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EIXO 1- Ciência e os tipos de conhecimentos

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CIÊNCIA E OS TIPOS DE 
CONHECIMENTO 
 
 
 
 
CURSOS DE GRADUAÇÃO 
1º SEMESTRE/2019 
 
Pró-Reitoria de Ensino 
 
AUTORAS 
Aparecida Cristina Pereira Cardoso 
Cristina Herold Constantino 
 
 
 
 
 
MARINGÁ – PR 
2019 
 
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EIXO 1 
“CIÊNCIA E OS TIPOS DE CONHECIMENTO” 
 
Reitor: Wilson de Matos Silva 
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho 
Pró-Reitor de Ensino: Valdecir Antonio Simão 
Pró-Reitora Executiva: Andrea Carla Alves Borin 
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi 
Diretora de Pesquisa: Ludhiana Ethel de Matos Garbugio 
 
 
NÚCLEO DE FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
Gestora da disciplina: Cristina Herold Constantino 
Professores mediadores da disciplina: Aparecida Cristina Cardoso, Antônio Eduardo Gabriel e Ariane Brugnolo 
Tutora: Roseli Willwock Machado. 
Início 06 de agosto 2018 
Acesse seu aluno online 
1º semestre de 2019 
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APRESENTAÇÃO 
 
 
Olá, caro (a) aluno(a)! Seja bem-vindo aos estudos sobre Metodologia da 
Pesquisa Científica! Este material foi organizado de modo especial a fim de que você o 
utilize como fonte de instrumentalização, informação e conhecimento tanto para sua 
formação acadêmica, quanto para o seu futuro profissional. 
 Como graduando você terá necessidade de realizar leituras e iniciar a trajetória 
de construção do conhecimento científico que deverá ser a base para os primeiros 
projetos de pesquisa, como também, fazer uso deste conhecimento para estruturar e 
redigir trabalhos e projetos em geral, sejam de cunho acadêmico ou profissional. 
Quando se fala em metodologia da pesquisa existe uma tendência em se 
lembrar apenas da normatização de um trabalho de pesquisa e/ou de uma abordagem 
por demais teórica que nada ou muito pouco tem a ver com as noções de ciência e de 
pesquisa que o acadêmico necessita para a sua formação de iniciante na pesquisa ou 
mesmo para o seu aprimoramento e prática como acadêmico pesquisador. No entanto, 
para que você compreenda melhor a nossa proposta para a disciplina importa que você 
antes reflita, acerca do sentido abrangente e, posteriormente, no sentido específico que 
circunda o próprio termo “metodologia da pesquisa científica”. 
Iniciando uma reflexão rápida e geral em torno do sentido de metodologia 
cumpre compreendê-la como uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” 
cujo significado é “caminho para a realização de algo”. Desse modo, entende-se o 
método como o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao 
conhecimento, sendo que metodologia é o campo em que se estuda os melhores 
métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento. A pesquisa, 
por sua vez, em seu sentido amplo, buscamos em Ander-Egg ( 1978 apud MARCONI e 
LAKATOS, 2010) a declaração de que é um “procedimento reflexivo sistemático, 
controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou lei, em 
qualquer campo do conhecimento”. Sendo que, ciência (latim scire) significa 
conhecimento, sabedoria. Ou ainda, conforme o dicionário Aurélio (1988), a palavra 
ciência nos remete à palavra consciência que significa também conhecimento ou noção 
do que se passa em nós, percepção mais ou menos clara dos fenômenos que nos 
informam a respeito da nossa própria existência, sentimento do dever (...) Isso posto, 
4 
 
aproximando o significado geral de cada um dos termos supracitados, cumpre-nos 
buscarmos uma disciplina que lhe permita encontrar o melhor método por meio do qual 
você faça as suas investigações e estudos sistematizados, buscando atingir o 
conhecimento científico. 
Neste sentido, o nosso objetivo com esta disciplina é fomentar a curiosidade 
por meio das primeiras noções de ciência e pesquisa, mas também fornecer a você 
instrumentos relacionados a fundamentos teóricos, à estrutura e à escrita de um projeto 
de pesquisa, a fim de que obtenha êxito na elaboração dos projetos ao longo de sua 
jornada acadêmica, além de ser uma exigência prevista nas diretrizes curriculares do 
ensino superior. 
Desse modo, nosso livro foi estruturado em três unidades: na primeira faremos 
uma reflexão em torno da construção do conhecimento, compreendendo melhor acerca 
do próprio termo, refletindo e entendendo acerca do ato de conhecer, sobre o avanço e 
produção do conhecimento e, ainda, sobre cinematurgia como instrumento para o 
aprimoramento do conhecimento. Na segunda unidade, a proposta está centrada na 
reflexão em torno da ciência, em sua história, na origem do processo científico e no 
conceito de ciência, com breves informações acerca de suas características. Na terceira 
unidade, apresentaremos a você a produção científica e os tipos de conhecimento, 
finalizando com breves informações acerca da contribuição do conhecimento empírico 
ao desenvolvimento do conhecimento científico. 
Sendo assim, querido(a) aluno(a), esperamos que sua leitura seja prazerosa e 
proveitosa e que estejamos contribuindo efetivamente para a sua formação acadêmica 
como aluno pesquisador e, consequentemente, amante e partícipe da pesquisa científica 
. Um grande abraço e ótimos estudos! 
 
 
As autoras 
 
 
 
 
 
 
 
 
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S U M Á R I O 
 
 
1. REFLETIR A CIÊNCIA EM SUA HISTÓRIA: UM ALVITRAMENTO.............................................. 07 
 1.1 A ORIGEM DO PROCESSO CIENTÍFICO............................................................................. 08 
 1.2 O QUE É CIÊNCIA.................................................................................................................. 10 
 2.2.1 A ciência e suas características............................................................................ 12 
 1.3 A CIÊNCIA NA ATUALIDADE.................................................................................................... 14 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 
15 
 
REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 
 
15 
2 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA E OS TIPOS DE CONHECIMENTO................................................. 16 
 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 16 
 2.1 CONHECIMENTO FILOSÓFICO............................................................................................ 17 
 2.2 CONHECIMENTO TEOLÓGICO............................................................................................ 19 
 2.3 CONHECIMENTO DE SENSO COMUM................................................................................ 20 
 2.3.1 Contribuição do conhecimento empírico ao desenvolvimento do 
conhecimento científico.......................................................................................... 
21 
 2.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO............................................................................................. 22 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 23 
 REFERÊNCIAS............................................................................................................................. 24 
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Esta é a essência da ciência: faça uma pergunta 
impertinente e cairá no caminho da resposta pertinente. 
J. Bronowski 
1. REFLETIR A CIÊNCIA EM SUA HISTÓRIA: UM 
ALVITRAMENTO 
Aparecida Cristina Pereira Cardoso, Cristina Herold Constantino e Noiriel Ignácio Leal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Podemos dizer que é indiscutível a importância da ciência para a humanidade, 
uma vez que toda a estruturaçãoda sociedade partiu do desenvolvimento do 
conhecimento humano. 
No início da civilização não se tinha ideia da influência que as descobertas iriam 
gerar na vida cotidiana do homem, porém logo se percebeu que toda a sistematização 
de conceitos e procedimentos poderia contribuir para melhorar a qualidade de vida das 
pessoas que, inicialmente, era mais difícil e rude. 
Buscar entendimento e alternativas para resolver os problemas que surgem em 
seu caminho é uma característica inerente ao homem e, por isso, este vive em 
constante indagação quanto à resolução das dificuldades que interfiram na satisfação de 
suas necessidades em todos os âmbitos, satisfação esta que conduziu ao 
desenvolvimento e aprimoramento da civilização. 
Este material de estudo objetiva oportunizar uma breve reflexão acerca do 
nascimento do saber científico, e, como já mencionamos em outro momento, 
acreditamos que conhecer o percurso histórico de um fato ou uma ciência é uma forma 
de nos apoderarmos do conhecimento, uma vez que quando percorremos um caminho 
já construído, refazemos nosso saber. 
Assim, desejamos que a leitura, o estudo e o conhecimento que irá obter estimule 
a busca pelo saber e a prática da constante inquietação ao novo. 
Bons estudos! 
 
 
 
8 
 
2.1 A ORIGEM DO PROCESSO CIENTÍFICO 
 
 
Quando falamos em ciência, história da ciência ou sobre o início do processo 
científico remontamos à antiguidade onde o conhecimento pautava-se no sagrado, onde se 
acreditava que tudo no mundo baseava-se no sagrado e toda a realidade era compreendida 
como uma determinação dos deuses e interpretada através de mitos. Assim, fenômenos e fatos 
naturais, vento, nascimento, morte, dia, noite etc., eram explicados como acontecimentos 
demarcados pelo sobrenatural. 
Nesse período, segundo Santos e Cardoso (2006) os mitos cumpriam uma 
significativa função social e moralizante, de tal forma que essas narrativas ocupavam o 
imaginário dos cidadãos da pólis grega interferindo e direcionando suas condutas; tentavam 
responder questões fundamentais pontuadas pela sociedade tais como: a origem de todas as 
coisas, a relação do homem com a natureza, a vida, a morte e outros questionamentos surgidos 
no meio social. Contudo, com o desenvolvimento da pólis e a consequente expansão social tais 
explicações não supriam os questionamentos e ansiedades das novas realidades; suas 
respostas, segundo os autores, iam perdendo o convencimento e não mais respondiam aos 
interesses da aristocracia que se estabelecia. 
Determinadas condições históricas, do século V e IV a.C., como o estabelecimento 
da vida urbana, as expansões marítimas, a invenção da política e da moeda, do espaço público 
e da igualdade entre os cidadãos, fizeram surgir uma nova forma de pensar, que por sua vez 
pode ser considerada como um processo de superação do mito, que foi o nascer do pensamento 
filosófico. (SANTOS E CARDOSO, 
2007, p. 24). 
A filosofia surge como 
uma forma de pensar específica, 
marcada pela interrogação sobre o 
próprio homem como ser no 
mundo, conduzindo-o a confrontar-
se com as entidades míticas e 
religiosas e procurando uma 
explicação racional para sua 
existência e a existência das coisas 
(MENDES, 2007, p. 44). 
9 
 
O aparecimento dos primeiros filósofos se deu no 
século VI a.C. nas colônias da Magna Grécia e Jônia, 
período em que os filósofos se ocupavam de 
assuntos puramente teóricos e cuja preocupação 
principal era explicar o universo e encontrar o 
princípio de todas as coisas. Fato este que nos leva a 
compreender através da história que os filósofos 
gregos foram os primeiros a se utilizarem da razão 
para explicar a natureza e os fenômenos que nela 
ocorrem, pensamento este que segundo Duarte 
(2013) configura-se como início da passagem do 
pensamento mítico para o pensamento racional, 
atribuindo à filosofia uma base e característica 
científica. 
 A origem do processo científico ou a 
origem do processo histórico da ciência, conforme 
Fitas (2011) data da antiguidade clássica quando 
surgiu o primeiro texto, compilando os conhecimentos 
em Matemática, escrito por Eudemo (350-290AC), 
trabalho este que pode ser considerado como uma 
das primeiras obras na história das ciências. 
Confirmando a colocação dos autores 
Bortolozzi e Bertoncello (2012), ambos destacam que 
o registro do início das atividades científicas, data do 
século VI a.C, cuja origem se faz na Grécia. Um 
registro significativo pontuado pelos autores que 
discorreram sobre a origem do processo científico é 
que a matemática nasceu muito antes do registro do 
início das atividades científicas, impulsionada pelas trocas comerciais, ou seja, da necessidade 
de contar objetos, assim como de calcular superfícies cultiváveis. 
Neste período os pastores possuíam um pote na entrada dos celeiros onde 
colocavam o número de pedras equivalentes às ovelhas que entravam, sendo esta uma 
ferramenta para resolver problemas pragmáticos. E assim foram os gregos que cunharam os 
primeiros fundamentos sólidos da matemática. 
 
