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Unidade 4:Tópico 1
INTRODUÇÃO
A palavra política, que é uma palavra-chave de nossos estudos, que sofreu diversas influências culturais, produzindo diversos significados. Muitos devem desconhecer o significado filosófico de política e falam dela simplesmente a partir de sua vivência, para não dizer do total desconhecimento de suas questões fundamentais.
Geralmente, o termo política é visto por muitos como algo desagradável. Ao se falar sobre política, imediatamente se juntam ao termo ideias de roubalheira, trapaça, aproveitamento, engano ou atividade humana inferior, por exemplo. Sem falar na possibilidade de expressar ideias de fundamento acadêmico e que nos fazem tremer diante da possibilidade de uma demonstração que nos convence de que fazer política é algo que humanamente não tem sentido e, portanto, deveria ser desprezado.
A história da humanidade, infelizmente, sempre apresentou o embate do ser humano contra o próprio ser humano, a partir da busca pelo poder. Surge, então, o desafio de buscar uma compreensão mais verdadeira e significante da palavra política, a partir de uma abordagem filosófica, resgatando um significado mais autêntico em relação a ela e principalmente à sua vivência na sociedade e na cultura.
SAIBA MAIS
O significado do termo política
A etimologia da palavra política e de muitos termos relacionados a ela nos remete ao significado de conteúdos greco-latinos de onde a nossa cultura, ocidental-europeia-cristã, se originou, tendo o cuidado para não fechar a ideia de que fazer política foi uma exclusividade greco-latina na Antiguidade.
O termo política vem do grego: ta politika, que tem origem na palavra grega polis, que significa cidade, onde vivem os cidadãos, politikos, que eram pessoas livres e consideradas iguais perante e lei e, portanto, podendo participar, por suas opiniões, da construção da administração da cidade, isto é, exercer a ta politika, o que hoje diríamos podendo fazer política.
No latim, que era a língua falada pelos romanos, o termo polis tornou-se civitas, cidade, e a forma de ação para sua administração denominou-se república, do latim, o cuidado das coisas (res = coisa) que são consideradas de todos (publica) e evidentemente não só de alguns. De certa maneira, as palavras polis e política correspondem (imperfeitamente) ao que, no vocabulário político moderno, chamamos de Estado: o conjunto das instituições públicas (lei, erário público, serviços públicos) e sua administração pelos membros da cidade (Chauí, 1997, p. 371).
Nesse sentido, pode-se também pensar, de modo mais preciso que a política é a arte de governar, de gerir os destinos da cidade – hoje, a sociedade. Através do tempo, essa arte de governar expressou-se a partir de várias formas de atitudes e modelos de fazer política e organizar a sociedade.
É muito difícil falar em política de modo geral. O conceito de política sempre se especificou numa forma histórica de Estado e governo; em outras palavras, o entendimento do que é política sempre nos remete ao problema histórico (Aranha; Martins, 1986, p. 206). A história, além desse significado de base que política apresenta, mostra que a questão política sempre foi marcada pela busca do poder. Aqui se abre a questão filosófica:
Sendo a política a conquista, a manutenção e a expansão do poder nos vários momentos históricos.  Daí pode-se se perguntar, então, qual o critério de verdade que poderia validar esta ação, qual o objeto dessa ação? Como poderíamos entender a origem, a natureza e o significado do poder? (Aranha; Martins, 1986, p. 207).
Como buscar um significado mais profundo dessa realidade humana que é a política e que fatalmente nos levará a um posicionamento crítico sobre essa questão? Embora o aspecto histórico esteja sempre muito próximo, não podemos nos esquecer de que a nossa abordagem, ainda que perpasse pela história, tem sempre a preocupação filosófica de buscar o entendimento do que é política numa visão de totalidade.
Platão e o projeto do bom funcionamento da cidade e elementos do pensamento político de Aristóteles
Platão, como já conferimos nas unidades anteriores, foi um filósofo grego. Foi contemporâneo e discípulo de Sócrates e viveu o apogeu da cultura grega durante o século V a.C., época do surgimento da democracia como nova forma de governo da sociedade grega.
Influenciado por seu mestre, Platão escreveu considerável parte de suas obras em forma de diálogo.
RELEMBRANDO
A dialética platônica é o método de se alcançar as Ideias por meio de um esclarecimento conceitual e exercício de iniciação filosófica. A dialética é o método que consiste em distinguir as diferenças e contradições para descobrir a essência (Ideias) das coisas. O ensino somente pode ser inscrito numa alma que tenha consciência de sua ignorância, e é por esse motivo que Platão antes nos ensina a duvidar das coisas sensíveis que conhecer as Ideias.
