Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIÊNCIA E OS TIPOS DE CONHECIMENTO CURSOS DE GRADUAÇÃO 1º SEMESTRE/2019 Pró-Reitoria de Ensino AUTORAS Aparecida Cristina Pereira Cardoso Cristina Herold Constantino MARINGÁ – PR 2019 2 EIXO 1 “CIÊNCIA E OS TIPOS DE CONHECIMENTO” Reitor: Wilson de Matos Silva Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Ensino: Valdecir Antonio Simão Pró-Reitora Executiva: Andrea Carla Alves Borin Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi Diretora de Pesquisa: Ludhiana Ethel de Matos Garbugio NÚCLEO DE FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E METODOLOGIA DA PESQUISA Gestora da disciplina: Cristina Herold Constantino Professores mediadores da disciplina: Aparecida Cristina Cardoso, Antônio Eduardo Gabriel e Ariane Brugnolo Tutora: Roseli Willwock Machado. Início 06 de agosto 2018 Acesse seu aluno online 1º semestre de 2019 3 APRESENTAÇÃO Olá, caro (a) aluno(a)! Seja bem-vindo aos estudos sobre Metodologia da Pesquisa Científica! Este material foi organizado de modo especial a fim de que você o utilize como fonte de instrumentalização, informação e conhecimento tanto para sua formação acadêmica, quanto para o seu futuro profissional. Como graduando você terá necessidade de realizar leituras e iniciar a trajetória de construção do conhecimento científico que deverá ser a base para os primeiros projetos de pesquisa, como também, fazer uso deste conhecimento para estruturar e redigir trabalhos e projetos em geral, sejam de cunho acadêmico ou profissional. Quando se fala em metodologia da pesquisa existe uma tendência em se lembrar apenas da normatização de um trabalho de pesquisa e/ou de uma abordagem por demais teórica que nada ou muito pouco tem a ver com as noções de ciência e de pesquisa que o acadêmico necessita para a sua formação de iniciante na pesquisa ou mesmo para o seu aprimoramento e prática como acadêmico pesquisador. No entanto, para que você compreenda melhor a nossa proposta para a disciplina importa que você antes reflita, acerca do sentido abrangente e, posteriormente, no sentido específico que circunda o próprio termo “metodologia da pesquisa científica”. Iniciando uma reflexão rápida e geral em torno do sentido de metodologia cumpre compreendê-la como uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é “caminho para a realização de algo”. Desse modo, entende-se o método como o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento, sendo que metodologia é o campo em que se estuda os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento. A pesquisa, por sua vez, em seu sentido amplo, buscamos em Ander-Egg ( 1978 apud MARCONI e LAKATOS, 2010) a declaração de que é um “procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou lei, em qualquer campo do conhecimento”. Sendo que, ciência (latim scire) significa conhecimento, sabedoria. Ou ainda, conforme o dicionário Aurélio (1988), a palavra ciência nos remete à palavra consciência que significa também conhecimento ou noção do que se passa em nós, percepção mais ou menos clara dos fenômenos que nos informam a respeito da nossa própria existência, sentimento do dever (...) Isso posto, 4 aproximando o significado geral de cada um dos termos supracitados, cumpre-nos buscarmos uma disciplina que lhe permita encontrar o melhor método por meio do qual você faça as suas investigações e estudos sistematizados, buscando atingir o conhecimento científico. Neste sentido, o nosso objetivo com esta disciplina é fomentar a curiosidade por meio das primeiras noções de ciência e pesquisa, mas também fornecer a você instrumentos relacionados a fundamentos teóricos, à estrutura e à escrita de um projeto de pesquisa, a fim de que obtenha êxito na elaboração dos projetos ao longo de sua jornada acadêmica, além de ser uma exigência prevista nas diretrizes curriculares do ensino superior. Desse modo, nosso livro foi estruturado em três unidades: na primeira faremos uma reflexão em torno da construção do conhecimento, compreendendo melhor acerca do próprio termo, refletindo e entendendo acerca do ato de conhecer, sobre o avanço e produção do conhecimento e, ainda, sobre cinematurgia como instrumento para o aprimoramento do conhecimento. Na segunda unidade, a proposta está centrada na reflexão em torno da ciência, em sua história, na origem do processo científico e no conceito de ciência, com breves informações acerca de suas características. Na terceira unidade, apresentaremos a você a produção científica e os tipos de conhecimento, finalizando com breves informações acerca da contribuição do conhecimento empírico ao desenvolvimento do conhecimento científico. Sendo assim, querido(a) aluno(a), esperamos que sua leitura seja prazerosa e proveitosa e que estejamos contribuindo efetivamente para a sua formação acadêmica como aluno pesquisador e, consequentemente, amante e partícipe da pesquisa científica . Um grande abraço e ótimos estudos! As autoras 5 S U M Á R I O 1. REFLETIR A CIÊNCIA EM SUA HISTÓRIA: UM ALVITRAMENTO.............................................. 07 1.1 A ORIGEM DO PROCESSO CIENTÍFICO............................................................................. 08 1.2 O QUE É CIÊNCIA.................................................................................................................. 10 2.2.1 A ciência e suas características............................................................................ 12 1.3 A CIÊNCIA NA ATUALIDADE.................................................................................................... 14 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 15 REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 15 2 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA E OS TIPOS DE CONHECIMENTO................................................. 16 INTRODUÇÃO................................................................................................................................. 16 2.1 CONHECIMENTO FILOSÓFICO............................................................................................ 17 2.2 CONHECIMENTO TEOLÓGICO............................................................................................ 19 2.3 CONHECIMENTO DE SENSO COMUM................................................................................ 