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RESUMO LEI DO ABATE

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LEI DO ABATE
INTRODUÇÃO
A soberania nacional merece uma atenção especial. Medidas prontas necessitam serem todas quando ocorre a ameaça ou violação. São situações de exceção e não devem ser vistas como fatos rotineiros. A violação do espaço aéreo nacional significa que alguém, de alguma forma, deixou de respeitar os limites estabelecidos ou reconhecidos por acordos e tratados internacionais e coloca o crime para sofrer as sanções com base na legislação brasileira. Os meios de comunicação, os alertas e as ordens de pouso, ao serem desobedecidas, passam a autorizar o abate das aeronaves motivado pela ameaça a segurança e a soberania nacional w com fundamento na Lei 9.614/98. A aplicação da Lei do Abate significa objetivamente na execução da tripulação, ou seja, uma pena de morte sumária. A Lei do Abate foi regulamentada pelo Decreto 5.144/04, todavia, o que se questiona na interpretação dessa Lei é a constitucionalidade de autorizar o abate, quando a Constituição no artigo 5º, I e XLVII, tendo em vista que não se trata de estado de guerra, portanto, também a vida daqueles que violaram a soberania nacional estão sob a proteção constitucional.
1. METODOLOGIA
Trata-se de pesquisa bibliográfica conduzida a partir de textos já publicados na forma de livros e artigos nas fontes formais plataformas digitais. Aplicou-se o método indutivo devido a necessidade de se tomar premissas particulares para fazer a generalização. Pretende demonstrar a inconstitucionalidade da aplicação da Lei do Abate devido ferir garantias constitucionais.
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A palavra “abate” na língua portuguesa significa ato de matar, mas, na Lei 9.614/98 ganha o sentido de derrubada da aeronave. Todavia, numa interpretação reflexiva percebe-se que se trata da submissão da (s) pessoa (s) a uma execução sumária. O abate da aeronave e por extensão daquele (s) que se encontram nela se desenvolve no argumento da proteção da soberania nacional, ou seja, pelo fato de ser um crime contra o Estado, semelhante aos atos de guerra ou de hostilidade, tem do em vista que foram dados ao piloto e tripulação alertas, ordens para aterrisagem ignoradas. O emprego do termo abate para denominar a Lei 9.614/98 (Lei do Tiro de Destruição), se deve ao fato dela vir a produzir modificações no dispositivo do artigo 303, da Lei 7.565/86, conhecida como Código Brasileiro de Aeronáutica, verbis:
Art. 303. A aeronave poderá ser detida por autoridades aeronáuticas, fazendárias ou da Polícia Federal, nos seguintes casos:
 I - se voar no espaço aéreo brasileiro com infração das convenções ou atos internacionais, ou das autorizações para tal fim; 
II - se, entrando no espaço aéreo brasileiro, desrespeitar a obrigatoriedade de pouso em aeroporto internacional; 
III - para exame dos certificados e outros documentos indispensáveis; 
IV - para verificação de sua carga no caso de restrição legal (artigo 211) ou de porte proibido de equipamento (parágrafo único2 do artigo 21); 
V - para averiguação de ilícito.
 §1° A autoridade aeronáutica poderá empregar os meios que julgar necessários para compelir a aeronave a efetuar o pouso no aeródromo que lhe for indicado.
 §2° Esgotados os meios coercitivos legalmente previstos, a aeronave será classificada como hostil, ficando sujeita à medida de destruição, nos casos dos incisos do caput deste artigo e após autorização do Presidente da República ou autoridade por ele delegada. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.614, de 5.3.1998). 
§3° A autoridade mencionada no § 1° responderá por seus atos quando agir com excesso de poder ou com espírito emulatório (§ 2° renumerado e alterado pela Lei nº 9.614, de 5.3.1998). 
