Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rinossinusite Aguda DISCIPLINA DE OTORRINOLARINGOLOGIA Definição . Inflamação da mucosa nasal e dos seios paranasais de início súbito, com até 12 semanas; . Remissão completa dos sinais e sintomas entre os episódios. Classificação (etiológica) • RSA viral ou resfriado comum: uma condição usualmente autolimitada, em que a duração dos sintomas é menor que dez dias; • RSA pós-viral: definida quando há piora dos sintomas após cinco dias de doença ou quando os sintomas persistem por mais de dez dias de doença; • RSA bacteriana (RSAB): uma pequena porcentagem dos pacientes com RSA pós-viral pode evoluir com RSAB (0,5 a 2%??): três dos sintomas/sinais a seguir podem sugerir RSA bacteriana: - Secreção nasal (com predominância unilateral) e secreção purulenta na rinofaringe; - Dor intensa local (com predominância unilateral); - Febre > 38ºC; - Velocidade de hemossedimentação (VHS) ou proteína C reativa (PCR) elevadas; -“Dupla piora”: reagudização ou deterioração após a fase inicial de sintomas leves. Fatores associados - Exposição ambiental; - Variações anatômicas (células de Haller, concha média bolhosa, desvio de septo nasal, atresia coanal, hipertrofia de tonsila faríngea, presença de pólipos nasais, hipoplasia de seios e origem odontogênica de infecções ) ; - Alergia; - Lesão ciliar (tabagismo, alergia) - Discinesia ciliar primária (DCP): doença autossômica recessiva rara. Sintomas crônicos de vias aéreas superiores, como rinorreia, dor facial episódica, anosmia e bronquiectasias. Fatores associados - Resistência a antimicrobianos: . RSAB : S. pneumoniae, H. influenzae, S. pyogenes, M. catarrhalis e S. aureus; . 80% dos casos de RSA leve: resolução com amoxicilina em dose de 70-90 mg/kg/dia. . Principi e Esposito (2007): a maioria dos casos de RSA causados por H. influenzae e M. catarrhalis e aproximadamente 15% dos causados por S. pneumoniae apresentam resolução espontânea. . Lin et al. (2011): 70% dos S. pneumoniae e 71,4% dos H. influenzae isolados de 69 crianças eram resistentes à amoxicilina com clavulanato. Diagnóstico clínico - RSA pode ser diagnosticada com base apenas nos sintomas, sem exame otorrinolaringológico detalhado e/ou exames de imagem. - Baseados na presença de dois ou mais dos seguintes sintomas: • Obstrução/congestão nasal; • Secreção nasal/rinorreia anterior ou posterior (gotejamento); • Dor/pressão facial/cefaleia; • Hiposmia (Distúrbio do olfato) ou Tosse (faixa pediátrica). Além desses sintomas, também podem ocorrer odinofagia, disfonia, tosse, pressão e plenitude auricular, além de sintomas sistêmicos como astenia, mal-estar e febre. Rinossinusite Aguda Bacteriana O diagnóstico de RSAB é maior na presença de três ou mais dos sinais e sintomas a seguir: • Secreção nasal/presença de pus na cavidade nasal com predomínio unilateral; • Dor local com predomínio unilateral; • Febre > 38°C; • Deterioração/piora dos sintomas após o período inicial de doença; • Elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C reativa (PCR). Evolução Exames complementares - Endoscopia nasal: não obrigatório para o diagnóstico de RSA, mas pode ser útil para a avaliação da anatomia rinossinusal e a realização de biópsia e cultura. - Proteína C Reativa (PCR): mais estudos são necessários para a inclusão deste exame de rotina diagnóstica da RSAB. Valores elevados estão relacionados a alterações tomográficas e cultura positiva de punção ou lavado sinusal. - Velocidade de hemossedimentação (VHS): estão elevados na RSA, e podem refletir a gravidade e a necessidade de tratamento mais agressivo. - Tomografia computadorizada de Seios Pranasais (TC): Não deve ser utilizada no diagnóstico inicial de RSA; é indicada na suspeita de complicação e falha terapêutica. Deve ser considerada em doenças graves e em pacientes imunossuprimidos. -RX e USG de Seios Paranasais: baixa sensibilidade e especificidade. RSA viral - Tratamento - Sintomáticos: Analgésicos, AINEs, descongestionantes tópicos e sistêmicos. Atenção aos efeitos colaterais. - Lavagem nasal com solução isotônica (fisiológica): redução dos sintomas e resolução mais rápida do quadro. - Pelargonium sidoides (Kaloba, Umckan): aumenta a resposta imunológica frente a infecção, diminuindo a replicação viral. - Anti-histamínicos: podem ser utilizados para diminuir os sintomas de prurido, espirros e rinorreia. Avaliar efeitos adversos. - Corticosteroides tópicos: alto efeito anti-inflamatório local. Diretrizes americanas (2015) consideram o uso dos CE tópicos até nas RSA virais. I Campanha sobre uso de antibióticos em infecções de vias aéreas/ABORLCCF, 2017 RSA pós-viral/ bacteriana- Tratamento - Sintomáticos + LNSF - Corticoide oral (metilprednisolona e prednisona): três a cinco dias associado à antibioticoterapia, abreviando o quadro de dor facial. - Corticosteoides tópicos: dose dobrada tende a produzir efeitos positivos mais significativos, embora o benefício seja modesto. Antibiótico - A preocupação com o uso indiscriminado de antibióticos e a resistência bacteriana é mundial. - Cerca de 50 milhões de prescrições com antibióticos para rinossinusite, nos EUA, sejam desnecessárias e utilizadas em infecções virais. - Tendência mundial de tratar a RSA de acordo com a gravidade e o tempo da doença. - Não há melhora após o tratamento com medidas adjuvantes ou se os sintomas se acentuarem. - Diretrizes americanas, o médico pode optar entre utilizar imediatamente um antibiótico para a RSA bacteriana, ou ainda realizar um tratamento inicial (CE tópico + LNSF) da RSA bacteriana com “prescrição adiada” de antibiótico. Antibioticoterapia: RSAB em adultos Antibioticoterapia: RSAB em crianças Fluxograma Complicações de RSA - A maior parte das complicações rinossinusais é originária das infecções do seio etmoidal. - Mortalidade por meningite de origem sinusal no passado atingia até 17%, e hoje está em torno de 1% a 2,5%. - Índice de mortalidade decorrente das complicações intracranianas oscila em torno de 20% a 40%, e o de déficits neurológicos, 25%. -Mais frequente no sexo masculino. - Em crianças, geralmente são decorrentes de processos agudos. Prevalência: 80% das orbitárias, abscessos subperiosteais e intraorbitários, 10% das supurações intracranianas e 10% das celulites pré-septais. - Nos adultos decorrem de RSC com polipose nasossinusal (RSCcPNS) ou RSC sem polipose nasossinusal (RSCsPNS). - Prevalência: orbitárias correspondem a 60% a 75%; as intracranianas, 15% a 20%; e as ósseas, 5% a 10%. Referência bibliográfica - I Campanha sobre uso de antibióticos em infecções de vias aéreas superiores- ABORLCCF, 2017. - Consenso: Rinossinusites: evidências e experiências. Braz J Otorhinolaryngol. 2015.
Compartilhar