20 2.3.1 Contribuição do conhecimento empírico ao desenvolvimento do conhecimento científico.......................................................................................... 21 2.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO............................................................................................. 22 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................. 23 REFERÊNCIAS............................................................................................................................. 24 6 7 Esta é a essência da ciência: faça uma pergunta impertinente e cairá no caminho da resposta pertinente. J. Bronowski 1. REFLETIR A CIÊNCIA EM SUA HISTÓRIA: UM ALVITRAMENTO Aparecida Cristina Pereira Cardoso, Cristina Herold Constantino e Noiriel Ignácio Leal I N T R O D U Ç Ã O Podemos dizer que é indiscutível a importância da ciência para a humanidade, uma vez que toda a estruturaçãoda sociedade partiu do desenvolvimento do conhecimento humano. No início da civilização não se tinha ideia da influência que as descobertas iriam gerar na vida cotidiana do homem, porém logo se percebeu que toda a sistematização de conceitos e procedimentos poderia contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas que, inicialmente, era mais difícil e rude. Buscar entendimento e alternativas para resolver os problemas que surgem em seu caminho é uma característica inerente ao homem e, por isso, este vive em constante indagação quanto à resolução das dificuldades que interfiram na satisfação de suas necessidades em todos os âmbitos, satisfação esta que conduziu ao desenvolvimento e aprimoramento da civilização. Este material de estudo objetiva oportunizar uma breve reflexão acerca do nascimento do saber científico, e, como já mencionamos em outro momento, acreditamos que conhecer o percurso histórico de um fato ou uma ciência é uma forma de nos apoderarmos do conhecimento, uma vez que quando percorremos um caminho já construído, refazemos nosso saber. Assim, desejamos que a leitura, o estudo e o conhecimento que irá obter estimule a busca pelo saber e a prática da constante inquietação ao novo. Bons estudos! 8 2.1 A ORIGEM DO PROCESSO CIENTÍFICO Quando falamos em ciência, história da ciência ou sobre o início do processo científico remontamos à antiguidade onde o conhecimento pautava-se no sagrado, onde se acreditava que tudo no mundo baseava-se no sagrado e toda a realidade era compreendida como uma determinação dos deuses e interpretada através de mitos. Assim, fenômenos e fatos naturais, vento, nascimento, morte, dia, noite etc., eram explicados como acontecimentos demarcados pelo sobrenatural. Nesse período, segundo Santos e Cardoso (2006) os mitos cumpriam uma significativa função social e moralizante, de tal forma que essas narrativas ocupavam o imaginário dos cidadãos da pólis grega interferindo e direcionando suas condutas; tentavam responder questões fundamentais pontuadas pela sociedade tais como: a origem de todas as coisas, a relação do homem com a natureza, a vida, a morte e outros questionamentos surgidos no meio social. Contudo, com o desenvolvimento da pólis e a consequente expansão social tais explicações não supriam os questionamentos e ansiedades das novas realidades; suas respostas, segundo os autores, iam perdendo o convencimento e não mais respondiam aos interesses da aristocracia que se estabelecia. Determinadas condições históricas, do século V e IV a.C., como o estabelecimento da vida urbana, as expansões marítimas, a invenção da política e da moeda, do espaço público e da igualdade entre os cidadãos, fizeram surgir uma nova forma de pensar, que por sua vez pode ser considerada como um processo de superação do mito, que foi o nascer do pensamento filosófico. (SANTOS E CARDOSO, 2007, p. 24). A filosofia surge como uma forma de pensar específica, marcada pela interrogação sobre o próprio homem como ser no mundo, conduzindo-o a confrontar- se com as entidades míticas e religiosas e procurando uma explicação racional para sua existência e a existência das coisas (MENDES, 2007, p. 44). 9 O aparecimento dos primeiros filósofos se deu no século VI a.C. nas colônias da Magna Grécia e Jônia, período em que os filósofos se ocupavam de assuntos puramente teóricos e cuja preocupação principal era explicar o universo e encontrar o princípio de todas as coisas. Fato este que nos leva a compreender através da história que os filósofos gregos foram os primeiros a se utilizarem da razão para explicar a natureza e os fenômenos que nela ocorrem, pensamento este que segundo Duarte (2013) configura-se como início da passagem do pensamento mítico para o pensamento racional, atribuindo à filosofia uma base e característica científica. A origem do processo científico ou a origem do processo histórico da ciência, conforme Fitas (2011) data da antiguidade clássica quando surgiu o primeiro texto, compilando os conhecimentos em Matemática, escrito por Eudemo (350-290AC), trabalho este que pode ser considerado como uma das primeiras obras na história das ciências. Confirmando a colocação dos autores Bortolozzi e Bertoncello (2012), ambos destacam que o registro do início das atividades científicas, data do século VI a.C, cuja origem se faz na Grécia. Um registro significativo pontuado pelos autores que discorreram sobre a origem do processo científico é que a matemática nasceu muito antes do registro do início das atividades científicas, impulsionada pelas trocas comerciais, ou seja, da necessidade de contar objetos, assim como de calcular superfícies cultiváveis. Neste período os pastores possuíam um pote na entrada dos celeiros onde colocavam o número de pedras equivalentes às ovelhas que entravam, sendo esta uma ferramenta para resolver problemas pragmáticos. E assim foram os gregos que cunharam os primeiros fundamentos sólidos da matemática. O MITO DE ÉDIPO REI [...] Um mito clássico na História da Filosofia é o da tragédia Édipo rei, que posteriormente, no século XIX, foi utilizado por Freud para falar do amor dos filhos para com os pais durante a infância . A história é a seguinte: Laio, rei da cidade de Tebas é casado com Jocasta, foi advertido pelo oráculo de que não poderia gerar filhos e, se esse mandamento fosse desobedecido, o mesmo seria morto pelo próprio filho, que se casaria com a mãe. O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com Jocasta. Depois, arrependeu-se do que havia feito e abandonou a criança numa montanha com os tornozelos furados para que ela morresse. A ferida que ficou no pé do menino é que deu origem ao nome Édipo, que significa pés inchados. O menino não morreu e foi encontrado por alguns pastores, que o levaram a Polibo, o rei de Corinto, este o criou como filho legítimo. Já adulto, Édipo também foi até o oráculo de Delfos para saber o seu destino. O oráculo disse que o seu destino era matar o pai e se casar com a mãe. Espantado, ele deixou Corinto e foi em direção a Tebas. No meio do caminho, encontrou com Laio que pediu para que ele abrisse caminho para passar. Édipo não atendeu ao pedido do rei e lutou com ele até matá-lo. Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo prosseguiu sua viagem para Tebas. No caminho, encontrou-se com a Esfinge, um monstro metade leão, metade mulher, que atormentava o povo tebano, pois lançava enigmas e devorava quem não os decifrasse. O enigma proposto pela esfinge era o seguinte: Qual é o animal que de manhã tem quatro pés, dois ao meio dia e três à tarde? Ele disse que era o homem, pois na manhã da vida (infância) engatinha com pés e mãos, ao meio dia (idade adulta) anda sobre dois pés e à tarde (velhice) precisa das duas pernas e de uma bengala. A Esfinge ficou furiosa por ter sido decifrada e se matou. O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e entregou-lhe Jocasta como esposa. Depois disso, uma violenta peste atingiu a cidade e Édipo foi consultar o oráculo, que respondeu que a peste não teria fim enquanto o assassino de Laio não fosse castigado. Ao longo das investigações, a verdade foi esclarecida e Édipo cegou-se e Jocasta enforcou-se. Disponível em: https://filosofojr.wordpress.com/2008/09/30/o-mito-de-edipo-rei/ 10 2.2 O QUE É CIÊNCIA A palavra ciência nos remete à palavra consciência, que conforme o Dicionário Aurélio (1988) significa, também, conhecimento ou noção do que se passa em nós, percepção mais ou menos clara dos fenômenos que nos informam a respeito da nossa própria existência, sentimento do dever (...) Dessa forma, conhecer algo é ter consciência de sua existência. Para fazer ciência é preciso questionar, criar problemas, polemizar, desfazer o óbvio, de modo que, os conceitos que são obtidos na ciência atravessem os impedimentosdo científico, passem pela cultura e pela mídia e sejam incorporados pelo senso comum. Em linhas gerais a ciência pode ser tratada como a sistematização do conhecimento do homem, em diversas áreas do saber, sendo adquirido ao longo do tempo pela experimentação e, posteriormente, pela comprovação. Pereira (2012) comenta, no entanto, que a dificuldade de uma definição decisiva e categórica sobre o que é ciência passa a ser impossível por englobar todas as abrangências que o sentido da palavra designa. O autor continua afirmando a existência dessa dificuldade como consequência da profundidade do tema e, ainda, pelo desencontro da designação dada pelos filósofos e estudiosos desse assunto. Também, temos que considerar a dinamicidade do desenvolvimento científico, que de forma constante evolui e, em alguns casos, pode alterar os conceitos já existentes ou mesmo derrubá-los, gerando novas teorias mais comprováveis. Até por isso, a ciência nunca pode ser considerada como estática, pois está em um círculo de atualização, em movimento, sujeita a modificações. Kuhn, apud Pereira, (2003, p. 20) pontua: [...] os períodos de acumulação gradativa de conhecimento pela comunidade científica, o qual denomina de “ciência normal”, são interrompidos ou intercalados por períodos da chamada ciência extraordinária, quando os “paradigmas” científicos são questionados e revistos por meio das “revoluções científicas”. Assim, a ciência avança tanto de forma acumulativa, nos períodos da ciência normal, quanto aos saltos, quando ocorrem as revoluções científicas. Sendo assim, esse processo de normalidade, quando o paradigma está estabelecido e constante pode ser interrompido por um momento de ruptura e novidade, considerado um processo cíclico. 11 Dessa forma, antes da formulação de um paradigma, prevalece a desordem e a instabilidade, sendo contemplada como organização apenas após a sistematização das ideias e consequente aprofundamento do assunto por comprovação metodológica-científica. É necessário perceber que em se tratando de ciência devem ser consideradas todas as ideias, pois delas podem surgir as perguntas que desencadearão novas descobertas, as quais se tornam novos modelos que podem ser contestados e assim sucessivamente. Fachin (2003) também comenta sobre a mutabilidade da ciência quando afirma: “...a evolução da ciência tornou-se presente, ampliando, aprofundando, detalhando e, algumas vezes, invadindo conhecimentos anteriores. Assim, podemos dizer que a ciência é exata por tempo determinado, até que ela passe por novas transformações, sendo, portanto, falível.” Então, em continuidade ao pensamento de Fachin (2003), a ciência pode ser considerada uma busca constante de soluções para compreensão de dificuldades, que cria teorias com base nas experimentações e propõe novas hipóteses, as quais tentam aplicar com segurança, cujo resultado irá dizer, pelo confronto comparativo, se a nova formulação deve ser descartada ou se gerou um novo conhecimento, até que se instale uma verdade provisória e que se levante um novo questionamento para outro confronto. A ciência apresenta-se como uma sistematização do conhecimento adquirido, de forma organizada e dinâmica, pois está aberta à continuidade da evolução do saber. De acordo com Cervo e Bervian (1996) “por ser algo dinâmico, a ciência busca renovar-se e reavaliar-se continuamente. A ciência é um processo de construção”. Logo, ciência não é apenas o resultado de algo, mas todo um processo sistematizado e dinâmico que pressupõe um determinado resultado. [...] a distinção existente entre a atitude científica e o senso comum, à luz da teoria retratada por Chauí (2000, p. 249) [..] a ciência indaga a si mesma e suas próprias certezas, desconfia da falta de perguntas e de crítica, é objetiva, quantitativa, ou seja, busca medir, comparar e avaliar. A ciência, ainda sob a teoria de Chauí (2000, p. 249), não acontece de forma casual, como o senso comum, ela investiga a natureza ou a estrutura do fenômeno. Melhor explicitando, o que pareceria um milagre será explicado pela revelação de detalhes particulares que produzirão determinado efeito. 