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P2 – Anatomia I FMVZ-USP – Turma 84 – Rodrigo Parente (Bau) Introdução A anatomia é o ramo do conhecimento que trata da forma, disposição, estrutura e arquitetura dos tecidos e órgãos que formam o corpo. Etimologia: do grego Ana (em partes) + tenmen (cortar). A própria anatomia, por sua vez, é dividida em três grandes ramos: a anatomia macroscópica, que será o foco dessa disciplina, a anatomia microscópica, também denominada de citologia (estudo da célula) ou histologia (estudo dos tecidos), e a anatomia do desenvolvimento, também chamada de embriologia. Anatomia sistemática ou descritiva: estuda um grupo de órgãos relacionados, fazendo parte de um sistema comum (digestório, respiratório, etc.), podendo ser abordados em complexos mais amplos como aparelhos (urogenital, locomotor, etc.). 1. Anatomia topográfica: estuda as relações gerais dos órgãos que constituem cada região do corpo dos vertebrados. 2. Anatomia comparada ou regional: estuda a filogenia de uma estrutura, comparando aspectos anatômicos em diversas espécies, verificando as diferenças. 3. Anatomia microscópica: estuda a micro/ultra estrutura e arquitetura dos tecidos. Ex.: histologia. 4. Anatomia aplicada: aplicação prática das informações anatômicas (cirurgia, abate, clínica, etc.). 5. Anatomia das formas plásticas e das belas artes: estuda a morfologia externa ou interna do corpo para fins de criação artística. 6. A anatomia macroscópica, por sua vez, pode ser estudada de quatro formas diferentes: Dissecação: procede-se o corte do tecido, órgão ou região a fim de explorá-las. Método básico da anatomia topográfica. 1. Maceração: eliminação das partes moles para estudo dos ossos.2. Microscopia: microscopia de luz, eletrônica de varredura e eletrônica de transmissão.3. Imagem: radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia, etc.. 4. Diafanização: técnica utilizada para estudar o esqueleto de animais pequenos ao desmanchar a musculatura. 5. Corrosão: técnica que preserva apenas os vasos sanguíneos da região tratada.6. Inspeção: inspeção externa por técnicas semiológicas ou interna por técnicas endoscópicas.7. A anatomia pode ser estudada por diversos métodos: Normal: o mais frequente em uma certa população. Ex.: na população do estado de SP, a cor normal de pele é a cor parda. 1. Variação anatômica: variação da anatomia considerada normal sem prejuízo da fisiologia. Ex.: Um indivíduo que nasce com cabelo loiro no Brasil. 2. Anomalia: Alteração que vem desde o nascimento e causa prejuízo da fisiologia. Ex.: Polidactilia, nanismo, etc... 3. Monstruosidade: Alteração muito diferente do padrão normal da anatomia, sendo, normalmente, incompatível com a vida. As monstruosidades são estudadas por uma ciência chamada de teratologia. Ex.: gêmeos siameses. 4. As variações anatômicas são comuns e os estudantes devem esperar encontrá-las durante a dissecação. É importante conhecer a influência dessas variações no exame físico, diagnóstico e tratamento: Obs.: alguns fatores podem alterar o padrão de normalidade da anatomia. São eles: sexo, idade, variação individual, espécie, raça e meio ambiente. Sintotopia: posição de um órgão em relação àqueles que o circundam.1. Conceitos básicos em anatomia: Aula 1 - Introdução e linguagem anatômica sexta-feira, 16 de março de 2018 08:00 Página 1 de Anatomia Sintotopia: posição de um órgão em relação àqueles que o circundam.1. Holotopia: posição de órgão em relação ao corpo como um todo.2. Esqueletopia: relação do órgão com o esqueleto.3. Linguagem anatômica Como base da nomenclatura anatômica, utiliza-se o latim por ser uma língua morta e, portanto, não se alterar de forma alguma. Devido ao uso dessas línguas, à primeira vista o aprendizado da anatomia pode parecer difícil, mas ao descobrir a origem dos termos, as palavras passam a fazer sentido. O princípio básico da terminologia anatômica é que cada estrutura deve ser considerada por um único nome e os nomes devem ter algum valor informativo e/ou descritivo. Portanto, não é permitido o uso de epônimos, ou seja, o uso de nomes de pessoas