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TGP - principios-Constitucionais

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FUCAP / CURSO DE DIREITO 
Disciplina: TEORIA GERAL DO PROCESSO
Professor: Esp. RAFAEL LEANDRO
1
Princípios:
Acesso à Justiça: é um metaprincípio, sem o qual nenhum outro poderia sem legitimamente
garantido dentro do Estado Democrático de Direito.
Sentidos: primeiro, que atribui o termo justiça o mesmo sentido e conteúdo de Poder Judiciário,
torna sinônimas as expressões acesso à Justiça e acesso ao Poder Judiciário; o segundo, partindo
de uma visão axiológica da expressão Justiça, compreende o acesso a ela como o acesso a uma
determinada ordem de valores e direitos fundamentais para o ser humano. Ambos os conceitos
são complementares.
Envolve os meios adequados de acesso, a celeridade dos procedimentos, a adequada resposta ao
problema trazido a juízo, a efetividade do resultado, mediante instrumentos adequados de
execução, e segurança jurídica para as partes, tornando definitivo o resultado final. A
inexistência de resposta adequada para uma determinada situação conflitiva corresponde à
negação da obrigação assumida pelo Estado quando proibiu a autotutela e assumiu o monopólio
da jurisdição. Com a proibição da autotutela, assumiu o Estado a responsabilidade pela adequada
solução dos conflitos de interesses.
Pela extensão do seu conteúdo, não pode a garantia de acesso à Justiça ser localizada
especificamente em um dispositivo constitucional. Em realidade, ela se espalha por um conjunto
de direitos e garantia constitucionais, regra geral denominados de princípios constitucionais do
processo. É o conjunto desses princípios que se encontra a garantia de acesso à justiça. Nesse
sentido, pode mesmo ser visto como um metaprincípio constitucional, na forma do seguinte
esquema
GARANTIAS DE INGRESSO E ACOMPANHAMENTO EM JUÍZO:
a) Inafastabilidade do Poder Judiciário
Artigo 5º, XXXV, CF/88 - “A Lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito”.
Os outros direitos dependem desse acesso sempre que não forem respeitados; sem ele a
cidadania se vê castrada, impotente.
A expressão não se excluirá significa que nem o Legislativo nem qualquer outro órgão Estatal
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Disciplina: TEORIA GERAL DO PROCESSO
Professor: Esp. RAFAEL LEANDRO
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poderá criar ato normativo que restrinja o acesso à justiça (“se a lei não pode, nenhum ato ou
autoridade de menor hierarquia poderá”).
Ameaça a direito significa que não apenas a lesão a direito pode ser levada ao Poder Judiciário,
mas também qualquer ameça que lhe possa ser dirigida. Nesse aspecto está a garantia
constitucional das medidas de urgência, sempre que não haja outra forma de garantir eficazmente
o direito ameaçado. São inconstitucionais, por exemplo, as leis que impedem a concessão de
liminares e cautelares em situações em que o direito material não pode ser eficazmente garantido
de outra forma. Outro exemplo: habeas corpus preventivo (salvo-conduto).
b) Juiz Natural:
Artigo 5º, XXXVII e LIII, CF/88/: “não haverá juízo ou tribunal de exceção” e “ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
O primeiro inciso (XXXVII) impede a criação de juízo ou tribunal, além daqueles previstos
constitucionalmente (que recebem o poder/dever de exercer a jurisdição), para julgar fatos ou
pessoas predeterminados, mediante regime de exceção. O segundo (LIII), refere-se à
regularidade do processo de investidura dos juízes para que a legitimidade do ocupante do órgão
seja respeitada. Portanto, a garantia do Juiz Natural busca assegurar a legitimidade do órgão e da
pessoa que o ocupa. Em outras palavras, esse princípio significa que o Estado não pode criar
órgãos com função jurisdicional apenas para o julgamento de fatos ou pessoas específicos e que
a jurisdição só pode ser exercida pelos órgãos competentes e seus legítimos ocupantes, tendo por
base, para essa aferição, as normas constitucionais.
Exemplo de tribunal de exceção na história: Tribunal Nuremberg – julgamento dos envolvidos
no massacre nazista durante a 2ª Guerra Mundial - Holocausto (1945 a 1946). Mais recente, o
Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) – 1993.
Artigo X da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948): “Todo ser humano tem
direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal
independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer
acusação criminal contra ele.”
c) Assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados
Artigo 5º, LXXIV, CF88: “O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos”.
Em primeiro lugar, esse dispositivo constitucional se refere à assistência jurídica e não à
assistência judiciária, termo que vinha historicamente sendo utilizado pela legislação pátria. A
assistência jurídica é ampla, enquanto a assistência judiciária é mais restrita, limitada ao direito
que está em discussão nas demandas junto ao Poder Judiciário. A primeira inclui, a par dessas, a
assistência extra e pré-judicial e a assistência em processos administrativos, entre outras
possibilidades. Pode-se afirmar que a assistência judiciária é uma espécie do gênero assistência
jurídica.
O objetivo é ampliar a assistência aos carentes, assegurando-lhes assessorias preventiva e
extrajudicial.