12 [[......]] CCiiêênncciiaa éé uummaa ppaallaavvrraa qquuee ddeerriivvaa ddoo tteerrmmoo llaattiinnoo ""sscciieennttiiaa"" ccuujjoo ssiiggnniiffiiccaaddoo eerraa ccoonnhheecciimmeennttoo oouu ssaabbeerr.. AAttuuaallmmeennttee ssee ddeessiiggnnaa cciiêênncciiaa ttooddoo ccoonnhheecciimmeennttoo aaddqquuiirriiddoo aattrraavvééss ddoo eessttuuddoo oouu ddaa pprrááttiiccaa,, bbaasseeaaddoo eemm pprriinnccííppiiooss cceerrttooss.. AA cciiêênncciiaa,, eemm ggeerraall,, ccoommppoorrttaa vváárriiooss ccoonnjjuunnttooss ddee ssaabbeerreess,, nnooss qquuaaiiss ssããoo eellaabboorraaddaass aass ssuuaass tteeoorriiaass bbaasseeaaddaass nnooss sseeuuss pprróópprriiooss mmééttooddooss cciieennttííffiiccooss.. AA mmeettooddoollooggiiaa éé eesssseenncciiaall nnaa cciiêênncciiaa,, aassssiimm ccoommoo aa aauussêênncciiaa ddee pprreeccoonncceeiittooss ee jjuuíízzooss ddee vvaalloorr.. AA cciiêênncciiaa tteemm eevvoolluuííddoo aaoo lloonnggoo ddooss ssééccuullooss.. GGaalliilleeuu GGaalliilleeii éé ccoonnssiiddeerraaddoo oo ppaaii ddaa cciiêênncciiaa mmooddeerrnnaa.. DDiissppoonníívveell eemm:: hhttttpp::////wwwwww..ssiiggnniiffiiccaaddooss..ccoomm.. bbrr//cciieenncciiaa// 2.2.1 A ciência e suas características A ciência pode acontecer de quatro formas diferentes: empírica, científica, filosófica e teológica. Conforme anteriormente expressado na introdução deste material, o homem, por natureza, tende a aprender com o resultado de suas ações e de seus semelhantes, ou seja, experiências concebidas pela própria tentativa ou pela observação e transmissão de outrem. Cervo e Bervian (1996) dizem que: “conhecimento empírico, também chamado de vulgar, é o conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e assistemático”. Já a ciência, propriamente dita, que é a registrada, com metodologia específica, capaz de demonstrar os resultados de sua aplicação, é a chamada Científica. De acordo com Cervo e Bervian (1996), esse tipo de ciência só se caracteriza pela comprovação, mesmo não tendo pretensão de ser finita ou absoluta, pois pode ser refutada em caso de novas descobertas. A hipótese científica se mostra, assim, como retrato da esquematização de ideias e organização de tópicos, sob regras determinadas para essa finalidade, que validarão o processo, outorgando credibilidade a essas pesquisas. É importante, ainda, tratar da explanação de sua justificativa, nesse tipo de pesquisa, que parte da necessidade de entender o problema ora levantado e conseguir dar uma explicação para o que o gerou e, indo além desse patamar, também conseguir alcançar a resolução dele. No bojo dessa discussão e objetivando conhecer melhor os aspectos relacionados às suas diferentes manifestações, trataremos de cada uma delas com a finalidade de melhor sistematizá-las e distingui-las: - a pesquisa empírica: segundo Pedro Demo (2000) este tipo de pesquisa parte da análise de dados e da produção desses dados sempre por meio da realidade factual, por meio da experiência, de preferência mensurável, podendo atingir, entretanto, a despeito deste seu caráter supostamente superficial, grandes profundidades metodológicas. - a pesquisa científica: aproveitando as considerações de Cervo e Bervian (1996), podemos dizer que é caracterizada pela sua racionalidade, 13 argumentatividade e autoridade, isto é, guiada pelas informações objetivas, sendo assim parte, normalmente, de algum conhecimento já testado e comprovado cientificamente.Entretanto, tem como característica questionar inclusive o conhecimento já existente em busca de novas descobertas e diferentes considerações. Nesse sentido, persegue o argumento de autoridade tanto para se valer dele e assim melhor respaldar sua pesquisa, quanto para desconstruí-lo a partir de suas novas descobertas. - a pesquisa filosófica: distingue-se da científica, conforme Cervo e Bervian (1996), na medida em que faz de seu objeto de estudo realidades mediatas, imperceptíveis aos sentidos, ultrapassando, por vezes, a experiência que está para o método racional, por exemplo; este, por sua vez, conforme declaramos anteriormente, está mais centrado na pesquisa científica. Todavia, a base para a pesquisa filosófica é a curiosidade, a interrogação e a reflexão. Assim, a pesquisa filosófica busca compreender a realidade em seu contexto mais universal sem, contudo, pretender encontrar soluções definitivas aos questionamentos. - a pesquisa teológica: a base para este tipo de pesquisa, segundo Cervo e Bervian (1996) , é desvendar o mistério, ou seja, tudo o que é oculto, que provoca curiosidade e que pode levar à busca. Dessa forma, pode percorrer alguns caminhos como, por exemplo, recorrer ao conhecimento científico ou filosófico e/ou optar pela fé, aceitando as explicações e experiências atestadas por alguém que traga consigo esse conhecimento revelado por Deus e aceito pela fé teológica. 14 1.2 A CIÊNCIA NA ATUALIDADE Ao longo dos tempos foram muitas as perguntas que marcaram a ciência, muitos embates, dúvidas, certezas, erros e acertos. Mas, certamente, a sua marca registrada em cada uma delas é a sede pelo conhecimento. Conforme Kant (1957) pode- se associar a ciência ao conceito de construção ao afirmar que a ciência é construída pelo homem por meio de juízos a priori, diferente do conceito da obtenção do conhecimento por empirismo, por experiência ou por fé. Japiassu (1978) afirmou que “a ciência se define como um discurso crítico, pois exerce controle vigilante sobre seus procedimentos utilizando critérios de avaliação. É reflexiva e prospectiva. Seus pressupostos são justamente as ideias, os critérios e os princípios que ela emprega na sua execução. Chauí (2003) afirma que a ciência não acontece de forma casual, ou seja, ela investiga a natureza ou a estrutura do fenômeno. Sendo que a mesma autora, em 2000, menciona que a ciência indaga a si mesma e às suas próprias certezas; desconfia da falta de perguntas e de crítica; é objetiva e quantitativa - busca medir, comparar