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MARIA CRISTINA DUARTE O GERENCIAMENTO DE PROJETO APLICADO EM UM MODELO DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO Trabalho apresentado ao curso Pós Graduação em Qualidade e Processos, Pós- Graduação lato sensu, Nível de Especialização, do Programa Corporativo da Fundação Getúlio Vargas, como pré-requisito para a obtenção do Titulo de Especialista. Edmarson B. Mota Coordenador Acadêmico Executivo Ruy Donald Guenzburger Orientador Goiânia – GO 2015 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS PROGRAMA FGV CORPORATIVO PÓS GRADUAÇÃO EM QUALIDADE E PROCESSOS O Trabalho de Conclusão de Curso O Gerenciamento de Projetos Aplicado em um Modelo de Atendimento ao Público Elaborado por Maria Cristina Duarte e aprovado pela Coordenação Acadêmica, foi aceito como pré-requisito para a obtenção do certificado do Curso de Pós-Graduação lato sensu em Qualidade e Processos, Nível de Especialização, do Programa FGV Corporativo. Data da Aprovação: Rio de Janeiro, 22 de Setembro de 2015 Edmarson B. Mota Coordenador Acadêmico Executivo Ruy Donald Guenzburger Orientador TERMO DE COMPROMISSO A aluna Maria Cristina Duarte, abaixo assinado, do curso de Pós-Graduação em Qualidade e Processos, Turma FUNCAM-QUAL, do Programa FGV Corporativo, realizado no período de 11/04/2014 a 16/05/2015, declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado O Gerenciamento de Projetos Aplicados em um Modelo de Atendimento ao Público, é autêntico e original. Goiânia, 15 de Setembro de 2015 Maria Cristina Duarte Dedico esse trabalho aos meus Pais e meus Filhos que souberam ter paciência nos momentos em o estudo me roubavam de seu convívio. E que, mesmo assim sempre me incentivaram a nunca desistir. Amo muito todos vocês! Resumo O presente trabalho trata da aplicação do gerenciamento de projetos, com o intuito de sugerir uma metodologia de gerenciamento de projetos adequada ao setor público. Como aplicar o gerenciamento de projetos na implantação de um modelo de atendimento ao público? O objetivo da pesquisa foi aprofundar o conhecimento sobre o tema e encontrar uma metodologia de gerenciamento de projetos que atendesse as particularidades do setor público e que respondesse à questão de pesquisa. No desenvolvimento da pesquisa foi buscado elementos que facilitassem a compreensão do gerenciamento de projetos, conforme os critérios estabelecidos e conhecidos mundialmente. Assim como, elementos de excelência na gestão pública que pudessem oferecer fundamentar a elaboração de um modelo de atendimento direcionado ao setor público. Quanto aos fins, a pesquisa bibliográfica buscou aprofundar o conhecimento sobre os assuntos principais da pesquisa: gerenciamento de projetos e gestão pública. Quanto aos meios, a pesquisa foi aplicada propondo um modelo de atendimento e sugerindo uma metodologia de gerenciamento de projetos para a implantação deste. Ajustar e utilizar uma metodologia de gerenciamento de projetos no âmbito da administração pública, é uma conclusão da pesquisa. Essa aplicação garante maior previsibilidade e melhores resultados dos projetos públicos. Palavras Chave: Gerenciamento de Projetos, Projetos, Gestão Pública, Atendimento. Abstract This paper deals with the project management application, in order to suggest a methodology for managing appropriate projects to the public sector. How to apply project management in the implementation of a Customer Service Model? The objective was to deepen the knowledge on the subject and find a project management methodology that meets the specifics of the public sector and to answer the research question. The development of the research was sought elements that facilitate the understanding of project management according to the criteria established and known worldwide. As well as excellence elements in public management that could offer support the development of a targeted service model to the public sector. As for the purpose, the literature sought to deepen their knowledge of the main research subjects: project management and public administration. As for the means, the survey was conducted by proposing a service model and suggesting a project management methodology for the implementation of this. Adjust and use a project management methodology within the public administration, it is a conclusion of the research. This application ensures greater predictability and better results from public projects. Key Words: Project Management, Projects, Public Management, Service Sumário RESUMO ....................................................................................................................... 5 ABSTRACT ................................................................................................................... 6 SUMÁRIO ......................................................................................................................... 7 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 1.1 O TEMA, O PROBLEMA E A QUESTÃO ........................................................ 10 1.2 OS OBJETIVOS .................................................................................................. 11 1.2.1 Objetivo Principal ................................................................................................ 11 1.2.2 Objetivos Intermediários ...................................................................................... 11 1.3 A DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ......................................................................... 12 1.4 A RELEVÂNCIA DO ESTUDO ........................................................................... 13 2. CONHECENDO O GERENCIAMENTO DE PROJETOS ...................................... 14 2.1 O PROJETO ........................................................................................................... 14 2.1.1 Conceituando o Projeto ........................................................................................ 14 2.1.2 Projetos, Programas e Portfólios .......................................................................... 17 2.1.3 O Ciclo de Vida do Projeto .................................................................................. 20 2.2 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................................... 25 2.2.1 Os Processos do Gerenciamento de Projetos ....................................................... 26 2.2.2 Os Cinco Grupos de Processos do Gerenciamento de Projetos ........................... 28 2.2.2 As áreas do Conhecimento .................................................................................. 33 3 METODOLOGIA DE ESTUDO ............................................................................... 35 4 CONSTRUINDO O MODELO DE ATENDIMENTO ............................................. 36 4.1 AS FINALIDADES DO MODELO DE ATENDIMENTO PROPOSTO ............. 39 4.2 BENEFÍCIOS DO MODELO DE ATENDIMENTO ............................................ 39 4.3 A CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADE DE ATENDIMENTO (DRF) ............ 40 4.3.1 Os princípios do modelo de atendimento proposto ............................................. 40 4.3.2 O conceitos do modelo de atendimento proposto ................................................ 40 4.4 PÚBLICO ALVO ................................................................................................... 40 4.5 OS SISTEMAS RELACIONADOS AO MODELO DE ATENDIMENTO .......... 41 4.5.1 Recursos Humanos .............................................................................................. 41 4.5.2 Treinamento e Capacitação ..................................................................................41 4.5.3 Uniformes e Identificação .................................................................................... 42 4.5.4 Sistemas de Avaliação do Desempenho .............................................................. 42 4.5.5 Sistema de Aferição da Satisfação dos Clientes .................................................. 42 4.5.6 Sistema de Gerenciamento do Atendimento ........................................................ 43 4.6 RECURSOS FÍSICOS DO MODELO DE ATENDIMENTO ............................... 44 4.6.1 Programa Arquitetônico ....................................................................................... 44 4.6.2 Diretrizes para Layout ......................................................................................... 44 4.6.3 Comunicação Visual ............................................................................................ 45 4.6.4 Mobiliário ............................................................................................................ 45 4.6.5 Controle de Frequência ........................................................................................ 46 5 APLICANDO O GERENCIAMENTO DE PROJETOS ........................................... 47 5.1 AUTORIZANDO O INÍCIO DO PROJETO ......................................................... 48 5.2 PLANEJANDO O PROJETO ................................................................................ 48 5.2.1 Identificar os envolvidos ...................................................................................... 48 5.2.3 Planejar as respostas aos riscos ............................................................................ 50 5.2.4 Planejar as comunicações .................................................................................... 50 5.2.5 Planejar o tempo e os recursos ............................................................................. 