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SISTEMA DE ENSINO DIREITO ELEITORAL Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura Livro Eletrônico 2 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Apresentação . ............................................................................................................................4 Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura . ..........................................................................6 1. Aspectos Gerais . ....................................................................................................................6 1.1. Natureza Jurídica .................................................................................................................6 1.2. Quantitativo de Requerimentos de Registro . ..................................................................7 1.3. Competência . ......................................................................................................................8 1.4. Espécies de Requerimento – RRC, RRCI e DRAP . ............................................................9 1.5. Legitimidade . .................................................................................................................... 10 1.6. Prazo . ................................................................................................................................ 10 1.7. Intimação e Contagem do Prazo ..................................................................................... 10 2. Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários – DRAP . ...................................... 12 2.1. Cotas de Gênero . .............................................................................................................. 15 3. Registro de Candidaturas Individuais – RRC e RRCI . ........................................................ 19 3.1. Denominação dos Candidatos . ....................................................................................... 20 3.2. Documentos Necessários . ..............................................................................................23 3.3. Rito . ..................................................................................................................................25 4. Ação de Impugnação do Pedido de Registro de Candidatura – AIRC . .......................... 28 4.1. Natureza Jurídica . ........................................................................................................... 28 4.2. Objeto . ............................................................................................................................. 28 4.3. Prazo . .............................................................................................................................. 28 4.4. Legitimidade Ativa . ..........................................................................................................29 4.5. Legitimidade Passiva . ..................................................................................................... 31 4.6. Rito ....................................................................................................................................32 *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 C U R SO S PA R A CO N C U R SO S divisão de custos ClIqUe PaRa InTeRaGiR Facebook Gmail Whatsapp https://bit.ly/2YPHtuM https://bit.ly/2Bn5D7P mailto:materialconcursosone@gmail.com?subject=Oi.%20Desejo%20informa%C3%A7%C3%B5es%20sobre 3 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL 4.7. Causa de Pedir . .................................................................................................................34 5. Efeitos da Decisão de Indeferimento – Art. 16-A da Lei n. 9.504/1997 .......................39 6. Substituição de Candidatos .............................................................................................. 40 Resumo .....................................................................................................................................44 Questões de Concurso . ...........................................................................................................53 Gabarito ....................................................................................................................................70 Gabarito Comentado .................................................................................................................71 Referências ............................................................................................................................ 106 *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 4 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL ApresentAção Querido(a) aluno(a), tudo bem? Vamos continuar o estudo da Lei n. 9.504/1997, mais conhecida como Lei das Eleições, que estabelece as normas gerais para a realização das eleições no país. Esse texto legal cuida especificamente dos seguintes temas: • disposições gerais sobre a realização das eleições; • convenções partidárias; • coligações; • registro de candidatura; • arrecadação de recursos para campanhas eleitorais; • prestação de contas nas campanhas eleitorais; • pesquisas eleitorais; • propaganda eleitoral; • propaganda intrapartidária; • sistema eletrônico de votação; • condutas vedadas a agentes públicos. Na aula de hoje, estudaremos um dos temas centrais do processo eleitoral: o registro de candidatura. Saliento que nosso estudo se encontra atualizado com as resoluções para as eleições de 2020 do TSE, as quais, adianto, serão permanentes e não mais confeccionadas para cada pleito, e com as recentíssimas alterações legislativas promovidas pelas Leis n. 23.831/2019, n. 13.877/2019 e n. 13.878/2019. Além da legislação de vigência, trarei à colação, como sói acontecer, diversos julgados, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), a fim de deixá-lo(a) preparado(a) para enfrentar qualquer questão acerca da matéria. Nesta aula, em razão da menor incidência dessa parte da matéria em questões de concur- sos, haverá menos questões na parte final. Na verdade, preparei um mix de quarenta questões, devidamente comentadas sobre os diversos assuntos que em seguida abordarei, as quais *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 5 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL são suficientes para que você compreenda a forma da cobrança desses temas pelas bancas examinadoras. Está preparado(a)? Sem demoras, vamos lá! *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 6 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL LEI N. 9.504/1997: REGISTRO DA CANDIDATURA 1. Aspectos GerAis Encerrada a fase de escolha dos pretensos candidatos em convenção partidária, a fase seguinte do microprocesso eleitoral é o registro de candidatura. 1.1. nAturezA JurídicA Há certa controvérsia na doutrina sobre a natureza jurídica do processo de registro de candidatura. Para Adriano Soares da Costa (2009, p. 278), não passa de um típico procedi- mento administrativo. Já para Jorge, Liberato e Rodrigues (2017, p. 473), a sua natureza é jurisdicional. Seguindo parte da doutrina, encabeçada por Marcos Ramayana (2010, p. 331) e Rodrigo Lopes Zílio (2012, p. 254), entendemosque o requerimento de registro não possui natureza contenciosa, porquanto inexiste conflito de interesses a ser solvido, embora possa vir a ser, se houver impugnação ao pedido. Nesse sentido, colhe-se da jurisprudência do STF, esclare- cedora passagem da lavra no ministro Marco Aurélio: O pleito de registro de candidatura é vinculado à área administrativa. Forma-se processo de natureza administrativa, somente surgindo contencioso jurisdicional na hipótese de impugnação. (QO/AO n. 510, rel. Min. Marco Aurélio, DJ de 28.5.1999). No mesmo julgado, o ministro Sepúlveda Pertence consignou que se trata da verificação, de ofício, do preenchimento das condições de elegibilidade e a da ausência de inelegibilida- des. Se há impugnação, aí sim, surge incidentemente uma ação, um processo contencioso a respeito de ser ou não devido o registro em si mesmo, um ato administrativo, que não difere essencialmente, por exemplo, da inscrição de um candidato em um concurso público. Nessa compreensão de que o processo de registro de candidatura possui, inicialmente, natureza administrativa, o TSE admite seu requerimento sem a constituição de um advogado. Confira: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 7 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL A petição da ação de impugnação de registro de candidatura não precisa ser subscrita por advogado, o que se exige apenas na fase recursal. Precedentes. (REspe n. 33378/BA, rel. Min. Marcelo Ribeiro, PSESS DE 4.12.2008). Também em razão de sua natureza inclinada à seara administrativa, é admitido que o jul- gador conheça, de ofício, das causas impeditivas para o deferimento do pedido. Nesse caso, antes de qualquer decisão, é necessária a intimação do candidato para sanar o vício, em obe- diência ao art. 10 do CPC, que obsta a decisão surpresa no processo. Confira o dispositivo: Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. 