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REDES SOCIAIS WWW.FACEBOOK.COM/CANALUPGEO WWW.INSTAGRAM.COM/CANALUPGEO E-MAIL: UPGEO1@GMAIL.COM Gilberto Freyre Roberto da Matta Sergio Buarque Caio Prado http://www.facebook.com/CANALUPGEO http://www.instagram.com/CANALUPGEO mailto:UPGEO1@GMAIL.COM 1) Para Gilberto Freyre, a família, não o indivíduo, nem tampouco o Estado nem nenhuma companhia de comércio, é, desde o século XVI, o grande fator colonizador no Brasil, a unidade produtiva, o capital que desbrava o solo, instala as fazendas, compra escravos, bois, ferramentas, a força social que se desdobra em política, constituindo-se na aristocracia colonial mais poderosa da América. Sobre ela, o rei de Portugal quase reina sem governar. Os senados de Câmara, expressões desse familismo político, cedo limitam o poder dos reis e mais tarde o próprio imperialismo ou, antes, parasitismo econômico, que procura estender do reino às colônias os seus tentáculos absorventes. Gilberto Freire. Casa Grande & Senzala. Rio de Janeiro: José Olympio. 1994, p. 19. Assinale a afirmativa CORRETA. A) Para Freire, o Estado Brasileiro foi o grande impulsionador do desenvolvimento brasileiro. B) Para Freire, o rei de Portugal mantinha o total controle sobre o processo de colonização no Brasil. C) Para Freire, a família não pode ser considerada o agente colonizador do Brasil. D) Para Freire, a família foi predominante no desenvolvimento da sociedade brasileira, sua existência relacionou-se, desde o início, ao domínio das grandes propriedades, tanto na zona rural como posteriormente no meio urbano. E) Para Freire, a família manteve-se longe da aristocracia colonial brasileira. 2) “Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição. Sociedade que se desenvolveria defendida menos pela consciência de raça, do que pelo exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política. Menos pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. Mas tudo isso subordinado ao espírito político e de realismo econômico e jurídico que aqui, como em Portugal, foi desde o primeiro século elemento decisivo de formação nacional; sendo que entre nós através das grandes famílias proprietárias e autônomas; senhores de engenho com altar e capelão dentro de casa e índios de arco e flecha ou negros armados de arcabuzes às suas ordens”. De acordo com a abordagem de Gilberto Freyre sobre a formação da sociedade brasileira, é correto afirmar que A) a colonização na América tropical era obra, sobretudo, da iniciativa particular. B) o caráter da colonização portuguesa no Brasil era exclusivamente mercantil. C) a constituição da população brasileira esteve isenta de mestiçagem racial e cultural. D) a Metrópole ditava as regras e governava as terras brasileiras com punhos de ferro. E) os engenhos constituíam um sistema econômico e político, mas sem implicações sociais. 3) Gilberto Freyre é um autor estimulante para a análise da sociedade brasileira. Com referência às teses desenvolvidas por esse pensador, assinale a opção correta. A) A preocupação com a miscigenação levou Freyre a elaborar a teoria do tropicalismo, na qual ele procura discutir a essência do ser brasileiro, independentemente de suas origens africanas, portuguesas ou indígenas. B) A problemática da alimentação encontra-se difusa em vários capítulos de Casa Grande & Senzala e Sobrados e Mocambos. O interesse de Gilberto Freyre pela alimentação está articulado à sua concepção de cultura como formada por uma totalidade que é capaz de explicar as particularidades. C) Entre os estudiosos da sociedade brasileira, há divergência sobre o papel da família patriarcal presente na obra de Gilberto Freyre na medida em que é impossível conceber uma imagem única de família aplicável ao longo do tempo aos vários segmentos sociais. D) Na obra de Gilberto Freyre, há divergências estruturais entre as raças que compõem a sociedade brasileira, e estariam aí as bases intelectuais do futuro movimento negro nos fins do século XX. E) Ao analisar a ação lusitana nos trópicos, Gilberto Freyre salienta as dificuldades enfrentadas pelos portugueses em razão de eles não estarem habituados ao clima e de terem tido dificuldades de se relacionar com os árabes e mouros durante a ocupação da Península Ibérica. 