50 5.2.6 Planejar as aquisições .......................................................................................... 51 5.2.7 Planejar o custo .................................................................................................... 52 5.2.8 Aprovar o Plano do Projeto ................................................................................. 52 6. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 53 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 55 10 1 INTRODUÇÃO 1.1 O TEMA, O PROBLEMA E A QUESTÃO A evolução da sociedade decorrente do mundo globalizado e consequentemente de sua demanda por maior capacidade de atendimento às suas necessidades, por parte de organizações públicas, tem ampliado cada vez mais a exigência na prestação de serviços públicos realizados com qualidade, eficácia e eficiência. Segundo o Programa GESPÚBLICA (BRASIL, 2014) esse contexto levou a Administração Pública buscar um sistema de gestão com a adoção de práticas e tecnologias gerenciais que otimizassem sua capacidade de governança, orientada pela experiência e conhecimento adquirido ao longo do tempo, mas absorvendo contribuições de aplicações internacionais de inovação na Gestão Pública. Considerando esse cenário percebe-se a necessidade do aprimoramento dos modelos de gestão aplicados às organizações públicas, por meio da utilização de ferramentas inovadoras em suas práticas de gestão. Nesse contexto o gerenciamento de projetos possui total aplicabilidade pois elimina riscos ou monitora seus efeitos minimizando-os e aumentando as chances de sucesso em todas as suas etapas: planejamento, execução e controle. Outro aspecto relevante para aplicação de técnicas de gerenciamento de projetos é a velocidade que mudanças ocorrem nos dias atuais. Para se adaptar à constante evolução do mundo é imprescindível que empresas, instituições públicas e profissionais passem por processos de mudanças que os tornem capazes de atenderem às demandas decorrentes da globalização em si, de inovações tecnológicas, de anseios da sociedade e de clientes cada vez mais exigentes. O gerenciamento de projetos no âmbito de instituições públicas pode esbarrar em aspectos legais, culturais e hierárquicos, inerentes à Administração Pública, distintos dos encontrados em organizações privadas. É nesse contexto que se insere o problema central da pesquisa: Como aplicar o gerenciamento de projetos na implantação de um modelo de atendimento ao público? Esta pesquisa pretende demonstrar a aplicabilidade do gerenciamento de projetos em organizações públicas, considerando e evidenciando fatores críticos que podem contribuir para o sucesso de um projeto inclusive os desenvolvidos no setor público. 11 O trabalho se divide capítulos que fundamentam e orientam a pesquisa. Inicia-se com o primeiro capítulo trazendo a introdução que discorre sobre: tema, problema, objetivos, delimitação e relevância do que foi estudado. Os capítulos seguintes tratam dos assuntos que compõem a revisão bibliográfica necessária para o entendimento do tema e alcance dos objetivos da pesquisa, aprofundando o conhecimento sobre: projetos e gerenciamento de projetos. Em seguida temos o capítulo que apresenta a metodologia de pesquisa utilizada, conforme os fins e os meios. O próximo capítulo desenvolve o modelo padronizado de atendimento ao público da Secretaria de Estado da Fazenda do Estado de Goiás (SEFAZ), ao mesmo tempo que demonstra as características de modelos consolidados e aplicados nas centrais de atendimento ao cidadão por quase todos os Estados do Brasil. O próximo capítulo apresenta uma metodologia de gerenciamento de projetos que possui todos os elementos necessários para a aplicação em projetos do setor público, finalizando no último capítulo temos a conclusão e possíveis desdobramentos. 1.2 OS OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Principal O objetivo principal da pesquisa é definir uma metodologia de gerenciamento de projetos, que pode ser aplicada na implantação do modelo de atendimento ao público para as Delegacias Regionais de Fiscalização (DRF) da SEFAZ. 1.2.2 Objetivos Intermediários a) Compreender o gerenciamento de projetos a partir da aplicação de seus grupos de processos de gerenciamento e suas interações com as áreas do conhecimento aplicadas a projetos. b) Definir o modelo de atendimento ao público para as Delegacias Regionais de Fiscalização da SEFAZ, orientado pelas dimensões que norteiam a gestão pública de excelência. c) Definir uma metodologia de gerenciamento de projetos para a elaboração do plano de projeto para a implantação do modelo de atendimento ao público da SEFAZ. 12 1.3 A DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Neste estudo a abordagem para o gerenciamento de projetos são as diretrizes e os conceitos estabelecidos pelo Project Management Institute (PMI), que considera a aplicação do conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas fatores que impactam diretamente no sucesso do projeto. Existem diversas metodologias aplicadas ao gerenciamento de projetos, que se referenciam nos subconjuntos do conhecimento, amplamente reconhecidos, que o PMI (2013) nomeia como “boas práticas”. A metodologia de gerenciamento de projetos utilizada foi a desenvolvida por Xavier e Xavier (2011), fundamentada nas diretrizes e conceitos do PMI e intitulada como BASIC METHODWARE®, que possui aplicação simplificada e direcionada para o gerenciamento de pequenos e médios projetos. Em relação ao modelo de atendimento ao público é objeto de estudo as políticas de atendimento aos cidadãos praticadas, desde metade da década de 1990, pelas centrais integradas de atendimento ao cidadão. Essas políticas definem alguns princípios gerais com foco no cliente/cidadão e na prestação de serviços com qualidade e excelência, dessa forma cada Estado adotou um modelocom características de funcionamento próprias. A DRF de Goiânia possui seu setor de atendimento ao público constituído conforme os princípios e métodos aplicados pelas centrais de atendimento ao cidadão. Tem apresentado desde a sua implantação, em junho de 2005, resultados positivos no atendimento ao público alcançando índices de avaliação pelos usuários superiores a 98,5%, entre bom e ótimo. Apesar de ser uma unidade consolidada e com ótimos resultados, existem alguns fatores que inviabilizam estender o modelo de atendimento da DRF de Goiânia para as Delegacias do interior do Estado, tais como: estrutura física, pessoal, recursos financeiros, dentre outros.. O modelo atendimento ao público idealizado com esse estudo foi construído considerando as necessidades e demandas, exclusivamente, das Delegacias Regionais de Fiscalização da SEFAZ localizadas no interior do Estado. Na construção deste modelo foram aplicadas as políticas e os princípios utilizados em diversos modelos de atendimento ao cidadão no Brasil, essa iniciativa busca a satisfação de necessidades atuais e de novas expectativas de seus contribuintes-cidadãos, com a redução de custos operacionais e a incorporação de novos conceitos que situam o cidadão no centro das ações desenvolvidas pelo governo. 13 1.4 A RELEVÂNCIA DO ESTUDO A relevância desta pesquisa está em demonstrar a aplicabilidade do gerenciamento de projetos em organizações públicas, melhorando os processos de gerenciamento dos projetos públicos e, consequentemente, seus resultados que são, via de regra, benefícios diretos aos cidadãos. Outro aspecto que justifica a pesquisa, relacionado ao gerenciamento de projetos, se refere em conhecer fatores culturais, comportamentais e hierárquicos intrínsecos de organizações públicas, que podem afetar os resultados de projetos. Evidenciar os fatores críticos que podem interferir no desenvolvimento de projetos públicos, permite o monitoramento e dessa forma tratá-los adequadamente visando controlar seus efeitos. Contudo, sem desmerecer os benefícios da aplicação do gerenciamento de projetos no setor público, a definição de um modelo padronizado de atendimento ao público específico para a SEFAZ, tem por si só a relevância necessária para a realização dessa pesquisa. Construído considerando demandas e necessidades reais da SEFAZ, de seus clientes/usuários e da observação de exemplos similares em diversos setores de prestação de serviços públicos, o modelo apresenta características robustas e testadas, deixando vislumbrar com sua implementação a obtenção de resultados positivos. Atualmente apenas a DRF de Goiânia possui um modelo padronizado de atendimento, configurado conforme preceitos estabelecidos pelo programa VAPT VUPT. Nas Delegacias Regionais de Fiscalização, distribuídas pelo interior do Estado de Goiás, a prestação de serviços possui as seguintes características: a) Ausência de padronização quanto aos serviços oferecidos e de procedimentos de execução desses serviços; b) Ausência de gestão efetiva do processo de atendimento no que se refere a dados estatísticos de monitoramento e controle, que possibilitam a melhoria contínua de seus processos internos; c) Ausência de aplicação de qualquer ferramenta que busque a percepção da satisfação de seus clientes/cidadãos em relação aos serviços prestados; d) Layouts inadequados, com fluxos conflitantes e cruzados, e com infraestrutura (edifícios, mobiliários, equipamentos e outros) carente de correções e/ou substituições. 