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Aula 07- Alvenaria e Argamassas

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Materiais de construção civil
Anastácia E. F. Santos, D. Sc.
Alvenaria e Argamassas
A EDIFICAÇÃO E SUAS PARTES
O projeto de uma edificação representa a reunião de vários sistemas, necessariamente coordenados e integrados.
São eles:
Sistemas de fundações
Sistemas de pisos
Sistemas de parede
Sistemas de cobertura
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ALVENARIA
Introdução:
ALVENARIA:
É um dos elementos do subsistema da edificação que tem a função de vedação vertical.
Este subsistema pode ser definido como um conjunto de elementos verticais que compartimentam, limitam e definem espaços da edificação e controlam a passagem de agentes externos.
Define-se alvenaria como um conjunto coeso e rígido de tijolos ou blocos (elementos de alvenaria) unidos entre si por argamassa, constituindo as paredes.
Alvenaria:
Características:
São obtidas por c onformação, moldagem no local com uso de argamassas plásticas;
São pesadas, mais que 100kg/m2;
Tem capacidade de a uto suporte, ou seja, não necessita de estrutura auxiliar.
Tem comportamento contínuo em relação a distribuição dos esforços, isto é, a absorção dos esforços se dá em todo o vedo;
 São fixas, sua retirada somente poderá ser feita por demolição.
Alvenaria:
As paredes podem ser classificadas em relação aos seguintes aspectos:
A) disposição no edifício:
 Externas ou perimetrais: onde uma das faces está em contato com o meio externo;
 Internas ou divisórias:
De c ompartimentação: quando dividem uma economia
De s eparação: entre economias ou entre economias e áreas de uso comum.
B) função estrutural:
 Estruturais ou portantes: desempenham função de suporte das cargas constituindo a estrutura.
 Contraventamento: tem a função de aumentar a rigidez de uma estrutura;
 Vedação: não tem função estrutural suportando somente o peso próprio e pequenas cargas atuantes sobre ela.
ALVENARIA
C) espessura:
 Simples: compostas por somente um elemento de alvenaria, sendo a espessura variável conforme a posição do assentamento; as espessuras mais comuns são entre 15cm e 25cm;
 Duplas: constituídas por duas paredes, podem ser justapostas ou possuir um espaço entre elas (Eckert), podem ter espessuras iguais ou diferentes afastadas entre 2 e 5cm.
ALVENARIA
Parede de 15 cm
Parede de 25 cm
Alvenaria
Outra forma de execução de paredes externas é a utilização de paredes duplas. Uma das técnicas é a parte dupla com vazios. O espaço de ar entre as paredes ajuda no conforto térmico e acústico.
ALVENARIA
D) Exigências de desempenho:
1)	Estabilidade estrutural e resistência a cargas estáticas, dinâmicas e cíclicas. 
Os componentes e sistemas da edificação devem possuir:
* r esistência mecânica a cargas mecânicas estáticas, dinâmicas e cíclicas, individualmente e combinadas;
* resistência a impactos e ações acidentais para garantir que esses elementos não atinjam o estado limite último, ruína do elemento ou parte dele.
ALVENARIA
2) Resistência ao fogo:
Os componentes e subsistemas da edificação devem apresentar limitações na influência a o risco de início e propagação do fogo.
A edificação deve possuir elementos de segurança para casos de incêndios, tais como sistemas de alarme e extinção de focos de fogo, bem como possibilitar evacuações em tempos eficientes e redução de efeitos fisiológicos causados pela fumaça e calor.
Segundo Berto (1988) a rresistência ao fogo pode ser conceituada como o “tempo durante o qual os elementos da construção, sujeitos a uma elevação padronizada de temperatura, mantém a sua estabilidade ou integridade n ão
 permitindo, no caso de elementos separadores de ambientes, a elevação acentuada de temperatura no lado não exposto ao fogo, nem a passagem de gases quentes ou chamas”.
ALVENARIA
3) Estanqueidade:
Cuidados com a estanqueidade dos ambientes, subsistemas e componentes da edificação em relação a elementos líquidos, sólidos e gasosos, tais como água de chuva, solo, fumaça e poeira.
* Estanqueidade a água: Os efeitos da ação da água quando não controlados irão sempre representar certo grau de comprometimento da estabilidade ou das condições de habitabilidade do edifício, podendo-se destacar os efeitos decorrentes da variação dimensional.
