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Ana Maria Godoy Luci Carlos de Andrade A n a M ar ia G o d oy Lu ci C ar lo s d e A n d ra d e A Gestão Pedagógica, Planejamento e Avaliação EducacionalA G es tã o P ed ag óg ica , P la nej am ent o e A va lia çã o E du ca cio an al 119 Caro Aluno, Nesta unidade apresentaremos ques- tões relativas à importância do planejamento, não apenas no contexto escolar, mas também na vida prática. Entendendo esta importância, partiremos para abordagens do planejamento educacional. Bons estudos! O Planejamento UNIDADE III 121 3. O Planejamento e a Vida Prática Nesta Unidade apresentamos inicialmen- te questões relacionadas ao planejamento em ge- ral, como caminho de organização fundamental na vida das pessoas. Precisamos refletir sobre a importância do ato de planejar, desde as coisas mais simples às mais complexas do dia a dia da nossa vida diária. Ao analisar a ação de planejar, podemos questionar primeiramente: É possível algo dar certo sem um prévio planejamento? Por exemplo: uma viagem, uma compra, uma visita à alguém, o nascimento de um filho etc. Pode ser que consigamos realizar em par- te nossos sonhos, desejos ou compromissos sem um planejamento, mas na maioria das vezes, algo dá errado. Ou ocorrem atrasos, ou resultados não tão satisfatórios, ou excessos de gastos, enfim... Nesse sentido é que precisamos de cer- ta organização em tudo o que fazemos para que possamos atingir nossa meta, para realizar coisas satisfatoriamente, para atender compromissos etc. A desorganização nas nossas vidas acarre- ta atrasos, prejuízos, além de insatisfação ou até 122 consequências mais drásticas. Na sugestão de vídeo O desorganizado, po- demos observar todos os resultados e consequên- cias negativas a uma rotina diária por falta de plane- jamento. Veja e analise a perda de tempo, o estresse e a insatisfação gerada pela improvisação e ausência de organização na vida pessoal e no trabalho. O desorganizado – www.organizesuavida.com.br 03/06/2009 www.youtube.com.br/ Acesso em 26/08/2011 O vídeo apresenta um dia típico na vida de um trabalha- dor. Demonstra claramente as consequências desastrosas na vida de uma pessoa resultante de sua falta de organiza- ção, ou seja, de seu hábito de planejar sua vida e seu dia. O indivíduo que não se programa, que não registra seu itinerário, seus compromissos, suas ideias, fica sem rumo. Ele perde a noção de tempo para realizar suas atividades, irrita-se e irrita as pessoas ao seu redor além de fazer um constante retrabalho, além de acumular coisas para fazer. 123 Portanto, planejar é uma atividade que deve fazer parte da vida pessoal e profissional de todo ser humano. No nosso dia a dia em casa ou nas nossas atividades de trabalhos precisa- mos desenvolver o hábito de organizar e ante- ver nossas ações e compromissos. Nas grandes empresas e indústrias existem mecanismos de organização para que tudo seja desenvolvido a contento evitando assim, prejuízos e despesas. O sucesso de uma empresa, por exemplo, deverá estar sempre relacionada a uma imagem de orga- nização em que se processam os planejamentos necessários para o bom andamento das produ- ções, dos negócios etc. Assim como nas empresas ou indústrias, a rotina de planejamento deve estar presente também nas instituições de ensino como forma de conduzir o processo de ensino e aprendiza- gem ocorra de maneira mais eficiente possível, considerando que nesse caso, o trabalho do professor irá refletir na formação do aluno. O aluno está em processo de desenvolvimento de sua personalidade e identidade e qualquer erro deixará marcas na vida desse educando. O pla- nejar significa então: antever uma intervenção na realidade visando sua mudança, a possibili- 124 dade do planejamento está intrinsecamente li- gada à possibilidade desta transformação vir a ocorrer ou não. No próximo vídeo O planejamento é tudo (Alexandre Mota – 09/08-2007) – pode- mos perceber a importância do planejamento no mundo corporativo. Fonte: www.youtube.com.br/ Agosto/2011 1 Yasushi Arita é facilitador do Leader Training, diretor da Arita Trei- namento e Consultoria e autor do livro “Olhe o que você está fazendo com a sua vida!”. O planejamento deve fazer parte de nos- sos dias, para que obtenhamos sucesso pessoal e profissional. Para Yasushi Arita1 , para “alcan- 125 çar o sucesso, a realização pessoal e profissional é preciso ter um planejamento de metas, regis- trado de forma clara, com datas, prazos, ações e especificações detalhadas para tudo o que se desejada alcançar”. O autor indica ou sugere 7 etapas para um planejamento de atividades tanto pessoais quanto profissionais: Definir o que se deseja realizar. Ter convicção do seu desejo. Traçar claramente o prazo que deseja alcançar a meta (isso significa determinar dia, mês e ano). Nesta etapa você definirá claramente a data para alcançar sua meta. Dentro do seu planejamento é indispensável você programar alguns planos para checar o grau de evolução. Escrever, com clareza e precisão, qual é a sua meta, quanto tempo levará para ser atingi- da, a data de início e o que você vai fazer para alcançá-la. O resultado que você obtiver será di- retamente proporcional ao que você fizer. Ler em voz alta o que escreveu duas vezes por dia no mínimo (manhã e noite). Sempre que fizer a leitura das metas você deve ter o pensamento de que já concretizou. O seu subconsciente co- meçará a trabalhar no sentido de concretizá-la. O 126 ideal é ler 21 