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7°- CPC- ESTSGIO I - AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C ALIMENTOS E PARTILHA DE BENS

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PEÇA SIMULADA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA ...VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE...
JAQUELINE GAMA, brasileira, solteira, bancária, RG n.º… e CPF n.º…, residente e domiciliada na Rua..., bairro..., no município de..., Estado..., CEP: ..., Fone: ..., sem endereço eletrônico, pelo advogado presente subscreve, OAB/UF, que receberá intimações no endereço…, com o endereço eletrônico...,vem, respeitosamente, à Vossa Excelência, com fulcro no art.226, § 3° da CF, bem como o art.1723 do CC/02, e o, art. 318 e seguintes do CPC/15 – Lei 13.105/2015, propor a presente: 
AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL
C/C PARTILHA DE BENS
em face de PAULO MARTINS, brasileiro, divorciado, advogado, RG n.º ..., CPF n.º…, residente e domiciliado na Rua..., bairro..., no município de..., Estado..., no município de ..., CEP: ..., Fone: ..., sem endereço eletrônico, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
1. DOS FATOS
Em janeiro/2006 a requerente deu início a uma relação amorosa com o requerido. Sendo que, em julho/2006, o mesmo passou a pernoitar em sua residência de modo alternado, nas quartas, sábados e domingos, assim dando continuidade a uma relação estável.
A relação era sustentada por uma convivência pública, contínua e duradoura, coabitando sob o mesmo teto, dando assim notoriedade, estabilidade e unicidade ao vínculo marital, convivência esta que, perdurou pelo período de 12 (doze) anos e 06 (seis) meses.
Durante a convivência, mais precisamente em julho/2007, o requerido constituiu bem, sendo este 01 (um) imóvel, do qual, foi devidamente escriturado em seu nome. O imóvel foi adquirido pelo valor de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), sendo que, deste valor foi disposto da conta poupança da requerente a quantia de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). Assim, ambos passaram a coabitar sobre o mesmo teto.
Outrossim, vale ressaltar, que o Requerido no dia 19 de janeiro de 2019 saiu de casa, pois o mesmo, mantém relação extraconjugal, e declarou que iria se casar. A requerente informou ainda que, o requerido mencionou que devolveria a quantia dada pela mesma na importância de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), acrescido de juros e correção monetária.
Ocorre Excelência que, o bem foi adquirido durante a convivência de ambos, sendo assim, o bem compõem o patrimônio comum do casal. Deste modo, não há de se falar em ressarcimento da quantia dada pela requerente, e sim, o bem deverá ser partilhado meio a meio, na proporção de 50% para cada um dos Companheiros. 
Assim, não restou alternativa à requerente, a não ser bater às portas do Judiciário.
2. DA PARTILHA DOS BENS 
No caso em tela, incide o regime da comunhão parcial de bens, uma vez que, nos termos do art. 1.725, do Código Civil, esse é o regime a ser aplicado na união estável, quando inexiste contrato escrito entre os companheiros. Veja-se o Art. 1.725: “Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”.
Assim, uma vez verificada a existência de união estável, os bens adquiridos na constância da relação deverão ser partilhados ao término do vínculo, nos termos do art. 1.658, do Código Civil Art. 1.658: “No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes”. De acordo com o autor Carlos Roberto Gonçalves (ano, página), isto significa que “Em suma, os bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável pertencem a ambos os companheiros, devendo ser partilhados, em caso de dissolução, com observância das normas que regem o regime da comunhão parcial de bens.”
No presente caso, como também já fora mencionado junto aos fatos, as partes adquiriram o seguinte bem, quando da existência da união estável:
-01 (UM) IMÓVEL, localizado na..., Bairro: ..., no município de... CEP: ..., encontrando-se tal imóvel devidamente registrado junto ao Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de.../..., no Livro..., matrícula nº: ..., fls...
Assim, deseja a requerente que o bem adquirido seja partilhado entre as partes, na proporção de 50% (cinquenta por cento) para cada um dos companheiros.