ALVENARIA
A variação dimensional dos materiais e componentes construtivos pela variação de seu conteúdo de umidade, pode originar fissuras ou frestas pelas quais a água se infiltrará.
Proliferação de microrganismos, surgimento de manchas e eflorescências; 
Deterioração de revestimentos ou de outros componentes porosos;
Deslocamentos de placas cerâmicas; 
Corrosão de metais
ALVENARIA
Eflorescências
ALVENARIA
DETERIORAÇÃO DE REVESTIMENTO PELA PRESENÇA DE UMIDADE
ALVENARIA
4) Condições Superficiais:
É a situação existente na superfície dos blocos ou tijolos (base), que é de fundamental importância no contato revestimento/base ou bloco/argamassa.
É necessário que haja uma aderência satisfatória para que o conjunto não se comprometa.
Estas condições devem ser obtidas em todas as paredes, em especial as externas, que recebem ataques agressivos diretamente e exatamente por este motivo apresentam generalização de pequenos defeitos muito rapidamente.
ALVENARIA
4) Condições Superficiais:
As condições superficiais mais importantes a serem analisadas são:
* Textura: Pode variar de lisa a áspera, dependendo do tipo de material empregado (granulometria, formato) e das condições de fabricação como ranhuras e saliências nas suas faces.
ALVENARIA
4) CONDIÇÕES SUPERFICIAIS:
* Porosidade: Influencia na quantidade de água absorvida pela base e na ancoragem que deve existir entre a base e a argamassa de assentamento e de revestimento.
A água absorvida nem pode ser pequena pois, prejudica a ancoragem, nem muito grande, comprometendo as reações químicas necessárias ao endurecimento da massa de revestimento.
Quando a base é muito porosa (absorvente), deve-se utilizar uma argamassa com característica de retenção de água, ou umedecer os blocos quando for possível.
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
Bloco de Concreto
Produção:
Mistura de cimento, areia, pedrisco e água;
Fabricado com agregado normal ou leve;
Vibro-prensa para moldagem e compactação
Cura úmida a vapor durante tempo padronizado;
Exigem rigoroso controle da cura para evitar retração por secagem excessiva na parede e sua consequente fissuração.
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
Bloco de Concreto
Características:
Resistência mínima à compressão de 2,5 MPa para blocos de vedação;
Isolamento acústico: deve variar de 40 dB para blocos de 9 cm de espessura sem revestimento a 46 dB para blocos de 14 cm de espessura com revestimento.
Peso de até 156 kg/m2;
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
BLOCO DE CONCRETO:
 Problemas mais comuns:
Retração por secagem;
Falta de esquadro;
Fragilidade;
Variações dimensionais;
Falta de planicidade da superfície
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
BLOCO DE CONCRETO:
Podem ser divididos em duas categorias:
B loco vazado de concreto simples com função estrutural
B loco vazado de concreto simples para alvenaria de vedação (sem função estrutural)
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
PROPRIEDADES MECÂNICAS – BLOCO DE CONCRETO
Os blocos de concreto são classificados pela N BR 6136 “ Blocos Vazados de Concreto Simples para Alvenaria Estrutural” em classe A e B.
O b loco de classe A aplica-se à alvenarias externas sem revestimento devendo o bloco possuir resistência característica à compressão maior do que 6	MPa, além de sua capacidade de vedação.
O b loco de classe B aplica-se à alvenarias internas ou externas com revestimento devendo possui resistência característica à compressão de no mínimo 4,5 MPa.
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
A determinação das propriedades mecânicas de um bloco de concreto segue prescrições da NBR 7184 “ Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Determinação da resistência à compressão”.
As maiores empresas fabricam blocos que apresentam uma média de resistência à compressão de 12 à 15 MPa podendo atingir até 20 MPa.
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
BLOCOS E TIJOLOSMAIS USADOS
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
TIJOLO CERÂMICO MACIÇO:
Empregado geralmente para a alvenaria de vedação ou como estrutural para casas térreas. Devido as suas dimensões, a produtividade da mão de obra na execução dos serviços é mais baixa.
Os tijolos maciços também são usados em alvenaria aparente.