vezes por dia durante 21 dias para gravar no inconsciente e subconsciente. Despertar um desejo ardente. É necessário que a concretização de suas metas, sonhos, objetivos seja para você tão vital como o ar que você respira. Se você não respirar, morre. Portanto, esse mesmo desejo de viver é que temos que ter nesta etapa. Ação. Esta é a etapa mais importante. Consiste em partir para a ação imediatamente! Talvez você esteja pensando que agora não é o momento oportuno, que ainda não está preparado e que a executará, em breve, se tudo correr bem. É neces- sário que você saiba que o SUCESSO não é algo OPORTUNO e que mesmo as coisas inoportu- nas têm o seu devido valor. Portanto, comece hoje mesmo, pois se você não agir nada acontece. Imaginar diariamente as suas ações como se sua meta já estivesse sido alcançada. A imagina- ção é uma propriedade realizadora e fantástica que todos nós temos. (ARITA, 2006, p. 52). As etapas para a elaboração do planeja- mento de metas requer muita atenção para que o resultado seja de conquistas e realizações. É pre- ciso também empenho e coragem para expor as 127 necessidades e desejos, pois essa organização é valiosa, tendo em vista que serve de roteiro para a realização das atividades planejadas em todos os aspectos da vida. Observamos que o plane- jamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, para o melhor funcionamento da vida e do trabalho das pessoas. (PADILHA, 2001). Para Lück, planejamento é o processo de estruturação e organização da ação intencional, realizado mediante: • Análise de informações relevantes do presente e do passado, objetivando, principalmente, o estabelecimento de necessida- des a serem atendidas; • Estabelecimento de estados e situações futuros, desejados; • Previsão de condições necessárias ao estabele- cimento desses estados e situações; • Escolha e determinação de uma linha de ação capaz de produzir os resultados desejados, de forma a maximizar os meios e recursos disponí- veis para alcançá-los (2002, p. 24) Entendemos que o planejamento é um 128 processo, um caminho de sistematização, orga- nização, decisão e previsão que está presente em vários setores da vida. Faz-se planejamento ur- bano, econômico, familiar, habitacional, educa- cional. No planejamento educacional é um ato político-pedagógico, pois explicita sua intenções, bem como osobjetivos que se pretendem atingir. 3.1. PLANEJAMENTO EDUCACIONAL: PRINCÍPIOS No que se refere aos aspectos educacio- nais, o planejamento é um imprescindível ins- trumento de trabalho utilizado pelo professor e indispensável para o processo de ensino e apren- dizagem, pois trata-se da organização didática das ações que o professor desenvolve no seu trabalho educativo em qualquer nível de ensino. Consiste em dirigir, organizar, orientar e estimu- lar a aprendizagem escolar dos alunos. (LIBÂ- NEO, 1997). É fundamental esse importante instru- mento de trabalho esteja afinado e organizado pelo professor. O professor precisa ter clare- za quanto aos seus conceitos, níveis e funções 129 para realizar um bom trabalho educativo com vistas a alcançar na medida do possível a quali- dade do ensino. No que se refere às bases legais, em 20 de Dezembro de 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou a Lei de Diretri- zes e Bases da Educação, proposta pelo senador Darci Ribeiro, depois de oito anos de tramitação pelo Congresso Nacional. A referida Lei estabe- lece normas e procedimentos que afetam todos os níveis do sistema educacional. No contexto da LDB e na perspectiva da organização do ensino brasileiro o planejamen- to fica delegado aos cuidados da instituição de ensino, em consonância com o corpo docente, que tem um importante papel de desempenhar a aplicação desse planejamento. O planejamento é um recurso importan- te do trabalho docente. Representa o norte da prática pedagógica em sala de aula. Podemos ob- servar suas funções e princípios: • Evitar improvisos e incertezas. • Focalizar a atenção em finalidades e ações edu- cativas concretas. • Reduzir os esforços do trabalho desconexo e 130 irrefletido. • Facilitar o processo de avaliação da aprendiza- gem dos alunos. • Favorecer a eficiência do processo de aprendi- zagem dos alunos. • Tornar mais dinâmico o trabalho pedagógico. • Propiciar a reorganização do trabalho didático do professor. • Permitir o acompanhamento do trabalho peda- gógico pelos gestores da escola. • Servir de apoio para tomada de decisões visan- do o aperfeiçoamento do processo educativo. • Dar coerência às ações da escola, integrando e mobilizando o coletivo para diminuir a fragmen- tação da prática educacional. O ato de planejar também pode envolver indagações que norteiam as ações pedagógicas, cujos princípios concebem a ideia de planejar a partir da realidade, para ter uma direção, uma fi- nalidade, contemplando as ações na escola, na sala de aula, juntamente com os parceiros da comunidade escolar. O planejamento engloba também os recursos pedagógicos, bem como os envolvidos no processo de ensino e aprendiza- gem, professor e alunos, sem deixar de focalizar 131 os resultados, ou seja, a avaliação do ensino e da aprendizagem. (LIBÂNEO, 2001). Na sugestão de vídeo sobre os aspec- tos do Planejamento – Revista Nova Escola – 11/12/2009, a Professora Priscila Monteiro descreve todos os pontos que circundam o pla- nejamento escolar. Fonte: www.youtube.com.br/Agosto/2011 Em sua fala, a professora aponta os prin- cipais aspectos que devem ser pensados no pla- nejamento. A questão do conhecimento que os alunos já possuem, a proposta curricular e suas especificidades que devem ser levadas em conta no ato de planejar, além de outros aspectos que a professora explora referente ao planejamento e que merecem atenção. O planejamento escolar 132 é, portanto, uma elaboração global da instituição escolar, que envolve o processo de refletir e deci- dir sobre a estrutura, a organização, o funciona- mento e as propostas pedagógicas desta. 