e avaliar. Jean Piaget (2002) apregoa que não acredita na inteligência inata e que o conhecimento começa na infância através do aprendizado por experiência e do senso comum, com o início do pensamento lógico e no contato com outros elementos como televisão, professor e internet. Segundo essa visão, o sujeito apropria-se de um novo saber e o organiza de forma pessoal e única. Observa-se, portanto, que o conceito de ciência não pode ser entendido de modo superficial, pois não se apresenta como algo simples de ser entendido e para darmos conta disso será necessário considerarmos todos os aspectos já trabalhados até este momento. Isto posto, podemos considerar a ciência um estudo sistemático e formal em torno de um objeto [...] A ciência evoluiu muito nos últimos anos. O volume de dados científicos é assombroso. Boa parte dos cientistas está conectada em tempo real com diferentes grupos de pesquisadores de todo o planeta, o que mostra que a ciência é hoje um trabalho eminentemente coletivo. Hoje os celulares são cada vez mais multifuncionais e o cinema já pode ser concebido integralmente no computador. Esses progressos, e muitos outros que a ciência tem feito nos últimos anos, demonstram possibilidades infinitas para a vida do homem na terra, sobretudo nas tarefas mais básicas do dia a dia. Mas será que esse homem, que acompanha diariamente pela televisão as novidades científicas, de fato sabe o que é a ciência, tem alguma noção sobre método científico, ou imagina a ciência com a visão romântica de que o cientista é um louco enclausurado no laboratório? (BORGES, 2007, p. 237) 15 REFERÊ NCIAS CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. Atlas. São Paulo, 2000. Fachin, Odília. Fundamentos de metodologia. 4ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2003. FERREIRA, Aurelio Buarque de Holanda. . Dicionário Aurélio básico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988. JAPIASSU ,H. Introdução ao pensamento epistemológico. 2.ed. Rio de Janeiro.1977. KANT,E. Crítica da razão pura. Tradução (parcial) de J.Rodrigues Mereja.Rio de Janeiro. Edições de Ouro,1966. Matias, José Pereira. Manual de metodologia da pesquisa científica. 3ª ed. – São Paulo : Atlas, 2012. Cervo, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 4ª ed. Makron Books. São Paulo. 1996. PEREIRA, José Matias. Manual de metodologia da pesquisa científica. 3ª ed. Atlas. São Paulo, 2012. específico e que este estudo, conforme Pedro Demo (2000), deva ter como parâmetro a coerência, a consistência, a sistematicidade, ser produtivo e original no sentido de não ser reprodutivo, manter um objetivo claro em torno do seu objeto de estudo e das suas metas. Complementando, podemos evidenciar características aceitas universalmente nos dias atuais, a saber: os saberes científicos são provisórios; ocorre revisão constante da ciência em decorrência de novos pontos de vista; o mesmo objeto pode ser analisado por vários ângulos; há interferência do imaginário na produção do conhecimento; a neutralidade e a imparcialidade não são possíveis, ocorrendo a interferência de valores aceitos pelo sujeito na produção do conhecimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esperamos que você tenha compreendido as noções basilares acerca da história da ciência e do quanto estão relacionadas à vida social da humanidade no transcorrer dos tempos. Portanto, é preciso saber que o conhecimento é construído por meio de um processo que parte de uma inquietação e busca para a obtenção de respostas e/ou soluções nem sempre objetivas, nem sempre comuns, por vezes, pouco realistas e imperceptíveis ou ainda racionais e comprovadas cientificamente e em que medida esse conhecimento tem servido para melhorar a qualidade de vida das pessoas, bem como respondido às suas angústias? O nosso objetivo é que este material o impulsione a uma leitura analítica e crítica em torno da temática da semana. Que estudar sobre ciência a partir deste momento seja um desafio sob vários aspectos, como a sistematização do conhecimento e a produtividade dos estudos, os quais lhe permitam avançar e aprofundar as noções acerca da Metodologia da Pesquisa, sabendo, contudo, que o saber científico é passível de revisão, transformação e refutação e que, portanto, àquele que estiver aberto ao conhecimento constantemente será dado o privilégio de fazer história e a responsabilidade de fazer ciência. 16 2 A PRODUÇÃO CIENTÍFICA E OS TIPOS DE CONHECIMENTOS Aparecida Cristina Cardoso e Cristina Herold Constantino INTRODUÇÃO O conhecimento é o princípio do desenvolvimento humano e por isso a mola propulsora do progresso e do bem-estar da sociedade. Surgiu para responder aos questionamentos do homem frente às suas dificuldades, no início, de maneira informal, por observação, depois foi passando po27r transformações, pois percebeu que poderia registrar suas experiências para aproveitamento em casos similares. O material que apresentamos traz uma breve contextualização dos tipos de conhecimento que utilizamos na produção e apropriação do saber historicamente construído, cujo objetivo é direcionar na buscae construção do conhecimento em sua área de estudo. Estamos longe de esgotar o assunto, nem tampouco é este o nosso objetivo, o que pretendemos, todavia, é que você faça o melhor uso possível deste material como objeto de estudo desta disciplina, e também como ferramenta para a produção de seus projetos futuros dentro e fora da academia. Tenha, portanto, um excelente estudo! 