Dimensões: 5X10X20cm aproximadamente
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
BLOCOS CERÂMICOS:
Estes blocos podem ser classificados em:
 Blocos de Vedação: Não tem a função de suportar outras cargas além do seu peso próprio e pequenas cargas de ocupação (apoio para armários, caixas de ar condicionado, etc.);
São blocos usados na construção das paredes de vedação.
No assentamento dos blocos cerâmicos de vedação os furos são geralmente dispostos horizontalmente, o que ocasiona a diminuição da resistência dos painéis de alvenaria.
B locos Estruturais: São projetados para suportar outras cargas verticais além do seu próprio, compondo o arcabouço estrutural da edificação.
São blocos usados na construção de paredes portantes. Devem ter furos dispostos na direção vertical.
Resistências de 3, 7, 10, 15 e 18 MPa.
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
Tijolos Furados - Vedação
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
Blocos Cerâmicos - Estrutural
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
BLOCOS E TIJOLOS MAIS USADOS
PROPRIEDADES MECÂNICAS -	BLOCOS CERÂMICOS
A r esistência à compressão mínima dos blocos na área bruta deve atender aos valores indicados na tabela 3 da N BR 7171 “ Bloco Cerâmico para Alvenaria” que classifica os blocos em tipo A, B, C, D, F:
	PAREDE	TIPO	RESISTÊNCIA
	VEDAÇÃO	A	1,5 MPa
	VEDAÇÃO	B	2,5 MPa
	PORTANTE	C	4,0 MPa
	PORTANTE	D	7,0 MPa
	PORTANTE	F	10,0 MPa
ALVENARIA
ARGAMASSA: é um material constituído de materiais inertes de pequena granulometria (agregados miúdos) + uma pasta de aglomerantes e eventualmente de aditivos.
As argamassa de assentamento de alvenarias são destinadas a unir os elementos de alvenaria (tijolos e blocos).
É um adesivo que une as unidades de alvenaria e que serve para transferir esforços entre elas, bem como para acomodar pequenas deformações.
ALVENARIA
As funções primárias das juntas de argamassa em uma parede de alvenaria são:
 unir solidariamente as unidades de alvenaria e ajudá-las a resistir aos esforços laterais;
 distribuir uniformemente as cargas atuantes na parede por toda a área resistente das unidades;
 absorver as deformações naturais a que a alvenaria estiver sujeita;
 selar as juntas contra a penetração de água da chuva;
ALVENARIA
PROPRIEDADES DAS ARGAMASSAS:
1 ) T RABALHABILIDADE: consistência, plasticidade e coesão, suficiente para que o pedreiro produza com rendimento otimizado um trabalho satisfatório, rápido e econômico.
Argamassa de assentamento de alvenaria
Execução
ALVENARIA
2) RETENÇÃO DE ÁGUA:
Ter capacidade de retenção de água suficiente para que uma elevada sucção da umidade não prejudique suas funções primárias.
É a capacidade que a argamassa possui de reter a água que contém quando colocada em contato com componentes de alvenaria.
É possível aumentar a capacidade de retenção de água aumentando a superfície específica dos materiais constituintes ou utilizando-se aditivos que absorvam a água ou ainda, que impeçam a percolação da água.
A cal é um aglomerante que apresenta boas características de retenção de água, pois seus cristais possuem grande capacidade adsortiva (adesão de moléculas de um fluido a uma superfície sólida), até 100% de seu volume, ou seja, capacidade de segurar a água na superfície de seus grãos.
ALVENARIA
3) RESISTÊNCIA:
Adquirir rapidamente alguma resistência após o processo de assentamento das unidades para resistir a esforços que possam atuar durante o assentamento das alvenarias.
A argamassa não deve ser mais resistente que os blocos ou tijolos.
A resistência da argamassa deve ter 7 0% da resistência do elemento de alvenaria, permitindo acomodar as deformações e concentrar as microfissuras das juntas.
ALVENARIA
4) ADERÊNCIA:
Para argamassas no estado endurecido, uma propriedade importante é a de ter aderência às unidades (blocos ou tijolos), afim de que a interface possa resistir a esforços e de possuir estanqueidade a água de chuva.
A aderência não é uma característica exclusiva da argamassa, pois está intimamente relacionada às características do bloco e da argamassa.