3.2. PLANEJAMENTO DE ENSINO O processo de planejamento passou por várias concepções no decorre da história, de acordo com cada contexto sócio-político- -econômico-cultural. Observamos três grandes momentos da história do planejamento. O planejamento na perspectiva do Princípio Prá- tico está relacionado à tendência tradicional de educação. O planejamento era feito sem grande preocupação formal, e tinha como meta a tarefa a ser desenvolvida em sala de aula. Eram aponta- mentos improvisados com base nas leituras pre- paratórias para as aulas. Elaboravam-se os planos que eram retomados a cada aula novamente. No sentido tradicional o planejamento pedagógico do professor era uma espécie de roteiro aplicado a qualquer realidade. O que se observa é que estes apontamentos é que orien- tavam o trabalho do professor, existia uma re- 133 lação entre o planejar e a ação em sala de aula. Servia de referência para o trabalho educativo como um guia para o professor. (VASCON- CELLOS, 2000). A educação na fase tecnicista, em que se valoriza a técnica e a objetividade do ensi- no, o planejamento passa a ser a grande solução para a ausência de produtividade na educação escolar. O planejamento emerge como instru- mento técnico nas mãos dos professores, o que significou preencher exímios formulários, para garantir a competência do professor. É a fase que se considera o planejamento na perspectiva da fase instrumental Ao buscar alternativas de fazer a educa- ção em novos moldes, surge o planejamento par- ticipativo. Em que no contexto do saber, passou- -se a valorizar a participação, o diálogo, o poder coletivo local, a formação da consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática transforma- dora. Desse modo, o planejamento foi ao longo do tempo passando por fases de acordo com o decorrer da história. Em que essas três fases dis- tintas ficaram assim definidas, conforme Vascon- cellos (2000): Planejamento Tradicional - Planeja- mento Tecnicista - Planejamento Participativo. 134 3.2.1 O Planejamento de Ensino: Novos Contextos O planejamento de ensino propriamente dito ou das atividades, áreas de ensino ou disci- plinas, refere-se à previsão quando à orientação da aprendizagem que pode efetuar-se através dos planos de curso, de unidade e de aula. O planejamento de ensino é o que mais diretamente está ligado ao ensino, visando ob- jetivamente efetivá-lo. Representa, em última instância, um trabalho de reflexão sobre como orientar o ensino para que o educando efetiva- mente alcance os objetivos da educação, da esco- la, do curso e das áreas de estudo ou disciplinas. A escola é o contexto de todo o traba- lho educativo, um espaço em que devem ser re- pensadas as ações e principalmente as questões relacionadas ao planejamento, pois é a forma como se organiza o trabalho pedagógico no in- terior da escola. Trazemos um importante texto da Re- vista Nova Escola (Janeiro/2010), de Renata Costa (Pedagoga), que além de enriquecer nos- sos estudos contribui com algumas reflexões sobre a temática tratada neste módulo, pois 135 amplia a visão sobre pontos ainda obscuros na questão sobre planejamento: Planejamento: momento de repensar a escola A montagem de um projeto de ensino deve levar em conta vários aspectos, mas ter apenas uma finalidade: garantir que o aluno aprenda. O ano letivo se inicia e, com ele, professores e gestores escolares se reúnem para fazer o planeja- mento anual. Essa atividade, embora seja sempre desafiadora, não deve ser vista como mera burocra- cia: é o melhor momento para que todos os atores envolvidos no processo educacional estejam juntos para repensar a escola e sua missão, a atuação dos professores e quais finalidades desejam atingir. O planejamento não se restringe ao pro- grama de conteúdo a ser ministrado em cada dis- ciplina. Ele vai muito além. Está inserido dentro do plano global da escola, que inclui o papel so- cial, as metas e seus objetivos. A escola, por sua vez, faz parte do sistema educacional e é ligada às secretarias de Educação nos diversos níveis, que também determinam expectativas de aprendiza- gem para as diferentes áreas de conhecimento. Segundo o professor Celso Vasconcellos, 136 doutor em Educação, diretor do Centro de Pes- quisa, Formação e Assessoria Pedagógica Liber- tade autor de diversos livros sobre a questão, a elaboração do planejamento tem como elemen- tos básicos a finalidade, a realidade e o plano de ação. “Acima de tudo, nessa hora o professor tem de assumir seu papel, pois o planejamento é uma organização de intencionalidades”, afirma. O planejamento passo a passo A finalidade diz respeito às intenções da escola, ao que o professor espera conseguir ao fim do ano letivo, tomando por base as orientações das secretarias de Educação. “É claro que há de- terminações das secretarias, porém o professor tem uma zona de autonomia relativa para re- alizar o que pretende na escola e na sociedade”, diz Vasconcellos. A finalidade é também um ponto considerado crucial para Danilo Gandin, do Instituto Latino-Americano de Planejamen- to Participativo e autor do livro Planejamento na Sala de Aula. Ele chama essa etapa de “para quê” do plano do docente. “Os professores devem sair do nível do ‘como e com o que fazer’, que é a preocupação específica com o conteúdo, e incluir ‘o que fazer e para quê’”, defende. 