17 Platão foi um dos principais filósofos gregos da Antiguidade, nasceu em Atenas, por volta de 427/28 a.C., foi seguidor de Sócrates e mestre de Aristóteles. O nome pelo qual ficou conhecido era possivelmente um apelido, aparentemente ele se chamava Arístocles. Este filósofo se encontrava no limiar de uma época, entre os valores antigos e um novo mundo que emergia, o que lhe propiciou uma riqueza de ideias sem igual. Ele tinha o poder de abordar os temas mais diversos, mais com a força da paixão e da criatividade artística do que com a lucidez da razão. Sua obra é um dos maiores legados da Humanidade, abrangendo debates sobre ética, política, metafísica e teoria do conhecimento. Ao contrário de Sócrates, que vinha de uma origem humilde, Platão era integrante de uma família rica, de antiga e nobre linhagem, conheceu seu mestre aos vinte anos. Sócrates era bem mais velho, com uma diferença de quarenta anos, através deste convívio Platão teve acesso aos ideais pré-socráticos. Com a morte de seu preceptor, o filósofo isolou-se, com outros adeptos das ideias socráticas, em Mégara, ao lado de Euclides. Depois de viajar pela Magna Grécia e pela Sicília, Platão regressou a Atenas e fundou a Academia, que se tornou conhecida e frequentada por um grande número de jovens que vinha à procura de uma educação melhor, bem como por intelectuais consagrados que acorriam a esta instituição para debater suas ideias. Depois de várias tentativas de difundir seus conceitos políticos em Siracusa, na Sicília, Platão se instala definitivamente em sua terra natal, na liderança da Academia, até sua morte, em 347 a.C. Em Platão a filosofia ganha contornos e objetivos morais, apresentando assim soluções para os dilemas existenciais, tal práxis, porém, assume no intelecto a forma especulativa, ou seja, para se atingir a meta principal do pensamento filosófico, é preciso obter o aprendizado científico. [...] Platão desenvolveu conceitos os mais diversos, transitando da metafísica para a política, destas para a teoria do conhecimento, abrangendo as principais A palavra filosofia origina-se do grego, onde o termo philia significa amizade e sophia, sabedoria, que em sua junção significa a “amizade pela sabedoria”, o desejo de estar próximo do saber, do conhecimento verdadeiro. Segundo Celeti (2013), a filosofia teve seu início no século VI a.C., na Grécia Antiga, filosofia esta que segundo o autor poderia ter nascido em qualquer lugar e momento da história, contudo naquele momento fatos e acontecimentos ocorreram impulsionando o seu início. Segundo Santos (2007) a filosofia procede de um estudo denominado cosmologia (gr. kosmología,do gr. kósmos ‘lei, ordem, mundo, universo’ + rad. gr. –logía ‘tratado, ciência, discurso’; ver cosm(o)- e –logia). Portanto, a filosofia nasce do exercício racional pela busca de uma ordem do mundo ou do universo. Para o mesmo autor a filosofia caracteriza-se pelo discurso racional, isto é, teórico-reflexivo, seu método visa explicitar a relação entre particular e universal com o intuito de conceituar e ampliar a compreensão do homem no mundo. De acordo com Cervo e Pervian (1996), como todo conhecimento, o filosófico também tem seu objeto de estudo as realidades imediatas, 2.1 CONHECIMENTO FILOSÓFICO http://www.infoescola.com/filosofos/platao/ http://www.infoescola.com/filosofos/platao/ http://www.infoescola.com/filosofos/platao/ http://www.infoescola.com/biografias/euclides/ http://www.infoescola.com/filosofos/platao/ 18 imperceptíveis aos sentidos e, sendo estas de ordem suprassensíveis, ultrapassam a experiência, ou seja, o método racional. Segundo Ramlow et al. (2002) a tarefa fundamental da filosofia é a reflexão, sendo que esta pauta-se nas impressões adquiridas nos diversos tipos de conhecimentos científicos oriundos das mais variadas áreas. Assim, a filosofia busca refletir sobre esse saber, interrogando-o e problematizando-o, uma vez que, para os autores filosofar é refletir principalmente sobre fatos e problemas que cercam o homem, estando este, por sua vez, inserido em seu contexto histórico. Fachin (2003) enfatiza que o fazer do conhecimento filosófico é desenvolver no homem a capacidade de reflexão ou raciocínio, pois a filosofia conduz o homem à busca do saber. Para essa autora o objetivo da filosofia é o desenvolvimento funcional da mente, que busca educar o raciocínio. Dessa forma, quando obtém as informações das operações mentais e suas formas de processá-las, o estudioso chega a um raciocínio lógico e a um espírito científico, sendo essa a razão que nos dá o conhecimento, pois a intuição permite que a razão coordene, analise e sintetize numa visão clara e ordenada, sendo esta a razão para a filosofia. Platão e Aristóteles em detalhe do quadro de Rafael Sanzio intitulado A Escola de Atenas , de 1509. Um pormenor interessante é que Rafael deu a Platão o rosto de Leonardo da Vinci, em homenagem a seu grande colega pintor. Clique na imagem para ver o quadro inteiro. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/aristoteles- nosso-conteporaneo http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/aristoteles-nosso-conteporaneo http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/aristoteles-nosso-conteporaneo 19 O conhecimento teológico ou religioso, como também é conhecido, refere-se ao conjunto de verdades a que os homens chegaram ou chegam não com respaldo do conhecimento científico, mas pela aceitação de dados da revelação divina. Esses dados consistem nos conhecimentos adquiridos nos livros sagrados que são, depois de passados pela cúpula histórica mais exigentes deste conhecimento, aceitos racionalmente pelos adeptos (CERVO e BERVIAN, 1996, p. 12). De acordo com Ramlow (2002) o conhecimento teológico funda-se em verdades dogmáticas e requer de seus seguidores um ato de fé nas verdades defendidas, nas quais fica sempre implícita uma atitude de fé diante do conhecimento revelado. Tal conhecimento, assim como a filosofia, busca explicar o sentido da vida, cuja preocupação principal norteia-se nos questionamentos sobre a existência humana. Na concepção de Fachin (2003) esse conhecimento funda-se e relaciona-se intimamente com a fé, a crença divina ou a existência de um deus, independentemente de qual seja a fé professada ou esse deus, sendo, portanto, a autoridade suprema com quem o ser humano se relaciona por meio de sua fé e crença religiosa. Assim, para esse conhecimento não importa a crença e tampouco seu deus, importa-lhe a fé. Segundo as autoras, embora o fundamento do conhecimento teológico não se paute na concepção racional, lógica ou científica do objeto de culto, este se compõe de um conjunto de verdade indiscutível ao ser humano que é, por sua vez, essencialmente embasado em uma fé, e como exemplo de tal explicação as autoras citam o fato de “jamais alguém ter encontrado uma tribo, por mais selvagem que seja, totalmente destituída de qualquer culto ou ideia religiosa (FACHIN, 2003,p. 9). Tal fato firma a colocação de que cada indivíduo ainda que no mais longínquo e distante da história ou território, pode ter Deus de diversas formas, o que por sua vez não invalida, para as autoras, o conhecimento teológico, pois nos referimos a um conhecimento sem fundamento racional. 