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Desenho Técnico Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração, Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon , Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi, Fotos Shutterstock. Coordenador de Conteúdo Crislaine Rodrigues Galan e Fabio Augusto Gentilin. Designer Educacional Janaína de Souza Pontes e Yasminn Talyta Tavares Zagonel. Revisão Textual Érica Fernanda Ortega e Cíntia Prezoto Ferreira. Editoração Bruna Stefane Martins Marconato e Isabela Mezzaroba Belido. Ilustração Marta Kakitani, Marcelo Goto e Mateus Calmon. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro Naldei e Thiago Surmani. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MONTEIRO, Cláudio Vinicius Barbosa. Desenho Técnico. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro. Maringá-PR.: Unicesumar, 2018. 256 p. “Graduação - EAD”. 1. Desenho 2. Técnico . 3. Engenharia 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1705-2 CDD - 22 ed. 604.2 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: PALAVRA DO REITOR WILSON DE MATOS SILVA REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS WILLIAM DE MATOS SILVA PRÓ-REITOR EXECUTIVO DE EAD Janes Fidélis Tomelin PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. Kátia Coelho DIRETORIA DE GRADUAÇÃO E PÓS-GRADUAÇÃO Leonardo Spaine DIRETORIA DE PERMANÊNCIA Débora Leite DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL APRESENTAÇÃO Olá, aluno(a), seja bem-vindo(a) ao mundo do desenho técnico, matéria primordial quando tratamos sobre a formação nas áreas de engenharia e tecnologia! Nesta matéria, aprenderemos como um engenheiro deve construir, ler e interpretar as representações de peças e edificações, pois trataremos das formas de se representar os objetos ao nosso redor. Em nossa jornada, iniciamos tratando de diferenciar os tipos de desenhos, vamos falar sobre o desenho artístico e o desenho técnico,e vamos verificar que, para as representações tecnológicas, nos é indicado a utilização do desenho técnico, mas que para construí-lo cabe ao engenheiro utilizar-se da Geometria e de Instrumentos de desenho para aplicar as técnicas que irão traduzir os objetos para desenhos que possam ser compreendidos enquanto linguagem por qualquer pessoa capaz de interpretá-las. Na sequência, trataremos mais profundamente sobre essas técnicas, a pon- to de subdividir nosso estudo em formas diferentes de projetos; quanto a seu nível de acabamento e detalhamento, veremos ser possível construir projetos utilizando todos os instrumentos de desenho ou apenas esboços a mão livre que permitam a transmissão de uma ideia ou peça para que, mais tarde, ela se torne um projeto completo. No caminho para obtenção desse projeto, o livro explicará, de modo simples, quais os cuidados necessários para obtenção de representações normaliza- das para o desenho técnico, como as projeções ortogonais e as perspectivas axonométricas. Apresentaremos, aqui, as técnicas para obtenção desses desenhos e sua relação com os projetos. Veremos quais os cuidados devem ser tomados para que os dados de dimensionamento e texto sejam expostos de forma satisfatória. Nesse ponto, nosso assunto se ramifica para explicar, de modo mais apro- fundado, questões que afloram no desenrolar de alguns projetos, por exem- plo, trataremos de normas que regem processos de construção em desenhos técnicos de máquinas, processos para construção de projetos elétricos e ainda para obtenção de plantas baixas e projetos civis de arquitetura, pois, apesar de usarem as mesmas técnicas de desenho, eles possuem suas normas específicas para cada caso e têm peculiaridades que devem ser obedecidas. Todo o processo é tratado, até esse momento do livro, pela ótica do desenho clássico, mas, como sabemos, esse tipo de desenho atualmente serve como base para os desenhos computacionais. Tratamos nos capítulos finais deste livro sobre os comandos e processos de tradução e obtenção desses proje- tos por meios eletrônicos, que são feitos por meio de comandos e técnicas utilizadas em um programa de desenho técnico assistido. Não por acaso, em nosso livro, escolhemos o programa computacional mais utilizado por engenheiros e arquitetos, o AutoCAD. Acreditamos, dessa forma, munir você, caro(a) aluno(a), dos conhecimentos necessários para utilizar o desenho técnico em sua profissão, mas lembre-se que este livro é apenas o início de uma caminhada, em que o conhecimento nessa área deve estar em constante aprimoramento. Bons estudos! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro Mestre em Engenharia Química na área de Catálise pela UEM (2016), Especialista em Gestão Ambiental pela UEM (2011) e Graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2008). Atuou como Engenheiro Químico em Indústria Sucroalcooleira no período de 2009 a 2012. Atualmente, leciona no curso de Engenharia Química presencial em uma Faculdade na cidade de Maringá/PR e presta serviço no ensino profissionalizante no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI MARINGÁ, para as áreas de Produção Sucroal- cooleira e Mecânica Automotiva. Atua como professor Formador produzindo material de Desenho Técnico e ministrando aulas no curso de Engenharia de Produção e no curso Híbrido de Engenharia da Unicesumar - EAD. Para saber mais, acesse o Currículo Lattes, disponível em: <http://lattes.cnpq.br/2268520626160453>. Quando você encontrar este ícone no seu material de estudo, fique atento(a), pois ele trará explicações de termos técnicos, a aplicação do conteúdo estudado na prática ou de um conceito relacionado ao assunto. Quando você encontrar este ícone no seu material de estudo, esteja conectado(a) e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Selecione o ícone QRCode e aproxime seu dispositivo do elemento com o código, pois ele trará vídeos que complementam o assunto discutido. Quando você encontrar este ícone no seu material de estudo, esteja conectado(a) e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do app para saber das possibilidades de interação de cada objeto. Quando você encontrar este ícone no seu material de estudo, fique atento(a), pois ele tratrá curiosidades ou assuntos que estão ligados ao tema discutido. Quando você encontrar este ícone no seu material de estudo, fique atento(a), pois ele trará pontos de atenção de fatos referentes ao conteúdo que está sendo discutido. Introdução ao Desenho Técnico 13 Escalas e Cotagem 45 Teoria do Desenho Projetivo 71 Perspectivas Sistemas de Projeção Ortogonal 95 117 Desenhos de Projetos 143 Desenho de Edificações Software AutoCAD (Interface Gráfica) 197 Software AutoCAD (Edição e Diagramação) 227 171 16 Planos de Projeção de Gaspard Monge 52 Padrão para a confecção de carimbo 87 Procedimento para construção de circunferências em isométrica à mão livre 109 Construção de circunferências em vista Cavaleira 134 Representação de peça em 3º diedro 157 Representação em vista explodida Queimador AF – Tipo T Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. 177 Construção de um desenho em planta baixa 217 Exemplo de projeto em camadas layers 239 Camadas de um projeto PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro • Introduzir a importância do Desenho Técnico para as mais diversas áreas da Engenharia. • Apresentar as normas mais usuais no processo de cons- trução do Desenho Técnico. • Descrever e praticar o uso adequado dos materiais de Desenho Técnico. • Expor técnicas Geométricas de Desenho que facilitarão a construção e conferência de Desenhos Técnicos. • Visualizar e Compreender os símbolos e definições de Desenho Técnico mais comuns. A origem do Desenho Técnico e sua utilização nas Engenharias Normas básicas da ABNT voltadas para o desenho técnico Geometria e Técnicas de Desenho Símbolos e ConvençõesMateriais utilizados no Desenho Técnico Introdução ao Desenho Técnico A Origem do Desenho Técnico e sua Utilização nas Engenharias Seja bem-vindo(a) ao mundo da representação gráfica ou Desenho Técnico, a princípio parece- rá uma matéria de média complexidade, mas a prática irá indicar que se trata de uma aventura instigante! É importante que você saiba que esse conteúdo é imprescindível no dia a dia de qual- quer Engenheiro, desde aqueles que utilizarão os conceitos desta matéria apenas para entendimen- to de vistas explodidas em manuais técnicos, até aqueles que utilizarão as técnicas para construir os mais diversos projetos de máquinas e edificações. Para introduzir a unidade, iremos diferenciar o Desenho Técnico de outras formas de repre- sentação, como o Desenho Artístico. Já podemos adiantar que uma das principais diferenças en- contram-se na premissa de que o segundo não utiliza conceitos algébricos e matemáticos para sua construção. Além desses conceitos, veremos, ainda, nesta unidade introdutória, que algumas normas permeiam a construção do desenho e são ditadas por uma associação de normas técnicas. A princípio, conheceremos aqui as normas essen- ciais para a construção de desenhos. 