 
O MITO DE ÉDIPO REI 
[...] Um mito clássico na História da Filosofia é o da 
tragédia Édipo rei, que posteriormente, no século XIX, 
foi utilizado por Freud para falar do amor dos filhos para 
com os pais durante a infância . A história é a seguinte: 
Laio, rei da cidade de Tebas é casado com Jocasta, foi 
advertido pelo oráculo de que não poderia gerar filhos e, 
se esse mandamento fosse desobedecido, o mesmo 
seria morto pelo próprio filho, que se casaria com a 
mãe. 
O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com 
Jocasta. Depois, arrependeu-se do que havia feito e 
abandonou a criança numa montanha com os 
tornozelos furados para que ela morresse. A ferida que 
ficou no pé do menino é que deu origem ao nome Édipo, 
que significa pés inchados. O menino não morreu e foi 
encontrado por alguns pastores, que o levaram a Polibo, 
o rei de Corinto, este o criou como filho legítimo. Já 
adulto, Édipo também foi até o oráculo de Delfos para 
saber o seu destino. O oráculo disse que o seu destino 
era matar o pai e se casar com a mãe. Espantado, ele 
deixou Corinto e foi em direção a Tebas. No meio do 
caminho, encontrou com Laio que pediu para que ele 
abrisse caminho para passar. Édipo não atendeu ao 
pedido do rei e lutou com ele até matá-lo. 
Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo 
prosseguiu sua viagem para Tebas. No caminho, 
encontrou-se com a Esfinge, um monstro metade leão, 
metade mulher, que atormentava o povo tebano, pois 
lançava enigmas e devorava quem não os decifrasse. O 
enigma proposto pela esfinge era o seguinte: Qual é o 
animal que de manhã tem quatro pés, dois ao meio dia 
e três à tarde? Ele disse que era o homem, pois na 
manhã da vida (infância) engatinha com pés e mãos, ao 
meio dia (idade adulta) anda sobre dois pés e à tarde 
(velhice) precisa das duas pernas e de uma bengala. A 
Esfinge ficou furiosa por ter sido decifrada e se matou. 
O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e 
entregou-lhe Jocasta como esposa. Depois disso, uma 
violenta peste atingiu a cidade e Édipo foi consultar o 
oráculo, que respondeu que a peste não teria fim 
enquanto o assassino de Laio não fosse castigado. Ao 
longo das investigações, a verdade foi esclarecida e 
Édipo cegou-se e Jocasta enforcou-se. Disponível em: 
https://filosofojr.wordpress.com/2008/09/30/o-mito-de-edipo-rei/ 
 
10 
 
2.2 O QUE É CIÊNCIA 
 
A palavra ciência nos remete à palavra consciência, que conforme o Dicionário Aurélio 
(1988) significa, também, conhecimento ou noção do que se passa em nós, percepção mais ou 
menos clara dos fenômenos que nos informam a respeito da nossa própria existência, 
sentimento do dever (...) 
Dessa forma, conhecer algo é ter consciência de sua existência. Para fazer ciência é 
preciso questionar, criar problemas, polemizar, desfazer o óbvio, de modo que, os conceitos que 
são obtidos na ciência atravessem os impedimentosdo científico, passem pela cultura e pela 
mídia e sejam incorporados pelo senso comum. 
Em linhas gerais a ciência pode ser tratada como a sistematização do conhecimento do 
homem, em diversas áreas do saber, sendo adquirido ao longo do tempo pela experimentação e, 
posteriormente, pela comprovação. 
Pereira (2012) comenta, no entanto, que a dificuldade de uma definição decisiva e 
categórica sobre o que é ciência passa a ser impossível por englobar todas as abrangências que 
o sentido da palavra designa. 
O autor continua afirmando a existência dessa dificuldade como consequência da 
profundidade do tema e, ainda, pelo desencontro da designação dada pelos filósofos e 
estudiosos desse assunto. 
Também, temos que considerar a dinamicidade do desenvolvimento científico, que de 
forma constante evolui e, em alguns casos, pode alterar os conceitos já existentes ou mesmo 
derrubá-los, gerando novas teorias mais comprováveis. Até por isso, a ciência nunca pode ser 
considerada como estática, pois está em um círculo de atualização, em movimento, sujeita a 
modificações. 
Kuhn, apud Pereira, (2003, p. 20) pontua: 
[...] os períodos de acumulação gradativa de conhecimento pela 
comunidade científica, o qual denomina de “ciência normal”, são 
interrompidos ou intercalados por períodos da chamada ciência 
extraordinária, quando os “paradigmas” científicos são questionados 
e revistos por meio das “revoluções científicas”. Assim, a ciência 
avança tanto de forma acumulativa, nos períodos da ciência normal, 
quanto aos saltos, quando ocorrem as revoluções científicas. 
 
Sendo assim, esse processo de normalidade, quando o paradigma está estabelecido e 
constante pode ser interrompido por um momento de ruptura e novidade, considerado um 
processo cíclico. 
11 
 
Dessa forma, antes da formulação de um paradigma, 
prevalece a desordem e a instabilidade, sendo contemplada como 
organização apenas após a sistematização das ideias e 
consequente aprofundamento do assunto por comprovação 
metodológica-científica. 
É necessário perceber que em se tratando de ciência 
devem ser consideradas todas as ideias, pois delas podem surgir 
as perguntas que desencadearão novas descobertas, as quais se 
tornam novos modelos que podem ser contestados e assim 
sucessivamente. 
Fachin (2003) também comenta sobre a mutabilidade da 
ciência quando afirma: 
“...a evolução da ciência tornou-se presente, ampliando, 
aprofundando, detalhando e, algumas vezes, invadindo 
conhecimentos anteriores. Assim, podemos dizer que a ciência é 
exata por tempo determinado, até que ela passe por novas 
transformações, sendo, portanto, falível.” 
 
Então, em continuidade ao pensamento de Fachin (2003), a ciência pode ser 
considerada uma busca constante de soluções para compreensão de dificuldades, que cria 
teorias com base nas experimentações e propõe novas hipóteses, as quais tentam aplicar com 
segurança, cujo resultado irá dizer, pelo confronto comparativo, se a nova formulação deve ser 
descartada ou se gerou um novo conhecimento, até que se instale uma verdade provisória e que 
se levante um novo questionamento para outro confronto. 
A ciência apresenta-se como uma sistematização do conhecimento adquirido, de forma 
organizada e dinâmica, pois está aberta à continuidade da evolução do saber. 
De acordo com Cervo e Bervian (1996) “por ser algo 
dinâmico, a ciência busca renovar-se e reavaliar-se 
continuamente. A ciência é um processo de construção”. 
Logo, ciência não é apenas o resultado de algo, mas todo um 
processo sistematizado e dinâmico que pressupõe um 
determinado resultado. 
 
 
 
 
[...] a distinção existente 
entre a atitude 
científica e o senso 
comum, à luz da teoria 
retratada por Chauí 
(2000, p. 249) [..] a 
ciência indaga a si 
mesma e suas próprias 
certezas, desconfia da 
falta de perguntas e de 
crítica, é objetiva, 
quantitativa, ou seja, 
busca medir, comparar 
e avaliar. 
 