4) A sociologia no Brasil, criada e desenvolvida a partir de núcleos institucionais e autorais diversos, se voltou desde o princípio a um exame de nossa formação histórica. Entre as mais respeitadas (e ao mesmo tempo controversas) interpretações desse processo, está a contribuição de Gilberto Freyre e seu entendimento de nossa realidade social de fundo colonial. Para esse autor, era fundamental redimensionar a leitura de nossa construção política inicial: A) alternando as pesquisas entre exercícios de exame cultural e estudos de antropologia física. B) negligenciando o papel da política portuguesa para criar um foco de pesquisa adequado ao Brasil. C) criticando a diferença dos grupos humanos brasileiros no que toca nosso desenvolvimento econômico. D) buscando reforçar a validade dos estudos promovidos por Euclydes da Cunha e Nina Rodrigues sobre a ideia de cultura. E) valorizando o aspecto cultural e histórico do brasileiro em detrimento de análises raciais simplistas e biologizantes 5) A teoria da democracia racial, derivada a partir da hipótese de pesquisa desenvolvida por Gilberto Freyre, principalmente com sua obra “Casa-Grande e Senzala”, pode ser relacionada à política de cotas implementada nos institutos federais a partir da Lei 12.711 de 29 de agosto de 2012. Dentre as opções abaixo, marque a CORRETA em relação aos conteúdos do enunciado acima. A) A teoria desenvolvida por Gilberto Freyre contribui para explicar a diferença entre os níveis de violência racial ocorridos nos EUA e no Brasil, bem como sustenta teoricamente a política de cotas raciais adotada em nosso país. B) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, sustenta uma suposta convivência pacífica e democrática entre os negros, indígenas e brancos europeus, de modo a sustentar a política de cotas raciais. C) A teoria desenvolvida por Freyre atribui uma visão romantizada da realidade, tornando invisíveis várias formas de violência praticadas por brancos europeus em relação aos negros. A política de cotas raciais, nesse sentido, visa validar a teoria de Freyre. D) A teoria da democracia racial, derivada da obra de Freyre, mascara em grande medida a violência praticada por brancos contra negros no Brasil, sustentando de certo modo parte das críticas atribuídas à adoção de cotas raciais no país. E) A teoria da democracia racial de Freyre tem por princípio desvelar todas as formas de violência de brancos contra negros no Brasil, amparando teoricamente a adoção de cotas raciais como forma de compensação histórica. 6) Leia o trecho a seguir: VEJA – Vê uma atitude racista no culto à mulata ou reafirma sua tese de que esse culto está uma prova da ausência de problemas raciais no Brasil? O Brasil é, realmente, uma democracia racial perfeita? GF (Gilberto Freyr – Perfeita, de modo algum. Agora, que o Brasil é, creio que se pode dizer sem dúvida, a mais avançada democracia racial do mundo de hoje, isto é, a mais avançada nestes caminhos de uma democracia racial. Ainda há, não digo que haja racismo no Brasil, mas ainda há preconceito de raça e de cor entre grupos de brasileiros e entre certos brasileiros individualmente. (Trecho de entrevista de Gilberto Freyre publicada na revista Veja de 14 de abril de 1970). É possível afirmar que a resposta de Gilberto Freyre: A) reforça o preconceito racialdos antigos senhores escravocratas. B) desrespeita a figura da mulata. C) pondera a questão do racismo no Brasil com a evidência de que há democracia racial, ainda que imperfeita. D) incita o ódio entre as raças. E) ignora a história do passado escravista brasileiro. 7) É correto dizer que Gilberto Freyre procurou pensar a formação da sociedade patriarcal brasileira, a partir da publicação de Casa Grande & Senzala, influenciado: A) pelas teorias raciais do nazismo. B) pela antropologia de Franz Boas. C) pelo marxismo britânico dos anos 1920. D) pela teoria crítica da Escola de Frankfurt. E) pelo pensamento autoritário do fascismo italiano. 