2.2 CONHECIMENTO TEOLÓGICO ● ● ● O termo teologia não aparece como tal na Escritura , embora a ideiaseja amplamente presente. O teólogo Warfield propôs a definição que se tornou clássica: "Teologia é a ciência de Deus e Sua relação com o homem e do mundo." Disponível em: http://ms-adilson-filologia- biblica.blogspot.com.br/2012/08/historia-da-teologia-crista-sinopse.html ● ● ● http://it.wikipedia.org/wiki/Sacre_Scritture http://it.wikipedia.org/w/index.php?title=Benjamin_Breckinridge_Warfield&action=edit&redlink=1 http://ms-adilson-filologia-biblica.blogspot.com.br/2012/08/historia-da-teologia-crista-sinopse.html http://ms-adilson-filologia-biblica.blogspot.com.br/2012/08/historia-da-teologia-crista-sinopse.html 20 UMA CURIOSIDADE: MANGA COM LEITE REALMENTE FAZ MAL OU É UM MITO? Para responder a essa pergunta voltemos um instante no tempo e imaginemos a sociedade do Brasil Colonial. Uma sociedade marcada por dois extremos, os senhores de engenho, no topo da pirâmide social, e os escravos, compondo a base da mesma pirâmide. Mas o que isso tem a ver com a manga, o leite e o tão popular problema existente em consumir estes dois alimentos de uma só vez? Pois bem, por mais incrível que pareça, tem tudo a ver! A economia do Brasil colonial girava em torno da produção e comercialização de açúcar, e até então, o leite era pouco produzido e tornou-se um “artigo de luxo”, além de caro. Mas o trabalho direto dos escravos nos engenhos, cuidando da plantação e dos animais, tornava o acesso ao leite mais fácil. Assim, para evitar prejuízos, os senhores de engenho espalharam o ideia de que tomar leite e consumir manga ao mesmo tempo, ou com uma pequena diferença de tempo entre o consumo de um e outro, era perigoso e podia causar uma séria congestão. Mas por que a manga? Simples. Por ser uma fruta abundante em nosso território, e consequentemente nas terras dos engenhos, e seu consumo ser difundido entre os escravos, além de não representar prejuízo algum para os senhores de engenho. Moral da história: um coquetel de manga com leite nos oferece incríveis doses dos mais importantes nutrientes que nosso organismo necessita,logo, a questão da congestão é evidente como apenas um mito. Disponível em: http://melhorcomsaude.com/mitos-manga-leite-dao-congestao/ O conhecimento empírico, de senso comum ou conhecimento vulgar, como comumente é chamado, é o conhecimento que segundo Cervo e Bervian (1996) se origina do povo e das situações do acaso, após inúmeras tentativas. O conhecimento empírico é o conhecimento que se oriunda das reflexões ou aplicações de métodos, sem a utilização de pesquisas e estudos sistemáticos. Esse conhecimento é obtido na vida cotidiana e fundamenta-se em experiências vivenciadas e/ou transmitidas de pessoas para várias outras pessoas , fazendo parte de culturas e tradições (FACHIN, 2001, p.09). Ramlow et. al. (2002), pontua que esse conhecimento se constrói de forma espontânea, é o modo comum de fazer ou construir o saber, pautando-se em experiências assistemáticas causais, ametódicas, ingênuas que atingem o fato sem exigir- lhes as causas. Segundo Demo (2000) o conhecimento de senso comum caracteriza- se pela aceitação não problematizada, muitas vezes crédula, do que afirmamos ou temos por válido. Em um entendimento prático, o senso comum consiste na bagagem cultural e evolucionária que internalizamos e trazemos conosco, por meio do qual aprendemos e sabemos constituir uma 2.3 CONHECIMENTO DE SENSO COMUM http://melhorcomsaude.com/mitos-manga-leite-dao-congestao/ 21 família, educar um filho, alimentarmo-nos, comportarmo-nos em determinado ambiente, cuidarmos da saúde, sem precisamente sermos médicos ou pedagogos, ou conforme pontua o autor “mesmo sendo médicos ou pedagogos não nos está assegurado que saibamos melhor educar os filhos e cuidar da saúde, sendo que esse conhecimento e bagagem que trazemos e utilizamos em nossa atuação diária não é colocada em questão, por isso faz parte da aceitação comum (DEMO, 2000, p. 23)”. Por referir-se a um conhecimento do dia a dia e estar preso a convicções esse tipo de conhecimento, conforme Fachin (2003), pode ser visto como incoerente e impreciso, chegando até a produzir crenças arbitrárias com diversas interpretações para a complexidade dos fatos, o que segundo o autor, resulta de uma inclinação de interesses voltados para os assuntos práticos e aplicados somente à área de experiência cotidiana. Para a mesma autora, esse tipo de conhecimento tem ligação e explicação na ação humana, procedendo das vivências e podendo estar contido previamente nos limites do mundo empírico. Carvalho (2002) ao discorrer sobre o conhecimento de senso comum pontua que este se refere a: [...] um conjunto de informações não-sistematizadas que aprendemos por processos formais, informais, e as vezes inconscientes, e que inclui um conjunto de valorações. Essas informações são no mais das vezes fragmentárias e podem incluir fatos históricos verdadeiros, doutrinas religiosas, lendas ou parte delas, princípios ideológicos às vezes conflitantes, bem como a experiência pessoal acumulada (CARVALHO, 2002, p. 16). Assim, segundo a autora, o conhecimento de senso comum resulta de experiências vividas ou acolhidas da transmissão cultural que, por sua vez, podem originar-se de histórias, mitos, lendas e princípios estabelecidos pela ideologia de uma época e um povo. A mesma autora pontua que quando nos apropriamos desses conteúdos, para justificarmos e fundamentarmos nossos argumentos, estes se tornam mais aceitáveis. 