15UNIDADE I Ainda no caminhar de nossa jornada, iremos conhecer, aprender como utilizar e quais cuidados devemos ter com materiais de Desenho Técnico. Nessa parte da unidade, construiremos as formas convencionadas pela norma, como traços, circun- ferências e hachuras. Na sequência, aprenderemos as técnicas geométricas de construção de figuras, que são aplicadas não apenas em desenho técnico, mas no dia a dia de várias engenharias. Com a prática, o aprimoramento dessas técnicas resul- tará em um melhor entendimento do desenho computacional. Para encerrar, trataremos de conhecer os sím- bolos e as convençõesmais comuns em Desenho Técnico e veremos a aplicação desses símbolos em projetos de engenharia. O primeiro passo já foi dado! O croqui do pro- jeto de um novo engenheiro está na mesa, basta que você, aluno(a) de Desenho Técnico, finalize esse projeto. E então, vamos lá? A necessidade de representar o que via ou as ideias para ferramentas, máquinas e edificações, por meio de figuras sempre foi uma constante na raça humana. A essa técnica de representação por meio de traços foi dado o nome de Desenho. Ela veio se desenvolvendo e transformou-se em arte; os objetos foram sendo representados conforme eram percebidos pelos desenhistas. Entretanto, isso ocasionou diferenças de percepções, o que pode ser observado conforme as figuras ao lado. Apesar das Figuras 1 e 2 representarem um mesmo objeto, a taça, os desenhistas imprimiram, em seus trabalhos, suas peculiaridades e especifi- cidades; ambos poderiam estar observando uma mesma mesa em que se encontrava uma taça, mas cada um deles representou-a de maneiras distin- tas, com cores e traços distintos. Figura 1 - Taça representada em vitral Figura 2 - Taça representada em natureza morta 16 Introdução ao Desenho Técnico A representação gráfica desse objeto não per- mite que alguém que tenha posse dessas obras re- produza os objetos ali representados com suas reais dimensões. Isso resultou em dificuldade por um longo período de tempo, pois não bastava apenas que o inventor ou construtor fizesse um desenho ou esboço de sua máquina ou peça, mas também que ele desse detalhes falados sobre sua construção e funcionamento. Mais do que isso, nem sempre era possível ao dono do projeto estar à disposição do construtor em todo tempo e lhe passar todas as in- formações necessárias para a confecção do projeto. Com o advento da Revolução Industrial, essa necessidade de definição de regras para desenhos de projetos tornou-se ainda mais evidente, então, os engenheiros e projetistas foram gradativamente criando normas e regras para a confecção de de- senhos que pudessem exprimir orientações e téc- nicas para construção e montagens de máquinas e edificações. A partir desse momento, passa-se a diferenciar o desenho artístico do desenho técnico. Em nosso curso, trataremos apenas do Desenho Técnico, pois é ele o responsável por indicar ordens claras para a produção de peças. O desenho técnico, tal como se conhece hoje, foi desenvolvido graças ao matemático francês Gaspard Monge (1746-1818). Os métodos de re- presentação gráfica que existiam até aquela época não possibilitavam transmitir a ideia dos objetos de forma completa, correta e precisa (SENAI, 1997). O matemático imaginou uma forma de repre- sentar todos os objetos em suas reais dimensões, comprimento, largura e profundidade, todas sobre uma mesma prancha de desenho que possui apenas duas dimensões, a saber: comprimento e largura. A ideia de Gaspard consistiu em representar as faces dos objetos por meio de linhas que as pro- jetavam nos planos, ou seja, uma peça com duas faces deveria ter dois desenhos representativos, uma com seis faces, seis desenhos representativos, e assim sucessivamente. Para a obtenção das pro- jeções dessas faces, ele procedia girando a peça em um plano perpendicular ao seu plano de referência e fazia a nova projeção até que todas as faces da peça estivessem representadas. Esse método ficou conhecido como Geometria Descritiva ou Geome- tria Mongeana. Observe a Figura 3, que demonstra o método utilizado por Monge: Representação de um objeto de acordo com os princípios da geometria descritiva Figura 3 - Planos de Projeção de Gaspard Monge Fonte: SENAI (1997). Representação de um objeto de acordo com os princípios da geometria descritiva 17UNIDADE I Esse método, que passou a ser conhecido como Método Mongeano, é usado na Geometria Des- critiva, e os princípios da Geometria Descritiva constituem a base do desenho técnico. Todo o processo de desenvolvimento e criação dentro da engenharia está intimamente ligado à expressão gráfica. O desenho técnico é uma ferramenta importante, trazendo, muitas vezes, soluções gráficas que podem substituir cálculos. Apesar da evolução tecnológica e dos meios disponíveis pela computação gráfica, o ensino de desenho técnico ainda é imprescindível na for- mação de qualquer modalidade de engenharia e afins, pois, além do aspecto da linguagem gráfica que permite que as ideias concebidas por alguém sejam executadas por terceiros, o desenho técnico desenvolve o raciocínio, o senso de rigor geomé- trico, o espírito de iniciativa e de organização. Para desenvolver trabalhos na área de orçamen- to e especificação de materiais, os profissionais das mais diversas áreas da Engenharia devem saber ler um projeto para compreendê-lo em seus detalhes e, assim, quantificar com precisão os itens necessá- rios para a sua viabilização. Por exemplo, se estiver avaliando um fluxograma de produção, deverá ter condições de ler de forma acertada a posição dos equipamentos e reconhecer o fluxo dos produtos dentro da área produtiva, além de corrigir possíveis cruzamentos de fluxo de produtos existentes. Se for trabalhar na execução de obras, deverá saber ler o projeto para poder realizá-lo de forma fidedigna, conforme indicam as especificações. Antigamente, ao se propor um curso de Dese- nho Técnico, os engenheiros aprendiam técnicas geométricas de como obter as figuras desejadas; muito da parte de produção tecnológica era dei- xada de lado em face das técnicas matemáticas envolvidas para a produção do desenho. Logo, os desenhistas resultantes desses cursos estavam muito mais próximos de matemáticos do que de engenheiros. Na atual conjuntura, a situação mu- dou consideravelmente, pois, hoje, com o advento dos programas de desenhos computacional, os desenhistas podem focar-se muito mais nas me- lhorias tecnológicas de seus projetos ao invés de focar-se nas técnicas para a obtenção de traçados. São três os campos envolvidos no processo de leitura e produção de projetos, eles se complemen- tam e, quando interagem de forma equilibrada, resultam em projetos de qualidade. Os campos são os seguintes: o código, as técnicas e a geometria, sendo que o primeiro consiste nos desenhos de símbolos convencionados, como, por exemplo, o símbolo de diâmetro, que consiste na letra grega ∅, que foi convencionada sendo o valor do diâ- metro. O segundo campo compreende as técnicas de desenho ortogonal desenvolvidas ao longo do tempo, bem como os instrumentos e os programas de desenho desenvolvidos, tanto é que essas téc- nicas são constantemente utilizadas e reutilizadas desde a prancha de desenho até os programas computacionais. O terceiro campo compreende as ideias matemáticas subentendidas no desenho técnico, elas auxiliam na construção dos desenhos e na obtenção de novas técnicas. Os três campos se comunicam durante o pro- cesso de construção de projetos e se complemen- tam. Por exemplo, ao representar um cilindro visto pela lateral, utilizamos o símbolo convencionado da cota do diâmetro mas, para facilitar o entendi- mento, vamos utilizar a técnica de projeção orto- gonal de uma segunda vista; durante essa técnica, utilizaremos os conhecimentos geométricos de construção de linhas paralelas. 18 Introdução ao Desenho Técnico Quando os primeiros equipamentos e edificações foram sendo construídos, cada construtor, inven- tor ou engenheiro prático, fazia seu projeto con- forme sua vontade. Isso resultou em projetos das mais diferentes formas e representações, muitos deles utilizavam materiais de baixa resistência e durabilidade, o que colocava em risco a vida dos que utilizavam o imóvel ou máquina em ques- tão. Para regular esse processo de modelagem e construção é que os países viram a necessidade da criação de normas que norteariam os projetos. No Brasil, a norma regulamentadora é a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas –, outros países também criaramsuas normas re- gulamentadoras: os americanos seguem a ASA (American Standart Association), e os alemães fazem uso em seus projetos da DIN (Deutsch Industrie Normen), mas todas essas normas uti- lizam como fonte a norma ISO (International System Organization). Normas Básicas da ABNT Voltadas para o Desenho Técnico 19UNIDADE I A Norma Brasileira que define os tipos de Desenho Técnico possíveis é a NBR 10647, e sua divisão encontra-se na Figura 4. Segundo o organograma a seguir, os projetos diferem com relação ao aspecto, projetivo ou não, bem como com relação à elaboração, que está organizada daquela que requer menor cuidado com a norma (Esboço) até a que precisa segui-la rigorosamente (Desenho definitivo). Os tipos de detalhamento estão classificados por complexidade, sendo o componente o de me- nor complexidade e o conjunto a união desses componentes. O detalhe ficou definido como a peculiaridade que precisa ser representada com mais afinco em um componente. A norma ainda regulamenta os tipos de material no qual um de- senho pode ser feito, sua forma de elaboração e de execução: Quanto ao Aspecto Geométrico Desenho não- Projetivo: • Diagramas • Esquemas • Fluxogramas • Nomogramas • Organogramas • Gráficos Desenho Projetivo: • Projeções Ortogonais • Perspectivas Quanto à Elaboração Esboço; Croqui Desenho preliminar Desenho definitivo Quanto ao Detalhamento Componente Conjunto Detalhe Quanto ao Material, Execução e Obtenção Material: giz, lápis, tinta, carvão Execução: à mão livre ou computacional (máquina) Obtenção: original ou reprodução (cópia, redução ou ampliação) Figura 4 - Organograma dos tipos de Desenho Técnico Fonte: o autor. 