 
A ciência, ainda sob a teoria de 
Chauí (2000, p. 249), não 
acontece de forma casual, como 
o senso comum, ela investiga a 
natureza ou a estrutura do 
fenômeno. Melhor explicitando, 
o que pareceria um milagre 
será explicado pela revelação 
de detalhes particulares que 
produzirão determinado 
efeito. 
 
 
 
12 
 
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[[......]] CCiiêênncciiaa éé uummaa ppaallaavvrraa 
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2.2.1 A ciência e suas características 
 
A ciência pode acontecer de quatro formas diferentes: empírica, científica, filosófica e 
teológica. 
Conforme anteriormente expressado na introdução deste material, o homem, por 
natureza, tende a aprender com o resultado de suas ações e de seus semelhantes, ou seja, 
experiências concebidas pela própria tentativa ou pela observação e transmissão de outrem. 
Cervo e Bervian (1996) dizem que: “conhecimento empírico, também chamado de 
vulgar, é o conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e 
assistemático”. 
Já a ciência, propriamente dita, que é a registrada, com metodologia específica, capaz 
de demonstrar os resultados de sua aplicação, é a chamada Científica. 
De acordo com Cervo e Bervian (1996), esse tipo de ciência só se 
caracteriza pela comprovação, mesmo não tendo pretensão de ser finita ou 
absoluta, pois pode ser refutada em caso de novas descobertas. A hipótese 
científica se mostra, assim, como retrato da esquematização de ideias e 
organização de tópicos, sob regras determinadas para essa finalidade, que 
validarão o processo, outorgando credibilidade a essas pesquisas. 
É importante, ainda, tratar da explanação de sua justificativa, nesse tipo 
de pesquisa, que parte da necessidade de entender o problema ora levantado e 
conseguir dar uma explicação para o que o gerou e, indo além desse patamar, 
também conseguir alcançar a resolução dele. No bojo dessa discussão e 
objetivando conhecer melhor os aspectos relacionados às suas diferentes 
manifestações, trataremos de cada uma delas com a finalidade de melhor 
sistematizá-las e distingui-las: 
 - a pesquisa empírica: segundo Pedro Demo (2000) este tipo de 
pesquisa parte da análise de dados e da produção desses dados sempre por 
meio da realidade factual, por meio da experiência, de preferência mensurável, 
podendo atingir, entretanto, a despeito deste seu caráter supostamente 
superficial, grandes profundidades metodológicas. 
- a pesquisa científica: aproveitando as considerações de Cervo e 
Bervian (1996), podemos dizer que é caracterizada pela sua racionalidade, 
13 
 
argumentatividade e autoridade, isto é, guiada pelas informações objetivas, sendo assim parte, 
normalmente, de algum conhecimento já testado e 
comprovado cientificamente.Entretanto, tem como 
característica questionar inclusive o conhecimento já 
existente em busca de novas descobertas e 
diferentes considerações. 
Nesse sentido, persegue o argumento de 
autoridade tanto para se valer dele e assim melhor 
respaldar sua pesquisa, quanto para desconstruí-lo a 
partir de suas novas descobertas. 
- a pesquisa filosófica: distingue-se da 
científica, conforme Cervo e Bervian (1996), na medida em que faz de seu objeto de estudo 
realidades mediatas, imperceptíveis aos sentidos, ultrapassando, por vezes, a experiência que 
está para o método racional, por exemplo; este, por sua vez, conforme declaramos 
anteriormente, está mais centrado na pesquisa científica. Todavia, a base para a pesquisa 
filosófica é a curiosidade, a interrogação e a reflexão. Assim, a pesquisa filosófica busca 
compreender a realidade em seu contexto mais universal sem, contudo, pretender encontrar 
soluções definitivas aos questionamentos. 
- a pesquisa teológica: a base para este tipo de pesquisa, segundo Cervo e Bervian 
(1996) , é desvendar o mistério, ou seja, tudo o que é oculto, que provoca curiosidade e que 
pode levar à busca. Dessa forma, pode percorrer alguns caminhos como, por exemplo, recorrer 
ao conhecimento científico ou filosófico e/ou optar pela fé, aceitando as explicações e 
experiências atestadas por alguém que traga consigo esse conhecimento revelado por Deus e 
aceito pela fé teológica. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1.2 A CIÊNCIA NA ATUALIDADE 
 
 
Ao longo dos tempos foram muitas as perguntas que 
marcaram a ciência, muitos embates, dúvidas, certezas, erros e 
acertos. Mas, certamente, a sua marca registrada em cada uma 
delas é a sede pelo conhecimento. Conforme Kant (1957) pode-
se associar a ciência ao conceito de construção ao afirmar que a 
ciência é construída pelo homem por meio de juízos a priori, 
diferente do conceito da obtenção do conhecimento por 
empirismo, por experiência ou por fé. 
Japiassu (1978) afirmou que “a ciência se define como 
um discurso crítico, pois exerce controle vigilante sobre seus 
procedimentos utilizando critérios de avaliação. É reflexiva e 
prospectiva. Seus pressupostos são justamente as ideias, os 
critérios e os princípios que ela emprega na sua execução. 
Chauí (2003) afirma que a ciência não acontece de forma 
casual, ou seja, ela investiga a natureza ou a estrutura do 
fenômeno. Sendo que a mesma autora, em 2000, menciona que 
a ciência indaga a si mesma e às suas próprias certezas; 
desconfia da falta de perguntas e de crítica; é objetiva e 
quantitativa - busca medir, comparar e avaliar. 
 Jean Piaget (2002) apregoa que não acredita na 
inteligência inata e que o conhecimento começa na infância 
através do aprendizado por experiência e do senso comum, com 
o início do pensamento lógico e no contato com outros elementos 
como televisão, professor e internet. Segundo essa visão, o 
sujeito apropria-se de um novo saber e o organiza de forma 
pessoal e única. 
Observa-se, portanto, que o conceito de ciência não pode ser entendido de modo 
superficial, pois não se apresenta como algo simples de ser entendido e para darmos conta 
disso será necessário considerarmos todos os aspectos já trabalhados até este momento. Isto 
posto, podemos considerar a ciência um estudo sistemático e formal em torno de um objeto 
[...] A ciência evoluiu muito 
nos últimos anos. O volume de 
dados científicos é assombroso. 
Boa parte dos cientistas está 
conectada em tempo real com 
diferentes grupos de 
pesquisadores de todo o 
planeta, o que mostra que a 
ciência é hoje um trabalho 
eminentemente coletivo. 
Hoje os celulares são cada vez 
mais multifuncionais e o 
cinema já pode ser concebido 
integralmente no computador. 
Esses progressos, e muitos 
outros que a ciência tem feito 
nos últimos anos, demonstram 
possibilidades infinitas para a 
vida do homem na terra, 
sobretudo nas tarefas mais 
básicas do dia a dia. Mas será 
que esse homem, que 
acompanha diariamente pela 
televisão as novidades 
científicas, de fato 
sabe o que é a ciência, tem 
alguma noção sobre método 
científico, ou imagina a ciência 
com a visão romântica de que 
o cientista é um louco 
enclausurado no laboratório? 
(BORGES, 2007, p. 237) 
 
15 
 
REFERÊ NCIAS 
 
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 
2003. 
 
DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento 
científico. Atlas. São Paulo, 2000. 
Fachin, Odília. Fundamentos de metodologia. 4ª ed. – 
São Paulo: Saraiva, 2003. 
 
FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. . Dicionário 
Aurélio básico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Nova Fronteira, 1988. 
 
JAPIASSU ,H. Introdução ao pensamento 
epistemológico. 2.ed. Rio de Janeiro.1977. 
 
KANT,E. Crítica da razão pura. Tradução (parcial) de 
J.Rodrigues Mereja.Rio de Janeiro. Edições de 
Ouro,1966. 
 
Matias, José Pereira. Manual de metodologia da 
pesquisa científica. 3ª ed. – São Paulo : Atlas, 2012. 
 
Cervo, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. Metodologia 
científica. 4ª ed. Makron Books. São Paulo. 1996. 
 
PEREIRA, José Matias. Manual de metodologia da 
pesquisa científica. 3ª ed. Atlas. São Paulo, 2012. 
 
específico e que este estudo, conforme Pedro Demo (2000), deva ter como parâmetro a 
coerência, a consistência, a sistematicidade, ser produtivo e original no sentido de não ser 
reprodutivo, manter um objetivo claro em torno do seu objeto de estudo e das suas metas. 
Complementando, podemos evidenciar características aceitas universalmente nos dias 
atuais, a saber: os saberes científicos são provisórios; ocorre revisão constante da ciência em 
decorrência de novos pontos de vista; o mesmo objeto pode ser analisado por vários ângulos; há 
interferência do imaginário na produção do conhecimento; a neutralidade e a imparcialidade não 
são possíveis, ocorrendo a interferência de valores aceitos pelo sujeito na produção do 
conhecimento. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Esperamos que você tenha compreendido as noções basilares acerca da história da 
ciência e do quanto estão relacionadas à vida social da humanidade no transcorrer dos tempos. 
 Portanto, é preciso saber que o conhecimento é construído por meio de um processo 
que parte de uma inquietação e busca para a obtenção de 
respostas e/ou soluções nem sempre objetivas, nem 
sempre comuns, por vezes, pouco realistas e imperceptíveis 
ou ainda racionais e comprovadas cientificamente e em que 
medida esse conhecimento tem servido para melhorar a 
qualidade de vida das pessoas, bem como respondido às 
suas angústias? 
O nosso objetivo é que este material o impulsione a 
uma leitura analítica e crítica em torno da temática da 
semana. Que estudar sobre ciência a partir deste momento 
seja um desafio sob vários aspectos, como a sistematização 
do conhecimento e a produtividade dos estudos, os quais 
lhe permitam avançar e aprofundar as noções acerca da 
Metodologia da Pesquisa, sabendo, contudo, que o saber 
científico é passível de revisão, transformação e refutação e 
que, portanto, àquele que estiver aberto ao conhecimento 
constantemente será dado o privilégio de fazer história e a 
responsabilidade de fazer ciência. 
16 
 
2 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA E OS TIPOS 
DE CONHECIMENTOS 
Aparecida Cristina Cardoso e Cristina Herold Constantino 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O conhecimento é o princípio do 
desenvolvimento humano e por isso a mola propulsora 
do progresso e do bem-estar da sociedade. Surgiu para 
responder aos questionamentos do homem frente às 
suas dificuldades, no início, de maneira informal, por 
observação, depois foi passando po27r 
transformações, pois percebeu que poderia registrar 
suas experiências para aproveitamento em casos 
similares. 
O material que apresentamos traz uma breve 
contextualização dos tipos de conhecimento que 
utilizamos na produção e apropriação do saber 
historicamente construído, cujo objetivo é direcionar na 
buscae construção do conhecimento em sua área de 
estudo. Estamos longe de esgotar o assunto, nem 
tampouco é este o nosso objetivo, o que pretendemos, 
todavia, é que você faça o melhor uso possível deste 
material como objeto de estudo desta disciplina, e 
também como ferramenta para a produção de seus 
projetos futuros dentro e fora da academia. 
Tenha, portanto, um excelente estudo! 
 
 
17 
 
Platão foi um dos principais 
filósofos gregos da Antiguidade, nasceu em Atenas, por 
volta de 427/28 a.C., foi seguidor de Sócrates e mestre 
de Aristóteles. O nome pelo qual ficou conhecido era 
possivelmente um apelido, aparentemente ele se 
chamava Arístocles. 
Este filósofo se encontrava no limiar de uma época, 
entre os valores antigos e um novo mundo que 
emergia, o que lhe propiciou uma riqueza de ideias sem 
igual. Ele tinha o poder de abordar os temas mais 
diversos, mais com a força da paixão e da criatividade 
artística do que com a lucidez da razão. Sua obra é um 
dos maiores legados da Humanidade, abrangendo 
debates sobre ética, política, metafísica e teoria do 
conhecimento. 
Ao contrário de Sócrates, que vinha de uma origem 
humilde, Platão era integrante de uma família rica, de 
antiga e nobre linhagem, conheceu seu mestre aos 
vinte anos. Sócrates era bem mais velho, com uma 
diferença de quarenta anos, através deste convívio 
Platão teve acesso aos ideais pré-socráticos. Com a 
morte de seu preceptor, o filósofo isolou-se, com outros 
adeptos das ideias socráticas, em Mégara, ao lado 
de Euclides. 
Depois de viajar pela Magna Grécia e pela Sicília, 
Platão regressou a Atenas e fundou a Academia, que 
se tornou conhecida e frequentada por um grande 
número de jovens que vinha à procura de uma 
educação melhor, bem como por intelectuais 
consagrados que acorriam a esta instituição para 
debater suas ideias. Depois de várias tentativas de 
difundir seus conceitos políticos em Siracusa, na Sicília, 
Platão se instala definitivamente em sua terra natal, na 
liderança da Academia, até sua morte, em 347 a.C. 
Em Platão a filosofia ganha contornos e objetivos 
morais, apresentando assim soluções para os dilemas 
existenciais, tal práxis, porém, assume no intelecto a 
forma especulativa, ou seja, para se atingir a meta 
principal do pensamento filosófico, é preciso obter o 
aprendizado científico. 
[...] 
Platão desenvolveu conceitos os mais diversos, 
transitando da metafísica para a política, destas para a 
teoria do conhecimento, abrangendo as principais 
 