137 O segundo passo para o bom planeja- mento é levar em conta a realidade da qual fa- zem parte professores, escola e alunos. Em termos gerais, isso significa considerar aspectos sociais da comunidade, problemas e necessidades locais e, por fim, a diversidade dentro da sala de aula. A questão da diversidade vai além das questões culturais e de vivência. Inclui os diferentes graus de conhecimento entre os alunos sobre determi- nados conteúdos. Por esse motivo, o planejamento inicial já sofre modificações nas primeiras semanas de aula, de acordo com as características das turmas e seus níveis prévios de conhecimento. “Mesmo um pro- fessor com longa experiência no Magistério preci- sa de um planejamento anual, pois não se trata só de saber o conteúdo a ser transmitido. Há toda essa série de variáveis”, pontua Gandin. Características de um bom planejamento • Ter o foco na aprendizagem de todos, ope- racionalizando os conteúdos fundamentais para a escola. • Ser o produto de uma discussão que envol- va toda a comunidade escolar. • Ter o desempenho constantemente monito- 138 rado, com abertura para redirecionamentos. • Conter princípios pedagógicos que correspondam ao contexto e à prática da sala de aula dos professores. • Prever tempo para a formação docente e para reuniões pedagógicas. 3.2.2. Planejamento: Direção e Metas O professor precisar saber, para bem efetuar o seu planejamento de ensino, alguns pontos que precisam estar bem claros, são in- dagações que o professor precisa fazer para guiar o seu planejamento: para quem lecionar, por que lecionar, o que lecionar, como lecionar e como verificar a aprendizagem. • Para quem lecionar A quem lecionar está relacionado como o tipo de alunos a que visa o ensino. Mais ain- da, refere-se às peculiaridades e possibilidade dos mesmos. Este é um aspecto fundamental do pla- nejamento didático: todo trabalho escolar deve girar em torno deste tópico. De nada adianta um planejamento minucioso se não tem em mira quem dele se possa aproveitar. Ou melhor, o pla- 139 nejamento tem probabilidades de sucesso quando efetuado sem esquecer a quem se destina Não é demais repetir que a escola existe porque existem alunos. É com base necessidades e peculiaridades destes, em conjugação com as necessidades do meio, que deve ser erigida todas a estruturação da escola e do ensino. (VASCONCELLOS, 2000) . • Por que lecionar ? Está relacionado com os objetivos da educação e da escola, bem como com os da dis- ciplina a ser lecionada. É claro que a disciplina é meio para que sejam alcançados os objetivos a que se propõe determinada escola. Esta é, aliás a razão de inclusão das diversas disciplinas em um currículo. • O que lecionar Está relacionado com o curso, o grau e o conteúdo que tem de ser tratado. A seleção da matéria é tarefa que se impõe, devendo ser dada preferência à que tenha valor funcional, que mais se ligue aos problemas da atualidade tenha maior valor social. O trabalho de seleção do conteúdo não pode deixar de lado o ponto de vista dos interesses regionais e das necessi- 140 dades e fase de desenvolvimento do educando. Quando ao item em foco, o professor tem de levar em conta as outras disciplinas e ati- vidades do currículo, a fim de se articular com as mesmas, em planejamento global da escola. • Como lecionar Esta relacionado com os recursos didá- ticos que o professor têm de utilizar para al- cançar os objetivos que se propões, através da aprendizagem de seus alunos. Compreender os métodos e técnicas de ensino e todos os demais recursos auxiliares, que não são mais do que meios de que lança mão para estimular a apren- dizagem no educando. • Como verificar e avaliar Refere-se à maneira de recolher dados a respeito da aprendizagem dos educando e como avaliá-lo, a fim de saber se o ensino está surtindo os efeitos esperados, se está adequado a quem se destina e se é preciso realizar altera- ção ou reajustes no planejamento de ensino. Através do vídeo Didática e Planejamen- to entendemos melhor alguns pontos relevantes 141 Fonte: www.youtube.com.br/Agosto/2011e da didática e do planejamento escolar, ao rela- cionar a ação do professor com o planejamento, elementos importantes da ação educativa. O planejamento de cada atividade, área de estudo ou disciplina, como foi visto, com- preende: plano de curso, plano de unidade e plano de aula. Podemos dizer que os objetivos do pla- nejamento de ensino são: • Precisar as metas que se deseja alcançar. • Dar visão global e detalhada do ensino a ser levado a feito • Conduzir o educando mais seguramente para 142 os objetivos almejados. • Prever experiências de aprendizagem a partir das experiências anteriores do educando. • Racionalizar as atividades docentes e discentes em função dos objetivos almejados e do tempo disponível. • Facilitar a distribuição do conteúdo a ser estu- dado pelo tempo disponível. • Propor trabalhos adequados ao tempo disponível. • Ajustar o ensino às reais possibilidades do educando. • Dispensar mais atenção aos aspectos essen- ciais do conteúdo e da formação do educando. • Propiciar sequências progressivas de