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07 Administração Pública

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SUMÁRIO
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO FEDERAL: ENUMERAÇÃO E DESCRIÇÃO .......2
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL: ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA, ESTRUTURAÇÃO, CARACTERÍSTICAS 
E DESCRIÇÃO DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICOS ................................................................................7
OS MINISTÉRIOS E RESPECTIVAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA .......................................................................17
OS PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO..........................................................................25
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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Princípios fundamentais que regem a Administração 
Federal: enumeração e descrição.
Conceito de princípios:
São regras que servem de interpretação das demais 
normas jurídicas, apontando os caminhos que devem ser 
seguidos pelos aplicadores da lei. Os princípios procuram 
eliminar lacunas, oferecendo coerência e harmonia para o 
ordenamento jurídico.
Localização dos princípios da Administração Pública:
Alguns princípios encontram-se no artigo 37 da Cons-
tituição, mas não esgotam a matéria. Exemplo de princípios 
que não estão no rol do artigo 37 da Constituição: O Prin-
cípio da isonomia, o Princípio da supremacia do interesse 
público, o Princípio da proporcionalidade, o Princípio da fina-
lidade, o Princípio da motivação.
Tendo em vista que o rol do artigo 37 da Constituição 
Federal é exemplificativo, os Estados podem criar outros 
quando da elaboração da sua Constituição (poder cons-
tituinte derivado), mas observando aqueles previstos na 
Constituição Federal (art. 25 da CF). O artigo 111 da Cons-
tituição do Estado de São Paulo determina que a Adminis-
tração Pública direta, indireta e fundacional de qualquer dos 
poderes do Estado obedecerá aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilidade, 
finalidade, motivação e interesse público.
Os Municípios e o Distrito Federal também têm essa 
possibilidade quando da elaboração de suas leis orgânicas, 
desde que observados os previstos na Constituição Federal 
(art. 29 e 32 da CF).
O legislador infraconstitucional também pode estabele-
cer outros princípios, desde que não exclua aqueles previs-
tos no artigo 37 da Constituição Federal.
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Significa que os atos dos servidores públicos, no exer-
cício das suas funções, devem ser realizados em conformi-
dade com a lei.
Importância: 
O Princípio da legalidade é fundamento do Estado 
democrático de direito, tendo por fim combater o poder arbi-
trário do Estado. Os conflitos devem ser resolvidos pela lei e 
não mais através da força.
Conceito:
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II da CF).
O Princípio da legalidade aparece simultaneamente 
como um limite e como uma garantia, pois ao mesmo tempo 
em que é um limite a atuação do Poder Público, visto que 
este só poderá atuar com base na lei, também é uma garan-
tia a nós administrados, visto que só deveremos cumprir as 
exigências do Estado se estiverem previstas na lei. Se as 
exigências não estiverem de acordo com a lei serão invá-
lidas e, portanto, estarão sujeitas a um controle do Poder 
Judiciário.
Segundo o princípio da legalidade, o administrador 
não pode fazer o que bem entender na busca do interesse 
público, ou seja, tem que agir segundo a lei, só podendo 
fazer aquilo que a lei expressamente autoriza e no silêncio 
da lei esta proibido de agir. Já o administrado pode fazer 
tudo aquilo que a lei não proíbe e o que silencia a respeito. 
Portanto, tem uma maior liberdade do que o administrador. 
Assim, se diz que no campo do direito público a ativi-
dade administrativa deve estar baseada numa relação de 
subordinação com a lei (“Administrar é a aplicar a lei de 
ofício”, “É aplicar a lei sempre”) e no campo do direito pri-
vado a atividade desenvolvida pelos particulares deve estar 
baseada na não contradição com a lei.
Conceito de Lei:
Quando o princípio da legalidade menciona “lei” quer 
referir-se a todos os atos normativos primários que tenham 
o mesmo nível de eficácia da lei ordinária. Ex.: Medidas pro-
visórias, resoluções, decretos legislativos. Não se refere aos 
atos infralegais, pois estes não podem limitar os atos das 
pessoas, isto é, não podem restringir a liberdade das pes-
soas.
A Administração, ao impor unilateralmente obrigações 
aos administrados por meio de atos infralegais, deverá fazê-
-lo dentro dos limites estabelecidos por aquela lei à qual 
pretendem dar execução. “Compete privativamente ao Pre-
sidente da República sancionar, promulgar e fazer publicar 
as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para 
sua fiel execução” (art. 84, IV da CF). “Cabe ao Congresso 
Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que 
exorbitem o poder regulamentar ou dos limites da delegação 
legislativa” (art. 49, V da CF).
Princípio da legalidade em outros ramos do direito:
No direito penal (Princípio da estrita legalidade): 
Também aparece como limite à atuação do Estado e como 
garantia dos administrados contra os abusos do direito de 
punir, visto que uma conduta só poderá ser considerada 
como crime e punida, se estiver prevista previamente em lei.
“Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal” (art. 5º, XXIX da Constituição 
Federal).
No direito tributário: Também se apresenta como limite 
à atuação do Estado, visto que a União, os Estado, o Distrito 
Federal e os Municípios não poderão exigir, nem majorar tri-
butos, senão em virtude de lei (art. 150 da CF). Há exceções 
que serão estudadas em direito tributário.
O PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
É o caráter do que é feito em público e em nome do 
público: implica a visibilidade e transparência das decisões 
e ações e a responsabilidade pública pelos atos praticados.
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Conceito:
A Administração tem o dever de manter plena transpa-
rência de todos os seus comportamentos, inclusive de ofere-
cer informações que estejam armazenadas em seus bancos 
de dados, quando sejam solicitadas, em razão dos interes-
ses que ela representa quando atua. 
“Todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor-
mações de seu interesse particular, ou de interesse cole-
tivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena 
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja 
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado” (art. 
5º, XXXIII da CF). O prazo para que as informações sejam 
prestadas é de 15 dias (Lei n. 9.051/1995).
“A lei disciplinará as formas de participação do usuário 
na Administração direta e indireta, regulando especialmente 
o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 
5º, X e XXXIII” (art. 37, §3º, II da CF). 
Exceções ao Princípio da Publicidade:
Tendo em vista que algumas informações deverão 
permanecer em sigilo, podemos concluir que o princípio da 
publicidade não é absoluto.
Informações que comprometam o direito a intimidade 
das pessoas (art. 37, §3º, II da CF): “São invioláveis a inti-
midade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação” (art. 5º, X da CF).
Informações de interesse particular ou coletivo quando 
imprescindíveis para a segurança da sociedade ou do 
Estado (art. 5º, XXXIII da CF).
Garantias contra a negativa injustificada de ofereci-
mento pelo Poder Público:
Habeas data: Tem cabimento quando a informação 
negada injustificadamente é personalíssima (a respeito do 
requerente). Toda informação ao meu respeitoé de meu 
interesse particular, mas nem toda informação de meu inte-
resse particular é ao meu respeito.
Mandado de segurança: Tem cabimento quando a 
informação negada injustificadamente é de meu interesse 
privado ou coletivo ou geral. 
Cabe mandado de segurança, pois tenho direito líquido 
e certo a obter informações de meu interesse privado ou 
coletivo e geral. Ex.: Informação sobre o número em que 
está o precatório; Sobre um parente que desapareceu; 
sobre plano de desapropriação em determinado imóvel; 
Sobre transferência de um preso para outra penitenciária.
A negativa de publicidade aos atos oficiais caracteriza 
improbidade administrativa. Improbidade administrativa que 
atenta contra os princípios da Administração Pública (art. 11, 
IV da Lei n. 8.429/1992).
O não oferecimento de certidões de atos ou contratos 
municipais, dentro do prazo estabelecido em lei, gera como 
consequência a caracterização de crime de responsabili-
dade do prefeito (art.1º, XV do Decreto-Lei n. 201/1967).
O PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
A impessoalidade é a característica que tona as ações 
dos servidores públicos independentes de qualquer Particu-
laridade.
Conceito:
A Administração deve manter-se numa posição de neu-
tralidade em relação aos administrados, ficando proibida de 
estabelecer discriminações gratuitas. Só pode fazer discri-
minações que se justifiquem em razão do interesse coletivo, 
pois as gratuitas caracterizam abuso de poder e desvio de 
finalidade, que são espécies do gênero ilegalidade. 
Impessoalidade para ingressar na Administração 
Pública: O administrador não pode contratar quem quiser, 
mas somente quem passar no concurso público, respeitando 
a ordem de classificação. O concurso pode trazer discrimi-
nações, mas não gratuitas, devendo assim estar relacionada 
à natureza do cargo.
Impessoalidade na contratação de serviços ou aquisi-
ção de bens: O administrador só poderá contratar através 
de licitação. O edital de licitação pode trazer discriminações, 
mas não gratuitas. 
Impessoalidade na liquidação de seus débitos: A Admi-
nistração tem que respeitar a ordem cronológica de apresen-
tação dos precatórios para evitar privilégios. Se for quebrada 
a ordem pode gerar sequestro de verbas públicas, crime de 
responsabilidade e intervenção federal.
