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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia núm ero 5 p. 189-234 Maio 2014 volume 36 Maio 2014 volume 36 nº 5 ISSN 0100-7203 CERAZETTE®, Desogestrel. APRESENTAÇÃO: cartucho com 1 cartela com 28 comprimidos. Cada comprimido contém: Desogestrel 75 mcg. INDICAÇÕES: contracepção. CONTRAINDICAÇÕES: CERAZETTE® não deve ser usado na presença de qualquer das condições abaixo ou se as mesmas ocorrerem pela primeira vez, o produto deve ser descontinuado imediatamente: gravidez ou suspeita de gravidez; distúrbio tromboembólico venoso ativo; presença ou história de doença hepática grave enquanto os valores de função hepática não tenham retornado ao normal; tumores progestagênio-dependentes; sangramento vaginal não diagnosticado; hipersensibilidade a qualquer componente do CERAZETTE®. PRECAUÇÕES e ADVERTÊNCIAS: durante o uso de contraceptivos orais (COs) o risco de ter câncer de mama diagnosticado está levemente aumentado. Entretanto, para esses contraceptivos de progestagênio isolado, a evidência é menos conclusiva. Avaliar risco-benefício no caso de câncer hepático. Investigações epidemiológicas associaram o uso de COC a uma maior incidência de tromboembolismo venoso (TEV, trombose venosa profunda e embolismo pulmonar). Embora a relevância clínica deste achado para Desogestrel usado como contraceptivo na ausência de um componente estrogênico seja desconhecida, CERAZETTE® deve ser descontinuado em caso de trombose. A descontinuação de CERAZETTE® deve também ser considerada e caso de imobilização prolongada devida à cirurgia ou doença. Mulheres com história de distúrbios tromboembólicos devem ser alertadas sobre a possibilidade de recorrência. Embora os progestagênios possam apresentar efeito sobre a resistência à insulina e sobre a tolerância à glicose, não há evidência da necessidade de alterar o regime terapêutico em diabéticas usando contraceptivos de progestagênio isolado. Entretanto, mulheres diabéticas devem ser cuidadosamente observadas enquanto usarem CERAZETTE®. O tratamento com CERAZETTE® leva à redução dos níveis séricos de estradiol para um nível correspondente à fase folicular inicial. Apesar do fato de CERAZETTE® inibir a ovulação, a gravidez ectópica deve ser considerada no diagnóstico diferencial se a mulher tem amenorréia ou dor abdominal. Cloasma pode ocorrer ocasionalmente. As seguintes condições foram relatadas durante a gravidez e durante uso de esteróide sexual, mas a associação com o uso de progestagênios não foi estabelecida: icterícia e/ou prurido relacionado a colestase; formação de cálculo de vesícula; porfiria; lúpus eritematoso sistêmico; síndrome urêmica hemolítica; corea de Sydenham; herpes gestacional; perda da audição relacionada a otosclerose. Mesmo quando CERAZETTE® é tomado regularmente, podem ocorrer distúrbios de sangramento. As mulheres devem ser informadas de que CERAZETTE® não protege contra HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. Com todos os contraceptivos hormonais de baixa dosagem, o desenvolvimento folicular ocorre e ocasionalmente o folículo pode continuar o desenvolvimento além do tamanho que poderia atingir num ciclo normal. Geralmente, esses folículos aumentados desaparecem espontaneamente. A eficácia dos contraceptivos de progestagênio isolado pode ser reduzida no caso de esquecimento de tomar os comprimidos, distúrbios gastrintestinais ou de utilização de medicação concomitante. Estudos epidemiológicos extensos mostraram que não há risco aumentado de malformações nas crianças de mães que utilizaram contraceptivos orais antes da gravidez, nem efeitos teratogênicos quando os contraceptivos orais forem administrados inadvertidamente no início da gestação. Dados de farmacovigilância coletados com vários COCs contendo desogestrel também não indicam um risco aumentado. CERAZETTE® não influencia a produção ou a qualidade do leite materno, mas uma pequena quantidade de etonogestrel é excretada no leite. REAÇÕES ADVERSAS: as reações adversas relatadas com maior freqüência nos estudos clínicos com CERAZETTE® (>2,5%) foram sangramento irregular, acne, alterações de humor, dor nas mamas, náusea e aumento de peso. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: podem ocorrer interações com fármacos indutores de enzimas microsomais, resultando em aumento da depuração dos hormônios sexuais. Foram estabelecidas interações com hidantoínas, barbitúricos, primidona, carbamazepina, rifampicina, oxcarbazepina, topiramato, rifabutina, felbamato, ritonavir, griseofulvina e produtos fitoterápicos contendo Hypericum perforatum. Durante o tratamento com carvão medicinal, a absorção do esteróide do comprimido pode ser reduzida bem como sua eficácia contraceptiva. Contraceptivos orais podem interferir com o metabolismo de outros fármacos (por ex., ciclosporina), consequentemente concentrações plasmáticas e tissulares podem ser afetadas. Dados obtidos com contraceptivos orais combinados mostraram que os esteróides contraceptivos podem influenciar os resultados de certos testes de laboratório, incluindo parâmetros bioquímicos do fígado, tireóide, adrenal e de função renal, níveis séricos de proteínas (carregadoras). POSOLOGIA: deve-se tomar um comprimido ao dia durante 28 dias consecutivos na ordem indicada pelas setas impressas na cartela, com pequena quantidade de líquido, aproximadamente no mesmo horário. Cada cartela subseqüente deve ser iniciada imediatamente após o término da anterior. Superdosagem: não há relatos de reações adversas graves em decorrência de superdose. Nesta situação os sintomas que podem ocorrer são: náuseas, vômitos e, em meninas e adolescentes, discreto sangramento vaginal. Não há antídotos e o tratamento deve ser sintomático. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. Reg. MS: 1.0171.0089 Dentre as informações citadas em bula, ressaltamos que este medicamento é contraindicado em casos de gravidez ou suspeita de gravidez e tumores dependentes de progestagênio. Podem-se esperar interações medicamentosas durante o uso concomitante de CERAZETTE com hidantoínas, barbituratos, primidona, carbamazepina, rifampicina. Copyright © 2010 Merck Sharp & Dohme Corp., subsidiária de Merck & Co., Inc., Whitehouse Station, NJ, EUA. Todos os direitos reservados. Antes de prescrever, recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa para informações detalhadas sobre o produto. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVE SER CONSULTADO. 02 -2 01 5- CE R- 14 -B R- J W OM N- 11 09 82 0- 00 00 I M PR ES SO E M F EV ER EI RO /2 01 4 CERAZETTE, CONSIDERADO REfERêNCIA NO mERCADO DE CONtRACEpçãO1, AGORA VEm COm 3 blíStERES NA mESmA CAIxA! Referência Bibliográfica: 1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Lista de medicamentos de referência. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/referencia/lmr_a.pdf. Acessado em 18 de junho de 2013. ISSN 0100-7203 Publicação mensal SECRETÁRIA EXECUTIVA Rosane Aparecida Cunha Casula REVISORA DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Maria Cristina Manduca Ferreira Eliana Martorano Amaral (Campinas/SP) Geraldo Duarte (Ribeirão Preto/SP) João Luiz Pinto e Silva (Campinas/SP) José Maria Soares Junior (São Paulo/SP) Marilza Vieira Cunha Rudge (Botucatu/SP) Rosiane Mattar (São Paulo/SP) Rossana Pulcinelli Vieira Francisco (São Paulo/SP) Sophie Françoise Mauricette Derchain (Campinas/SP) Daniel Guimarães Tiezzi (Ribeirão Preto/SP) Antonio Alberto Nogueira (Ribeirão Preto/SP) Antonio Jorge Salomão (São Paulo/SP) Carlos Augusto Alencar Jr. (Fortaleza/CE) Eddie Fernando Candido Murta (Uberaba/MG) Edmund Chada Baracat (São Paulo/SP) Francisco Mauad Filho (Ribeirão Preto/SP) Geraldo Duarte (Ribeirão Preto/SP) Gutemberg Leão de Almeida Filho (Rio de Janeiro/RJ) Haroldo Capurro Alzola (Montevideo, Uruguay) Iracema de Mattos Paranhos Calderon (Botucatu/SP) Ivo Behle (Porto Alegre/RS) Jesus de Paula Carvalho (São Paulo/SP) Jon Oyvind Odland (Tromso, Norway) José Carlos Peraçoli (Botucatu/SP) José Geraldo Lopes Ramos (Porto Alegre/RS) José Guilherme Cecatti (Campinas/SP) JoséMeirelles Filho (Cuiabá/MT) Joseph A.Spinnato, II (Cincinnati, Ohio) Krikor Boyaciyan (São Paulo/SP) Luiz Carlos Zeferino (Campinas/SP) Luiz Gerk de Azevedo Quadros (São Paulo/SP) Luiz Henrique Gebrim (São Paulo/SP) Manoel J. B. Castello Girão (São Paulo/SP) Manuel de Jesus Simões (São Paulo/SP) Marair Gracio Ferreira Sartori (São Paulo/SP) Marcelo Zugaib (São Paulo/SP) Marcos Felipe Silva de Sá (Ribeirão Preto/SP) Maria de Lourdes Brizot (São Paulo/SP) Marilza Vieira Cunha Rudge (Botucatu/SP) Melania Maria Ramos de Amorim (Campina Grande/PB) Nilma Antas Neves (Salvador/BA) Paulo Traiman (Botucatu/SP) Ricardo Mello Marinho (Belo Horizonte/MG) Roseli Mieko Yamamoto Nomura (Santo André/SP) Ruffo de Freitas Júnior (Goiânia/GO) Rui Alberto Ferriani (Ribeirão Preto/SP) Sebastião Freitas de Medeiros (Cuiabá/MT) Selmo Geber (Belo Horizonte/MG) Sérgio Hofmeister de Almeida Martins Costa (Porto Alegre/RS) Sérgio Mancini Nicolau (São Paulo/SP) Técia Maria de Oliveira Maranhão (Natal/RN) Victor Hugo de Melo (Belo Horizonte/MG) Wagner José Gonçalves (São Paulo/SP) Wellington de Paula Martins (Ribeirão Preto/SP) Editores Associados Editor Executivo Conselho Editorial Jurandyr Moreira de Andrade (Ribeirão Preto/SP) Editor Científico Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Publicação indexada na Base de Dados LILACS e SciELO. Disponível eletronicamente no SciELO www.scielo.br/rbgo nas versões português e inglês Acesso eletrônico através da Scopus: www.scopus.com/scopus/home.urlIndexada na Base de Dados Medline Rev Bras Ginecol Obstet v. 36, n. 5, p. 189-234, maio 2014 Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia RBGO – EDITORIA Av. Bandeirantes, 3900 – 8º andar – Campus Universitário 14049-900 – Ribeirão Preto/SP Fone (16) 3602-2803 – FAX (16) 3633-0946 Expediente REVISTA BRASILEIRA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA, ISSN 0100-7203, é uma publicação mensal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. A responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos é de inteira responsabilidade de seus autores. É permitida a reprodução total ou parcial dos artigos, desde que mencionada a fonte. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Presidente Etelvino de Souza Trindade (DF) Diretora Administrativa Vera Lúcia Mota da Fonseca (RJ) Diretor Financeiro Francisco Eduardo Prota (SP) Diretor Científico Nilson Roberto de Melo (SP) Diretor de Defesa Profissional Hélcio Bertolozzi Soares (PR) Vice-presidente da região Norte Júlio Eduardo Gomes Pereira (AC) Vice-presidente da região Nordeste Olímpio Barbosa Moraes Filho (PE) Vice-presidente da região Centro-Oeste Paulo Roberto Dutra Leão (MT) Vice-presidente da região Sudeste Agnaldo Lopes da Silva Filho (MG) Vice-presidente da região Sul Jorge Abi Saab Neto (SC) Assessora Especial de Diretoria Hitomi Miura Nakagava (DF) RBGO é uma revista mensal com entrega automática para os sócios da FEBRASGO. Remessa com devolução garantida em caso de erro postal. Assinaturas para pessoas jurídicas pelo fax (21) 2429-5133 TIRAGEM: 700 exemplares Os pedidos de separatas devem ser feitos pelo telefone: 0800 77 23023. As separatas reproduzirão fielmente o texto publicado, não podendo ser feitos acréscimos ou exclusões no mesmo. Produção Editorial ZEPPELINI EDITORIAL Rua Bela Cintra, 178 Cerqueira César – São Paulo – SP – 01415-000 PABX: (11) 2978-6686 www.zeppelini.com.br zeppelini@zeppelini.com.br Avenida das Américas, 8445 – sala 711 Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22793-081 Tel.: (21) 2487-6336 – Fax: (21) 2429-5133 www.febrasgo.org.br presidencia@febrasgo.org.br publicacoes@febrasgo.org.br Presidência e Secretaria Executiva ISSN 0100-7203 Publicação mensal Sumário Órgão Oficial de Divulgação Científica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia Rev Bras Ginecol Obstet v. 36, n. 5, p. 189-234, maio 2014 Editorial 189 Gabriele Tonni liliam CrisTine rolo edward araujo júnior Array comparative genomic hybridization (a-CGH): state of the art and perspective Array comparative genomic hybridization (a-CGH): estado-da-arte e perspectiva Artigos Originais 192 miChelle GarCia disCaCCiaTi bárbara maria sanTos barboza luiz Carlos zeferino Por que a prevalência de resultados citopatológicos do rastreamento do câncer do colo do útero pode variar significativamente entre duas regiões do Brasil? Why does the prevalence of cytopathological results of cervical cancer screening can vary significantly between two regions of Brazil? 198 Vania reis Girianelli luiz Claudio sanTos Thuler Gulnar azeVedo e silVa Adesão ao rastreamento para câncer do colo do útero entre mulheres de comunidades assistidas pela Estratégia Saúde da Família da Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil Adherence to cervical cancer screening among woman from communities assisted by the Family Health Strategy at the Baixada Fluminense, Rio de Janeiro State, Brazil 205 luCiano fernandes loures eduardo baTisTa Cândido Paula Vieira Teixeira VidiGal mariana aTaydes leiTe seabra luiz armando Cunha de marCo aGnaldo loPes da silVa-filho PTEN expression in patients with carcinoma of the cervix and its association with p53, Ki-67 and CD31 Expressão do PTEN em pacientes com carcinoma de colo uterino e sua associação com p53, Ki-67 e CD31 211 sayonara drummond Thaís silVa souza fernanda GoularT de lima alan araújo Vieira Correlação entre o uso de corticoterapia antenatal, a reanimação e a mortalidade de recém-nascidos prematuros de muito baixo peso Correlation between antenatal corticosteroid therapy, resuscitation and mortality in very low birth weight infants 222 Cláudia maChado Coelho souza de VasConCelos fabríCio da silVa CosTa Paulo César de almeida edward araujo júnior helena alVes de CarValho samPaio Fatores de risco associados à retenção de peso seis meses após o parto Risk factors associated with weight retention in postpartum period 228 maria do Carmo braGa do amaral Tirado fáTima ferrreira borToleTTi mary uChiyama nakamura eduardo de souza PaTríCia Coelho soárez adauTo CasTelo filho abês mahmed amed Qualidade de vida de gestantes infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) na cidade de São Paulo Quality of life of pregnant women infected with the human immunodeficiency virus (HIV) in the city of São Paulo Agenda 234 Agenda 216 Camila PiGaTTo Caroline mombaque dos sanTos wendel mombaque dos sanTos walTer sanTos neme luiz osório Cruz PorTela edson nunes de moraes franCisCo maximiliano PanCiCh GallarreTa Efeito do exercício físico sobre os parâmetros hemodinâmicos fetais Effects of physical exercise on the fetal hemodynamic parameters 233 auTora: Gabriela marini orienTadora: Professora douTora marilza Vieira Cunha rudGe Efeito do diabete induzido por streptozotocin na matriz extracelular e no músculo estriado uretral em ratas prenhes Effects of streptozotocin induced diabetes on the extracellular matrix and urethral striated muscle in pregnant rats Resumo de Tese V A Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Rev Bras Gincecol Obstet., ISSN 0100 7203), publicação mensal de divulgação científica da Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), é dirigida a obstetras, ginecologistas e profissionais de áreas afins, com o propósito de publicar contribuições originais sobre temas relevantes no campo da Ginecologia, Obstetrícia e áreas correlatas. É aberta a contri- buições nacionais e internacionais. A revista aceita e publica trabalhos em português, inglês e espanhol. O material enviado para análise não pode ter sido submetido simulta- neamente à publicação em outras revistas nem publicado anteriormente. Na seleção dos manuscritos para publicação, são avaliadas originalidade, relevância do tema e qualidade da metodologia utilizada, além da ade- quaçãoàs normas editoriais adotadas pela revista. O material publicado passa a ser propriedade da Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e da Febrasgo, só podendo ser reproduzido, total ou parcialmente, com a anuência dessas entidades. Os manuscritos submetidos à revista são analisados por pareceristas e o sigilo sobre a autoria e a identidade dos revisores é garantido durante todo o processo de edição. Os pareceres dos revisores e as instruções do editor serão enviados para os autores para que eles tomem conhecimento das alterações a serem introduzidas. Os autores devem reenviar o texto com as modificações solicitadas assim que possível, devendo justificar, na carta de encaminhamento, se for o caso, o motivo do não atendimento de alguma sugestão para modificação. Não havendo retorno do trabalho após três meses, presume-se que os autores não têm mais interesse na publicação. Os autores podem solicitar em qualquer ponto do processo de análise e edição do texto a sustação do processo e a retirada do trabalho. Os conceitos e as declarações contidos nos artigos são de responsabilidade dos autores. A revista publica contribuições nas seguintes categorias: 1. Artigos Originais, trabalhos completos prospectivos, experimentais ou retrospectivos. Manuscritos contendo resultados de pesquisa clínica ou experimental original têm prioridade para publicação. 2. Relatos de Casos, de grande interesse e bem documentados, do ponto de vista clínico e laboratorial. Os autores deverão indicar na carta de encaminhamento os aspectos novos ou inesperados em relação aos casos já publicados. O texto das seções Introdução e Discussão deve ser baseado em revisão bibliográfica atualizada. O número de referências pode ser igual ao dos trabalhos completos. 3. Técnicas e Equipamentos, para apresentação de inovações em diagnós- tico, técnicas cirúrgicas e tratamentos, desde que não sejam, clara ou veladamente, propaganda de drogas ou outros produtos. Valem para essa categoria todas as normas aplicadas para trabalhos completos. 4. Artigos de Revisão, incluindo avaliação crítica e sistematizada da literatura, meta-análises ou revisões sistemáticas. A seleção dos temas e o convite aos autores têm como base planejamento estabelecido pela editoria. Contribuições espontâneas podem ser aceitas. Nesse caso, devem ser enviados inicialmente um resumo ou roteiro do texto, a lista de autores e as respectivas publicações sobre o tema. Se houver interesse da revista, será enviado convite para apresentação do texto definitivo. Todos os autores devem ter publicações em periódicos regulares, indexados sobre o tema da revisão. O número de autores é limitado a quatro, dependendo do tipo de texto e da metodologia empregada. Devem ser descritos os métodos e procedimentos adotados para a obtenção do texto, que deve ter como base referências recentes, inclusive do ano em curso. Tratando-se de tema ainda sujeito a controvérsias, a revisão deve discutir as tendências e as linhas de investigação em curso. Apresentar, além do texto da revisão, resumo, abstract e conclusões. Ver a seção “Preparo do manuscrito” para informações quanto ao texto principal, página de rosto, resumo e abstract; 5. Comentários Editoriais, solicitados pelo editor; 6. Resumos de Teses apresentadas e aprovadas nos últimos 12 meses, contados da data de envio do resumo. Devem conter, aproximada- mente, 300 palavras e, para serem aceitos, devem seguir as normas da revista quanto à estruturação, à forma e ao conteúdo. Incluir título em português e inglês e, no mínimo, três palavras ou expressões- chave. Não há revisão do texto dos Resumos de Teses. No arquivo enviado, informar: nome completo do autor e do orientador; membros da banca; data de apresentação e a identificação do serviço ou departamento onde a tese foi desenvolvida e apresentada. Lembramos que a publicação do resumo não impede a posterior publicação do trabalho completo em qualquer periódico. 