1.2. QuAntitAtivo de reQuerimentos de reGistro Como regra geral, cada partido poderá requerer registros de candidatura para os cargos em que a eleição ocorre pelo sistema proporcional – vereador, deputado estadual, deputado distrital, deputado federal – no total de até 150% do número de lugares a preencher, nos ter- mos do art. 10 da Lei das Eleições. Lembre-se de que não existe mais coligação no sistema proporcional, conforme as alterações promovidas pela Emenda Constitucional n. 97/2017, conforme se vê a seguir: Constituição Federal. Art. 17, § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. (Reda- ção dada pela Emenda Constitucional n. 97, de 2017) Nos estados em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder a 12, cada partido poderá registrar candidatos a deputado federal e a deputado estadual ou Distrital o total de 200% do número de lugares a preencher. Observe que a regra, que permite o acréscimo, se aplica exclusivamente aos cargos proporcionais das eleições estaduais/federais. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 8 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL No cálculo do número de candidatos que podem ser apresentados por partido político, será sempre desprezada a fração, se inferior a 0,5, e igualada a um, se igual ou superior, con- soante estabelece a Lei o art. 10, § 4º, da Lei n. 9.504/1997. Para os cargos em que a eleição ocorre pelo sistema majoritário, o partido ou coligação somente poderá lançar uma chapa, com titular e vice, para os cargos de prefeito, governador e presidente da República. No caso de senador, a chapa única deverá possuir um titular e dois suplentes. Os requerimentos de registro de candidatura em quantidade maior do que a permitida em lei implica o indeferimento do DRAP do partido ou coligação, caso, devidamente intimado, o in- teressado não promova a adequação, nos termos do art. 17, § 6º, da Res.-TSE 23.609/2019, que cuida do registro de candidatos para eleições. 1.3. competênciA Para a disputa dos cargos de prefeito e vereador – eleições municipais –, o requerimento deve ser endereçado ao juiz eleitoral. Para a disputa dos cargos de deputado estadual, deputado distrital, deputado federal, se- nador, governador e vice-governador – eleições estaduais/federais, o pedido deve ser feito ao tribunal regional eleitoral do estado. Já nas eleições para presidente e vice-presidente da República – eleições presidenciais, – o pedido deve ser realizado perante o TSE. Aliás, a competência para analisar o pedido de registro é a mesma para processar e julgar a ação de impugnação ao registro de candidatura, conforme se vê no art. 2º, parágrafo único, da Lei Complementar n. 64/1990: Art. 2º Compete à Justiça Eleitoral conhecer e decidir as arguições de inelegibilidade. Parágrafo único. A arguição de inelegibilidade será feita perante: I – o Tribunal Superior Eleitoral, quando se tratar de candidato a presidente ou vice-presidente da República; II – os tribunais regionais eleitorais, quando se tratar de candidato a senador, governador e vi- ce-governador de estado e do Distrito Federal, deputado federal, deputado estadual e deputado distrital; III – os juízes eleitorais, quando se tratar de candidato a prefeito, vice-prefeito e vereador. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 9 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL 1.4. espécies de reQuerimento – rrc, rrci e drAp Os pedidos de registro de candidatura dos escolhidos em convenção partidária devem ser realizados pelos partidos ou coligações, por meio do formulário denominado Requerimento de Registro de Candidatura (RRC), no órgão competente da Justiça Eleitoral. Havendo coli- gação, somente esta pode realizar o pedido dos candidatos escolhidos para concorrer aos cargos majoritários. Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de candidato escolhido em convenção, o próprio candidato poderá fazê-lo, por meio do formulário Requerimento de Re- gistro de Candidatura Individual (RRCI), observado o prazo de 48 horas da publicação da lista de candidatos pela Justiça Eleitoral, conforme estabelece o art. 11, § 4º, da Lei das Eleições. Assim, cabe aos candidatos fiscalizarem os partidos no cumprimento do prazo para requerer os registros de candidatura, a fim de, havendo omissão da agremiação partidária, exercerem essa obrigação legal. Nesse sentido, confira: Na linha da jurisprudência desta Corte, cabe ao candidato fiscalizar seu partido político ou coligação sobre o cumprimento do prazo para o pedido de registro de candidatura de que trata o art. 21 da Res.-TSE n. 23.373/2011, a fim de se prevenir sobre o cumpri- mento do prazo subsequente, em que a iniciativa para o pedido de registro cabe indi- vidualmente ao candidato, nos termos do art. 23 da Res.-TSE n. 23.373/2011. (REspe n. 98-12/GO, rel. Min. Laurita Vaz, PSESS de 18.12.2012).Além dos pedidos de registro de candidatos, a Justiça Eleitoral aprecia também a regu- laridade dos registros dos partidos e das coligações, estas agora permitidas apenas para as eleições majoritárias. Essa análise e realizada com base no Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários, mais conhecido como DRAP, cuja análise recai sobre requisitos afetos à agremiação e às coligações, tais como, os quantitativos mínimos da cota de gênero, a regula- ridade da convenção, a constituição de diretório na circunscrição do pleito, a regular formação da coligação, entre outros. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 10 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL 1.5. LeGitimidAde Nos termos do art. 21 da Res.-TSE n. 23.609/2019, que cuida do registro de candidatos em eleições, o pedido de registro será subscrito: No caso de partido isolado, alternativamente: • pelo presidente do órgão de direção nacional, estadual ou municipal; • por delegado registrado no Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP). Na hipótese de coligação, alternativamente: • pelos presidentes dos partidos políticos coligados; • por seus delegados; • pela maioria dos membros dos respectivos órgãos executivos de direção; • por representante da coligação designados na forma dos incisos VI do art. 7º (Lei n. 9.504/1997, art. 6º, § 3º, II). 1.6. prAzo Os pedidos de registro de candidatura podem ser realizados logo após a ocorrência da convenção partidária e tem como termo final às 19 horas do dia 15 de agosto do ano elei- toral. Caso o partido seja omisso no requerimento dos registros dos candidatos escolhidos em convenção, estes podem apresentá-lo no prazo de 48 contados da publicação da lista de candidatos. Ultrapassados esses prazos, o pedido de registro deve ser negado pela Justiça Eleitoral. 1.7. intimAção e contAGem do prAzo No período de 15 de agosto a 19 de dezembro do ano em que se realizarem as eleições, as intimações das decisões monocráticas nos processos de registro de candidatura dirigidas a partidos, coligações e candidatos serão realizadas pelo mural eletrônico, fixando-se o termo inicial do prazo na data de publicação, consoante estabelece o art. 38 e seguintes da Res.-T- SE n. 23.609/2019, que trata do registro de candidatura nas eleições. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 11 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Na impossibilidade técnica de utilização do mural eletrônico, oportunamente certificada, as intimações serão realizadas sucessivamente, por mensagem instantânea, por e-mail e por correspondência, somente se passando a utilizar a modalidade subsequente em caso de frustrada a intimação realizada sob a forma anterior. Reputam-se válidas as intimações realizadas quando: • realizadas pelo mural eletrônico, pela disponibilização; • realizadas pelos demais meios eletrônicos, pela confirmação de entrega ao destinatá- rio da mensagem ou e-mail, no número de telefone ou endereço informado pelo parti- do, coligação ou candidato, dispensada a confirmação de leitura; • realizadas por correio, pela assinatura do aviso de recebimento de pessoa que se apre- sente como apta a receber correspondência no endereço informado pelo partido, coli- gação ou candidato. Nesse período, a intimação pessoal do Ministério Público Eleitoral será feita exclusiva- mente por intermédio de expediente no Processo Judicial Eletrônico (PJe), o qual marcará a abertura automática e imediata do prazo processual. De modo diverso, nesse período, as decisões colegiadas – acórdãos – serão publicadas em sessão de julgamento, passando a correr, a partir dessa data, os prazos recursais para as partes e para o Ministério Público, conforme determina o art. 38, § 8º, da Res.-TSE n. 23.609/2019. Nesse período, os prazos nos processos de registro são contínuos e peremptórios, cor- rendo em cartório ou secretaria, e não se suspendem aos sábados, domingos e feriados. Nes- se sentido: 1. É intempestivo o agravo regimental interposto após o prazo de três dias contados da publicação em sessão da decisão monocrática proferida em processo de registro de candidatura. 