8) Do ponto de vista sociológico, o Brasil se constituiu sobre o mito da democracia racial principalmente depois da publicação de Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre (2003). De acordo com Florestan Fernandes (1965) o ideal de miscigenação fora difundido como mecanismo de absorção do mestiço não para a ascensão social do negro, mas para a hegemonia da classe dominante. O mito da democracia racial assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do bom senhor; 2) o mito do escravo submisso. Analise as afirmações: I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das elites modernas, como diria Contardo Calligaris, e juntamente com uma espécie de pseudocordialidade seriam responsáveis pela manutenção e o aprofundamento das diferenças sociais. II. O mito do escravo submisso fez com que a sociedade de um modo geral não encarasse de frente a violência da escravidão, fez com que os ouvidos se ensurdecessem aos clamores do movimento negro, por direitos e por justiça. III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros vão desde o Projeto de Lei que reserva aos negros um percentual fixo de cargos da administração pública, aos que instituem cotas para negros nas universidades públicas e nos meios de comunicação. Assinale a alternativa correta: A) todas as afirmações são verdadeiras. B) apenas a afirmação II é verdadeira. C) as afirmações I e III são verdadeiras. D) as afirmações I e II são falsas E) todas as afirmações são falsas. 9) Texto 1 O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido de juiz do Rio de Janeiro que reivindica que a Justiça obrigue os funcionários do prédio onde esse juiz mora a chamá-lo de “senhor” ou de “doutor”, sob pena de multa diária. Na ação judicial, o juiz argumenta que foi chamado pelo porteiro do condomínio de “você” e de “cara” e que ouviu a expressão “fala sério!” após ter feito uma reclamação. Mariana Oliveira. “Ministro do STF nega pedido de juiz que quer ser chamado de ‘doutor’”. http://g1.globo.com, 22.04.2014. Adaptado. Texto 2 O “Você sabe com quem está falando?” não parece ser uma expressão nova, mas velha, tradicional, entre nós. Na medida em que as marcas de posição e hierarquização tradicional, como a bengala, as roupas de linho branco, o anel de grau e a caneta-tinteiro no bolso de fora do paletó se dissolvem, incrementa-se imediatamente o uso da expressão separadora de posições sociais para que o igualitarismo formal e legal, mas cambaleante na prática social, possa ficar submetido a outras formas de hierarquização social. Roberto da Matta. Carnavais, malandros e heróis, 1983. Adaptado. Considerando a análise do antropólogo Roberto da Matta, o fato descrito no texto 1 pode ser corretamente interpretado como resultante A) da contradição entre igualitarismo liberal e autoritarismo cultural. B) da plena assimilação cultural dos ideais iluministas de cidadania. C) das tendências estatais de controle totalitário da existência cotidiana. D) da superação das hierarquias sociais pela universalização ética. E) da hegemonia ideológica da classe operária sobre a classe burguesa. 10) A tentativa de implantação da cultura europeia em extenso território, dotado de condições naturais, se não adversas, largamente estranhas à sua tradição milenar, é, nas origens da sociedade brasileira, o fato dominante e mais rico em consequências. Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra. Podemos construir obras excelentes, enriquecer nossa humanidade de aspectos novos e imprevistos, elevar à perfeição o tipo de civilização que representamos: o certo é que todo o fruto de nosso trabalho ou de nossa preguiça parece participar de um sistema de evolução próprio de outro clima e de outra paisagem. (HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 31) Em sua obra, Sérgio Buarque faz uma significativa leitura da sociedade brasileira e sua formação desde o período colonial, e verifica que na transição de uma sociedade agrária para a sociedade urbana no Brasil, ocorreu a manutenção A) dos valores iluministas. B) dos valores socialistas. C) de elementos racionalistas práticos. D) de valores paternalistas e patrimonialistas. E) do desenvolvimentismo capitalista protestante. 