7. Cartas dos Leitores para o Editor, versando sobre matéria editorial ou não, mas com apresentação de informações relevantes ao leitor. As cartas podem ser resumidas pela editoria, mas com manutenção dos pontos principais. No caso de críticas a trabalhos publicados, a carta é enviada aos autores para que sua resposta possa ser publicada simultaneamente. Informações gerais 1. A revista não aceita material editorial com objetivos comerciais. 2. Conflito de interesses: devem ser mencionadas as situações que podem influenciar de forma inadequada o desenvolvimento ou as conclusões do trabalho. Entre essas situações, menciona-se a participação societária nas empresas produtoras das drogas ou dos equipamentos citados ou utilizados no trabalho, assim como em concorrentes da mesma. São também consideradas fontes de conflito os auxílios recebidos, as relações de subordinação no trabalho, as consultorias etc. 3. No texto, deve ser mencionada a submissão e a aprovação do es- tudo por um Comitê de Ética em Pesquisa reconhecido pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). 4. Artigo que trate de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir a declaração, na seção Métodos, de que os sujeitos do estudo assinaram o termo de consentimento livre e informado. Os autores Instruções aos Autores Vi devem informar, também, que a pesquisa foi conduzida de acordo com a Declaração de Helsinque revisada em 2008. 5. No caso de trabalhos envolvendo experimentação animal, os autores devem indicar na seção Métodos que foram seguidas as normas contidas no CIOMS (Council for International Organization of Medical Sciences) Ethical Code for Animal Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). 6. Todos os ensaios controlados aleatórios (randomized controlled trials) e clínicos (clinical trials) submetidos à publicação devem ter o registro em uma base de dados de ensaios clínicos. Essa é uma orientação da Plataforma Internacional para Registros de Ensaios Clínicos (ICTRP) da Organização Mundial da Saúde (OMS), e do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). As instruções para o registro estão disponíveis no endereço eletrônico do ICMJE (http://www.icmje.org/clin_trialup.htm) e o registro pode ser feito na base de dados de ensaios clínicos da National Library of Medicine, disponível em http://clinicaltrials.gov/ct/gui. 7. O número de autores de trabalhos completos e relatos de casos é limi- tado a sete. Trabalhos de autoria coletiva (institucionais) devem ter os responsáveis especificados. Trabalhos e estudos multicêntricos podem ter número de autores compatível com o número de centros (cada situ- ação será avaliada pela editoria e pelos revisores). Os investigadores responsáveis pelos protocolos aplicados devem ser especificados. Todos os autores devem ter conhecimento do texto enviado para a revista. 8. O conceito de coautoria é baseado na contribuição de cada um, para a concepção e planejamento do trabalho, análise e interpretação dos dados, para a redação ou revisão crítica do texto. A inclusão de nomes cuja contribuição não se enquadre nos critérios citados ou que tenham fornecido apenas suporte material não é justificável. 9. Os autores serão informados, por correspondência eletrônica, do recebimento dos trabalhos. Os trabalhos que estiverem de acordo com as Instruções aos Autores e se enquadram na política editorial da revista serão enviados para análise por revisores indicados pelo editor. Os originais em desacordo com os objetivos da revista ou com essas instruções são devolvidos aos autores para as adaptações necessárias antes da avaliação pelo Conselho Editorial ou recusados sem análise por revisores. 10. Junto dos arquivos originais, deve ser enviada uma carta de enca- minhamento, na qual deve ficar explícita a concordância com as normas editoriais, com o processo de revisão e com a transferênciade copyright para a revista. 11. Para manuscritos originais, não ultrapassar 25 páginas de texto digitado ou aproximadamente 30.000 caracteres. Limitar o número de tabelas e figuras ao necessário para apresentação dos resultados que são discutidos (como norma geral, limitar a cinco). Para manus- critos do tipo Relato de Caso, não ultrapassar 15 páginas de texto ou 18.000 caracteres (ver “Preparo do manuscrito”, “Resultados”). 12. O trabalho deve ser enviado pelo sistema de submissão online no portal SciELO. O endereço eletrônico de todos os autores deve ser fornecido. Desta forma, os coautores receberão informação sobre a submissão do trabalho e, assim, não será necessária a assinatura de todos na carta de encaminhamento. O endereço eletrônico para correspondência com a revista é rbgo@fmrp.usp.br. O arquivo correspondente ao trabalho deve ser único e deve conter texto, referências, tabelas e figuras. Preparo dos manuscritos As normas que seguem foram baseadas no formato proposto pelo ICMJE e publicado no artigo “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”, atualizado em Outubro de 2008 e disponível no endereço eletrônico: http://www.icmje.org/. Apresentação do texto 1. Os trabalhos devem ser digitados em espaço 2 em todas as seções, da página de rosto às referências bibliográficas, tabelas e legendas. Cada página deve conter aproximadamente 25 linhas em uma coluna. Usar preferencialmente o processador de texto Microsoft Word® e a fonte Times New Roman 12. Não dar destaque a trechos do texto: não sublinhar ou usar negrito. Numerar todas as páginas, iniciando pela de rosto. 2. Não usar maiúsculas nos nomes próprios (a não ser a primeira letra) no texto ou nas referências bibliográficas. Não utilizar pontos nas siglas (DPP em vez de D.P.P.). Quando usar siglas ou abreviaturas, descrevê-las por extenso na primeira vez que mencionadas no texto. Iniciar cada seção em uma nova página: página de rosto; resumo e palavras ou expressões-chave; abstract e keywords; texto; agradeci- mentos; referências; tabelas individuais e legendas das figuras. Página de rosto Apresentar o título do trabalho em português e em inglês; nomes completos dos autores sem abreviaturas; endereços eletrônicos válidos de todos os autores (opcional, em substituição à carta de encaminhamento); nome da instituição onde o trabalho foi desenvolvido; afiliação institucional dos autores; informações sobre auxílios recebidos sob forma de bolsas de estudos, financiamento, fornecimento de drogas, reagentes ou equipamen- tos. Obrigatoriamente deve ser fornecido o endereço da instituição onde o trabalho foi desenvolvido, o qual é publicado na página inicial do trabalho. Devem ser indicados nome, endereço, telefone/fax e e-mail do autor para o qual a correspondência deve ser enviada. Essas informações pessoais são empregadas apenas para correspondência com a revista e somente são publicadas se houver pedido do(s) autor(es). Resumo O resumo do trabalho deve aparecer na segunda página. Para traba- lhos completos, redigir um resumo estruturado, que deve ser dividido em seções identificadas: objetivo, métodos, resultados e conclusões. Deve ter aproximadamente 300 palavras. O resumo deve conter as informações relevantes, permitindo que o leitor tenha uma ideia geral do trabalho. Deve incluir descrição resumida de todos os métodos empregados e da análise estatística efetuada. Expor os resultados numéricos mais relevantes, e não apenas indicação de significância estatística. As conclusões devem ser baseadas nos resultados do trabalho e não da literatura. Evitar o uso de abreviações e símbolos. Não citar referências bibliográficas no resumo. Abaixo do texto do resumo indicar o número de registro e/ou identifi- cação para os ensaios controlados aleatórios e ensaios clínicos (ver item 5 das “Informações Gerais”). Vii Na mesma página do resumo, citar pelo menos três palavras ou expressões-chave que serão empregadas para compor o índice anual da revista. Devem ser baseadas nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) publicado pela Bireme, que é uma tradução do Medical Subject Headings (MeSH) da National Library of Medicine e está disponível no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br. O abstract deve ser versão fiel do texto do resumo estruturado (purpose, methods, results e conclusions). Deve ser também acompanhado da versão para o inglês das palavras ou expressões-chave (keywords). O resumo e o abstract dos Relatos de Casos e dos Artigos de Revisão e de Atualização não devem ser estruturados e são limitados a 150 palavras. Introdução Repetir, na primeira página da introdução, o título completo em português e inglês. Nessa seção, mostre a situação atual dos conhecimentos sobre o tópico em estudo, divergências e lacunas que possam eventualmente justifi- car o desenvolvimento do trabalho, mas sem revisão extensa da literatura. Para Relatos de Casos, apresentar um resumo dos casos já