“À exceção dos créditos de natureza alimentar, os 
pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou 
Municipal, em virtude de sentença judiciária far-se-ão exclu-
sivamente na ordem cronológica de apresentação dos pre-
catórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a desig-
nação de casos ou pessoas nas dotações orçamentárias e 
nos créditos adicionais abertos para este fim” (art. 100 da CF).
Teoria do órgão:
Esta Teoria atribui a responsabilidade pelos danos cau-
sados a terceiros, em vista de atos administrativos, não ao 
agente que o praticou, mas à pessoa jurídica por ele repre-
sentada.
“As pessoas jurídicas de direito público e as de direito 
privado prestadoras de serviço público responderão pelos 
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a ter-
ceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsá-
vel nos casos de dolo ou culpa” (art. 37, §6º da CF).
Publicidade nos meios de comunicação de atos do 
governo:
“A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e 
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educa-
tivo, informativo, ou de orientação social, dela não podendo 
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem pro-
moção pessoal de autoridade ou servidores públicos” (art. 
37, §1º da CF).
A publicidade dos atos de governo deve ser impessoal 
em razão dos interesses que o Poder Público representa 
quando atua. Tal publicidade é uma obrigação imposta ao 
administrador, não tendo qualquer relação com a com a pro-
paganda eleitoral gratuita.
O PRINCÍPIO DA MORALIDADE
Está relacionado aos princípios ético-filosóficos que 
regem as democracias modernas e que se aplicam seja de 
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Nota
prazo improrrogável de quinze dias, contado do registro do pedido no órgão expedidor
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Nota
Entenda-se por discriminações gratuitas a concessão, utilizando a máquina pública, de privilégios a apadrinhados.
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modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, seja em refe-
rência às ações de grupos ou pessoas determinadas: a jus-
tiça, a equidade e a probidade.
Conceito:
A Administração deve atuar com moralidade, isto é de 
acordo com a lei. Tendo em vista que tal princípio integra o 
conceito de legalidade, decorre a conclusão de que ato imoral 
é ato ilegal, ato inconstitucional e, portanto, o ato administra-
tivo estará sujeito a um controle do Poder Judiciário.
Instrumento para se combater a imoralidade dos 
atos administrativos:
Ação Civil Pública: Só pode ser promovida por pessoa 
jurídica. Ex.: Ministério Público, Associação de Classe etc.
Ação Popular: Só pode ser promovida por pessoa física 
que esteja no pleno exercício dos direitos políticos. 
“Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação 
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público 
ou entidade de que o Estado participe, à moralidade admi-
nistrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cul-
tural, ficando o autor, salvo comprovada má fé, isento de 
custas judiciais e ônus de sucumbência” (art. 5º, LXXIII da 
CF). Tendo em vista que só se anula o que é ilegal, confirma-
-se a idéia de que ato imoral é ato ilegal.
“Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação 
popular” (súmula 365 do STF).
O prazo prescricional para propositura da ação de 
improbidade administrativa é de 5 anos a contar do término 
do exercício do mandato, cargo em comissão ou função de 
confiança (art. 23, I, da Lei n. 8.429/1992)
Hipóteses exemplificativas de imoralidade adminis-
trativa:
Atos de improbidade administrativa que importem em 
enriquecimento ilícito (art. 9º da Lei n. 8429/1992). Ex.: Uti-
lização em obra ou serviço particular, de veículos, materiais 
ou equipamentos públicos.
Atos de improbidade administrativa que importem em 
prejuízo ao erário (art. 10 da Lei n. 8429/1992). Ex.: Aquisi-
ção, permuta ou locação de bem ou serviço por preço supe-
rior ao do mercado.
Atos de improbidade administrativa que atentem contra 
os princípios da Administração (art. 11 da Lei n. 8.429/1992). 
Ex.: Fraude à licitude de concurso público.
É crime de responsabilidade o ato do Presidente da 
República que atente contra a Constituição Federal, espe-
cialmente contra probidade administrativa (art. 85, V da CF).
Sanções aos agentes públicos que pratiquem atos 
imorais:
“Os atos de improbidade administrativa importarão na 
suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, 
a indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário 
(cofres públicos), na forma e gradação previstas em lei, sem 
prejuízo da ação penal cabível” (art. 37, §4º da CF). 
Estas sanções podem ser aplicadas simultaneamente, 
precedendo de instrumentos que apurem as irregularidades 
praticadas pelo servidor, ou seja, de processo administra-
tivo disciplinar ou sindicância, garantindo o contraditório e a 
ampla defesa. 
Cabe ao legislador infraconstitucional estabelecer a 
forma e a gradação dessas sanções.
COMINAÇÕES PREVISTAS NA LEI N. 8.429/1992
Na hipótese dos atos de improbidade administrativa 
que importem em enriquecimento ilícito (art. 12, I da Lei n. 
8.429/1992):
• Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente 
ao patrimônio
• Ressarcimento integral do dano, quando houver
• Perda da função pública
• Suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos
• Pagamento de multa de até 3 vezes o valor do 
acréscimo patrimonial
• Proibição de contratar com o Poder Públicoou rece-
ber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, 
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio 
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo de 10 anos
Na hipótese dos atos de improbidade administrativa que 
causem prejuízo ao erário (art. 12, II da Lei n. 8.429/1992):
• Ressarcimento integral do dano.
• Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente 
ao patrimônio, se concorrer esta circunstância.
• Perda da função pública.
• Suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos.
• Pagamento de multa civil de até 2 vezes o valor do dano.
• Proibição de contratar com o Poder Público ou rece-
ber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, 
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio 
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo de 5 anos. 
Na hipótese dos atos de improbidade administrativa 
que atentem contra os princípios da Administração Pública 
(art. 12, III da Lei n. 8429/1992):
• Ressarcimento integral do dano, se houver.
• Perda da função pública.
• Suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos.
• Pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor 
da remuneração percebida pelo agente.
• Proibição de contratar com o Poder Público ou rece-
ber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, 
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio 
de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, 
pelo prazo de 3 anos. 
O PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Significa que os atos da administração pública devem 
ser desempenhados visando a melhor relação custo/benefí-
cio na gestão dos recursos públicos.
Conceito:
A Administração Pública deve buscar um aperfeiço-
amento na prestação dos serviços públicos, mantendo ou 
melhorando a qualidade dos serviços, com economia de 
despesas. - Binômio: qualidade nos serviços + racionalidade 
de gastos.
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É relevante lembrar que mesmo antes da inclusão 
deste princípio na Constituição com a emenda constitucio-
nal 19/1998, a Administração já tinha a obrigação de ser 
eficiente na prestação de serviços. Ex.: Lei 8078/90; Lei 
8987/95.
Princípio da Eficiência na Constituição:
“A investidura em cargo ou emprego público depende 
de aprovação prévia em concurso público de provas ou 
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade 
do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas 
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de 
livre nomeação e exoneração” (art. 37, II da CF). Também 
presente no princípio da impessoalidade.
“A União, os Estados, e o Distrito Federal manterão 
escolas de governo para formação e aperfeiçoamento dos 
servidores públicos, constituindo-se a participação nos 
cursos como um dos requisitos para a promoção na carreira, 
facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos 
entre os entes federados” (art. 39, §2º da CF).
O servidor nomeado para cargo de provimento efetivo 
em virtude de concurso público submete-se a um estágio 
probatório de 3 anos, em que o administrador irá apurar a 
eficiência na prática (art. 41 da CF). Ex.: O administrador 
verificará a frequência, o rendimento do trabalho, o cumpri-
mento de ordens emitidas pelo superior.
“Como condição à aquisição de estabilidade, o servidor 
está submetido à avaliação de desempenho por uma comis-
são constituída para essa finalidade” (art. 41, §4º da CF): 
Trata-se de uma norma de eficácia limitada, pois esta na 
inteira dependência de uma lei que dirá quem vai integrar a 
comissão, quais serão os critérios, quais matéria serão ava-
liadas e etc.
O servidor público estável poderá perder o cargo em 
razão de insuficiência de desempenho, mediante procedi-
mento de avaliação periódica de desempenho, na forma da 
lei complementar, assegurada a ampla defesa e contradi-
tório (art. 41, III da CF): Trata-se de uma norma de eficácia 
limitada, pois está na inteira dependência da lei.
“A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá 
exceder aos limites estabelecidos em lei complementar” (art. 
169 da CF). 
A LC 101/00 estabeleceu que a União não pode gastar 
com seu pessoal mais de 50% do que arrecada. Já os Muni-
cípios e os Estados não podem gastar mais de 60% do que 
arrecadam. Para cumprimento destes limites acima o Poder 
Público pode tomar algumas medidas (art. 169, §3º da CF):
Redução de pelo menos 20% as despesas com servi-
dores que titularizem cargo em comissão e função de con-
fiança (art. 169, §3º, I da CF).
Exoneração dos servidores não estáveis (art. 169, §3º, 
II da CF).
Se as medidas acima não forem suficientes, dispensa-
rão servidores estáveis, desde que o ato normativo especi-
fique a atividade funcional, o órgão ou unidade administra-
tiva objeto de redução de pessoal (art. 169, §4º da CF). O 
Poder Público deve demonstrar porque a escolha recaiu em 
determinado servidor, tendo em vista que os critérios não 
são livres, isto é, que deve considerar o tempo de serviço, a 
remuneração percebida o número de dependentes, a idade 
do servidor e etc.