3. DO DIREITO
3.1. DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL
A união estável entre homem e mulher é considerada entidade familiar, e, como tal, goza de proteção do Estado (art. 226, §3º da CF/88). Trata-se de uma entidade familiar, que modifica o estado da família, na medida em que altera o complexo de qualidades peculiares da pessoa, em relação a esta.
Por sua vez, como união “afectio maritali”s, entre homem e mulher não-casados, desenvolvida por convivência pública, contínua e duradoura, gera uma comunhão espiritual e patrimonial (art. 1.723 do CC/02). Esta comunhão patrimonial se apresenta como sociedade para conjugal: Art. 1.723 “É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
Ora, é inegável que a situação em análise subsume-se perfeitamente ao que foi apresentado, eis que os conviventes mantiveram relacionamento com animus de família, por 12 (doze) anos e 06 (seis) meses, morando, inclusive, sob o mesmo teto. Corrobora a existência de união estável. 
Destarte, conforme consta, a “união estável” de companheiros, comprovada pela convivência prolongada sob o mesmo teto como se casados fossem, é um fato jurídico incontroverso irradiador de direitos e obrigações, legalmente protegido pelo estado. (2017, p. 580)
Trata-se de uma entidade familiar, que modifica o estado da família, na medida em que altera o complexo de qualidades peculiares da pessoa, em relação a esta. Vide abaixo julgado:
AFFECTIO MARITALIS. PROVA. Constitui união estável o relacionamento que se assemelha a um casamento de fato, indicando uma comunhão de vida e de interesses, com publicidade e estabilidade, evidenciando a affectio maritalis, tendo perdurado por quase um ano, até o óbito do varão. Recurso provido. (Apelação Cível Nº 70075588541, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 28/02/2018).
Ou seja, trata-se de motivos suficientes e demonstrados perante a existência de União Estável, conforme precedente sobre o tema aludido pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PARTILHA DE BENS. [...] PARTILHA DE IMÓVEL. CONJUNTO PROBATÓRIO DEMONSTRANDO A AQUISIÇÃO DA RESIDÊNCIA À ÉPOCA DA UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA LIMITADA AOS VALORES DO CONTRATO DE FINANCIAMENTO QUITADOS ATÉ A DATA DO TÉRMINO DA UNIÃO [...]. Demonstrada a aquisição de imóvel residencial durante a união estável mantida pelas partes, pertinente a sua partilha, já que aplicável às relações patrimoniais, o regime de comunhão parcial de bens. Todavia, a partilha do imóvel financiado deve abranger somente o valor quitado quando da separação do casal [...] (TJSC, Apelação Cível n. 0005593-18.2013.8.24.0064, de São José, rel. Des. João Batista Góes Ulysséa, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 08-02-2018). (grifei”.).
3.2. DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
A desconstituição da união estável, com a consequente dissolução da sociedade para conjugal, judicialmente, pode se der de forma consensual ou contenciosa. Esta, por sua vez, se opera por causas culposas e não culposas.
A relação entre o casal veio a se dissolver no dia 10 de janeiro 2019, ocasião em que o Requerido pronunciou a Requerente que, se casaria com outra pessoa.
 Quando mencionado há dissolução da união estável, deve-se orientar pela previsão legal, assim como, esta precedida na Súmula 380, qual contém o enunciado: "Comprovada à existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum". 
A respeito do conteúdo, em que, pese caso de dissolução da união estável, bem como,o dever de partilhar os bens. O doutrinador e Prof. Roberto Carlos Gonçalves, predica que: 
 “Assim como nasce informalmente da simples convivência, a união estável prescinde de qualquer formalidade para se extinguir. Quando não há entendimento para que tal extinção se faça amigavelmente, acordando os parceiros sobre assistência alimentar, partilha dos bens e guarda dos filhos, pode qualquer deles recorrer à via judicial, com pedido de declaração de sua existência e subsequente dissolução, com a partilha dos bens comuns e decisão sobre as outras questões mencionadas. (2017, p. 840). 
