca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Taquaritinga-SP 
10 de Junho de 2020 
O conceito de narcisismo surgiu em decorrência do mito de Narciso. No mito, 
Narciso evoca um amor dirigido à própria imagem refletida. Em suma, o conceito é 
exatamente esse: o direcionamento da libido para o próprio eu. 
Apesar de essa palavra ser comumente utilizada em nosso cotidiano, e 
desenvolvida maior elaboração e expansividade dentro do âmbito da Psicanálise, ela 
originalmente foi aludida em 1898, por Havelock Ellis, que a utilizou como uma alusão 
às mulheres que se encantavam por sua própria imagem no espelho. Posteriormente, em 
1899, Paul Adolf Näcke, psiquiatra e criminologista alemão, que designou a palavra 
para constituir uma nova categoria de perversão que envolvia o amor por si mesmo 
(NASIO, p. 47, 1988). 
Em 1910 e 1911, nos ensaios sobre Leonardo da Vinci e no caso Schreber, Freud 
considera o termo narcisismo não como uma perversão, mas como um estádio normal 
da evolução sexual, ou seja, uma das possibilidades (Roudinesco & Plon, 1998, p.513). 
 
Narcisismo Primário 
Segundo Nasio (1988, p.48), pode-se compreender o narcisismo primário com o 
primeiro modo de satisfação. Essa satisfação ocorre pelo meio do auto-erotismo, ou 
seja, o prazer é obtido através das pulsões que buscam satisfação no próprio corpo. O 
narcisismo primário reflete um estágio em quo Eu ainda não fora desenvolvido, nesse 
sentido ainda não existe o objeto externo, assim direcionamento das pulsões se volta 
para o próprio organismo como forma de auto-erotismo. 
O papel dos pais no relacionamento com o bebê exige certa atenção. No estágio 
de narcisismo primário, há um movimento de reprodução do narcisismo dos pais para o 
bebê. Os pais atribuem e projetam no filho todas as perfeiçoes e sonhos que eles 
próprios não realizaram, criando assim um tipo de continuação do próprio Eu no bebê. 
Compreende-se então o narcisismo primário como a ausência do objeto em decorrência 
da fase inicial de desenvolvimento, cuja possibilidade de expansão para além do eu 
ainda não ocorreu. 
 
Narcisismo Secundário 
O narcisismo secundário pode ser compreendido pela concentração das pulsões 
sexuais de um sujeito em um objeto. Porém, a pulsão investida no objeto retorna para o 
Eu como uma forma auto-erótica, transformando o Eu em objeto. A compreensão pode 
ser facilitada pela indagação: Por que a criança sai do narcisismo primário? 
A resposta, segundo Nasio (1988, p.51) é pelo confronto com um ideal do eu 
com o qual a criança se compara, ou seja, ela passa a desejar um ideal externo a ela, que 
lhe aparece de fora. Nesse sentido, no narcisismo secundário a libido do eu perpassa o 
objeto com secundário ao próprio eu. Assim, o ideal do eu rege o narcisismo secundário 
pela obtenção do prazer narcísico encontrado no objeto. 
Nasio cita a maneira como ocorre à ferida infligida ao narcisismo primário da 
criança. 
“[...] a criança é progressivamente submetida às exigências do mundo que a 
cerca, exigências essas que se traduzem simbolicamente através da linguagem. A mãe 
fala com ela, mas ela também se dirige a outras pessoas. Assim, o filho percebe que ela 
também deseja fora dele e que ele não é tudo para ela”. (1988, p.51). 
Nesse sentido, a obtenção de amor pelo outro passa a acontecer através da 
satisfação de certas exigências, as exigências do ideal do eu. Assim, o complexo de 
castração opera na criança através do sentido de incompletude que desperta o desejo de 
recuperar a perfeição narcísica. Nesse contexto, a criança passa do narcisismo primário 
para o secundário, trocando o outro como si mesmo pelo objeto regido pelo ideal do eu. 
 