Assim, o servidor público pode perder o cargo por 
excesso de quadro ou despesa, quando o Poder Público 
estiver gastando mais do que lhe for permitido, sendo asse-
gurado o contraditório e ampla defesa.
“A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos 
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá 
ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus 
administradores e o poder público, que tenha por objeto a 
fixação de metas de desempenho para órgão ou entidade, 
cabendo à lei dispor sobre: o prazo de duração do contrato; 
os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes, a remu-
neração do pessoal” (art. 37, §8º, I, II e III da CF): Trata-
-se do contrato de gestão através do qual se oferece maior 
autonomia às Autarquias e Fundações em troca do atingi-
mento, durante prazo certo e determinado de novas metas 
de desempenho (Agências executivas).
“Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamen-
tários provenientes da economia com despesas decorren-
tes de cada órgão, autarquia e fundação, para aplicação no 
desenvolvimento de programas de qualidade e produtivi-
dade, treinamento e desenvolvimento, modernização, rea-
parelhamento e racionalização do serviço público, inclusive 
sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade” (art. 
39, §7º da CF).
PRINCÍPIOS DA NOVA GESTÃO PÚBLICA
• Focalização da ação do Estado no cidadão
• Reorientação dos mecanismos de controle por 
resultados
• Flexibilidade administrativa
• Controle social
• Valorização do servidor
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PREVISTOS E 
NÃO PREVISTOS NO ARTIGO 37 DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU IGUALDADE FORMAL
Conceito:
Aristóteles afirmava que a lei tinha que dar tratamento 
desigual às pessoas que são desiguais e igual aos iguais. A 
igualdade não exclui a desigualdade de tratamento indispen-
sável em face da particularidade da situação.
A lei só poderá estabelecer discriminações se o fator 
de descriminação utilizado no caso concreto estiver relacio-
nado com o objetivo da norma, pois caso contrário ofenderá 
o princípio da isonomia. Ex.: A idade máxima de 60 anos 
para o cargo de estivador está relacionado com o objetivo 
da norma.
A lei só pode tratar aspessoas de maneira diversa se 
a distinção entre elas justificar tal tratamento, senão seria 
inconstitucional. Assim, trata diferentemente para alcançar 
uma igualdade real (material, substancial) e não uma igual-
dade formal. 
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Princípio da Isonomia na Constituição:
“Constituem objetivos fundamentais da República Fede-
rativa do Brasil: promover o bem de todos sem preconceitos 
de origem, raça, sexo, cor idade e qualquer outras formas de 
discriminação” (art. 3º, IV da Constituição Federal).
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual-
quer natureza...” (art. 5º da Constituição Federal).
“São direitos dos trabalhadores: Proibição de diferença 
de salário, de exercício de funções e de critério de admissão 
por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil” (art. 7º, XXX 
da Constituição Federal).
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO
Conceito:
A Administração está obrigada a motivar todos os atos 
que edita, pois quando atua representa interesses da coleti-
vidade. É preciso dar motivação dos atos ao povo, pois ele é 
o titular da res publica (coisa pública). 
O administrador deve motivar até mesmo os atos dis-
cricionários (aqueles que envolvem juízo de conveniência e 
oportunidade), pois só com ela o cidadão terá condições de 
saber se o Estado esta agindo de acordo com a lei. Para 
Hely Lopes Meirelles, a motivação só é obrigatória nos atos 
vinculados.
Há quem afirme que quando o ato não for praticado de 
forma escrita (Ex.: Sinal, comando verbal) ou quando a lei 
especificar de tal forma o motivo do ato que deixe induvi-
doso, inclusive quanto aos seus aspectos temporais e espa-
ciais, o único fato que pode se caracterizar como motivo do 
ato (Ex.: aposentadoria compulsória) não será obrigatória a 
motivação. Assim, a motivação só será pressuposto de vali-
dade do ato administrativo, quando obrigatória.
Motivação segundo o Estatuto do servidor público da 
União (Lei n. 8112/1990):
Segundo o artigo 140 da Lei n. 8.112/1990, motivar tem 
duplo significado. Assim, o ato de imposição de penalidade 
sempre mencionará o fundamento legal (dispositivos em 
que o administrador baseou sua decisão) e causa da sanção 
disciplinar (fatos que levarão o administrador a aplicar o dis-
positivo legal para àquela situação concreta). 
A lei, quando é editada é genérica, abstrata e impessoal, 
portanto é preciso que o administrador demonstre os fatos que 
o levaram a aplicar aquele dispositivo legal para o caso con-
creto. Só através dos fatos que se pode apurar se houve razo-
abilidade (correspondência) entre o que a lei abstratamente 
prevê e os fatos concretos levados ao administrador.
Falta de Motivação:
A falta de motivação leva à invalidação, à ilegitimidade 
do ato, pois não há o que falar em ampla defesa e con-
traditório se não há motivação. Os atos inválidos por falta 
de motivação estarão sujeitos também a um controle pelo 
Poder Judiciário.
Motivação nas decisões proferidas pelo Poder Judi-
ciário:
Se até mesmo no exercício de funções típicas pelo 
Judiciário, a Constituição exige fundamentação, a mesma 
conclusão e por muito maior razão se aplica para a Adminis-
tração quando da sua função atípica ou principal.
“Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciá-
rio serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob 
pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o 
exigir, limitar em determinados atos às próprias partes e 
seus advogados, ou somente a estes” (art. 93, IX da CF).
“As decisões administrativas dos tribunais serão moti-
vadas, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria 
absoluta de seus membros” (art. 93, X da CF).
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
Conceito:
A Administração Pública tem possibilidade de revisar 
(rever) seus próprios atos, devendo anulá-los por razões de 
ilegalidade (quando nulos) e podendo revogá-los por razões 
de conveniência ou oportunidade (quando inoportunos ou 
inconvenientes).
Anulação: Tanto a Administração como o Judiciário podem 
anular um ato administrativo. A anulação gera efeitos ex tunc, 
isto é, retroage até o momento em que o ato foi editado, com a 
finalidade de eliminar todos os seus efeitos até então. 
“A Administração pode declarar a nulidade dos seus 
próprios atos” (súmula 346 STF).
Revogação: Somente a Administração pode fazê-la. 
Caso o Judiciário pudesse rever os atos por razões de con-
veniência ou oportunidade estaria ofendendo a separação 
dos poderes. A revogação gera efeitos ex nunc, pois até o 
momento da revogação o ato era válido.
Anulação Revogação
Fundamento Por razões de 
ilegalidade
Por razões de conve-
niência e oportunidade
Competência Administração e 
Judiciário
Administração
Efeitos Gera efeitos ex 
tunc
Gera efeitos ex nunc
Alegação de direito adquirido contra ato anulado e 
revogado:
Em relação a um ato anulado não se pode invocar 
direito adquirido, pois desde o início o ato não era legal. Já 
em relação a um ato revogado pode se invocar direito adqui-
rido, pois o ato era válido. 
“A Administração pode anular seus próprios atos 
quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque 
deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivos 
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos 
adquiridos e ressalvados em todos os casos, a apreciação 
judicial” (2ª parte da súmula 473 do STF).
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA PRESTAÇÃO DO SER-
VIÇO PÚBLICO
Conceito:
A execução de um serviço público não pode vir a ser 
interrompida. Assim, a greve dos servidores públicos não 
pode implicar em paralisação total da atividade, caso contrá-
rio será inconstitucional (art. 37, VII da CF).
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Não será descontinuidade do serviço público:
• Serviço público interrompido por situação emer-
gencial (art. 6º, §3º da Lei n. 8987/1995): Interrup-
ção resultante de uma imprevisibilidade. A situação 
emergencial deve ser motivada, pois resulta de ato 
administrativo.
Se a situação emergencial decorrer de negligência do 
fornecedor, o serviço público não poderá ser interrompido.
• Serviço público interrompido, após aviso prévio, por 
razões de ordem técnica ou de segurança das ins-
talações (art. 6º, §3º, I da Lei n. 8.987/1995).
• Serviço público interrompido, após aviso prévio, no 
caso de inadimplência do usuário, considerado o 
interesse da coletividade (art. 6º, §3º, II da Lei n. 
8.987/1995): Cabe ao fornecedor provar que avisou 
e não ao usuário, por força do Código de Defesa 
do Consumidor. Se não houver comunicação, o 
corte será ilegal e o usuário poderá invocar todos 
os direitos do consumidor, pois o serviço público é 
uma relação de consumo, já que não deixa de ser 
serviço só porque é público.
Há várias posições sobre esta hipótese. Há quem 
entenda que o serviço público pode ser interrompido nesta 
hipótese, pois, caso contrário, seria um convite aberto à 
inadimplência e o serviço se tornaria inviável à concessioná-
ria, portanto autoriza-se o corte para preservar o interesse 
da coletividade (Posição das Procuradorias).