14 2. CONHECENDO O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Segundo Vargas (2009) aplicar o gerenciamento de projetos não representa nenhum método revolucionário, tratado comumente como modismo por pessoas desinformadas. Trata- se de um processo estruturado que gerencia logicamente eventos inovadores e dinâmicos, comuns à complexidade e evolução do ambiente atual. São diversos os fatores que contribuem para o aumento da aplicação de gerenciamento de projetos, com o intuito de se obter resultados com menos recursos, tempo e maior qualidade. A velocidade que as mudanças ocorrem no mundo atual e o crescimento da competitividade estão entre os principais fatores, que corroboram pela maior utilização do gerenciamento de projetos nas organizações O Project Management Institute (PMI) e a Economist Intelligence Unit realizaram pesquisa onde se constatou que 12 trilhões de dólares são aplicados em projetos, representando cerca de 25% de toda a economia mundial. Esse dado comprova que a maioria dos trabalhos são desenvolvidos por meio de projetos e que o gerenciamento de projetos é uma das metodologias mais indicadas para a gestão de mudanças, da competividade e de inovações (VARGAS, 2009). 2.1 O PROJETO Para entender o Gerenciamento de Projetos é necessário, inicialmente, compreender o que é um Projeto. Entender as principais características que o diferenciam de um processo operacional, evitando que aconteçam confusões que possam levar ao dispêndio de recursos, equivocadamente, dentro das organizações. Outro aspecto essencial esta em compreender os fatores críticos que influenciam no sucesso do projeto, os quais, em sua grande maioria, decorrem de situações comportamentais e estratégicas das organizações. 2.1.1 Conceituando o Projeto São diversos os autores que já conceituaram o que é projeto, segundo o PMI, projeto “é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (2013, p.3). Dessa definição é possível identificar características comuns encontradas em 15 praticamente todos os projetos: são temporários, produzem entregas singulares e são executados de forma progressiva. A ABNT em sua Norma ISO 10.006 – Diretrizes para Qualidade de Gerenciamento de Projetos, define projeto como “um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluído limitações de tempo, custo e recursos”. (ABNT, 2006, p.3 apud XAVIER; XAVIER, 2011, p.6). Existem inúmeras definições que conceituam o que são projetos, escritos por estudiosos do assunto ao longo do tempo. Porém é possível constatar que todos divergem apenas na colocação e uso de palavras, pois identificam basicamente as mesmas características principais do projeto. Sabiamente Xavier e Xavier (2011) representou na FIGURA 1, um conceito abrangente para projetos. FIGURA 1 – Características principais de projetos. Fonte: (XAVIER; XAVIER, 2011, p.8). A temporariedade do projeto se fundamenta em possuir datas de início e término definidas, ou seja, não apresentam continuidade. A finalização do projeto acontece, normalmente, quando seus objetivos são atingidos, mas também pode ser finalizado, atipicamente, motivado por outras situações, tais como: seu objetivo deixa de ser necessário; atingir os objetivos se torna impossível; e não se justifica continuar. Essa característica do projeto, de ser temporário, não se estende aos seus resultados, habitualmente, suas entregas são duradouras (VALLE et al., 2014). Outra característica que define o projeto está na singularidade de seus resultados, são produtos/serviços com elementos que os tornam únicos. Por mais que seus resultados possam 16 apresentam aspectos semelhantes e repetitivos, o caráter de único é garantido pelo seu conjunto de características e especificidades (VALLE et al., 2014). O desenvolvimento do projeto acontece gradativamente, em etapas e incrementos, determinando as características do produto/serviço ao longo de sua realização. É um processo de refinamento e detalhamento, essa condição confere o caráter de progressividade do projeto. Outro ponto que demonstra o aspecto progressivo é em relação ao escopo, que inicialmente se apresenta de forma mais genéricase tornando mais claro à medida que o projeto se desenvolve (VALLE et al., 2014). A ocorrência de projetos pode ser identificada na maioria das organizações, em todas suas áreas e níveis, no exato momento em que são gerados produtos/serviços destinados a clientes externos ou internos (XAVIER; XAVIER, 2011). Normalmente os projetos acontecem para atender: a) Demandas de mercado ou da sociedade; b) Requisitos legais; c) Alguma requisição do cliente; d) Melhoria no negócio atual com objetivo de aumentar a eficiência, reduzir riscos, avanço tecnológico e outros. De maneira geral as organizações executam projetos e processos operacionais, rotineiramente, com o intuito de atingir seus objetivos. O que diferencia projetos de processos operacionais são aspectos relacionados á essência e a forma de ocorrência, projetos são únicos e temporários, enquanto processos operacionais são contínuos e repetitivos. Apesar de projetos e processos operacionais apresentarem diferenças significativas, possuem algumas similaridades que podem causar confusões e que acabam por vezes prejudicando a execução adequada de cada um deles. O QUADRO 1 traz uma relação entre projetos e processos operacionais, demonstrando as diferenças e as semelhanças principais. QUADRO 01 – Relação entre projetos e processos. Trabalho nas empresas Tipos Operações / Processos Projetos Similaridades • Realizadas por pessoas • Limitados aos Recursos Disponíveis • Planejadas, Executadas e Controladas Diferenças Contínuas e Repetitivas Temporários e Únicos Fonte: (XAVIER; XAVIER, 2011, p.9). 17 2.1.2 Projetos, Programas e Portfólios O guia PMBOK define Portfólio como o agrupamento de projetos, programas, subportfólios e operações que são gerenciadas em conjunto, buscando atingir os objetivos estratégicos de uma organização (PMI, 2013). O Portifólio orienta o desenvolvimento de forma a atender o que foi estabelecido pelo plano estratégico, a interdependência ou a inter- relação entre projetos e programas não são critérios determinantes para que essa gestão aconteça. A gestão coordenada de projetos e programas agrupados, propiciam apoio ao Portifólio. O planejamento estratégico da organização determina e orienta a priorização de projetos e programas. A aplicação de recursos devem ser coerentes com os objetivos pretendidos pela organização, impactando diretamente na definição de quais projetos serão implementados. Isso acontece porque existe uma limitação de recursos dentro das organizações, a definição de onde serão aplicados tais recursos decorrem de análise de riscos, quantidade de recursos, tipos de projetos e outras demandas organizacionais estratégicas. De maneira geral todos os componentes dos Portfólios apresentam elementos comuns que representam os investimentos, feitos ou planejados, alinhados aos objetivos estratégicos da organização. São gerenciados de forma mais efetiva por estarem agrupados conforme suas características similares e podem ser medidos, classificados e priorizados. (MENDES, 2011, apud VALLE et al., 2014). Xavier e Xavier, definiu Programa como “um grupo de projetos gerenciados de forma coordenada, visando obter benefícios difíceis de serem alcançados quando gerenciados isoladamente” (2014, p.9). O gerenciamento de forma centralizada acontece quando os projetos estão vinculados aos mesmos objetivos estratégicos e onde é possível compartilhar os recursos diversos (financeiros, humanos, estrutura-física, etc.) entre seus elementos. O grupo de elementos do portifólio (programas, subportfólios e projetos) são gerenciados para alcançar os objetivos estratégicos da organização. Os programas, compostos por subprogramas e projetos, são gerenciados coordenadamente para dar suporte ao portifólio. Projetos individuais, mesmo os que estão fora de programas também pertencem ao portfólio. Independente de existir interdependência ou inter-relação entre projetos e programas, todos estão vinculados aos objetivos estratégicos via portfólio. As interações entre o gerenciamento de portfólios, programas e projetos podem ser melhor entendidas na FIGURA 2, apresentada no guia PMBOK. 18 FIGURA 2 – Interações entre gerenciamento de portfólios, programas e projetos. Fonte: (PMI, 2013, p.5). A gestão de cada elemento (portfólio, programa e projeto) possui semelhanças e diferenças, que precisam ser compreendidas, assim como o relacionamento destas gestões com o gerenciamento organizacional dos projetos. O gerenciamento organizacional de projetos é uma estrutura de execução corporativa, que utiliza o gerenciamento de projetos, de programas e de portfólios, além de outras prática organizacionais, visando a realização dos objetivos estratégicos com consistência e previsibilidade, com desempenho e resultados melhorados e com vantagem competitiva sustentável (PMI, 2013). O gerenciamento de portfólio promove o alinhamento de programas e projetos com os objetivos estratégicos da organização, por meio de ações que selecionam, priorizam e proporcionam os recursos necessários para a execução de cada programa e projeto. O gerenciamento de programas ajusta os componentes e controla a interdependência de seus projetos e subprogramas, para obter benefícios específicos. O gerenciamento de projetos desenvolve e implementa os planos necessários ao alcance do escopo, motivados pelos objetivos do programa ou portfólio que estão vinculados. 