Em suma, os bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável pertencem a ambos os companheiros, devendo ser partilhados, em caso de dissolução, com observância das normas que regem o regime da comunhão parcial de bens, (2017, p. 821)”.
Por esses motivos, o presente caso e por este presente os requisitos legais, há que ser reconhecida a união estável, para que, em decorrência desta, surtam os efeitos legais pertinentes diante da dissolução aqui pleiteada, conforme recurso apreciado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina:
APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PARTILHA DE BENS. [...] PARTILHA DE IMÓVEL. CONJUNTO PROBATÓRIO DEMONSTRANDO A AQUISIÇÃO DA RESIDÊNCIA À ÉPOCA DA UNIÃO ESTÁVEL. PARTILHA LIMITADA AOS VALORES DO CONTRATO DE FINANCIAMENTO QUITADOS ATÉ A DATA DO TÉRMINO DA UNIÃO [...]. Demonstrada a aquisição de imóvel residencial durante a união estável mantida pelas partes, pertinente a sua partilha, já que aplicável às relações patrimoniais, o regime de comunhão parcial de bens. Todavia, a partilha do imóvel financiado deve abranger somente o valor quitado quando da separação do casal [...] (TJSC, Apelação Cível n. 0005593-18.2013.8.24.0064, de São José, rel. Des. João Batista Góes Ulysséa, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 08-02-2018). (grifei”.)
Assim como, a dissolução da união estável é regida pelo regime parcial de bens há partilha dos bens adquirida durante esse período, também será precedida do mesmo, conforme entendimento jurisprudencial demonstrando pelo no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. TERMO INICIAL. PRESSUPOSTOS. AFFECTIO MARITALIS. COABITAÇÃO. PUBLICIDADE DA RELAÇÃO. PARTILHA DE BENS. 1. Constitui união estável a convivência sob o mesmo teto, com publicidade, notoriedade, comunhão de vida e de interesses, tal como se casados fossem. 2. A união estável assemelha-se a um casamento de fato e indica uma comunhão de vida e de interesses, reclamando não apenas publicidade e estabilidade, mas, sobretudo, um nítido caráter familiar, evidenciado pela affectio maritalis, que restou comprovado nos autos. Recurso desprovido. (Apelação Cível Nº 70075687350, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 28/02/2018). (TJ-RS - AC: 70075687350 RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Data de Julgamento: 28/02/2018, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 05/03/2018).
Desta forma, impera o dever de condenar o Requerido no valor devido, pertencente ao Requerente, como medida de direito e de justiça.
4. DO PEDIDO
De todo o exposto, requer-se:
a) A citação do réu via oficial de justiça, prescrevendo que o mesmo deverá comparecer à audiência de conciliação e julgamento, acompanhado de advogado e, não havendo conciliação, deverá contestar a ação, sob pena de confissão e revelia;
b) Seja julgando procedente o pedido para declarar a união estável vivida pela Requerente e Requerido no período de julho/2006 a janeiro/2019, bem como sua dissolução a partir de 10 de janeiro 2019 e a partilha de bens, na proporção de 50% para cada um dos Conviventes, conforme relação acima, em base do art. 7° da Lei n°6.515/77;
c) A condenação do Requerido a pagar ao pagamento das custas, despesas processuais e das verbas de sucumbência e honorários de advogado na base de 20%.
5. DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, consistentes nos documentos juntados, oitiva do réu em depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, perícias e todas as que se fizerem necessárias ao longo da presente demanda.
6. DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais).
Termos em que,
pede deferimento.
Local e data.
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Advogado… OAB...
Núcleo de Prática Jurídica da UNEST, Avenida Transbrasiliana, nº 2625, setor Milena, Paraíso do Tocantins – TO.
Email: npjurídicas@unest.edu.br- Telefone: (63) 3361-1833
ESTAGIÁRIAS: ANNA ROSA ALVES ABREU e LUANA MACHADO ROSAL LEONARDO

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