20 Introdução ao Desenho Técnico Assim como em toda ocupação, no Desenho Téc- nico, o material de trabalho e os cuidados que se deve ter com ele são de extrema importância, isso porque a qualidade do projeto resulta das técnicas aplicadas e da habilidade que o projetista tem com os equipamentos de desenho. Os principais objetos e materiais a serem uti- lizados durante esse tópico seguem ao final deste parágrafo. Ao final dessa lista, nós veremos quais as formas corretas de uso e os cuidados que devemos ter com a manutenção e a limpeza de cada objeto: • Mesa ou Prancheta de Desenho. • Papel (Padrão A). • Lápis ou Lapiseira. • Grafites (H, HB, B). • Borracha Macia. • Régua T ou Régua Paralela. • Régua Graduada. • Escalímetro. • Esquadros de 30, 45 e 60°. • Compasso. • Fita Crepe. • Flanela e Álcool (Limpeza). Materiais Utilizados no Desenho Técnico 21UNIDADE I Mesa ou Prancheta de Desenho Nada mais é do que o lugar onde iremos colar nossa prancha de desenho, por esse motivo, deve possuir superfície plana e limpa. Há, no merca- do, alguns modelos de prancheta que possuem inclinação variável, outros possuem gavetas para guardar e organizar os materiais de desenho. O tampo da mesa ou prancheta deve estar a, pelo menos, 70 cm do solo. É de grande valia para o desenhista adquirir o modelo de prancheta com régua paralela embutida, pois, assim, não haverá a necessidade da utilização de Régua T na con- fecção de seus projetos. Figura 5 - Prancheta de Desenho Técnico Papel (Padrão A) e Fita Crepe O papel utilizado para a confecção dos projetos é o sulfurize ou manteiga, eles são recomendados, pois são opacos ou transparentes. O sulfurize é vendido em rolos ou folhas de tamanho padrão. Esses modelos são amplamente utilizados, pois aceitam bem o grafite, o nanquim e tintas em ge- ral. Atualmente, devido ao grande número de pro- jetos computacionais, grande parte dos projetos feitos em padrão A4 são aceitos em papel sulfite. Para a fixação do papel na prancheta utiliza-se a fita crepe. Devemos, primeiramente, cortar 4 tiras de fitas de aproximadamente 10 cm e, na sequência, colar as bordas superiores para, então finalizar, colando as inferiores. Outra técnica consiste em apoiar a régua T sobre a folha, fazendo com que o limite superior do papel fique paralelo à borda superior da régua. Em seguida, fixa-se o papel no canto superior es- querdo e nos demais cantos. Ao colar a fita, o desenhista precisa esticar o papel na direção desejada, de forma que este fi- que o mais encostado possível na prancheta, pois isso evitará que o papel fique frouxo, dificultando, assim, a utilização das réguas e esquadros e, por consequência, o desenho de traçados. O formato usado é o baseado na norma NBR 10068, denominado A0 – trata-se de uma folha com 1 m². Todos os formatos seguintes são pro- porcionais: o formato A1 tem metade da área do formato A0, e assim sucessivamente. A Tabela 1 mostra o tamanho das pranchas de acordo com o padrão A0. Tabela 1 - Tamanhos das Pranchas Prancha Altura (mm) Largura (mm) A0 841 1189 A1 594 841 A2 420 594 A3 297 420 A4 210 297 A5 148 210 Fonte: o autor. Lápis, Lapiseiras e Grafites O lápis e a lapiseira têm graus de dureza diferentes; por exemplo, caso deseje uma ponta mais fina, deve-se trabalhar com grafite de maior dureza, já para pontas mais rombudas, utiliza-se grafite mais macio. Nós utilizaremos, em nosso curso, lápis com grafite de dureza média, ou seja, HB, mas caso deseje realizar traçados mais finos, comum nos esboços, pode-se utilizar um grafite H. Para lapiseiras, recomenda-se usar grafites de diâmetro 0,5 ou 0,3 mm para traços finos e 0,7 mm para traços fortes. É importante que a lapiseira tenha uma ponteira de aço, com a função de proteger o grafite da quebra, quando pressionada ao esquadro, no momento do desenho. Os lápis são classificados em macios (B), médios (HB) e duros (H), Os lápis devem estar sempre apontados, de preferência com estilete (ARRUDA, 2004). A classificação das durezas é dada de acordo com a Tabela 2. Tabela 2 - Dureza dos lápis Padrão Dureza Padrão Dureza Padrão Dureza 7B Macio B Médio 4H Duro 6B Macio HB Médio 5H Duro 5B Macio F Médio 6H Duro 4B Macio H Médio 7H Duro 3B Macio 2H Médio 8H Duro 2B Macio 3H Médio 9H Duro Fonte: o autor. Borracha As borrachas utilizadas em projetos de desenho devem ser macias para que não rasguem as pranchas quando utilizadas. A forma para apagar traços é segurando o papel com a mão esquerda e fazer movimentos com a borracha da esquerda para a direita. As borrachas mais indicadas são as sintéticas, naturais brancas ou as específicas. Evite o uso de borrachas para tinta, que geralmente são mais abrasivas para a superfície de desenho e, por consequência, podem levar a alguma rasura no trabalho. 23UNIDADE I Régua T ou Régua Paralela A régua paralela é a régua que percorre a pran- cheta no sentido vertical (para cima e para bai- xo), destinada ao traçado de linhas horizontais paralelas entre si no sentido do comprimento da prancheta. Serve, também, de base para o apoio dos esquadros para traçar linhas verticais ou com determinadas inclinações. A régua paralela surgiu depois da régua T, que era utilizada para a mesma finalidade. Ela é confeccio- nada em acrílico cristal, sendo fixada na prancheta por meio de parafusos e cordoamentos de nylon especial. O comprimento da régua paralela deve ser um pouco menor do que o da prancheta. Enquanto a régua paralela é presa, a régua T é móvel. Régua Graduada Tem a função de medir e auxiliar no desenho de linhas retas, portanto, deve ser de boa qualidade e não ter deformações ou rebarbas em seus vérti- ces. É o principal instrumento para marcação das medidas dos desenhos. Régua “T” Régua “Paralela” Figura 6 - Exemplo de Régua T e Paralela Fonte: UFES ([2018], on-line)1. Figura 7 - Régua Graduada Nos casos em que o projetista não tenha à disposição uma Régua T, ou mesa com Régua paralela, podemos utilizar um procedimento de construção de retas paralelas, ao alinhá-la com a margem do papel ou prancha. 24 Introdução ao Desenho Técnico Esquadros Comumente usados para traçar linhas em ângulos. Quase sempre são pares de 2 esquadros, um isós- celes com 45° e outro esquadro escaleno 30°/60°.A combinação de ambos permite obter vários ângu- los comuns nos desenhos, bem como traçar retas paralelas e perpendiculares, quando utilizados em união com a Régua T ou Régua Paralela. Compasso Material muito comum para desenho técnico, é composto por uma ponta seca metálica e outra ponta com grafite de média dureza, é utilizado na construção de circunferências e para transpor medidas lineares. Ao comprar um instrumento desse, devemos verificar se ele está calibrado, para tanto, basta que suas pontas se toquem ao fecharmos o compasso, a ponta metálica é chamada de ponta seca, enquanto a ponta com grafite, de úmida. Essa ponta deve ser lixada para manter o traço do instrumento. Figura 8 - Exemplo de Compasso de pernas fixas e arti- culadas Ao construir grandes circunferências, devemos utilizar alongadores de compasso, ou esticarmos suas pernas por meio de articulações presente no meio do material. Outros modelos de compasso podem ser en- contrados para venda, mas não são tão comuns quanto o que utilizaremos, são eles os compassos de mola, compasso bomba, utilizado em circun- ferências de pequenas dimensões e os compassos de redução, que convertem escalas na construção de suas circunferências. Para a utilização de compassos em papel sul- furize, recomenda-se colar um pequeno pedaço de fita crepe no centro da circunferência que se deseja traçar, com o intuito de evitar que a ponta seca do instrumento rasgue a folha e inutilize o projeto, ao final do traçado, retira se a fita sem maiores danos a sua representação. Escalímetro O escalímetro é um instrumento na forma de um prisma triangular que possui 6 réguas com dife- rentes escalas. Ele possibilita criar desenhos ou representar objetos em uma escala maior ou me- nor, dentro das medidas necessárias, conservando a proporção entre a representação do objeto e o seu tamanho real. O tipo mais comum de escalímetro é o trian- gular, com 6 escalas à disposição do desenhista. Essas escalas são as mais utilizadas em desenho técnico e, por esse motivo, os escalímetros faci- litam a construção dos desenhos. A régua gra- duada pode ser utilizada como escalímetro de escala 1:100, e podemos verificar isso alinhando o escalímetro com a graduação da régua. As outras escalas são todas de redução e múltiplos de 5, a saber 1:20,1:25,1:50,1:75,1:100 e 1:125 . 