Buscar

Criminalistica e Investigação Criminal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 103 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 103 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 103 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Criminalística e Investigação 
Criminal
UNIDADE 1 – Criminalística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
UNIDADE 2 – Metodologia de redação de laudos periciais . . . . . . . . . . . 33
UNIDADE 3 – Investigação policial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
UNIDADE 4 – Técnicas de Investigação Criminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
UNIDADE 5 – Limites da Investigação Criminal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Sumário
UNIDADE 1
Criminalística
Objetivos de aprendizagem
� Compreender a Criminalística como um conjunto de 
conhecimentos científi cos utilizados para a elaboração 
da prova pericial.
� Estudar as perícias, os locais de crime e os 
procedimentos empregados no exame de levantamento 
de local, en fatizando a importância do isolamento da 
área onde ocorreu o delito.
Seções de estudo
Seção 1 Criminalística: conceituação
Seção 2 Perícias
Seção 3 Locais do Crime
Seção 4 Levantamento pericial: procedimentos 
empregados no exame do local
1
18
Para início de estudo
As Polícias Investigativas mais avançadas priorizam a prova 
pericial, considerando que, por ser científi ca, é mais difícil de 
ser refutada, contrariada. Também, as Polícias do Brasil que têm 
como competência a apuração de crimes vem seguindo este norte.
Concebendo-se a perícia como prova primordial para a 
elucidação dos delitos, o estudo da Criminalística afi gura-se 
como de extrema relevância.
Vamos ao estudo, então? Comecemos pelo conceito. 
SEÇÃO 1 - Criminalística: conceituação
Não deve lhe ser novidade que a Constituição Federal de 1988 
estabelece que a segurança pública, no nosso País, é dever de 
Estado e é exercida por diversas Polícias. Em seu artigo 144, a 
Carta Magna defi niu as competências das Polícias, dispondo, 
dentre outros, que o policiamento ostensivo, preventivo 
compete à Polícia Militar e a apuração das infrações penais 
compete às Polícias Federal e Civil, esta também chamada de 
Polícia Judiciária. As competências das Polícias serão objeto de 
discussão, porém, serão detalhadas posteriormente.
Você teve a oportunidade de ver, nos estudos anteriores, que a 
Polícia Civil, via de regra, atua repressivamente, após a prática 
do crime e o seu objetivo é a elucidação dos delitos, procurando 
demonstrar a existência do fato criminoso, a autoria e estabelecer 
as condições em que o crime ocorreu. Este trabalho é feito 
através da investigação policial.
É interessante notar que a investigação policial é 
formalizada através de peça preliminar e informativa 
denominada inquérito policial, o qual subsidia o 
processo criminal. Após a conclusão do inquérito 
policial, este é remetido ao Poder Judiciário, que 
poderá valer-se das provas amealhadas na fase policial 
durante o processo criminal e na prolatação da 
sentença.
19Unidade 1
Neste contexto, o trabalho pericial é de suma importância, para 
demonstrar materialidade e autoria do crime. Via de regra, 
a perícia é realizada na fase policial, até porque muitas delas 
necessitam serem feitas imediatamente ou logo após a prática do 
crime.
As Polícias Investigativas mais avançadas do mundo têm como 
prioridade o trabalho pericial, menos sujeito a falhas do que 
a prova testemunhal. Acerca deste tema Espíndula (2002), 
discorre:
(...) a prova pericial é produzida a partir de 
fundamentação científi ca, enquanto que as chamadas 
provas subjetivas dependem do testemunho ou 
interpretação das pessoas, podendo ocorrer uma série de 
erros, desde a simples falta de capacidade da pessoa em 
relatar determinado fato, até o emprego de má-fé, onde 
exista a intenção de distorcer os fatos para não se chegar à 
verdade. (ESPÍNDULA, 2002:22).
É importante notar, ainda, que no sistema processual penal 
brasileiro, as pessoas ouvidas na Delegacia de Polícia são 
reinquiridas em Juízo, o que pode relativizar o valor probatório 
do que foi dito na fase policial. Já a prova técnica é científi ca, 
objetiva, portanto, mais difícil de ser contestada.
No Brasil não há hierarquia entre as provas e o Juiz 
pode decidir de acordo com a sua consciência, desde 
que o faça motivadamente. É o chamado sistema da 
persuasão racional adotado pelo artigo 157 do Código 
de Processo Penal Brasileiro. 
Desse modo, temos um sistema processual penal que permite 
todos os meios de prova, a princípio, com o mesmo valor 
probatório. Ocorre que analisando as sentenças criminais verifi ca-
se a prevalência da prova pericial sobre as demais, pelos motivos 
já expostos.
Os laudos periciais são realizados através de conhecimento 
advindo da Criminalística. A Enciclopédia Saraiva de Direito 
conceitua Criminalística como sendo:
20
(...) Conjunto de conhecimentos que, reunindo as 
contribuições das várias ciências, indica os meios 
para descobrir crimes, identifi car os seus autores e 
encontrá-los, utilizando-se de subsídios da química, 
da antropologia, da psicologia, da medicina legal, da 
psiquiatria, da datiloscopia, etc., que são consideradas 
ciências auxiliares do Direito penal. (ENCICLOPÉDIA 
SARAIVA DE DIREITO, v. 21, 1997:486).
Segundo Gilberto Porto, Criminalística pode ser conceituada 
como:
(...) sistema que se dedica à aplicação de faculdades de 
observação e de conhecimento científi co que nos levem 
a descobrir, defender, pesar e interpretar os indícios de 
um delito, de molde a sermos conduzidos à descoberta 
do criminoso, possibilitando à Justiça a aplicação da justa 
pena”. (PORTO, Gilberto, 1960, p.28)
José Del Picchia Filho (1982), preferiu abordá-la como disciplina 
(...) que cogita do reconhecimento e análise dos 
vestígios extrínsecos relacionados com o crime ou com 
a identifi cação de seus participantes. (DEL PICCHIA 
FILHO, 1982, p.5).
Segundo Garcia, Criminalística 
(...) trata da pesquisa, da coleta, da conservação e do 
exame dos vestígios, ou seja, da prova objetiva ou 
material no campo dos fatos processuais, cujos encargos 
estão afetos aos órgãos específi cos, que são os laboratórios 
de Polícia Técnica. (GARCIA, 2002, p.319).
A Criminalística é também denominada Polícia 
Científi ca, Polícia Técnica ou Policiologia, e difere 
da Criminologia que estuda o perfi l do criminoso, 
e os motivos que o levaram à prática do crime.
São disciplinas que integram a Criminalística, 
dentre outras, Locais de Crime, Medicina Legal, 
Balística Forense, Papiloscopia, Documentoscopia, 
Odontologia Legal, Toxicologia Forense e 
Hematologia Forense.
21Unidade 1
Em Santa Catarina, o trabalho pericial é realizado pelo Instituto 
Geral de Perícias, que apresenta o organograma abaixo:
22
Você que reside em outro Estado, faça uma pesquisa sobre 
o assunto. Como funciona o Instituto Nacional de Perícias? 
Socialize a investigação no Espaço Virtual de Aprendizagem. 
Use o espaço abaixo para registrar sua pesquisa. 
Para ampliar seus conhecimentos sobre o conteúdo 
tratado sugerimos:
DEL PICCHIA FILHO, José. Tratado de 
documentoscopia. Editora Universitária de Direito: 
São Paulo. 1982.
GARCIA, Ismar Estulano. Inquérito – Procedimento 
Policial. Inquérito - Procedimento Policial. 9 ed. 
Goiânia: AB Editora. 2002 p. 319.
PORTO, Gilberto. Manual de Criminalística. Escola de 
Polícia de São Paulo. 1960, p.28
- A seguir, você vai estudar o objeto que trata das provas e os 
procedimentos de perícia. 
23Unidade 1
SEÇÃO 2 - Perícias
A investigação policial tem como foco a obtenção de provas 
criminais que podem ser testemunhais e técnicas. 
Prova Criminal é aquela utilizada para demonstrar ao 
Juiz a veracidade ou falsidade da imputação feita ao réu e 
das circunstâncias que possam infl uir no julgamento da 
responsabilidade e na individualização das penas.
Você sabe a diferença entre provas criminais e 
técnicas?
As provas técnicas são as perícias,realizadas por peritos 
criminais, e são formadas pelas evidências materiais do crime. 
As prova testemunhais são constituídas pelos depoimentos das 
testemunhas, abrangendo, no sentido amplo, as declarações das 
vítimas e o interrogatório dos suspeitos ou indiciados.
Segundo Garcia (2002), perícia (...) é o conjunto de 
técnicas usadas, visando provar a materialidade do 
crime e apontar o autor. Um das perícias realizadas 
trata-se do exame de corpo de delito. O corpo de 
delito, por sua vez, é o conjunto de vestígios deixados 
pelo criminoso. 
Há diferenciação entre corpo de delito e exame de corpo de 
delito. Segundo JESUS (2002), o exame de corpo de delito é um 
auto em que se descrevem as observações dos peritos e o corpo de 
delito é o próprio crime na sua tipicidade.
Nos crimes que deixam vestígios, o exame de corpo 
de delito é obrigatório, sob pena de nulidade 
processual, nos termos do artigo 158 do Código de 
Processo Penal Brasileiro.
24
Dispõe o artigo 167 do Código de Processo Penal Brasileiro: 
“Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem 
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe 
a falta”.
Portanto, havendo vestígios, o exame de corpo de delito é 
imprescindível. Não havendo vestígios, a prova testemunhal é 
apta a suprir o auto de exame de corpo de delito.
É importante ressaltar que o artigo 159 Código de Processo 
Penal Brasileiro determina que todos os exames periciais, 
inclusive o exame de corpo de delito, sejam realizados por dois 
peritos ofi ciais, onde houver e, nos outros casos, as perícias 
devem ser realizadas por duas pessoas idôneas, portadoras de 
diploma de curso superior, escolhidas, de preferência, entre as 
que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do exame.
Para saber mais sobre o assunto que foi tratado 
sugerimos:
DAMÁSIO, Jesus. Código de Processo Penal 
Anotado. 18 ed. São Paulo: Saraiva. 2002. p.157. 
GARCIA, Ismar Estulano. Inquérito – Procedimento 
Policial. 9 ed. Goiânia: AB Editora. 2002. p. 319.