2. Na linha da jurisprudência desta Corte Superior, os prazos relativos aos processos de registro de candidatura são contínuos e peremptórios, não se suspendendo aos sába- dos, domingos e feriados, conforme a disciplina do art. 16 da Lei Complementar n. 64/90. (AgR-REspe n. 682-30/RJ, rel. Min. Henrique Neves, PSESS de 18.9.2014). *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 12 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Nesse passo, se uma decisão de indeferimento de registro de candidatura for publicada em mural eletrônico numa sexta-feira, o prazo de três dias para interposição do recurso espe- cial expirará na segunda-feira, exceto se nesse dia o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. A publicação dos atos judiciais fora desse período de 15 de agosto a 19 de dezembro será realizada no DJE e a contagem do prazo voltará a observar a sistemática comum adotada na Justiça Eleitoral. Ressalto, nesse ponto, que a Justiça Eleitoral não adota a contagem de prazo em dias úteis, prevista no art. 219 do CPC. No art. 7º da Res.-TSE n. 23.478/2016, que cuida da aplicação do novo CPC ao processo eleitoral, o TSE optou pela não aplicação da novidade legislativa, nos seguintes termos: Art. 7º O disposto no art. 219 do Novo Código de Processo Civil não se aplica aos feitos eleitorais. Segundo o entendimento do TSE o acolhimento da nova sistemática de contagem de pra- zos processuais violaria princípios basilares do Direito Eleitoral, principalmente o princípio da celeridade. Confira: 1. Em razão da incompatibilidade entre a previsão contida no art. 219 do CPC/2015 e o princípio da celeridade, inerente aos feitos que tramitam na Justiça Eleitoral, a juris- prudência desta Corte Superior entende ser inaplicável a contagem dos prazos em dias úteis ao processo eleitoral. (REspe n. 8427/AM, rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 5.5.2017). Apresentados esses aspectos gerais, vamos dividir nosso estudo em duas partes: • requerimento de registro de candidatura de partidos e coligações (DRAP) e; • requerimento de registro de candidatura de candidatos (RRC e RRCI). 2. demonstrAtivo de reGuLAridAde de Atos pArtidários – drAp O Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários pode ser compreendido como o processo principal ao qual estão vinculados os requerimentos de registros dos candidatos do partido ou coligação. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 13 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Segundo José Jairo Gomes (2017, p. 354), nos autos do DRAP, a Justiça Eleitoral averigua a regularidade dos partidos e dos atos praticados com vistas ao pleito. Nesse passo, nos ter- mos do art. 23 da Res.-TSE n. 23.609/2019, o formulário deve conter: I – cargo pleiteado; II – nome e sigla do partido político; III – quando se tratar de pedido de coligação majoritária, o nome da coligação, siglas dos partidos políticos que a compõem, nome, CPF e número do título eleitoral de seu representante e de seus delegados (Lei n. 9.504/1997, art. 6º, § 3º, inciso IV); IV – datas das convenções; V – telefone móvelque disponha de aplicativo de mensagens instantâneas para citações, intima- ções, notificações e comunicações da Justiça Eleitoral; VI – endereço eletrônico para recebimento de citações, intimações, notificações e comunicações da Justiça Eleitoral; VII – endereço completo para recebimento de citações, intimações, notificações e comunicações da Justiça Eleitoral; VIII – endereço do comitê central de campanha; IX – telefone fixo; X – lista do nome e número dos candidatos; XI – declaração de ciência do partido ou coligação de que lhe incumbe acessar o mural eletrônico e os meios informados nos incisos V, VI e VII para verificar o recebimento de citações, intimações, notificações e comunicações da Justiça Eleitoral, responsabilizando-se, ainda, por manter atuali- zadas as informações relativas àqueles meios; XII – endereço eletrônico do sítio do partido político ou da coligação, ou de blogues, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e aplicações de internet assemelhadas, caso já existentes. O indeferimento do DRAP, com trânsito em julgado, implica, necessariamente, o indeferi- mento dos registros individuais, ainda que estes não padeçam de qualquer vício e estejam deferidos pela Justiça Eleitoral (TSE, REspe n. 93-61/PI, PSESS de 18/10/2016). O contrário, porém, não é verdadeiro, o indeferimento de um ou alguns registros singulares em nada vin- cula a decisão no DRAP. O DRAP e os requerimentos de registro dos candidatos a ele afetos devem ser distribuídos a um mesmo relator, a fim de evitar decisões conflitantes. Muito embora haja essa estreita vinculação entre eles, as causas impeditivas do DRAP não podem ser discutidas nos registros individuais dos candidatos e vice-versa (TSE, REspe n. 34426/SE, DJe de 29/10/2015). Não obstante, admite-se que candidatos se habilitem no DRAP como assistentes simples, em ra- zão do evidente interesse jurídico no deferimento do processo principal. Confira: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 14 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL É plausível o pedido de habilitação de assistência apresentado por candidato no recurso em que se questiona o indeferimento do DRAP de seu partido, ante o que dispõe o art. 119 do CPC/2015 e o manifesto interesse jurídico decorrente do risco de provimento juris- dicional que repercuta negativamente em sua esfera de direitos. (REspe n. 0600197-83/ AP, rel. Min. Og Fernandes, PSESS de 29.11.2018). Nada impede que a análise dos requerimentos individuais prossiga no caso de decisão de indeferimento do DRAP com recurso pendente de julgamento, porquanto essa decisão de- negatória pode ser revertida nas instâncias superiores. No entanto, nos registros individuais registrados no sistema da Justiça Eleitoral deve constar a situação “indeferido com recurso”, para refletir, com exatidão, a decisão denegatória do DRAP. Na análise do DRAP existem diversos requisitos a serem observados pelo partido ou coli- gação para o deferimento do pedido. Observa-se, com base na jurisprudência do TSE, que um dos principais entraves para o deferimento desses pedidos é a comprovação da regular formação da Coligação. Nesse caso, a vontade inequívoca dos convencionais de aderir a uma coligação deve constar na ata la- vrada na convenção da agremiação. Nada obstante, eventual fraude na convenção de um ou mais partidos não inviabiliza por completo a coligação, quando ainda restar íntegra a vontade de outros partidos de a ela aderirem. A solução dada pela Justiça Eleitoral é o deferimento do DRAP da coligação, expurgando de sua formação os partidos fraudadores. Confira: A eventual ocorrência de fraude na convenção de um ou mais partidos integrantes de coligação não acarreta, necessariamente, o indeferimento do registro da coligação, mas a exclusão dos partidos cujas convenções tenham sido consideradas inválidas. Excluídos da coligação os partidos em relação aos quais foram constatadas irregulari- dades nas atas das convenções, defere-se o registro da coligação e, por consequência, dos candidatos por ela escolhidos. (REspe n. 108-15/PA, rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 16.5.2017). Até recentemente o TSE considerava, com base no art. 42, caput, da Res.-TSE n. 23.571/2018, que a não prestação de contas implicava a suspensão da anotação do órgão *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 15 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL partidário na circunscrição do pleito, inviabilizando, por conseguinte, sua participação nas eleições, via indeferimento do DRAP. Contudo, na ADI n. 6032, o relator, Ministro Gilmar Men- des, concedeu liminar, para: Conferir interpretação conforme a Constituição às normas questionadas, afastando qualquer interpretação que permita que a sanção de suspensão do registro ou anota- ção do órgão partidário regional ou municipal seja aplicada de forma automática, como consequência da decisão que julga as contas não prestadas. Pela decisão, essa pena- lidade “somente pode ser aplicada após decisão, com trânsito em julgado, decorrente de procedimento específico de suspensão de registro, nos termos do artigo 28 da Lei 9.096/1995”. (ADI n. 6032, rel. Min. Gilmar Mendes, j. 5.12.2019). Há ainda outro requisito legal de extrema importância que deve ser observado por parti- dos e coligações no DRAP. Trata-se da necessidade de cumprimento do disposto no art. 10, § 3º, da Lei das Eleições, relativo à cota de gênero. A questão relativa ao atendimento aos percentuais mínimos exigidos para as candida- turas de cada sexo na eleição proporcional, previstos no art. 10, § 3º, da Lei n. 9.504/97 consubstancia matéria a ser discutida nos autos do Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários (DRAP). (AI n. 218-38/RS, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 22.10.2013). 