25UNIDADE I O escalímetro não deve ser utilizado no traçado de linhas. Emprega-se apenas para medições, evitando-se o desgaste das marcações das escalas. As linhas devem ser traçadas com o auxílio dos esquadros ou da régua T. Figura 9 - Escalímetro 26 Introdução ao Desenho Técnico Para obter pranchas de qualidade e em tempo há- bil, os projetistas desenvolveram técnicas de dese- nho e utilizam relações geométricas que facilitam a confecção de algumas formas. Munidos daquilo que já aprendemos nos tópicos anteriores, iremos ver, agora, algumas técnicas de desenho técnico e de geometria que facilitarão a utilização dos ins- trumentos de desenho para a obtenção de formas. Noções de Geometria Básica para Desenho Técnico Muitas das formas geométricas utilizadas nos projetos de desenho técnico podem ser obtidas por meio de relações geométricas entre retas, se- mirretas e curvas. Essas relações facilitam a vida do projetista, que, se souber como utilizá-las, pode economizar tempo na confecção de seu projeto e evitar cálculos desnecessários, finalizando o projeto em menor tempo. Na sequência, veremos quais as principais relações geométricas utilizadas em desenho técnico. Geometria e Técnicas de Desenho 27UNIDADE I Encontrar uma Linha que seja Equidistante aos Pontos A e B Primeiramente, deve-se colocar a ponta seca do compasso no ponto A, e com a abertura maior do que a metade da distância entre A e B, traçar uma circunferência; na sequência, com a mesma abertura, traçar outra circunferência com centro em B. Para finalizar, ligar os pontos em que as circunferências se cruzarem. B A Figura 10 - Procedimento para traçar uma linha equidis- tante a dois pontos conhecidos Fonte: Arruda (2004). A linha demarcada na Figura 10 representa todos os pontos em que há equidistância; isso ocorre, pois, de acordo com a geometria, a circunferência é o objeto em que todos os pontos externos possuem a mesma distância do centro, ou seja, são equi- distantes. Ao se traçar duas circunferências com centro nos pontos de interesse e raio maior que a metade da distância entre os pontos, encontrare- mos dois lugares geométricos que definirão uma reta – resposta dos pontos equidistantes a A e B. O motivo de a abertura do compasso ser maior que a metade, deve-se ao fato de que, se fosse me- nor, não haveria cruzamento entre as circunferên- cias e, se fosse igual, teríamos apenas um ponto e não seria possível construir a reta. Aqui, a Geome- tria Euclidiana confirma a Geometria Analítica, que diz ser necessário ao menos dois pontos para definir uma reta. Com a prática, verá que não é necessário traçar circunferências inteiras para encontrar os pontos. Usa-se somente um traço onde, provavelmente, es- tará o ponto. O cruzamento desses traços do com- passo é chamado informalmente de “borboleta”. Ao traçarmos uma linha ligando os pontos A e B e cruzando a linha resposta no ponto M, tere- mos uma perpendicular e dividiremos o segmen- to AB em 2 partes iguais, ou seja, os segmentos AM e BM; o ponto que divide esse segmento em 2 partes iguais é chamado de ponto médio, e a reta que o define é chamada de mediatriz. Mais do que isso, é interessante observar que esse procedimento também é válido para a cons- trução de perpendiculares a retas nos desenhos. Veja a Figura 11. B M A Figura 11 - Procedimento para dividir um segmento de reta em 2 partes iguais e encontrar a mediatriz (ponto médio) Fonte: o autor. 28 Introdução ao Desenho Técnico Traçar a Bissetriz de um Ângulo Qualquer Bissetriz nada mais é do que a linha que divide um ângulo qualquer de valor 2α em dois ângu- los de mesmo valor α. Com abertura qualquer do compasso e ponta seca no vértice do ângulo dado, traçar um arco que corte seus dois lados nos pontos E e F. Na sequência, com ponta seca em E e depois em F, traçar outros dois arcos que se cruzem no ponto G. A linha que liga o vértice B do ângulo com o ponto G é a bissetriz. Observe o procedimento conforme Figura 12. B α α G C A E F Figura 12 - Procedimento para dividir um ângulo em 2 partes iguais e encontrar a bissetriz Fonte: o autor. Ao observar esse procedimento, o aluno pode concluir que o procedimento anterior, para divi- são de um segmento em 2 partes iguais, é também um procedimento de encontro de bissetriz; no caso em questão, a bissetriz do ângulo de 180°, ou seja, a mediatriz, nada mais é do que um caso específico de bissetriz, a bissetriz do ângulo reto. Essa técnica é de grande valia, pois é válida para qualquer ângulo. Além da bissetriz, outros tipos de linhas e pon- tos são definidos com base nas relações entre os triângulos, dentre os quais podemos destacar: mediatriz, mediana, baricentro e encentro. Para conhecer esses conceitos, acesse o link que segue: Disponível em: <http://objetoseducacionais2. mec.gov.br/bitstream/handle/mec/10396/ geo0300.htm>. Dividir um Ângulo Reto em 3 Partes Iguais Utilizaremos, aqui, o conceito matemático de que a soma dos ângulos internos de um triângulo equilátero é igual a 60°. Com um compasso em uma abertura qualquer, deve ser traçado o arco DE com centro no ângulo reto; então, com a mes- ma abertura, mas com centro em D, será marcado o ponto H no arco, e repete-se o procedimento, mas com centro em E, e agora se obtém o ponto G. Observe o procedimento na Figura 13. A D X B E C H G Figura 13 - Procedimento para dividir um ângulo reto em 3 partes Fonte: SENAI (2005). 29UNIDADE I Traçar uma Paralela a uma Distância Conhecida da Reta AB O procedimento a seguir, caro(a) aluno(a), pode ser utilizado para desenhos deedificações com paredes paralelas, bem como para a confecção de linhas paralelas de fluxogramas produtivos. Ob- serva-se que esse procedimento é semelhante ao procedimento de traçado de uma mediatriz, mas, neste caso, definimos um ponto definido para a construção da linha e, no primeiro caso, cons- truímos a linha em função dos pontos definidos. O procedimento inicia-se com a marcação de dois pontos equidistantes na semirreta AB, com centros conhecidos, a saber: C e D. Encontrados os pontos equidistantes, devemos centrar o com- passo nesses pontos e, com aberturas maiores do que o raio utilizado para marcação destes, marcar um novo ponto acima de C e D. Ao ligarmos esses pontos a C e D, teremos duas retas ortogonais, logo, para finalizar o procedi- mento, abrimos o compasso com o tamanho de- sejado da distância entre as duas linhas paralelas e marcamos os pontos E e F nas linhas ortogonais. Ao ligar os pontos E e F, nós obteremos uma reta paralela à semirreta AB, conforme mostra a Figura 14. Essa técnica confirma o teorema geométrico que diz que, se temos duas retas, p e q, ortogonais entre si, e q e r, ortogonais entre si, então p e r serão paralelas entre si. A C D E F B Figura 14 - Procedimento para traçar retas paralelas Fonte: SENAI (2005). Existem, hoje, aplicativos que ensinam de for- ma lúdica e rápida os conceitos de desenhos geométrico, um deles é o Euclidea, que leva o usuário a testar seus conhecimentos geométri- cos, desafiando-o a encontrar as mais variadas soluções para os problemas euclidianos. Teste seus conhecimentos instalando esse aplicativo disponível em: <https://play.google.com/store/ apps/details?id=com.hil_hk.euclidea&hl=pt_BR>. Circunferência Tangente a Duas Retas (Concordância) Esta representação aparece em muitos desenhos técnicos, por exemplo, onde uma peça tem seus cantos “aliviados” para minimizar os esforços me- cânicos. A concordância também surge em peças fundidas, onde não se consegue cantos agudos sem haver um trabalho de usinagem. Em projetos arquitetônicos, também é útil para a confecção de esquinas em quadras de áreas de estoque ou pro- dução, ou mesmo curvas onde passarão máquinas de movimentação. R T r s T’ R0 R Figura 15 - Procedimento para traçar circunferência tan- gente a 2 retas Fonte: Arruda (2004). 30 O Procedimento para traçado de circunferência concordante é o que segue: • Dadas as retas “r” e “s”, trace uma paralela a “r” a uma distância R, definindo um lugar geométrico de todas as circunferên- cias de raio R tangentes a “r”. Faça o mesmo com a reta “s”. A interseção das retas é definida como “O”. • Com o compasso centrado em “O” e abertura de tamanho R, determine os pontos de tangência T e T’. • Apague as linhas que não serão necessárias ao projeto. Construir um Hexágono Regular O hexágono possui a propriedade de ter seus lados com o mesmo tamanho do círculo que o inscreve. O Procedimento para obtenção dele é o que segue: • Trace uma circunferência cujo raio é o tamanho de um dos lados do hexágono. Essa é a circunferência na qual o hexá- gono estará inscrito. • Trace a reta AB passando pelo centro do círculo e cruzando a circunferência em dois pontos quaisquer. • Defina a posição dos vértices do hexágono com o compasso aberto no mesmo tamanho do raio e, com centro no ponto A, encontre os vértices C e D; repita o procedimento para o ponto B e encontre os vértices E e F. • Ligue os vértices encontrando os lados do hexágono e apague as linhas desnecessárias. D F C 1A B E Figura 16 - Procedimento para a construção de hexágono regular Fonte: SENAI (2005). 