19 O gerenciamento organizacional de projetos propicia capacidade organizacional unindo princípios e práticas de gestão como facilitadores que apoiam as metas estratégicas da organização. Apesar de ser evidente a necessidade que exista alinhamento entre o gerenciamento de projetos, de programas e de portfólios e as estratégias organizacionais, cada um contribui de maneira diferenciada no alcance dos resultados, conforme demonstrado no QUADRO 2. QUADRO 2 – Visão geral comparativa do gerenciamento de projetos, de programas e de portfólios. Gerenciamento de projeto organizacional Projetos Programas Portfólios Escopo Os projetos têm objetivos definidos. O escopo é elaborado progressivamente durante o ciclo de vida do projeto. Os programas possuem um escopo maior e fornecem benefícios mais significativos. Os portfólios possuem um escopo organizacional que muda com os objetivos estratégicos da organização. Mudança Os gerentes de projetos esperam mudanças e implementam processos para mantê-las gerenciadas e controladas. Os gerentes de programas esperam mudanças dentro e fora do programa e estão preparados para gerenciá-las. Os gerentes de portfólio monitoram continuamente as mudanças no ambiente interno e externo mais amplos. Planejamento Os gerentes de projetos elaboram progressivamente planos detalhados no decorrer do ciclo de vida do projeto a partir de informações de alto nível. Os gerentes de programas desenvolvem o plano geral do programa e criam planos de alto nível para orientar o planejamento detalhado no nível dos componentes. Os gerentes de portfólio criam e mantêm comunicação e processo necessários ao portfólio global. Gerenciamento Os gerentes de projetos gerenciam a equipe de projeto para atender aos objetivos do projeto. Os gerentes de programas gerenciam a equipe do programa e os gerentes de projetos; eles proporcionam a visão e liderança global. Os gerentes de portfólio podem gerenciar ou coordenar o pessoal de gerenciamento de portfólios, ou o pessoal de programas e projetos que possam ter responsabilidade de entrega de relatórios para compor o portfólio agregado. Sucesso O sucesso é medido pela qualidade do produto e do projeto, pela pontualidade, pelo cumprimento do orçamento e pelo grau de satisfação do cliente. O sucesso é medido pelo grau em que o programa atende às necessidades e pelos benefíciospara os quais foi executado. O sucesso é medido em termos do desempenho de investimento agregado e realização dos benefícios do portfólio. Monitoramento Os gerentes de projetos monitoram e controlam o trabalho de elaboração dos produtos, serviços ou resultados para os quais o projeto foi realizado. Os gerentes de programas monitoram o progresso dos componentes do programa para garantir que os objetivos, cronogramas, orçamento e benefícios globais do mesmo sejam atendidos. Os gerentes de portfólios monitoram as mudanças estratégicas e alocação de recursos totais, resultados de desempenho e riscos do portfólio. Fonte: (PMI, 2013, p.8). A gestão centralizada de portfólios, programas e projetos é feita, habitualmente, por um escritório de projetos (EP) ou Project Management Office (PMO), que é uma estrutura 20 criada com o objetivo de supervisionar o gerenciamento, focando no planejamento, priorização e execução, e no suporte aos gerentes de projetos. 2.1.3 O Ciclo de Vida do Projeto As características que definem o projeto, temporariedade e progressividade, determinam a existência de um ciclo de vida para este, condição reafirmada por diversos autores citados por Anselmo (2009). O projeto se inicia dentro de uma organização diante da necessidade de solucionar um problema, depois acontece o planejamento e a execução dos esforços para alcançar os objetivos propostos, enfim, quando as metas e os resultados são alcançados ou o produto/serviço é entregue temos o seu término. Permeando essas fases acontece o monitoramento e controle de cada atividade do projeto. Estas fases evidenciam um ciclo de vida pois remetem ao nascimento, crescimento e morte de um projeto. O ciclo de vida se desdobra em fases de desenvolvimento que podem variar em quantidade, conforme o contexto, aplicabilidade e área de atuação de cada projeto. A função dessas fases é aumentar o monitoramento e controle sobre as atividades e os recursos consumidos por elas, permitir o acompanhamento e ajustes nos planos, e propiciar a adequação de projetos aos seus processos operacionais. O ciclo de vida pode ser documentado em uma metodologia e oferece uma estrutura básica para o gerenciamento do projeto. Os ciclos de vida dos projetos variam ao longo de uma sequência contínua, apresentando abordagens que pode ser previsíveis e direcionadas ou adaptativas e demandadas por mudanças. Os ciclos de vida podem ser: a) Preditivo – quando o produto e as entregas são estabelecidas no início do projeto e existe rigor na gestão de quaisquer mudanças. b) Adaptativo – quando o desenvolvimento do produto ocorre por meio de repetições e para cada uma delas é detalhado um escopo no início da repetição. Apesar da grande variação dos projetos ocasionados por seu tamanho e complexidade, todos apresentam uma estrutura genérica de ciclo de vida, conforme FIGURA 3, com os seguintes momentos: início do projeto, organização e preparação, execução dos trabalhos, e encerramento do projeto. Essa estrutura não deve ser confundida com os grupos de processos do gerenciamento de projetos, pois as atividades dos grupos de processos podem ocorrer em cada fase do projeto iteradamente, assim como pode ocorrer para o projeto como um todo. A 21 estrutura confere um visão que referencia a comparação entre projetos, até mesmo para projetos que não possuam a mesma natureza. FIGURA 3 – Estrutura genérica do ciclo de vida do projeto. Fonte: (PMI, 2013, p.39). Alguns aspectos coincidem na maneira como se comportam ao longo do ciclo de vida. A velocidade de desenvolvimento e o esforço empreendido, independente do projeto, apresentam comportamentos similares, caracterizados por serem pouco consumidos nas fases iniciais, aumentando gradativamente à medida em que o projeto é executado atingindo o ponto onde são mais consumidos, e desacelerando rapidamente à medida que se aproximam do término. Entender o funcionamento das fases do ciclo de vida proporcionam diversos benefícios a quaisquer projetos, que podem ser descritos em forma de gráficos que analisam e estabelecem características comuns de comportamentos diante de variáveis como: esforços, tempo (prazo), possibilidade em agregar valor, mudanças, riscos e outras. Vargas (2009) faz uma vasta análise da relação entre essas variáveis, estabelecendo os impactos, positivos e negativos, que produzem nos projetos e quais as principais consequências, em cada fase. Quando se sobrepõem o gráfico de possibilidade em agregar valor a um projeto, ao gráfico de custo de mudanças, com as curvas em sentidos opostos, Vargas (2009) identifica os momentos que ocorrem a oportunidade construtiva e a intervenção destrutiva do projeto. O momento da oportunidade criativa ocorre quando a curva do potencial em agregar valor supera a curva de custos com mudanças, apresentando um cenário propício para a 22 criatividade e mudanças, presentes nas fases iniciais do projeto. A intervenção regressiva acontece quando a curva de potencial em agregar valor é inferior a de custos com mudanças, não oferecendo um cenário indicado para a criatividade e mudanças, nessas fases essas intervenções representam, muitas vezes, retrabalho e aumento de custos e de prazos. Essas condições são evidenciadas de forma mais representativa na FIGURA 4. FIGURA 4 – Oportunidade construtiva e intervenção destrutiva Fonte: adaptado de Vargas (2009). Outra comparação feita por Vargas (2009) entre os gráficos das variáveis: risco/incerteza e quantidade arriscada, definem a região que apresenta maior sensibilidade ao risco. No início do projeto o nível de risco é alto porém a quantidade arriscada é pequena. A medida que o projeto vai se desenvolvendo o risco vai diminuindo, entretanto aumenta a quantidade arriscada, já que o projeto se encontra numa fase adiantada na execução. O momento mais crítico acontece nos momentos de transição quando se tem altos níveis de riscos e grande quantidade arriscada, conforme pode ser observado na FIGURA 5. O momento onde acontecem são empreendidos os maiores esforços, em termos de utilização dos recursos do projeto, coincidem com a região onde os riscos podem impactar mais contundentemente nos resultados do projeto. 23 FIGURA 5 – Riscos e incertezas x quantidade arriscada. Fonte: adaptado de Vargas (2009). Os projetos, conforme sua natureza, apresentam variações nas quantidades de fases em seu ciclo de vida, não existindo um modelo único que atenda às necessidades de todo e qualquer projeto. Anselmo (2009) constatou que as diferenças se referem, basicamente, à quantidade de fases intermediárias. Descrevendo o ciclo de vida composto por quatro fases, denominadas: preparação, estruturação, desenvolvimento e encerramento, com variações para esses nomes (KERZNER, 1992, p.82; CLELAND et al., 1988, p.193-196 apud ANSELMO, 2009, p.52). O PMI divide o ciclo de vida em fases características, denominadas grupo de processos no guia PMBOK (PMI, 2013), iniciação, planejamento, execução, controle e encerramento. A fase é um conjunto de atividades que são realizadas logicamente gerando ao seu final uma ou mais entregas, se relacionam umas com as outras com o objetivo de desenvolver uma entrega final específica. Os grupos de processos do gerenciamento de projetos podem ser evidenciados numa fase, mas é provável que todos os grupos de processos aconteçam em todas as fases. A estruturação do ciclo de vida do projeto em fases segmenta o projeto em subconjuntos lógicos que facilitam o gerenciamento, planejamento e controle. A estratificação das fases do ciclo de vida do projeto apresentam diferenças conforme o entendimento de cada autor. Mas, de modo aproximado, todas as fases compreendem as mesmas atividades. Para aplicação nesta pesquisa foram consideradas as cinco fases 24 denominadas gruposde processos pelo guia PBMOK. O QUADRO 3 apresenta as principais atividades que são executadas em cada uma dessas cinco fases. QUADRO 3 – Principais atividades de cada fase do ciclo de vida do projeto. FASES ATIVIDADES PRINCIPAIS Iniciação • Identificar a necessidade e transformar em problema estruturado; • Definir Missão e Objetivo do Projeto; • Confeccionar os documento Iniciais. Planejamento • Detalhar tudo que é necessário para a execução do projeto sem imprevistos; • Desenvolver os planos de escopo, tempo, custos, qualidade, recursos humanos, comunicações, riscos e aquisições. Execução • Executar o que foi previsto nas fases anteriores; • Pode evidenciar erros das fases anteriores; • Grande parte do orçamento e esforço são consumidos nessa fase. Monitoramento e Controle • Acontece em paralelo com as demais; • Acompanhar e controlar se a execução foi conforme o planejado; • Tomar ações preventivas/corretivas em caso de desvio. Encerramento (Fase do Aprendizado) • Fase de avaliar o que foi executado; • Encerrar documentos; • Analisar e discutir falhas para que elas não ocorram em novos projetos. Fonte: adaptado de (VARGAS, 2009). 