O fornecedor do serviço tem que provar que avisou por 
força do Código de Defesa do Consumidor, já que serviço 
público é uma relação de consumo. Se não houver comuni-
cação o corte será ilegal. 
Há quem entenda que o corte não pode ocorrerem 
razão da continuidade do serviço. O art. 22 do CDC dispõe 
que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas, conces-
sionárias, permissionárias, ou sob qualquer outra forma de 
empreendimento são obrigados a fornecer serviços adequa-
dos, eficientes, seguros e quanto aos essenciais contínuos”. 
“Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obriga-
ções referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas com-
pelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma 
prevista neste Código” (art. 22, parágrafo único do CDC).
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
Conceito:
O Poder Público está obrigado, a cada ato que edita, a 
mostrar a pertinência (correspondência) em relação à pre-
visão abstrata em lei e os fatos em concreto que foram tra-
zidos à sua apreciação. Este princípio tem relação com o 
princípio da motivação.
Se não houver correspondência entre a lei o fato, o ato 
não será proporcional. Ex.: Servidor chegou atrasado no 
serviço. Embora nunca tenha faltado, o administrador, por 
não gostar dele, o demitiu. Há previsão legal para a demis-
são, mas falta correspondência para com a única falta apre-
sentada ao administrador.
ADMINISTRAÇÃO FEDERAL: ADMINISTRAÇÃO DIRETA E 
INDIRETA, ESTRUTURAÇÃO, CARACTERÍSTICAS E DESCRI-
ÇÃO DOS ÓRGÃOS E ENTIDADES PÚBLICOS
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Centralização, Descentralização, Concentração e 
Desconcentração
A concentração e a desconcentração ocorrem no 
âmbito de uma mesma pessoa. 
Concentração – ocorre o inverso da desconcentração, 
ou seja, há uma transferência das atividades dos órgãos 
periféricos para os centrais. 
Desconcentração – a desconcentração é uma técnica 
administrativa de simplificação e aceleração do serviço 
dentro da mesma entidade, diversamente da descentraliza-
ção, que é uma técnica de especialização, consistente na 
retirada do serviço dentro de uma entidade e transferência a 
outra para que o execute com mais perfeição e autonomia.
Ocorre desconcentração quando as atividades são dis-
tribuídas do centro para a periferia de entidades superiores 
para inferiores (âmbito da hierarquia), dentro da mesma enti-
dade ou da mesma pessoa jurídica. 
�bs.:� Tanto a concentração como a desconcentração 
poderá ocorrer na estrutura administrativa centrali-
zada ou descentralizada.
CARACTERÍSTICAS DA DESCONCENTRAÇÃO 
a) Mesma pessoa jurídica – a desconcentração ocorre 
no âmbito da mesma pessoa jurídica. A entidade pública dis-
tribui serviço entre seus próprios departamentos ou órgãos 
subalternos; é a distribuição interna de complexos de com-
petências, agrupadas em unidades individualizadas; refere-
-se a uma só pessoa. Essa desconcentração pode ocorrer 
tanto na administração pública direta como na indireta. 
b) Vínculos hierárquicos – como a desconcentração 
ocorre dentro da mesma pessoa jurídica, a relação se dá 
entre a entidade e seus departamentos ou órgãos subordina-
dos. Opera-se, sempre, por meio de vínculo hierárquico, isto 
é, toda e qualquer conduta do órgão subordinado deve obe-
decer aos ditames da entidade pública (órgão subordinante). 
c) Controle – não havendo independência do órgão 
subordinado o órgão subordinante é o que detém o poder de 
controle, decisão e comando, estando o órgão subordinado 
sempre sujeito ao controle hierárquico. Esse controle visa, 
em especial, a consecução dos objetivos e a eficiência da 
gestão da entidade pública, assim, as normas de controle 
das atividades administrativas são sempre estabelecidas 
pelo órgão subordinante.
DESCENTRALIZAÇÃO
a) Centralização – a administração centralizada é a 
administração direta, nela os serviços e a competência para 
prestá-los estão distribuídos pelos diversos órgãos que com-
põem a entidade política por eles responsável. 
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Destarte, o serviço centralizado é o que o Poder 
Público presta por seus próprios órgãos em seu nome e sob 
sua exclusiva responsabilidade. Em tais casos o Estado é 
ao mesmo tempo, titular e prestador do serviço, que per-
manece integrado na Administração Direta (Decreto Lei n. 
200/1967, art. 4º, I). 
Na centralização há concentração dentro de uma estru-
tura cêntrica. Na esfera federal os mais amplos órgãos 
são os Ministérios: na estadual, distrital e municipal são as 
Secretarias. 
A União é um exemplo de centralização administrativa 
– mas as atribuições podem ser exercidas por seus órgãos 
centrais – há concentração dentro de uma estrutura centrali-
zada. Também pode haver desconcentração dentro de uma 
estrutura centralizada – quando há delegação de atribuição. 
b) Descentralização – Serviço descentralizado é todo 
aquele em que o Poder Público transfere sua titularidade ou, 
simplesmente, sua execução, por outorga ou delegação, a 
autarquias, entidades paraestatais, empresas privadas ou 
particulares individualmente. Há outorga quando o Estado 
cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado ser-
viço público ou de utilidade pública; há delegação quando o 
Estado transfere, por contrato (concessão) ou ato unilateral 
(permissão ou autorização), unicamente a execução do ser-
viço, para que o delegado o preste ao público em seu nome 
e por sua conta e risco, nas condições regulamentares e sob 
controle estatal. 
Desta forma, ocorre descentralização quando o poder 
de decisão em matérias específi cas a entes dotados de 
personalidade jurídica própria. É dizer, na administração 
descentralizada a realização das atividades é feita pela 
empresa (pública ou privada) criada para a consecução de 
determinada atividade, ou seja, a realização das atividades 
ocorre em nome próprio. Há também a transferência da ati-
vidade decisória, pois compete a unidade descentralizada 
a decisão da conveniência e oportunidade para realização 
de obras ou serviços (não competindo tal decisão ao poder 
público tenha outorgado ou delegado dada atividade). 
Para que ocorra descentralização é mister: 
– Atribuição de personalidade jurídica ao ente 
criado, diverso da matriz (União, Estados, Dis-
trito Federal e Municípios).
– Conferir ao ente desconcentração do poder 
decisório, ou seja, haverá a criação de um ente 
descentralizado com personalidade jurídica pró-
pria, autônoma da matriz (art. 37, CF/88 e art. 3º 
CEMG). 
– Órgãos e patrimônio próprios. Devendo obser-
var formas de se suster independentes da 
matriz, a partir do exercício da atividade para 
qual fora criada. 
– Estabelecimento de normas para controle ou 
tutela específi ca (tutela DL 200/67 – art. 19 a 
29), nos limites da lei, pelo órgão instituidor.
– Impossibilidade de avocação é dizer impossível 
envolvimento na administração do ente descen-
tralizado, não pode a União intervir na adminis-
tração do INSS. 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, descentrali-
zação é a distribuição de competências de uma para outra 
pessoa, física ou jurídica. Já desconcentração consiste 
na distribuição interna de competências dentro da mesma 
pessoa jurídica.
Na descentralização política encontramos a presença 
de atribuições ou competências próprias, não decorrentes 
do ente central. É o caso da federação brasileira. Na des-
centralização administrativa as atribuições ou competências 
distribuídas decorrem do poder central.
As três modalidades de descentralização adminis-
trativa são: 
(a) territorial ou geográfi ca – onde existe uma entidade 
local geografi camente delimitada. Exemplo: Territórios Fede-
rais;
(b) por serviços – na qual há a criação de uma pessoa 
jurídica de direito público ou de direitoprivado e a atribuição 
a ela da titularidade e da execução de determinado serviço 
público. Exemplo: autarquia;
(c) por colaboração – neste caso, verifi ca-se a pre-
sença de contrato ou ato administrativo unilateral de trans-
ferência somente da execução do serviço público. Exemplo: 
concessionária de telefonia.
O Decreto-Lei n. 200, de 1967, estabeleceu o princí-
pio da descentralização como um dos nortes da Reforma 
Administrativa federal. Entretanto, as hipóteses elencadas 
no referido diploma legal (art. 10) não se caracterizam, em 
regra, como de descentralização.
CAPÍTUL� III
DA DESCENTRALIZAÇÃ�
Art. 10. A execução das atividades da Administra-
ção Federal deverá ser amplamente descentralizada. 
§1º A descentralização será posta em prática em 
três planos principais: 
a) dentro dos quadros da Administração Federal, 
distinguindo-se claramente o nível de direção do de 
execução; 
b) da Administração Federal para a das unidades 
federadas, quando estejam devidamente aparelhadas 
e mediante convênio; 
c) da Administração Federal para a órbita pri-
vada, mediante contratos ou concessões. 
§2° Em cada órgão da Administração Federal, os 
serviços que compõem a estrutura central de direção 
devem permanecer liberados das rotinas de execução 
e das tarefas de mera formalização de atos administra-
tivos, para que possam concentrar-se nas atividades 
de planejamento, supervisão, coordenação e controle.