SEÇÃO 3 - Locais do crime
Segundo Kedhy, 
(...) local de crime é toda área onde tenha ocorrido um 
fato que assuma a confi guração de delito e que, portanto, 
exija as providências da polícia. (KEDHY, 1963:11).
O exame de levantamento de local deve ser diferenciado de 
acordo com a natureza da ocorrência. Dessa forma, há exame 
de levantamento de local de homicídio, suicídio, afogamento, 
furto qualifi cado, acidente de trânsito, dano, estupro, incêndio, 
disparo de arma de fogo e outros.
25Unidade 1
Isolamento e preservação das provas e vestígios essenciais à 
investigação
O isolamento do local de crime é a primeira providência a ser 
tomada e é responsabilidade dos policiais e peritos, que devem 
sempre ter em mente a importância da proteção do local do 
crime, para a preservação dos vestígios, e, conseqüentemente, 
para a investigação criminal. 
(...) isolamento é a proteção a fi m de que o 
local permaneça sem alteração, possibilitando, 
conseqüentemente, um levantamento pericial efi caz.
(GARCIA, 2002: 324).
Esclarece Alberi Espíndula (2002) que:
(...) diante da sensibilidade que representa um local de 
crime, importante destacar que todo elemento encontrado 
naquele ambiente é denominado de vestígio, o qual 
signifi ca todo material bruto que o perito constata no 
local do crime ou faz parte do conjunto de um exame 
pericial qualquer, que, somente após examiná-los 
adequadamente é que poderemos saber se este vestígio 
está ou não relacionado ao evento periciado. Por 
essa razão, quando das providências de isolamento e 
preservação, levadas a efeito pelo primeiro policial, nada 
poderá ser desconsiderado dentro da área da possível 
ocorrência do delito (ESPINDULA, 2002: 3).
A alteração do local de crime é prevista como infração penal, 
pelo artigo 166 do Código Penal: 
Alterar, sem licença de autoridade competente, o aspecto 
de local especialmente protegido por lei. Pena – detenção 
de um mês a um ano e multa.
26
O Código Brasileiro de Trânsito, no artigo 312, também 
tipifi cou como crime a alteração de local de acidente de trânsito:
Inovar artifi ciosamente, em caso de acidente 
automobilístico, com vítima, na pendência do respectivo 
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou 
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a 
fi m de induzir a erro o agente policial, o perito ou juiz:
Pena: detenção de seis meses a um ano, ou multa. 
Parágrafo único: Aplicar-se o disposto neste artigo, ainda 
que não iniciados, quando da inovação, o procedimento 
preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
Dispõe o artigo 169 do Código de Processo Penal Brasileiro:
Para efeito de exame de local onde houver sido praticada 
a infração, a autoridade providenciará imediatamente 
para que não se altere o estado das coisas até a chegada 
dos peritos, que poderão instruir seus laudos com 
fotografi as, desenhos ou esquemas elucidativos.
O artigo 6º do Código de Processo Penal enumera as 
providências que devem ser tomadas tão logo o delegado de 
polícia tenha conhecimento do fato delituoso. O inciso II deste 
artigo menciona que a autoridade policial deve apreender os 
instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato. 
Não obstante, a prática demonstra que nada deve ser alterado 
até a chegada dos peritos no local, e que apenas após o exame de 
levantamento de local é possível a apreensão de qualquer material 
encontrado na cena do crime.
Apenas a título de exemplo, um projétil, parte de uma munição 
defl agrada, apreendido na cena do crime, pode vir a elucidar a 
autoria de um homicídio. Através do Laudo de Comparação 
Balística, tendo como objetos de exame o projétil e a arma de 
fogo de um suspeito, é possível verifi car se ele foi expelido pelo 
cano daquela arma. Da mesma forma, um estojo, parte de uma 
munição defl agrada, sendo objeto de exame com arma de fogo, 
através de suas marcas de percussão, é possível constatar se foi 
defl agrado por aquela arma.
27Unidade 1
SEÇÃO 4 - Levantamento pericial: procedimentos 
empregados no exame do local
O levantamento pericial é o trabalho pericial realizado nos locais 
de crime. Após concluído, o levantamento pericial dá origem ao 
laudo de exame de levantamento de local.
Segundo Garcia (2002), uma perícia completa de levantamento 
de local necessita de várias fases a saber: 
(...) isolamento, observações prévias ou exame do local, 
fotografi a, desenho ou croqui, coleta e embalagem 
de evidências, transporte de evidências, exame das 
evidências em laboratório, avaliação e interpretação, e 
redação de laudo. (GARCIA, 2002:326).
Espíndula (2002) elencou alguns procedimentos a serem 
realizados nos exames de locais de crimes contra a vida, que 
podem ser, via de regra, utilizados em todos os exames de 
levantamento de locais. São eles:
Procedimentos anteriores ao exame
a) anotação do endereço do fato;
b) preparação do material utilizado no exame;
c) reconhecimento do tipo de solicitação (natureza do 
exame);
d) anotação do horário de solicitação do exame.
Exame preliminar da cena do crime: o que é 
necessário fazer?
28
� entrevista com o primeiro policial a chegar no local 
do fato visando à tomada de informações relativas ao 
histórico;
� visualização geral da cena do crime e verificação da 
adequação do isolamento;
� escolha do tipo de padrão a ser utilizado na busca 
de vestígios (em linha, em grade, em espiral, em 
quadrantes, etc.);
� formulação dos objetivos do exame;
� busca de vestígios, que deve prever especial atenção às 
evidências facilmente destrutíveis, tais como: marcas 
de solado, impressões em poeira, dentre outras.
Anotações gerais da cena do crime: o que registrar?
� data e hora do início dos exames;
� localização exata do evento;
� condições atmosféricas;
� condições de iluminação;
� condições de visibilidade;
� completa análise das vias de acesso;
� descrição do local, com nível de detalhe exigido para 
cadacaso;
� condições topográficas da área.
Croqui da cena do crime: o que é e como fazer?
O croqui é o desenho do local do crime, devendo sempre ser 
apresentado, independente da complexidade do local. Neste 
desenho recomenda-se incluir:
29Unidade 1
� dimensões de portas, móveis, janelas, caso necessário;
� distâncias de objetos até pontos específicos, como vias 
de acesso (entrada e saída);
� distâncias entre objetos;
� medidas que forneçam a exata posição das evidências 
encontradas na cena do crime;
� coordenadas geográficas em locais abertos (obtidas por 
mapas ou GPS).
Qual a importância das fotografi as da cena do crime?
As fotografi as, internas e externas, são imprescindíveis para a 
elaboração do laudo de exame de levantamento de local.
Segundo Garcia, a fotografi a é o mais perfeito dos processos 
de levantamento de local de crime, por tratar-se de uma 
”reconstituição permanente da ocorrência, que irá permitir 
futuras consultas”. (GARCIA, 2002:326). 
Espíndula (2002), também discorre sobre o processamento do 
local: coleta, identifi cação e preservação das evidências.
Quais os procedimentos de coleta?
Todas as evidências devem ser coletadas de forma legal, visando 
à sua admissão como provas em um processo.
Os dois peritos de local devem efetuar a coleta de todas as 
evidências.
As evidências devem ser anotadas no croqui e fotografas antes da 
sua coleta.
30
O que fazer na identifi cação? 
Todas as evidências devem ser cuidadosamente identifi cadas. As 
marcas identifi cadoras podem incluir iniciais, números, etc., os 
quais permitam ao perito que realiza a coleta reconhecer, em data 
posterior, cada evidência como aquela coletada na cena do crime.
Qual a importância da preservação? 
Cada item das evidências deve ser colocado em um recipiente 
ou invólucro adequado à natureza de cada material, tais como 
sacos plásticos, envelopes de papel, caixas que necessitam ser 
corretamente identifi cados e vedados ou lacrados;
Evidentemente, que técnicas especiais deverão ser aplicadas 
de acordo com o delito praticado. Algumas recomendações 
específi cas deverão ser aplicadas nos locais de morte por 
precipitação, por ação do calor, por arma de fogo, por 
afogamento, por envenenamento, por aborto e outros.
- Leia, a seguir, a síntese da unidade, realize as atividades de Auto-
avaliação e consulte o saiba mais para ampliar seus conhecimentos 
acerca do assunto estudado.
31Unidade 1
Síntese
Nesta unidade você teve a oportunidade de ver que, de acordo 
com a Constituição Federal de 1988, que a atividade investigativa 
criminal é realizada, dentre outros, pela Polícia Federal e pelas 
Polícias Civis dos Estados, estas também chamadas de Polícias 
Juridiciárias.
A atividade de investigação criminal consiste na apuração 
dos crimes, que é feita através da busca de provas, periciais ou 
testemunhais.
As provas periciais são técnicas, realizadas por peritos criminais 
e são formadas pelas evidências materiais do crime. As 
prova testemunhais são constituídas pelos depoimentos das 
testemunhas, abrangendo, no sentido amplo, as declarações das 
vítimas e o interrogatório dos suspeitos ou indiciados.
A pesquisa, coleta e produção das provas periciais compete 
à Criminalística. Via de regra, o trabalho pericial exige 
imediatidade. A título de exemplo, o exame residuográfi co 
de verifi cação de pólvora exige a condução do suspeito 
imediatamente após a prática do delito. O exame de lesões 
corporais e de verifi cação de aborto exige lapso temporal curto 
entre o crime e o exame. 
 Considerada a importância da prova pericial e científi ca é 
imprescindível o isolamento e a preservação do local do crime. 
Falhas no isolamento do local do crime podem impossibilitar 
a produção da prova pericial. Vestígios deixados no local do 
crime podem levar ao autor. Como exemplo, um simples estojo 
componente de munição ou projétil componente de munição, 
encontrado em local de homicídio mediante disparo de arma de 
fogo, pode, através de perícia, ser prova crucial para demonstrar 
autoria. 
32
Atividades de auto-avaliação
1) Analise as questões abaixo e assinale verdadeiro ou falso, conforme 
a proposição. Confi ra se atendeu as expectativas no fi nal do livro 
didático.
( ) Nos crimes que ocorreram mediante disparo de arma de fogo, a 
apreensão de estojos no local não é importante, posto que não é 
possível realizar perícia comparativa entre o estojo e a arma de fogo.