Integral significa que deve estar à disposição todos os instrumentos jurídicos necessários, antes,
durante e após o processo judicial, e mesmo preventivos e extrajudiciais (consultorias,
assessorias e representação junto à Administração Pública), quando o ingresso em juízo não for
necessário (ex.: divórcio não litigioso, sem filhos menores – extrajudicial).
Gratuita quer significar que aquele que não possuir recursos suficientes está isento de todas as
despesas que se fizerem necessárias para o efetivo acesso à justiça. Incluem-se aí as custas, os
emolumentos, os honorários advocatícios e as demais despesas necessárias, como as perícias.
Qual o seu alcance? Parte da doutrina processual entende que não cabe à pessoa jurídica. Porém,
essa interpretação deve ser temperada (balanceada), pois há pessoas jurídicas, como as
associações sem fins lucrativos, que podem necessitar dessa assistência por não possuírem
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Disciplina: TEORIA GERAL DO PROCESSO
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condições econômicas que lhes permitam fazer frente aos custos que se apresentam uma
demanda judicial.
Exemplo de materialização dessa garantia: a Defensoria Pública (artigo 134, CF/88).
d) Indispensabilidade e inviolabilidade do advogado
Artigo 133, CF/88: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável
por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.”
A capacidade postulatória (condição de legitimidade), que se constituiu na capacidade de
peticionar junto ao Poder Judiciário, é privativa dos advogados, com as exceções que a
legislação infraconstitucional especificar. Razão: falta de conhecimento técnico-jurídico pelas
partes.
Ressalta-se a relevância técnica da presença do advogado, agindo como instrumento de
mediação dos conflitos. Sem sua presença haveria o duelo direto entre as partes.
Três aspectos a serem considerados: impossibilidade econômica que a maioria da população tem
de pagar um advogado – motivo pelo qual a CF, no artigo 134, prevê a existência das
Defensorias Públicas; qualidade dos profissionais que garante um bom assessoramento e não a
simples presença de um advogado; análise da real necessidade de um advogado em toda e
qualquer atividade jurisdicional e nas atividades extrajudiciais para as quais a lei exige sua
participação (este último é muito questionável - Sugestão de uma breve leitura de artigo
publicado em 18/04/1988 na Folha de São Paulo: https://goo.gl/aewA63).Em relação à inviolabilidade do advogado, é ela uma garantia em benefício das partes e não
daquele que exerce a Advocacia. Existe para impedir que o advogado seja impossibilitado de
efetuar, de forma adequada, a defesa de seus clientes. Nesse sentido, o que é inviolável é o
exercício da atividade profissional, necessária para a correta e eficaz defesa da parte.
GARANTIA DE CELERIDADE (DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO)
EC 45/2004
Artigo 5º, LXXXVIII, CF/88: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.”
O que significa prazo razoável? Historicamente, tem-se trabalhado com duas hipóteses:
1ª) o tempo razoável é o tempo legal, expressamente previsto na legislação 
processual; ou
2ª) tempo razoável é o tempo médio efetivamente despendido no País, para cada espécie 
concreta de processo.
A primeira apresenta a vantagem de se trabalhar com um critério objetivo, mas tem contra si o
fato de que em determinadas etapas processuais, em especial aquelas relativas a atos do Poder
Judiciário, não existem prazos expressamente definidos. A segunda traz um conteúdo de
realidade, mas a sua adoção implicaria a negação da garantia constitucional, tendo em vista que a
média de duração dos processos no Brasil encontra-se hoje muito acima do legal e do que se
pode considerar como razoável, lendo essa expressão em seu sentido gramatical.
Porém, a CF/1988, modificada pela EC 45/2004, contém em seu bojo alguns dispositivos que
podem direcionar aos prazos razoáveis:
Artigo 93, II, e: “não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em
seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido
despacho ou decisão;”
Artigo 93, II, c: “aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios
objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e
aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento;”
Porém, para que o prazo razoável seja atingido, há a dependência não somente dos membros do
Poder Judiciário (órgão jurisdicional), mas também da atuação e comportamento dos litigantes e
https://goo.gl/aewA63
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seus advogados.
Para viabilizar tal garantia, outras mudanças a EC 45/2004 ainda trouxe (artigo 93, XII, XIII,
XIV, XV):
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos
juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver
expediente forense normal, juízes em plantão permanente;
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva
demanda judicial e à respectiva população;
XIV os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e
atos de mero expediente sem caráter decisório;
XV a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição.
Como se vê, a celeridade na prestação jurisdicional é garantia constitucional de todos os
cidadãos. E a CF traz expressamente um conjunto de elementos que encaminham sua efetivação.
Entretanto, para que se transforme em realidade é necessário que o Poder Judiciário receba os
recursos humanos e materiais necessários em qualidade e quantidade. É também necessária uma
mudança da cultura jurídica e também da cultura social – é preciso deixar de utilizar o processo
para protelar o cumprimento de obrigações ou mesmo como instrumento de vingança pessoal.
O processo, quando moroso, pode impedir o alcance de seus objetivos. A Justiça lenta não é
justiça, além do que a demora do Estado em fazer valer o direito pode levar a novas
desobediências e à criação de conflitos sociais generalizados.

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