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LEONARDO MIRA MARQUES AUDITOR ESTADUAL DE CONTROLE EXTERNO Planejamento nas Contratações Públicas: Governança, gestão e instrumentos de planejamento Serão dois cursos sobre planejamento. Neste curso iremos ver: • Governança em Compras Públicas; (1) • Gestão das Compras Públicas; (1) • Instrumentos de Planejamento nas Contratações (PLS, PAC, PPA, LDO, LOA); (1) • Etapa de Planejamento da Licitação (DOD, ETP, GR e PB/TR). (2) MÓDULO 1 Dever de Planejar Dimensões de desempenho das compras Públicas Preço Custo Processual Qualidade/Efetividade Celeridade Transparência Qualidade da instrução processual Desenvolvimento Sustentável Renato Fenili Devemos considerar: Recursos públicos são escassos; Comprar em quantidades insuficientes prejudica a continuidade do serviço público ou leva a contratações emergenciais e desinteressantes; O excesso na quantidade implica em desperdício em virtude da deterioração dos bens em razão do tempo; Deste modo, percebemos a importância dos gestores públicos responsáveis pelas demandas assumirem a responsabilidade pelo correto planejamento das aquisições. Funções administrativas: • Planejamento; • Organização; • Direção; • Controle. Planejamento: • Atividade de pensar (pessoas ou organizações); • onde desejamos chegar? • em que ponto estamos? • de que maneira alcançar? Por que planejar? • necessário para o desenvolvimento e aperfeiçoamento das organizações; • evitar desperdício de esforço e de recursos materiais e econômicos; • define os objetivos estratégicos do Órgão; • determina-se a direção; • alinha-se os objetivos das compras públicas a esses objetivos estratégicos institucionais. Augusto Sherman Cavalcanti Dever de Planejar • dever conferido ao Gestor Público; • dever político decorrente do Regime Republicano (manejar os recursos públicos de forma eficaz, eficiente e prestar contas); • dever jurídico-institucional – caput do art. 37 da CF/88 – princípio da eficiência. Augusto Sherman Cavalcanti Dever de Planejar • Dever jurídico-legal – artigos 6º, inciso I, e 7º do Decreto-Lei n. 200/1967 Art. 6º As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: I - Planejamento. [...] Art. 7º A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas elaborados, na forma do Título III [...]. Augusto Sherman Cavalcanti Dever de Planejar • Dever lógico-racional – só se poderá avaliar a eficácia, eficiência, efetividade e economicidade da gestão por meio de diretrizes e metas fixadas pelo planejamento. Augusto Sherman Cavalcanti Funções administrativas (dependência) • Planejamento; • Organização; • Direção; • Controle. MÓDULO 2 Governança em Compras Públicas GOVERNANÇA Governança é a maneira pela qual o poder é exercido na gestão dos recursos econômicos e sociais de um país visando o desenvolvimento. • Boa Gestão – capacidade de administrar; • Regras previsíveis; • Transparência dos atos e informações; • Prestação de contas. (Banco Mundial - Governance and Development - 1992). GOVERNANÇA É o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo o relacionamento entre Conselho, equipe executiva e demais órgãos de controle. As boas práticas de governança convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar a reputação da organização e de otimizar seu valor social, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade. (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e GIFE- 2014). Os princípios básicos de Governança são: • transparência; • equidade; • prestação de contas (accountability); • responsabilidade. (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e GIFE- 2014). GOVERNANÇA NO SETOR PÚBLICO Conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para AVALIAR, DIRECIONAR E MONITORAR a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade. (TCU - Referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública). Governança em Compras Públicas “A governança das aquisições compreende essencialmente o conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das aquisições, com objetivo de que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos aceitáveis”. Acórdão 2.622/2015-TCU – Plenário Boa governança em contratações evita ou reduz : • processos de planejamento inadequados; • elaboração de projetos mal sucedidos; • contratações que não alcançam seus objetivos, implicando prejuízos, perdas de qualidade e ineficiências. (Relatório de Acompanhamento - TC 015.268/2018-7). DEZ passos para a boa governança (TCU) LIDERANÇA 1. Escolha líderes competentes e avalie seus desempenhos. (Pessoas e competências). 