11) Patrimonialismo é um modelo de administração, típico dos estados absolutistas europeus, e tinha como principal característica a não distinção entre o que era bem público e o que era bem privado. Em outras palavras, não havia distinção entre o que pertencia ao Estado e o que pertencia ao detentor do poder, no caso de Portugal, o rei Dom Manuel I. Se esse modelo estivesse vigorando, hoje, no Brasil, seria o mesmo que dizer que o presidente da república seria dono de todos os bens do Estado brasileiro: móveis, imóveis, utensílios, acessórios, enfim, tudo seria dele porque, no Estado Patrimonialista, prevalece a seguinte mentalidade: tudo o que pertence ao Estado pertence, também, ao detentor do poder. Disponível em: <http://www.politize.com.br/patrimonialismo- administracao-publica-brasil/>. Acesso em: set. 2017. Adaptado. A sobrevivência de práticas patrimonialistas na administração pública brasileira pode ser observada no A) nepotismo — emprego, em cargos administrativos das esferas federal, estadual ou municipal, de familiares de agentes públicos como extensão do poder pessoal desse agente empregador, sem passarem pelo crivo do concurso público. B) patriarcalismo — controle do governo de um estado pelo patriarca mais graduado entre as famílias da elite econômica local. C) clientelismo — uso do poder carismático de um agente público como forma de garantir o controle sobre projetos e programas urbanísticos de setores públicos. D) municipalismo — expansão do poder das lideranças locais que gerenciam as rendas públicas em parceria com os sindicatos rurais. E) federalismo — divisão geográfica e territorial do país, ficando cada unidade sob a liderança e controle de uma oligarquia partidária. 12) A conduta do brasileiro seria baseada nas amizades, afetos e sentimentos, e não na racionalidade e no cálculo frio do norte americano protestante ascético, cuja conduta nos negócios é guiada não pelas emoções, mas pela racionalidade instrumental, o que teria proporcionado o êxito do capitalismo nos Estados Unidos e seu fracasso no Brasil. (Fonte: https://jornalggn.com.br/noticia/jesse-souza- o-desafio-de-desconstruir-os-interpretes-do-brasil) O trecho em destaque é de um artigo escrito pelo economista Carlos Frederico de Alverga no qual apresenta a leitura crítica do sociólogo Jessé Souza sobre a visão dominante que o país tem de si mesmo. O trecho acima é crítico A) à ideia de homem cordial, postulada por Sérgio Buarque de Holanda. B) à leitura weberiana de Freyre traduzida no binômio casa grande e senzala. C) ao jeitinho brasileiro como traduzido por Roberto Damatta. D)à noção de privatização do público, como desenvolvida por Raymundo Faoro. E) à noção de revolução social de Florestan Fernandes. 13) Brasil a partir do tema da formação da sociedade patriarcal na época colonial. As duas obras referidas foram publicadas na década de 1930 – a primeira em 1933 e a segunda em 1936. São elas: A) Viva o Povo Brasileiro e Raízes do Brasil B) O Homem Cordial e Raízes do Brasil C) Raízes do Brasil e Formação do Brasil Contemporâneo D) Retrato do Brasil e O Brasil na História E) Casa Grande & Senzala e Sobrados & Mucambos 14) Leia o texto a seguir: “O homem cordial pode ser visto como um tipo ideal weberiano: ele seria o precipitado de uma formação social caracterizada pela onipresença da esfera privada, logo, pelo primado das relações pessoais. Ora, a cordialidade não deve ser compreendida como uma característica essencialmente brasileira, mas antes como um traço estrutural de sociedades cujo espaço público enfrenta dificuldades para afirmar sua autonomia em relação à esfera privada. O conceito de cordialidade é um importante instrumento analítico para o estudo de grupos sociais dotados de elevado grau de autocentramento, portanto, em alguma medida, resistentes a pressões externas.” (Rocha, João Cezar de Castro. Brasil nenhum existe. Folha de São Paulo, Domingo, 09 de janeiro de 2000). O texto acima propõe uma revisão da tese do “homem cordial”, desenvolvida pelo seguinte intelectual brasileiro: A) Gilberto Freyre B) Roberto Damatta C) Ribeiro Couto D) Afonso Arinos de Melo Franco E) Sérgio Buarque de Holanda 15) Sérgio Buarque de Holanda, em “Raízes do Brasil”, referindo-se às boas maneiras típicas da civilidade, afirma que “Nenhum povo está mais distante dessa noção ritualista da vida do que o brasileiro”. Para ele, portanto, o Brasil dará ao mundo A) o homem cordial. B) o homem que trabalha para se escravizar. C) o criador do jeitinho brasileiro. D) aquele que gosta de samba, carnaval e malandragem. E) aquele que é antes de tudo um forte. 