31UNIDADE I O procedimento feito anteriormente é muito útil na construção de desenhos de peças mecânicas com parafusos sextavados vistos de cima, basta que o projetista saiba a medida de uma face do parafuso para realizar sua representação. Técnicas para construção de Traçados com esquadros e Réguas Para a aplicação dessas técnicas construtivas, é necessária uma mínima destreza no manuseio dos instrumentos, por isso, a prática do desenho tem início com trabalhos em traçado. No começo desse trabalho, é importante ter conhecimento de que a lapiseira deve ser mantida entre os dedos polegar, indicador e médio, enquanto o anular e o mínimo apoiam na folha. A pressão exercida na lapiseira deve ser constante e firme, mas não excessiva, para evitar sulcos no papel. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. As linhas horizontais devem ser feitas com auxílio da régua paralela ou régua T, sempre da esquerda para a direita. Para as linhas verticais, dever-se- -á utilizar o esquadro apoiado na régua paralela, formando um ângulo de 90° com esta. As linhas deverão ser feitas sempre de cima para baixo. Figura 17 - Direção indicada para o traçado de linhas Fonte: o autor. Para a boa confecção de um desenho, os traços devem apresentar regularidade em toda sua ex- tensão. Assim, a uniformidade do traçado deve ser minuciosamente observada, devendo ser mantida a espessura escolhida, do início ao fim, sem que haja interrupções, como pedaços de traço apa- gados ou não completados. As linhas contínuas não devem ultrapassar os cantos ou deixar de al- cançá-los; os diversos traços de uma linha trace- jada devem ter comprimentos aproximadamente iguais e ser equidistantes. Para facilitar a confecção dos traços e dimi- nuir, ao máximo, a necessidade de completar as linhas ou apagar as sobras, recomenda-se marcar a medida com a régua graduada no traço antes de fazer o traço vertical. Observe a Figura 19 para entender o procedimento. 32 Introdução ao Desenho Técnico Figura 18 - Procedimento para obter linhas ortogonais com esquadro e régua (1ª parte) Fonte: o autor. Primeiro, traça-se a linha na horizontal; na se- quência, marca-se a distância com a régua gra- duada e lápis. Figura 19 - Procedimento para obter linhas ortogonais com esquadro e régua (2ª parte) Fonte: o autor. Apague a linha restante com a borracha e, na sequência, utilize o esquadro para traçar a linha vertical faltante. Uso de Esquadro e Régua Paralela A utilização correta dos esquadros em desenho técnico é de fundamental importância para a ob- tenção da precisão necessária. Esses instrumentos são utilizados para o traçado de linhas horizontais e verticais e podem servir, também, como apoio. O traçado de retas paralelas ou perpendiculares à determinada direção pode ser realizado moven- do-se um esquadro apoiado sobre o outro que permanece fixo. Os esquadros podem ser utilizados, também, para o traçado de linhas em ângulos determinados (30º, 45º, 60º e outros). Um recurso para o traçado de linhas com ângulos diferentes é a combinação dos esquadros, apoiados, como nos exemplos a seguir (Figura 20). Quando dispomos de régua paralela, esta, além de apoiar o traçado de linhas horizontais, serve como apoio aos esquadros. 33UNIDADE I 60º 45º 90º 30º 75º 15º Figura 20 - Posição dos esquadros de desenho Fonte: o autor. Divisão de uma reta utilizando Esquadros Nesse processo, partimos de uma reta qualquer e a dividimos com base em uma outra conhecida, construída e dividida com auxílio de régua graduada. Devemos, primeiro, partindo da extremidade da reta AB, traçar uma outra reta BC de comprimento conhecido; depois disso, dividimos essa reta em quantas partes desejarmos, no nosso exemplo, utilizou-se 5 partes iguais. Ligamos, então, os vértices finais da reta AB e BC, formando o segmento AC, a partir daí, basta alinhar os esquadros com a reta AC e ir construindo linhas paralelas a ela nos pontos anteriormente definidos, veja a figura: 34 Introdução ao Desenho Técnico A B C Figura 21 - Procedimento para a divisão de reta utilizando esquadros Fonte: Arruda (2004). Construindo Polígonos Regulares com os Esquadros Aproveitando os ângulos dos esquadros e sabendo dos ângulos de alguns polígonos regulares, pode- mos construí-los com facilidade:Tabela 3 - Polígonos Regulares e seus ângulos internos Polígono Número de lados Ângulo Interno Triângulo Isósceles 3 60 Quadrado 4 90 Hexágono 6 60 Octógono 8 45 Dodecágono 12 30 Fonte: o autor. • Trace o primeiro lado do polígono e mar- que seu comprimento com o compasso. • Trace os lados adjacentes a esse polígono com os esquadros, marcando o mesmo comprimento com o compasso. • Continue até fechar o polígono. Traçado de Arcos (À Mão Livre) O melhor caminho para desenhar circunferências ou arcos à mão livre é marcar previamente, sobre linhas perpendiculares entre si, as distâncias radiais e, a partir daí, fazer o traçado do arco, conforme mostra a Figura 22 (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2003). Figura 22 - Procedimento de confecção de arcos à mão livre Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro. (2003). 35UNIDADE I Os desenhos e projetos obedecem a algumas con- venções e regras que têm como intuito facilitar o entendimento e padronizar as formas de repre- sentar determinadas formas geométricas, então foram propostas convenções, entre as normas, para determinados assuntos. Agora, vamos introduzir alguns desses sím- bolos e convenções, que serão revisitados em um momento mais oportuno, mas que se fazem im- portante verificar antes de entrarmos na unidade que tratará do desenho técnico propriamente dito. Símbolos e Convenções 36 Introdução ao Desenho Técnico Linhas O tipo e a espessura de linha indicam sua função no desenho. Tabela 4 - Tipos e Funções de linhas TIPO FUNÇÃO Contínua larga – arestas e contornos visíveis de peças, caracteres, indicação de corte ou vista. Contínua estreita – hachuras, cotas. Contínua à mão livre estreita (ou contínua e “zig-zag”, estreita) – linha de ruptura. Tracejada estreita – lados invisíveis. Tracejada larga – planos de simetria. Traço e ponto larga – planos de corte (extremidades e mudança de plano). Traço e ponto estreita – eixos, planos de corte. Traço e dois pontos larga – peças adjacentes. Fonte: o autor. Cores Para as linhas representadas em desenhos técni- cos, deve-se prezar pela utilização de grafite ou tinta na cor preta. Esse tipo de definição não é regra, afinal de contas, para diferenciar as linhas, costumamos utilizar cores diferentes. Caso utilize em seu projeto um padrão de co- res, esse padrão deve ser descrito em uma legenda, próxima à região do carimbo: na frente de um quadrado pintado com a cor da linha, deverá vir descrito qual o significado dela. Caracteres As letras, em desenho técnico, são definidas por meio de normas da ABNT e devem ser escritas em caixa alta delimitada por linhas paralelas e verti- cais que formam ângulos retos entre si. Também podemos utilizar os normógrafos para construir as letras sem muitas variações; mas, atualmente, com a utilização de projetos computacionais, elas são previamente digitadas. A caligrafia deve ser legível e facilmente dese- nhável. Essa técnica consiste em desenhar letras com inclinação de 75 graus à direita, conforme os exemplos na Figura 23. 37UNIDADE I Figura 23 - Procedimento de confecção de arcos à mão livre Fonte: adaptada de Ferreira et al. (2008). 1 2 2 4 5 1 1 2 3 3 1 1 121 1 2 3 2 4 3 2 3 3 3 1 2 1 2 2 3 3 3 3 3 4 1 1 1 2 2 1 1 3 12 1 2 2 1 2 2 1 2 3 3 1 1 1 12 2 1 22 3 3 3 41 2 2 22 1 1 14 2 3 3 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 3 4 2 2 2 2 2 2 Cota A cota deve ser realizada da seguinte forma: • Acima e paralelamente às suas linhas de cota, preferivelmente no centro. • Quando a linha de cota é vertical, colocar a cota preferencialmente no lado esquerdo. • Quando estiver cotando uma meia-vista, colocar a cota no centro da peça (acima ou abaixo da linha de simetria). • Não repetir cotas, salvo em casos especiais. • Não usar qualquer linha do desenho como linha de cota. • Evitar que uma linha de cota corte uma linha auxiliar. • Não esperar de quem for ler o desenho que faça somas e subtrações: cotar todas as medidas e as dimensões totais. • Evitar cotar linhas ocultas. • Evitar cotas dentro de hachuras. • Para melhorar a interpretação da medida, usam-se os seguintes símbolos: • ∅ - Diâmetro. • R – Raio. • 00000 - Quadrado. • ∅ ESF – Diâmetro esférico. • R ESF – Raio esférico. Os símbolos de diâmetro e quadrado podem ser omitidos quando a forma for claramente indicada. Chegamos ao final de nossa primeira unidade e você já é capaz de fazer seus primeiros projetos utilizando algumas das técnicas de desenho aqui apresentadas. Vimos, nesta unidade, um pouco sobre o desenvolvimento e aprimoramento das técnicas de desenho e seus ramos, como a divisão do ramo em Desenho Artístico e Desenho Téc- nico. Vimos, ainda, que o Desenho Técnico pode ser subdividido levando em conta seu grau de elaboração, se é ou não projetivo, além de outras variáveis expostas na unidade. 