Como todo pensador, toda visão das possíveis dimensões da realidade remetia à visão de fundo que tinha dessa mesma realidade como um todo. Sua visão sobre política não poderia estar fora dessa circunstância – e recorde-se que a questão filosófica de Platão está estritamente ligada a sua noção de Ideia e de Suprassensível (ou inteligível). O seu pensamento político deve, no seu desenvolvimento, acentuar o conteúdo de fundo do seu pensamento como um todo. A primeira definição de política de Platão é, assim, a seguinte:
"A política é a arte de conduzir os rebanhos; os rebanhos se dividem em primeiro lugar em animais com chifres e animais sem chifres, depois os bípedes e os quadrúpedes... A política é a arte de conduzir os bípedes sem chifres e sem penas".
Nessa forma de aparente brincadeira, Platão começa a elucidar que a política é a arte de conduzir a sociedade. Em segundo lugar, acrescenta que essa condução, que é o governar, poderia ser realizada pela violência, de onde vem a tirania, ou pela persuasão sem violência, o que seria a política mesma.
Eu então teria a seguinte definição, de modo mais preciso: a política é arte de governar os homens com o seu consenso (Prélot, 1979, p. 52).
Neste ponto, já dá para perceber como a questão do conhecimento é colocada por Platão no grau último de realização, que é a Filosofia, que pode levar as pessoas a discutir as coisas e delas tomar consciência em termos de verdade, como um suporte fundamental da realização da dimensão política humana. Por isso Platão, como todo bom filósofo, busca o significado da filosofia no confronto da busca da verdade, na sua natureza, no que ela é. Daí sua afirmação de que a política não é ciência militar, não é a jurisprudência (ciência do direito), não é a pura eloquência (arte de falar bem), não é a liturgia de cultos divinos.
Todas essas atividades, segundo Platão, são atividades práticas, consideradas inferiores e que, de certa forma, necessitam de uma consciência política que as conduzam. A política é a forma de conhecimento desenvolvido que ajuda os seres humanos a tecer as estratégias que vão organizar a sua ação (Prélot, 1979, p. 53). Na verdade, a política exerce essa ação sobre as demais ações por ser considerada superior, uma vez que é orientada pela ideia do sumo Bem (já comentada nas unidades anteriores), que numa realidade superior poderia iluminar todas as demais ações humanas.
Aqui, dá para perceber o forte caráter idealista da visão política de Platão, a forte valorização do conhecimento, em última instância, filosófico: para Platão, aqueles que deveriam governar seriam os filósofos, justamente devido à privilegiada posição nos graus de conhecimento (Chauí, 1997, p. 382)*. Nesse ponto, a política de Platão se torna sofocracia (shofos = sábio; cracia = poder), isto é, os que mais conhecem, os sábios é que deveriam estar no poder (Prélot, 1979, p. 55). Não deixa de ser interessante como Platão identifica esse processo na vida social.
Para o pensador, de modo utópico, no diálogo apresentado na obra intitulada A República, as pessoas são tidas como diferentes e, portanto, deveriam ocupar diferentes lugares na sociedade;a educação deveria seguir esta proposta:
Até os 20 anos, as crianças deveriam ser criadas pelo Estado. Platão até insinua a eliminação da família como célula da sociedade – o que não vem ao caso discutir agora. A partir dos 20 anos começa um processo de peneiração: as pessoas com "alma de bronze", grosseiras, imersas no mundo do empirismo, deverão se dedicar ao trabalho na agricultura, artesanato e comércio: são a base da subsistência da cidade. Dez anos depois, tendo continuado os estudos, as pessoas com "alma de prata", as pessoas com coragem e capacidade de empregar estratégias de uso da força, os militares, passarão a cuidar da defesa da cidade. Os que sobraram a essas eliminações serão conduzidos aos conhecimentos filosóficos, à busca da sabedoria, à compreensão mais verdadeira da realidade. A partir dos cinquenta anos, poderão pertencer ao grupo seleto dos magistrados e caberá a eles exercer o poder político na polis.
A justiça conhecida em sua verdade será então o critério que orientará sua ação política de governar. Assim, Platão descreve e aceita formas diversas do exercício do poder, embora todas estejam submissas a esse princípio do exercício da sabedoria, da compreensão ideal da Justiça:
Monarquia
Para Platão, o poder pode ser exercido pela monarquia, que, além da sabedoria, pode se degenerar em tirania e, portanto não ser aceita.
Aristocracia
Para Platão, também pode exercer o poder a aristocracia, que seria o poder nas mãos dos melhores - não no sentido da posse da riqueza material e sim na posse do conhecimento, que pode se degenerar na forma do governo conhecida na história como oligarquia, o governo dos ricos, formas acontecidas inclusive na história do brasil, a forma censitária, isto é, governam aqueles que têm posse privilegiada dos bens; portanto, os que não tem essa condição são explorados. Esse tipo de governo não deve ser aceito.