aprendiza- gem, distribuídas em função do tempo disponível. • Evitar perdas de tempo com aspectos secun- dários do conteúdo. • Possibilitar o acompanhamento mais eficiente dos estudos do educando. • Possibilitar recrutamento de recursos didáti- cos indispensáveis ao ensino, em tempo hábil. • Promover reajuste no planejamento, sempre que se fizerem necessários. • Promover, sempre que possível integração dos diversos setores de estudo com a comuni- dade e a realidade hodierna 143 • Revelar respeito pelo educando. (LIBÂNEO, 1997). O planejamento de ensino apresenta al- gumas fases que se afiguram fundamentais, para o bom desenvolvimento dos trabalhos, que po- dem ser esquematizadas de seguinte maneira: - PLANO DE CURSO É interessante estudarmos inclusive o con- ceito de cada elemento para que fique bem claro sua função no contexto de trabalho do professor. Plano de curso é a previsão de todas as ati- vidades escolares em uma área de estudo ou dis- ciplina, durante o período letivo, correspondente a uma série. Uma disciplina, de modo geral, pode ser semestral, anual ou mesmo de outra duração, incluindo sua dependência com série anterior ou posterior em que figure a mesma atividade, área de estudo ou disciplina e sua coordenação com outras atividades, áreas de estudo ou disciplinas, tendo em vista torna o ensino mais global, orgânico, efi- ciente e com sentido de continuidade. (VASCON- CELLOS, 2000). Em outra palavras, plano de curso é a pre- visão de todas as atividades e elementos necessários 144 ao desenvolvimento de uma disciplina, visando a uma finalidade parcial ou total, com referência a um currículo de que a mesma faça parte. A finalidade será parcial quando a discipli- na em foco figurar em maisde uma série do currí- culo e o seu planejamento se referir às séries ante- riores à ultima em que figure a referida disciplina. A finalidade será total se a disciplina consi- derada figurar somente em uma série do currículo ou se estiver sendo considerada a última série em que a mesma figure no referido currículo. Assim, plano de curso é uma previsão e uma reflexão sobre o que melhor se possa fazer quando ao ensino de uma atividade,área de estudo ou disciplina durante o período ou período letivo em que ela for lecionada. O plano de curso, para bem ser estrutu- rado, precisa levar em conta alguns elementos. São pontos fundamentais e que possibilitarão o planejamento. Assim apresentamos os princi- pais elementos: • Objetivos educacionais das atividades, área • Horas disponíveis, durante todo o período em que atividade, área de estudo ou disciplina for lecionada • Condições peculiares do meio social, cultural 145 e econômico. • Possibilidades da escola em salas, material di- dático e recurso econômicos. • Condições de maturidade e conhecimento da classe. • Se a atividade, área de estudo ou disciplina for seriada, levarem conta o que foi realizada no pe- ríodo letivo anterior e o que se pretende realizar no período seguinte ao presente. • Programa mínino a ser desenvolvido, que re- presenta o conteúdo julgado necessário para serem alcançados os objetivos previstos. Os te- mas ou unidades que vão formar o programa podem ser selecionados tendo em vista: a) os objetivos a serem alcançados; b) aspectos fundamentais teóricos e práticos do conteúdo; c) sua atualidade; d) sua funcionalidade; e) seu valor social; f) sua seqüência, continuidade e organicidade; g) interesses revelados pelos educandos; h) sua verticalidade, isto é, sua organização em unidades, de maneira que uma seqüência facilite a apreensão da seguinte; i) sua horizontalidade, isto é, a possibilidade de 146 articulação de cada seqüência da unidade com outros campos do conhecimento. j) Motivação do curso e vivências; indicadas para o início dos trabalhos a fim que possam provocar o interesse dos educandos, partindo, sempre que possível , das realidade comunitá- rias relacionadas com o conteúdo a lecionar. k) Métodos e técnicas de ensino julgadas mais eficientes para se alcançar os objetivos previstos e mais adaptáveis ao conteúdo a estudar. l) Material didático necessário, com levanta- mento do disponível e o que tem de ser pro- videnciado m) Atividade extraclasse que possam ser leva- das a efeito; n) Trabalhos a realizar no decorrer do período letivo; o) Processo de verificação e avaliação de apren- dizagem que mais se ajustem para o controle da aprendizagem; p) Bibliografia e informações. Levantamento bibliográfico mínimo e fundamental, indicando um ou dois livros básicos, que deverão ser estu- dados a fundo. Indicar obras, para compra por parte dos educandos e que se estude e investi- gue ou se ponham em prática os conhecimentos 147 referentes á atividade, área de estudo ou disci- plina. Bibliografia de consulta do professor. (LIBÂNEO, 1997). Também pode ser elaborado um cro- nograma referente às unidades do programa, distribuídas bimensalmente, para que ocorra a efetivação de forma cada vez mais objetiva do plano de curso. - PLANO DE UNIDADE O plano de unidade pode representar uma forma de organização de programa, articu- lada a uma técnica de ensino, como é o caso das unidades didáticas, como pode representar tão somente, a maneira de organizar o programa de uma disciplina, independentemente do método de ensino a ser empregado. Esta segunda concepção diz que os programas de uma disciplina ou áreas de ensino devem ser organizados em partes significativas, chamadas unidades. As unidades são, assim, ``todos’’ não 148 muito