( ) Nos crimes que ocorreram mediante disparo de arma de fogo, a 
apreensão de projéteis no local possibilita a realização do laudo de 
identifi cação de projéteis e, quando a arma é apreendida, o laudo de 
comparação balística.
( ) O rol de provas elencados no Código de Processo Penal Brasileiro é 
exemplifi cativo.
( ) O sistema de provas previsto no Código de Processo Penal Brasileiro é 
o da íntima convicção.
( ) A prova testemunhal pode suprir a prova pericial quando a infração 
penal não deixar vestígios.
Saiba mais
Para saber mais sobre o conteúdo tratado acesse:
http://www.espindula.com.br e leia o artigo: Função pericial do 
Estado.
http://www.abcperitosofi ciais.org.br/arti.htm e leia o artigo: 
Isolamento e preservação de locais de crime com cadáver.
UNIDADE 2
Metodologia de redação de 
laudos periciais
Objetivos de aprendizagem
� Conhecer a forma como são elaborados os laudos 
periciais.
� Conhecer alguns modelos de laudo pericial.
Seções de estudo
Seção 1 O Laudo pericial: caracterização
Seção 2 Modelos de laudo pericial
2
34
Para início de estudo
Todos aqueles que queiram se aprofundar no tema da segurança 
pública têm, necessariamente, de saber acerca da importância da 
prova pericial e conhecer a metodologia de redação dos laudos 
periciais.
Cabe aos estudiosos do assunto segurança pública estarem aptos a 
interpretar e avaliar laudos periciais, na sua forma e conteúdo.
SEÇÃO 1 - O Laudo pericial: caracterização
O laudo pericial deve ser simples e preciso, facilmente 
compreendido e assimilado. Não deve tecer juízos de valor, 
considerações subjetivas, mas fornecer objetivamente informações 
técnicas.
Existem diversos tipos de laudos periciais, dentre eles podemos 
destacar: 
a) laudo de levantamento de local, 
b) laudo de identificação de projétil, laudo de 
comparação balística,
c) laudo de verificação de eficácia de arma de Fogo, 
d) laudo de exame cadavérico, laudo de constatação de 
danos, cada qual com as suas peculiaridades.
Não obstante, de forma geral, pode-se defi nir alguns requisitos 
inerentes a todos os laudos.
Toccheto elenca alguns itens a serem preenchidos na elaboração 
de laudo pericial relacionado a crimes contra o patrimônio, que, 
de forma geral, podem ser adotados na confecção dos demais. 
Veja quais são:
TOCCHETTO, Domingos e 
ESPINDULA, Alberi. Criminalística. 
Procedimentos e Metodologias, 
p.50-54. 
35Unidade 2
1- Preâmbulo ou histórico.
2- Preliminares.
3- Objetivo da perícia ou quesitos.
4- Dos exames periciais.
5- Considerações técnicas ou discussão.
6- Conclusão e/ou respostas aos quesitos.
7- Fecho ou encerramento.
8- Anexos.
A seguir, você terá a oportunidade de conhecer cada um deles. 
Vamos lá?
Preâmbulo ou Histórico
Discriminar a data, a hora e o local em que for elaborado o 
laudo pericial, o nome do instituto e órgãos superiores aos 
quais está subordinado, tipo de laudo, a data da requisição 
e/ou solicitação, nome da autoridade que requisitou 
e/ou solicitou a perícia, nome do diretor e dos peritos 
signatários do laudo, bem como o objetivo geral dos 
exames periciais.
Fazer, neste tópico, um pequeno histórico da requisição, 
bem como uma síntese do fato que originou a requisição da 
perícia e as providências tomadas referentes ao fato. Informações 
fornecidas por autoridades, funcionários e proprietários devem ser 
relatados neste item.
Preliminares
Neste tópico, o relator vai consignar as informações referentes 
à preservação e isolamento do local e quaisquer outrasalterações que forem relevantes ao caso, ou que prejudicaram 
o andamento dos trabalhos periciais. Nos casos de exames 
em peças, este tópico destina-se à consignação de qualquer 
fato confl itante entre a requisição e o objeto de exame, tais 
como número de peças distinto do constante na requisição, 
peças que não estão discriminadas, objetivos do exame 
incompatíveis com o tipo de peça a ser examinada.
36
Objetivo da Perícia ou quesitos
Descrever, conforme consta na requisição, quais os objetivos a 
serem buscados na perícia, os quais deverão estar contidos na 
requisição da perícia ou nos quesitos formulados. Não sendo 
especifi cado na requisição os objetivos da perícia, é de bom 
alvitre que os peritos descrevam com certa precisão quais são os 
objetivos periciais pertinentes àqueles exames.
Dos Exames Periciais
Discriminar todas as técnicas e métodos empregados e os 
respectivos exames levados a efeito naquela perícia. Não é 
necessário que, nos exames periciais, constem de forma explícita 
os subitens seguintes, mas seu conteúdo deve obrigatoriamente 
integrar o texto relativo aos exames periciais:
a) do local: constitui a parte essencial. A descrição deve 
ser metódica, objetiva, fiel, minuciosa, clara, síntese do 
observado. Quando os fatos forem variados, convém 
distribuí-los em capítulos conforme sua natureza e 
interdependência. Evitar informações, discussões, 
hipóteses, diagnósticos e conclusões;
b) dos vestígios: partindo-se das indicações (referências) 
maiores para as menores (detalhes). 
Descrever conforme a ordem de maior importância, como o 
acesso ao terreno, ao prédio, ao cômodo, à gaveta, etc. Aqui 
devem ser relacionados e devidamente descritos todos os vestígios 
constatados no exame pericial. Deve-se ater somente à descrição 
dos vestígios, deixando para o tópico seguinte a respectiva análise 
e interpretação dos mesmos.
As técnicas ou métodos empregados devem 
sempre partir do geral para o particular, de exames 
macroscópicos para exames microscópicos. Quando 
for empregada mais de uma técnica na realização de 
um determinado exame, é preciso citá-la na ordem 
em que a mesma foi aplicada.
37Unidade 2
Considerações Técnicas ou Discussão
Do histórico e das descrições (local e vestígios) defl uem as 
conclusões. Porém, em certos casos há necessidade de 
cotejar fatos, de analisá-los, dissipar dúvidas ou ajustar 
obscuridades. Através da discussão asseguram-se 
conclusões lógicas, afastando-se as hipóteses capazes de 
gerar confusão, evidenciando-se aquelas que, depois de 
cotejadas, conduzirão e subsidiarão a conclusão.
Buscar a coerência ou não dos elementos observados e 
anteriormente citados. Confrontá-los com a normalidade.
Enfi m, relatar neste tópico as análises e interpretações das 
evidências constatadas e respectivos exames, de maneira a 
facilitar a compreensão e entendimento por parte dos usuários do 
laudo pericial.
Conclusão e/ou respostas aos quesitos
A conclusão pericial inserida no laudo pericial devem ser, 
obrigatoriamente, uma conseqüência natural do que já fora 
argumentado, exposto, demonstrado e provado tecnicamente nos 
tópicos anteriores do laudo.
A conclusão deve obedecer a critérios técnicos conforme 
já recomendados, ou seja: somente quando nos restar uma 
possibilidade para aquele evento, sob a ótica técnico-científi ca é 
que pode-se concluir de forma categórica.
Para chegar-se a essa única possibilidade, têm-se apenas duas 
situações viáveis.
A primeira situação é quando, no conjunto dos vestígios 
constatados e examinados, há um que, por si só, determinante. 
Obviamente que vestígio determinante, neste caso, deve estar 
caracterizado pela sua condição autônoma associada ao seu 
signifi cado no evento em estudo. Em muitos casos, este vestígio 
determinante pode estar associado a outros elementos de 
convicção técnico-científi ca. Veja exemplo para entender melhor 
esse conceito.
38
Impressão digital individualmente é um vestígio 
determinante, mas, se for encontrado um desses 
vestígios no local do crime, não quer dizer que foi 
identifi cado o autor do crime e por conseqüência 
trata-se de um homicídio.
Por outro lado, em um local de incêndio, a constatação de 
múltiplos focos iniciais não é um vestígio determinante por si 
só, mas se restar comprovado que tais focos eram isolados ou 
incomunicáveis, e em conjunto com as observações anteriores, 
nos locais correspondentes aos focos forem retiradas amostras 
de materiais que apresentem resultados positivos em exames 
laboratoriais, em pesquisa de vestígios de hidrocarbonetos 
voláteis, o grau de clareza da ação dolosa será determinante para 
a caracterização e materialização do delito. 
A segunda situação em que os peritos poderão ter apenas 
uma possibilidade será em um universo de vários vestígios, 
onde nenhum deles por si só seja determinante, mas apenas 
probabilísticos, e que, no seu conjunto de informações técnico-
científi cas levem a uma única possibilidade.
Todavia, existem várias situações em que os peritos poderão ter 
vários vestígios relacionados com o fato, onde nenhum deles por 
si seja determinante. Neste caso, os peritos deverão apontar quais 
são e descrevê-los. Existem, por vezes, situações em que, apesar 
da existência de vestígios, mesmo analisando-os em seu conjunto, 
não será possível chegar a uma defi nição quanto ao diagnóstico. 
Neste caso, os peritos não poderão fazer qualquer afi rmativa 
conclusiva quanto ao fato, salientando que os vestígios existentes 
são quantitativa e qualitativamente insufi cientes para se chegar a 
uma conclusão categórica.
Há, ainda, a situação na qual, através do seu exame ou de 
sua análise, não se observem vestígios materiais capazes de 
fundamentar uma conclusão. Neste caso deve-se constar no 
laudo que, face à exigüidade de vestígios, não há elementos 
técnicos através dos quais possa ser fundamentada uma conclusão 
categórica.
39Unidade 2
Mesmo que não seja possível uma conclusão 
categórica em uma determinada perícia, deve-se 
constar no laudo o tópico correspondente e, nele 
informada a impossibilidade de conclusão face aos 
motivos que devem ser mencionados (exigüidade de 
vestígios, falta de preservação, etc.) , de forma clara e 
explicativa, porém, poderá ser levantada uma causa 
mais provável.
 Então, não sendo possível concluir um laudo pericial, para 
auxiliar no contexto geral das investigações e, posteriormente, à 
justiça, o perito deverá tomar todo o cuidado, tanto no exame 
quanto no texto dessas argumentações.