25 2.2 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS A utilização do gerenciamento de projetos como prática gerencial é relativamente recente e seus métodos ainda são desconhecidos em grande parte das organizações. As primeiras iniciativas de aplicação do gerenciamento de projetos, como área distinta, aconteceram no Departamento de Defesa Norte-Americano na fabricação de seus armamentos, nos projetos espaciais da NASA e em empreendimentos similares em importância na Europa (DINSMORE, 1993, apud ANSELMO, 2009). Para Xavier e Xavier (2011), gerenciamento de projetos é um ramo da Ciência da Administração que abrange os processos de iniciação, planejamento, execução, monitoramento, controle e fechamento. O gerenciamento desses processos acontece com a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas atividades para atender às necessidades e expectativas referentes ao projeto, permitindo avaliar seu desempenho, promover aprendizado contínuo e antecipar resultados com confiabilidade. Segundo o PMI (2013, p.5), “o gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de cumprir seus requisitos”. A aplicação desse conceito necessita que os processos do gerenciamento de projetos sejam aplicados e integrados eficazmente, o PMI (2013) agrupa logicamente os 47 processos em cincos grupos de processos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento. Gerenciar projetos significa identificar seus requisitos, abordando as necessidades e expectativas de todas as partes envolvidas e estabelecendo uma comunicação eficaz entre estas. O cuidado no gerenciamento das partes envolvidas garantem que as entregas aconteçam e que atendam aos requisitos do projeto. Via de regra, os conflitos ocorrem decorrentes de restrições sobre fatores como: escopo, qualidade, cronograma, recursos e riscos. Estas atribuições e restrições do gerenciamento de projetos independem das características e circunstâncias do projeto, não se limitando apenas a estas. O plano de gerenciamento de projetos, por ser suscetível à mudança, deve ser desenvolvido progressivamente ao longo do ciclo de vida do projeto. A medida que se tem acesso à informações mais detalhadas e estimativas mais reais, acontecem a melhoria contínua e maior detalhamento do plano, permitindo que a equipe de gerenciamento de projetos amplie o controle em níveis mais detalhados com a evolução do projeto. 26 2.2.1 Os Processos do Gerenciamento de Projetos Processo é um conjunto de atividades que são executadas, a partir de entradas, para gerar saídas que podem ser um produto, serviço ou resultado pré-estabelecido, conforme pode ser observado na FIGURA 6. FIGURA 6 – Esquema do processo de gerenciamento de projetos Fonte: (VALLE et al., 2014, p.37). O ativos de processos e aspectos culturais da organização precisam ser considerados, mesmo quando não apareçam como entradas especificadas do processo, pois são diretrizes e critérios que adequam os processos organizacionais às demandas objetivas do projeto. A equipe de projeto em parceria com o gerente de projeto devem determinar quais processos são adequados e o grau de rigor dessa aplicação. A execução dos processos de gerenciamento do projetos é feita pela equipe de projetos com a participação direta das partes interessadas. Esses processos se apresentam em duas categorias principais, que são os processos de gerenciamento do projeto e de gerenciamento do produto. Os processos de gerenciamento do projeto garantem o desenvolvimento eficaz ao longo da existência do projeto, são as ferramentas e técnicas utilizadas para aplicação de habilidades e capacidades contidas nas áreas de conhecimento: escopo, tempo, qualidade, recursos humanos, comunicações, risco, aquisições e integração, que garantem o cumprimento do propósito do projeto. Os processos que possuem os requisitos que especificam e criam o produto do projeto, são os denominados processos de gerenciamento do produto. A definição desses processos acontecem, normalmente, pelo ciclo de vida do projeto, variando conforme a aplicação e a fase do ciclo de vida do produto. Assim como o PMI essa pesquisa se restringe apenas aos processos de gerenciamento do projeto, entretanto é prudente e adequado considerar a 27 existência dos processos de gerenciamento do produto e sua interação com os grupos de processos do gerenciamento de projetos. O conjunto de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas é reconhecido como “boas práticas” aplicadas pelo gerenciamento de projetos em seus grupos de processos. Aplicar e integrar os processos de inicialização, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento, utilizando “boas práticas” sintetiza o conceito de gerenciamento de projetos. Usar “boas práticas” nos processos de gerenciamento de projetos caminha para o consenso em relação à obtenção de resultados positivos, mas não significa que essa aplicação ocorra de maneira uniforme para qualquer tipo de projeto. Didaticamente os processos do gerenciamento de projetos são apresentados com características distintas e interfaces bem definidas. Porém, na prática eles se apresentam sobrepondo e interagindo, ou seja, são aplicados repetidamente e ocorrem mais de uma vez durante o projeto. Nesse contexto o grupo de processos de monitoramento e controle apresenta uma condição especial, pois configura um pano de fundo interagindo com todos os outros grupos e promovendo a integração do gerenciamento de projetos. As saídas de um processo são, comumente, as entradas de outro processo ou alguma entrega do projeto, subprojeto ou fase do projeto. Raramente os grupos de processos são eventos únicos, são atividades que se sobrepõem e ocorrem ao longo de todo o projeto. A FIGURA 07 demonstra a interação e sobreposição dos grupos de processos durante o ciclo de vida do projetos. FIGURA 07 – Interação dos grupos dos processos do gerenciamento de projetos. Fonte: (PMI, 2013, p.51). 28 Os grupos de processos do gerenciamento de projetos são eventos que ocorrem dentro dos limites do projeto, existem atividades que ocorrem previamente ao início e posteriormente ao encerramento do projeto. As atividades que incluem avaliação, aprovação e o financiamento do caso de negócio ocorrem antes do início do projeto, são as entradas para o projeto, mesmo quando são elaboradas pela equipe que irá gerenciar o projeto. Assim como, as entregas dos projetos aos seus usuário finais e os registros que se tornam nesse momento osativos de processos, ocorrem após o encerramento do projeto. A FIGURA 05 apresenta com clareza essa condição. FIGURA 08 – Limites do projeto Fonte: (PMI, 2013, p. 54). 2.2.2 Os Cinco Grupos de Processos do Gerenciamento de Projetos O Guia PMBOK (PMI, 2013) apresenta 47 processos divididos em cinco categorias, denominadas como os grupos de processos de gerenciamento de projetos. Em cada projeto, independente de sua aplicação ou especialização na área, podem ser identificados os cinco grupos de processos do gerenciamento de projetos. Esses grupos são dependentes e interagem entre si, variam de projeto para projeto, podendo ou não ser executados em uma ordem específica. O grupo de processos de iniciação são os processos necessários para definir um novo projeto ou nova fase e obter autorização para iniciá-los. Define o escopo inicial e o comprometimento de recursos financeiros iniciais, identifica partes interessadas, interna e 29 externas, e a designação do gerente de projeto, caso ainda não tenha sido feito. O objetivo desse grupo é alinhar as expectativas das partes interessadas com os objetivos do projeto, dando visibilidade sobre o escopo e objetivos do projeto, demonstrando que o sucesso do projeto é assegurado pela participação em todas as fases do projeto (PMI, 2013). O QUADRO 04 apresenta um resumo sintético de seus processos, conforme orientações do Guia PMBOK® e Valle et al (2004). QUADRO 04 – Resumo dos processos do grupo de processos de iniciação Fonte: (VALLE et al., 2004, p. 38) e (PMI, 2013). Os processos que definem o escopo total do esforço , aprimoram os objetivos, estabelecendo as ações que levaram ao alcance desses objetivos são os que pertencem ao grupo de processos de planejamento. O caráter do planejamento dentro do gerenciamento de projetos é uma atividade complexa, que exige realimentações periódicas e revisão de alguns processos de planejamento, podendo chegar até aos processos de iniciação. O principal objetivo desse grupo é tornar transparente a estratégia e a tática, assim como, o roteiro de ações necessárias para se atingir a conclusão do projeto ou da fase com sucesso. As partes interessadas aderem e participam mail facilmente quando a gestão do grupo de processos de planejamento é realizada com eficiência. As saídas deste Grupo são o plano de gerenciamento do projeto e os documentos do projeto, que devem explorar todos os aspectos do escopo, tempo, qualidade, comunicações, recursos humanos, riscos, aquisições e gerenciamento das partes interessadas. O QUADRO 05 apresenta os processos deste grupo, considerados pelo PMI (2013) e Valle et al. (2004). 