38 Introdução ao Desenho Técnico Conhecemos quais os materiais essenciais na sua mesa de trabalho, fizemos propostas de cuidados e utilização correta dos materiais de desenho, que são o cerne do desenho Clássico. Esses cuidados devem ser tomados visando a correta confecção dos projetos que faremos na sequência. Após conhecermos um pouco de nossas ferramentas enquanto engenheiros projetistas, aprendemos técnicas que remontam à época da Grécia Antiga e se apoiam em técnicas matemáticas –tratam-se dos processos geométricos; vimos que eles podem ser úteis não só na aplicação de desenho técnico, mas também na engenharia aplicada no dia a dia. Foi interessante aprender que nem sempre se faz necessária, ao bom projetista, a necessidade de régua graduada, pois essas técnicas garantem, por igualdade matemática, que as divisões serão exatas. Findamos nossa primeira caminhada, aprendendo um pouco sobre os principais sinais e conven- ções utilizados no Desenho Técnico, quais os símbolos representativos de diâmetros, as técnicas para construção de letras com tamanhos similares, os tipos de representação para raios, seções quadradas e cotas. Esses assuntos foram introdutórios para a próxima unidade, em que veremos, mais a fundo, os processos de cotagem. Ao final dessa primeira caminhada, acreditamos ter construído o conhecimento de forma clara e concisa, formando, assim, projetistas com uma base sólida de conhecimentos primordiais ao desen- volvimento de projetos. 39 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Complete as lacunas conforme seus conhecimentos de técnicas de projeção: “Segundo o método de Gaspard Monge, os raios projetantes são _________ que atingem a folha de forma _________ e representam as dimensões ______ de um objeto”. a) Retas - paralela - ampliadas. b) Linhas - ortogonal - ampliadas. c) Curvas - perpendicular - reais. d) Retas - perpendicular - reais. e) Linhas - ortogonal - reduzidas. 2. Dentre a lista de materiais a seguir, quais fazem parte do grupo de materiais essenciais para construção de projetos à mão livre. I) Lapiseira, Régua, Esquadros, Escalímetro, Esfuminho e Fita Crepe. II) Lapiseira, Régua Graduada, Prancheta, Esquadros e Escalímetro. III) Lápis, Borracha, Papel, Prancheta, Esquadro e Régua Graduada. IV) Régua T, Régua Graduada, Curva Francesa, Esquadro, Escalímetro e Trans- feridor. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I está correta. d) Apenas II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas está correta. 40 3. Os projetistas utilizam-se, muitas vezes, de técnicas de geometria para construir projetos de peças e edificações. Dentre os projetos a seguir, assinale V para os desenhos que podem ser obtidos pelos respectivos métodos geométricos e F para os que não podem: )( Construção de paredes a partir do procedimento de construção de linhas paralelas. )( Desenho de parafusos sextavados por meio do procedimento de construção de bissetriz. )( Construção de peças arredondadas pelo procedimento de circunferência tangente a retas.)( Construção de peças arredondadas pelo procedimento de divisão de reta em 2 partes iguais. )( Desenho de parafusos sextavados por meio do procedimento de construção de hexágono regular. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V-V-V. b) V-V-V-F-F. c) F-F-F-F-F. d) F-V-F-V-F. e) V-F-V-F-V. 41 Quando tratamos sobre o principal responsável no desenvolvimento da técnica de projeção ortogonal, não nos aprofundamos na importância e vida de Gaspard Monge. Essa biografia encontra-se disponível no blog Matemática na veia. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB http://appgame.unicesumar.edu.br/API/public/getlinkidapp/3/94 42 ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10068. Folha de desenho – Leiaute e dimensões – Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10647. Desenho Técnico. Rio de Janeiro: ABNT, 1989. ARRUDA, C. K. C. Apostila de Desenho Técnico Básico. Campos dos Goytacazes: UCAM, 2004. FERREIRA, R. C.; FALEIRO, H. T.; SOUZA, R. F. Desenho Técnico. Goiânia: UFG, 2008. RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P.; IZIDORO, N. Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecânico. Lorena: USP, 2003. SENAI. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Leitura e Interpretação de Desenho Técnico Mecâ- nico. São Paulo: LTC, 1997. ______. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Traçados de Caldeiraria. Vitória: LTC, 2005. REFERÊNCIA ON-LINE ¹Em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAeoccAH/apostila-desenho-tecnico>. Acesso em: 10 jul. 2018. 43 1. D. 2. B. 3. E. 44 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Trabalhar a transformação de escalas e calcular os valores equivalentes para estas. • Definir a melhor dimensão de representação de projetos em desenho por meio de escolha de escala. • Apresentar as regras usuais de cotagem para os projetos em Desenho Técnico. • Visualizar os tipos de cotas possíveis e definir onde eles podem ser utilizados. Escalas Dimensionamento Tipos de cota Regras para cotagem Me. Cláudio Vinicius Barbosa Monteiro Escalas e Cotagem Escalas Estimado projetista, as técnicas apresentadas até o momento o tornaram capaz de construir projetos de representações planas, com extrema fluidez, ficando somente em aberto a questão da repre- sentação das medidas desses objetos no desenho. O assunto seguinte irá sedimentar nossa ideia de representação geométrica, mostrando a for- ma correta para a representação de objetos de dimensões muito maiores ou muito menores que a prancha. Calcularemos a escala de representa- ção apropriada para o projeto e veremos como calcular medidas reais a partir de um projeto de escala conhecida. Nesta unidade, iremos apresentar as regras para cotagem, que são similares tanto para re- presentações planares quanto para representações tridimensionais. Na sequência, aprenderemos conceitos que serão muito úteis na nossa próxima unidade, na qual trataremos de representações em programas computacionais de desenho. Conforme já foi abordado em nosso curso, desde muito cedo, houve a necessidade de re- presentar de forma concisa os objetos que nos rodeiam, mas, já nos primeiros projetos, os de- senhistas esbarraram em um “pequeno” detalhe: o tamanho. 47UNIDADE II Para resolver essa situação, foi pensado em realizar o desenho em escala. A escala de um desenho é a relação entre as dimensões deste e as dimensões da peça real que está sendo representada. O tipo de escala mais comum é aquele que naturalmente ocorre quando se trabalha com as medidas no sistema métrico. Observe a Tabela 1, que relaciona as grandezas para a conversão do metro em unidades maiores e menores. Tabela 1 - Tabela para conversões de unidades lineares de comprimento Quilômetro (Km) Metro (m) Centímetro (cm) Milímetro (mm) 1 1000 100 000 1 000 000 0,1 100 10 000 100 000 0,01 10 1 000 10 000 0,001 1 100 1 000 Fonte: o autor. Observe que todas as medidas, quando relacionadas em centíme- tros, aumentam em 100 vezes quando comparadas com o metro, então, se desejarmos representar um metro em uma folha de 30 cm, seria mais apropriado dividir seu valor por 100 e representá-lo como 0,01 m, ou 1 cm, ou em linguagem de escala 1:100. Se realizamos um desenho na escala 1:100, significa que cada dimensão representada no desenho será 100 vezes maior na rea- lidade, ou seja, cada 1 (um) centímetro que medirmos no papel corresponderá a 100 (cem) centímetros na realidade, ou um metro. Muitas vezes não é interessante representar uma peça e reduzir tanto o seu tamanho ou, ainda, existem algumas peças que possuem dimensões muito menores que a da prancha de desenho, por esse motivo, existem escalas que são mais usuais para o desenho, e elas se dividem em: • Escala de redução: utilizada quando se trata de objeto com tamanho maior que a prancha de desenho. No caso das edi- ficações, terrenos ou bairros residenciais, as escalas utilizadas na sua representação são normalmente escalas de redução devido a sua grandeza. Representação: 1/10 ou 1:10 • Escala de ampliação: usada para objetos de dimensão muito menor que a prancha de representação, neste caso, as dimensões da peça real são ampliadas para representá-la no desenho. Imagine uma agulha ou mesmo um peque- no parafuso de um celular que, para serem representados e visualizados mais facilmente, precisam ser ampliados. A 48 Escalas e Cotagem representação é: 10:1 ou 10/1. Aqui, há uma inversão na ordem dos fatores de escala, isso porque na fração escalar O NUMERADOR REPRESENTA A MEDIDA DO DESENHO, E O DENO- MINADOR, A MEDIDA DO OBJETO. • Escala natural: utilizada em objetos