Em alguns casos concretos, os peritos terão condições de eliminar 
algumas admissibilidades ou hipóteses, e, com isso, delimitarem 
o trabalho dos investigadores de polícia, e, posteriormente, da 
justiça. A eliminação de algumas das possibilidades na verdade 
é uma conclusão pela sua exclusão, e, portanto, deve seguir o 
mesmo rigor técnico-científi co já mencionado.
O técnico-científi co se refere à técnica criminalística e o 
científi co às demais leis da ciência. O perito poderá se valer, 
para as suas conclusões, ou de alguma técnica criminalística 
já consagrada ou de alguma lei da ciência de qualquer área do 
conhecimento científi co, ou de ambas, de acordo com cada 
situação.
40
Fecho ou Encerramento
Analise um modelo de laudo e verifi que os elementos que ele 
contém.
Modelo de fecho ou encerramento de laudo pericial
Este laudo, composto por (...) páginas impressas em seu anverso, foi feito 
em duas vias de igual teor, pelos peritos da Seção de Crimes Contra o 
Patrimônio, estando ambas as vias autenticas com a rubrica dos seus 
subscritores, acompanhadas pelos anexos (citar quais os anexos e o 
número dos mesmos), bem como se devolve todo o material, descrito no 
tópico documentos de exame, lacrados no envelope nº ..
Local e data
Nome dos peritos.
Classe e/ou cargo
Anexos
É necessário incluir, ao fi nal, todos os anexos que foram 
produzidos e que sejam necessários para acompanhar o laudo, 
visando a melhor compreensão do mesmo, tais como,resultado 
de exames complementares, fotografi as, gráfi cos, relatórios de 
outros peritos/profi ssionais, etc.
No entanto, considerando os avanços da informática, muitos 
recursos gráfi cos podem ser inseridos ao lado, ou logo abaixo, 
da parte do texto a que se refere tal assunto. Especialmente para 
evidenciar algum detalhe que o texto esteja se referindo naquele 
momento da argumentação. As fotografi as, quando digitais ou 
digitalizadas, podem seguir esse mesmo critério.
SEÇÃO 2 - Modelos de laudos Periciais
Seguem abaixo alguns modelos de laudos periciais. Este modelos 
foram extraídos da obra “Inquérito e Procedimentos Policial” 
(GARCIA, 2002:397-398, 415-416, 448-449).
Analise atentamente cada um deles:
41Unidade 2
a) LAUDO DE EXAME DE DOCUMENTOS
Aos... dias do mês de .... do ano de ....., nesta Capital, no Departamento de 
Criminalística, pelo Diretor LL foram designados PP e PQ para proceder ao 
exame pericial de documento, a fi m de ser atendida requisição do Bel. AA, 
Delegado Titular do 1ª DP, conforme Ofício nº ....
Peças Motivantes
Trata-se de manuscritos apostos em um pedaço de papel sem pauta 
medindo aproximadamente 14,7 cm e 6,7 cm.
O documento encontra-se colado em uma folha de papel sem pauta 
apresentando no canto superior direito “24-Z”.
Trata-se de envelope que apresenta manuscritos feitos com caneta dita 
esferográfi ca, tinta preta. Encontra-se ele endereçado a SS e está colado a 
uma folha em branco, apresentando no canto superior direito o n. “25-z”.
1. Peças Paradigmáticas
Como espécimes de confronto, contamos com padrões autênticos de JJ e 
JL, contidos em Auto de Colheita de Material Gráfi co Autêntico, coletados 
pela Polícia Civil de São Paulo – DEGRAN – através do Dr. AB.
3 – Dos Exames
As peças motivantes e paradigmáticas foram examinadas a olho nu e por 
meios óticos adequados em busca e de hábitos gráfi cos característicos 
que, uma vez determinados, foram confrontados entre si para uma 
possível origem comum ou não. Fotomacrografi as foram tomadas, e 
os assinalamentos necessários foram permitindo assim um controle da 
conclusão pericial.
4 – Quesitos e Respostas
1º - O autor do Auto de Colheita de Material Gráfi co Autêntico, JJ, é 
também autor das escritas gravadas no bilhete de fl s. 24, doc 05 e 
envelope, doc06, fl s. 25?
Resposta: sim
Para que dois grafi smos sejam aceitos como do mesmo punho, é 
necessário que em ambos os seguintes valores sejam convergentes:
A) habilidade gráfi ca;
B) hábitos gráfi cos;
C) que não haja divergências estruturais entre os dois grafi smos.
(...)
42
na carta de confronto em anexo, 01 a 07, os assinalamentos mais 
preponderantes estão em quantidade e qualidade sufi cientes para 
afi rmarmos que as peças motivantes foram produzidas por JJ.
(...)
É o nosso relatório.
Obs: O material examinado é devolvido com o presente laudo.
Goiânia, ....... de....... de........
PP PQ
1º Perito 2º Perito
b) LAUDO DE EXAME DE ARMA DE FOGO
Aos ... dias do mês de .... do ano de ....., nesta Capital, no Departamento 
de Criminalística da Diretoria Geral da Polícia Civil, pelo Diretor LL, foram 
designados os peritos PP e PQ para proceder ao exame pericial em arma 
de fogo, a fi m de ser atendida requisição do Bel AA, Delegado do 1º 
Distrito Policial, através do Ofício nº.
1 – Características das Peças Examinadas
Aos peritos foram apresentados sete cartuchos intactos e um estojo calibre 
nominal 7.65 mm, de marca CBC, bem como uma arma de fogo, curta e 
de porte, classifi cada como pistola semi-automática, tendo as seguintes 
características:
a) Marca Beretta;
b) Fabricação italiana;
c) N de série 683C09;
d) Calibre nominal 7.65mm;
e) Mecanismo de percussão central, cão aparente e pino percursos 
isolado;
f) Carregamento por pente;
g) Coronha guarnecida por talas de plástico pretas com inscrição “Cb.
BN”(lateral esquerda), bem como com o logotipo da marca da arma;
h) Dimensões: 8,5cm de comprimento de cano X13,5 de diagonal máxima;
i) Acabamento oxidado, em desgaste;
43Unidade 2
j) OBS: Foi utilizado um cartucho em disparo experimental
2 – Funcionamento da arma
O estado geral da arma é bom, não apresentando suas peças quaisquer 
anomalias que impeçam seu funcionamento. Está apta à realização de 
disparos
3 – Quesitos e Respostas
a) Quais as características da arma periciada?
Resposta_ ver item 1.
b) No estado em que se encontra, está em perfeitas condições de uso?
Resposta: Sim, ver item 2.
c) A munição que a acompanha é do mesmo calibre da arma, e qual o seu 
estado?
Resposta: Sim, estado em condições de uso. Seu calibre corresponde ao da 
arma, ou seja, 7,65mm.
d) Há evidências de disparo recente?
Resposta: Ver laudo químico.
e) O pedaço de chumbo pertence ao mesmo calibre da arma?
Resposta: O pedaço de chumbo a que se refere o quesito é um projétil 
de arma de fogo calibre nominal 7.65mm, que, inclusive foi expelido pela 
arma de fogo aqui periciada. Portanto, a resposta não só é afi rmativa, 
como também identifi ca a arma que o expeliu. Ver fotos 1 e 2.
É o relatório.
OBS: O material examinado é devolvido com o presente.
Goiânia,... de.... de ....
PP PQ
1º Perito 2º Perito
44
c) LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO
Aos... dias do mês de ... de ...., no Necrotério do Instituto Médico-Legal, 
nós, médico-legistas que abaixo assinamos, atendendo à requisição da 
Delegacia do 1º DP, procedemos ao exame CADAVÉRICO no cadáver que 
nos foi apresentado como sendo de SS (qualifi cação completa), no qual 
observamos:
Descrições das lesões: 1 – ferida pérfuro-contusa, medindo 0,8 cm 
de diâmetro, com área de chamuscamento, localizada na região 
bucinadora (cochecha) direita, com trajeto transfi xando a língua e ramo 
mandibular esquerdo, com saída na região bucinadora contra-lateral; 
2 – ferida pérfuro-contusa, medindo 0,8 com de diâmetro, com área de 
chamuscamento e câmara de mina, localizada na região parietal esquerda, 
logo acima do pavilhão auricular (orelha), transfi xante, com grande 
destruição de massa encefálica, com saída na região carotideana direita, 
logo abaixo do pavilhão auricular; 3 – sem outras lesões. Nada mais tendo 
sido constatado, passamos a responder aos quesitos.
1º - Houve morte? Resposta: Sim, houve morte.
2º - Qual a causa da morte? Resposta: Hemorragia intracraniana
3º - Qual o instrumento ou meio que a produziu?
 Resposta: Pérfuro-contundente
4º - Foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfi xia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel? 
Resposta: Prejudicado
5º - Qual a data do óbito? (especifi car hora, dia, mês e ano); Resposta: 
Óbito dia .../.../..., às 17 h.
Dado e passado no Instituto Médico-Legal, em Goiânia, Capital de Goiás, 
aos ... dias do mês de .... de ....
PP PQ
1º Médico-Legista 2º Médico-Legsita
45Unidade 2
d) LAUDO DE EXAME DE LESÕES CORPORAIS
Aos... dias do mês de ...., no Gabinete do Instituto Médico-Legal, nós, 
médico-legistas que abaixo assinamos, atendendo à requisição da 
Delegacia do 1º DP, procedemos ao exame de corpo de delito - LESÕES 
CORPORAIS - a pessoa que nos foi apresentada como sendo SS 
(qualifi cação completa), na qual observamos:
DESCRIÇÃO DAS LESÕES: 1 - cicatriz de ferida pérfuro-cortante, medindo 
3 cm de extensão, localizada no hipocôndrio esquerdo, próximo ao 
rebordo costal; 2- cicatriz de incisão cirúrgica, mediana, medindo 25 cm 
de extensão, localizada na linha média do abdome; 3 – cicatriz de incisão 
cirúrgica, medindo 2 cm de extensão, localizada no fl anco esquerdo 
(dreno); 4 – relatório de lesões, cujo teor é o seguinte: “Aos .../.../.., 
examinei SS e constatei o seguinte: estado geral comprometido. Lesões 
apresentadas:1 – ferida penetrante no abdome, no hipocôndrio esquerdo; 
2 – choque hipovolêmico, Instrumento: arma branca. Tratamento: 
cirúrgico, ressecção de estômago devido à laceração extensa; reposição 
sangüínea; antibióticos, soroterapia. Seqüelas que futuramente poderão 
se apresentar: distúrbio digestivo. Afastamento de suas ocupações por 
40 dias. Hospital BDF. Dr. OS, CRM – GO 007”. Nada mais tendo sido 
constatado, passamos a responder os seguintes quesitos:
1º - Houve ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente? 