publicados, epidemiologia da condição relatada e uma justificativa para a apresentação como caso isolado. Expor claramente os objetivos do trabalho. Métodos Iniciar essa seção indicando o planejamento do trabalho: se prospectivo ou retrospectivo; ensaio clínico ou experimental; se a distribuição dos casos foi aleatória ou não etc. Descrever os critérios para seleção das pacientes ou Grupo Experimental, inclusive dos Controles. Identificar os equipamentos e reagentes empregados (fabricante, cidade e país). Se a metodologia aplicada já tiver sido empregada, indicar as referências, além da descrição resumida do método. Descrever também os métodos estatísticos empregados e as comparações para as quais cada teste foi empregado. Os trabalhos que apresentam como objetivo a avaliação da eficácia ou a tolerabilidade de tratamentos ou drogas devem, necessariamente, incluir Grupo Controle adequado. Para informações adicionais sobre o desenho de trabalhos desse tipo, consultar ICH Harmonized Tripartite Guideline - Choice of Control Group and Related Issues in Clinical Trials (http://www.hc-sc.gc.ca/hpfb-dgpsa/tpd-dpt/e10_e.html). Ver também itens 4 e 5 das “Informações Gerais”. Resultados Apresentar os resultados em sequência lógica, no texto, nas tabelas e nas figuras. Expor os resultados relevantes para o objetivo do trabalho e que são discutidos. Não repetir no texto dessa seção todos os dados das tabelas e figuras, mas descrever e enfatizar os mais importantes, sem interpretação dos mesmos (ver também “Tabelas”). Nos Relatos de Casos, as seções “Métodos” e “Resultados” são substituídas pela “Descrição do caso”, mantendo-se as demais. Discussão Devem ser realçadas as informações novas e originais obtidas na investigação. Não repetir dados e informações já mencionados nas seções “Introdução” e “Resultados”. Evitar citação de tabelas e figuras. Ressaltar a adequação dos métodos empregados na investigação. Comparar e relacionar suas observações com as de outros autores, comentando e expli- cando as diferenças. Explicar as implicações dos achados, suas limitações e fazer as recomendações decorrentes. Para Relatos de Casos, basear a discussão em ampla e atualizada revisão da literatura. As informações sobre os casos já publicados podem ser tabuladas e exibidas nessa seção para comparações. Agradecimentos Dirigidos a pessoas que tenham colaborado intelectualmente, mas cuja contribuição não justifica coautoria, ou para aquelas que tenham provido apoio material. Referências Todos os autores e trabalhos citados no texto devem constar dessa seção e vice-versa. Numerar as referências bibliográficas por ordem de entrada no trabalho e usar esses números para as citações no texto. Evitar número excessivo de referências, selecionando as mais relevantes para cada afirmação e dando preferência para os trabalhos mais recentes. Não empregar citações de difícil acesso, como resumos de trabalhos apresentados em congressos, teses ou publicações de circulaçãorestrita (não indexados). Não empregar referências do tipo “observações não publicadas” e “comunicação pessoal”. Artigos aceitos para publicação podem ser citados acompanhados da expressão: “aceito e aguardando publicação” ou “in press”, indicando-se periódico, volume e ano. Trabalhos aceitos por periódicos que estejam disponíveis online, mas sem indicação de fascículos e páginas, devem ser citados como “ahead of print”. Outras publicações dos autores (autocitação) devem ser empregadas apenas se houver necessidade clara e forem relacionadas ao tema. Nesse caso, incluir entre as referências bibliográficas apenas trabalhos originais publicados em periódicos regulares (não citar capítulos ou revisões). O número de referências bibliográficas deve ser aproximadamente 35. Os autores são responsáveis pela exatidão dos dados constantes das referências bibliográficas. Para todas as referências, citar os autores até o sexto. Se houver mais de seis autores, citar os seis primeiros, seguidos da expressão et al., conforme os seguintes modelos: Formato impresso • Artigos em revistas - Ceccarelli F, Barberi S, Pontesilli A, Zancla S, Ranieri E. Ovarian carcinoma presenting with axillary lymph node metastasis: a case report. Eur J Gynaecol Oncol. 2011;32(2):237-9. - Jiang Y, Brassard P, Severini A, Goleski V, Santos M, Leamon A, et al. Type-specific prevalence of Human Papillomavirus infection among women in the Northwest Territories, Canada. J Infect Public Health. 2011;4(5-6):219-27. • Artigos com título em inglês e texto em português ou outra língua Utilizar o titulo em inglês, entre colchetes e no final da referência, indicar a língua na qual o artigo foi publicado. - Prado DS, Santos DL. [Contraception in users of the public and private sectors of health]. Rev Bras Ginecol Obstet. 2011;33(7)143-9. Portuguese. - Taketani Y, Mizuno M. [Application of anti-progesterone agents for contraception]. Rinsho Fujinka Sanka. 1988;42(11):997-1000. Japanese. • Livro - Baggish MS, Karram MM. Atlas of pelvic anatomy and gynecologic surgery. 2nd ed. Philadelphia: WB Saunders; 2006. Viii • Capítulos de livro - Picciano MF. Pregnancy and lactation. In: Ziegler EE, Filer LJ, editors. Present knowledge in nutrition. Washington (DC): ILSI Press; 1996. p. 384-95. Formato eletrônico Apenas para informações estatísticas oficiais e citação de referên- cias de periódicos não impressos. Para estatísticas oficiais, indicar a entidade responsável, o endereço eletrônico, o nome do arquivo ou entrada. Incluir o número de tela, data e hora do acesso. Termos como “serial”, “periódico”, “homepage” e “monography”, por exemplo, não são mais utilizados. Todos os documentos devem ser indicados apenas como [Internet]. Para documentos eletrônicos com o identificador DOI (Digital Object Identifier), este deve ser mencionado no final da referência, além das informações que seguem: - Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS [Internet]. Informações de Saúde. Estatísticas vitais. Mortalidade e nascidos vivos: nascidos vivos desde 1994. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008. [citado 2007 Fev 7]. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/ deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def> • Monografia na Internet ou livro eletrônico - Foley KM, Gelband H, editors. Improving palliative care for cancer [Internet]. Washington: National Academy Press; 2001 [cited 2002 Jul 9]. Available from: http://www.nap.edu/books/0309074029/html/ Tabelas Apresentar as tabelas em páginas separadas, com espaço duplo e preferencialmente fonte Arial 8. A numeração deve ser sequencial, em algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. Todas as tabelas devem ter título e todas as colunas da tabela devem ser identificadas com um cabeçalho. A legenda deve conter informações que permitam ao leitor entender o conteúdo das tabelas e figuras, mesmo sem a leitura do texto do trabalho. As linhas horizontais devem ser simples e limitadas a duas no topo e uma no final da tabela. Não empregar linhas verticais. Não usar funções de criação de tabelas, comandos de justificação, tabu- lações decimais ou centralizadas. Utilizar comandos de tabulação (tab) e não o espaçador para separar as colunas e, para nova linha, a tecla enter. No rodapé da tabela, deve constar legenda para abreviaturas e testes estatísticos utilizados. Figuras (gráficos, fotografias e ilustrações) As figuras devem ser apresentadas em páginas separadas e numeradas sequencialmente, em algarismos arábicos, conforme a ordem de aparecimento no texto. Todas as figuras devem ter qualidade gráfica adequada e apresentar título e legenda. Para evitar problemas que comprometam o padrão da revista, o processo de digitalização de imagens (scan) deve obedecer aos seguintes parâmetros: para gráficos ou esquemas, usar 300 dpi/bitmap para traço; para ilustrações e fotos (preto e branco), usar 300 dpi/RGB ou grayscale. Em todos os casos, os arquivos devem ter extensão .tif e/ou .jpg. Também são aceitos arquivos com extensão .xls (Excel), .eps, .psd para ilustrações em curva (gráficos, desenhos e esquemas). São aceitas, no máximo, cinco figuras. Se as figuras já tiverem sido publicadas, devem vir acompanhadas de autorização por escrito do autor/editor e constando a fonte na legenda da ilustração. Legendas Digitar as legendas usando espaço duplo, acompanhando as respec- tivas figuras (gráficos, fotografias e ilustrações). Cada legenda deve ser numerada em algarismos arábicos, correspondendo a cada figura, e na ordem em que foram citadas no trabalho. Abreviaturas e siglas Devem ser precedidas do nome completo quando citadas pela primeira vez no texto. Nas legendas das tabelas e figuras, devem ser acompanhadas de seu nome por extenso. As abreviaturas e as siglas não devem ser usadas no título dos artigos e nem no resumo. Empregar o seguinte endereço para correspondências não previstas nas instruções: Jurandyr Moreira de Andrade Editor Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – Editoria – Avenida Bandeirantes, 3.900, 8º andar – Campus Universitário – CEP 14049-900 – Ribeirão Preto (SP) – Fone: (16) 3602-2803 – Fax: (16) 3633-0946 – E-mail: rbgo@fmrp.usp.br. Itens para a conferência para a submissão do manuscrito Antes de enviar o manuscrito, conferir se as Instruções aos Autores foram seguidas e verificar o atendimento dos itens listados a seguir: 1. carta de encaminhamento assinada por todos os autores (escaneada e anexada como documento suplementar ou enviada pelo correio) ou informação dos endereços eletrônicos válidos de todos os