extensos nem muito curtos e portadores de uma estrutura íntima que os torna compre- ensíveis e significativos. As unidades não são mais do que unidades de aprendizagem, isto é, conjuntos de fatos, dados aos comportamen- tos inter-relacionados, formando um conjunto mais facilmente apreensível, devido à sua com- preensividade e significação, o que facilita de muito a aprendizagem. A unidade, assim evita que o educando apreenda dados esparsos e que só com muito esforço poderiam ser apreendi- dos como um todo. Vasconcellos (2000) define unida- de como um amplo e significativo aspecto do meio, de uma ciência, de uma arte ou da con- duta que, ao ser apreendido, dá como resultado uma adaptação de personalidade. Assim, unida- de é uma porção significativa de uma atividade, área de estudo ou disciplina com inicio, desen- volvimento e desfecho e que faz parte de um todo maior que é o programa. O planejamento de uma unidade deve ser mais objetivo ou preciso do que o plano de curso, porque está mais próximo da sua execu- ção, da sua efetivação através ensino. As uni- dades devem ir sendo desenvolvidas durante o 149 transcurso do ano letivo e segundo os resulta- dos alcançados nas unidades anteriores. Elabo- ra-se a primeira unidade para funcionar como ``unidade-piloto´. - PLANO DE AULA A função de um plano de aula é de um instrumento no qual o professor descreve de forma detalhada as atividades que pretende executar na sala de aula. Sintetizando, podemos dizer que o plano de aula é uma previsão de tudo o que será ministrado aos alunos em um período determinado. Libâneo (1997) e Parra (1983) apontam a seguinte estrutura para o Plano de Aula: O Planejamento de Aula prevê os objetivos imediatos a serem alcançados (conhecimentos, habilidades, atitudes); • especifica os itens e subitens do conteúdo que serão trabalhados durante a aula; • define os procedimentos de ensino e organiza as atividades de aprendizagem de seus alunos (individuais e em grupo); 150 • indica os recursos (cartazes, mapas, jornais, li- vros objetos variados) que vão ser usados durante a aula para despertar o interesse, facilitar a com- preensão e estimular a participação dos alunos; • estabelece como será feita a avaliação das ati- vidades. (PARRA, 1983, p. 71). Podemos caracterizar uma plano de aula pela descrição específica de tudo que o profes- sor pretende realizar em sala de aula e um pe- ríodo específico. Assim, na sua elaboração um Plano de Aula basicamente deve conter os se- guintes itens: • Dados de identificação do professor e da escola; • Os objetivos a serem alcançados com as aulas que serão ministradas; • Conteúdo que será ministrado em cada aula, o qual deve seguir uma linha cronológica do pro- cesso de aprendizagem; • Os procedimentos utilizados para aprendiza- gem dos alunos, ou seja, são as fases da apren- dizagem; • Os recursos que serão utilizados para alcançar os objetivos; • E, por último, as metodologias de avaliação, ou 151 seja, as técnicas avaliativas que o professor uti- lizará para avaliar o aprendizado do educando. (LIBÂNEO, 1997). Vejamos uma matéria da Revista Nova Escola sobre Plano de Aula, que traz de forma mais detalhada alguns aspectos do Plano de Aula: PLANO DE AULA O Plano de aula é como uma bússola para dirigir as ações do professor na tarefa de ensino-aprendi- zagem, no seu dia-a-dia da sala de aula. Um plano de aula traz em seu bojo uma previsão bem-feita do que será realizado em clas- se, que melhora muito o aprendizado dos alunos e aprimora a sua prática pedagógica Mesmo para um professor experiente, é impossível entrar em classe sem antes planejar a aula. É por isso que os profissionais que en- tendem bastante de didática insistem na idéia de planejamento como algo que requer horário, discussão, esquematização e certa formalidade. Agindo assim, tem-se uma garantia de que as aulas vão ganhar qualidade e eficiência. “O pro- fessor fica mais seguro e logo percebe a diferença 152 na aprendizagem e até na disciplina”, afirma Cecília Mate Hanna, da Faculdade de Educação da Universidadede São Paulo. O plano de aula é a previsão dos con- teúdos e atividades de uma ou de várias aulas que compõem uma unidade de estudo. Ele tra- ta também de assuntos aparentemente miúdos, como a apresentação da tarefa e o material que precisa estar à mão. “Esses detalhes fazem toda a diferença e garantem 90% do aprendizado dos alunos”, diz Patrícia Diaz, coordenadora pedagógica do programa Escola que Vale, do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo. O plano de aula deve estar perfeitamente correlacionado com o planejamento - a defini- ção do que vai ser ensinado num determinado período, de que modo isso ocorrerá e como será a avaliação. O planejamento, por sua vez, se baseia na proposta pedagógica, que determina a atuação da escola na comunidade: linha educa- cional, objetivos gerais etc. (leia reportagem so- bre o tema na edição 181, de abril). O plano de aula é um projeto sistemati- zado, que apresenta aquilo que se quer ensinar, a quem se quer ensinar e como ensinar: conteúdos, 153 objetivos, metodologia, avaliação e material em- pregado. Ele aponta uma seqüência de trabalhos. Esse encadeamento torna possível uma prática co- erente e homogênea, além de bem fundamentada. O tema, objetivo e avaliação devem ser definidos antes de partir para o plano de aula, é preciso dividir em etapas o planejamento de um determinado período (bimestre ou quadrimes- tre, por exemplo). Com uma idéia