O Decreto 5.144/2004 regulamentou a aplicação da Lei do Tiro de Destruição (Abate), nas situações onde, já tendo esgotados todos os demais meios coercitivos, ante a permanência da hostilidade. O abate de aeronaves é legitimado em nome da soberania nacional, ou seja, de uma invasão deliberada do espaço aéreo. Nesse caso, em claro acinte contra o país e seus limites aeroespaciais. De outro modo, quando se instala uma situação de belicosidade ou se tem uma guerra declarada contra outro país. Numa interpretação mais extensiva, nas situações que a invasão de uma aeronave apresentar um risco a população que não possa ser controlado através do pouso forçado. Nestes termos, para que esse ato seja considerado legal deve atender a uma sequência de procedimentos, seja ele, o emprego dos meios de controle operacional do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro, que se faça o registro de todos os atos e realizado por pilotos e controladores de Defesa Aérea qualificados, inclusive, para que o tiro de destruição ocorra em área não povoada, após autorização do Presidente da República ou de pessoa por ele delegada a competência. A hostilidade tratada pela Lei do Abate, como não se está em guerra, refere-se a aeronaves suspeitas de servirem ao tráfico de armas e drogas, que mesmo não tendo executado disparos, não atendeu aos comandos de aterrissagem. O descumprimento, portanto, não enseja a interpretação de que se trata de uma ameaça a segurança nacional, ainda que possa se traduzir em ameaça a segurança pública, que é o caso das drogas e armas, possivelmente por ela transportadas. A questão passa a necessitar ser respondida é quanto a drogas e armas podem ameaçar a segurança nacional ao ponto de necessitar tomar uma medida extrema de destruição de aeronave e consequentemente, produzir a morte daqueles que a tripulavam? 
O abate de uma aeronave, sem considerar as vidas que se encontram nela, fere dispositivos do artigo 5º, I e XLVII, ou seja, as excepcionalidades previstas constitucionalmente são para crimes de guerra, algo que não pode ser entendido como a simples violação do espaço aéreo nacional. Isso significa que, em nome da prudência, não será qualquer aeronave que será abatida, seja pela capacidade de transportar drogas ou armas, seja pelo local onde se encontra, e somente, depois de tomados todos os procedimentos de advertência. A simples suspeita e a desobediência, nem sempre autorizam que se aplique a medida extrema. 
Evidencia-se a colisão de direitos fundamentais, portanto, o direito a vida e o direito a soberania nacional. Repare-se que em nenhum momento a Constituição de 1988, hierarquiza garantias, ou seja, elas devem ser interpretadas no todo ou em conjunto. Ocorre que os chamados direitos fundamentais da pessoa não são absolutos, ao contrário, da soberania nacional. De outro modo, colocados em colisão, prevalece a soberania nacional, mas, para tanto, deve haver a demonstração de que ela se encontra ameaçada. Uma situação ocasional não será questão de soberania nacional, mas a identificação de uma rota que costumeiramente é utilizada, de uma aeronave que realiza essa atividade com regularidade, que não se identifica e não obedece aos comandos de controle, passa a ser vista como violadora, uma vez que além de desobedecer a legislação aeroespacial, não responde aos comandos de que realize o pouso e possa ser examinada adequadamente pelas autoridades. 
A questão, portanto, passa a ser interpretar se a violação do espaço aéreo nacional por aeronave suspeita de transportar drogas ou armas se constitui crime suficiente para caracterizar ameaça a soberania nacional, ou seja, com a aplicação do princípio da moderação e da proporcionalidade. A Lei do Abate, obviamente não está tratando de caso eventual, para ser invocada uma série anterior de investigação e de procedimentos foram realizados, todos demonstrando serem ineficazes, ou seja, evidenciando o desrespeito a soberania e hostilizando a legislação aérea nacional (OLIVEIRA, 2010, p. 353).
A aplicação da Lei do Abate, logo, presume-se a necessidade de que seja utilizada com parcimônia e com os meios adequados, sempre priorizando os mais suaves para, em situação de excepcionalidade autorizar o meio letal. A medida extrema ao ser tomada deve conter explicitamente a declaração de um conteúdo pedagógico, qual seja, de demonstrar claramente aos demaisque o Estado brasileiro não tolerará a repetição dessa conduta. Logo, há que se entender que não se tratam de aeronaves que acidentalmente invadem o território, mas decorrente de uma série de investigações que levam a convicção que se trata de um serviço que vem sendo prestado, sobretudo, a organizações criminosas (CAMPOS, 2004).