16) Ao analisarem o processo de colonização lusitana no Brasil, Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda escreveram, em duas obras clássicas da nossa historiografia: I. “Quando em 1532 se organizou econômica e civilmente a [colonização], [...] formou-se na América tropical uma sociedade [...] que se desenvolveria defendida menos [...] pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular. [...] sendo que entre nós através das grandes famílias proprietárias e autônomas [...], donos de terras e de escravos [...] dos senados de Câmara falaram sempre grosso aos representantes d’el-rei [...]”. (FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Círculo do Livro, 1990, p. 43.) II. “No Brasil, onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo da família patriarcal [...], não era fácil aos detentores das posições públicas de responsabilidade, formados por tal ambiente, compreenderem a distinção fundamental entre os domínios do privado e do público [...]. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares”. (HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 145-6). As reflexões de Gilberto Freire e Sérgio Buarque de Holanda apresentam, na essência, relação com a A) análise do patrimonialismo enquanto uma característica inerente à formação da sociedade brasileira. B) constatação de que ocorriam congruências entre os interesses metropolitanos e os das elites coloniais. C) diferenciação entre os valores reinantes na sociedade colonial e na sociedade brasileira contemporânea. D) latente oposição que contrapunha a família patriarcal às imposições privativas das classes proprietárias. E) a crise institucional vivida nos anos 1930, quando o país se desagregou em seu projeto nacional e descentralizou-se politicamente. 17) Leia o texto a seguir. Na verdade, a ideologia impessoal do liberalismo democrático jamais se naturalizou entre nós. Só assimilamos efetivamente esses princípios até onde coincidiram com a negação pura e simples de uma autoridade incômoda, confirmando nosso instintivo horror às hierarquias e permitindo tratar com familiaridade os governantes. (HOLANDA, S. B. de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 160.) O trecho de Raízes do Brasil ilustra a interpretação de Sérgio Buarque de Holanda sobre a tradição política brasileira. A esse respeito, considere as afirmativas a seguir. I. As mudanças políticas no Brasil ocorreram conservando elementos patrimonialistas e paternalistas que dificultam a consolidação democrática. II. A política brasileira é tradicionalmente voltada para a recusa das relações hierárquicas, as quais são incompatíveis com regimes democráticos. III. As relações pessoais entre governantes e governados inviabilizaram a instauração do fenômeno democrático no país com a mesma solidez verificada nas nações que adotaram o liberalismo clássico. IV. A cordialidade, princípio da democracia, possibilitou que se enraizassem, no país, práticas sociais opostas aos princípios do clientelismo político. Assinale a alternativa correta. A) Somente as afirmativas I e II são corretas. B) Somente as afirmativas I e III são corretas. C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. D) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 18) [...] é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal. Dentre esses círculos, foi sem dúvida o da família aquele que se exprimiu com mais força e desenvolveu em nossa sociedade [...]