Resposta: Sim.
2º - Qual o instrumento ou meio que a produziu? Resposta: Pérfuro-
cortante.
3º - Foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfi xia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel?. Resposta: Prejudicado.
4º - Resultou incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta 
dias? Resposta – Sim
5º - Resultou perigo de vida? Sim, devido à lesão penetrante no abdome 
com a laceração do estômago e devido ao estado geral comprometido 
produzido por choque hipovolêmico que necessitou de cirurgia e de 
reposição sangüínea.
6º - Resultou debilidade permanente ou perda ou inutilização de membro, 
sentido ou função? Resposta: Sim, debilidade permanente da função 
digestiva.
7º - Resultou incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade 
incurável ou deformidade permanente? Resposta: Não
8º - Resultou aceleração de parto ou aborto? Resposta: Não
46
Dado e passado no Instituto Médico-Legal, em Goiânia, Capital de Goiás, 
aos ... dias do mês de .... de ....
PP PQ
1º Médico-legista 2º Médico-Legista
- Leia, a seguir, a síntese da unidade, realize as atividades de Auto-
avaliação e consulte o saiba mais para ampliar seus conhecimentos 
acerca do assunto estudado.
Síntese
O laudo pericial deve ter linguagem clara, acessível e as 
informações devem ser objetivas, sem haver juízos de valor. 
O laudo pericial deve ser formado por: 
1. Preâmbulo ou histórico.
Discriminar a data, a hora e o local em que for elaborado o laudo 
pericial, o nome do instituto e órgãos superiores aos quais está 
subordinado, tipo de laudo, a data da requisição e/ou solicitação, 
nome da autoridade que requisitou e/ou solicitou a perícia, 
nome do diretor e dos peritos signatários do laudo, bem como o 
objetivo geral dos exames periciais.
2.Preliminares.
Neste tópico o relator vai consignar as informações referentes à 
preservação e isolamento do local e quaisquer outras alterações 
que forem relevantes ao caso, ou que prejudicaram o andamento 
dos trabalhos periciais.
3.Objetivo da perícia ou quesitos.
Descrever, conforme consta na requisição, quais os objetivos a 
serem buscados na perícia, os quais deverão estar contidos na 
requisição da perícia ou nos quesitos formulados.
47Unidade 2
4.Dos exames periciais.
Discriminar todas as técnicas e métodos empregados e os 
respectivos exames levados a efeito naquela perícia.
5.Considerações técnicas ou discussão.
Do histórico e das descrições (local e vestígios) defl uem as 
conclusões. Porém, em certos casos há necessidade de cotejar 
fatos, de analisá-los, dissipar dúvidas ou ajustar obscuridades.
6.Conclusão e/ou respostas aos quesitos.
7.Fecho ou encerramento.
8.Anexos.
Atividades de auto-avaliação
 Leia as questões a seguir e responda com base no conteúdo. Verifi que 
no fi nal do livro as indicações e comentários. 
1. Qual a importância do laudo pericial na investigação criminal?
48
2. Que tipo de prova é o laudo pericial?
3. O laudo pericial é sempre conclusivo?
Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos tratados nesta unidade você 
pode assistir:
Filme: “Seven”. (EUA). Lançado em 1995. Gênero: Policial. 
Duração: 128 min. Direção: David Fincher.
Ou, então, ler: 
Artigo: “Laudo pericial e outros documentos técnicos”.
Disponível em: http://espindula.com.br/default4.htm. Acessado 
em 17 de julho de 2006.
UNIDADE 3
Investigação Criminal
Objetivos de aprendizagem
� Compreender o conceito e o histórico da Polícia.
� Contextualizar a investigação criminal, concebendo-a 
como o trabalho realizado pelas Polícias Federal e Civil, 
dentre outros órgãos.
� Identifi car os procedimentos de apuração de infrações 
criminais, provas técnicas e testemunhais para subsidiar 
o processo criminal.
� Identifi car procedimentos de prova criminal e o 
seu histórico, a partir dos pontos relevantes para 
compreender o sistema de provas brasileiro da 
atualidade.
� Conhecer o inquérito policial percebendo-o como 
procedimento sigiloso, inquisitivo e informativo, de 
competência exclusiva das Polícias Federal e Civil, no 
qual a investigação criminal é formalizada.
Seções de estudo
Seção 1 Conceito e histórico da polícia
Seção 2 Conceito de investigação criminal
Seção 3 Conceito de prova
Seção 4 Evolução histórica da prova criminal
Seção 5 Inquérito policial
3
50
THOMÉ, Ricardo Lemos. 
Contribuição à Prática da Polícia 
Judiciária, 1997, p.10.
Para início de estudo
Para que você compreenda como é exercida a atividade estatal 
de segurança pública brasileira na atualidade, é imprescindível 
que verifi que quais são as polícias existentes que integram este 
sistema e quais suas respectivas funções. Dessa forma, saberá 
quais polícias serão responsáveis pela investigação criminal. 
Importante, também, verifi car o que é investigação criminal, 
inquérito policial e prova criminal, e saber quais os tipos de 
provas já foram aceitáveis em tempos passados e como é o 
sistema de provas da atualidade.
SEÇÃO 1 - Conceito e histórico da polícia
A palavra Polícia é vocábulo derivado do latim “politia”, que 
por sua vez, procede do grego “politeia”, que signifi ca, segundo 
Th omé, (...)administração da cidade. 
Segundo o mesmo autor, Polícia pode ser defi nida como: 
(...) instrumento de utilidade e que passa a ser responsável 
pela investigação das infrações penais cometidas e pela 
política de disciplina e restrição empregada a serviço do 
povo.
Marcineiro (2001), conceitua Polícia como sendo:
 (...) a organização administrativa que tem por atribuição 
impor limitações à liberdade (individual ou de grupo) na 
exata medida necessária à salvaguarda e manutenção da 
ordem pública (...). No entanto, a polícia mais visível a 
todos é a de segurança pública e por isso mesmo todos 
tendemos a confundi-la, enquanto parte, com o todo 
(...) a polícia se especializa e hoje, se apresenta com 
duas funções: a polícia preventiva (administrativa), de 
proteção individual e coletiva e a polícia judiciária, ou 
seja, atividade policial repressiva (judicial) ao crime e de 
auxílio à justiça penal (investigação científi ca dos crimes). 
(MARCINEIRO, 2001: 47,48).
51Unidade 3
Segundo Tourinho Filho (2001), 
(...) a Polícia é o órgão incumbido de manter e preservar 
a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do 
patrimônio (TOURINHO FILHO, 2001:27). 
Você já teve a oportunidade de ler o que dispõe o artigo 144 da 
Constituição Federal de 1988 com relação à segurança pública. 
Diz o artigo: 
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é 
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas 
e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I – polícia federal;
II – polícia rodoviária federal;
III – polícia ferroviária federal;
IV – polícias civis;
V – polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Portanto, às Polícias Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e 
Militares cabe o policiamento ostensivo, atuando precipuamente 
na prevenção dos delitos.
De outro lado, é interessante que você perceba que a atuação 
principal das Polícias Federal e Civis ocorre após a prática do 
crime, na repressão dos delitos. Apuram materialidade e autoria 
das infrações penais, por meio da função investigativa. 
O que cabe à Polícia Federal?
À Polícia Federal cabe a apuração das infrações penais contra 
a ordem política e social ou emdetrimento de bens, serviços e 
interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas 
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha 
repercussão interestadual ou internacional e exija repressão 
uniforme, segundo se dispuser em lei, além de prevenir e reprimir 
o tráfi co ilícito de entorpecentes e drogas afi ns, o contrabando 
e o descaminho, nos termos do artigo 144, § 1º, I e II da 
Constituição Federal de 1988.
52
Segundo Silva, Democracia é “(...) 
um regime político em que o poder 
repousa na vontade do povo”. In: 
SILVA, José Afonso da. Curso de 
Direito Constitucional Positivo,1999, 
p.130.
O que cabe à Polícia Civil?
A Polícia Civil, também chamada de Polícia Judiciária, tem 
competência residual, tendo a função de apurar as infrações 
penais e respectivas autorias, ressalvadas as atribuições da Polícia 
Federal e as infrações da alçada militar, de acordo com o artigo 
144, § 4º, da Carta Magna.
A Polícia como organização surgiu em 1829, na 
Inglaterra, com a criação da Polícia Metropolitana de 
Londres, considerada a primeira organização policial 
do mundo.No Brasil, a história da Polícia tem início 
apenas no século XIX, ano de 1808, com a vinda da 
Família Real Portuguesa ao Brasil, em decorrência 
das invasões napoleônicas no continente europeu. 
Segundo (MARCINEIRO e PACHECO, 2001:15).
Inicialmente, segundo Th omé (1997), a ação militar em defesa 
da posse, a função policial e a função de julgar não estavam 
separadas. A atividade investigativa fi cava sob a responsabilidade 
dos magistrados, em especial dos Juízes de Paz. Com o rápido 
crescimento das atividades econômicas e sociais, fez-se necessária 
a organização dos serviços policiais.
Segundo Marcineiro e Pacheco, (2001), a origem da Polícia 
Judiciária, como organização, ocorreu em 1841, com a 
promulgação da Lei no. 261, de 03 de dezembro, que apresentava 
uma organização policial incipiente, criando em cada província 
um Chefe de Polícia, com seus delegados e subdelegados 
escolhidos dentre os cidadãos.
A partir da promulgação da república, em 1889, a Polícia passou 
a atuar de acordo com o modelo político vigente. Na democracia 
a Polícia tinha como foco a segurança pública dos cidadãos, 
e, nos períodos ditatoriais, a Polícia tinha como prioridade 
salvaguardar a segurança nacional estatal, o que fi ca evidenciado 
pelos dispositivos que versavam sobre segurança pública, 
inseridos nas Constituições Federais que se sucederam.