para designar coisas, apesar de eventualmente acontecer na prática clínica. É necessário ter em mente que todas as descrições anatômicas serão feitas com o corpo do animal em posição anatômica, ou seja, com os membros estendidos e firmemente apoiados no chão, com o pescoço formando um ângulo de 145º com o dorso e com os olhos voltados ao horizonte. Planos de delimitação Delimitam o corpo animal dentro de um paralelepípedo imaginário. São eles os planos cranial (o mais próximo à cabeça), caudal (o mais próximo à cauda), dorsal (o mais próximo ao dorso), ventral (o mais próximo ao ventre), e os dois planos laterais (direito e esquerdo). Eixos Eixo craniocaudal: liga o plano cranial ao plano caudal.• Eixo dorsoventral: liga o plano dorsal ao plano ventral.• Eixo látero-lateral: liga os planos laterais direito e esquerdo.• Os eixos são linhas imaginárias que conectam os planos de delimitação. São eles: Planos de secção As descrições anatômicas são feitas com base em quatro planos imaginários de secção que cruzam o corpo em posição anatômica: O plano sagital mediano é um plano vertical ântero-posterior que passa através do centro do tronco. Esse plano passa aproximadamente através da sutura sagital do crânio. Qualquer plano paralelo a ele é chamado simplesmente de plano sagital. Os planos sagitais dividem o corpo em dois antímeros: direito e esquerdo. Quaisquer planos verticais látero-laterais (formando um ângulo reto com os planos medianos) são chamados de planos transversais. Esses planos dividem o corpo em dois metâmeros: anterior e posterior. São também transversais os planos que cortam quaisquer partes do corpo do animal formando com ela um ângulo de 90º. Planos dorsais: Cortam o corpo perpendicularmente aos planos medianos e coronais, dividindo-o nas partes superior e inferior, formando os paquímeros. Estruturas dorsais encontram-se mais próximas da região das costas (dorso) ou da região correspondente da cabeça ou da cauda do que outra estrutura. • Estruturas ventrais encontram-se mais próximas da região da barriga (ventre) ou da região correspondente da cabeça ou da cauda do que outra estrutura. • Estruturas mediais encontram-se mais próximas do plano mediano do que outra estrutura.• Estruturas laterais encontram-se mais distantes do plano mediano do que outra estrutura.• Obs.: quando a estrutura se encontra na cabeça, utiliza-se o termo rostral em vez de cranial. Estruturas craniais encontram-se mais próximas à cabeça do que outra estrutura.• Estruturas caudais encontram-se mais próximas à cauda do que outra estrutura.• Termos de relação Página 2 de Anatomia Estruturas caudais encontram-se mais próximas à cauda do que outra estrutura.• Estruturas axiais encontram-se mais próximas a um eixo imaginário que corta o membro ao meio do que outra estrutura. • Estruturas abaxiais encontram-se mais distantes de um eixo imaginário que corta o membro ao meio do que outra estrutura. • Intermédio: refere-se à posição central em relação a duas outras estruturas.• Termos combinados: ex.: crânio-medial refere-se a uma estrutura situada mais perto da cabeça e do plano mediano do corpo ao mesmo tempo em relação a outra estrutura. • Termos superficial e profundo: descrevem a posição de uma estrutura em relação à sua proximidade a superfície do corpo. • Termos externo e interno: descrevem a posição de uma estrutura em relação ao lado interior ou exterior da cavidade de um órgão ou de seu centro. • Termos proximal e distal: usados para comparar posições mais próximas ou mais distantes da inserção de um membro ou da parte central de uma estrutura linear. • Termos palmar e dorsal: usados para determinar a posição de uma estrutura em relação à palma e ao dorso da mão de um animal. • Termos plantar e dorsal: usados para determinar a posição de uma estruturaem relação à planta e ao dorso do pé de um animal. • Obs.: os termos superior, inferior, anterior e posterior são usados apenas na descrição das estruturas oculares. Classificação dos animais em relação à forma de pisar Ex.: Cachorros e gatos. Digitígrados: animais que andam sobre a ponta dos dedos (dígitos).1. Ex.: Seres humanos e ursos. Plantígrados: animais que apoiam toda a planta do pé ao pisar.2. Ex.: Bovinos e equinos. Ungulídrados: animais que andam sobre as unhas.3. Os animais podem ser classificados em três grandes grupos em relação à forma de pisar. São eles: Página 3 de Anatomia O sistema locomotor é composto pelos ossos, articulações e músculos e é responsável pela movimentação, conformação e sustentação do corpo de um animal. O sistema ósseo é frequentemente atingido por afecções e traumatismos. Em pequenos animais, 62% das ocorrências estão relacionadas aos ossos. É importante para clínicos, cirurgiões e juízes. Traumas em ortopedia possuem uma maior incidência em áreas urbanas e suas principais causas são atropelamentos, quedas de prédios, armas de fogo, acidentes domésticos e maus tratos Osso O osso é um órgão constituído principalmente por tecido conjuntivo mineralizado, vivo e, portanto, altamente vascularizado e inervado. Etimologia: do latim "ossu", "os", "ossis" ou do grego "osteum", significando duro e sólido. Constituição Aproximadamente 1/3 do peso total do osso é formado por matéria orgânica, composta por tecidos variados (conjuntivo mineralizado, fibroso, colágeno e outras células diversas), que conferem flexibilidade e elasticidade ao osso. Os outros 2/3 são formados por sais inorgânicos, principalmente cálcio e fósforo, isso confere dureza e resistência aos ossos. A proporção entre a matéria orgânica e a inorgânica é de 1:2. Propriedades únicas O osso é um órgão constituído principalmente por tecido conjuntivo mineralizado, vivo e é portanto altamente vascularizado. É um órgão rígido, resistente com propriedades viscoelásticas e com capacidade de regeneração. Anatomia O osso é formado por uma camada externa de revestimento chamada de periósteo. Depois, uma camada interna de tecido ósseo propriamente dito que possui uma camada de osso compacto e outra de osso esponjoso. Depois há ainda outra camada, mais interna, denominada endósteo. No interior do osso se encontra uma o canal medular, preenchido por medula óssea. Periósteo O periósteo é uma membrana conjuntiva (fibrosa) que reveste o osso, exceto as superfícies articulares a zona metafisária. É importante na proteção, na passagem de vasos (nutrição) e nervos e na aderência de tendões e ligamentos. É responsável pelo crescimento do osso em espessura. Tecido ósseo O tecido ósseo é dividido em dois tipos: tecido ósseo compacto e tecido ósseo esponjoso. O tecido ósseo compacto é espesso, organizado histologicamente e resistente. O osso esponjoso é formado por trabéculas desorganizadas que podem estar orientadas ou não em direção ao maior eixo do osso. Endósteo O endósteo constitui-se de uma lâmina delgada de tecido conjuntivo que separa o tecido ósseo da medula óssea. Canal medular Canal presente no interior do osso. É revestido pelo endósteo. Encontra-se ocupado pela medula óssea, composto por células hematopoiéticas e gordura. Esqueleto O esqueleto é o conjunto de elementos (ossos, cartilagens e ligamentos) que são responsáveis pela Aula 2 - Osteologia: ossos e generalidades terça-feira, 20 de março de 2018 08:00 Página 1 de Anatomia O esqueleto é o conjunto de elementos (ossos, cartilagens e ligamentos) que são responsáveis pela manutenção e sustentação do corpo do animal. O número de ossos no esqueleto pode variar. Animais adultos tendem a ter menos ossos que os mais jovens, devido ao processo de sinostose, que é o processo de fusão de ossos. Os machos dos carnívoros possuem o osso peniano, ausente nas fêmeas. Pode haver diferenças entre as espécies de animais, o cão, por exemplo, possui apenas 13 costelas, enquanto o cavalo possui 18. Existe também variação entre animais da mesma espécie a raças diferentes. Suporte: o esqueleto provê sustentação ao corpo e é responsável pela sua locomoção por meio de um sistema de alavancas. 1. Proteção: o esqueleto é responsável por proteger as partes moles.2. Hematopoese: alguns ossos são responsáveis pela hematopoese (formação de células sanguíneas). 