2. Lidere com ética e combata os desvios (Princípios e comportamentos). 3. Estabeleça sistema de governança com poderes de decisão balanceados e funções críticas segregadas (Sistema de governança). 4. Estabeleça metas e delegue poder e recursos para alcançá-las (Liderança organizacional). DEZ passos para a boa governança (TCU) ESTRATÉGIA 5. Estabeleça a estratégia considerando as necessidades das partes interessadas (Relacionamento com as partes interessadas). 6. Estabeleça modelo de gestão da estratégia que assegure seu monitoramento e avaliação (Estratégia organizacional). 7. Estabeleça mecanismos de coordenação de ações com outras organizações (alinhamento transorganizacional). DEZ passos para a boa governança (TCU) CONTROLE 8. Gerencie riscos e institua os mecanismos de controle interno necessários (gestão de riscos e controle interno). 9. Estabeleça função de auditoria interna independente que adicione valor à organização (Auditoria interna). 10. Estabeleça diretrizes de transparência e sistema de prestação de contas e responsabilização(Accountability e transparência). Gestão das Compras Públicas Governança ≠ Gestão Governança não é gestão! A NBR ISO/IEC 38.500, item 1.6.9, assim trata a definição de Gerenciamento (Gestão): • o sistema de controles e processos necessários para alcançar os objetivos estratégicos estabelecidos pela direção da organização; • o gerenciamento está sujeito às diretrizes, às políticas e ao monitoramento estabelecidos pela governança corporativa. (NBR ISO/IEC 38.500, item 1.6.9). Governança ≠ Gestão Governança está relacionada com o estabelecimento de estratégias, política organizacional e monitoramento que visa verificar a aplicação das diretrizes definidos pela direção da organização. Define o que precisa ser feito para que a organização alcance seus objetivos, e que ações serão desenvolvidas. Resumo: a governança define o que deve ser feito em uma organização, avaliando e monitorando os processos e resultados, sendo estabelecida pela alta administração da organização. A gestão, cuida em como fazer, quais pessoas devem participar, como será o processo de trabalho. A condução da gestão fica a cargo dos profissionais designados pela alta administração. (Curso Licitações Sustentáveis – TCU – Aula 04). Governança ≠ Gestão (Referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública - TCU). São funções da governança: São funções da gestão: a) direcionamento estratégico;a) implementar programas; b) supervisionar a gestão; b) garantir a conformidade com as regulamentações; c) envolver as partes interessadas; c) revisar e reportar o progresso de ações; d) gerenciar riscos estratégicos; d) garantir a eficiência administrativa; e) gerenciar conflitos internos; e) manter a comunicação com as partes interessadas; e f ) auditar e avaliar o sistema de gestão e controle; e f ) avaliar o desempenho e aprender. g) accountability (prestação de contas e responsabilidade) e transparência. Figura: TCU – Relatório de Acompanhamento - TC 015.268/2018-7 MÓDULO 3 Plano Plurianual - PPA Constituição Federal de 1988 Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I - o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais. O Plano Plurianual (PPA) é o instrumento de planejamento (diretrizes, objetivos e metas) para o período de quatro anos. Art. 165, §1º, da Constituição Federal de 1988: §1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. • PPA – instrumento de planejamento de médio a longo prazo • Orienta a elaboração da LDO e da LOA • Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com o plano plurianual (§4º do art. 165 da CF) • Deste modo, as políticas públicas, sejam sociais, econômicas ou ambientais, refletem no PPA a diretriz governamental e todas as aquisições públicas fundamentam-se nessas diretrizes. (VIEIRA, Antonieta Pereira; VIEIRA, Henrique Pereira; FURTADO, Madeline Rocha; FURTADO, Monique Rafaella Rocha). Lei n. 8.666/1993 Art. 7º. (...) § 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: (...) IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso. (...) Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos: (...) I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm A elaboração do PPA, da LDO e do Projeto da LOA ocorre com a participação da União, sendo submetida à aprovação do Congresso Nacional. Na elaboração desses instrumentos, além da área técnica de planejamento, participam também os gestores públicos, que têm a função de ordenar despesas, fornecendo subsídios que, na forma da legislação, deverão constar nesses instrumentos. Ex.: a construção de uma creche deverá estar prevista nos instrumentos em vigor. No caso de não constar tal previsão e a autoridade competente autorizar a despesa, será considerado crime de responsabilidade fiscal. (VIEIRA, Antonieta Pereira; VIEIRA, Henrique Pereira; FURTADO, Madeline Rocha; FURTADO, Monique Rafaella Rocha - Gestão de contratos de terceirização na Administração Pública – teoria e prática). Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) é um instrumento de planejamento que compreenderá as metas e prioridades da Administração Pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente. Orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA) • Art. 165, §2º, da Constituição Federal. As Leis de Diretrizes Orçamentárias são publicadas anualmente, a partir de sua publicação iniciam-se os estudos pelos órgãos competentes para orientar a Administração na elaboração da proposta orçamentária para o exercício seguinte. Ou seja, a LDO serve como o dispositivo que possui as regras de como executar o que foi planejado, a cada ano. Deve ser compatível com o PPA. Ao contrário do PPA que possui metas muito abrangentes e de difícil contraste no dia-a-dia da realização da despesa, a Lei de Diretrizes Orçamentárias contém uma série de restrições definidas de forma objetiva (Jacoby – Manual do Ordenador de Despesas). Exemplo: art. 18 da Lei n. 13.898 de 11/11/2019 – LDO 2020. Art. 18. Não poderão ser destinados recursos para atender a despesas com: (...) III - aquisição de automóveis de representação. Lei de Orçamentária Anual- LOA A Lei Orçamentária Anual, de acordo com o art. 5° da LRF, deverá ser elaborada em compatibilidade com o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Responsabilidade Fiscal. A lei orçamentária anual compreenderá (art. 165, §5º da CF/88): I - o orçamento fiscal ; II -o orçamento de investimento das empresas; III- o orçamento da seguridade social. • A LOA é publicada para cada exercício. • Estima a receita e fixa a despesa, visando concretizar os objetivos e metas previstos no PPA, na forma estabelecida pela LDO. Ou seja, a LOA atua como instrumento de planejamento que tem os recursos (receitas e despesas) necessários para a execução anual do que foi planejado (PPA) segundo as regras (LDO) estabelecidas. Segundo o art. 167 da CF/88 são vedados: • o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual; • e a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais. Os instrumentos mencionados, PPA, LDO, LOA e decreto de programação orçamentária, são ferramentas de trabalho importantíssimas para os gestores públicos e todos aqueles que estejam envolvidos na área, devendo conhecê-los e aplicá- los de forma a maximizar os recursos públicos, com transparência e economicidade. (VIEIRA, Antonieta Pereira; VIEIRA, Henrique Pereira; FURTADO, Madeline Rocha; FURTADO, Monique Rafaella Rocha - Gestão de contratos de terceirização na Administração Pública – teoria e prática). O prazo para se definir o montante de recursos necessários ao desempenho de quaisquer atividades, compras e contratações realizadas pela Administração, deve ser definido em razão dos prazos máximos de envio dos projetos de lei que aprovam o orçamento, demandando o devido planejamento por parte de todas as áreas da organização, e, também, da área de TI, pois só é possível, no exercício seguinte, a realização de compras e contratações que estejam previamente sustentadas no seu orçamento. (Augusto Sherman Cavalcanti). Geração de despesa e declaração de adequação com a LOA e compatibilidade com o PPA e LDO Lei de Responsabilidade Fiscal (LC n. 101/2000) Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de: (Vide ADI 6357) I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejamultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. § 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. § 4º As normas do caput constituem condição prévia para: I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras. LEI n. 13.898, de 11 de novembro de 2019 – LDO 2020 Art. 145. Para fins do disposto no art. 16 da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal: I - as exigências nele contidas integrarão o processo administrativo de que trata o art. 38 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, bem