do todo, fica mais fácil preparar o plano conforme o tempo disponível. Não há modelos certos ou errados. Os planos de aula variam segundo as priorida- des do planejamento, os objetivos do professor e a resposta dos estudantes. Mesmo assim, é possível indicar os itens que provavelmente constarão de um plano de aula proveitoso. O primeiro tópico da lista deve ser o pró- prio assunto a ser tratado. Logo em seguida vêm os objetivos da atividade e que conteúdos serão desenvolvidos para alcançá-los. As possíveis in- tervenções do professor (como perguntas a fazer), o material que será utilizado e o tempo previsto para cada etapa são outros itens básicos. Há necessidade de se verificar a eficiên- cia da atividade. A única forma de fazer isso é avaliar o aluno. O critério de avaliação tam- 154 bém é flexível. “Avaliar apenas com base na expectativa definida lá no começo pode tornar o trabalho superficial”, adverte Patrícia. Da avaliação dependem os ajustes a serem feitos no processo. Eles são fundamentais para que a aula dê certo. “Ela não pode ser muito fácil nem muito difícil, mas um desafio real para o aluno.” O processo de planejar dá mais experi- ência para antecipar o que pode acontecer. Com base nisso, o professor se prepara para os possíveis caminhos que a atividade vai tomar. Não é dese- jável prever cada minuto da aula. Os planos vão se construindo a cada etapa, dependendo do que foi percebido na etapa anterior. Se o plano de aula não prevê tempo e espaço para os alunos se mani- festarem, a possibilidade de indisciplina é grande - e de aprendizado problemático também. “O pla- no de aula dá abertura para lidar com o imprevi- sível sem perder o pé”, diz Cecília Hanna. “É um fio condutor para onde sempre se volta.” O plano de aula deve visar a modifica- ção dos alunos através do aprendizado. Reser- vando um tempo depois da aula para refletir sobre o que foi feito, você tem oportunidade de rever sua prática pedagógica. Se o trabalho for 155 acompanhado por um orientador ou coordena- dor pedagógico, tem-se um dos melhores meios de formação em serviço. Portanto, o plano de aula é uma bússola para que você conduza da melhor forma seu dia-a-dia profissional. Veja um plano de aula colocado em prática “Entre as atividades do programa Escola que Vale (parceria entre o Cedac, a Companhia Vale do Rio Doce e prefeituras municipais) está a formação docente. Jacymere Chaves Barbosa, professora da 1a série da Unidade Escolar Anjo da Guarda, em São Luís, participou do progra- ma, que ensina, entre outras coisas, a criar um plano de aula. Com as colegas da mesma série, ela fez um plano para um projeto sobre contos de fadas. O objetivo era levar os alunos a escolher histórias para serem recontadas a crianças de uma classe de Educação Infantil. Na primeira aula, a professora propôs a atividade e selecionou livros com os alu- nos. Veja, a seguir, o plano da segunda aula. Objetivos das práticas de leitura: despertar interesse de ler e ouvir contos; promover a confiança dos es- tudantes como leitores; manipular os livros para 156 criar expectativas; e coordenar informações de texto e de ilustrações. Objetivos das práticas de escrita: listar títulos e per- sonagens e relacionar novas palavras às já co- nhecidas. Livros a utilizar: separar os que só contêm um con- to dos que reúnem vários e os que exigem maior e menor habilidade de leitura. Orientações didáticas e possíveis intervenções: no pri- meiro momento, os alunos lêem os títulos dos livros para identificar os que ainda não conhe- cem. A tarefa é feita com os estudantes sentados em roda, manipulando e trocando os livros colocados no centro. Depois, eles são organiza- dos em grupos de três, para trocar impressões e brincar com os livros. Caso as crianças fiquem atentas demais às ilustrações, peça que elas leiam o índice e elabore algumas questões. No segundo momento, faça um ditado dos títulos dos contos. A aula foi filmada e depois debatida com Jacymere e os demais professores da 1a série, que também aplicaram o plano. O grupo discutiu questões como: que recursos os alunos utilizaram para ler? Que intervenções ajudaram as crianças a avançar nos conhecimentos? Jacymere fez uma autocrítica. Notou que 157 poderia ter planejado melhor o uso do espaço da sala, que não foi muito funcional. Os professores perceberam ainda que não tinham pensado em adequar o desafio da atividade ao nível de al- fabetização de cada aluno. As conclusões foram levadas em conta nos planos das aulas seguintes. “Passei a planejar as tarefas com base no que o aluno já sabe para poder avançar”, diz Jacyme- re. (Revista Nova Escola/Abril/2009). 3.3. PLANEJAMENTO EDUCACIONAL Planejamento é um termo que as pessoas, em geral, estão bastante habituadas, pois o utili- zam constantemente em sua vida cotidiana. Pla- nejamos o melhor caminho de casa até o trabalho, o que vamos cozinhar para o almoço, aonde ir durante as férias etc. Enfim, planejar é uma ação constitutiva do ser humano. Planejamos sempre que há um problema a ser resolvido ou um objeti- vo a ser alcançado. O planejamento é efetivamen- te indispensável sempre que o acaso não atende às necessidades da vida em seus múltiplos aspectos e apresenta-se tão mais imperioso quanto mais 158 escasso sejam os recursos disponíveis ou quando mais complexos sejam os objetivos. Nesse aspecto, é importante ressaltar a diferença entre planejamentos de ações cotidia- nas da vida privada dos sujeitos e planejamen- tos de ações