. Onde os laços de sangue e de coração [...] forneceram o modelo obrigatório de qualquer composição entre nós. HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia da Letras, 1995. p. 146. Sérgio Buarque utiliza os conceitos weberianos para analisar o Estado brasileiro. Nessa perspectiva, considere as afirmativas a seguir. I - O Estado brasileiro se enquadra no modelo estatal elaborado pelo sociólogo alemão, pois, segundo Weber, o Estado moderno caracteriza-se pelas relações impessoais nas quais predomina o particular sobre o coletivo. II - No Brasil, as grandes famílias patriarcais comandaram a política e a economia do país, pois é comum levar a organização estatal para a esfera da afetividade. III - Para o funcionário patrimonial, a gestão política apresenta-se como assunto de interesse particular, os benefícios que lhe são conferidos relacionam-se aos seus direitos pessoais. É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. 19) “A falta de coesão em nossa vida social não representa, assim, um fenômeno moderno. E é por isso que erram profundamente aqueles que imaginam na volta à tradição, a certa tradição, a única defesa possível contra nossa desordem. Os mandamentos e as ordenações que elaboraram esses eruditos são, em verdade, criações engenhosas de espírito, destacadas do mundo e contrárias a ele. Nossa anarquia, nossa incapacidade de organização sólida não representam, a seu ver, mais do que uma ausência da única ordem que lhes parece necessária e eficaz. Se a considerarmos bem, a hierarquia que exaltam é que precisa de tal anarquia para se justificar e ganhar prestígio”. (HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 33.) Caio Prado Junior, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda são intelectuais da chamada “Geração de 30”, primeiromomento da sociologia no Brasil como atividade autônoma, voltada para o conhecimento sistemático e metódico da sociedade. Sobre as preocupações características dessa geração, considere as afirmativas a seguir. I. Critica o processo de modernização e defende a preservação das raízes rurais como o caminho mais desejável para a ordem e o progresso da sociedade brasileira. II. Promove a desmistificação da retórica liberal vigente e a denúncia da visão hierárquica e autoritária das elites brasileiras. III. Exalta a produção intelectual erudita e escolástica dos bacharéis como instrumento de transformação social. IV. Faz a defesa do cientificismo como instrumento de compreensão e explicação da sociedade brasileira. Estão corretas apenas as afirmativas: A) I e III. B) I e IV. C) II e IV. D) I, II e III. E) II, III e IV. 20) Caio Prado Junior, Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda são intelectuais da chamada “Geração de 30”, primeiro momento da sociologia no Brasil, como atividade autônoma, voltada para o conhecimento sistemático e metódico da sociedade para compreensão da formação da sociedade brasileira. Acerca das expectativas, quanto à formação do Brasil, quais foram os fundamentos acadêmicos e os elementos sociais que eles levaram em consideração na formação do povo brasileiro? GABARITO 1) Resposta: D Gabarito Comentado: A resposta da questão está na primeira frase do texto. De fato, a análise de Gilberto Freyre em Casa-Grande e Senzala tem na família o seu enfoque principal. Tal análise de Freyre foi importantíssima para a constituição de um pensamento sociológico brasileiro. 2) Resposta: A Gabarito Comentado: Para Gilberto Freyre a formação da sociedade brasileira não se deu a partir da ação oficial do Estado Português e suas instituições agindo de forma soberana no território. A sociedade que aqui se formou teria que ver muito mais com a iniciativa de famílias de proprietários e senhores de engenho que de forma autônoma reproduziam as características da nossa sociedade. O senhor de engenho é visto por Gilberto Freyre como um ator muito mais central do que as instituições do governo português na conformação da civilização que entre nós se formou 3) Resposta: C Gabarito Comentado: O profícuo sociólogo, Gilberto Freyre, é um dos principais nomes da sociologia brasileira, tendo o seu trabalho sido a referência primeira para consolidação da ciência