como os procedimentos de desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm LEI n. 13.898, de 11 de novembro de 2019 – LDO 2020 II - no que se refere ao disposto em seu § 3º, entendem-se como despesas irrelevantes aquelas cujo valor não ultrapasse, para bens e serviços, os limites dos incisos I e II do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993; (...) IV - os valores e as metas constantes no Projeto de Lei Orçamentária de 2020 e no Projeto de Lei do Plano Plurianual 2020-2023 poderão ser utilizados, até a sanção das respectivas Leis, para demonstrar a previsão orçamentária nos procedimentos referentes à fase interna da licitação, bem como para o atendimento ao disposto no inciso I do caput do art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993. • Ato típico do Ordenador de Despesas; • Dever ser materializada em uma declaração a ser inserida no processo administrativo, físico ou eletrônico; • Condição prévia para empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; • Programação financeira é o planejamento financeiro, estimado em números e datas prováveis de sua ocorrência, por isso a demonstração de adequação, com esse planejamento é possível saber o momento em que poderá ser paga a despesa. • A declaração deve ser realizada no momento em que se autoriza a licitação e no momento em que é contraída a obrigação. MÓDULO 4 Plano Anual de Contratações BRASIL. TCU-Plenário – Relator: Ministro Raimundo Carreiro. Relatório do Acórdão 2.341/2016. • É o documento no qual a organização define o planejamento das contratações para o período de um ano. • (...) deve conter informações sobre os objetos a serem adquiridos, quantidade, valor estimado, identificação do requisitante, período estimado para a contratação (por exemplo, o mês), além da justificativa da necessidade e programa/ação suportada pela contratação. BRASIL. TCU-Plenário – Relator: Ministro Raimundo Carreiro. Relatório do Acórdão 2.341/2016. • 170. O planejamento das contratações traz diversos benefícios às organizações públicas. Dentre eles: • 170.1 Facilitação das compras conjuntas, pois haveria maior possibilidade de confrontar com antecedência o que cada organização pretenderia adquirir no decorrer do ano; • 170.2 Uso mais eficiente e eficaz dos recursos orçamentários, pois evitaria contratações realizadas às pressas, sem ampla cotação de preços, e sem a adequada mensuração e especificação do bem/serviço a ser adquirido; e • 170.3 Caso o plano seja aprovado por um comitê que represente os diversos setores da organização, redução do risco de que as contrações atendam apenas a setores individualmente e não à organização como um todo, consequentemente maior alinhamento da função contratações com os objetivos estratégicos estabelecidos. (...) ... O processo de planejamento anual para as contratações da organização como um todo é um processo diferente do planejamento orçamentário. BRASIL. TCU-Plenário – Relator: Ministro Raimundo Carreiro. Relatório do Acórdão 2.341/2016. • 582. (...) é um instrumento que serve de insumo para a elaboração da proposta orçamentária anual e não um extrato desta. • (...) o plano anual de contratações contempla um nível de detalhamento maior das compras, de forma a permitir que a autoridade que aprova esse plano tome conhecimento sobre o que vai ser comprado (e com qual objetivo) e não somente sobre os valores consolidados que serão despendidos. • 583. Tal prática mitiga o risco de que os valores aprovados em orçamento sejam utilizados de maneira discricionária, resultando em contratações não ou pouco planejadas e que não contribuam para o alcance dos objetivos organizacionais. BRASIL. TCU-Plenário – Relator: Ministro Raimundo Carreiro. Relatório do Acórdão 2.341/2016. • Acrescente-se que revisões periódicas do plano também devem ser submetidas à autoridade que o aprovou. • 584. (...) exige a prévia priorização sobre o que vai ser adquirido e a forma como cada item contribui para o atingimento dos objetivos organizacionais. Além disso, deve existir a atuação de um comitê gestor com o objetivo de promover priorizações e o alinhamento dos interesses das diversas áreas. • 586. O plano de contratações também sugere, em atendimento ao art. 6º, inciso I, da Lei 12.527/2011, a publicação do seu teor na internet, de forma a introduzir a transparência na fase anterior à publicação de editais e avisos de licitação. Por fim, deve haver acompanhamento concomitante da execução do que foi