autores na página de rosto; 2. citação da aprovação do projeto do trabalho por Comissão de Ética em Pesquisa, assinatura do termo de consentimento livre e informado (na seção “Métodos”) e informação sobre o atendimento das exigências para pesquisa em animais; 3. número ou código do registro do estudo, se necessário, na página de rosto (item 5 das “Informações Gerais”); 4. conflito de interesses: informar se há ou não. Se houver, explicar sem omissão de informações relevantes; 5. página de rosto com todas as informações solicitadas; 6. resumo e abstract estruturados e compatíveis com o texto do trabalho; 7. três ou mais palavras-chave relacionadas ao texto e respectivas keywords baseadas no Decs; 8. verificar se todas as tabelas e figuras estão corretamente citadas no texto e numeradas, e se as legendas permitem o entendimento das mesmas; 9. referências bibliográficas: numeradas na ordem de aparecimento e corretamente digitadas. Verificar se todos os trabalhos citados estão na lista de referências e se todos os listados estão citados no texto. Array comparative genomic hybridization (a-CGH): state of the art and perspective Array comparative genomic hybridization (a-CGH): estado-da-arte e perspectiva Gabriele Tonni1 liliam CrisTine rolo2 edward araujo júnior2 There is convincing evidence suggesting a potential benefit of chromosomal micro- array analysisfor fetal abnormalities beyond conventional fetal karyotyping1-5. Microarray chromosomal genomic hybridization (a-CGH) may provide submicroscopic rearrangements especially duplicated or deleted portion of the DNA also known as copy number variants (CNVs). A limitation of chromosomal microarray analysis is the potential to identify variants of unknown clinical significance (VOUS). This occurred in 3.4% of cases in the NICHD trial. Such results were classified as “likely benign” in 1.8% of cases and “likely pathogenic” in 1.6%6. The result may be uncertain because the CNVs may be rare, novel or characterized by variable penetrance. Furthermore, in such cases, a parental search is mandatory to detect a carrier state or a de novo mutation and to calculate recurrent risk in a genetic counseling. Is genetic counseling advice before testing with a-CGH? Should an informed consent be obtained? Pre as well as post-test genetic counseling is mandatory when karyotyping is performed with a-CGH. Patients must be counseled concerning the incidence of VOUS, identification of diseases with variable clinical presentation, identification of consanguinity and/or non-paternity as well as adult-onset diseases. It is mandatory that healthcare givers do not performed the testing before genetic counseling and signed informed consent. In addition, as the amount of information depends by the type of array technique used and laboratory policy7, it is essential that doctors as well as patients be informed about this. Notwithstanding, the NICHD trial have demonstrated that women who received abnormal results reported a need for extensive support and counseling while referring a lack of good understanding of the potential for uncertain results8. Is there evidence to indicate that a-CGH should be performed in all cases as integrated prenatal karyotyping testing when fetal malformations are detected on ultrasound? Array chromosomal genomic hybridization (a-CGH) studies performed in fetuses with sonographic anomalies and normal karyotype have demonstrated to detect clinically significant CNVs in 2% of cases9. Moreover, when rapid fetal karyotyping is clinically indicated, oligonu- cleotide a-CGH for direct analysis of uncultured amniocytes has shown to be feasible. The use of oligonucleotide arrays increases the sensitivity and accuracy of detection over previous bacterial artificial chromosome (BAC)-based arrays and shorter reporting time10. In a series of 162 fetuses with sonographic anomalies of whom 6.8% had abnormal karyotype and 23.7% had abnormal 1Department of Obstetrics and Gynecology, Guastalla Civil Hospital – ASL Reggio Emilia, Italy. 2Disciplina de Medicina Fetal, Departamento de Obstetrícia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – São Paulo (SP), Brazil. Correspondence Edward Araujo Júnior Departamento de Obstetrícia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo Rua Napoleão de Barros, 875 – Vila Clementino CEP: 04024-002 São Paulo (SP), Brazil Received 04/14/2014 Accepted with modifications 05/14/2014 DOI: 10.1590/S0100-7203201400050001 Editorial 190 Tonni G, Rolo LC, Araujo Júnior E Rev Bras Ginecol Obstet. 2014; 36(5):189-5 microarray results, a-CGH have enabled the detection of 11.3% of fetuses with pathogenic CNVs, 9% with CNVs of uncertain clinical significance, 2.2% with CNVs establishing carrier status for recessive, X-linked, or susceptibility to late onset dominant disease, and 1.1% CNVs with pseudomosai- cism due to in vitro cultural artifacts. In 13% of cases, a-CGH contributed to important new information and improved the detection of genomic imbalances of pregnancies with structural congenital anomalies11. In a large series of 3,171 fetuses undergoing BAC-a- CGH and oligonucleotide- a-CGH in cases of abnormal ultrasound findings and/or abnormal fetal karyotype, nu- merical chromosome anomalies were detected in 1.2% of fetuses, microdeletion/duplication in 1.1%, large deletion/ duplication and benign CNVs in 0.4%, while variation of unknown clinical significance were identified in 0.2% of fetuses. The a-CGH has proven to be effective in identi- fying submicroscopic genomic imbalance in fetuses with de novo balance translocations (1.8%), supernumerary marker chromosomes (50%), and abnormal prenatal ultrasound findings (17%). In addition, a-CGH detected microdele- tions/duplications in 12 fetuses with normal karyotype. Prenatal a-CGH is effective in screening for submicroscopic genomic imbalance and may add 8.2% to the diagnostic field, compared with conventional karyotyping in fetuses with abnormal ultrasound results12. Healthcare authority may also consider and evaluate the economic impact of prenatal testing. In Italy, the laboratory costs are appro- ximately 283 € for a genetic amniocentesis, 553 € for chorionic villus sampling (CVS) and 1,013 € for a-CGH. Which type of a-CGH platform should be developed? Wide genomic or targeted characterization? Whole-genome a-CGH have been evaluated in fetuses presenting at least one major malformation detected on ul- trasound, but for whom standard genetic analyses (including karyotype) failed to provide a diagnosis. Whole-genome a-CGH have demonstrated to identify a clinically significant chromosomal aberration in 8.2% of tested fetuses and a result of unclear clinical significance in 12.2% of tested fetuses supporting evidence of the value of whole-genome a-CGH as a prenatal diagnostic tool. A potential ideal ap- proach would be to apply a-CGH in high risk pregnancies in conjunction with chromosomal analysis13. Array-CGH has demonstrated to increase the detection rate for likely pathogenic CNVs up to 5%. To avoid inter- pretation problems, these arrays should cover all known pathogenic CNVs and have a low-resolution backbone for the detection of relatively large CNVs thus keeping the detection of CNVs of unclear significance to the mini- mum14. Although the American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) Bulletin Committee advises to perform a-CGH even in cases with no congenital ano- malies seen at ultrasound, critical issues have arisen from Figure 1. Clinical-diagnostic flowchart has been developed for both clini- cians and geneticists. The flowchart is intended to be used on a clinical basis or when counselling the parents-to-be. Note that it can be applied from first trimester onwards CVS Aneuplody Counseling decision making Il level ultrasound echocardiography Abnormal phenotype cardiac defects a-CGH Normal karyotype QS-PCRKaryotype QS-PCR NT<95º percentile NT>99º percentile this guideline. Firstly, a-CGH cannot detect balanced rear- rangements such as Robertsonian translocations, balanced insertions, and inversions. Carriers of Robertsonian trans- locations are at high risk for uniparental disomy (UPD)15. Secondly, a-CGH cannot detect low level mosaicism that may occur in 1–2% of chorionic villus sampling and in 0.2% of amniotic fluid samples16. Furthermore, a-CGH may not be able to detect marker chromosome (0.1% of all prenatal diagnosis cases) even in the non-mosaic state and may not be able to visualize the type of rearrangement in the event where deletion or duplication detected by a-CGH is proven to be de novo after parental testing17. Finally, prenatal a-CGH can detect VOUS in 1.5% of cases, in which the clinical utility of that technique could be disputed. In those cases that finding could be associated with parental anxiety and problematic genetic counseling18. As prenatal diagnosis should be seen as a whole, we believe that the higher analytical and clinical sensitivity of a-CGH technique must be associated with a comprehensive approach that includes better co-operation among genetic labs, genetic counselors, and obstetricians. Figure 1 presents the sequence used to the indication of a-CGH during the clinical obstetric practice. CVS: chorionic villus sampling;NT: nuchal translucency; QF-PCR: quantitative protein chain reaction; a-CGH: array chromosomal genomic hybridization 191 Array comparative genomic hybridization (a-CGH): state of the art and perspective Rev Bras Ginecol Obstet. 