no Brasil. Uma das grandes questões nos trabalhos desse autor é a configuração da família como núcleo do sistema social. Freyre percebe como a família era o marco zero e a base da estrutura construída no período colonial, mantendo-se assim até a República. O autor não trata de tropicalismo, movimento que teve lugar apenas nos anos 1960. Tampouco traça uma relação de divergência de raças, antes preferindo uma abordagem de convergência (democracia racial). A única alternativa a atender os requisitos da questão é a alternativa C. 4) Resposta: E Gabarito Comentado: Ao invés de importar modelos para interpretar o Brasil, Freyre lança mão em categorias weberianas para desenvolver uma leitura nativa da sociedade do seu tempo. É um produto de uma análise autóctone que, mesmo considerando algo como um legado lusitano e bastante problemática sob a perspectiva da sociologia recente, buscou na história das relações sociais no Brasil seu fundamento. 5) Resposta: D Gabarito Comentado: A alternativa A considera não apenas o Brasil, mas também os EUA, quando os trabalhos de Freyre dizem respeito tão somente ao contexto brasileiro. A alternativa B coloca a democracia racial como uma justificativa para as cotas, enquanto é o oposto que se desenha, pois a política de cotas é o reconhecimento de uma desigualdade com raízes históricas que se realizam também nas diferenças nos índices de escolarização de negros, indígenas e brancos. O mesmo princípio vale para as alternativas C e E. Logo, a única alternativa correta é a letra B, que reconhece que parte das críticas à política de cotas é fundamentada na teoria de Freyre. 6) Resposta: C Gabarito Comentado: Freyre destaca que o Brasil, por conta do fator miscigenador, acabou por avançar em termos de uma “democracia racial”, ainda que o racismo exista entre nós de forma pontual. O fato é que, ao contrário de outros lugares, como os EUA, no Brasil nunca houve racismo institucionalizado após o fim da escravidão. 7) Resposta: B Gabarito Comentado: Gilberto Freyre era antropólogo por formação. Parte dessa formação ocorreu com o antropólogo teuto-americano Franz Boas, um dos precursores da antropologia cultural. Com Boas, Freyre pôde pensar melhor sobre a questão das teorias raciais do século XIX e o preconceito cientificista que elas carregavam, bem como procurar construir novas reflexões sobre a mistura das raças e o valor étnico e social da miscigenação. 8) Resposta: A Gabarito Comentado: Os dois primeiros tópicos da questão apoiam-se na perspectiva que o sociológico Florestan Fernandes tinha da formação da sociedade brasileira e na crítica feita à interpretação de Gilberto Freyre a essa formação. Estão corretas, na medida em que corroboram a visão de Florestan, e não como sentenças irrefutáveis a respeito da realidade histórica e da obra de Freyre. Já o terceiro tópico diz respeito às políticas públicas que reservam cotas para negros como sendo políticas de inclusão social. Esse tópico está correto na medida em que se confirma ser essa a alegação oficial do Estado para a implementação das políticas de cotas. 9) Resposta: A Gabarito Comentado: O liberalismo prega a igualdade civil dos indivíduos. No entanto, no Brasil, impera um autoritarismo cultural que reforça distinções de classe social, tal como a demanda do juiz do primeiro texto exemplifica. 10) Resposta: D Gabarito Comentado: Para Sérgio Buarque, a transição do Brasil rural para o Brasil urbano não se deu da mesma forma que na Europa e nos Estados Unidos. Enquanto nestes países a adoção da mentalidade racional-legal burguesa foi sendo estruturada ao longo do tempo, no Brasil a mesma teve de ser implementada para adaptar-se a realidade estrangeira, sendo assim, ainda que a república tenha tentado inserir os valores próprios a revolução industrial, foram herdadas as antigas estruturas de um Brasil patriarcal, estruturas que se mantiveram vigendo, ainda que adaptadas, como o paternalismo e o patrimonialismo. 