A palavra filosofia origina-se do grego, 
onde o termo philia significa amizade e sophia, 
sabedoria, que em sua junção significa a “amizade 
pela sabedoria”, o desejo de estar próximo do 
saber, do conhecimento verdadeiro. Segundo 
Celeti (2013), a filosofia teve seu início no século 
VI a.C., na Grécia Antiga, filosofia esta que 
segundo o autor poderia ter nascido em qualquer 
lugar e momento da história, contudo naquele 
momento fatos e acontecimentos ocorreram 
impulsionando o seu início. 
Segundo Santos (2007) a filosofia 
procede de um estudo denominado cosmologia 
(gr. kosmología,do gr. kósmos ‘lei, ordem, mundo, 
universo’ + rad. gr. –logía ‘tratado, ciência, 
discurso’; ver cosm(o)- e –logia). Portanto, a 
filosofia nasce do exercício racional pela busca de 
uma ordem do mundo ou do universo. Para o 
mesmo autor a filosofia caracteriza-se pelo 
discurso racional, isto é, teórico-reflexivo, seu 
método visa explicitar a relação entre particular e 
universal com o intuito de conceituar e ampliar a 
compreensão do homem no mundo. 
De acordo com Cervo e Pervian (1996), como 
todo conhecimento, o filosófico também tem seu 
objeto de estudo as realidades imediatas, 
2.1 CONHECIMENTO FILOSÓFICO 
http://www.infoescola.com/filosofos/platao/
http://www.infoescola.com/filosofos/platao/
http://www.infoescola.com/filosofos/platao/
http://www.infoescola.com/biografias/euclides/
http://www.infoescola.com/filosofos/platao/
18 
 
imperceptíveis aos sentidos e, sendo estas de ordem suprassensíveis, ultrapassam a 
experiência, ou seja, o método racional. 
Segundo Ramlow et al. (2002) a tarefa fundamental da filosofia é a reflexão, sendo que esta 
pauta-se nas impressões adquiridas nos diversos tipos de conhecimentos científicos oriundos 
das mais variadas áreas. Assim, a filosofia busca refletir sobre esse saber, interrogando-o e 
problematizando-o, uma vez que, para os autores filosofar é refletir principalmente sobre fatos e 
problemas que cercam o homem, estando este, por sua vez, inserido em seu contexto histórico. 
Fachin (2003) enfatiza que o fazer do conhecimento filosófico é desenvolver no homem a 
capacidade de reflexão ou raciocínio, pois a filosofia conduz o homem à busca do saber. Para 
essa autora o objetivo da filosofia é o desenvolvimento funcional da mente, que busca educar o 
raciocínio. Dessa forma, quando obtém as informações das operações mentais e suas formas de 
processá-las, o estudioso chega a um raciocínio lógico e a um espírito científico, sendo essa a 
razão que nos dá o conhecimento, pois a intuição permite que a razão coordene, analise e 
sintetize numa visão clara e ordenada, sendo esta a razão para a filosofia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Platão e Aristóteles em detalhe do quadro de Rafael Sanzio 
intitulado A Escola de Atenas , de 1509. Um pormenor interessante é 
que Rafael deu a Platão o rosto de Leonardo da Vinci, em homenagem 
a seu grande colega pintor. Clique na imagem para ver o quadro 
inteiro. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/aristoteles-
nosso-conteporaneo 
 
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/aristoteles-nosso-conteporaneo
http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/aristoteles-nosso-conteporaneo
19 
 
 
O conhecimento teológico ou religioso, como também é conhecido, refere-se ao conjunto 
de verdades a que os homens chegaram ou chegam não com respaldo do conhecimento 
científico, mas pela aceitação de dados da revelação divina. Esses dados consistem nos 
conhecimentos adquiridos nos livros sagrados que são, depois de passados pela cúpula histórica 
mais exigentes deste conhecimento, aceitos racionalmente pelos adeptos (CERVO e BERVIAN, 
1996, p. 12). 
De acordo com Ramlow (2002) o conhecimento teológico funda-se em verdades 
dogmáticas e requer de seus seguidores um ato de fé nas verdades defendidas, nas quais fica 
sempre implícita uma atitude de fé diante do conhecimento 
revelado. Tal conhecimento, assim como a filosofia, busca 
explicar o sentido da vida, cuja preocupação principal norteia-se 
nos questionamentos sobre a existência humana. 
Na concepção de Fachin (2003) esse conhecimento 
funda-se e relaciona-se intimamente com a fé, a crença divina 
ou a existência de um deus, independentemente de qual seja a 
fé professada ou esse deus, sendo, portanto, a autoridade 
suprema com quem o ser humano se relaciona por meio de sua 
fé e crença religiosa. Assim, para esse conhecimento não 
importa a crença e tampouco seu deus, importa-lhe a fé. 
Segundo as autoras, embora o fundamento do conhecimento teológico não se paute na 
concepção racional, lógica ou científica do objeto de culto, este se compõe de um conjunto de 
verdade indiscutível ao ser humano que é, por sua vez, essencialmente embasado em uma fé, e 
como exemplo de tal explicação as autoras citam o fato de “jamais alguém ter encontrado uma 
tribo, por mais selvagem que seja, totalmente destituída de qualquer culto ou ideia religiosa 
(FACHIN, 2003,p. 9). Tal fato firma a colocação de que cada indivíduo ainda que no mais 
longínquo e distante da história ou território, pode ter Deus de diversas formas, o que por sua 
vez não invalida, para as autoras, o conhecimento teológico, pois nos referimos a um 
conhecimento sem fundamento racional. 
 