2.1. cotAs de Gênero O art. 10, § 3º, da Lei n. 9.504/1997, exige que partidos, no lançamento de suas candida- turas para cargos proporcionais, observem a seguinte regra: Art. 10, § 3º Do número de vagas resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou co- ligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. (Redação dada pela Lei n. 12.034, de 2009) Em razão das modificações promovidas pela Emenda Constitucional n. 97/2017, não se admite a formação de coligações para as eleições proporcionais. Assim, as disposições *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 16 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL constantes no art. 10 da Lei n. 9.504/1997, ao disporem sobre o número de candidatos para os cargos proporcionai, foram parcialmente revogadas na parte em que trata das coligações. O estabelecimento de percentuais mínimos de participação, embora não faça menção ao gênero, a toda evidência visa aumentar a participação das mulheres no cenário político do país, que, há muito tempo, é dominado pelos homens. Da leitura do texto legal, sublinha-se que a expressão “sexo” é atualmente compreendi- da pela doutrina e jurisprudência como “gênero”, cuja acepção é muito mais ampla do que a dicotomia homem e mulher. Nesse sentido, a Res.-TSE n. 23.609/2019, que cuida de registro de candidatura para as eleições, já utiliza essa expressão ao dispor sobre a matéria no seu art. 17, § 2º. Nessa acepção mais moderna e condizente com a realidade, a mencionada resolução es- tabelece no art. 17, § 5º, que será considerado, para fins de cálculo dos percentuais mínimo e máximo, respectivamente de 30% e de 70%, o gênerodeclarado no Cadastro Eleitoral, que não necessariamente se identifica com o sexo do candidato. A expressão “cada sexo” mencionada no art. 10, § 3º, da Lei n. 9.504/97 refere-se ao gênero, e não ao sexo biológico, de forma que tanto os homens como as mulheres tran- sexuais e travestis podem ser contabilizados nas respectivas cotas de candidaturas masculina ou feminina. Para tanto, devem figurar como tal nos requerimentos de alis- tamento eleitoral, nos termos estabelecidos pelo art. 91, caput, da Lei das Eleições, haja vista que a verificação do gênero para o efeito de registro de candidatura deverá atender aos requisitos previstos na Res.-TSE n. 21.538/2003 e demais normas de regência. (CTA n. 0604054-58/DF, rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJe de 3.4.2018). Conforme indica o julgado referido, a possibilidade do uso do nome social começa a ser desenhada ainda na época em que cadastro eleitoral se encontra aberto, ou seja, até 151 dias antes das eleições. Nesse período, o candidato pode requerer o registro do chamado nome social, nos termos do art. 9-A da Res.-TSE n. 21.538/2009. O nome social pode ser definido como a designação pela qual a pessoa travesti ou tran- sexual se identifica e é socialmente reconhecida, considerando que a identidade de gênero como dimensão da identidade de uma pessoa diz respeito à forma como se relaciona com as *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 17 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem guardar necessária relação com o sexo biológico atribuído ao nascimento. Registrado o nome social no Cadastro Eleitoral, o candidato pode requerer seu uso no re- gistro de sua candidatura, tanto nas eleições realizadas pelo sistema proporcional como nas do sistema majoritário, mas desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente, conforme exige o art. 12 da Lei das Eleições. Para fins de expedição de certidões comprobatórias da elegibilidade do candidato, o nome social e a identidade de gênero constarão do cadastro eleitoral em campos próprios, preser- vados os dados do registro civil. Nesse caso, no âmbito do registro de um cidadão que se habilita ao uso do nome social, ter-se-á a seguinte situação: • Internamente: nos sistemas internos da Justiça Eleitoral, haverá o registro do nome civil e do nome social do cidadão; • Externamente: esse cidadão será reconhecido e denominado apenas pelo seu nome social. Caso o partido apresente um quantitativo de candidaturas em desacordo como os per- centuais exigidos por lei, a Justiça Eleitoral deverá intimá-lo para que, no prazo de 72 duas horas, sane a irregularidade. A adequação dos percentuais pode ser feita pelo acréscimo do quantitativo de candidatos do gênero faltante ou pela diminuição de candidatos no gênero predominante. Nesse último caso, o expurgo de candidaturas é atribuição exclusiva do partido ou coli- gação, nunca da Justiça Eleitoral. Caso o partido não regularize a situação, o DRAP deve ser indeferido. Nesse sentido: 1. Conforme decidido pelo TSE nas eleições de 2010, o § 3º do art. 10 da Lei n. 9.504/97, na redação dada pela Lei n. 12.034/2009, estabelece a observância obrigatória dos per- centuais mínimo e máximo de cada sexo, o que é aferido de acordo com o número de candidatos efetivamente registrados. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 18 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL 2. Não cabe a partido ou coligação pretender o preenchimento de vagas destinadas a um sexo por candidatos do outro sexo, a pretexto de ausência de candidatas do sexo feminino na circunscrição eleitoral, pois se tornaria inócua a previsão legal de reforço da participação feminina nas eleições, com reiterado descumprimento da lei. 3. Sendo eventualmente impossível o registro de candidaturas femininas com o percen- tual mínimo de 30%, a única alternativa que o partido ou a coligação dispõe é a de reduzir o número de candidatos masculinos para adequar os respectivos percentuais, cuja pro- vidência, caso não atendida, ensejará o indeferimento do demonstrativo de regularidade dos atos partidários (DRAP). (REspe n. 29-39/PE, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 6.11.2012). Essas balizas legais devem ser observadas tanto no momento do registro de candidatura quanto em eventual preenchimento de vagas remanescentes ou na substituição de candida- tos, conforme pacífica jurisprudência do TSE: Os percentuais de gênero previstos no art. 10, § 3º, da Lei n. 9.504/97 devem ser obser- vados tanto no momento do registro da candidatura, quanto em eventual preenchimento de vagas remanescentes ou na substituição de candidatos. (REspe n. 214-98/RS, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 24.6.2013). Observados os percentuais de gênero pelo partido ou coligação, eventual indeferimento de registro de candidatura fora do prazo de substituição do qual decorra o descumprimen- to do preceito legal não implica o indeferimento do DRAP, conforme entendimento firmado pelo TSE: O indeferimento posterior de candidaturas não infirma a observância do sistema de cotas pelo Partido. (REspe n. 107079/BA, rel. Min. Marco Aurélio, PSESS de 11.12.2012). De igual modo, eventuais renúncias ou desistências de candidaturas fora do prazo de substituição que impliquem a inobservância dos percentuais de gênero não podem prejudicar o partido: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 19 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Se, no momento da formalização das renúncias por candidatas, já tinha sido ultra- passado o prazo para substituição das candidaturas, previsto no art. 13, § 3º, da Lei n. 9.504/97, não pode o partido ser penalizado, considerando, em especial, que não havia possibilidade jurídica de serem apresentadas substitutas, de modo a readequar os percentuais legais de gênero. (REspe n. 214-98/RS, rel. Min. Henrique Neves da Silva, DJe de 24.6.2013). Para finalizar este tópico, vale notar que, para fins de cumprimento dos percentuais de gênero, não é aplicável a regra geral de cálculo que determinar desprezar a fração, se inferior a meio, e igualá-la a 1, se igual ou superior, prevista no art. 10, § 4º, da Lei das Eleições. Conforme determina o art. 17, § 3º, da Res.-TSE n. 23.609/2019, que cuida de registro de candidatura para as eleições, no cálculo de vagas previsto para ambos os sexos, qualquer fração resultante será igualada a um no cálculo do percentual mínimo estabelecido para um dos gêneros e desprezada no cálculo das vagas restantes para o outro. Assim, se existirem 14 vagas a preencher, o mínimo de 30% (4,2) será arredondado para 5 vagas, enquanto o máximo de 70% (9,8) será reduzido a 9 vagas. 3. reGistro de cAndidAturAs individuAis – rrc e rrci O requerimento de registro de candidato (RRC) deve ser apresentado à Justiça Eleitoral até as 19 horas do dia 15 de agosto do ano eleitoral, com o rol de documentos elencados no art. 11 da Lei das Eleições. No pedido apresentado pelo partido ou coligação, por meio do formulário (RRC), deve constar a assinatura do candidato ou do seu procurador constituído por instrumento particu- lar, sem que seja necessário o reconhecimento de firma. 1. O requerimento de registro de candidatura (RRC) pode ser subscrito por procurador constituído por instrumento particular. 2. A ausência de reconhecimento defirma do mandante em cartório não enseja o indeferimento do pedido de registro de candidatura se não há suspeita de falsidade, visto que a legislação eleitoral não exige esse requisito para o seu deferimento. 