30 QUADRO 05 – Resumo dos processos do grupo de processos de planejamento Fonte: (VALLE et al., 2004, p. 39 a 41). 31 O grupo de processos de execução são os processo que executam a ações definidas no planejamento, visando o cumprimento dos requisitos especificados do projeto. Nesse grupo ocorrem a coordenação de pessoas e recursos, o gerenciamento das expectativas das partes interessadas, a integração e execução de atividades em conformidade com o plano de gerenciamento do projeto. A etapa de execução do projeto geram resultados que podem requerer ajustes e atualizações do planejamento, com mudanças em sua linha de base. Essas variações exigem análises aprofundadas e o desenvolvimento de respostas adequadas de gerenciamento do projeto, pois podem alterar o planejado, os documentos e até a definição de nova linha de base. Os processos deste grupo demandam o gasto de grande parte do orçamento principal, o QUADRO 06 traz um resumo com os processos conforme sugere o PMI (2013) e Valle et al. (2004). QUADRO 06 – Resumo dos processos do grupo de processos de execução Fonte: (VALLE et al., 2004, p. 42). Os processos que acompanham, analisam e organizam o desenvolvimento e desempenho do projeto são os que compõem o grupo de processos de monitoramento e controle, que também identificam a necessidade de mudanças no plano inicial. As medições e análise do desempenho ocorrem em intervalos regulares, em situações adequadas ou excepcionais, identificando possíveis variações no plano do projeto. 32 O monitoramento contínuo do projeto fornece condições de atuação no controle de mudanças e recomendações de ações preventivas ou corretivas antecipando aos problemas. Assim como, avaliar as atividades contínuas em relação ao plano e linha de base de desempenho do projeto, influenciando fatores impeditivos ao controle de mudanças, autorizando, dessa forma, a implementação apenas de mudanças aprovadas. Todo o esforço do projeto é monitorado e controlado pelo grupo de processos de monitoramento e controle, o QUADRO 07 apresenta o resumo com os processos estabelecidos no Guia PMBOK® (PMI, 2013), referenciados também por Vale et al. (2004). QUADRO 07 – Resumo dos processos do grupo de processos de monitoramento e controle Fonte: (VALLE et al., 2004, p. 43 a 44) O encerramento apropriado das atividades de todos os grupos de processos de gerenciamento do projeto é feito pelo grupo de processos de encerramento, que conclui formalmente o projeto, a fase ou as obrigações contratuais. Podem finalizar também, prematuramente, os projetos que foram abortados, cancelados ou em situação crítica, ou transferir alguma atividade para outra unidade organizacional, utilizando procedimentos específicos de entregas que devem ser finalizados. No encerramento do projeto algumas atividades podem ocorrer, tais como: encerramento formal com a obtenção de aceite pelo cliente ou patrocinador; revisão pós- projeto ou final de fase; registro de impactos decorrentes de quaisquer processos; documentar 33 lições aprendidas e aplica-las aos ativos de processos organizacionais; armazenar adequadamente os documentos relevantes; e avaliar membros da equipe e liberar esses recursos do projeto. O PMI (2013) em seu Guia PMBOK® e Valle et al. (2004) apresentam o resumo dos processos de encerramento no QUADRO 08. QUADRO 08 – Resumo dos processos do grupo de processos de encerramento Fonte: (VALLE et al., 2004, p. 45). 2.2.2 As áreas do Conhecimento De acordo com o PMI “uma área de conhecimento representa um conjunto completo de conceitos, termos e atividades que compõem um campo profissional, campo de gerenciamento, ou uma área de especialização” (2013, p.60). São dez as áreas de conhecimento, correspondem ao agrupamento dos 47 processos de gerenciamento do projeto identificados no Guia PMBOK®, se aplicam em quase todos os projetos, na maioria das vezes. As áreas de conhecimento são: Gerenciamento da integração do projeto, Gerenciamento do escopo do projeto, Gerenciamento do tempo do projeto, Gerenciamento do custo do projeto, Gerenciamento da qualidade do projeto, Gerenciamento dos recursos humanos do projeto, Gerenciamento das comunicações do projeto, Gerenciamento dos riscos do projeto, Gerenciamento das aquisições do projeto e Gerenciamento das partes interessadas. Os aspectos mais importantes e a integração de cada área do conhecimento com os cinco grupos de processos são definidos no Guia PMBOK®. As áreas de conhecimento apoiam o gerenciamento do projeto fornecendo uma descrição detalhadas das entradas e saídas de cada processo, assim como, descrição de técnicas e ferramentas aplicadas habitualmente no gerenciamento de projetos. A FIGURA 09 demonstra o mapeamento dos 47 processos de gerenciamento do projeto nos 05 grupos de processos e as 10 áreas do conhecimento. 34 FIGURA 09 – Grupos de processos de gerenciamento de projetos e mapeamentos das áreas de conhecimento Fonte: (PMI, 2013, p.61) 35 3 METODOLOGIA DE ESTUDO A metodologia de pesquisa foi delineada, quanto aos fins e aos meios, com o intuito de atingir aos objetivos propostos. Foiutilizada uma abordagem qualitativa para responder a questão central do problema: Como aplicar o gerenciamento de projetos na implantação de um modelo de atendimento ao público? Os objetivos do estudo que norteiam o caminho de onde se pretende chegar, orientou, quanto aos fins, a metodologia de pesquisa aplicada. Aplicada, porque o modelo de atendimento ao público proposto possui condições de ser implementado, por atender demandas da SEFAZ em seus processos de atendimento ao público. A aplicação de uma metodologia de gerenciamento de projetos na implantação desse modelo de atendimento, reforça, quanto ao fins, a escolha da metodologia de pesquisa aplicada. Quanto aos meios, a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, para a fundamentação teórica que subsidiou o desenvolvimento do modelo de atendimento ao público proposto e a escolha da metodologia de gerenciamento de projetos, BASIC METHODWARE®, adequada ao projeto de implantação do modelo de atendimento. 36 4 CONSTRUINDO O MODELO DE ATENDIMENTO São evidentes os avanços que administração pública tem obtido, recentemente, em diversos setores com a adoção de modelos de gestão capazes de ampliar sua capacidade em atender, com efetividade, as novas e crescentes demandas da sociedade. Entretanto, ainda existe a necessidade em aprimorar seus sistemas e tecnologias gestão, visando a prestação de serviços públicos com qualidade. (FERRER, 2012). Desde meados dos anos 90 vem surgindo experiências, reconhecidas pelo sucesso, que discutiram e aprimoraram formas de atendimento ao cidadão, cujo principal conceito está em reunir em um único local todos os serviços prestados pelo Estado. O patrocínio político e orçamento suficiente permitiram o surgimento das primeiras centrais de atendimento ao cidadão, que foram, no Estado da Bahia, o SAC – Serviço de Atendimento ao Cidadão e, no Estado de São Paulo, o POUPATEMPO. Em poucos anos vinte Estados brasileiros adotaram o modelo das centrais de atendimento, cada um com características próprias e individualizadas, dentre eles o Estado de Goiás que instituiu o Serviço Integrado de Atendimento ao Cidadão – VAPT VUPT. (FERRER, 2012). O modelo de atendimento da SEFAZ foi concebido seguindo conceitos e princípios de gestão e concepção, aplicados atualmente na maioria das centrais de atendimento em funcionamento no Brasil. Essa nova maneira de tratar o atendimento ao público, oferecido pelas centrais, implicou em um novo processo de transformação institucional, sustentado no princípio de que as instituições públicas devem atuar em conformidade com o interesse da sociedade e com padrões de desempenho por ela estabelecidos. A SEFAZ ao implantar um modelo de atendimento, específico para as Delegacias Regionais de Fiscalização, demonstra a intenção de mudança de atitude na operação de seus processos institucionais, especialmente aqueles relacionados ao atendimento, na medida em que passa a contar com o olhar exigente de seus públicos alvos e do setor produtivo, sobre os resultados que lhes são entregues. O modelo de atendimento da SEFAZ pretende ser um instrumento de gestão voltado para resultados, alicerçando seus princípios e fundamentos aos requisitos de excel6encia em gestão pública estabelecidos pelo Modelo de Excelência da Gestão Pública – MEGP (BRASIL, 2014), desenvolvido pelo Programa GESPÚBLICA. O MEGP utiliza uma representação gráfica do sistema de gestão pública, constituída por oito dimensões integradas e inter-atuantes. Para cada dimensão há requisitos institucionais 37 de excelência relativos a adequação das práticas institucionais aos paradigmas da gestão pública democrática. As práticas são voltadas para resultados, implantação e disseminação dentro da organização e para o grau de maturidade (em termos de inovação e aprendizado) para cada uma das práticas. Orientar a administração pública ao alcance de padrões crescentes de desempenho é a finalidade do MEGP. O modelo de atendimento da SEFAZ possui referenciais de excelência estabelecidos no MEGP, quando se apresenta estruturado nas seguintes dimensões: Público Alvo (dimensão 03), Interesse e Cidadania (dimensão 04), Pessoas (dimensão 06), Processos (dimensão 07), e Resultados (dimensão 08), conforme pode ser observado na FIGURA 10. FIGURA 10 – Dimensões do MEGP que estruturam o modelo de atendimento proposto Fonte: (BRASIL, 2014, p. 20). Considerando essas dimensões o modelo de atendimento proposto apresenta ações que devem ser implementadas, buscando atingir os resultados e requisitos estabelecidos pelo MEGP. O QUADRO 09 apresenta de forma sucinta as ações aplicadas em cada dimensão pelo modelo de atendimento proposto. 