§3º A Administração casuística, assim entendida 
a decisão de casos individuais, compete, em princípio, 
ao nível de execução, especialmente aos serviços de 
natureza local, que estão em contato com os fatos e 
com o público.
§4º Compete à estrutura central de direção o 
estabelecimento das normas, critérios, programas e 
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princípios, que os serviços responsáveis pela execu-
ção são obrigados a respeitar na solução dos casos 
individuais e no desempenho de suas atribuições.
§5º Ressalvados os casos de manifesta imprati-
cabilidade ou inconveniência, a execução de progra-
mas federais de caráter nitidamente local deverá ser 
delegada, no todo ou em parte, mediante convênio, 
aos órgãos estaduais ou municipais incumbidos de 
serviços correspondentes. 
§6º Os órgãos federais responsáveis pelos pro-
gramas conservarão a autoridade normativa e exer-
cerão controle e fi scalização indispensáveis sobre a 
execução local, condicionando-se a liberação dos 
recursos ao fi el cumprimento dos programas e con-
vênios.
§7º Para melhor desincumbir-se das tarefas de 
planejamento, coordenação, supervisão e controle e 
com o objetivo de impedir o crescimento desmesurado 
da máquina administrativa, a Administração procurará 
desobrigar-se da realização material de tarefas exe-
cutivas, recorrendo, sempre que possível, à execu-
ção indireta, mediante contrato, desde que exista, na 
área, iniciativa privada sufi cientemente desenvolvida e 
capacitada a desempenhar os encargos de execução.
§8º A aplicação desse critério está condicionada, 
em qualquer caso, aos ditames do interesse público e 
às conveniências da segurança nacional. 
Características dos Órgãos:
a) não têm personalidade jurídica;
b) expressam a vontade da entidade a que pertencem 
(União, Estado, Município);
c) são instrumento de ação das pessoas jurídicas;
d) são dotados de competências, que são distribuídas 
por seus cargos. 
CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS:
1. Quanto à posição estatal: 
a) Órgãos Independentes: 
• Originam-se da previsão constitucional.
• São os representativos dos 3 Poderes (Executivo, 
Legislativo e Judiciário).
• Não têm qualquer subordinação hierárquica.
• Suas funções são políticas, judiciais e legislativas.
• Seus agentes são denominados Agentes Políticos. 
Ex.: Congresso Nacional, Câmara de Deputados, Senado. 
b) Órgãos Autônomos: 
• São os localizados na cúpula da Administração, 
imediatamente abaixo dos órgãos independentes e 
diretamente subordinados à seus chefes.
• Tem ampla autonomia administrativa, fi nanceira e 
técnica.
• São órgãos diretivos, de planejamento, coordena-
ção e controle.
• Seus agentes são denominados Agentes Políticos 
nomeados em comissão. 
• Não são funcionários públicos. 
Ex.: Ministérios, Secretaria de Planejamento etc.
c) Órgãos Superiores: 
• São os que detêm poder de direção, controle, decisão 
e comando, subordinando-se a um órgão mais alto. 
• Não gozam de autonomia administrativa nem fi nanceira.
• Liberdade restringida ao planejamento e soluções 
técnicas, dentro de sua esfera de competência.
• Responsabilidade pela execução e não pela deci-
são política.
Ex.: Gabinetes, Coordenadorias, Secretarias Gerais etc.
d) Órgãos Subalternos: 
• São os órgãos subordinados hierarquicamente a 
outro órgão superior.
• Realizam tarefas de rotina administrativa.
• Reduzido poder de decisão.
• É predominantemente órgão de execução.
Ex.: Repartições, Portarias, Seções de Expediente.
2. Quanto à estrutura
a) Órgãos Simples: um só centro de competência.
Ex.: Portaria, Posto Fiscal, Agência da SRF.
b) Órgãos Compostos: vários centros de competência 
(outros órgãos menores na estrutura). A atividade é descon-
centrada do órgão central para os demais órgãos subalternos. 
Ex.: Delegacia da Receita Federal, Inspetoria Fiscal.
A execução de obras e serviços públicos poderá ser 
direta (centralizada ou descentralizada), quando realizada 
pela própria Administração, ou indireta, quando realizada 
por particulares. Assim, o Decreto-Lei n. 200, de 1967, e a 
Constituição de 1988 utilizam inadequadamente os termos 
“direta” e “indireta”, quando deveriam consignar “administra-
ção centralizada” e “administração descentralizada”. A Lei n. 
8.666, de 1993, ao regular as licitações, defi ne corretamente 
os conceitos presentes no Decreto-Lei e na Constituição 
(art. 6º, incisos VII e VIII).
A expressão “entidade paraestatal”, embora não apa-
reça na Constituição, visita, com alguma frequência, as consi-
derações doutrinárias e jurisprudenciais, e mesmo leis ordiná-
rias. Trata-se de noção imprecisa, não havendo convergência 
signifi cativa de entendimento acerca de sua abrangência.
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA UNIÃO
ÓRGÃOS
São centros de competência instituídos para o desem-
penho de funções estatais por meio de seus agentes, cuja 
atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.
Função: é o encargo atribuído ao órgão. É a atividade 
exercida pelo órgão.
Agentes: são as pessoas que exercem as funções, e os 
quais estão vinculados a um órgão. 
Cargos: são os lugares criados por lei. São reservados 
aos agentes.
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3. Quanto à atuação funcional
a) Singular: são os que decidem através de um único agente. 
Ex.: Os Ministérios, as Coordenadorias, as Seccionais.
b) Colegiado: decidem por manifestação conjunta da 
maioria de seus membros. 
Ex.: Tribunais, Legislativo, Conselho de Contribuintes. 
Agentes:
• São todas as pessoas físicas incumbidas de exer-
cer alguma função estatal, definitiva ou transitoria-
mente. 
• Os agentes desempenham as funções dos órgãos a 
que estão vinculados. 
• Os cargos e as funções são independentes dos 
agentes.• Cargo é o lugar, criado por lei, ao qual corresponde 
uma função e é provido por um agente. O cargo, 
sendo lugar, é lotado no órgão.
• Lotação é o número de cargos de um órgão. 
• Os agentes públicos podem ser: políticos, adminis-
trativos, honoríficos e delegados.
Agentes políticos: 
• Exercem atribuições constitucionais. Ocupam os 
cargos dos órgãos independentes (que represen-
tam os poderes do Estado) e dos órgãos autôno-
mos (que são os auxiliares imediatos dos órgãos 
independentes). Ex.: Presidente da República, 
Senadores, Governadores, Deputados, Prefeitos, 
Juízes, Ministros etc.
• Exercem funções e mandatos temporários; 
• Não são funcionários nem servidores públicos: 
exceto para fins penais, caso cometam crimes 
contra a Administração Pública. 
Agentes Administrativos:
• são os agentes públicos que se vinculam à Adminis-
tração Pública Direta ou às Autarquias por relações 
profissionais.
• sujeitam-se à hierarquia funcional. 
• São funcionários públicos com regime jurídico único 
(estatutários).
• Respondem por simples culpa ou dolo pelos atos 
ilícitos civis, penais ou administrativos que pratica-
rem.
• Funcionários de paraestatais: não são agentes 
administrativos, todavia seus dirigentes são consi-
derados funcionários públicos. 
• Funcionários das Fundações Públicas: são agentes 
administrativos. 
Agentes Honoríficos: são os agentes convocados 
ou nomeados para prestarem serviços de natureza transi-
tória, sem vínculo empregatício, e em geral, sem remune-
ração. Constituem os munus publicos (serviços relevantes). 
Ex.: jurados, comissários de menores, mesários eleitorais 
enquanto exercerem a função: submetem-se à hierarquia e 
são considerados funcionários públicos para fins penais.
 
Agentes Delegados: são os particulares que exercem 
funções delegadas da Administração Pública, e que são os 
serviços concedidos, permitidos e autorizados. Ex.: os ser-
ventuários de Cartório, os leiloeiros oficiais, os tradutores 
etc. 
Respondem criminalmente como funcionários públicos 
pelos crimes que cometerem no exercício de sua função;
A Administração Pública responde pelos danos causa-
dos a terceiros por este agente, voltando-se, depois, contra 
o agente público delegado. 
ENTIDADES
Entidade Estatal: 
• pessoa jurídica de Direito Público, que integra a 
estrutura constitucional do Estado, e tem poder polí-
tico e administrativo. 
• Tem autonomia política, financeira e administrativa;
• Fazem parte da Administração Direta; 
• Apenas a União tem soberania;
Ex.: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Autarquias
Pessoa jurídica de Direito Público; é um serviço autô-
nomo criado para auxiliar a Administração Pública a execu-
tar atividades típicas da Administração.
• Criadas por lei específica.
• Possuem orçamento, patrimônio e receita próprios 
(desvinculados da matriz).
• Gestão administrativa e financeira descentralizada;
• Não têm subordinação hierárquica com a entidade 
que as criou.
• Fazem parte da Administração Indireta.
• Submetem-se à supervisão do Ministério compe-
tente – controle finalístico.
• Executam serviços próprios do Estado.
• Administra-se a si mesma.