planejado para ajustes, caso sejam necessários, e para garantir o seu cumprimento. GAO. United States General Accounting Office. Framework for Assessing the Acquisition Function at Federal Agencies. (Escritório Geral de Contabilidade dos Estados Unidos. Estrutura para avaliação da função de aquisição nas agências federais) • Definir e estabelecer claramente papéis e responsabilidades. A Contratação é bem-sucedida quando reflete uma abordagem sistemática, multifuncional e multidisciplinar. Com o envolvimento das partes interessadas relevantes, incluindo: • representantes do setor de projetos; • setor de contratos; • gestor financeiro; • setor de recursos humanos; • setor de tecnologia da informação, e outros participantes apropriados. Alertas: A agência que não tem um plano estratégico de contratação. O planejamento de contratação é realizado com base num contrato em vez de ser baseado nas necessidades globais da agência. OCDE. Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Avaliação da OCDE sobre o Sistema de Integridade da Administração Pública Federal Brasileira - Gerenciando Riscos por uma Administração Pública Mais Íntegra. P. 38 - Introduzir a transparência na fase anterior à publicação de editais e avisos de licitação por meio da preparação e publicação de planos de compras públicas e processos licitatórios de cada órgão público. Essa informação facilitaria a otimização do poder de compra dos órgãos federais e ao mesmo tempo possibilitaria o monitoramento e controle sobre os processos. • O plano anual de compras deve ter a aprovação da alta direção do órgão que poderá, inclusive, ter uma participação efetiva em sua elaboração. • A existência de um planejamento, pautado nesse plano, identifica a existência de uma boa governança na organização. • Na Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional o PAC é tratado na Instrução Normativa n. 1, de 10 de janeiro de 2019 (com atualizações). Fórum Plano de Logística Sustentável ConstituiçãoFederal Art. 170 – Ordem econômica – inciso VI – defesa do meio ambiente Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; Art. 225 – direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado; Art. 37 – princípios; Art. 174 – Dispõe que o Estado exerça, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento da atividade econômica. Lei n. 8.666/93 Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos (Redação dada pela Lei nº 12.349, de 2010). • O Estado não pode se tornar ausente sobre o tema da sustentabilidade. • No âmbito Federal, para atender essa regulamentação, é feito por meio dos Planos de Logística Sustentável. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12349.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12349.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12349.htm Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81); Política Nacional dos Recursos Hídricos (Lei n. 9.433/97); Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia (Lei n. 10.295/2001); Política Nacional de Mudança do Clima (Lei n. 12.187/09) - estímulo à promoção de padrões sustentáveis de produção e consumo e adoção de critérios de preferência nas licitações e concorrências públicas para as propostas que propiciem maior economia de energia, água e outros recursos naturais e redução da emissão de gases de efeito estufa e de resíduos; Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n. 12.305/10); Lei Complementar n. 123/2006 – ME e EPP com alterações da Lei Complementar n. 147/2014. Logística sustentável: processo de coordenação do fluxo de materiais, de serviços e de informações, do fornecimento ao desfazimento, que considera a proteção ambiental, a justiça social e o desenvolvimento econômico equilibrado; (art. 2º da IN/MPOG n. 10 de 12/11/2012) O Plano de Logística Sustentável (PLS) é uma ferramenta de planejamento e gestão que permite estabelecer práticas de sustentabilidade e racionalização dos gastos e processos administrativos. Dimensões da sustentabilidade: • ambiental; • econômica; • social; • ética; • jurídico-política; • cultural organizacional. Fórum As contratações públicas devem ser usadas como uma ferramenta para o alcance de políticas públicas? O PLS deve ser entendido como um instrumento de governança, pois através dele várias ações são planejadas, geridas e monitoradas, demonstrando compromisso do órgão e da sua alta administração em atingir resultados que contribuam decisivamente para o desenvolvimento sustentável. Quem