11) Resposta: A Gabarito Comentado: As práticas patrimonialistas podem ser vistas tanto no nepotismo, no patriarcalismo e no clientelismo. No entanto, somente a alternativa [A] explica, de forma correta, o conceito que está apresentando, pois o patriarcalismo não corresponde ao governo de um patriarca mais graduado, nem o clientelismo corresponde ao uso do poder carismático. 12) Resposta: A Gabarito Comentado: A alternativa correta é a letra A. Homem cordial é um conceito desenvolvido pelo historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda em seu livro "Raízes do Brasil". O autor intenciona compreender as origens de uma forma de sociabilidade brasileira, mais afeita aos contatos informais e à negação das esferas públicas de convívio. Crítico, ele mostra como a “cordialidade” leva a uma relação problemática entre instâncias públicas e privadas. 13) Resposta: B Gabarito Comentado: Foi no ensaio Raízes do Brasil que Sérgio Buarque de Hollanda apresentou o “homem cordial” como uma característica fundamental na configuração da sociedade brasileira. Logo, a letra B é a correta. 14) Resposta: E Gabarito Comentado: É Sérgio Buarque de Hollanda que, em Raízes do Brasil, apresenta o “homem cordial” como uma característica fundante da sociedade brasileira associando essa característica à questão do patrimonialismo. 15) Resposta: A Gabarito Comentado: Uma dasprincipais teses de Sérgio Buarque de Holanda é a do “homem cordial”. Com exceção da alternativa A, nenhuma das outras alternativas podem ser associadas à obra desse sociólogo. 16) Resposta: A Gabarito Comentado: O patrimanialismo na sociologia brasileira seria uma herança da forma social colonial marcada pela ampla presença de proprietários e das grandes famílias na sociedade. A influência desses atores era tão grande que nunca teria sido desenvolvido no país uma distinção entre esfera pública e privada que caracterizaria o desenvolvimento da Europa Ocidental. 17) Resposta: B Gabarito Comentado: A questão aponta para a incompatibilidade da cordialidade e patrimonialismo que marca a sociedade brasileira em relação a democracia. A preponderância de relações pessoais, afetivas e patrimoniais nas instituições do Estado dificultam e servem de obstáculo para a efetivação da democraica. Em contra partida, hierarquia, impessoalidade, abstração de leis e generalidade de princípios são condições fundamentais para a igualdade democrática. 18) Resposta: D Gabarito Comentado: Utilizando as categorias weberianas, Sérgio Buarque de Holanda entende que o Brasil foi caracterizado pela ampla presença que as famílias adquiriram na formação de nossa sociedade. Essa presença foi tão grande que mesmo em relações onde não deveriam preponderar os a afetividade e a pessoalidade, como a burocracia do Estado e as relações de mercado, os laços familiares prevaleciam . Como consequência existe uma confusão enorme em se separar os direitos pessoais dos direitos abstratos e impessoais que deveriam caracterizar as relações racionalizadas típicas da modernidade. 19) Resposta: C Gabarito Comentado: A geração de 1930 buscou utilizar ferramentas das ciências sociais e da história para analisar e explicar a sociedade brasileira. Mais do que isso, entendia-se que a compreensão adequada dos passado do país e de sua história seria indispensável para a transformações necessárias em nossa sociedade. 20) Esses sociólogos buscaram dar respostas acadêmicas para compreensão e explicação da sociedade brasileira. As obras buscavam a desconstrução de uma visão etnocêntrica das obras que foram elaboradas por sociólogos e antropólogos europeus e norte americanos em relação ao povo brasileiro. Esses por sua vez, estudaram o brasileiro, por uma vertente científica evolucionista. Demostrando assim, a não compreensão das peculiaridades do Brasil. Argumentaram ser tratar de país cujo o povo não civilizado, feio, atrasado e malandragens. Nossos primeiros sociólogos, antropólogos e historiadores, refutaram academicamente, justificando as características do país: colonizado e explorado, modo de produção escravagista, abolição tardia, miscigenação, imigração e industrialização tardia, entre outros aspectos, voltados para o coronelismo na política.
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