• Funcionários: são estatutários (em regra), mas 
podem ser admitidos pela CLT (excepcionalmente); 
proibidos de acumular cargos remunerados na 
Administração Pública; obedecem às normas do 
concurso público.
• Os contratos são realizados por meio de licitação.
• Privilégios: imunidade de impostos, prescrição quin-
quenal de suas dívidas, impenhorabilidade de seus 
bens, prazo em dobro para recorrer e em quádruplo 
para contestar.
Ex.: Banco Central, DER, IAPAS, SEMAE, Imprensa 
Oficial do Estado etc.
Fundações Públicas 
• Pessoa jurídica de Direito público ou privado. é a 
personalização jurídica de um patrimônio, instituí-
das e mantidas pelo Poder Público para executar 
atividades, obras ou serviços sociais, ou seja, ativi-
dades atípicas da Administração Pública.
• Criadas por lei autorizativa. 
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* Controle finalístico/tutela = Decorre de lei, é saber se a administração indireta estar cumprindo com as finalidades previstas em lei.

Obs:. diferente do controle de hierarquia que ocorre dentro do mesmo orgão, chefe com seu subordinado.
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• Orçamento, patrimônio e receita próprios (desvincu-
lados da matriz).
• Gestão administrativa e financeira descentralizada.
• Não têm subordinação hierárquica com a entidade 
que as criou.
• Fazem parte da Administração Indireta.
• Submetem-se à supervisão do Ministério ou Secre-
taria competente – controle finalístico.
• Executa serviços sem fins lucrativos.
• Administra a si mesma.
• Funcionários: são estatutários (em regra), mas 
podem ser admitidos pela CLT (excepcionalmente). 
proibidos de acumular cargos remunerados na 
Administração Pública, obedecem às normas do 
concurso público.
• Os contratos são realizados através de licitação.
• Privilégios: imunidade de impostos, prescrição quin-
quenal de suas dívidas, impenhorabilidade de seus 
bens, prazo em dobro para recorrer e em quádruplo 
para contestar.
Ex.: FEBEM, UnB, USP
Entidades Paraestatais
Pessoa Jurídica de Direito privado, cuja criação é feita 
por meio de lei autorizativa, para a realização de obras, 
serviços ou atividades econômicas de interesse coletivo. 
Fazem parte da Administração Indireta. São empresas para-
-estatais: Empresas Públicas, Sociedades de Economia 
Mista e Serviços Sociais Autônomos.
Empresa Pública 
Pessoa Jurídica de Direito Privado. São destinadas à 
prestação de serviços industriais ou atividades econômicas 
em que o Estado tenha interesse próprio ou considere con-
venientes à coletividade. Ex.: Correios, CEF. 
• Autonomia administrativa e financeira – o patrimô-
nio próprio pode ser utilizado, onerado ou alienado 
na forma regulamentar ou estatutária.
• Capital exclusivo do poder público.
• Criadas por lei autorizativa.
• Vale-se dos meios da iniciativa privada para atingir 
seus fins de interesse público.
• Ficam vinculadas e não subordinadas aos respecti-
vos Ministérios. são supervisionadas e controladas 
finalisticamente pelos Ministérios.
• Contratos – realizados através de licitação.
• Funcionários: são sempre celetistas (nunca esta-
tutários) e são considerados funcionários públicos. 
é proibida a acumulação de CARGOS PÚBLICOS 
remunerados (exceção: 2 cargos de professor, 2 
cargos na área da saúde ou 1 cargo de professor 
outro de técnico).
• Não tem privilégios administrativos ou processuais.
• Pagam tributos.
Sociedade de Economia Mista
• Pessoa Jurídica de Direito Privado, autorizada para 
a exploração de atividade econômica, sob a forma 
de S/A (sempre), cujas ações com direito a voto per-
tençam, em sua maioria (50% + 1) ao poder público. 
Ex.: Banco do Brasil. 
• Autonomia administrativa e financeira – o patrimô-
nio próprio pode ser utilizado, onerado ou alienado 
na forma regulamentar ou estatutária.
• Capital (50% + 1) pertencente ao poder público.
• Criadas por lei autorizativa.
• Destinadas a atividades de utilidade pública, mas 
de natureza técnica, industrial ou econômica em 
que o Estado tenha interesse próprio na sua exe-
cução, mas resulta inconveniente ou inoportuno ele 
próprio realizar.
• Ficam vinculadas e não subordinadas aos respecti-
vos Ministérios. são supervisionadas e controladas 
finalisticamente pelos Ministérios.
• Contratos– realizados através de licitação.
• Funcionários – são sempre celitistas (nunca esta-
tutários) e são considerados funcionários públicos. 
é proibida a acumulação de cargos remunerados. 
Não tem privilégios administrativos ou processuais.
• Pagam tributos. 
Serviços Sociais Autônomos:
• Pessoa jurídica de Direito Privado, criadas para 
prestar serviços de interesse social ou de utilidade 
pública, geridos conforme seus estatutos, aprova-
dos por Decreto e podendo arrecadar contribuições 
parafiscais. Ex.: SESC, SENAI, SENAC, SESI etc.
• Não estão sujeitas à supervisão ministerial, mas 
se sujeitam a uma vinculação ao ministério compe-
tente.
• Utilizam-se de verbas públicas; devem prestar 
contas conforme a lei competente.
AGÊNCIAS REGULADORAS
Sua função é regular a prestação de serviços públicos e 
organizar e fiscalizar esses serviços a serem prestados por 
concessionárias ou permissionárias, com o objetivo garantir 
o direito do usuário ao serviço público de qualidade. Não há 
muitas diferenças em relação à tradicional autarquia, a não 
ser uma maior autonomia financeira e administrativa, além 
de seus diretores serem eleitos para mandato por tempo 
determinado. 
Essas entidades têm as seguintes finalidades básicas: 
a) fiscalizar serviços públicos (ANEEL, ANTT, ANAC, ANTAC); 
b) fomentar e fiscalizar determinadas atividades priva-
das (ANCINE); 
c) regulamentar, controlar e fiscalizar atividades econô-
micas ( ANP); 
d) exercer atividades típicas de estado (ANVS, ANVISA 
e ANS), são organizadas como autarquias.
A função regulatória
A regulação exercida pelas agências possui papel fun-
damental no cumprimento das políticas determinadas pelo 
Estado, sua função é gerencial (técnica) e de controle sobre 
os entes regulados.
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O conceito de regulação, embora controvertido quanto 
a sua extensão, é único em delimitar como sendo a inter-
venção estatal junto a setores privados, conjunta ou isolada-
mente, para impor normas de conduta que visem obrigá-los 
a atingir o bem-estar da comunidade. 
A função regulatória é essencial para a eficiência do 
processo de desestatização, pois na maioria das vezes trata-
-se de processo complexo que são realizados mediante con-
tratos de longo prazo. Isso faz com que ocorram mudanças 
inesperadas no curso do contrato, que deve ser adaptado a 
nova realidade mediante o julgamento isento dos princípios 
que o norteiam.
A ação da regulação varia de acordo com o modelo 
do Estado que a desenvolve, intervencionista ou regulador, 
porém deve sempre ter em mente o mercado a ser regulado, 
os princípios da autonomia e da especialidade, a transição 
dos monopólios, e principalmente o interesse público.
Portanto, deve sempre ser preservado o objetivo de 
harmonizar os interesses do consumidor, como preço e qua-
lidade, com os do fornecedor, como a viabilidade econômica 
de sua atividade comercial, como forma de perpetuar o aten-
dimento aos interesses da sociedade.
Em respeito ao princípio da legalidade, o instrumento 
regulatório deve ser determinado por Lei, o que se denomina 
“marco regulatório”, que pode ser definido como “o conjunto 
de regras, orientações, medidas de controle e valoração que 
possibilitam o exercício do controle social de atividades de 
serviços públicos, gerido por um ente regulador que deve 
poder operar todas as medidas e indicações necessárias 
ao ordenamento do mercado e à gestão eficiente do serviço 
público concedido, mantendo, entretanto, um grau significa-
tivo de flexibilidade que permita a adequação às diferentes 
circunstâncias que se configuram”.
Até o início da execução do programa de desestatiza-
ção, o Brasil contava apenas com as regulações do Banco 
Central do Brasil, do Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica e da manutenção de estoques produtivos, tais 
regulações eram realizadas basicamente com o aumento ou 
diminuição de impostos para beneficiar este ou aquele setor, 
com o controle se fusões e incorporações, e com a venda de 
produtos no mercado interno para o controle da elevação de 
seus preços.
Após a instituição do programa, em 1997, foram cria-
das a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), 
ANP (Agência Nacional do Petróleo) e a ANEEL (Agência 
Nacional de Energia Elétrica), todas elas para a regulação e 
controle de atividades até então exercidas pelo Estado como 
monopólio.
A outorga aos entes privados do direito de explorar ati-
vidade essencialmente pública, se deu através da Lei de 
Concessões dos serviços públicos, que regula a conces-
são destes serviços até então exercidos pelo Estado. Tal 
Lei cuidou de proteger os usuários de tais serviços, asse-
gurando-lhes o direito de receber do poder concedente e 
da concessionária todas as informações necessárias para 
a defesa dos interesses individuais e coletivos, o direito de 
denunciar as irregularidades que venha a tomar conheci-
mento, e o de formar comissões e conselhos para a fiscali-
zação dos serviços prestados.