 
2.2 CONHECIMENTO TEOLÓGICO 
● ● ● 
O termo teologia não aparece 
como tal na Escritura , embora 
a ideiaseja amplamente 
presente. O 
teólogo Warfield propôs a 
definição que se tornou 
clássica: "Teologia é a ciência 
de Deus e Sua relação com o 
homem e do mundo." 
Disponível em: http://ms-adilson-filologia-
biblica.blogspot.com.br/2012/08/historia-da-teologia-crista-sinopse.html 
● ● ● 
 
http://it.wikipedia.org/wiki/Sacre_Scritture
http://it.wikipedia.org/w/index.php?title=Benjamin_Breckinridge_Warfield&action=edit&redlink=1
http://ms-adilson-filologia-biblica.blogspot.com.br/2012/08/historia-da-teologia-crista-sinopse.html
http://ms-adilson-filologia-biblica.blogspot.com.br/2012/08/historia-da-teologia-crista-sinopse.html
20 
 
UMA CURIOSIDADE: MANGA COM LEITE REALMENTE FAZ 
MAL OU É UM MITO? 
Para responder a essa pergunta voltemos um instante no tempo e 
imaginemos a sociedade do Brasil Colonial. Uma sociedade marcada por 
dois extremos, os senhores de engenho, no topo da pirâmide social, e os 
escravos, compondo a base da mesma pirâmide. 
Mas o que isso tem a ver com a manga, o leite e o tão popular problema 
existente em consumir estes dois alimentos de uma só vez? 
Pois bem, por mais incrível que pareça, tem tudo a ver! A economia do 
Brasil colonial girava em torno da produção e comercialização de açúcar, e 
até então, o leite era pouco produzido e tornou-se um “artigo de luxo”, 
além de caro. 
Mas o trabalho direto dos escravos nos engenhos, cuidando da plantação e 
dos animais, tornava o acesso ao leite mais fácil. 
Assim, para evitar prejuízos, os senhores de engenho espalharam o ideia 
de que tomar leite e consumir manga ao mesmo tempo, ou com uma 
pequena diferença de tempo entre o consumo de um e outro, era perigoso e 
podia causar uma séria congestão. 
Mas por que a manga? Simples. Por ser uma fruta abundante em nosso 
território, e consequentemente nas terras dos engenhos, e seu consumo ser 
difundido entre os escravos, além de não representar prejuízo algum para 
os senhores de engenho. 
Moral da história: um coquetel de manga com leite nos oferece incríveis 
doses dos mais importantes nutrientes que nosso organismo 
necessita,logo, a questão da congestão é evidente como apenas um mito. 
Disponível em: http://melhorcomsaude.com/mitos-manga-leite-dao-congestao/ 
 
 
 
O conhecimento empírico, de senso comum ou conhecimento vulgar, como comumente é 
chamado, é o conhecimento que segundo Cervo e Bervian (1996) se origina do povo e das 
situações do acaso, após inúmeras tentativas. 
O conhecimento empírico é o conhecimento que se oriunda das reflexões ou aplicações 
de métodos, sem a utilização de pesquisas e estudos sistemáticos. Esse conhecimento é obtido 
na vida cotidiana e fundamenta-se em experiências vivenciadas e/ou transmitidas de pessoas 
para várias outras pessoas , fazendo parte de culturas e tradições (FACHIN, 2001, p.09). 
Ramlow et. al. 
(2002), pontua que esse 
conhecimento se constrói 
de forma espontânea, é o 
modo comum de fazer ou 
construir o saber, 
pautando-se em 
experiências 
assistemáticas causais, 
ametódicas, ingênuas que 
atingem o fato sem exigir-
lhes as causas. 
Segundo Demo 
(2000) o conhecimento de 
senso comum caracteriza-
se pela aceitação não 
problematizada, muitas 
vezes crédula, do que 
afirmamos ou temos por 
válido. 
Em um 
entendimento prático, o senso comum consiste na bagagem cultural e evolucionária que 
internalizamos e trazemos conosco, por meio do qual aprendemos e sabemos constituir uma 
 
2.3 CONHECIMENTO DE SENSO COMUM 
 
http://melhorcomsaude.com/mitos-manga-leite-dao-congestao/
21 
 
família, educar um filho, alimentarmo-nos, comportarmo-nos em determinado ambiente, 
cuidarmos da saúde, sem precisamente sermos médicos ou pedagogos, ou conforme pontua o 
autor “mesmo sendo médicos ou pedagogos não nos está assegurado que saibamos melhor 
educar os filhos e cuidar da saúde, sendo que esse conhecimento e bagagem que trazemos e 
utilizamos em nossa atuação diária não é colocada em questão, por isso faz parte da aceitação 
comum (DEMO, 2000, p. 23)”. 
Por referir-se a um conhecimento do dia a dia e estar preso a convicções esse tipo de 
conhecimento, conforme Fachin (2003), pode ser visto como incoerente e impreciso, chegando 
até a produzir crenças arbitrárias com diversas interpretações para a complexidade dos fatos, o 
que segundo o autor, resulta de uma inclinação de interesses voltados para os assuntos práticos 
e aplicados somente à área de experiência cotidiana. 
Para a mesma autora, esse tipo de conhecimento tem ligação e explicação na ação 
humana, procedendo das vivências e podendo estar contido previamente nos limites do mundo 
empírico. 
Carvalho (2002) ao discorrer sobre o conhecimento de senso comum pontua que este se 
refere a: 
[...] um conjunto de informações não-sistematizadas que aprendemos por processos formais, 
informais, e as vezes inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações. Essas 
informações são no mais das vezes fragmentárias e podem incluir fatos históricos verdadeiros, 
doutrinas religiosas, lendas ou parte delas, princípios ideológicos às vezes conflitantes, bem 
como a experiência pessoal acumulada (CARVALHO, 2002, p. 16). 
Assim, segundo a autora, o conhecimento de senso comum resulta de experiências 
vividas ou acolhidas da transmissão cultural que, por sua vez, podem originar-se de histórias, 
mitos, lendas e princípios estabelecidos pela ideologia de uma época e um povo. A mesma 
autora pontua que quando nos apropriamos desses conteúdos, para justificarmos e 
fundamentarmos nossos argumentos, estes se tornam mais aceitáveis. 
 