38 QUADRO 09 – Ações previstas em cada dimensão pelo modelo de atendimento proposto DIMENSÕES AÇÕES PÚBLICO ALVO Identificar e classificar os públicos alvos e suas necessidades e expectativas. Tratar as necessidades e expectativas, buscando resultados efetivos. Comunicação clara sobre seus serviços e padrões de atendimento. Manter os canais de comunicação acessíveis e adequados aos perfis de seus públicos alvos. Gerenciar a qualidade do atendimento. Fortalecer a relação com a sociedade por meio de pesquisa de satisfação. INTERESSE PÚBLICO E CIDADANIA Identificar e avaliar os principais aspectos sociais, econômicos e ambientais relacionados à atuação da SEFAZ. Prevenir ou mitigar impactos adversos na sociedade ou no ambiente decorrente de sua atuação. Observar direitos alcançados por públicos específicos. Conscientizar partes interessadas quanto a responsabilidade social e ambiental, e a sustentabilidade. PESSOAS Dimensionar adequadamente a força de trabalho. Realizar a gestão de competências institucionais e profissionais. Aferir o desempenho voltado para a gestão por resultados Promover capacitação e desenvolvimento dos servidores. Garantir ambiente humanizado, seguro, saudável e motivador. PROCESSOS Estruturar processos finalísticos e de apoio, considerando a estratégia institucional, recursos disponíveis, requisitos dos públicos alvos e questões legais. Monitorar e controlar os processos utilizando mecanismos que tratam não conformidade, implantam ações corretivas, melhorem os processos e incorporem inovações. RESULTADOS Monitorar e controlar os resultados utilizando indicadores direcionados para aferir a satisfação do público alvo, a gestão do atendimento, satisfação dos servidores e financeiros. Verificar se os resultados obtidos são os esperados pela sociedade, mercado e o próprio setor público. Fonte: Adaptado de (BRASIL, 2014) e (BRASIL, 2014a). As dimensões que orientam o modelo de atendimento proposto determinam a finalidade, os benefícios para cidadãos / SEFAZ / servidores públicos, princípios e conceitos deste. São esses critérios que definem as diretrizes para a caracterização das unidades de atendimento da SEFAZ, após a implantação do modelo, e que orientam os sistemas relacionados e os recursos físicos empregados no desenvolvimento do modelo de atendimento. 39 4.1 AS FINALIDADES DO MODELO DE ATENDIMENTO PROPOSTO a) Estabelecer compromissos com padrões de qualidade na prestação dos serviços aos contribuintes-cidadãos. b) Estimular o controle social com adoção de mecanismo que permitam a aferição da satisfação dos clientes e definição dos padrões de atendimento. c) Propiciar a avaliação contínua da gestão e do monitoramento interno e externo do desempenho institucional mediante a utilização de indicadores. d) Tornar conhecidos pela sociedade os serviços prestados e os compromissos de atendimento por meio de divulgação ampla. e) Fortalecer a confiança e a credibilidade da sociedade na Administração Pública, relativos à sua competência. 4.2 BENEFÍCIOS DO MODELO DE ATENDIMENTO Os benefícios daimplantação do modelo de atendimento proposto se estendem aos cidadãos, à SEFAZ e aos servidores públicos, e estão expressos no QUADRO 10. QUADRO 10 – Benefícios do modelo de atendimento proposto PARTE INTERESSADA BENEFÍCIOS CONTRIBUINTE- CIDADÃO Clareza sobre a atividade e os serviços prestados. Serviços disponibilizados adequadamente às necessidades e expectativas de seus públicos alvos. Maiores condições de exigir e defender seus direitos. SEFAZ Direcionar para a gestão por resultados. Ganhos em eficiência: economia de tempo e recursos. Aproximação com seus públicos alvos e estímulo à gestão participativa. Melhoria contínua da qualidade dos serviços prestados. Confiabilidade e credibilidade à implementação de políticas públicas SERVIDOR PÚBLICO Maior clareza na definição dos compromissos e resultados esperados de sua atuação nos processos de atendimento. Maior significado ao seu trabalho, em função da maior visibilidade interna e externa de seu desempenho. Maiores possibilidade de reconhecimento institucional da qualidade do desempenho profissional. Fonte: Adaptado de (BRASIL, 2014a). 40 4.3 A CARACTERIZAÇÃO DAS UNIDADE DE ATENDIMENTO (DRF) 4.3.1 Os princípios do modelo de atendimento proposto a) Reunir em um único local todos os processos de atendimento aos contribuintes- cidadãos, disponibilizados pela SEFAZ por meio da Delegacias Regionais de Fiscalização. b) Foco no contribuinte-cidadão. c) Criar um canal de comunicação com a população, através de mecanismos de registro e resposta ao contribuinte-cidadão. d) Estabelecer um novo paradigma dentro da SEFAZ, no que diz respeito ao padrão de excelência no atendimento. e) Ampliar formas de atendimento presencial. 4.3.2 O conceitos do modelo de atendimento proposto a) Ampliar o acesso do contribuinte-cidadão às informações sobre os serviços e ações da SEFAZ. b) Dar atendimento sem privilégios. c) Propiciar transparência na prestação de serviços da SEFAZ. d) Proporcionar ao contribuinte-cidadão atendimento individual e direto com qualidade e eficiência, restaurando o caráter público do serviço. e) Orientar a população e mantê-la informada sobre os procedimentos necessários para o acesso aos serviços disponíveis. f) Aperfeiçoar a gestão pública através da racionalização dos recursos humanos, materiais e financeiros. 4.4 PÚBLICO ALVO a) Sociedade civil organizada. b) Contribuintes-cidadão residentes nos municípios atendidos por cada Delegacia Regional de Fiscalização. c) Empresas que pretendem se instalar no Estado de Goiás. 41 4.5 OS SISTEMAS RELACIONADOS AO MODELO DE ATENDIMENTO 4.5.1 Recursos Humanos O quadro de recursos humanos da unidade de atendimento SEFAZ será preenchido por servidores públicos estaduais, que serão selecionados, treinados e qualificados, observando os seguintes parâmetros necessários para cada atividade: orientação ao público, atendimento ao público e supervisão do atendimento. Todos os integrantes da equipe alocada na unidade de atendimento devem ser submetidos a treinamento e capacitação conforme conteúdos, metodologias, carga horária e demais especificações definidas para cada função. 4.5.2 Treinamento e Capacitação O Programa de Treinamento deve ser estruturado conforme a necessidade do modelo de atendimento da SEFAZ, definido por módulos, estabelecidos de acordo com os objetivos aos quais se propõem a população a qual se destina e de acordo com as competências exigidas, tais como: avaliação de perfil, habilidade de lidar com público e trabalhar em equipe, conhecimentos técnicos, facilidade de adaptação às normas e procedimentos. O treinamento e capacitação devem possuir duas etapas, estruturadas de acordo com as necessidades exigidas para a fase de implantação da Unidade e posteriormente considerando a fase de operação e manutenção da Unidade. Programa de Treinamento para Implantação da Unidade, deve conter: a) MÓDULO I – GESTÃO PARA EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO AO CLIENTE. Deverá abordar os seguintes aspectos: comunicação e atendimento ao público, dirigido a todos integrantes da equipe de atendimento, com carga horária mínima de 8 horas. b) MÓDULO II – TREINAMENTO CONCEITUAL SOBRE AS DIRETRIZES E PRESSUPOSTOS DO MODELO DE ATENDIMENTO. Será realizado por todos integrantes da equipe de atendimento, com carga horária mínima de 04 horas, com o objetivo disseminar os novos conceitos de atendimento. c) MÓDULO III – CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA SUPERVISÃO DE ATENDIMENTO. Direcionado para funções de Supervisão Administrativa, com o 42 objetivo de aprimorar as competências técnicas e atitudinais de acordo com as atribuições estabelecidas, com carga horária mínima de 08 horas. 4.5.3 Uniformes e Identificação Todos os integrantes da equipe do modelo de atendimento devem usar uniformes e crachás, conforme modelos a serem definidos pela SEFAZ, juntamente com uma modista da confecção que irá confeccionar os uniformes, oferecendo aos contribuintes-cidadãos facilidade de identificação dos atendentes/orientadores e possibilitando o reconhecimento através da padronização visual. 4.5.4 Sistemas de Avaliação do Desempenho Dentro da sistemática de aferição do desempenho existem dois processos que avaliam individualmente e coletivamente a equipe de atendimento. Os critérios gerais do sistema de avaliação devem ser regulamentados por ato do Secretário da Fazenda. Os critérios utilizados para as avaliações de desempenho são os seguintes: a) Individuais: - Quantidade de atendimento realizados; - Quantidade de avaliação de bom e ótimo; - Cumprimento das normas de funcionamento. b) Coletivos: - Índice de satisfação dos clientes; - Tempo médio de atendimento; - Tempo médio de espera. 