As agências reguladoras que são dotadas de autono-
mia política, financeira, normativa e de gestão, adotaram o 
modelo de formar conselhos compostos por profissionais 
altamente especializados em suas áreas, com independên-
cia em relação ao Estado, e com poderes de mediação, arbi-
tragem e de traçar diretrizes e normas, com o objetivo de 
adaptar os contratos de longo prazo realizados a eventuais 
acontecimentos imprevisíveis no ato de sua lavratura.
A criação das agências especializadas vem ocorrendo 
nas esferas federais e estaduais, sendo a primeira formada 
com o objetivo de regular os serviços de rede de larga escala 
e os de interesse nacional e a segunda competente para 
regular todos os serviços concedidos ou permitidos pelos 
estados membros e municípios, para a melhor adaptação às 
realidades regionais.
A autonomia e independência concedidas às agências 
reguladoras são fundamentais para que a mesma possa 
exercer adequadamente suas funções, vez que o maior bem 
jurídico sob tutela é o interesse comum, não podendo estar 
sujeita às constantes intempéries políticas.
Assim, deve-se criar mecanismos que possibilitem sua 
autonomia financeira pela arrecadação de taxas de fiscaliza-
ção previamente estipuladas nos contratos de concessões, 
bem como seus membros devem ser brasileiros idôneos e 
possuir profundo conhecimento técnico e jurídico sobre a ati-
vidade regulada.
Contudo, embora as agências reguladoras gozem de 
autonomia política, estrutural e financeira, elas permane-
cem sujeitas ao crivo do Poder Judiciário, pois em respeito 
ao princípio da jurisdição una, todo ente público ou privado 
que se sentir lesionado em seu direito, ou tê-lo ameaçado, 
poderá socorrer-se ao judiciário, para que suas alegações e 
direitos sejam juridicamente apreciados.
Há quem defenda a aplicação de limitações nos moldes 
ocorridos na Lei de Arbitragem, para o deslinde das deman-
das entre as concessionárias e entes públicos ou privados, 
devendo funcionar as agências reguladoras como árbitros 
incontestes, contudo, tal aplicação arbitral somente pode ser 
possível, após o amadurecimento das funções regulatórias, 
para que as agências gerem a confiabilidade necessária a 
merecer tal poder, tanto ao poder concedente, quanto às 
concessionárias e consumidores, caso contrário geraria des-
confiança que não se pode admitir em relações desse nível.
Em última análise, a função primordial das Agências 
Reguladoras é compatibilizar a qualidade do serviço pres-
tado com a tarifa a ser paga, tais elementos devem ser equi-
valentes e atender os anseios da sociedade,equacionando 
o serviço desejável com o preço que se dispõe a pagar. Tal 
preço deve ser justo para ser baixo ao consumidor, e garan-
tir adequada taxa de retorno ao capital investido.
NATUREZA JURÍDICA
As agências reguladoras são pessoas jurídicas de 
direito público, classificadas como autarquias. Tal natureza é 
essencial para que desempenhem efetivamente seu papel, 
que consiste em intervir no domínio econômico e fiscalizar a 
prestação de serviços públicos, ou seja, deveres específicos 
do Estado.
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Sendo a atividade econômica instrumento para a obten-
ção do desenvolvimento pelo qual deve haver a criação de 
emprego, o respeito à dignidade e ao bem-estar de todos, o 
Estado está legitimado para atuar em face da livre iniciativa, 
quando o interesse coletivo público assim exigir, ou seja, as 
agências reguladoras executam ações que podem implicar 
na restrição da liberdade empresarial em prol do interesse 
coletivo.
Por ter natureza autárquica, com todas as indepen-
dências estruturais anteriormente explicitadas, as agências 
reguladoras devem ser constituídas por meio de lei, e por 
representar opção discricionária de descentralização de 
certa função, a mencionada lei é de iniciativa exclusiva do 
Poder Executivo.
Da mesma forma deve-se proceder em caso de extin-
ção das agências reguladoras, ou seja, por iniciativa do Exe-
cutivo, o legislativo deve votar a extinção ou não da agência 
em questão.
Neste caso, caso a extinção de uma agência regula-
dora implique em transferir para o Estado o dever de regular 
a matéria até então por ela realizada, o particular que man-
tinha com a agência extinta contrato de concessão poderá 
pleitear alterações ou até mesmo sua extinção com base na 
teoria da imprevisão.
Tal possibilidade de dá, pelo fato de que através do 
contrato firmado o particular adquiriu o direito de ter política 
de regulação independente, fato modificado pela extinção 
da agência e pelo papel regulador exercido doravante pelo 
Estado. Com isso, se busca atender o princípio da segu-
rança jurídica, evitando o aumento dos riscos econômicos 
que causariam a diminuição dos investimentos nos setores 
de regulação independente, gerando serviços caros e de má 
qualidade.
Competência
Embora muitas agências reguladoras exerçam o papel 
de poder concedente, estabelecendo as condições de trans-
ferência do serviço estatal para a iniciativa privada, sua 
função básica é exercida posteriormente, regulando, fisca-
lizando, mediando, e arbitrando os conflitos dentro de suas 
respectivas áreas de atuação.
Existem, contudo, várias situações de conflito de com-
petência entre os poderes Federal, Estadual e Municipal, 
bem como entre diversas agências especializadas, que 
dependerão de intervenção externa para a solução do pro-
blema. Assim, existindo conflito de competência entre agên-
cias reguladoras da mesma esfera de poder, da Federação, 
a solução deve dar-se no exercício do poder hierárquico do 
administrador. Contudo, se o conflito ocorrer entre entidades 
de unidades distintas da Federação, o problema deverá ser 
apresentado ao Supremo Tribunal Federal para a aprecia-
ção e a imposição da solução jurídica.
Uma das características mais importantes das agências 
reguladoras, como anteriormente demonstrado, é o papel da 
arbitragem nos conflitos oriundos do contrato de concessão.
Não raro, as partes envolvidas em complexos contra-
tos de concessão divergem sobre a interpretação de uma 
cláusula ou na adaptação do contrato existente a mudanças 
externas ocorridas, que influenciam o contrato aventado, 
neste caso a agência reguladora deve intervir impondo a 
interpretação ou a adaptação que julgar correta.
Contudo, também não raro, as agências reguladoras 
assumem o papel de poder concedente, hipótese em que 
se torna extremamente desconfortável ao investidor que ela 
atue como parte e julgadora ao mesmo tempo.
A lei de concessões dos serviços públicos prevê a pos-
sibilidade de composição acerca de matérias até então con-
trovertidas, que podem ser amigavelmente solucionadas, 
contudo, são aquelas cuja solução amigável se torna inviá-
vel que aqui devemos nos ater.
Embora haja grande discussão acerca da aplicabilidade 
do arbitramento no âmbito das agências reguladoras, pois 
a lei de arbitragem exclui de sua abrangência os contratos 
administrativos, nos parece mais acertado o posicionamento 
defendido por Diogo de Figueiredo Moreira Neto, que toma 
como base o voto do Ministro Godoy Ilha, onde se sustenta 
que restringir o juízo arbitral do Estado, é restringir-lhe sua 
própria autonomia contratual e sua capacidade de prevenir 
litígios pela via do pacto de compromisso, o que somente 
se aceita quando o Estado age como Poder Público, pois 
somente não se admite a transação quando os direitos são 
indisponíveis.
Portanto, mesmo no caso onde as agências regulado-
ras exerçam o papel de poder concedente, é possível o uso 
da arbitragem, vez que, em última instância, as agências 
apenas representam poder concedente, que é exercido pelo 
Estado.
Assim, as controvérsias advindas do contrato de con-
cessão, devem sequencialmente passar pela mediação, 
pela conciliação e pela arbitragem, que merece aplicação no 
direito administrativo.
Estrutura
Conforme anteriormente demonstrado, a principal 
característica das agências reguladoras é a autonomia, que 
se concretiza pelo mandato fixo de seus dirigentes, que não 
devem coincidir entre si, pela captação da receita própria, 
pela isenção das regras salariais do setor público, e pelo 
período de transição por que devem passar seus dirigentes.
As agências reguladoras são compostas por um conse-
lho diretor, com cinco membros, secretaria executiva, câma-
ras técnicas especializadas e uma unidade fiscalizadora 
das relações mantidas entre usuários e concessionários, 
que deve funcionar como instância superior dos serviços de 
ouvidoria das concessionárias.
As leis que instituíram as agências reguladoras pres-
crevem processos singulares para a nomeação de seus diri-
gentes, processos distintos daqueles expressamente elen-
cados pelo art. 37 da Constituição Federal.
Para a consagração da legitimidade da diretoria das 
agências, seus membros devem ser indicados pelo Chefe 
do Poder Executivo, devendo ser aprovados pelo Poder 
Legislativo, oportunidade em que serão nomeados com 
mandato fixo.