A interação entre os componentes de alvenaria e a argamassa de ligação (junta) é a propriedade responsável pela monoliticidade da alvenaria.
EXTENSÃO DE ADERÊNCIA: Corresponde à razão entre a área de contato efetivo bloco/argamassa e a área total possível a ser unida.
ALVENARIA
CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS:
 Argamassa de Cimento: É feita com cimento e areia e adquire alta resistência com rapidez. Tem a desvantagem de apresentar pouca trabalhabilidade para as misturas pobres, enquanto que as misturas ricas são antieconômicas e podem facilitar o aparecimento de fissuras.
 Argamassas Mistas: São constituídas de cimento, cal e areia, quando adequadamente dosadas, apresentam a combinação das vantagens das argamassas de cal e de cimento.
ALVENARIA
A presença do cimento confere boa resistência à compressão, a cal melhora a trabalhabilidade da mistura.
 Argamassas Aditivadas: Neste tipo de argamassa a cal é substituída por aditivo, geralmente um incorporador de ar. Resulta uma argamassa de menor resistência à compressão se comparadas as produzidas com cal.
A utilização do incorporador de ar pode também ocasionar problemas de aderência, bem como dureza superficial muito baixa.
ALVENARIA
ALVENARIA
ARGAMASSA – FORMA DE PRODUÇÃO:
Essa definição é um parâmetro de grande importância na organização do canteiro de obras, a fim de que se possam prever os equipamentos necessários, as áreas para estoque de materiais e para preparo da argamassa e os meios de transporte.
As necessidades de áreas de estoque diferem significativamente em função do tipo de argamassa a ser utilizada.
Convencional – Virada na obra
Industrializada –Ensacada/Silos 
Estabilizada - Concreteiras
ARGAMASSA CONVENCIONAL
Há grande necessidade de espaço para equipamentos e mão de obra.
Os espaços referem-se ao estoque dos aglomerantes (cimento e cal) em local protegido de intempéries, estoque de agregados miúdos e também da argamassa intermediária (mistura de cal e areia).
Os equipamentos referem-se a peneiradores de agregados, dosadores de materiais (padiolas de volume conhecido), misturadores e equipamentos para transporte da argamassa produzida.
ALVENARIA
ALVENARIA
ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA:
Para as a rgamassas fornecidas em silos, há apenas a necessidade de se prever o local para o posicionamento do silo (contendo os materiais) e do misturador e de se definir a forma de transporte.
O emprego desse sistema de produção de argamassa ocupa um reduzido contingente de mão de obra para a realização dos serviços, uma vez que é necessário apenas um operário no comando do misturador.
Também existe uma redução nos custos na compra do material.
Indicada para obras com grande consumo de argamassa.
ALVENARIA
Argamassa em silo
ALVENARIA
ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA – ENSACADA
	A ARGAMASSA ENSACADA (industrializada), (cimento + aditivo + areia) é comprada em sacos e estocada em local protegido.
Neste sistema a argamassa é colocada no pavimento onde será executada a alvenaria.
A mistura é feita em a rgamassadeiras simplesmente com o acréscimo de água.
Nesse sistema de argamassa industrializada, fornecida em sacos, deve-se prever um local protegido para a estocagem do material, equipamento para transporte até o pavimento em que será aplicada e ainda equipamento de pequeno porte para a produção da argamassa no próprio pavimento.
O emprego desse sistema de produção reduz mão de obra, espaço para a estocagem de material, areia e cimento, com melhor qualidade no produto final.
ALVENARIA
ALVENARIA
ALVENARIA
Argamassadeira
ALVENARIA
PRÉ – FABRICADA OU DOSADA EM CENTRAL, ENTREGUE PRONTA POR CAMINHÕES BETONEIRA:
Garantiadas quantidades de materiais seguirem o traço pré-determinado (do fornecedor).
Garantia das propriedades esperadas, melhor qualidade.
Exige uso de aditivos estabilizadores de pega e deve-se obedecer o tempo de utilização das mesmas informado pelo fornecedor para a garantia da qualidade do produto.
 Reduz consideravelmente o custo com mão de obra e garante melhor qualidade do produto final.
 Reduz espaço no canteiro destinado ao armazenamento de areia, cimento, consumo de água, energia e locação com betoneira.
ALVENARIA

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