4.5.5 Sistema de Aferição da Satisfação dos Clientes A principal característica do modelo de atendimento da SEFAZ desse ser a qualidade do atendimento dispensada aos contribuintes-cidadãos e a satisfação dos mesmos quanto aos serviços prestados, devolvendo ao cidadão a certeza de respeito e excelência nos serviços públicos que lhe são oferecidos. A meta a ser atingida e ultrapassada será de 80,00% entre bom e ótimo. 43 Para tanto deve ser implantado, um sistema de aferição da satisfação do contribuinte- cidadão, que possibilite o acompanhamento da qualidade dos serviços oferecidos, feito a partir da coleta de opinião do usuário e de mecanismos de registro e resposta ao cliente, permitindo a elaboração de relatórios gerenciais. Devem seguir as orientações conforme se segue: a) Deve ser um sistema informatizado acoplado ao posto de atendimento que possibilitará a avaliação pelo contribuinte-cidadão, após a realização de cada atendimento, e contará com 04 opções: ruim, regular, bom e ótimo. b) Deve ser disponibilizado ao contribuinte-cidadão uma pesquisa de opinião com espaços reservados para sugestões, elogios e reclamações. Os dados gerados pela sistemática de aferição da satisfação do contribuinte-cidadão devem permitir uma avaliação qualitativa do processo de atendimento e devem ser tabulados pela Supervisão da Unidade, que também deve proceder à verificação do cumprimento de metas estabelecidas e encaminhar a planilha com os resultados ao Delegado Regional em meio físico e eletrônico. 4.5.6 Sistema de Gerenciamento do Atendimento O sistema de Gerenciamento do Atendimento deve ser capaz de realizar a gestão da demanda diária de atendimento da Unidade de Atendimento, com a utilização de módulo programável para emissão de senhas, monitor de chamada de 42”, terminais de avaliação do atendimento, terminal de chamada físico, etc., as características mínimas do sistema são: a) Disponibilizar os dados de atendimento, permitindo a elaboração de relatórios tais como: quantidade de atendimento total e por serviço, diário e mensal, tempo de espera e outrosconforme a necessidade da unidade; b) Possibilitar a medição do desempenho e o cumprimento das metas estabelecidas pelo modelo de atendimento; c) Auxiliar ao Supervisor de Atendimento na gestão da Unidade e o acompanhamento do desempenho pelo Delegado responsável; d) Permitir que o atendimento de cada posto de trabalho seja priorizado de acordo com parâmetros pré-definidos. Os dados utilizados, inicialmente, na parametrização incluem a definição dos serviços e a descrição e detalhamento dos serviços. 44 As principais funções são: a) Parametrização e reconfiguração definindo serviços, horários de atendimento, classe dos serviços, postos de trabalho associados aos serviços; b) Permitir chamadas em painéis remotos e monitoramento “on-line”; c) Definição e alteração de prioridade de atendimento; d) Reinserção e re-chamadas de senhas chamadas e não atendidas; e) Avaliação dos serviços e de Atendentes. 4.6 RECURSOS FÍSICOS DO MODELO DE ATENDIMENTO O espaço físico deve oferecer as condições necessárias para o funcionamento das Unidades de Atendimento, de acordo com as particularidades da sistemática de atendimento. Cada Delegacia Regional de Atendimento deve sofrer intervenções para adequação física, conforme as características individuais de suas edificações, seguindo recomendações referentes ao programa arquitetônico, layout, comunicação visual e mobiliário. 4.6.1 Programa Arquitetônico O programa arquitetônico de cada DRF deve ser elaborado para atender as necessidades de adequação, sendo constituído por uma série de ambientes agrupados em dois conjuntos funcionais: Áreas Administrativas – ambientes onde são desenvolvidas as atividades referentes à administração da unidade propriamente dita. Áreas de Público – ambientes destinados ao atendimento presencial e aos serviços de apoio ao atendimento (sanitários, fotocópias, etc.). 4.6.2 Diretrizes para Layout Na elaboração do layout devem ser considerados diversos fatores como: os acessos, o dimensionamento e a demanda do atendimento presencial, as relações de proximidades entre os ambientes, etc. Devem ser observadas, dentre outras, as seguintes diretrizes gerais: 45 a) Todos os ambientes da Unidade devem possibilitar o acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais; b) A recepção é o local onde são fornecidas as primeiras informações e orientações ao cidadão, assim, deverá ser visível logo na entrada; c) As circulações de público e de serviços devem ser bem definidas de maneira que a circulação de serviço, devidamente isolada, fique restrita aos servidores da equipe de atendimento; d) As circulações devem ser adequadamente dimensionadas de maneira a acomodar os fluxos dos diversos setores; e) Os sanitários de público devem estar localizados de modo que o cidadão percorra a menor distância possível. Para cada DRF deve ser elaborado um layout, concebido de forma a atender ao programa de necessidades definido pelo modelo de atendimento, observando também as diretrizes gerais que proporcionaram melhor funcionalidade aos diversos ambientes que compõem a Unidade. 4.6.3 Comunicação Visual A comunicação visual deverá ser elaborada com o intuito de dar maior visibilidade possível às Unidades de Atendimento, através de elementos e símbolos de sinalização externa e interna. Deve ser desenvolvida a partir de uma identidade própria com a criação de elementos como totens, painéis, pórticos e outros que promovam os preceitos do modelo de atendimento e contenha elementos da logomarca da SEFAZ. A quantificação dos itens de sinalização deve ser feita com base no layout e projeto de comunicação visual desenvolvido, individualmente para cada DRF. 4.6.4 Mobiliário O mobiliário deve ser padronizado quanto ao design, cor e acabamento. O dimensionamento dos recursos necessários, para implantação das Unidades de Atendimento, deve ser feita com base no layout de cada Delegacia Regional. Devem ser previstos os seguintes tipos de mobiliário: balcão para recepção, mesas de atendimento, mesas para impressoras, armários médios, assentos para atendentes, assentos para contribuintes-cidadãos, 46 assentos múltiplos para espera, e painéis divisórios com altura de 1,20m. Dependendo do layout pode ocorrer a necessidade de aquisição de outros tipos de mobiliário. O mobiliário deve atender as normas técnicas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), no que diz respeito às características físicas e dimensionais, e aos ensaios de resistência, estabilidade e durabilidade. 4.6.5 Controle de Frequência O Sistema de Controle de Frequência para gestão da pontualidade e assiduidade, de todos os integrantes da equipe, deve ser previsto para cada Unidade de Atendimento. Objetivando a garantia da fidelidade das informações, redução do tempo e do trabalho dispensado para essas atividades de controle. Essas informações sobre a frequência dos servidores devem ser armazenadas e tratadas em um sistema de informatizado. 47 5 APLICANDO O GERENCIAMENTO DE PROJETOS Existem diversas metodologias de gerenciamento de projetos alinhadas às orientações do PMI (2013), direcionadas ao aumento das oportunidades de sucesso em projetos. O PMI orienta por meio de seu Guia PMBOK® “o que” é necessário para o gerenciamento de projetos, porém não define sobre “como” os processos devem ser realizados e em qual situação. Para elaborar o plano de projeto para implantação do modelo de atendimento nas Delegacias Regionais de Fiscalização da SEFAZ, foi utilizado a BASIC METHODWARE®, versão simplificada da METHODWARE®, desenvolvida por Xavier e Xavier (2011). É uma metodologia de utilização prática, indicada para iniciantes e para projetos médios e pequenos, que permite gerenciar sem burocratizar o trabalho atribuindo maior previsibilidade e aumentando a chance de sucesso dos projetos (XAVIER; XAVIER, 2011). A BASIC METHODWARE® possui uma estrutura que orienta a elaboração do plano de projeto e em seu apêndice B apresenta modelos (templates) de documentos gerados para viabilizar o sucesso do projeto e que foram utilizados desta pesquisa. A FIGURA 10 apresenta a estrutura da metodologia BASIC METHODWARE®. FIGURA 10 – Estrutura da BASIC METHODWARE® INICIAR (I) I – Autorizar o Início do Projeto PLANEJAR (PLAN) P1 – Identificar os Envolvidos P2 – Planejar o Escopo e a Qualidade P3 – Planejar as Respostas aos Riscos P4 – Planejar as Comunicações P5 – Planejar o Tempo e os Recursos P6 – Planejar as Aquisições P7 – Planejar o Custo P8 – Aprovar o Plano do Projeto EXECUTAR (DO) D – Gerenciar a Execução do Plano do Projeto MONITORAR (CHECK) C – Checar o Trabalho do Projeto CONTROLAR (ACT) A – Agir para corrigir distorções ENCERRAR (E) E – Encerrar o Projeto Fonte: (XAVIER; XAVIER, 2011, P. 04) 48 5.1 AUTORIZANDO O INÍCIO DO PROJETO Autorizar o início do projeto é definir alguns parâmetros que serão a base para desenvolvê-lo, além de indicar o “responsável” evitando que ocorra duplicidade ou ausência de comando, também se caracteriza como uma forma de comunicar, internamente, a decisão de iniciar o projeto. Nesse momento o gerente do projeto é designado e autorizado a utilizar recursos humanos, materiais e financeiros para a execução do projeto. (XAVIER; XAVIER, 2011). São diversas os tipo de documentos utilizados para formalizar a existência do projeto: termo de abertura, proposta de projeto autorizadas por cliente externo ou interno, ordem de serviço ou até mesmo uma mensagem de correio eletrônico. Independente do formato do documento que inicia o projeto, o importante é que ele contenha informações suficientes para a compreensão geral do projeto, para isso deve conter no mínimo os seguintes