deve elaborar o Plano de Logística Sustentável? • Poder Legislativo Federal As diretrizes para elaboração dos Planos obedecem a normativos internos e encontram alinhamento institucional com as diretrizes estratégicas de cada órgão: Senado Federal, Câmara dos Deputados e Tribunal de Contas da União. • Poder Judiciário Resolução do Conselho Nacional de Justiça n. 201, de 2015. • Poder Executivo Federal Decreto Federal n. 7.746/2012 Instrução Normativa n. 10, de 2012. Os gestores responsáveis pelo PLS nas instituições são os dirigentes do órgão. É fundamental para que o plano seja bem- sucedido que a alta administração participe da sua implantação e de sua gestão. Ele deve contemplar as seguintes informações: • objetivos; • responsabilidades dos gestores; • ações, metas e prazos de execução; e • mecanismos de monitoramento e avaliação dos resultados. • Vale ressaltar que está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei n. 10.453, de 2018, de iniciativa do Senado Federal, que dispõe sobre as diretrizes e os instrumentos de planejamento (plano de logística sustentável) de ações de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Congresso Nacional (https://www25.senado.leg.br/web/rede-legislativo- sustentavel/como-criar-um-pls). PLANO DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – PDTI • DECRETO ESTADUAL N. 15.477, DE 20 DE JULHO DE 2020 - processo de contratação de Soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação (STIC) – regulamenta o ETP nessa área. Art. 23. Após a instituição do Comitê Estratégico de Tecnologia da Informação (CETI) como instância de governança de Tecnologia da Informação no âmbito estadual, os processos de contratações dessa natureza deverão estar em harmonia com o Plano Estratégico de Tecnologia da Informação, a ser editado por este órgão colegiado. • DECRETO ESTADUAL N. 15.478, DE 20 DE JULHO DE 2020 - Institui o Comitê Estratégico de Tecnologia da Informação (CETI), no âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul. - Órgão colegiado de Governança de Tecnologia da Informação, diretamente vinculado ao Conselho de Governança de Mato Grosso do Sul (CGMS). Importante lembrar que: • No processo de planejamento o Gestor deve ter conhecimento das deficiências e necessidades da instituição; • Apoio dos dirigentes, envolvimento dos níveis de gerência e capacitação de pessoas; • Revisão periódica, pois passa por fases de maturação e desenvolvimento. Parabéns pela conclusão! REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR ISO 31000. Gestão de Riscos: Diretrizes. 2018. Brasil. IPEA. Nota Técnica n. 24 – Governança Pública: Construção de Capacidades para a Efetividade da Ação Governamental. Julho de 2018. Brasil. Ministério da Fazenda. Secretaria Executiva. Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração. Comissão Gestora do Plano de Gestão de Logística Sustentável. Plano de Logística Sustentável: Resultados de 2016 a 2018 e Projeções de 2019 a 2021. 2. ed. Brasília: CGPLS/SPOA/SE/MF, 2018. Brasil. Tribunal de Contas da União. Manual On Line de Legislação e Jurisprudência de Contratação de Serviços de TI . Disponível em: <http://www.tcu.gov.br/govorganizacional2020/ManualOnLine.htm> . Acesso em: 19 mai. 2020. Brasil. Tribunal de Contas da União. Riscos e Controles nas Aquisições. Disponível em: <http://www.tcu.gov.br/arquivosrca/ManualOnLine.htm> . Acesso em: 19 mai. 2020. REFERÊNCIAS Brasil. Tribunal de Contas da União. Referencial básico de governança aplicável a órgãos e entidades da administração pública. Versão 2 - Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2014. Brasil. Tribunal de Contas da União. Dez passos para a boa governança. Brasília: TCU, Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2014. Brasil. Tribunal de Contas da União. Referencial do processo de planejamento de tecnologia da informação. Brasília : TCU, Comitê Gestor de Tecnologia da Informação (CGTI), Secretaria- Geral Adjunta de Tecnologia da Informação (AdgeTI), 2015. CAVALCANTI, Augusto Sherman. O Novo Modelo de Contratação de Soluções de Ti Pela Administração Pública. Belo Horizonte: Fórum, 2015. Disponível em: https://www.forumconhecimento.com.br/livro/1136. Acesso em: 10 jul. 2020. REFERÊNCIAS DOTTI, Marinês Restelatto. Roteiro prático para o planejamento da licitação que vise à contratação de serviços. Aplicação das diretrizes da instrução normativa SEGES/MPDG n. 5, de 2017. 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