53Unidade 3
Segundo Canotilho 
(1999), “(...) garantias 
são os meios processuais 
adequados à proteção dos 
direitos. In: CANOTILHO, 
José Joaquim Gomes. 
Direito Constitucional e 
Teoria da Constituição, 
1999, p.372.
Importante a diferenciação que Marcineiro e Pacheco, 
na obra Polícia Comunitária. Evoluindo para a Polícia 
do Século XXI, p.33, fazem entre segurança nacional e 
segurança pública: a primeira com sendo a defesa do 
Estado e a segunda como tendo o foco na segurança 
da sociedade. 
A atual Constituição Federal de 1988 é fruto de uma 
redemocratização, iniciada em 1985, após vinte e um anos de 
regime de exceção. Promulgada em um Estado Democrático 
de Direito, a Carta Magna prima pela garantia dos direitos 
individuais.
Nesse contexto, a Polícia passa a ter o dever de prestar serviços 
respeitando tais garantias e contribuindo para salvaguardá-las.
SEÇÃO 2 - Conceito de investigação criminal
Você sabe o que signifi ca investigar? Que sentido esta 
palavra assume no contexto da segurança pública? 
Segundo Bueno (1977), investigar signifi ca
(...) indagar, pesquisar, fazer diligências para achar, (...), 
descobrir. (BUENO, 1977:685).
É um ato instintivo do homem que o faz movido pelo princípio 
inteligente e pelo instinto de curiosidade. Você concorda? Muito 
bem, vamos adiante e contextualizando.
A investigação policial é atividade de natureza 
sigilosa exercida por policial ou equipe de policiais 
determinada por autoridade competente que, 
utilizando metodologia e técnicas próprias, visa 
a obtenção de evidências, indícios e provas de 
materialidade e de autoria do crime.
54
A investigação policial, ou investigação criminal, é atividade 
policial direcionada à apuração das infrações penais e de sua 
autoria. É o trabalho realizado por policiais, especialmente 
delegados e seus agentes, procurando esclarecer a autoria e 
materialidade de delitos, bem como as circunstâncias em que 
ocorreram. Estas circunstâncias são detalhes de fatos criminosos 
com a preocupação de melhor identifi car as pessoas com 
eles relacionados e o próprio objeto do crime, visando reunir 
elementos probatórios para o indiciamento ou não e posterior 
encaminhamento à apreciação judicial.
Qual o objetivo da Investigação criminal?
O objetivo da investigação criminal é amealhar provas criminais, 
para comprovar materialidade e autoria do delito. 
- A seguir você vai estudar sobre a prova e seu conceito.
SEÇÃO 3 - Conceito de prova
Como dito, o objetivo da investigação criminal é a busca das 
provas criminais necessárias para a elucidação do crime.
O vocábulo “prova” origina-se do latim probatio, que por sua 
vez emana do verbo probare, com o signifi cado de demonstrar, 
reconhecer, formar juízo sobre um fato.
De Plácido e Silva (1978), A prova consiste, pois, na 
demonstração da existência ou da veracidade daquilo que se 
alega como fundamento do direito que se defende ou que se 
contesta.(De PLACIDO e SILVA, 1978: 1253).
Segundo Greco Filho (1997:196), a prova é todo meio 
destinado a convencer o juiz a respeito da verdade de 
uma situação de fato.
GRINOVER, FERNANDES E GOMES 
FILHO diferem fonte de Prova, meio 
de Prova e objeto da Prova: “Pode-
se, assim, distinguir entre fonte 
de Prova (os fatos percebidos pelo 
juiz), meio de Prova (instrumentos 
pelos quais os mesmos se fixam em 
juízo) e objeto da Prova (o fato a ser 
Provado, que se deduz da fonte e se 
introduz no processo pelo meio de 
Prova)”. (GRINOVER, Ada Pellegrini; 
FERNANDES, Antônio Scarance; 
GOMES FILHO, Antônio Magalhães. 
As Nulidades no Processo 
Penal,1982, p.106).
55Unidade 3
CINTRA, Antônio Carlos 
de Araújo; GRINOVER, Ada 
Pelegrinni; DINAMARCO; 
Cândido Rangel.Teoria 
Geral do Processo, 2003, 
p.348. 
(CINTRA, Antônio Carlos 
de Araújo; GRINOVER, Ada 
Pelegrinni; DINAMARCO; 
2003: 348).
Todas as afi rmações de fato feitas pelo autor, bem como as 
afi rmações feitas pelo réu, que normalmente se contrapõem 
àquelas, podem ou não corresponder à verdade. De acordo com 
Cintra, 
as dúvidas sobre a veracidade das afi rmações de fato 
feitas pelo autor ou por ambas as partes no processo, a 
propósito de dada pretensão em juízo, constituem as 
questões de fato que devem ser resolvidas pelo juiz, à 
vista da prova dos fatos pretéritos relevante.
Portanto, a prova constitui o instrumento por meio 
do qual se forma a convicção do juiz a respeito da 
ocorrência ou inocorrência dos fatos controvertidos no 
processo.
Especifi camente com relação à prova criminal, pode-se afi rmar 
que é aquela utilizada para demonstrar a ocorrência ou não 
de uma infração penal e as circunstâncias que possam infl uir 
no julgamento da responsabilidade e na individualização das 
penas. As provas criminais formam a convicção a respeito da 
autoria e materialidade da infração penal, das condições de 
antijuridicidade e culpabilidade, e de todos os demais elementos 
necessários para fundamentar uma decisão condenatória ou 
absolvitória.
Em síntese, a prova criminal é aquela utilizada para demonstrar 
ao Juiz a veracidade ou falsidade da imputação feita ao réu 
e as circunstâncias que possam infl uir no julgamento da 
responsabilidade e na individualização das penas.
SEÇÃO 4 - Evolução histórica da prova criminal
O sistema probatório, no Processo Penal Brasileiro, adotou o 
modelo europeu-continental, fazendo-se importante uma breve 
análise das origens deste modelo.
Os meios de prova, concebidos como instrumentos de 
reconstituição de fatos pretéritos, sempre acompanharama 
história da civilização, estando fortemente condicionados por 
circunstâncias históricas e culturais. 
56
Na Antigüidade, a religião era a força propulsora das 
organizações rudimentares e, posteriormente, das 
cidades, estando acima de tudo e de todos. Leis e 
religião se misturavam. Coulange (1996) menciona 
que o respeito dos antigos às leis advinha da crença 
de que estas eram ditadas pelos deuses, tinham 
origem sagrada. (COULANGE, 1996:152).
Esta foi uma época em que os homens não conheceram a 
liberdade individual, pois não se tinha a mais leve idéia sobre 
a individualidade humana e sobre os Direitos a ela inerentes. 
Foi neste período em que se instituíram as ordálias ou juízos de 
Deus, e os juramentos. Aqueles se fundavam na crença de que 
Deus não deixaria de sustentar o Direito do inocente, estes no 
pressuposto de que ninguém se atreveria a tomar Deus como 
testemunha de uma falsidade.
Santos (1970), conceitua ordália como “sendo a submissão de 
alguém a uma prova, na esperança de que Deus não o deixaria sair 
com vida ou sem um sinal evidente, se não dissesse a verdade ou fosse 
culpado.” (SANTOS, 1970:25). 
Segundo Santos (1970), as ordálias constituíram a 
prova suprema usada pelos germanos primitivos e os 
povos antigos da Ásia, não tendo aplicação entre os 
romanos, que, segundo Sznick conheceram e fi zeram 
uso da tortura contra seus escravos na Antigüidade. 
(SZNICK, 1978:24).
Durante muitos séculos na Idade Média, com o domínio absoluto 
dos bárbaros na Europa, as ordálias também tiveram aplicação. 
Segundo 
Santos, (1970:26) na prova pelo fogo se fazia o acusado carregar 
uma barra de ferro em brasa por certa distância, ou caminhar, 
com os pés nus, sobre ferros candentes, e a prova pela água 
fervente consistia no acusado tirar um ou mais objetos do fundo 
de uma caldeira de água fervente, sendo o acusado absolvido se 
não restassem lesões e condenado no caso contrário.
57Unidade 3
Montesquieu (1996), menciona que a prova pela água fervente 
podia ser substituída, a critério do acusador, por certa quantia e 
pelo juramento de algumas testemunhas que declarassem que o 
acusado não havia cometido o crime. (MONTESQUIEU, 1996: 
553).
Acerca dos juramentos, Santos (1970) analisa:
Compreende-se facilmente a inclusão do juramento entre 
os velhos sistemas probatórios, que se refl ete na infl uência 
exercida pelas religiões sobre os homens e as organizações 
sociais da Antigüidade e da Idade Média, bem como 
na circunstância de ser quase impossível, numa época 
em que a escrita não existia, colherem-se provas 
testemunhais, dada a pouca densidade da população e 
a própria natureza patriarcal dos agregados humanos. 
Assim, pode-se dizer que a prova pelo juramento 
decorria da própria necessidade (...). (SANTOS, 1970: 
30-31).
Com a desmoralização do juramento, instituiu-se como instituto 
probatório o duelo, também chamado combate judiciário.
No fi nal da época medieval e durante a Idade Moderna surgiram, 
na Europa, os tribunais da inquisição, período em eram tidos 
como hereges os que contrariavam os dogmas ofi ciais da Igreja 
Católica.
Mas para que a tortura era utilizada? Qual a fi nalidade?
Discorrendo sobre este momento, Cotrin (1997) menciona que a 
tortura era utilizada ofi cialmente nos interrogatórios, na presença 
dos juízes, com a fi nalidade de obter a confi ssão. (COTRIN, 
1997:157).
Novinski (1982) nomina este método de “inquisitivo”, atuante 
nos séculos XVI, XVII e XVIII, e que atendia aos interesses de 
todas as facções do poder: coroa, nobreza e clero. (NOVINSKY, 
1982:47).
58
Considerando a difi culdade de se obter outros meios de prova, 
a confi ssão do acusado representava o objetivo primordial do 
procedimento inquisitório. Enfocando a tortura, Gomes Filho 
(1997), menciona: somente ela podia fornecer a certeza moral a 
respeito dos fatos investigados, e a pesquisa cedia vez à confi rmação de 
uma verdade já estabelecida.(GOMES FILHO, 1997:22).
No que se refere à valoração das provas, é neste 
período que surgiu o sistema das provas legais, 
pelo qual cada prova tinha seu valor previamente 
determinado, e somente a combinação destas 
autorizaria uma condenação criminal.