2014; 36(5):189-5 1. Le Caignec C, Boceno M, Saugier-Veber P, Jacquemont S, Joubert M, David A, et al. Detection of genomic imbalances by array based comparative genomic hybridization in fetuses with multiple malformations. J Med Genet. 2005;42(2):121-8. 2. Van den Veyver IB, Patel A, Shaw CA, Pursley AN, KangSH, Simovich MJ, et al. Clinical use of array comparative genomic hybridization (aCGH) for prenatal diagnosis in 300 cases. Prenat Diagn. 2009;29(1):29-9. 3. Maya I, Davidov B, Gershovitz L, Zalzstein Y, Taub E, Coppinger J, et al. Diagnostic utility of array-based comparative genomic hybridization (aCGH) in a prenatal setting. Prenat Diagn. 2010;30(12-13):1131-7. 4. Hillman SC, Pretlove S, Coomarasamy A, McMullan DJ, Davison EV, Maher ER, et al. Additional information from array comparative genomic hybridization technology over conventional karyotyping in prenatal diagnosis: a systematic review and meta-analysis. Ultrasound Obstet Gynecol. 2011;37(1):6-14. 5. Srebniak M, Boter M, Oudesluijs G, Joosten M, Govaerts L, Van Opstal D, et al. 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Implementation of high resolution whole genome array CGH in the prenatal clinical setting: advantages, challenges, and review of the literature. Biomed Res Int. 2013;2013:346762. 15. Nowakowska A, de Leeuw N, Ruivenkamp CA, Sikkema-Raddatz B, Crolla JA, Thoelen R, et al. Parental insertional balanced translocations are an important cause of apparently de novo CNVs in patients with developmental anomalies. Eur J Hum Genet. 2012;20(2):166-70. 16. Hahnemann JM, Vejerslev LO. European collaborative research on mosaicism in CVS (EUCROMIC)—fetal and extrafetal cell lineages in 192 gestations with CVS mosaicism involving single autosomal trisomy. Am J Med Genet. 1997;70(2):179-87. 17. Bui TH, Vetro A, Zuffardi O, Shaffer LG. Current controversies in prenatal diagnosis 3: is conventional chromosome analysis necessary in the post-array CGH era? Prenat Diagn. 2011;31(3):235-43. 18. McGillivray G, Rosenfeld JA, McKinlay Gardner RJ, Gillam LH. Genetic counseling and ethical issues with chromosome microarray analysis in prenatal testing. Prenat Diagn. 2012;32(4):389-95. Por que a prevalência de resultados citopatológicos do rastreamento do câncer do colo do útero pode variar significativamente entre duas regiões do Brasil? Why does the prevalence of cytopathological results of cervical cancer screening can vary significantly between two regions of Brazil? miChelle GarCia disCaCCiaTi1 bárbara maria sanTos barboza2 luiz Carlos zeferino3 Resumo OBJETIVO: Analisar a prevalência dos resultados citopatológicos empregados para o rastreamento do câncer do colo do útero em relação à faixa etária da mulher e ao tempo de realização do último exame, no Rio de Janeiro e Maceió, pelo Sistema Único de Saúde. MÉTODOS: Foram analisadas as informações do Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero referentes aos resultados dos exames citopatológicos realizados em 2011, que totalizaram 206.550 para Rio de Janeiro e 45.243 para Maceió. RESULTADOS: No Rio de Janeiro, predominaram exames citopatológicos realizados com intervalo de um e dois anos e, em Maceió, controles com intervalo de um e três anos. As mulheres atendidas no Maceió eram mais velhas do que aquelas do Rio de Janeiro. A prevalência do resultado citopatológico carcinoma escamoso invasor foi semelhante entre os municípios, porém todos os demais resultados apresentaram prevalência superior no Rio de Janeiro: atipias de significado indeterminado em células escamosas (RP=5,32; IC95% 4,66–6,07); atipias de significado indeterminado não podendo excluir lesão de alto grau (RP=4,27; IC95% 3,15–5,78); células glandulares atípicas (RP=10,02; IC95% 5,66–17,76); lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (RP=6,10; IC95% 5,27–7,07); lesão intraepitelial escamosa de alto grau (RP=8,90; IC95% 6,50–12,18) e adenocarcinoma (RP=3,00; IC95% 1,21–7,44). A taxa de amostras insatisfatórias para a análise foi duas vezes maior e de lâminas rejeitadas foi cinco vezes maior em Maceió, quando comparado ao Rio de Janeiro. CONCLUSÕES: As taxas de prevalência de resultados citopatológicos foram significativamente superiores no Rio de Janeiro do que em Maceió, e não há informações objetivas que possam justificar tal diferença. Uma hipótese é que haveria diferença no desempenho diagnóstico do exame citopatológico, o que poderia estar relacionada à qualidade do exame. Assim, tais achados sugerem que seria necessário avaliar este cenário no âmbito nacional, com ênfase no desempenho do exame citopatológico, visando melhorar a efetividade do controle do câncer de colo do útero. Abstract PURPOSE: To analyze the prevalence of cervical cytopathological results for the screening of cervical cancer with regard to women’s age and time since the last examination in Maceió and Rio de Janeiro, Brazil, among those assisted by the Brazilian Unified Health System. METHODS: Cervical cytopathological results available in the Information System of Cervical Cancer Screening for the year 2011 were analyzed, corresponding to 206,550 for Rio de Janeiro and 45,243 for Maceió. RESULTS: In Rio de Janeiro, examination at one and two year intervals predominated, while in Maceió examination at one and three year intervals had a higher predominance. Women who underwent cervical smear screening in Maceió were older than those in Rio de Janeiro. The prevalence of invasive squamous cell carcinoma was similar for the two cities, but all the other results presented a higher prevalence in Rio de Janeiro: ASCUS (PR=5.32; 95%CI 4.66–6.07); ASCH (PR=4.27; 95%CI 3.15–5.78); atypical glandular cells (PR=10.02; 95%CI 5.66–17.76); low-grade squamous intraepithelial lesions (PR=6.10; 95%CI 5.27–7.07); high-grade squamous intraepithelial lesions (PR=8.90; 95%CI 6.50–12.18) and adenocarcinoma (PR=3.00;95%CI 1.21–7.44). The rate of unsatisfactory cervical samples was two times higher in Maceió and that of rejected samples for analysis was five times higher in Maceió when Hospital da Mulher Professor Doutor José Aristodemo Pinotti – Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher – CAISM – Campinas (SP), Brasil. 1Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo – USP – São Paulo (SP), Brasil. 2Instituto de Ciências da Saúde, Biomedicina, Campus Swift, Universidade Paulista – UNIP – Campinas (SP), Brasil. 3Departamento de Obstetrícia e Ginecologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP – Campinas (SP), Brasil. Conflito de interesses: não há. Palavras-chave Câncer de colo do útero Teste de Papanicolaou Programas de rastreamento Prevalência Controle de qualidade Keywords Uterine cervical neoplasms Papanicolaou test Mass screening Prevalence Quality control Correspondência Luiz Carlos Zeferino Rua Alexander Fleming, 101 Cidade Universitária Zeferino Vaz CEP: 13083-970 Campinas (SP), Brasil Recebido 15/01/2014 Aceito com modificações 15/04/2014 DOI: 10.1590/S0100-7203201400050002 Artigo Original 193Rev Bras Ginecol Obstet. 2014; 36(5):192-7 Por que a prevalência de resultados citopatológicos do rastreamento do câncer do colo do útero pode variar significativamente entre duas regiões do Brasil? Introdução O câncer de colo do útero é um importante problema de Saúde Pública. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC)1, o carcinoma cervical é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres, com uma estimativa de 528.000 novos casos ocorridos em 2012. Mais de 85% deles ocorreram em países em desenvolvimento. As taxas de rastreamento do câncer de colo do útero variam muito nestes países, o que influencia a grande variação das taxas de incidência observadas2. No Brasil, foram estimados 17.540 novos casos de câncer de colo do útero para 2012, com um risco estimado de 17 para cada 100.000 mulheres. Tal enfermidade é uma importante causa de óbito nas regiões Norte e Nordeste. Todavia, foi observada variação entre estados da mesma região, como também conflitos de informações3. A redução da mortalidade observada em países desen- volvidos pode ser atribuída ao rastreamento citopatológico organizado, desempenho não observado em regiões menos desenvolvidas4. No Brasil, o câncer de colo do útero con- tinua sendo uma importante causa de mortalidade, apesar de que o Sistema Único de Saúde (SUS) vem realizando mais de 10 milhões de exames citopatológicos por ano para o rastreamento desta doença5. O Brasil é um país extenso com distribuição heterogênea de recursos e indicadores demográficos e de condições de vida que variam muito entre as regiões brasileiras6,7. Entender o cenário brasileiro é necessário para construir ações que qualifiquem o diagnóstico situacional e permitam criar intervenções para aumentar a eficiência do rastreamento. Desse modo, foram selecionadas, casualmente, duas capitais de regiões diferentes para esta análise considerada piloto. Por conseguinte, o objetivo deste trabalho foi analisar as taxas de prevalência dos resultados citopatológicos rea- lizados para o rastreamento do câncer de colo do útero em relação à faixa etária e ao tempo de realização do último exame no Rio de Janeiro (região Sudeste) e em Maceió (região Nordeste). Métodos Tipo de estudo e levantamento das informações estatísticas Este é um estudo do tipo transversal epidemioló- gico que incluiu informações disponíveis no Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO), referentes aos exames citopatológicos realizados para o rastreamento desta doença nos municípios do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) e Maceió (Alagoas), em 20118. O SISCOLO é um sistema informatizado de entrada de dados desenvolvido pelo Departamento de Informática do SUS (DATASUS) em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), instalado nos laboratórios prestado- res de serviço, onde devem ser registrados todos os exames citopatológicos realizados para o SUS5,8. Desta maneira, o sistema pode gerar indicadores para o monitoramento dos exames, dos serviços e do rastreamento no âmbito dos municípios e estados5. Os municípios avaliados foram escolhidos por estarem em duas regiões brasileiras com características socioeco- nômicas diferentes. A seleção do Rio de Janeiro ocorreu devido à história que o município tem no rastreamento do câncer de colo do útero e pela presença do INCA. Já Maceió foi escolhido casualmente, dentre as capitais da região Norte ou Nordeste. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa de população para 2011 foi de 943.110 habitantes para Maceió e 6.355,949 para o Rio de Janeiro6. Em 2009, os valores do produto interno bruto (PIB) per capita foram de R$ 10.962,37 para Maceió e R$ 28.405,95 para o Rio de Janeiro7. Com relação à mortalidade por câncer de colo do útero, em 2010, as taxas padronizadas foram 4,39 óbitos por 100.000 mulheres por ano no Rio de Janeiro e 6,04 óbitos em Maceió9. As variáveis analisadas são aquelas que constam no SISCOLO. O resultado citopatológico seguiu a Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas10. Para cada município, foram analisados os resultados citopatológicos, a faixa etária, o tempo em anos do último preventivo, as amostras insatisfatórias e rejeitadas. De acordo com os critérios do SUS8, devem ser consideradas insatisfatórias aquelas com: esfregaços com material acelular, obscurecidos pela presença de sangue, piócitos, dessecamento e superpopulação celular. Devem também ser consideradas como amostras rejeitadas aque- las com erro de identificação, lâmina danificada e causas alheias ao laboratório. Casuística Segundo o SISCOLO, foram realizados 206.550 exames citopatológicos cervicais no Rio de Janeiro e 45.243 em Maceió, em 2011. Para analisar o intervalo de tempo do último exame preventivo, o SISCOLO disponibilizou dados de 130.296 exames no Rio de Janeiro e 14.575 em Maceió. compared to Rio de Janeiro. CONCLUSIONS: The prevalence rates of altered cervical cytopathological results was significantly higher in Rio de Janeiro than in Maceió. There is no objective information that may justify this difference. One hypothesis is that there may be a difference in the diagnostic performance of the cervical cancer screening, which could be related to the quality of the Pap smear. Thus, these findings suggest that it would be necessary to perform this evaluation at national level, with emphasis on the performance of cervical cancer screening in order to improve the effectiveness of cervical cancer control. 194 Rev Bras Ginecol Obstet. 2014; 36(5):192-7 Discacciati MG, Barboza BM, Zeferino LC Análises estatísticas As taxas de prevalência dos resultados citopatológicos foram calculadas em percentual. A razão de prevalência (RP) com intervalo de confiança de 95% para cada diagnóstico e para o intervalo (anos) desde o último exame citopatológico foi calculada. Para a análise da distribuição das mulheres de acordo com a faixa etária, foi utilizado o teste de ho- mogeneidade. Para comparar a prevalência dos resultados citológicos por grupo etário, foi utilizado o teste do χ2. Resultados A porcentagem de mulheres que realizaram o exame de Papanicolaou e que tinham de 20 a 24 até 40 a 44 anos foi superior no Rio de Janeiro. Por outro lado, o valor daquelas em faixas etárias maiores (de 50 a 54 anos até > 64 anos) foi maior em Maceió, sendo esta uma diferença significativa (p>0,0001). No Rio de Janeiro, 20,8% dos exames foram realizados em mulheres com 50 anos ou mais, enquanto em Maceió este contingente foi de 30,3% (Figura 1). Em relação ao intervalo desde o último exame cito- patológico realizado, no Rio de Janeiro predominaram aqueles com intervalo de um e dois anos e, em Maceió,controles com intervalo de um e três anos. As frequências de mulheres submetidas ao exame há menos de um ano (RP=0,54; IC95% 0,50–0,59), um ano (RP=0,91; IC95% 0,89–0,93) e três anos (RP=0,53; IC95% 0,51–0,54) foram significativamente maiores em Maceió. Por outro lado, as frequências de mulheres cujo último exame cito- patológico havia sido colhido há quatro anos (RP=2,64; IC95% 2,33–2,99) e mais de cinco anos (RP=2,44; IC95% 2,23–2,67) foram superiores no Rio de Janeiro, sendo esta diferença estatisticamente significativa (Tabela 1). Todavia, quase metade dos exames citopatológicos foi realizada com um ano de intervalo para os dois municípios. A prevalência dos diagnósticos citopatológicos alte- rados foi de 6,8% no Rio de Janeiro e 1,17% em Maceió (RP=5,6; IC95% 5,13–6,11). Considerando cada resultado citopatológico, no município do Rio de Janeiro foi maior a prevalência de atipias de significado indeterminado em células escamosas – ASC-US (RP=5,32; IC95% 4,66–6,07); atipias de significado indeterminado não podendo excluir lesão de alto grau – ASC-H (RP=4,27; IC95% 3,15–5,78); células glandulares atípicas (RP=10,02; IC95% 5,66–17,76); lesão intraepitelial escamosa de baixo grau – LIE-BG (RP=6,10; IC95% 5,27–7,07); lesão intraepitelial escamosa de alto grau – LIE-AG (RP=8,90; IC95% 6,50–12,18) e adeno- carcinoma (RP=3,00; IC95% 1,21–7,44). Todos tinham intervalos de confiança significativos. Em relação à preva- lência de carcinoma escamoso invasor, não houve diferença entre os dois municípios (RP=1,33; IC95% 0,63–2,81), como pode ser observado na Tabela 2. Em Maceió, a frequência de amostras insatisfatórias foi duas vezes maior do que aquela observada para o Rio de Janeiro (RP=0,52; IC95% 0,44–0,61) e a de lâ- minas rejeitadas para análise foi aproximadamente cinco Figura 1. Distribuição por faixa etária das mulheres que realizaram o exame citopatológico nos municípios do Rio de Janeiro e Maceió, referente a 2011 12 14 12–14 0,2 0,08 0,6 0,7 7,1 7,5 10,6 9,2 12,5 10,3 13 11 12,6 10,4 12 10 10,5 10,3 8,2 9,5 5,6 7,7 3,7 5,5 3,3 7,6 15–19 20–24 25–29 30–34 35–39 40–44 45–49 50–54 55–59 Idade (anos) Rio de Janeiro Maceió Teste de homogeneidade p=0,0001 Distribuição (%) 60–64 >64<11 10 8 6 4 2 0 195Rev Bras Ginecol Obstet. 2014; 36(5):192-7 Por que a prevalência de resultados citopatológicos do rastreamento do câncer do colo do útero pode variar significativamente entre duas regiões do Brasil? vezes superior (RP=0,20; IC95% 0,17–0,25), diferenças estatisticamente significativas (Tabela 2). A análise da distribuição dos resultados cito- patológicos por grupo etário para Rio de Janeiro e Maceió mostrou que não houve diferenças significa- tivas para ASC-H e carcinoma escamoso invasor, mas houve para ASC-US, LIE-BG, LIE-AG e adenocarci- noma (Tabela 3). Intervalo Rio de Janeiro Maceió Razão de prevalência (IC95%) n % n % No mesmo ano 3.050 2,5 683 4,7 0,54 (0,50–0,59) Um ano 48.521 40,47 6.653 46,0 0,91(0,89–0,93) Dois anos 37.553 31,3 2.626 18,1 1,42 (1,37–1,47) Três anos 14.715 12,2 3.750 25,9 0,53 (0,51–0,54) Quatro anos 5.787 4,8 256 1,7 2,64 (2,33–2,99) ≥ Cinco anos 10.274 8,5 482 3,3 2,44 (2,23–2,67) Total de exames com informação do intervalo 119.900 100 14.450 100 Total de ignorados ou brancos 10.396 125 Total 130.296 14.575 Tabela 1. Intervalo (anos) desde o último exame citopatológico nos municípios de Rio de Janeiro e Maceió, em 20119 Resultado citopatológico Rio de Janeiro Maceió Razão de prevalência (IC95%) n % n % ASC-US 5.726 2,78 229 0,5 5,32 (4,66–6,07) ASC-H 866 0,42 44 0,1 4,27 (3,15–5,78) Células glandulares atípicas 554 0,27 12 0,03 10,02 (5,66–17,76) LIE de baixo grau 5.243 2,55 183 0,4 6,10 (5,27–7,07) LIE de alto grau 1.647 0,80 40 0,09 8,90 (6,50–12,18) Carcinoma escamoso invasor 49 0,02 08 0,02 1,33 (0,63–2,81) Adenocarcinoma 69 0,03 05 0,01 3,00 (1,21–7,44) Outras neoplasias 13 0,01 – – Indefinida Exames alterados 14.167 6,8 521 1,1 5,6 (5,13–6,11) Exames negativos 191.668 93,1 44.306 98,8 0,27 (0,25–0,29) Total de exames com resultado 205.835 100 44.827 100 Exames insatisfatórios 531 0,2 223 0,4 0,52 (0,44–0,61) Exames rejeitados 184 0,09 193 0,4 0,20 (0,17–0,25) Total 206.550 45.243 Tabela 2. Prevalência (%) para cada resultado citopatológico nos municípios de Rio de Janeiro e Maceió, 20119 ASC-US: atipias de significado indeterminado em células escamosas; ASC-H: atipias de significado indeterminado não podendo excluir lesão de alto grau; LIE: lesão intraepitelial escamosa Grupo etário ASC-US ASC-H LIE-BG LIE-AG Carcinoma invasor Adenocarcinoma Rio de Janeiro Maceió Rio de Janeiro Maceió Rio de Janeiro Maceió Rio de Janeiro Maceió Rio de Janeiro Maceió Rio de Janeiro Maceió n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) ≤19 655 (3,8) 13 (0,4) 36 (0,2) 1 (0,03) 1.348 (7,8) 27 (0,7) 76 (0,4) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 20–29 1.354 (3,3) 39 (0,37) 225 (0,5) 5 (0,04) 1.845 (1,5) 56 (0,5) 471 (1,2) 5 (0,04) 2 (0,02) 0 (0) 1 (0,002) 0 (0) 30–39 1.296 (3,0) 69 (0,6) 194(0,4) 16 (0,1) 1.018 (2,3) 60 (0,5) 470 (1,1) 12 (0,1) 8 (0,01) 3 (0,02) 7 (0,01) 1 (0,008) 40–49 1.213 (2,9) 63 (0,6) 175 (0,4) 10 (0,1) 666 (1,6) 28 (0,3) 284 (0,7) 14 (0,1) 6 (0,01) 1 (0,001) 11 (0,03) 4 (0,04) 50–59 760 (0,21) 27 (0,4) 128 (0,4) 7 (0,1) 254 (0,7) 10 (0,01) 155 (0,4) 5 (0,08) 14 (0,04) 0 (0) 10 (0,02) 0 (0) ≥60 448 (1,7) 18 (0,6) 108 (0,4) 5 (0,2) 112 (0,4) 2 (0,06) 104 (0,4) 4 (0,01) 19 (0,07) 4 (0,01) 40 (0,15) 0 (0) Total 5.726 (2,8) 229 (0,5) 866 (0,4) 44 (0,1) 5.243 (2,5) 183 (0,4) 1.560 (0,8) 40 (0,1) 49 (0,02) 8 (0,01) 69 (0,03) 5 (0,01) Valor p** 0,0006 0,1444 0,00005 0,025 0,24 0,009 *O cálculo das taxas de prevalência foi realizado tendo como numerador o total de exames com cada resultado citopatológico e denominador o total de mulheres que realizaram exame citopatológico, para cada grupo etário; **teste do χ2 ASC-US: atipias de significado indeterminado em células escamosas; ASC-H: atipias de significado indeterminado não podendo excluir lesão de alto grau; LIE-BG: lesão intraepitelial escamosa de baixo grau; LIE-AG: lesão intraepitelial escamosa de alto grau Tabela 3. Distribuição dos casos (n) e prevalência* (%) de resultados citopatológicos por grupo etário para Rio de Janeiro e Maceió 196 Rev Bras Ginecol Obstet. 