3. Na espécie, o Tribunal de origem consignou não haver sus- peita de falsidade da assinatura da recorrida nem de outra irregularidade. Ressaltou que *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 20 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL a autenticidade da assinatura aposta na procuração outorgada ao delegado do partido, autorizando-o a assinar o requerimento de registro de candidatura (RRC), foi constatada pelos servidores da Justiça Eleitoral. Dessa forma, correto o deferimento do registro de candidatura da recorrida, pois foi solicitado por mandatário devidamente constituído. Em relação aos pedidos individuais, a Justiça Eleitoral verifica se os pretensos can- didatos preenchem as condições de elegibilidades constitucionais e infraconstitucio- nais e não incidem em uma das causas de inelegibilidades, previstas na CF/88 e na LC n. 64/90, também conhecida como Lei das Inelegibilidades. (REspe n. 2765-24/SP, rel. Min. João Otávio de Noronha, PSESS de 16.9.2014). Caso o partido seja omisso na apresentação do registro, o candidato poderá fazê-lo no prazo de 48 contados da publicação da lista de candidatos pela Justiça Eleitoral. 3.1. denominAção dos cAndidAtos A denominação dos candidatos é regulada pelo art. 12 da Lei das Eleições: Art. 12. O candidato às eleições proporcionais indicará, no pedido de registro, além de seu nome completo, as variações nominais com que deseja ser registrado, até o máximo de três opções, que poderão ser o prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é mais conhecido, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente, mencionando em que ordem de preferência deseja registrar-se. Note, inicialmente, que esse dispositivo legal somente se aplica às eleições proporcionais, não alcançando, portanto, as eleições para os cargos de senador, prefeito, governador e pre- sidente da República. Lembre-se de que, nas três opções de denominações apresentadas pelo candidato, ele poderá incluir o nome social, desde que tenha requerido sua inclusão no cadastro eleitoral no período legalmente permitido. Pelas regras estabelecidas, um candidato que se chame Mauro Silva Bastos pode apre- sentar, na ordem de sua preferência, as seguintes opções: • Mauro – prenome; • Silva, Bastos ou Silva Bastos – qualquer um dos sobrenomes; • Maurão ou Ruivo ou qualquer outro – apelido ou nome pelo qual é conhecido. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 21 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Havendo a ocorrência de homonímias gráficas ou fonéticas para o mesmo cargo – nomes iguais ou nomes diferentes, mas com idêntica pronúncia –, cabe à Justiça Eleitoral resolver a questão. Para tanto, a Justiça Eleitoral aplica os seguintes critérios, definidos nos incisos do § 1º do art. 12 da Lei das Eleições: • Havendo homonímia, a Justiça Eleitoral poderá exigir dos candidatos prova de que são conhecidos pela opção apresentada no pedido de registro. Esse procedimento, mesmo nos casos em que não houver homonímia, deverá ser realizado, a fim de evitar que candidatos se aproveitem de nomes famosos, com os quais não possuem vínculo algum, para angariar votos. O TSE, inclusive, já rejeitou, no REspe n. 8816/BA, pedido de registro de uma candidata ao cargo de deputado federal pela Bahia, que requereu a va- riação “Xuxa”, tornando duvidosa sua identificação. De igual modo, indeferiu, no REspe n. 20.156/SP, o requerimento de candidato que, aproveitando-se de sua semelhança com Enéas Ferreira Carneiro – conhecido ex-candidato à Presidência da República – requereu a variação nominal de “Enéas (Branco, Carvalhedo, Kalkmann, 2017, p. 29); • Se ambos comprovarem serem conhecidos pelos nomes indicados, terá preferência, na sequência indicada, o candidato que, na data máxima prevista para o registro: (i) esteja exercendo mandato eletivo ou (ii) tenha exercido nos últimos quatro anos, ou (iii) nos últimos quatro anos tenha se candidatado com o nome que indicou; • Não se resolvendo o caso pelas regras anteriores, a Justiça Eleitoral deverá observar qual candidato que, pela sua vida política, social ou profissional, seja identificado por um dado nome que tenha indicado, será deferido o registro com esse nome. Caso essas regras não sejam suficientes para resolver o conflito, a Justiça Eleitoral deve- rá notificar os candidatos para que, em dois dias, cheguem a um acordo. Inexistindo acordo, a Justiça Eleitoral registrará a variação nominal do candidato que primeiro a tenha requerido, nos termos da Súmula n. 4 do TSE: Súmula n. 4 Não havendo preferência entre candidatos que pretendam o registro da mesma variação nominal, defere-se o do que primeiro o tenha requerido. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 22 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL É vedado o uso por candidato a pleito proporcional de idêntica variação nominal de candi- dato às eleições majoritárias na mesma circunscrição, salvo para candidato que esteja exer- cendo mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro anos, ou que, nesse mesmo prazo, tenha concorrido em eleição com o nome coincidente. Assim, para se configurar a in- compatibilidade, a homonímia deve ocorrer entre candidatos que disputam a mesma eleição, como, por exemplo, um candidato a vereador e outro a prefeito, eleições municipais. Em qualquer caso, não poderá indicar variação que atente contra o pudor, seja ridícula ou irreverente. Nesse sentido, o TSE indeferiu o uso do nome “Macaco Tião” por considerá-lo irreverente e contrário à seriedade do processo eleitoral e ao prestígio da democracia (REspe n. 940-73/DF, PSESS de 25.9.2014). Mesmo assim, Branco, Carvalhedo e Kalkmann (2017, p. 29) nos lembra que a Justiça Eleitora já deferiu nomes de gosto duvidoso, tais como: Piolho, Maracujá, X salada, Todo Feio, Piroca, Já Morreu, Mensageiro do Apocalipse, Cara de Pneu, entre outros. Não poderão, em hipótese alguma, as variações dos nomes apresentados fazer referência a qualquer órgão da administração pública direta, indireta federal, estadual, distrital e mu- nicipal. Nada obsta, todavia, a utilização de identificadores de profissão ou patente. Nesse sentido: A regra do art. 30, § 2º, da Res.-TSE n. 23.405 somente se aplica aos nomes escolhidos para constar na urna que contenham “expressão e/ou siglas pertencentes a qualquer órgão da administração pública direta, indireta federal, estadual, distrital e municipal”, não incidindo em relação a identificadores de profissão ou patente, tal como, no caso, “cabo”. (REspe n. 72048/ES, rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 21.8.2014). Anoto, por fim, que essa vedação consta no art. 25, parágrafo único, da atual resolução do TSE, que dispões sobre o registro de candidatura para as eleições (Res.-TSE n. 23.609/2019): Não será permitido, na composição do nome a ser inserido na urna eletrônica, o uso de expressão ou de siglas pertencentes a qualquer órgão da administração pública federal, estadual, distrital ou municipal, direta ou indireta. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 23 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL 3.2. documentos necessários Com vistas a demonstrarem estarem aptos a participar do pleito, os pretensos candidatos devem instruir o pedido de registro de candidatura com os seguintes documentos, consoante estabelece o art. 11 da Lei das Eleições: Art. 11, § 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: I – Cópia da ata da convenção que escolheu os candidatos II – autorização do candidato, por escrito; III – prova de filiação partidária; IV – declaração de bens, assinada pelo candidato; V – cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o candidato é elei- tor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º; VI – certidão de quitação eleitoral; VII – certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual; VIII – fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do art. 59. IX – propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República. De início, cumpre informar que esses documentos, inclusive a relação de bens, ficam dis- poníveis no sítio do TSE para consulta dos eleitores, exigindo-se do candidato, no ato de apresentação do registro, a ciência dessa disponibilização. Conforme dispõe o art. 11, § 13, da Lei das Eleições, desse rol de documentos, fica dis- pensada a apresentação pelo partido, coligação ou candidato dos produzidos a partir de in- formações detidas pela Justiça Eleitoral, a saber: a prova de filiação partidária, cópia do título eleitoral e a certidão de quitação eleitoral. Para que o cidadão possa ser candidato, deve se filiar ao partido pelo qual pretenda con- correr seis meses antes das eleições, nos termos do art. 9º da Lei das Eleições. O título eleitoral comprova a condição de inscrito no cadastro da Justiça Eleitoral, en- quanto a certidão de quitação eleitoral, prevista no art. 11, § 7º, da Lei das Eleições, abarca uma série de exigências de natureza eleitoral, a saber: Art. 11, § 7º A certidão de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do gozo dos di- reitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a apresentação de contas de campanha eleitoral. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 24 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Quanto aos demais documentos, cuja apresentação cabe ao candidato, vale notar que a ata da convenção é necessária para que a Justiça Eleitoral se certifique que o candidato foi deveras escolhido na convenção partidária realizada para esse fim. A autorização do candidato é ato que comprova sua manifesta vontade de participar do pleito, porquanto essa decisão traz consigo uma série de obrigações, como, por exemplo, o dever de prestar contas. Ademais, mira o combate às fraudes, especialmente em relação às candidaturas femininas fictícias, apresentadas apenas para cumprir a exigência legal relativa à cota de gênero. A declaração de bens é exigida com vista a dar publicidade ao patrimônio do candidato, a fim de favorecer o controle social e subsidiar a escolha do eleitor. Esse documento, todavia, não se confunde com a declaração de imposto de renda, conforme já decidiu o TSE. Confira: De acordo com os arts. 11, § 1º, IV, da Lei n. 9.504/97 e 24 da Resolução-TSE n. 20.993/2002, para fins de registro, contenta-se a lei com a declaração de bens assi- nada pelo candidato, não sendo exigível a declaração de imposto de renda. (REspe n. 19974/MT, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, PSESS de 3.9.2002). O TSE possui precedentes no sentido de que a omissão de bens nessa declaração não se configura falsidade ideológica, sendo um fato atípico (REspe n. 49-31/AM, DJe de 25.10.2019). As certidões criminais visam atestar a ausência de situações que atraiam a inelegibili- dade da alínea e do art. 1º da LC n. 64/1990 e comprovar o pleno gozo dos direitos políticos, condição de elegibilidade prevista no art. 14, § 3º, da CF/88. A exigência não recai sobre cer- tidões civis, somente criminais. A exigência de certidões criminais de 2º grau somente se aplica aos candidatos com prer- rogativa de foro (REspe n. 27609/RJ, PSESS de 27/09/2012). Em qualquer caso, se as certidões forem positivas, o registro deve ser instruído com as respectivas certidões de objeto e pé de cada um dos processos indicados, bem como das certidões de execuções criminais, quando for o caso. A fotografia serve exclusivamente para identificar o candidato na urna. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 25 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL A exigência da apresentação das propostas defendidas pelos candidatos somente se apli- ca aos cargos do Poder Executivo, constituindo-se em documento sobre o qual o eleitor pode conhecer e cobrar as promessas de campanha do candidato. O candidato deve também demonstrar que é alfabetizado, podendo comprovar essa qua- lidade por meio de documento, declaração firmada de próprio punho na frente do servidor da Justiça Eleitoral ou por outros meios de prova. Caso exerça cargo, emprego ou função públicos deve, ainda, comprovar, no prazo legal, sua desincompatibilização, a fim de viabilizar sua candidatura. 3.3. rito O rito a ser observado nos requerimentos de registro de candidatura é bastante célere. Protocolado o requerimento de registro de candidatura, o presidente do Tribunal ou o juiz eleitoral, no caso de eleição municipal, determinará a publicação do edital com os nomes dos pretensos candidatos para ciência dos interessados. Da publicação desse edital, correrá: • O prazo de 48 horas para que o candidato escolhido em convenção requeira individual- mente o registro de sua candidatura (RRCI), caso o partido político ou a coligação não o tenha requerido, na forma prevista no art. 11, § 4º, da Lei n. 9.504/1997; • O prazo de cinco dias para que qualquer cidadão apresente notícia de inelegibilidade; • O prazo de cinco dias para que os legitimados, inclusive o Ministério Público Eleitoral, impugnem os pedidos de registro dos partidos, coligações e candidatos, nos termos do art. 3º da Lei Complementar n. 64/1990 e da Súmula n. 49 do TSE. Destaco que essa intimação via edital é uma exceção à regra que exige a intimação pessoal do Ministério Público, a teor do que dispõe o art. 3º da LC n. 64/1990. A respeito da necessidade de intimação pessoal do Ministério Público Eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral, com amparo no art. 3º, da LC n. 64/1990, já decidiu que o prazo de impug- nação para o parquet, a exemplo dos demais legitimados, começa a valer da publicação do edital com a relação de candidatos. Confira: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 26 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL O prazo de cinco dias, previsto no art. 3º da LC n. 64/90, para o Ministério Público impug- nar o registro, inicia-se com a publicação do edital, e não com a sua intimação pessoal. Precedentes. (REspe n. 484-23/SP, rel. Min. Dias Toffoli, DJE de 18.6.2014). Decorrido esse prazo, se houver pedidos individuais de registro de candidatura, será pu- blicado edital no Diário de Justiça Eletrônico(DJe), passando a correr, para esses pedidos, o prazo de cinco dias para impugnação e notícia de inelegibilidade. Neste ponto, para fins de facilitar a compreensão da matéria, vamos dividir o estudo do rito a ser observado no processo de registro de candidatura levando em consideração duas situações distintas: • pedido de registro sem impugnação; • pedido de registro com impugnação ou notícia de inelegibilidade, que vamos estudar no tópico “Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC)”. 3.3.1. Rito sem Impugnação Não havendo impugnação ao registro de candidatura, a Secretaria certificará o decurso de prazo e encaminhará os autos conclusos ao juiz eleitoral ou relator. Constatado algum vício ou omissão na documentação juntada pelo candidato que obste o deferimento do registro, ou seja, não observadas as condições de registrabilidade, como al- guns autores as denominam, o partido político a coligação ou o candidato será intimado para sanar a irregularidade no prazo de três dias. Esgotado esse prazo, se o juiz ou relator constatar a existência de impedimento à candi- datura, ainda que não tenha sido objeto de impugnação ou notícia de inelegibilidade, deverá, de ofício, determinar a intimação do interessado para que se manifeste sobre o óbice no prazo de três dias, nos termos do art. 37, caput, da Res.-TSE n. 23.609/2019. A Súmula n. 45 do TSE é expressa em admitir a atuação de ofício do magistrado nos pro- cessos de registro de candidatura, mas desde que observado o contraditório e ampla defesa. Confira: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 27 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Súmula n. 45 Nos processos de registro de candidatura, o Juiz Eleitoral pode conhecer de ofício da existência de causas de inelegibilidade ou da ausência de condição de elegibilidade, desde que resguardados o contraditório e a ampla defesa. Na linha da pacífica jurisprudência do TSE, notícias de inelegibilidades apresentadas in- tempestivamente podem ser conhecidas de ofício pelo magistrado. Nesse sentido: Não merece reparos o acórdão regional que não conheceu da notícia de inelegibilidade, porquanto intempestiva, porém conheceu de ofício da causa prevista no art. 1º, I, g, da LC n. 64/90 ali noticiada. (RO n. 0601011-51/rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, PSESS de 2610.2018). Ainda segundo o TSE, essa atuação de ofício é exclusiva do órgão do Poder Judiciário que julga originariamente o pedido de registro. Confira: A possibilidade de reconhecimento de causa de inelegibilidade, de ofício, está restrita ao órgão do Poder Judiciário que julga a questão originariamente, porque esse, ao contrário daquele cujo mister se dá apenas na seara recursal, pode indeferir o registro até mesmo nas hipóteses em que deixou de ser ajuizada impugnação. (REspe n. 416-62/SC, rel. Min. Laurita Vaz, DJe de 25.10.2013). Após a manifestação do interessado, os autos serão enviados ao Ministério Público Eleito- ral para emissão de parecer no prazo de dois dias, o qual deverá ficar adstrito ao impedimento identificado de ofício pelo juiz ou relator. Sublinho que, a despeito de não ter impugnado o registro, o Parquet pode se manifestar pelo indeferimento do pedido (TSE, REspe n. 0600642- 46/RR, rel. Min. Jorge Mussi, PSESS de 5.10.2018). Em seguida, os autos serão conclusos ao magistrado para decisão. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 28 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL 4. Ação de impuGnAção do pedido de reGistro de cAndidAturA – Airc O objetivo da Ação de Impugnação ao Registro de Candidatura é demonstrar que determi- nado candidato não possui os requisitos necessários para concorrer ao pleito. Noutro falar, objetiva demonstrar algum vício formal na documentação apresentada, a ausência de condi- ções de elegibilidade ou a incidência de uma das causas de inelegibilidade. 