A tortura clássica tornou-se mecanismo regulamentado e 
legalizado de Prova. Segundo Foucault, (2002) a tortura é um 
jogo judiciário estrito (...), o paciente é submetido a uma série de 
provas, de severidade graduada, e que ele ganha agüentando ou perde 
confessando. (FOUCAULT, 2002:36).
Ortega (1998), discorrendo sobre o sistema jurídico-penal e 
processual penal, nos séculos XVI e XVII, na Europa, menciona 
que a tortura tratava-se de peça fundamental no processo, 
utilizada para obter a confi ssão do réu, e era diferenciada de 
acordo com a classe social a que pertencia o indivíduo, estando 
a nobreza sujeita à tortura apenas nos delitos considerados 
extremamente graves. Portanto, o princípio da igualdade era 
inexistente naquela época. (ORTEGA, 1998:463)
 
Sobre este tema, Beccaria (1993), autor da obra Dos 
Delitos e Das Penas, escrita no século XVIII, cuja 
essência é a defesa do indivíduo contra as atrocidades 
e arbitrariedades daqueles tempos, e que infl uenciou 
a reforma de muitos Códigos Penais e Processuais 
Penais Europeus, manifestou-se afi rmando que a 
tortura é muitas vezes um meio seguro de condenar 
o inocente fraco e de absolver o criminoso robusto. 
(BECCARIA, 1993:36).
59Unidade 3
BENTHAM, Jeremias.
Tratado de Las Pruebas 
Judiciales. p.316. “La 
tortura, empleada para 
arrancar las confesiones, 
se encamina a suplir 
la insufi ciencia de las 
pruebas. En el supuesto 
de que el delito no está 
probado, qué hace el juez? 
Ordena atormentar a una 
persona, en la duda de si 
es inocente o culpable”.
Valiente (2002), sintetiza algumas das idéias defendidas por 
Beccaria, na obra citada: a mudança do processo inquisitivo para 
o acusatório, público, com meios de prova claros e racionais; a 
igualdade entre nobres, burgueses e plebeus; a proporcionalidade 
entre os delitos e as penas; a nítida separação entre a religião e 
o Estado e seus Poderes, desvinculando os conceitos de pecado 
e delito; a supressão total da tortura e da pena de morte; e a 
preferência dos métodos preventivos aos repressivos; idéias estas 
que continuam a infl uenciar os sistemas penais e processuais 
penais atuais. (VALIENTE, 2002:161,162) 
Para Bentham, a tortura era empregada para suprir a defi ciência 
dos meios probatórios da época: “A tortura, empregada para 
arrancar as confi ssões, objetiva suprir a defi ciência das provas. 
Supondo que o delito não está provado, que faz o juiz? Ordena 
atormentar uma pessoa, na dúvida de ser inocente ou culpado”. 
(tradução da autora).
Sabadell (2002), discorrendo sobre a tortura ofi cializada afi rma:
A tortura judicial está vinculada ao sistema de provas 
legais, desenvolvido a partir do século XIII pelos 
doutrinadores do Direito medieval europeu. Sua base é a 
classifi cação sistemática das provas romanas, segundo o 
método escolástico, em graus: provas plenas, semiplenas, 
indícios e presunções. Acima da prova plena está o 
notorium. Por meio deste instituto era concedida a 
dispensa de produção de provas em determinados casos. 
(SABADELL, 2002:275).
Sabadell (2002), conceitua notorium como sendo a prova à 
qual se deve dar a máxima credibilidade, já que, diferentemente 
das demais provas, não se permite que se estabeleça nenhuma 
discussão ou questionamento.
Na Idade Média e grande período da Idade Moderna, inexistia a 
concepção de direitos individuais, havendo sempre a prevalência 
do interesse público em detrimento do indivíduo, o que se 
coaduna com o sistema inquisitório. A confi ssão era a regina 
probatium* e o depoimento de uma só testemunha não possuía 
valor probatório (testis unus, testis nullus**).
*tradução: rainha das 
Provas (cf. CALDAS, 
Gilberto. O Latim no 
Direito. p.495; 
** tradução: uma só 
testemunha equivale a 
nenhuma testemunha. (cf. 
CALDAS,Gilberto. O Latim 
no Direito. p.308.
60
cf. GOMES FILHO. Antônio 
Magalhães. Direito à Prova no 
Processo Penal, 1997, p.28-29.
Em matéria de processo penal, o princípio da inocência do 
acusado era desconhecido, as provas não eram reunidas para 
apurar uma possível responsabilidade penal do réu, sendo que 
esta era constituída por cada um dos elementos que permitiam 
reconhecer um culpado.
De acordo com Sabadell (2002), 
(...) a existência de uma meia prova implicava a 
consideração do réu como meio culpado. Um grau 
alcançado na demonstração da culpa (prova semiplena), 
implicava, conseqüentemente, um determinado grau de 
punição, incluindo a autorização para o uso da tortura. 
Em outras palavras, não se torturava um inocente, e sim 
um meio culpado, para confi rmar a suspeita legalmente 
criada de que ele era realmente culpado. (SABADELL, 
2002:278).
Foram citados alguns meios de prova utilizados no transcorrer 
da história. É importante, também, mencionar os sistemas de 
valoração de prova, além do já citado sistema das provas legais.
Conforme Sabadell (2002), o sistema das provas legais passou por 
várias fases, sendo inicialmente rígido, mas ao longo dos séculos a 
doutrina o submeteu a modifi cações para facilitar a sua aplicação, 
até o surgimento posterior do sistema da livre apreciação de 
provas.
Os ideais iluministas postulados pela Revolução Francesa 
romperam com o sistema inquisitivo, e, através da Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, conferiram maior 
liberdade aos juízes na apreciação da prova e na indicação dos 
motivos da convicção.
Tratava-se do sistema da íntima convicção. Tais ideais foram 
uma reação ao sistema inquisitório e à doutrina das provas legais. 
Vêm ao encontro de um sistema probatório que respeita o ser 
humano enquanto sujeito de direitos e garantias individuais, 
dentre elas, a proibição legal da tortura, a presunção de inocência 
do acusado e o direito ao contraditório.
Segundo Grinover (1982), a Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão, de 1789, advinda da Revolução Francesa, 
consagrou a escola do Direito Natural, “selando a concepção 
61Unidade 3
CAPEZ, Fernando.Curso 
de Processo Penal. 2002, 
p.267.
da existência de direitos subjetivos preexistentes ao Estado, não 
criados, mas reconhecidos por este”. 
Acerca desta Declaração, menciona Bobbio (1992),
(...) o núcleo doutrinário da Declaração está contido 
nos três artigos iniciais: o primeiro refere-se à condição 
natural dos indivíduos que precede a formação da 
sociedade civil; o segundo, à fi nalidade da sociedade 
política, que vem depois (...) do estado de natureza; o 
terceiro, ao Princípio de legitimidade do poder que cabe à 
nação. (BOBBIO, 1992:93).
Segundo a Declaração Universal dos Direitos do 
Homem - art. 1º: “Todos os seres humanos nascem 
livres e iguais em dignidade e Direitos”; art. 2º: “O 
objetivo de toda associação política é a conservação 
dos Direitos naturais e imprescritíveis do homem”; 
art. 3º:”O Princípio de toda soberania reside 
essencialmente na Nação. Nenhuma corporação, 
nenhum indivíduo, pode exercer autoridade que 
aquela não emane expressamente”. Disponível em: 
<http://www.gila.net/legislação.net/internacional/
declaração_Direitos_homem_cidadao_1789.htm>. 
Acesso em 14.12.03. 
Gomes Filho (1997:55) entende que uma verdadeira Justiça penal 
pressupõe o reconhecimento, à defesa, do poder de produzir 
provas contrárias às da acusação, a fi m de obter-se não uma 
verdade extorquida inquisitoriamente, mas uma verdade obtida 
através de meios probatórios produzidos pelas partes. 
Gomes Filho (1997:31) afi rma que em 1808, o Code d’instruction 
criminelle francês instituiu a combinação entre os padrões 
inquisitório e acusatório, infl uenciando os demais ordenamentos 
continentais e representando, até os dias atuais, o modelo 
inspirador da maioria das legislações.
A doutrina passou a postular limitações à íntima convicção do 
juiz, e, segundo esta nova concepção, o juiz só estaria autorizado 
a condenar se, além de convencido, estivesse amparado por um 
mínimo de elementos probatórios. Passou-se a postular pelo 
sistema da persuasão racional, também chamado por Capez de 
62
Código Processual Penal Brasileiro, 
(ano), art. 157: “O juiz formará sua 
convicção pela livre apreciação da 
prova”.
Oportuna a transcrição deste trecho 
da Exposição de Motivos do Código 
Processual Penal Brasileiro. Trecho 
extraído da Exposição de Motivos do 
Código Processual Penal Brasileiro, 
no capítulo que discorre sobre 
Provas. 
sistema da livre (e não íntima) convicção, da verdade real ou do 
livre convencimento.
Conforme Colucci (1988):
Num terceiro estágio, em respeito ao contraditório, 
fi xou-se como pressuposto do direito de defesa o 
conhecimento pelas partes dos caminhos percorridos 
pelo juiz ao julgar (persuasão racional), cedendo-se ao 
julgador liberdade de valoração da prova, desde que 
acompanhada de demonstração lógica dos motivos 
da decisão. A motivação das sentenças e decisões de 
modo geral, tornou-se verdadeira garantia individual, 
evitando-se que a excessiva liberdade na avaliação das 
provas transformasse o processo penal em instrumento 
de opressão e terror, em vez de protetor das liberdades 
públicas. (COLUCCI, 1988:237-250).
O sistema probatório de persuasão racional foi adotado pelo 
Código Processual Penal Brasileiro - Decreto-Lei n.3689, de 
03.10.1941-, através do seu artigo 157. 
Não serão atendíveis as restrições à prova estabelecidas 
pela lei civil, salvo quanto ao estado das pessoas; nem é 
prefi xada uma hierarquia de provas: na livre apreciação 
destas, o juiz formará, honesta e lealmente, a sua 
convicção. A própria confi ssão do acusado não constitui, 
fatalmente, prova plena de sua culpabilidade. Todas as 
provas são relativas; nenhuma delas terá, ex vi legis, valor 
decisivo, ou nec essariamente maior prestígio que outra. 