2014; 36(5):192-7 Discacciati MG, Barboza BM, Zeferino LC Discussão A cidade do Rio de Janeiro tem forte história no rastreamento do câncer de colo do útero. O primeiro fator para isso foi a existência do Centro Luiza Gomes de Lemos, que atuou fortemente no rastreamento citopato- lógico do câncer de colo do útero nas décadas de 1960 a 1990. O segundo foi que o Ministério da Saúde manteve em tal local um laboratório de citopatologia de grande porte, agregado ao Programa Integrado de Tecnologia em Citopatologia (PITEC), de 1982 a 199811. Atualmente, o INCA mantém o Serviço Integrado Tecnológico em Citologia (SITEC)11. No entanto, consi- derando o total de exames coletados, a situação no Rio de Janeiro e em Maceió é muito semelhante. De acordo com dados do SISCOLO, para 2011, a razão de exames citopatológicos realizados em mulheres do grupo etário de 25 a 59 anos foi 0,08 (8%) para Rio de Janeiro e Maceió12. Portanto, toda a discussão dos resultados foi feita admitindo-se que a cobertura do rastreamento para ambos os municípios fosse semelhante. Este estudo mostrou que, em 2011, a prevalência dos resultados citopatológicos alterados foi cinco vezes maior no Rio de Janeiro em comparação ao Maceió. Apenas a prevalência de carcinoma escamoso invasor não mostrou diferença significante. Na tentativa de encontrar justifica- tivas para as distinções observadas nas taxas de prevalência, foram analisados a faixa etária e o intervalo desde o último controle. A história prévia de rastreamento citopatológico, avaliada pelo intervalo desde o último exame, mostrou que no Rio de Janeiro predominaram controles realizados com intervalo deum e dois anos e em Maceió, controles com intervalo de um e três anos (Tabela 1). Essas diferenças não explicariam aquelas significativas observadas nas prevalências dos resultados citopatológicos. As mulheres incluídas em Maceió eram mais velhas do que aquelas do Rio de Janeiro e, portanto, seria esperado que as prevalências de LIE-AG, carcinoma escamoso e adenocarcinoma fossem mais elevadas em Maceió, o que não foi observado. A análise da distribuição dos resultados citopatológicos, de acordo com o grupo etário, também mostrou diferenças significativas (Tabela 3). No Rio de Janeiro, a prevalência de LIE-BG foi de 7,8% para as mulheres com até 19 anos, enquanto que, para Maceió, esta foi de 0,7%. A superioridade da LIE-BG espelha a prevalência de aquisição da infecção por HPV, que naturalmente é mais elevada em mulheres jovens, reduzindo-se progressivamente com a idade, enquanto que a de LIE-AG (especialmente NIC 3) aumenta com a idade13. Este padrão não foi observado para as mulheres de Maceió. Tal resultado citopatológico de LIE-AG foi cerca de oito vezes mais elevado para Rio de Janeiro. Admitindo também semelhança na qualidade dos exames citopatológicos entre os dois municípios, tais diferenças observadas poderiam ser parcialmente explica- das caso a população de mulheres de Maceió apresentasse significativamente menor risco para neoplasia do colo do útero. Os dados disponíveis não nos permitem apoiar tal hipótese, mas é possível inferir que sua veracidade seria bem remota, com base na análise dos dados de prevalência de carcinoma invasor e das taxas de incidência e morta- lidade por câncer de colo do útero nos dois municípios. As taxas dos resultados citopatológicos de carcinoma escamoso invasor para Rio de Janeiro e Maceió, observadas neste estudo, foram semelhantes. A estimativa da taxa bruta de incidência do câncer de colo do útero em Maceió, em 2012, foi de 19,3 casos por 100.000 mulheres, enquanto que no Rio de Janeiro foi de 21,4 por 100.000, ou seja, as significativas diferenças observadas na prevalência dos resultados citopatológicos das alterações precursoras não correspondem à diferença observada nas taxas de incidência do câncer invasor. A taxa ajustada pela população mundial da mortalidade por câncer de colo do útero, em 2011, foi maior em Maceió (6,1 mortes por 100.000 mulheres) do que no Rio de Janeiro (5,5 mortes/100.000 mulheres)9. Em conclusão, esses dados sugerem que as populações femininas do Rio de Janeiro e Maceió não apresentam risco significativamente diferente para câncer de colo do útero. Portanto, se entre os municípios a cobertura do exame citopatológico é semelhante, se não há evidências de que o risco para câncer de colo do útero seja menor em Maceió, então o que poderia explicar expressivas diferenças na prevalência das lesões? É necessário fazer algumas considerações sobre a qua- lidade dos exames citopatológicos. Estudos já mostraram que a sensibilidade do teste pode variar de 11 a 99% e a especificidade de 14 a 100%14-16. Já a quantidade de resul- tados falso-negativos pode variar de 1 a 62%17-19, sendo que suas causas estão relacionadas a erros na coleta da amostra, durante o escrutínio dos esfregaços cervicovaginais e na interpretação dos diagnósticos18,19. A grande variabilidade do desempenho diagnóstico do exame citopatológico é sua grande fragilidade. Portanto, é possível que o exame citopatológico em Maceió tenha menor qualidade, com menor sensibilidade e mais resultados falso-negativos, o que comprometeria a detecção das lesões precursoras. Um indicativo de que a qualidade do exame citopato- lógico no município do Rio de Janeiro é melhor do que no Maceió é a análise do número de amostras insatisfatórias, cujo percentual é um indicador de qualidade de coleta e do preparo dos esfregaços cervicais18,20. Neste estudo, foi observado que a frequência de amostras insatisfatórias foi duas vezes maior na cidade de Maceió em relação ao Rio de Janeiro, e a de lâminas rejeitadas para análise foi cinco vezes superior no Maceió. A comprovação da diferença na qualidade poderia ser feita pelo monitoramento externo de qualidade, o que está previsto mas não é realizado amplamente. 197Rev Bras Ginecol Obstet. 2014; 36(5):192-7 Por que a prevalência de resultados citopatológicos do rastreamento do câncer do colo do útero pode variar significativamente entre duas regiões do Brasil? A periodicidade recomendada para o exame de rastre- amento no Brasil, com base na Organização Mundial de Saúde (OMS), é de três anos após dois resultados negativos com intervalo anual10. Este estudo mostrou que, tanto em Maceió como no Rio de Janeiro, as mulheres têm exames citopatológicos coletados com intervalo menor do que o recomendado, o que torna irrelevante algumas diferenças estatísticas observadas entre os dados dos dois municípios. Do ponto de vista da prática do rastreamento, para 40% das mulheres do Rio de Janeiro e 46% de Maceió, o úl- timo exame havia sido colhido com intervalo de um ano e, respectivamente, 74,3 e 68,3% com intervalo de dois anos ou menos. Para que o rastreamento seja organizado, é preciso criar estratégias para maior adesão ao protocolo recomendado e promoção do acesso das mulheres que nunca realizaram o exame. Portanto, a prevalência de resultados citopatológicos alterados é significativamente maior no Rio de Janeiro do que em Maceió e não há informações objetivas que possam justificar tal diferença. Uma hipótese é que haveria distinção no desempenho diagnóstico do exame citopatológico, o que poderia estar relacionada com a qualidade do exame. Assim, tais achados sugerem que seria necessário avaliar este cenário no âmbito nacional, com ênfase no desempenho do exame citopatológico, visando melhorar a efetividade do controle do câncer de colo do útero. Apesar deste estudo se restringir à análise de apenas dois estados, fica colocada a questão de como seria este estudo em todos os estados brasileiros. 1. International Agency for Research on Cancer. World Health Organization [Internet]. GLOBOCAN 2012: estimated cancer incidence, and mortality and prevalence worldwide in 2012: cancer fact sheets. Lyon: IARC; 2013 [cited 2014 Apr 22]. Available from: http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_cancer.aspx 2. Akinyemiju TF. Socio-economic and health access determinants of breast and cervical cancer screening in low-income countries: analysis of the world health survey. PLoS One. 2012;7(11):e48834. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Prevenção e Vigilância [Internet]. Estimativa 2012: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2011 [citado 2013 Ago 12]. Disponível em: http://portal.saude.sp.gov.br/ resources/ses/perfil/gestor/homepage/estimativas-de-incidencia- de-cancer-2012/estimativas_incidencia_cancer_2012.pdf 4. Mathew A, George PS. Trends in incidence and mortality rates of squamous cell carcinoma and adenocarcinoma of cervix--worldwide. Asian Pac J Cancer Prev. 2009;10(4):645-50. 5. Brasil. Ministério da Saúde. DATASUS [Internet]. Sistemas e aplicativos [citado 2013 Set 20]. 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