3. Pneumatização: diminuição do peso, por exemplo, nos ossos da cabeça (seios paranasais) e nos ossos pneumáticos em aves. 4. Controle metabólico: controle das concentrações salina de cálcio e fosfato no sangue.5. Funções Axial: constitui o eixo de sustentação do corpo. É formado pelos ossos do crânio, coluna vertebral e costelas. 1. Apendicular: constituído por ossos que funcionam como alavancas de locomoção. É formado pelos ossos dos membros. 2. Ex.: Osso peniano nos carnívoros, ossículos cardíacos nos bovinos, osso rostral nos suínos, osso diafragma e o osso esofágico nos camelídeos. Visceral: divisão do esqueleto que se aloja na intimidade dos órgãos.3. Divisões Ex.: Cobertura quitinosa de invertebrados, cascos de tartarugas e carapaças de tatus. Exoesqueleto: localizado no exterior do corpo.1. Endoesqueleto: esqueleto interno.2. Tipos Obs.: a tartaruga possui esqueleto misto (exo e endoesqueleto simultaneamente). Classificação dos ossos Os ossos podem ser classificados em grupos de acordo com os seguintes critérios: Ex.: Fêmur, tíbia, ulna, etc. Obs.: Epífise: extremidades dilatadas dos ossos longos. Diáfise: corpo do osso longo. Metáfise: zona de soldadura (não ossificada nos animais jovens, é a estrutura responsável pelo crescimento) que se encontra entre a epífise e a diáfise. Longos: comprimento predomina sobre a largura e a espessura, são cilíndricos e ocos (leves e resistentes). Sua principal função é formar os sistemas de alavanca e suportar grandes pressões. • Ex.: Escápula, alguns ossos do crânio, etc. Planos/chatos: largura e comprimento predominam sobre a espessura. Sua principal função é de servir como origem ou inserção de músculos. • Ex.: Ossos do carpo e tarso. Curtos: apresentam formato cúbico e dimensões semelhantes. Sua principal função é a de distribuir as forças de forma homogênea. • Ex.: vértebras. Irregulares: possuem morfologia complexa, sem correspondência geométrica. Suas funções são várias e especializadas. • Pneumáticos: possuem, em seu interior, uma cavidade de volume variável, revestida por mucosa e que contém ar. Sua estrutura provê leveza e resistência. • Quanto à forma Página 2 de Anatomia Ex.: Ossos da face como o maxilar e o frontal e os ossos das aves. mucosa e que contém ar. Sua estrutura provê leveza e resistência. Ex.: Patela. Sesamoides: frequentemente encontrados entre os tendões a fim de diminuir o atrito e o desgaste ósseo no movimento. • Vascularização óssea A irrigação arterial dos ossos é feita pela artéria nutrícia, que penetra no forame nutrício, presente na região diafisária. A artéria nutrícia se divide em artéria metafisária, epifisária e rede subperiosteal. A drenagem venosa é realizada por vasos que acompanham as artérias e a drenagem linfática, por uma rede de vasos sub-periosteais. Inervação Os nervos acompanham os vasos maiores e seus ramos são encontrados no interior dos canais centrais dos ostôneis (canais de Harvey). São responsáveis pela função vasomotora e sensorial nos ossos. Acidentes ósseos Os acidentes ósseos são particularidades ósseas. Podem ser projeções (articulares ou não) ou depressões (articulares ou não). Projeções articulares Ex.: cabeça do fêmur. Cabeça: Segmento em forma de esfera na região proximal de um osso. Ex.: tróclea do fêmur. Tróclea: segmento em forma de polia. Ex.: côndilo occipital, côndilo do fêmur. Côndilo: projeção cilíndrica na região distal de um osso. Projeções não articulares Ex.: processo espinhoso das vértebras. Processo/apófise: projeções de um osso que forma uma eminência. Ex.: tuberosidadedeltoide do úmero. Tuberosidade/protuberância: projeção pronunciada em um osso. Ex.: tubérculos do úmero. Tubérculo: projeção menos pronunciada que a tuberosidade. Ex.: crista facial. Crista: saliência estreita e alongada. Ex.: espinha da escápula Espinhas: projeções pontiagudas e longas. Ex.: linha da escápula. Linhas: semelhante à crista, porém pouco elevadas e pouco salientes. Ex.: trocânteres do fêmur. Trocanter: projeção intermediária entre a tuberosidade e o tubérculo. Ex.: epicôndilos do úmero. Epicôndilo: área rugosa na lateral de um osso, imediatamente proximal aos côndilos. Depressões articulares Cavidade acetabular (osso coxal): forma de esfera, oca e profunda. Cavidade glenoidal (escápula): forma ovoide, oca e rasa. Ex.: fossa supraespinal da escápula. Fossa: depressão extensa e rasa. Ex.: fóvea da cabeça do fêmur. Fóvea: pequena depressão em um osso. Depressões não articulares Página 3 de Anatomia Depressões não articulares Ex.: forame magno do osso occipital. Forames e orifícios: abertura de contorno regular. Ex.: canal infraorbital. Canal: orifício pequeno e tubular em um osso, mais extenso que o forame. Página 4 de Anatomia As articulações ou junturas são locais de união entre dois ou mais ossos ou partes rígidas do esqueleto. O termo vem do grego "arthro", que significa "junta" e a artrologia é o estudo das articulações. Algumas articulações não têm movimento, como as lâminas epifisiais entre a epífise e a diáfise de um osso longo em crescimento, outras têm apenas pequeno movimento, como os dentes dentro de seus alvéolos, e outras têm mobilidade livre, como a articulação gleno-umeral. Para evitar o atrito entre os ligamentos e os ossos, temos as bolsas sinoviais, que contêm líquido sinovial, além de existirem bainhas tendíneas envolvendo os tendões contendo o mesmo líquido. Classificação das articulações: As articulações podem ser classificadas de duas maneiras diferentes: Por função ou por estrutura. Classificação por função: Sinartrose (Syn = junto; arthro = articulação) - Pouco movimento• Anfiartrose (Amphi = de ambos os tipos) - Movimento moderado• Diartrose (Di = dois) - Bastante movimento• Essa classificação, que também é chamada de classificação fisiológica ou classificação de Bichat, divide as articulações em três grandes grupos e utiliza a quantidade de movimento permitido pela articulação como critério para a divisão: Classificação por estrutura: Essa classificação, que também chamada de classificação anatômica, divide as articulações em três grandes grupos e utiliza o material que une os ossos, a forma com que eles são unidos ou ainda a presença ou ausência de uma cavidade articular: Articulações sinoviais: Nas articulações sinoviais, os ossos são unidos por uma cápsula articular, que é formada por uma camada fibrosa feita de tecido conjuntivo denso não modelado delimitando essa cápsula, revestida internamente por uma membrana sinovial serosa, que transpõe e reveste essa cavidade e é constituída por tecido conjuntivo frouxo. A cavidade articular de uma articulação sinovial, como a articulação do joelho, é um espaço virtual que contém uma pequena quantidade de líquido sinovial lubrificante (formado a partir da filtração do sangue e que também nutre a cartilagem articular), secretado pela membrana sinovial. No interior da cápsula, a cartilagem articular cobre as superfícies articulares dos ossos e todas as outras superfícies internas são revestidas pela membrana sinovial. O periósteo que reveste os ossos na parte externa à articulação funde-se com a camada fibrosa da capsula articular. Todas são diartroses, podem apresentar reforços por ligamentos, discos articulares (meniscos) de fibrocartilagem, assim como um tendão cruzando a articulação. Os ligamentos articulares podem ser extracapsulares, intracapsulares e podem se formar a partir de um espessamento da membrana fibrosa. Os movimentos realizados por uma articulação sinovial podem ser classificados de duas formas diferentes: De acordo com o tipo de movimento realizado pela articulação, ou quantos eixos esse movimento engloba. A classificação dos movimentos que as articulações são capazes de fazer divide os movimentos articulares em três diferentes tipos: Movimento de deslizamento: O movimento de deslizamento ocorre em articulações onde ocorre o deslizamento de duas superfícies planas, uma na outra. Ex.: Articulação acrômio- clavicular. • Movimento de angulação: O movimento de angulação ocorre quando há uma alteração no ângulo formado entre dois ossos, como em movimentos de flexão e extensão. Ex.: Articulação • Aula 3 - Artrologia: articulações sexta-feira, 6 de abril de 2018 08:00 Página 1 de Anatomia ângulo formado entre dois ossos, como em movimentos de flexão e extensão. Ex.: Articulação úmero-ulnar. Movimento de rotação: O movimento de rotação ocorre em articulações capazes de rotacionar os ossos em um eixo fixo. Ex.: Articulação rádio-ulnar. • Movimento não-axial: Uma articulação de movimentação não axial não se movimenta em nenhum eixo específico. Normalmente possui um movimento de deslizamento. • Movimento uniaxial: Uma articulação cujo movimento ocorre em torno de um único eixo. Possui dois movimentos possíveis. Ex.: Articulação do cotovelo • Movimento biaxial: Uma articulação cujo movimento ocorre em torno de dois eixos. Possui quatro movimentos possíveis. Ex.: Articulação entre o punho e o carpo. • Movimento multiaxial: Uma articulação cujo movimento ocorre em torno de mais de dois eixos. Possui grande mobilidade. Ex.: Articulação do ombro. • A classificação dos eixos compreendidos pelo movimento de uma determinada articulação divide as articulações em quatro grupos distintos, de acordo com o número de eixos que ela compreende em seus movimentos: Articulações planas: As articulações planas permitem movimentos de deslizamento no plano das superfícies articulares. As superfícies opostas dos ossos são planas ou praticamente planas, com movimento limitado pelas suas firmes cápsulas articulares. No corpo humano existem muitas articulações planas, que quase sempre são pequenas. Ex.: Articulação acrômio- escapular, articulações intercarpais e articulações intertarsais. • Articulações cilíndricas, dobradiças ou gínglimos: Os gínglimos são articulações que permitem apenas os movimentos de flexão e extensão, que são movimentos que ocorrem em um plano (sagital) ao redor de um único eixo transversal; assim, os gínglimos são ARTICULAÇÕES UNIAXIAIS. A cápsula articular dessas articulações é fina e frouxa nas partes anterior e posterior, onde há movimento; entretanto, os ossos são unidos lateralmente por LIGAMENTOS COLATERAIS fortes. Ex.: Articulação do cotovelo. • Articulações selares: As articulações selares permitem os movimentos de adução e abdução, além de flexão e extensão, realizando, portanto, movimentos ao redor de dois eixos perpendiculares, sendo assim, articulações biaxiais que permitem movimento em dois planos: Sagital e frontal. Esses movimentos podem ser organizados em uma sequência para que seja realizado o movimento de circundação. As superfícies articulares opostas têm o formato semelhante ao de uma sela (isto é, são reciprocamente côncavas e convexas). Ex.: Articulação carpo-metacarpal do dedo 1. • Articulações elipsoides ou bicondilares: As articulações elipsoides permitem os movimentos de flexão e extensão, além de adução e abdução; sendo assim, também são biaxiais. No entanto, o movimento em um dos planos é, geralmente, mais livre que no outro plano. Também é possível realizar circundação, porém mais restrita que nas articulações selares. Ex.: Articulação metacarpo-falângica. • Articulações trocoideas: As articulações trocoideas são articulações que permitem rotação em torno de um eixo central; são, portanto, uniaxiais. Nessas articulações, um processo arredondado de osso gira em torno de uma bainha ou anel. Ex.: Articulaçãoatlanto-axial e articulação rádio-ulnar proximal. • A classificação das articulações sinoviais pode ainda ser feita por meio do formato das superfícies ósseas envolvidas na articulação e pelo tipo de movimento que essas superfícies ósseas permitem. Essa classificação divide as articulações nos seguintes grupos: Página 2 de Anatomia Articulações esferoideas: As articulações esferoideas são articulações que permitem movimento em vários eixos e planos, sendo, portanto, multiaxiais: Flexão/extensão, abdução/adução, rotação medial/lateral e circundação. Nessas articulações altamente móveis, a superfície esferoidea de um osso move-se na cavidade de outro. Ex.: Articulação quadril- femoral. • Articulações fibrosas: Suturas: As suturas do crânio são exemplos de articulações fibrosas, na qual os ossos estão bem próximos, encaixando-se ao longo de uma linha ondulada (onde a sutura é chamada de sutura serrilhada serrátil), superpostos (onde a sutura é chamada de sutura serrilhada escamosa) ou, ainda, pode