Se é certo que o juiz fi ca adstrito às provas constantes 
dos autos, não é menos certo que não fi ca adstrito a 
nenhum critério apriorístico no apurar, através delas, a 
verdade material. Nunca é demais, porém, advertir que 
livre convencimento não quer dizer puro capricho de 
opinião ou mero arbítrio da apreciação das Provas. O juiz 
está livre de preconceitos legais na aferição das Provas, 
mas não pode abstrair-se ou alhear-se ao seu conteúdo. 
Não estará ele dispensado de motivar sua sentença. E 
precisamente nisto reside a sufi ciente Garantia do Direito 
das partes e do interesse social.
Através do sistema da persuasão racional, não há hierarquia entre 
as Provas e o juiz pode decidir de acordo com a sua consciência, 
desde que o faça motivadamente e, considerando-se a visão 
sistêmica, obedecendo à Constituição da República, o Código 
63Unidade 3
de Processo Penal e demais legislações vigentes. Tal motivação 
não se faz necessária apenas nas decisões do júri, considerando a 
soberania dos vereditos e o sigilo das votações, preceituados no 
artigo 5º, XXXVIII, da Carta Magna. 
De outro lado, os meios de prova mencionados no Código de 
Processo Penal são apenas exemplifi cativos, admitindo-se as 
provas inominadas.
Acerca deste sistema, entende Capez (2002), que:
(...) atende às exigências da busca da verdade real, 
rejeitando o formalismo exacerbado, e impede o 
absolutismo pleno do julgador, gerador do arbítrio, 
na medida em que exige motivação. Não basta ao 
magistrado embasar a sua decisão nos elementos 
probatórios carreados aos autos, devendo indicá-los 
especifi camente. Não pode, igualmente, o magistrado 
buscar como fundamento elementos estranhos aos autos. 
(CAPEZ 2002:267).
Tem-se, pois, um sistema processual penal que permite 
todos os meios de prova, limitados, entretanto, pelas normas 
constitucionais e infraconstitucionais.
Neste sistema, concebe-se a prova no Processo Penal como 
verdadeiro direito garantido às Polícias, à acusação e à defesa, 
assegurado pela leitura coordenada da Constituição da 
República, e por textoslegais internacionais.
SEÇÃO 5 - Inquérito policial
Como você viu anteriormente, o objetivo principal das 
Polícias Civil e Federal é a investigação criminal, que procura 
demonstrar a existência do fato criminoso, a autoria e estabelece 
as condições em que o crime ocorreu.
Mas, a investigação criminal não é atividade exclusiva destas 
Polícias. O Ministério Público, Congresso Nacional, Polícias 
Militares e outros órgãos podem exercer atividade investigativa.
64
O inquérito policial é de atribuição exclusiva das 
Polícias Federal e Civil.
Após a prática da infração penal, cabe à Polícia Judiciária a 
apuração imediata do delito, por meio da investigação policial, 
cujos atos e resultados deverão ser formalizados, via de regra, 
através do inquérito policial.
O auto de prisão em fl agrante, previsto no Código de 
Processo Penal Brasileiro, o termo circunstanciado, previsto 
nas Leis Federais n. 9099/95 e n. 10259/2001, e o auto de 
apuração de atos infracionais, previsto no Código da Criança 
e do Adolescente (Lei Federal n. 8069/90), também são 
procedimentos policiais que podem ensejar investigação. 
Considerando que, de forma geral, os atos investigativos são 
praticados no inquérito policial, este estudo aborda apenas este.
Segundo Tourinho Filho (2001:25) inquérito policial 
(...) é o conjunto de diligências realizadas pela Polícia 
visando a investigar o fato típico e a apurar a respectiva 
autoria.
Via de regra, a notícia de um crime chega ao conhecimento 
da autoridade policial através do boletim de ocorrência, 
mediante requisição ministerial ou judicial, ou ainda, mediante 
requerimento de qualquer pessoa.
A partir deste momento, normalmente, cabe ao delegado de 
polícia determinar a instauração do inquérito policial, onde se 
diligenciará para buscar provas demonstrando materialidade e 
autoria do crime, o que é feito através da investigação.
As atividades são as mais diversas de acordo com o 
delito praticado, declarações de vítimas; depoimentos 
de testemunhas; interrogatório de suspeito e/ou 
indiciado; representações por mandados de busca 
e apreensão, prisões, quebra do sigilo telefônico, 
quebra do sigilo bancário, quebra de sigilo fi scal; 
requisição de todas as perícias necessárias; realização 
de acareações, avaliações reconhecimentos pessoais, 
fotográfi cos; e outros.
65Unidade 3
Todos estes atos são formalizados no inquérito policial, não 
existindo um rito pré-estabelecido para a atividade investigativa. 
Estas têm uma seqüência determinada pela autoridade policial 
que estiver presidindo o inquérito policial, em face da necessidade 
da realização desta ou daquela diligência, de acordo com as 
peculiaridades da infração penal praticada.
O inquérito policial apresenta a forma escrita; é de natureza 
inquisitiva, em que o princípio do contraditório não é 
considerado; é sigiloso; é, de forma geral, de iniciativa obrigatória 
e indisponível; após a sua instauração, não pode ser arquivado 
pelo delegado de polícia, nos termos do artigo 17 do Código de 
Processo Penal Brasileiro.
O artigo 6º. Do Código de Processo penal Brasileiro delibera quanto aos 
procedimentos da Polícia Judiciária na apuração dos delitos, destacando-
se: 
a) Comparecimento e preservação do local.
b) Apreensão dos instrumentos e todos os objetos relacionados com o 
fato.
c) Coleta de todas as provas do fato e de suas circunstâncias.
d) Oitiva do ofendido ou da vítima; se for possível.
e) Oitiva do indiciado.
f) Reconhecimento de pessoas e coisas e acareações.
g) Exame de corpo de delito, se for o caso.
h) Identifi cação datiloscópica do indiciado, se for o caso.
i) Investigação sobre a vida pregressa do indiciado, inclusive seus 
antecedentes criminais.
j) Reprodução simulada dos fatos, se for o caso.
Para que a investigação policial tenha resultado e o inquérito 
policial seja concluído comprovando materialidade e autoria do 
crime, faz-se necessária a aplicação de técnicas investigativas. 
Quando o crime, cabe à Polícia realizar planejamento específi co, 
detalhando quais atividades investigativas serão realizadas, em 
que tempo, e defi nindo as técnicas a serem aplicadas. Não se 
pode contar com a improvisação e com a sorte no que concerne à 
investigação policial.
66
- Leia, a seguir, a síntese da unidade, realize as atividades de Auto-
avaliação e consulte o saiba mais para ampliar seus conhecimentos 
acerca do assunto estudado.
Síntese
As polícias existentes no Brasil e suas atribuições estão descritas 
na Constituição Federal de 1988. Através da Carta Magna, 
verifi camos que cabe à Polícia Federal e às Polícias Civis dos 
Estados, também chamadas Polícias Judiciárias, a função 
investigativa criminal, ou investigativa policial.
Investigação criminal é a atividade voltada à apuração das 
infrações penais, através da elucidação da materialidade e 
autoria dos delitos. Para tanto, busca-se amealhar provas 
criminais, concebida como aquelas utilizadas para demonstrar 
ao Juiz a veracidade ou falsidade da imputação feita ao réu 
e as circunstâncias que possam infl uir no julgamento da 
responsabilidade e na individualização das penas.
Os meios de prova, concebidos como instrumentos de 
reconstituição de fatos pretéritos, sempre acompanharam a 
história da civilização, estando fortemente condicionados por 
circunstâncias históricas e culturais. 
O sistema de provas foi sendo alterado com o transcorrer dos 
tempos. Na Idade Média e grande período da Idade Moderna, 
vigia o sistema de provas legais, que eram previamente 
determinadas e hierarquizadas, sendo a confi ssão considerada 
aquela de maior valor, nominando-a de “rainha das provas”.
O sistema das provas legais passou por várias fases, sendo 
inicialmente rígido, mas ao longo dos séculos a doutrina o 
submeteu a modifi cações para facilitar a sua aplicação, até o 
surgimento posterior do sistema da livre apreciação de provas.
67Unidade 3
Após a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, de 1789, que conferiu diversos direitos e garantias 
ao homem até então não existentes, surgiu o sistema da livre 
apreciação de provas, em que o juiz tinha total liberdade na 
valoração das provas e nas suas decisões processuais, decisão 
absolutória ou condenatória, fi cando isento de motivar as suas 
sentenças absolutórias ou condenatórias.
Após abusos praticados nas sentenças, criou-se o sistema da 
livre convicção, verdade real ou persuasão racional, no qual 
a obrigatoriedade da motivação das decisões judiciais e das 
sentenças tornou-se verdadeira garantia individual. Este sistema 
foi o adotado pelo Código de Processo Penal Brasileiro vigente.
Além das Policias mencionadas, outros órgãos exercem função 
investigativa, dentre eles, Congresso Nacional, Assembléias 
Legislativas dos Estados, Ministério Público. 
Ocorre que, o inquérito policial é de atribuição exclusiva das 
Polícias Federal e Civis.
Atividades de auto-avaliação
Assinale verdadeiro ou falso:
( ) O rol de provas elencados no Código de Processo Penal Brasileiro é 
exemplifi cativo.
( ) O sistema de provas previsto no Código de Processo Penal Brasileiro é 
o da íntima convicção.
( ) O inquérito policial é peça imprescindível para a instauração do 
processo criminal.
( ) As Polícias exercem atividades excludentes, razão pela qual a Polícia 
Militar é proibida de realizar qualquer tipo de investigação criminal.
68
2. Responda a seguinte questão:
 Na sua percepção, durante o curso de uma investigação, os policiais 
devem estar voltados prioritariamente à indicar e localizar o autor do 
crime ou à busca da verdade?
Saiba mais
Para complementar seus conhecimentos você pode ler:
Texto: Inquérito Policial – Sigilo irrestrito. Disponível em:
http://www.direitonet.com.br/textos/x/15/73/1573
Artigo: Flagrante efi ciente. Disponível em: 
www.http://www.damasio.com.br/?page_name=art_05_
2005&category_id=31
 
UNIDADE 4
Investigação Criminal
Objetivos de aprendizagem
� Estudar técnicas

Continue navegando