Democracia
Para Platão, o poder pode ser exercido na forma de democracia, em que todos poderiam participar dele (demo - povo; cracia - poder), e que também poderia degenerar em anarquia (governo nenhum ou ausência de governo)., quando o povo, longe da posse da sabedoria, desenvolve a demagogia como forma de ascensão ao poder; esse forma também não deve ser aceita (Pêlot, 1979, p. 59-61).
Nesta sucinta visão do pensamento político de Platão e de sua proposta de organização política da sociedade, pode-se perceber o caráter fortemente idealista do seu pensamento. Na política de Platão, “A civitas hominis (cidade dos homens) dos sofistas é substituída pela cidade ideal à qual todos os homens aspiram como seu supremo objetivo” (Sciacca, 1967, p. 81).
A proposta de realização humana através da política é projetada em Platão numa linha imaginária de projeção idealista e dualista, ao contrário dos sofistas, que culturalmente aguardavam a realização dessa perfeição a partir da própria ação humana mesma, embora sem a consciência e o desenvolvimento histórico que hoje temos por tantos outros pensadores, como Hegel, sem a certeza de uma verdade universal ou um conceito universal de justiça que a priori pudesse conduzir todo o processo de construção da polis.
*[CHAUÍ, 1997, P.382]
Para entender melhor essa questão, deve-se retomar aos estudos anteriores sobre Platão, especialmente a Alegoria da caverna. Segundo nosso filósofo, aquele que se desprende das amarras no interior da caverna e sai é justamente o homem que se transformará no Filósofo. Quando opta em retornar à caverna, assim que compreende (contempla) a verdade e o bem, é justamente uma missão política que ele tem em vistas, já que aquele esclarecido pela verdade tem a obrigação de ir aos seus iguais e tentar transmiti-la aos mesmos.
Contemporâneo e discípulo de Platão, valorizando também a presença da questão política no seu pensamento, Aristóteles escreveu uma obra intitulada Política, em que afirma que “o homem é um animal essencialmente político e sociável” (Mondin, 1980, p. 116).
Embora tenha discordado do seu mestre em sua visão de mundo, Platão via o mundo de forma idealista, de base de inspiração na matemática e numa crença religiosa presente na cultura grega, a religião órfica. Já Aristóteles se propõe a criar uma visão do mundo de base puramente racionalista, partindo para a busca da verdade através das coisas mesmas, no uso rigoroso da razão.
Aristóteles foi o primeiro pensador que examinou a razão humana e mostrou sua estrutura lógica, com a qual a razão contribui para organizar o pensamento que produz. Discordando filosoficamente do seu mestre, Aristóteles, consequentemente, discorda de sua visão política.
Aristóteles discorda do autoritarismo que a visão platônica de política evidência: a utopia de Platão, supondo que, pela sofocracia, aqueles que possuem mais saber – em última instância o saber filosófico idealista – conseguirão estabelecer a forma de governo mais perfeita, embora não absolutamente, na reminiscência do ideal perfeito de existir humano, que está além da realidade imediata na qual o ser humano vive.
SAIBA MAIS
Doutrina platônica da Reminiscência
Pela reminiscência ultrapassa-se o mundo sensível, das aparências (imagens), uma vez que ela é uma maneira de reconhecer a existência das Ideias. Pela Teoria da reminiscência, Platão afirma que o homem pode conhecer por meio da “lembrança”, não como uma simples memória de algo que tivemos uma experiência, mas especialmente como um modo de reconhecimento das coisas por meio das Ideias. Conhecer é recordar.
Embora no final acabe insinuando que a melhor cidade seria aquela governada pelos melhores cidadãos – dentro da forte tradição filosófica da cultura grega, esses acabariam sendo os filósofos, praticamente exclusivos na única forma de conhecimento desenvolvida até então.
Aqui podemos entender que Aristóteles valorizava as pessoas inteligentes e sensíveis pelo equilíbrio que ele atribuía ao exercício da virtude, e que na política levava a uma melhor realização as formas de governo que Platão anunciara e que ele aceitava, independentemente de sua estrutura, conduzidas pela ideia central da busca do bem comum. Mas, além das várias formas de poder,
Aristóteles prefere a politeia, uma espécie de república que possui elementos aristocráticos, pois não acredita que todos os homens tenham capacidade de governar – ilusão da democracia extrema – e por isso exclui da política os trabalhadores, artesãos e comerciantes (Aranha; Martins, 1986, p. 225).
Em outras palavras, para Aristóteles, aqueles que governam têm que ter preparo e saber. A aristocracia acaba prevalecendo também no pensamento aristotélico.
Fonte : http://bit.ly/1S88VJN

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