Apesar das discussões sobre a constitucionalidade ou não, a Lei do Abate encontra-se em vigor no Brasil e, sobretudo, as campanhas explícitas ou implícitas pelo combate ao crime com medidas extremadas pela mídia, possivelmente a interpretação constitucional venha a ser flexionada para autorizar seu uso. Cada vez mais, progride no Brasil a tentativa de combater crimes com leis rigorosas, com medidas extremas e com menos atenção às garantias fundamentais, o quanto essa flexibilização irá contribuir para a redução do tráfico de drogas e armas. Caso os resultados sejam expressivos, a tendência é que a sociedade tenha a aceitação, mas isso não significa que a redução das garantias fundamentais possa a qualquer momento ser flexibilizada para atender situações onde a ausência ou incapacidade do Estado agir preventivamente, por que isso levaria a constituição de um Estado Autoritário. 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A soberania nacional sempre foi enfatizada como algo que deva ser protegida a qualquer custo. Uma aeronave que desobedece todas as ordens para que adote procedimentos de aterrisagem e identificação pode carregar apenas drogas e armas, objeto de tráfico, como também pode ser para cometer crimes semelhantes ao 11 de Setembro, ocorrido nos Estados Unidos. Por analogia, se fosse aplicada ao caso norte-americano a legislação brasileira, as aeronaves poderiam ter sido abatidas, em tese, desde que, já não estivessem sobrevoando área de densidade populacional acentuadas, ou seja, cidades. 
Ocorre que o foco da Lei do Abate é outro, qual seja, eliminar o transporte de drogas e armas feitas através de aeronaves que invadem o espaço aéreo nacional e servem a organizações criminosas. Trata-se de aplicação da lei para uma finalidade onde é discutível se o crime realizado constitui-se em ofensa a segurança nacional. Não se postula contra a adoção de medidas contra o transporte de drogas e armas, sobretudo, a partir das fronteiras, pousando em aeroportos clandestinos e que lançam terror e pânico na sociedade ao serem utilizadas pelo crime organizado. Todavia, as aeronaves utilizadas tem limitação de horas de voo, ou seja, podem ser acompanhadas e capturadas sem a destruição, por outro, o cuidado pode levar a identificação do local de pouso e a destruição da sua estrutura, o que teria um efeito mais amplo que a espetacularização do abate de aeronave. 
As convenções e tratados internacionais sobre espaço aéreo e legislação, não desautorizam o abate, recomendam que sejam antes, realizados todos os procedimentos de identificação e alerta, somente se adotando a medida extrema, quando houver risco de fuga para outro espaço aéreo ou que o desembarque no território nacional possa representar ameaça. O risco de legitimar o uso de medidas extremas é torna-las a primeira ferramenta e o uso excessivo tornar sua eficiência banal, reduzindo a amplitude dos direitos fundamentais da pessoa.
REFERÊNCIAS
BRASIL, República Federativa do Brasil. Constituição de 1988. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 12 mar 2020.
______. Lei n. 9.614, de 5 de março de 1998. Altera a Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986, para incluir hipótese destruição de aeronave. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9614.htm. Acesso em: 13 mar 2020.
______. Decreto 5.144/2004. Regulamenta os §§ 1º, 2º e 3º do art. 303 da Lei nº 7.565. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5144.htm. Acesso em: 14 mar 2020.
______. Código Brasileiro de Aeronáutica, de 19 de dezembro de 1986. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7565.htm. Acesso em: 13 mar 2020.
 CAMPOS, Helena Nunes. Princípio da proporcionalidade: a ponderação dos direitos fundamentais. 10ª Mostra Acadêmica UNIMEP, 23 a 25 out 2012. 
OLIVEIRA, Fábio Corrêa Souza de. Por uma teoria dos princípios. O princípio constitucional da razoabilidade. Rio de Janeiro: Lumen Juris , 2010.
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