1.1.1 Contribuição do conhecimento empírico ao desenvolvimento do conhecimento 
científico. 
 
O conhecimento empírico tem sua significativa importância no desenvolvimento e fazer 
social, quando atende a uma necessidade do cotidiano, contudo, tal contribuição se faz também 
no campo da ciência, ao desencadear uma pesquisa que atua como base investigativa. 
Conforme pontua Fachin (2001) o conhecimento empírico é a estrutura para se chegar ao 
22 
 
conhecimento científico, esse conhecimento pode ser considerado a base, existindo antes 
mesmo do ser humano imaginar a possibilidade da existência da ciência. 
O conhecimento empírico consiste em um saber verificável, pois diz respeito ao âmbito 
da vida diária, fato este que o torna facilmente objeto de estudo científico (RAMLOW et. al. 2002, 
p. 25). 
Contribuindo à colocação dos autores anteriormente mencionados, Carvalho (2002) 
pontua que o conhecimento de senso comum consiste na base onde as ciências se pautam para 
a construção de suas teorias, que se distanciam das valorações e das opiniões que, por sua vez, 
constroem um conhecimento mais ou menos racional, sendo este argumentativo e coerente. 
Dessa forma, o conhecimento de senso comum vai gradativamente se modificando ao longo dos 
tempos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
Como mencionado no item anterior, o conhecimento científico diferencia-se do 
conhecimento de senso comum por pressupor uma aprendizagem superior àquela, baseada em 
fatos e vivências, bem como pela preocupação com a abordagem sistemática do objeto em 
estudo, tendo em vista, segundo Fachin (2001), seus termos relacionais que implicam noções 
básicas de causa e efeito. 
Segundo Ramlow et al. (2002), a ciência tem sua veracidade ou falsidade reconhecida por 
meio do processo de experimentação e não unicamente pela razão ou na ocorrência de fatos, 
como acontece no conhecimento de senso comum. Para os autores, esse tipo de conhecimento 
se preocupa com as causas das coisas, sendo capaz de demonstrar não apenas o fenômeno, 
mas uma explicação confiável. 
Os mesmos autores citam Ruiz (1993), ao explicarem que o conhecimento científico 
remete a um laboratório instrumental de pesquisa, ou seja, a um trabalho sistematizado, 
metódico, programado, que não deixa margem para interpretações ou associações inspiradasem ações místicas, artísticas ou religiosas. Assim, o conhecimento científico evoca ou evidencia 
um caráter, respeito e confiabilidade não presentes no conhecimento de senso comum. 
 Fachin (2003), acrescenta, ainda, que a característica principal do conhecimento científico 
é o método sistemático dos fatos da realidade sensível, que se faz por meio da classificação, 
comparação, aplicação de métodos, análise e síntese, ou seja, o pesquisador extrai do contexto 
social, princípios e leis que estruturam um conhecimento, cujo rigor é válido universalmente. 
De acordo com a mesma autora, o que configura o conhecimento científico em um método 
é a sequência de suas etapas. 
Carvalho (2002), pontua que Sócrates considerava a ciência um conhecimento amarrado 
que apresenta um encadeamento racional. Assim, a autora afirma que o conhecimento científico 
consiste em um conjunto de proposições coerentes que, por sua vez, não apresentam qualquer 
tipo de contradição, sendo, assim, proposições amarradas no encadeamento racional. 
3.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
24 
 
Para aprimorar seu conhecimento 
Ao discorrer sobre a construção do conhecimento científico, Fachin (2003) atesta que 
esse conhecimento objetiva alcançar a verdade dos fatos e desvendar os segredos da realidade, 
procurando explicá-los e demonstrá-los com clareza e precisão. Dessa forma, descobre suas 
relações de predomínio, igualdade ou subordinação com outros fatos ou fenômenos e conclui 
leis universalmente aceitas e válidas, em todos os casos cujo fato e espécies são iguais. 
A mesma autora destaca que esse conhecimento existe pela necessidade do homem em 
aprimorar-se constantemente e não de atuar passivamente no contexto sem observar os fatos e 
objetos e sem obter o controle sobre eles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Conhecer é uma ação inerente à vida e à atuação humana, por isso nos constituímos e 
nos humanizamos, segundo a psicologia, à medida que nos apropriamos do conhecimento já 
construído. Segundo essa mesma ciência o homem é o único ser, na espécie animal, que 
precisa “aprender a ser humano”, o que se faz por meio da aquisição e apropriação do 
conhecimento. Compreendemos que os conhecimentos: filosófico, teológico, de senso comum e 
científico fazem parte e têm o compromisso e/ou função de contribuir na formação do homem e 
da sociedade. 
O NOME DA ROSA (1986) 
A trama baseada no livro do escritor Umberto Eco se desenrola em 1327, época em que a 
Igreja Católica já exercia poderio absoluto em todo o continente europeu. As mortes, é claro, 
foram tidas desde o princípio como obra do demônio. Mas a investigação minuciosa 
conduzida por Guilherme acabou provando o óbvio: o mistério tinha uma explicação muito 
mais racional (e controversa) do que aparentava. Por embasar seus julgamentos em 
evidências e não em dogmas ou verdades reveladas, o frade é representado como uma 
espécie de precursor do cientista moderno. O filme também discute a relação de intolerância 
do pensamento religioso para com o científico. Disponível em: 
http://revistagalileu.globo.com/Cultura/Cinema. 
25 
 
Santo Agostinho ao discorrer sobre o conhecimento disse que o homem tem uma libido 
direcionada ao conhecimento, ou seja, uma pulsão prazerosa que o conduz a uma ação: a busca 
pelo saber. 
Estamos na continuação da disciplina de METEP - modalidade EAD e encerramos com 
esse material a discussão sobre a construção do conhecimento em uma apresentação rápida e 
sucinta sobre os tipos de conhecimento. 
Conhecer os tipos de conhecimento que norteiam as ações e evolução do homem e da 
sociedade torna-se um fator significativo, à medida que, inserido no meio acadêmico, é 
necessário diferenciar teorias e pensamentos e aplicá-los ou aprimorá-los ao conhecimento já 
assimilado anteriormente, o que resultará em uma formação profissional integral. 
 Esperamos que adquira, com este material, novos conhecimentos para somar aos que 
trouxe e, assim, construir uma base sólida sobre o conhecimento científico para os seus 
próximos anos de estudo. 
 Abraços e até a próxima! 
 
 
REFERÊNCIAS 
CARVALHO, Maria Cecília Maringgoni de. Metodologia científica: fundamentos e técnicas. 
Papirus. São Paulo, 1989. 
Cervo, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 4ª ed. Makron Books. São 
Paulo. 2007. 
FACHIN, Odília. Fundamentos de metologia. Saraiva. 3ª ed.São Paulo, 2003. 
PEREIRA, José Matias. Manual de metodologia da pesquisa científica. 3ª ed. Atlas. São 
Paulo, 2012. 
RAMLOW, Leonardo et al.,. Metodologia científica: o trabalho e a pesquisa na construção do 
conhecimento. Colatina. Rio de Janeiro, 2002.

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