4.1. nAturezA JurídicA A ação é um incidente nos autos do pedido de registro de candidatura e possui natureza eminentemente judicial. Flávio, Liberato e Rodrigues (2017, p. 528) consignam que: Uma vez proposta, a decisão que apreciar o pedido de registro de candidatura, embora seja for- malmente uma única decisão, julgará as duas demandas (a principal e a incidental), de forma que somente uma delas poderá ser procedente. 4.2. obJeto O objeto – pedido da ação – é o indeferimento do pedido de registro de candidatura. Não se trata de ação que vise: • a cassação de registro, diploma ou mandato, porquanto, no momento de sua proposi- tura sequer foi realizada a eleição; • a aplicação da sanção de multa, tendo em vista a ausência de apuração de qualquer ilícito; • a decretação de inelegibilidade, mas apenas a declaração decorrente de uma condena- ção havida em outro processo. 4.3. prAzo Conforme disse, o prazo para o ajuizamento da Ação de Impugnação ao Registro de Can- didatura é de cinco dias contados da publicação do edital, pela Justiça Eleitoral, com os no- mes dos candidatos que apresentaram pedido de registro de candidatura. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 29 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL 4.4. LeGitimidAde AtivA O rol dos legitimados ativos da Ação de Impugnação ao Registro de Candidatura é com- posto por candidatos, partidos políticos, coligações e o Ministério Público, nos termos do art. 3º da LC n. 64/1990, os quais devem apresentar a peça subscrita por advogado constitu- ído nos autos, conforme determina o art. 40, § 1º, da Res.-TSE n. 23.609/2019. Embora o cidadão não faça parte desse rol, há a possibilidade de filiado a partido político, ainda que não seja candidato, impugnar pedido de registro de coligação partidária (DRAP) da qual é integrante, em razão de eventuais irregularidades havidas em convenção, a teor do que dispõe a Súmula n. 53 do TSE: Súmula n. 53 O filiado a partido político, ainda que não seja candidato, possui legitimidade e interesse para impugnar pedido de registro de coligação partidária da qual é integrante, em razão de eventuais irregularidades havidas na convenção. Nesse caso, os demais legitimados não estão autorizados a utilizar, como causa de pedir, essas questões interna corporis ocorridas na convenção do partido para subsidiar eventu- al AIRC: Consignado pela Corte de origem que “a coligação adversária não tem legitimidade pro- cessual para impugnar a candidatura com fundamento em irregularidade na convenção partidária, por ser essa questão de natureza interna corporis. (REspe n. 107-84/PB, rel. Min. Rosa Weber, PSESS de 16.12.2016). A legitimidade conferida aos candidatos, que surge com a simples escolha em convenção, é ampla dentro da circunscrição do pleito, de modo que podem impugnar inclusive pedidos de registro de candidatos a outros cargos em disputa. A esse respeito, Jorge, Liberato e Ro- drigues (2017, p. 218) consignam que o indicado pelo partido não atua em juízo apenas em busca de interesse próprio, mas como representante da coletividade. Nesse sentido, já deci- diu o TSE: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 30 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL A Lei Complementar n. 64/90, em seu art. 3º, conferiu legitimidade ad causam a qual- quer candidato, partido político, coligação e ao Ministério Público. Na espécie, não há como reconhecer a falta de interessede candidato a vereador para impugnar pedidos de registro de candidatos a prefeito e vice-prefeito. (REspe n. 36150/BA, rel. Min. Marcelo Ribeiro, DJe de 10.5.2010). Vale lembrar que os partidos perdem a legitimidade para apresentar AIRC quando forma- rem coligação, uma vez que esta passa a representar as agremiações que a integram perante a Justiça Eleitoral até o término do período eleitoral. Nesse sentido, a firme jurisprudên- cia do TSE: A impugnação de registro de candidatura ajuizada isoladamente por partido coligado conduz à extinção do processo sem julgamento do mérito, nos termos do art. 267, inciso VI, do Código de Processo Civil. (REspe 416-62, rel. Min. Laurita Vaz, DJE de 25.10.2013). De igual modo, em hipótese similar ao caso dos autos: RO 345, rel. para o acórdão Min. Eduardo Alckmin, PSESS em 29.9.1998. (REspe n. 156-03/SP, rel. Min. Henrique Neves da Silva, PSESS de 8.11.2016). Embora o Ministério Público seja legitimado, não poderá impugnar o registro de candidato seu representante que, nos quatro anos anteriores, tenha disputado cargo eletivo, integrado diretório de partido ou exercido atividade político-partidária, consoante dispõe o art. 3, § 2º, da LC n. 64/1990. Para finalizar, cumpre informar que o Tribunal Superior Eleitoral admitiu que o Instituto Nacional do Seguro Social, na qualidade de terceiro juridicamente interessado, apresentasse impugnação ao pedido de registro de candidato que utilizou a sigla do órgão em sua denomi- nação. LEGITIMIDADE – IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO – ABRANGÊNCIA. A legitimidade prevista no artigo 3º da Lei Complementar n. 64/1990 não exclui a de terceiro juridicamente inte- ressado, presente o disposto no artigo 499 do Código de Processo Civil. LEGITIMIDADE – REGISTRO – AUTARQUIA FEDERAL – INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL. O Instituto Nacional do Seguro Social tem interesse jurídico na *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 31 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL impugnação de pedido de registro quando candidato utilizar nome fantasia a contem- plar a respectiva sigla – INSS. Essa prática de identificação de candidatos por meio de siglas de órgãos públicos é atu- almente vedada pelo art. 25, parágrafo único, da Res.-TSE n. 23.609/2019. 4.5. LeGitimidAde pAssivA Os candidatos, partidos ou coligações são os legitimados passivos da Ação de Impugna- ção ao Registro de Candidatura. Muito embora os partidos e coligações sejam os responsáveis por apresentarem à Jus- tiça Eleitoral o pedido dos registros individuais de seus candidatos, não há formação de li- tisconsórcio passivo necessário com o candidato em ações de impugnação de registro de candidatura individual, nos termos da Súmula n. 39 do TSE: Súmula n. 39 Não há formação de litisconsórcio necessário em processos de registro de candidatura. A jurisprudência do TSE assegura aos partidos e coligações tão somente atuarem nos processos na qualidade de assistentes simples, sobretudo porque a procedência da ação fulmina com a candidatura, mas observado o prazo legal, permanece intacto o direito de o partido apresentar outro candidato. A esse respeito, Branco, Carvalhedo e Kalkmann (2017, p. 139) asseveram que: Na linha da pacífica jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, esse liame indireto assegura às greis – partidos políticos e coligações -, tão somente, atuarem nos processos de impugnação de registro de candidatura na qualidade de assistentes simples. No mesmo sentido, o Tribunal Superior Eleitoral já decidiu que, em Ação de Impugnação ao Registro de Candidatura, inexiste a necessidade de formação de litisconsórcio passivo necessários entre o titular da chapa e o seu vice. Confira: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 32 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Não há litisconsórcio passivo necessário entre candidatos a prefeito e vice-prefeito em processos de registro de candidatura. (REspe n. 197-30/SC, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 6.11.2012). 4.6. rito O rito a ser observado para as impugnações é o mesmo para notícias de inelegibilidade, razão pela qual vou tratá-lo juntos neste tópico. Antes de estudarmos propriamente o rito, sublinho que a notícia de inelegibilidade pode ser apresentada por qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos, não importando o local de seu domicílio eleitoral, (Tribunal Superior Eleitoral, RO n. 461816/PB, rel. Min. Arnaldo Versiani, PSESS de 15/09/2010). Nesse caso, não é preciso que a petição seja subscrita por advogado, mas o autor da notícia de inelegibilidade deve se identificar na peça, sob pena de violar a regra do art. 5º, IV, da Constituição Federal, que veda o anonimato. A impugnação ou a notícia de inelegibilidade se transforma em um incidente processado nos próprios autos do processo de registro. Quanto ao rito propriamente dito, temos, com base no art. 3º e seguintes da Lei Comple- mentar n. 64/1990, que, publicado o edital com o nome dos candidatos, os interessados têm o prazo comum de 5 dias para apresentar impugnação ou notícia de inelegibilidade. Na peça de impugnação, o impugnante especificará, desde logo, os meios de prova com que pretende demonstrar a veracidade do alegado, arrolando testemunhas, se for o caso, no máximo de seis. Caso a notícia de inelegibilidade seja apresentada, no prazo legal, por um dos legitimados a impugnar o registro, a peça deverá ser conhecida como impugnação (TSE, REspe n. 0600942-36/AM, rel. Min. Luís Roberto Barroso, PSESS de 18/12/2018). Findo o prazo impugnativo, o candidato terá sete dias para contestar a impugnação/no- tícia de inelegibilidade, juntar documentos, indicar rol de testemunhas e requerer a produção de outras provas, inclusive documentais, que se encontrarem em poder de terceiros, de re- partições públicas ou em procedimentos judiciais, ou administrativos, salvo os processos em tramitação em segredo de justiça. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 33 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Decorrido o prazo para contestação e sendo a matéria controvertida exclusivamente de direito, sem a necessidade de produção de prova, admite-se o julgamento antecipado do mé- rito da Ação de Impugnação ao Registro de Candidatura, previsto no art. 355 do Código de Processo Civil. Antes, contudo, o Ministério Público deve ser ouvido na qualidade de fiscal da ordem jurídica. Sendo necessária a produção de provas, abre-se a fase dilatória. Se o impugnado tiver juntado documentos com a contestação, deve ser dado vista à parte contrária, sob pena de cerceamento de defesa. Nesse sentido a jurisprudência do TSE: Tendo sido juntados documentos pelo impugnado na oportunidade da apresentação de sua defesa em ação de impugnação de registro de candidatura e não concedida vista ao impugnante, resta caracterizado o cerceamento de defesa. Precedente: Acórdão n. 21.988. (REspe n. 22545/SP, rel. Min. Caputo Bastos, PSESS de 6.10.2004). Caso não haja necessidade de abertura de vista para o impugnante, o juiz ou relator deve designar os quatro dias seguintes para inquirição das testemunhas do impugnante e do im- pugnado – indicadas na inicial e na contestação –, as quais comparecerão por iniciativa das partes que as tiverem arrolado, após notificação judicial realizada pelos advogados. As testemunhas do impugnante e do impugnado devem ser ouvidas em uma só assenta- da. Nos cinco dias subsequentes, o órgão julgador deve proceder a todas as diligências quedeterminar, de ofício ou a requerimento das partes. Nesse prazo, o magistrado pode ouvir terceiros, referidos pelas partes ou testemunhas, como conhecedores dos fatos e das cir- cunstâncias que possam influir na decisão da causa e, ainda, ordenar o depósito de qualquer documento necessário à formação da prova que se achar em poder de terceiro, neste último caso, se o terceiro, sem justa causa, não exibir o documento, ou não comparecer a juízo, pode o juiz ou relator expedir mandado de prisão e instaurar processo por crime de desobediência. Encerrada a fase probatória pelo magistrado, as partes, inclusive o Ministério Público, serão intimadas para apresentar alegações finais no prazo comum de cinco dias e, após, os autos serão conclusos ao magistrado para decisão. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 34 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, espelhada na Res.-TSE n. 23.609/2019, que cuida dos processos de registro para as eleições, faz um detalhamento da parte final do rito, que não consta da Lei Complementar n. 64/9019. Assim preste atenção no comando da questão do seu concurso. Caso o enunciado da questão se refira à lei ou não faça referência alguma, o rito se encerra aqui. Todavia, se o enunciado da questão se referir à jurisprudência do TSE, anote que, nos ter- mos do art. 43, § 2º, da Res.-TSE n. 23.609/2019, que cuida de registro de candidato para as eleições, a intimação no prazo de cinco dias para alegações finais somente se aplica ao Mi- nistério Público quando ele for parte nos autos. Quando o Parquet atuar apenas como custus legis, caberá ao cartório ou à secretaria, de ofício, depois de esgotado o prazo das alegações finais, dar-lhe vista dos autos para, no prazo de dois dias, emitir parecer. Só então os autos serão conclusos para decisão. Para finalizar, destaca-se que, no art. 43, § 3º, o texto regulamentar afirma que a apre- sentação das alegações finais é totalmente dispensada nos feitos em que não houver sido aberta a fase probatória, sendo os autos, após a contestação, imediatamente conclusos para a decisão. 4.7. cAusA de pedir A causa de pedir cinge-se a vícios na documentação apresentada no momento do pedido de registro, ausência de condições de elegibilidade, contidas na CF/1988 ou na legislação in- fraconstitucional, ou a incidência de uma das causas de inelegibilidade, prevista na CF/1988 ou na LC n. 64/1990. Art. 11, § 10 As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a inelegibilidade. Na análise do pedido de registro de candidatura, destaco que é vedada a discussão do mérito ou de vícios formais observados em outros processos dos quais se originam eventuais óbices ao deferimento do pleito, seja o entrave referente a uma condição de elegibilidade ou a uma causa de inelegibilidade. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 35 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Assim, uma vez oferecida uma impugnação ao registro de candidato sob o argumento de que teve contas rejeitadas – causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, g, da LC n. 64/1990 –, não cabe ao impugnado, na defesa, questionar a correção dessa decisão de rejeição. Pode, todavia, apresentar argumentos relativos à ultrapassagem do prazo de inelegibilidade, à exis- tência de decisão liminar suspendendo a execução da decisão, à ausência do trânsito em julgado da decisão condenatória, entre outras. Essa compreensão se revela no texto das Súmulas n. 51 e n. 52 do TSE. Confira: Súmula n. 51 O processo de registro não é o meio adequado para se afastarem eventuais vícios apu- rados no processo de prestação de contas de campanha ou partidárias. Súmula n. 52 Em registro de candidatura, não cabe examinar o acerto ou desacerto da decisão que examinou, em processo específico, a filiação partidária do eleitor. 4.7.1. Ausência de Documentação – Momento da Juntada Conforme vimos, ao estudar o rito adotado no processo de registro de candidatura, é pos- sível suprir eventual falha nele contida. Assim, caso o requerente seja omisso na apresentação de um dos documentos obriga- tórios para o deferimento do registro de candidatura, o magistrado deverá intimá-lo para que supra a omissão no prazo de 72 horas. O candidato pode atender imediatamente a intimação para juntada da documentação fal- tante, inexistindo, por esse motivo, óbice ao deferimento do pedido de registro. De outro modo, diante da intimação, poderá permanecer inerte com o consequente inde- ferimento do seu pedido de registro. No ponto, ressalta-se que o juiz ou relator não poderá indeferir, de pronto, o pedido de registro sem antes proceder à intimação do interessado para sanar a falha. Se o registro for indeferido e houver recurso, nada obsta que o candidato proceda à junta- da da documentação faltante até o esgotamento das instâncias ordinárias. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 36 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Essa juntada de documentos, inicialmente, pautou-se pelo enunciado da Súmula n. 3 do Tribunal Superior Eleitoral: No processo de registro de candidatos, não tendo o juiz aberto prazo para o suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver motivado o inde- ferimento, ser juntado com o recurso ordinário. No julgamento do REspe n. 284-55/AM, o Tribunal modificou sua jurisprudência e passou a admitir a referida juntada mesmo quando, já intimado na instância originária, o candidato permaneceu omisso. Nesse sentido: A juntada ulterior de novos documentos, quando o pré-candidato é devidamente inti- mado a sanar as irregularidades constatadas, e não o faz, não mais é atingida pela pre- clusão, revelando-se possível, à luz da novel orientação do Tribunal Superior Eleito- ral, proceder-se à juntada dos documentos quando não exaurida a instância ordinária. (REspe n. 1281-66/RJ, rel. Min. Luiz Fux, PSESS de 30.9.2014). Em atenção a essa regra, que limita a juntada de documentos até o esgotamento das ins- tâncias ordinárias, o Tribunal Superior Eleitoral tem, como regra, a inadmissão de juntada de documentos na instância extraordinária, mesmo em registro de candidatura. Confira: AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO. ELEIÇÕES 2018. DEPUTADO ESTADUAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. CERTIDÃO CRIMINAL. CONDIÇÃO DE REGISTRABILIDADE. CABIMENTO DE RECURSO ESPECIAL. JUNTADA DE DOCUMENTO. INSTÂNCIA EXTRA- ORDINÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. PROVIMENTO. (...) Considerando em sede extraordinária não se permite a juntada de documentos novos, inviável admitir a certidão de objeto e pé trazida pelo candidato somente nesta seara. Ademais, o candidato teve três oportunidades distintas para corrigir a irregularidade no âmbito do TRE/MG e em nenhuma delas se desincumbiu desse ônus. (Respe n. 0600757-46/MG, rel. Min. Jorge Mussi, PSESS de 6.12.2018) *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 37 de 110https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Lei n. 9.504/1997: Registro da Candidatura DIREITO ELEITORAL Contudo, como veremos a seguir, podem existir fatos supervenientes ao registro, que po- dem ser levados ao conhecimento do magistrado no processo de registro de candidatura,
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