Questiona-se a validade jurídica do mandato com prazo 
fixo, sob a alegação de que havendo concurso trata-se de 
cargo de confiança, sendo demissível ad nutum. Contudo, 
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insurge-se em defesa da constitucionalidade da norma, tra-
zendo o contido no art. 37, I, da Constituição Federal, que 
prevê acesso aos cargos públicos de todos que preencham 
os requisitos legais.
Se os requisitos legais são a indicação pelo Chefe do 
Poder Executivo, a aprovação política pelo Poder Legisla-
tivo, a reputação ilibada do profissional, e a notória especia-
lização no setor regulado, não poderá haver perda do cargo, 
salvo nos casos previstos em lei.
Outrossim, não se tratam os dirigentes das agências, 
de agentes administrativos cuja vigência dos outros incisos 
do art. 37 da Constituição Federal se impõe, mas sim de 
agentes políticos que se submetem aos critérios definidos 
em leis, que limita, por conseguinte, a liberdade do adminis-
trador na sua exoneração.
A lei mencionada deve ser de iniciativa do Poder Execu-
tivo, não podendo ser emendada pelo Legislativo, sob pena 
de inconstitucionalidade. Tal lei deve determinar que os diri-
gentes não mantenham durante o mandato ou sua quaren-
tena, vínculo com o poder concedente, concessionárias ou 
associação de usuários de bens públicos, devendo ser licen-
ciados sem remuneração, sob pena de ser mantido ovínculo 
e a potencialidade de interferência da fonte pagadora.
Assim, os dirigentes somente devem perder seus 
cargos se cometerem falta grave, devidamente apurada em 
processo administrativo ou judicial, em que sejam assegura-
dos os princípios da ampla defesa e do contraditório, tal fato 
se advém da segurança jurídica que deve ser aplicada aos 
investimentos envolvidos e à autonomia das agências.
Outra possibilidade de extinção dos mandatos dos diri-
gentes das agências ocorre no caso de sua extinção, pois os 
mesmos não gozam de direito adquirido para o exercício do 
cargo para o qual foram nomeados.
Tal garantia de mandato é fundamental para assegu-
rar aos dirigentes das agências a autonomia e independên-
cia necessária para lhes permitir julgar com imparcialidade, 
até mesmo contra interesses políticos ou econômicos, o 
que configura a essência da política regulatória e fortalece a 
segurança jurídica dos investimentos.
Nesse diapasão, as agências reguladoras devem ser 
estruturadas de maneira que, com facilidade, possa adap-
tar-se às evoluções contínuas do mercado que regula. Seu 
quadro de funcionários deve ser integrado por poucos servi-
dores altamente qualificados, buscando no mercado, através 
de contratação de serviços terceirizados, os técnicos neces-
sários para a solução de problemas específicos, podendo 
manter assim, seu quadro sempre coeso e atualizado.
Receita
Outro item fundamental para a garantia da autonomia 
das agências reguladoras, e a independência financeira, que 
ocorre através de mecanismo de atribuição de receita, sem 
que o recurso tenha que passar pelo erário público. Para 
atingir tal objetivo, foi instituída taxa de regulação devida 
pelo concessionário diretamente à agência reguladora com-
petente, taxa esta que tem relação direta com o proveito 
financeiro obtido com a concessão. Assim, as agências não 
dependem se verbas orçamentárias para seu custeio.
Tal taxa de regulação trata-se de prestação pecuniária 
obrigatória, instituída por lei e cobrada mediante atividade admi-
nistrativa vinculada, que não constitui sanção por ato ilícito.
Existem entendimentos que a qualificam como tri-
buto, pois tem como base de cálculo a receita auferida pela 
concessionária, sendo tal base de cálculo típica de impos-
tos e imprópria para a fixação de taxas, e adviria do dever 
de serem ressarcidos os valores gatos pela administração 
pública na fiscalização da prestação dos serviços concedi-
dos.
Contudo, entendemos não prevalecer tal entendimento 
pelo fato de não existir serviço público prestado, que é rea-
lizado pelo concessionário, e por não configurar obrigatorie-
dade pelo exercício do poder de polícia, pois não existe lei 
determinando tal cobrança.
A taxa de regulação, tem natureza contratual, pois é 
do contrato de concessão de serviços firmado entre o poder 
concedente e a concessionária que se origina a cobrança 
de tal taxa, que é fixada como forma de contrapartida para 
contratação da concessão.
Trata-se de pagamento contratualmente estipulado, 
para que o controle dos serviços concedidos seja exercido 
autonomamente, como determina a legislação, o que é de 
interesse não somente do poder concedente como também 
do concessionário, pois assegura a mencionada segurança 
jurídica dos investimentos.
Oriundas de tais taxas contratuais, as receitas auferidas 
pelas agências reguladoras constituem fundo gerido com 
autonomia financeira, não de confundindo com as demais 
receitas orçamentárias, sendo reconduzido à dotação orça-
mentária da agência no exercício subsequente, caso não 
tenha sido totalmente utilizado no exercício em curso.
Fiscalização e contratos
As agências reguladoras são autarquias especiais, 
assim definidas por suas características peculiares, devendo 
contudo, obedecer a todos os ditames legais impingidos aos 
entes públicos, como os processos licitatórios e os contratos 
administrativos. Assim, as Agências reguladoras estão sujei-
tas às normas gerais de licitação, tanto para suas atividades 
fim, como para as instrumentais, sendo em ambos os casos, 
seus contrato considerados como contratos administrativos 
regidos pelo direito público.
Como não existe definição precisa de normas gerais 
de licitação, algumas agências reguladoras adotam procedi-
mento licitatório distinto dos contidos na Lei n. 8.666/1993, 
sem que contudo, se caracterize a inconstitucionalidade do 
mesmo, pois os princípios gerais mantêm-se respeitados.
Como pessoa jurídica integrante da administração 
pública, os contratos realizados e o controle financeiro das 
agências reguladoras ficam a cargo dos Tribunais de Contas 
competentes, que anualmente devem apreciar os balanços, 
contratos, e todas as atividades realizadas pelas agências.
Salientamos que o controle exercido pelos Tribunais 
de Contas restringem-se à gestão dos recursos financeiros, 
não podendo ser exercido em nenhuma outra atividade das 
agências reguladoras.
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Os demais atos das agências que não constituam 
gestão de recursos sofrem o controle externo do Poder Judi-
ciário, quanto a sua legalidade ou abuso, devido ao mencio-
nado controle jurisdicional da administração pública.
Assim, por força do princípio da jurisdição una, as deci-
sões administrativas tomadas pelas agências reguladoras 
submetem-se a apreciação do judiciário.
Não se deve confundir, contudo, o controle externo 
exercido pelo Poder Judiciário, com a interferência direta do 
mencionado Poder nos juízos privativos da entidade legal-
mente competente para a fiscalização e regulação de seto-
res da economia.
Tal interferência somente deve ocorrer para que se evite 
atos de ilegalidade exercidos pelas entidades em questão.
Procedimento Administrativo
O processo administrativo, no âmbito das agências 
reguladoras, embora não conste expressamente nas leis de 
sua criação, não sofre qualquer prejuízo prático, posto que 
os principais princípios do processo, como a ampla defesa 
e o contraditório estão consagrados pela Constituição Fede-
ral, e os procedimentos administrativos não necessitam dos 
mesmos rigores impostos aos judiciais.
Ademais, existe lei federal estabelecendo as normas 
básicas dos processos administrativos no âmbito da adminis-
tração pública direta e indireta, o que deve ser aplicado sub-
sidiariamente no caso de agências estaduais ou municipais.
Tendo como princípio de desenvolvimento do processo 
administrativo a legalidade, a finalidade, a proporcionalidade, 
a razoabilidade, a ampla defesa, a moralidade, a motivação, 
a segurança jurídica, o contraditório, e o interesse coletivo, as 
agências reguladoras devem assegurar transparência a seus 
atos, julgando seus processos em sessões públicas.
Agências Executivas
É a autarquia ou fundação governamental assim defi-
nida por ato do Executivo, com a responsabilidade de execu-
tar determinado serviço público, liberada de certos controles 
e dotada de maiores privilégios, que celebrou com a Admi-
nistração Pública um contrato de gestão. Os arts. 51 e 52 da 
Lei n. 9.649, de 1998, tratam desta nova figura.
As autarquias e fundações públicas responsáveis por 
atividades e serviços exclusivos do Estado são chamadas 
agências executivas. Elas não são nova figura jurídica na 
administração pública. A qualificação de agências executi-
vas se dá por meio de requerimento dos órgãos e das enti-
dades que prestam atividades exclusivas do Estado e se 
candidatam à qualificação. Aqui estão envolvidas a institui-
ção e o Ministério responsável pela sua supervisão.
Segundo determina a Lei n. 9.649, de 27 de maio de 
1998, artigos. 51 e 52 e parágrafos, o Poder Executivo 
poderá qualificar como Agência Executiva autarquias ou fun-
dações que tenham cumprido os requisitos de possuir plano 
estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institu-
cional em andamento além da celebração de Contrato de 
Gestão com o respectivo Ministério supervisor. Os planos 
devem definir diretrizes, políticas e medidas

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