de tamanhos semelhante à prancha, aqui não há necessidade de cálculos de conversão, pois a medida a ser desenhada é a mesma da peça. Representação 1:1. Além dos possíveis valores de escala definidos por meio das transformações de unidades, existem al- gumas escalas que são convencionadas e definidas para o desenho técnico, essas escalas são as mesmas que se encontram em seu escalímetro e seguem a ordem da Tabela 2. Tabela 2 - Tabela com as principais escalas de Conversão Tipos de escala Escalas recomendadas Ampliação 20:1 50:1 100:1 2:1 5:1 10:1 Real 1:1 Redução 1:2 1:5 1:10 1:20 1:50 1:100 1:200 1:500 1:1000 1:2000 1:5000 1:10000 Fonte: Francesconi (2010). Para o cálculo das medidas a serem representadas nessas escalas, devemos utilizar a regra de três sim- ples, conforme será demonstrado no exemplo a seguir: Representar uma parede de 3 metros na escala de 1/50 em uma prancha com 297 mm x 211 mm. Primeiramente, devemos colocar tanto a medida do objeto quanto a medida da página na mesma unidade, logo (papel = 29,7 cm x 21,1 cm e parede = 300 cm), agora, utilizamos uma regra de três para o fator de escala desejado: 1 cm no desenho ------------- 50 cm da peça X cm no desenho ---------- 300 cm da peça X= 6 cm no desenho Então, cada 6 cm no desenho corresponde a 3 m de parede. Também precisamos marcar, em nossos projetos, qual a escala em que a peça foi representada, nor- malmente esse dado encontra-se no carimbo no canto inferior direito da prancha. Imagine, agora, que você representou um desenho obedecendo a uma escala em sua prancha de A4, mas não se lembra em qual escala foi desenhado o projeto. Existem duas formas de descobrir, em se tratando de uma escala comum de ampliação ou redução. A primeira é medir com o escalímetro alguma linha de seu projeto e, no local onde os valores do escalímetro e do comprimento coincidirem, coincidirá também a escala; a outra forma é calculando de forma proporcional direta. Observe: Certo aluno de Engenharia projetou uma roda com diâmetro de 5 cm em sua prancha. Para des- cobrir a escala em que representou, ele mediu a roda e descobriu que ela tinha 40 cm. Descubra a escala do projeto: Escala medida do desenho medida do objeto = = = 5 40 1 8: Logo, a escala do projeto é 1/8, ou seja, uma escala de redução. Os ajustes de escala, normalmente, solicitam do projetistauma atenção maior ao que se refere à conversão de unidades; para facilitar o pro- cesso, existem muitos aplicativos que o fazem automaticamente, dentre eles, podemos citar o Calckit que, além de unidades métricas, também faz conversões de unidades de energia, calor, viscosidade, dentre outras. O link para instalação encontra-se na sequência: Disponível em: <https://play.google.com/store/ apps/details?id=com.ivanGavrilov.CalcKit> 50 Escalas e Cotagem Cabe ao desenhista escolher o formato adequado, no qual o desenho será visto com clareza. Todos os formatos devem possuir margens: 25 mm no lado esquerdo, 10 mm nos outros lados (formatos A0, A1 e A2) ou 7 mm (formatos A3 e A4). Também se costuma desenhar a legenda no canto inferior direito, veja na Figura 1 (ARRUDA, 2004). Carimbo (Legenda ou Selo) O carimbo deve conter toda a identificação do dese- nho: nome do proprietário ou empresa para o qual o projeto será realizado; número de registro, título e escala do desenho; nome dos responsáveis pelo projeto e execução; assinaturas; e data e número da prancha. A legenda deve ter comprimento 178 mm nos formatos A4, A3, A2, e 175 mm nos formatos A1 e A0. A posição da legenda deve ser no canto inferior tanto em folhas horizontais quanto verticais. O padrão de dimensionamento do carimbo va- ria de acordo com a empresa ou área de atuação, mas para efeitos didáticos em nosso curso, utiliza- remos o padrão que segue, apresentado na Figura 2, em que todas as medidas são dadas em milímetros: Dimensionamento 51UNIDADE II Figura 1 - Padrão para a confecção de margens Fonte: o autor. Figura 2 - Padrão para a confecção de carimbo Fonte: o autor. 52 Escalas e Cotagem Definição da escala de Projeto na prancha: Ao representar qualquer figura, peça ou edifica- ção em uma prancha, precisamos, primeiramente, definir qual a melhor escala de enquadramento, ou seja, o melhor dimensionamento para que os responsáveis pela execução tenham facilidade de entendimento do projeto. Aqui, é essencial possuir conhecimento se- guro dos conceitos apresentados anteriormen- te, sobre escala; caso ainda haja alguma dúvida, retome o tópico trabalhado anteriormente. Se escolhermos uma escala que extrapole os limites da prancha, o desenho ficará incompleto, caso a escolha da escala esteja subdimensionada, os detalhes importantes do projeto, bem como a visualização correta de suas dimensões, ficará prejudicado. Considere que você recebeu a peça a seguir e que esta deverá ser representada em papel A3 (29,7 cm x 42,0 cm), logo, devemos dimensionar nosso desenho conforme o croqui: Figura 3 - Padrão para a confecção de carimbo Fonte: o autor. 53UNIDADE II Observando esse croqui, vemos que a altura máxima será definida conforme a distância que desejarmos manter entre as vistas; con- siderando a distribuição das cotas e do nome da vista, é satisfatório manter uma distância de 5 cm entre as vistas ortogonais. Devemos, ainda, descontar as distâncias das margens para calcular as distân- cias nas direções verticais e horizontais. No exemplo que segue, iremos propor um desenho na escala natural 1:1, portanto, os valores das dimensões da peça serão mantidos sem que se multiplique por um fator de escala: • Direção Horizontal: 15+5+8 = 28 cm < (42 - 3) cm que é o equivalente a 28/39 ou 71% de aproveitamento. • Direção Vertical: 8+5+8 = 21 cm < (29,7 - 1,4) cm que é o equivalente a 21/28,7 ou 74% de aproveitamento. Isto é, um ótimo dimensionamento para essa prancha. Os melhores dimensionamentos estão acima de 50% de aproveitamento da área disponível. Ao realizar os dimensionamentos, verifique sempre se a peça a ser projetada não será atingida pela área do carimbo, caso isso aconteça, o valor da altura ou comprimento do carimbo deverá entrar no cálculo de aproveitamento. Observe o que ocorre quando tentamos ajustar uma escala maior, 2:1 por exemplo, ou uma escala menor, 1:2. Escala 2:1 (Ampliação) • Direção Horizontal: 2 x 15+5+ 2 x 8 = 51 cm > (42 - 3) cm que é o equivalente a 51/39 ou 130%, extrapolando o dimensionamento. Propondo uma redução da escala. • Direção Vertical: 2 x 8 + 5 + 2 x 8 = 37 cm > (29,7 - 1,4) cm que é o equivalente a 37/28,7 ou 129%, extrapolando o dimensionamento. Propondo uma redução da escala. 54 Escalas e Cotagem Escala 1:2 (Redução) • Direção Horizontal: 1/2 x 15 + 5 + 1/2 x 8 = 16,5 cm < (42 - 3) cm que é o equi- valente a 16,5/39 ou 42%, indicando que o dimensionamento está insuficiente. Pro- pondo uma ampliação da escala. • Direção Vertical: 1/2 x 8 + 5 + 1/2 x 8 = 13 cm < (29,7 - 1,4) cm que é o equivalente a 13/28,7 ou 45%, indicando que o dimen- sionamento está insuficiente. Propondo uma ampliação da escala. Figura 4 - Padrão para a dobragem de pranchas Fonte: Arruda (2004). Dobragem: Toda folha com formato acima do A4 possui uma forma recomendada de dobragem. Essa forma visa que o desenho seja armazenado em uma pas- ta que possa ser consultada com facilidade, sem necessidade de retirá-lo da pasta, e que a legenda esteja visível com o desenho dobrado. As ilustrações (Figura 6) a seguir mostram a ordem das dobras. Primeiro dobra-se na horizon- tal (em “sanfona”), depois na vertical (para trás), terminando a dobra com a parte da legenda na frente. A dobra no canto superior esquerdo é para evitar de furar a folha na dobra traseira, possibili- tando desdobrar o desenho sem retirar do arquivo. 55UNIDADE II Segundo Ribeiro, Peres e Izidoro (2003), o dese- nho técnico, além de representar, dentro de uma escala, a forma tridimensional, deve conter infor- mações sobre as dimensões do objeto represen- tado. As dimensões irão definir as características geométricas do objeto, dando valores de tamanho e posição aos diâmetros, aos comprimentos, aos ângulos e a todos os outros detalhes que com- põem sua forma espacial. Na unidade inicial, nós vimos alguns dos sím- bolos comumente utilizados para cotagem; agora, aprenderemos os detalhes e as técnicas envolvidas nas representações das medidas das peças. Ob- serve a Figura 5. Regras para Cotagem 56 Escalas e Cotagem As cotas possuem, na sua grande maioria, dois tipos distintos de linhas, a saber, uma linha de chamada ou auxiliar – que sempre será ortogonal à medida que se deseja cotar e possuir a menor espessura possível no desenho, ela deve chegar o mais próximo possível da peça, mas deve evitar de encostar no desenho, isso porque podem ocorrer erros de leituras ou confusão entre quais são as linhas do desenho e quais são as linhas auxiliares – e as linhas de cota. Tanto as linhas auxiliares (linhas de chamada) como as linhas de cota são linhas contínuas e finas. As linhas de chamadas devem ultrapassar levemente as linhas de cota. Nos casos de cotas em ângulos inclinados, as linhas de chamada deverão ser ortogonais a essa medida e paralelas entre si. As linhas de cota, por sua vez, são ortogonais às linhas auxiliares e encon- tram-se próximas das extremidades das linhas auxiliares, e nas suas extremidades deverá haver marcadores, as conhecidas flechas. Os marcadores não se restringem apenas às flechas convencionais. Outros exemplos de marcadores veremos a seguir: 30 15 20 10 30 25 55 20 R10 50 80 50 Linha auxiliar de chamada Linha de cota O valor da cota indica o tamanho real do objeto As setas indicam o limite da linha de cota Figura 5 - Projeto cotado, com indicações das linhas de chamada e de Cota Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro et al. (2003). Figura 6 - Tipos de marcadores de cota Fonte: o autor. 