O conceito de narcisismo em Lacan 
Em 1936, Lacan da continuidade a pesquisas envolvendo a paranoia e o 
narcisismo. O resultado surge na teoria do “estádio do espelho”, que representa o 
nascimento do eu. Sucintamente, serão expostas algumas características referentes ao 
estádio do espelho. 
Reconhecemo-nos a partir de uma imagem de nosso próprio corpo, 
reconhecemos como “eu” nossa imagem refletida. Nesse sentido, a criança vê sua 
imagem no espelho, mas com uma discordância com o que ela é e aquilo que ela vê. 
Sem um reconhecimento de si prévio, a criança se encontra como um ser fragmentado, 
ela não visualiza o corpo como um todo, percebe apenas suas partes. Quando se 
encontra no espelho, ela se fascina por uma imagem completa, mas que não condiz com 
o que ela é assim ignora dependência e impotência motora e elabora uma identificação 
primordial com uma imagem ideal de si mesmo (JASIO, 1988, p. 57). 
De um mesmo modo, o outro também é visto como um espelho, no qual a 
imagem do ideal do eu é projetada e refletida com a imagem do próprio individuo. Ou 
seja, no momento em que a criança se depara com sua imagem completa no 
espelho, ela se prepara para se identificar com outros indivíduos, assim, o corpo do 
outro passa a ser sua imagem, um “eu ideal”. 
Assim, “o eu não é outra coisa senão a captação imaginária que caracteriza o 
narcisismo” (JASIO, 1988, p.59). Por fim, a compreensão de Lacan no primeiro período 
(1932-1953) é que o eu possui uma estrutura paranoica, o eu, em si, é um lugar de 
desconhecimento. Portanto, não conheço o que está em mim, encontro-o do lado de 
fora, no outro. 
No segundo período, (1953-1958) Lacan conduz uma reflexão através da relação 
do eu com o semelhante. Essa etapa está intrinsicamente ligada ao narcisismo através da 
imagem e do desejo. Como visto anteriormente no estádio do espelho, a identificação 
narcísica com o outro provoca fascinação e desejo por essa imagem externa. Como 
exemplo, podemos citar uma criança que vê o irmão mamando no seio da mãe. Nessa 
imagem ele se identifica com o outro, e seu desejo aparece através da posição do outro, 
o desejo de estar no lugar dele. Nesse sentido, Jasio (1988, p.60) postula que “A 
imagem narcísica constitui, assim, uma das condições do aparecimento do desejo e seu 
reconhecimento”. A condição do desejo é localizada na imagem do corpo do outro, essa 
condição perpassa o próprio desejo e a necessidade da qual o individuo deverá passar. 
Considerando a questão que a criança localiza no outro seu desejo, a realização 
de domínio e satisfação é encontrada no outro, logo a tendência lógica é destruir esse 
outro que detêm tudo aquilo que eu desejo, mas me aliena dessa satisfação. No entanto, 
Lacan propõe o ideal de eu simbólico como regulador da relação entre o eu e o um eu 
ideal. Nesse sentido, a ordem da linguagem simbólica sustenta o narcisismo da relação. 
A relação simbólica é expressa pela linguagem, pela sociedade e pelas leis. Assim, o 
individuo não destrói o outro, mas se coloca em posição de ser amado na medida em 
que satisfaz certas exigências simbólicas externas. 
Em uma questão ampla, o narcisismo é a condição necessária para a inscrição 
dos significantes. Jasio (1988, p. 61) expõe uma das definições para o significante 
como: “um elemento de uma cadeia de linguagem onde o desejo do outro se inscreve”. 
Logo, a imagem do corpo do outro representa um engate para os significantes 
privilegiados do próprio individuo, e este mesmo individuo possui elementos em que o 
desejo do outro se inscreve. Sucintamente podemos pensar em uma relação mãe-bebê 
que se estende para além da idade de dependência e, ainda assim, carrega os 
significantes referentes a esta etapa, regulando a relaçãodo eu com o semelhante. 
Referências Bibliográficas 
NASIO, J.D. Lições sobre os sete conceitos cruciais em psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 
1988. 
ROUDINESCO E PLON. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

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