1.1.1 Contribuição do conhecimento empírico ao desenvolvimento do conhecimento científico. O conhecimento empírico tem sua significativa importância no desenvolvimento e fazer social, quando atende a uma necessidade do cotidiano, contudo, tal contribuição se faz também no campo da ciência, ao desencadear uma pesquisa que atua como base investigativa. Conforme pontua Fachin (2001) o conhecimento empírico é a estrutura para se chegar ao 22 conhecimento científico, esse conhecimento pode ser considerado a base, existindo antes mesmo do ser humano imaginar a possibilidade da existência da ciência. O conhecimento empírico consiste em um saber verificável, pois diz respeito ao âmbito da vida diária, fato este que o torna facilmente objeto de estudo científico (RAMLOW et. al. 2002, p. 25). Contribuindo à colocação dos autores anteriormente mencionados, Carvalho (2002) pontua que o conhecimento de senso comum consiste na base onde as ciências se pautam para a construção de suas teorias, que se distanciam das valorações e das opiniões que, por sua vez, constroem um conhecimento mais ou menos racional, sendo este argumentativo e coerente. Dessa forma, o conhecimento de senso comum vai gradativamente se modificando ao longo dos tempos. 23 Como mencionado no item anterior, o conhecimento científico diferencia-se do conhecimento de senso comum por pressupor uma aprendizagem superior àquela, baseada em fatos e vivências, bem como pela preocupação com a abordagem sistemática do objeto em estudo, tendo em vista, segundo Fachin (2001), seus termos relacionais que implicam noções básicas de causa e efeito. Segundo Ramlow et al. (2002), a ciência tem sua veracidade ou falsidade reconhecida por meio do processo de experimentação e não unicamente pela razão ou na ocorrência de fatos, como acontece no conhecimento de senso comum. Para os autores, esse tipo de conhecimento se preocupa com as causas das coisas, sendo capaz de demonstrar não apenas o fenômeno, mas uma explicação confiável. Os mesmos autores citam Ruiz (1993), ao explicarem que o conhecimento científico remete a um laboratório instrumental de pesquisa, ou seja, a um trabalho sistematizado, metódico, programado, que não deixa margem para interpretações ou associações inspiradasem ações místicas, artísticas ou religiosas. Assim, o conhecimento científico evoca ou evidencia um caráter, respeito e confiabilidade não presentes no conhecimento de senso comum. Fachin (2003), acrescenta, ainda, que a característica principal do conhecimento científico é o método sistemático dos fatos da realidade sensível, que se faz por meio da classificação, comparação, aplicação de métodos, análise e síntese, ou seja, o pesquisador extrai do contexto social, princípios e leis que estruturam um conhecimento, cujo rigor é válido universalmente. De acordo com a mesma autora, o que configura o conhecimento científico em um método é a sequência de suas etapas. Carvalho (2002), pontua que Sócrates considerava a ciência um conhecimento amarrado que apresenta um encadeamento racional. Assim, a autora afirma que o conhecimento científico consiste em um conjunto de proposições coerentes que, por sua vez, não apresentam qualquer tipo de contradição, sendo, assim, proposições amarradas no encadeamento racional. 3.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO 24 Para aprimorar seu conhecimento Ao discorrer sobre a construção do conhecimento científico, Fachin (2003) atesta que esse conhecimento objetiva alcançar a verdade dos fatos e desvendar os segredos da realidade, procurando explicá-los e demonstrá-los com clareza e precisão. Dessa forma, descobre suas relações de predomínio, igualdade ou subordinação com outros fatos ou fenômenos e conclui leis universalmente aceitas e válidas, em todos os casos cujo fato e espécies são iguais. A mesma autora destaca que esse conhecimento existe pela necessidade do homem em aprimorar-se constantemente e não de atuar passivamente no contexto sem observar os fatos e objetos e sem obter o controle sobre eles. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecer é uma ação inerente à vida e à atuação humana, por isso nos constituímos e nos humanizamos, segundo a psicologia, à medida que nos apropriamos do conhecimento já construído. Segundo essa mesma ciência o homem é o único ser, na espécie animal, que precisa “aprender a ser humano”, o que se faz por meio da aquisição e apropriação do conhecimento. Compreendemos que os conhecimentos: filosófico, teológico, de senso comum e científico fazem parte e têm o compromisso e/ou função de contribuir na formação do homem e da sociedade. O NOME DA ROSA (1986) A trama baseada no livro do escritor Umberto Eco se desenrola em 1327, época em que a Igreja Católica já exercia poderio absoluto em todo o continente europeu. As mortes, é claro, foram tidas desde o princípio como obra do demônio. Mas a investigação minuciosa conduzida por Guilherme acabou provando o óbvio: o mistério tinha uma explicação muito mais racional (e controversa) do que aparentava. Por embasar seus julgamentos em evidências e não em dogmas ou verdades reveladas, o frade é representado como uma espécie de precursor do cientista moderno. O filme também discute a relação de intolerância do pensamento religioso para com o científico. Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Cultura/Cinema. 25 Santo Agostinho ao discorrer sobre o conhecimento disse que o homem tem uma libido direcionada ao conhecimento, ou seja, uma pulsão prazerosa que o conduz a uma ação: a busca pelo saber. Estamos na continuação da disciplina de METEP - modalidade EAD e encerramos com esse material a discussão sobre a construção do conhecimento em uma apresentação rápida e sucinta sobre os tipos de conhecimento. Conhecer os tipos de conhecimento que norteiam as ações e evolução do homem e da sociedade torna-se um fator significativo, à medida que, inserido no meio acadêmico, é necessário diferenciar teorias e pensamentos e aplicá-los ou aprimorá-los ao conhecimento já assimilado anteriormente, o que resultará em uma formação profissional integral. Esperamos que adquira, com este material, novos conhecimentos para somar aos que trouxe e, assim, construir uma base sólida sobre o conhecimento científico para os seus próximos anos de estudo. Abraços e até a próxima! REFERÊNCIAS CARVALHO, Maria Cecília Maringgoni de. Metodologia científica: fundamentos e técnicas. Papirus. São Paulo, 1989. Cervo, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A. Metodologia científica. 4ª ed. Makron Books. São Paulo. 2007. FACHIN, Odília. Fundamentos de metologia. Saraiva. 3ª ed.São Paulo, 2003. PEREIRA, José Matias. Manual de metodologia da pesquisa científica. 3ª ed. Atlas. São Paulo, 2012. RAMLOW, Leonardo et al.,. Metodologia científica: o trabalho e a pesquisa na construção do conhecimento. Colatina. Rio de Janeiro, 2002.
Compartilhar