5,33 5,33 5,33 5,33 5,33 5,33 5,33 5,33 5,33 5,33 57UNIDADE II Os marcadores mais utilizados nos projetos de modo geral são os que possuem flechas cheias ou vazadas. Os modelos à direita são mais comuns em projetos arquitetônicos. O valor da medida da peça deve vir centralizado na cota. Quando isso não for possível, deverá vir alinhado à direita ou à esquerda da linha de cota. Podemos, ainda, inserir o valor em uma caixade texto para facilitar a leitura, mas esse é um elemen- to opcional. O valor que deve vir marcado na cota é o tamanho da medida real, ou seja, mesmo que o desenho esteja em escala de ampliação ou redução, o valor corresponderá à medida real do objeto. As cotas deverão ser distribuídas de tal forma a facilitar o entendimento e a compreensão do projeto. Devem representar todas as dimensões necessárias e devem seguir algumas regras para melhor organização do desenho (as regras serão vistas na sequência de nosso estudo). • Evitar cotar desnecessariamente: cotar em apenas uma das vistas ortogonais, já que a repetição trará mais linhas ao desenho, dificultando, assim, o seu en- tendimento. • Para facilitar a leitura do desenho, de- ve-se evitar a colocação de cotas refe- renciadas às linhas tracejadas; a forma correta é cotar essas linhas em outra vista, em que elas sejam visíveis ou em um corte. • Deve-se evitar colocar cotas dentro dos de- senhos e, principalmente, cotas alinhadas com outras linhas do desenho, esse proce- dimento evita prováveis erros de leitura; outro cuidado que se deve ter para melho- rar a interpretação do desenho é evitar o cruzamento de linha da cota com qualquer outra linha. Certo Não recomendado Errado 20 30 20 30 20 30 Figura 7 - Exemplo de Cotagem interna de desenhos Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003). 58 Escalas e Cotagem • As cotas de menor valor devem ficar por dentro das cotas de maior valor e, sempre que possível, as cotas devem ser colocadas alinhadas. • Os números que indicam os valores das cotas devem ter um tamanho que garanta a legibilidade e não podem ser cortados ou separados por qualquer linha. • Todas as cotas de um desenho devem ter os valores expressos em uma mesma unidade de medida, sem indicação do símbolo da unidade de medida utilizada. Também precisam obedecer a escala do desenho, mas as medidas das cotas serão os valores da medida do objeto. Caso uma das medidas deva ser feita obrigatoria- mente em outro sistema de unidade, o símbolo dele deve vir indicado ao lado do valor da cota. • Na cota de peças e equipamentos de pre- cisão, deverá constar a tolerância de erro admissível para uma determinada dimen- Certo 60 20 3050 50 70 Errado 70 50 5020 30 60 Figura 8 - Projeto cotado com e sem cruzamento de linhas auxiliares Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003). são. A cota de 15±0,05 significa que, no processo de fabricação, a dimensão da peça poderá variar de 14,5 até 15,5. • Na cotagem de raios, o limite da cota é defi- nido por somente uma seta, que pode estar situada por dentro ou por fora da linha de contorno da curva. O mesmo vale para diâmetros, mas, dessa vez, com duas setas, internas ou externas à curva. Vale lembrar que, para o raio, o valor da medida deve vir precedido da letra R, e para o diâme- tro, o símbolo convencionado ∅, se a vis- ta escolhida para a cota não representar a circunferência. A Figura 9 traz, além do exemplo de cotagem de raio, os exemplos de tolerância dimensional e as medidas em unidades diferentes. 59UNIDADE II 30 15 20 10 30 25 55 3/4’’ R10 50 8cm 2’’ +0,1- Figura 9 - Projeto com exemplo de cotagem de raios, tolerância dimensional e unidades de medida diferentes Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003). • Os elementos cilíndricos sempre são di- mensionados pelos seus diâmetros e lo- calizados pelas suas linhas de centro, da mesma forma que os elementos de seção quadrada, que serão representados com cotas das duas dimensões. Ex.: 25 x 25. • Nas linhas de cota horizontais, o número deverá estar acima da linha de cota; nas linhas verticais, o número deverá estar à esquerda da linha de cota; nas linhas incli- nadas, deve-se buscar a posição de leitura. • Na cotagem de ângulos, é traçada em arco cujo centro está no vértice do ângulo. Quando ocorrer a impossibilidade do cruzamento das linhas auxiliares com as linhas do contorno do desenho, as linhas de cota serão interrompidas e o número será indicado no meio da metade maior de linha de cota. 60º 30º 37º 33º 143º 123º Figura 10 - Forma para cotagem de ângulos Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003). Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 60 Escalas e Cotagem Cotas Lineares (Horizontal, Vertical e Inclinadas) São os modelos de cotas mais simples e foram tratados no início da unidade. As diferenças que se fazem necessárias pontuar aqui resultam das formas que essas cotas podem ser conjugadas. Cotagem em Série Na cotagem em série, as medidas são colocadas uma na sequência da outra, isto é, o ponto de re- ferência da cota à esquerda é o ponto final da cota à direita. Esse tipo de cota é comum em projetos de edificações com pontos elétricos igualmen- te espaçados, ou peças em que as furações estão equidistantes. Observe o exemplo: O maior problema nesse tipo de representa- ção ocorre na produção da peça projetada, pois irão ocorrer pequenos erros para cada medida; esses erros são provenientes do responsável na execução do projeto, ou da máquina que ele está utilizando para a construção da peça. Tipos de Cota 61UNIDADE II Isso ocorre exatamente porque o referencial da peça varia de acordo com a construção, logo, os projetistas pensaram em um processo onde não houvesse variação do ponto de referência, daí surgiu a segunda forma de representação de cotas lineares. Cotagem em Paralelo A cotagem em paralelo, ou por elemento de referência, tem como ponto inicial de suas cotas o mesmo ponto de referência. Inicia-se o procedimento cotando as menores distâncias, ou as distâncias mais próximas do ponto de referência, e deve-se incluir as outras cotas sobre as menores até que toda a peça na direção escolhida tenha sido cotada, finalizando sempre com a cota da medida total da peça. Conforme já foi mencionado anteriormente, a escolha do tipo de cotagem está diretamente vinculada à fabricação e à futura uti- lização do objeto e, como em quase todos os objetos existem partes que exigem uma maior precisão de fabricação e também existem partes que admitem o somatório de erros sucessivos, na prática, é muito comum a utilização combinada da cotagem em paralelo e em série em um mesmo projeto (RIBEIRO; PERES; IZIDORO, 2003). 123 20 15 12 20 15 15 26 15 20 32 47 67 30 56 123 Figura 11 - Exemplo de cota em série e em paralelo Fonte: Ribeiro, Peres e Izidoro (2003). 62 Escalas e Cotagem Cotagem de Cordas e Arcos Ao cotarmos arcos em um desenho, devemos marcar a linha de cota, não mais paralela à me- dida, e sim em uma linha de cota com curvatura maior que a curvatura do desenho, mas com cen- tro coincidente ao do desenho. O procedimento é feito com o auxílio do compasso; constroem-se duas retas tangentes à superfície da peça; no pon- to em que elas são tangentes, desenham-se retas ortogonais e, no cruzamento dessas duas retas, encontra-se o centro do raio de curvatura. Com o compasso aberto em um raio maior que o da curvatura da peça, desenha-se a linha de cota e escreve-se o valor do arco da peça sobre o arco maior da cota. Para a cotagem da linha do arco, procede-se como nas cotagens lineares. Cotagem de Ângulos, Chanfros e Escareados A cota de um chanfro ou de um ângulo é feita de duas formas distintas: a primeira consiste em defi- nir o tamanho dos dois lados que foram retirados para a confecção do chanfro e a segunda consiste em definir o ângulo do chanfro e a distância de um dos seus lados. Cordas, arcos, calotas e segmentos circulares são elementos de uma figura ou objeto circular que se relacionam com a superfície por meio do ângulo e raio do objeto em questão. Os conceitos desses entes geométricos são melhor definidos em: <http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/ bitstream/handle/mec/10396/geo0500.htm>. Cotagem de Elementos Equidistantes e/ou Repetidos Segundo Ribeiro, Peres e Izidoro (2003), a cota- gem de elementos equidistantes pode ser
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