ser uma sutura plana (onde a sutura é chamada de sutura harmônica plana). Ex.: Articulação fronto-parietal (sutura serrilhada serrátil), articulação têmporo-parietal (sutura serrilhada escamosa) e articulação naso-nasal (sutura harmônica plana). • Sindesmoses: As sindesmoses unem os ossos com uma lâmina de tecido fibroso, que pode ser um ligamento ou uma membrana fibrosa. Consequentemente, esse tipo de articulação tem mobilidade parcial, com grande proximidade entre os ossos. A membrana interóssea no antebraço é uma lâmina de tecido fibroso que une o rádio e a ulna em uma sindesmose. Fratura de Maisonneuve - Caracteriza-se pela rotura (rompimento) de toda a sindesmose, levando a grande instabilidade no tornozelo. • Gonfese: As gonfoses são um tipo de articulação fibrosa que une um processo semelhante a um pino a uma cavidade. As articulações entre os dentes e seus alvéolos são articulações fibrosas do tipo gonfose. A mobilidade dessa articulação (um dente mole) indica um distúrbio nos tecidos de sustentação do dente. No entanto, movimentos locais microscópicos nos informam (através do sentido de propriocepção) sobre a força da mordida, do cerrar de dentes ou sobre a existência de uma partícula presa entre os dentes. • Esquindelese: As esquindeleses são articulações fibrosas em que uma das superfícies ósseas tem o formato de calha. Só há uma articulação desse tipo no corpo humano. Ex.: Articulação entre o vômer e o esfenoide. • Nas articulações fibrosas, os ossos são unidos por tecido fibroso. Na maioria dos casos, o grau de movimento em uma articulação fibrosa depende do comprimento das fibras que unem os ossos. São divididas em três grandes grupos: Articulações cartilagíneas: Nas articulações cartilagíneas ou cartilaginosas, as estruturas são unidas por cartilagem hialina ou fibrocartilagem. Nas articulações cartilagíneas primárias, ou sincondroses ("junção de cartilagem"), os ossos são unidos por cartilagem hialina (amortecedor elástico). As articulações cartilagíneas primárias geralmente são uniões temporárias, como aquelas presentes no desenvolvimento de ossos longo, permitindo seu crescimento no comprimento. As articulações cartilagíneas primárias são imóveis. Outro exemplo é a articulação entre as costelas e o esterno. As articulações cartilagíneas secundárias, ou sínfises ("crescendo junto"), são articulações fortes e ligeiramente móveis que unem duas estruturas por fibrocartilagem (resistente à tensão e com capacidade de absorver choques compressivos). Os discos intervertebrais, que acumulativamente oferecem resistência e absorção de choques além de considerável flexibilidade à coluna, são bons exemplos de sínfise, assim como a sínfise púbica. Não existem articulações cartilagíneas compostas por cartilagem elástica. Vascularização e inervação das articulações: Página 3 de Anatomia Vascularização e inervação das articulações: As articulações recebem sangue das artérias articulares originadas nos vasos ao redor da articulação. As artérias frequentemente anastomosam-se (comunicam-se) para formar redes e assegurar a irrigação sanguínea da articulação e através dela nas várias posições assumidas. Os vasos sanguíneos acumulam-se próximo à membrana sinovial da cápsula articular, onde o sangue será filtrado para formar o líquido sinovial. As articulações possuem uma rica inervação, principalmente na capsula articular, onde se encontra maioria das terminações nervosas. Nas partes distais dos membros, os nervos articulares são ramos dos nervos cutâneos que inervam a pele sobrejacente. Entretanto, a maioria dos nervos articulares são formados por ramos de nervos que inervam os músculos que cruzam a articulação e, portanto, movimentam-na. As articulações transmitem uma sensação denominada propriocepção, que proporciona a consciência do movimento e da posição das partes do corpo. A membrana sinovial é relativamente insensível, mas as fibras de dor são numerosas na camada fibrosa e nos ligamentos associados, causando dor intensa quando há lesão na articulação. Página 4 de Anatomia
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