que envolvem interesses coletivos, como é o caso das políticas públicas, entre as quais está o planejamento educacional. O planejamento educacional refere-se ao trabalho didático-pedagógico realizado nos dife- rentes espaços organizados para a aprendizagem do conhecimento, do saber escolar: Aqui se encon- tra todas as diferentes formas de organização do planejamento, anual, mensal, diário, das disciplinas, aulas e atividades que compõem o currículo. Há três grandes momentos no processo de planejamento educacional, que incluem a rea- lização de planos, a execução das ações e a avalia- ção dos processos e resultados. Um planejamento exige o estabelecimento de um diagnóstico da re- alidade a que se destina a definição de princípios e diretrizes de ação, a fixação de metas e prazos para a sua realização, a execução das ações pre- vistas, o acompanhamento constante e a avaliação dos processos e dos resultados obtidos, a revisão periódica do próprio planejamento. 159 Nessaperspectiva, é possível compre- ender que o planejamento deve ser flexível e se adaptar à dinâmica da realidade concreta, a fim de garantir a observância dos princípios e obje- tivos estabelecidos para que os resultados sejam alcançados. Observamos, assim, a existência de duas dimensões nos processos de planejamento educacional: a técnico-científica e, a outra, políti- co-pedagógica, que se complementam e se apre- sentam como indissociáveis. A exigência de elaboração de planos não se resume a uma questão legal; é, sobretudo, so- cial e histórica, pois a democratização do ensino e a efetivação do direito de todos à educação não podem ser obtidas ao acaso. 3.3.1 A Função Supervisora do Peda- gogo e o Planejamento Escolar Mas, de que forma a ação supervisora des- se profissional pode contribuir para a elaboração, efetivação e avaliação do planejamento escolar? A escola desenvolve, segundo Libâneo (1991, p.221), três diferentes e inter-relacionadas modalidades de planejamento: o plano da escola, 160 o plano de ensino e o plano de aula. Se o plane- jamento é sempre uma ação intencional, cabe ao pedagogo trabalhar no sentido de buscar garantir a articulação entre esses planos. Tomando como ponto de partida o PPP da escola, é necessário que se organize coletiva- mente o plano desta, entendido como o plano de ação que define os objetivos, metas ações e prazos a serem perseguidos pela escola como um todo, num determinado período (por exem- plo: o ano letivo). O pedagogo, juntamente com a dire- ção da escola, é responsável por proporcionar os espaços em que a discussão sobre o plano da escola seja possível, envolvendo professores, funcionários, pais e alunos. Esse plano parte do diagnóstico de quais são os problemas e as ne- cessidades da instituição no sentido de buscar superá-las para garantir a efetivação do proces- so ensino-aprendizagem. Esse profissional pode contribuir para a elaboração do plano da escola por meio de determinadas ações como: levantar dados para o diagnóstico (dados sobre evasão, aprovação, repetência, estrutura física, recursos disponíveis e necessários, entre outros); subsidiar teoricamente o grupo no sentido da análise des- 161 ses dados; auxiliar na sistematização das ideias propostas para organizar o plano de ação; acom- panhar o desenvolvimento do plano de ação por meio da apreciação dos resultados do processo de ensino-aprendizagem, expondo os avanços e as dificuldades nesse processo e propondo redi- mensionamento quando estes forem necessários. Retomando a classificação de Libâneo (1991) a respeito das modalidades do planeja- mento escolar, trataremos agora sobre o plano de ensino e o plano de aula. Consideramos que o plano de ensino diz respeito à questão curricular ( a organização dos conteúdos, as estratégias e os processos avaliativos em cada área do conheci- mento) e o plano de aula, à organização diária do trabalho do professor visando o detalhamento do plano de ensino. As ações do pedagogo em relação ao pla- no de ensino e ao plano de aula devem subsidiar o professor, teórica e metodologicamente, na elaboração tanto de um planejamento em longo prazo (o que se quer atingir em termos de apren- dizagem num período determinado, seja anual, seja semestral, trimestral ou bimestral), quanto no plano de trabalho semanal e/ou diário. Essa ação é desenvolvida na hora-ativi- 162 dade e nas reuniões pedagógicas, espaços privi- legiados em que o pedagogo tem a possibilidade de discutir com os professores os conteúdos e encaminhamentos metodológicos das áreas do conhecimento trabalhados em cada etapa (série, ciclo, ano) do nível de ensino em questão. O trabalho realizado com os professores nesses espaços, visando à organização e à dis- cussão sobre o planejamento escolar, deve partir do diagnóstico da(s) turma(s) de alunos, suas di- ficuldades e avanços até aquele momento. Esse diagnóstico é importante para que o planejamen- to tome por base a realidade dos alunos e que, a partir dela, proponha encaminhamentos no sen- tido de propiciar a aprendizagem dos conteúdos em pauta. É necessário não perder de vista os objetivos do plano de ação da escola e as finali- dades do PPP. Para que a discussão e a elaboração do planejamento escolar ocorram, o pedagogo pode fazer uso das estratégias diversificadas como: se- leção de textos; troca de experiências entre os professores; seleção e organização de materiais (recursos pedagógicos) para o trabalho com os alunos; entre outros. No processo de planejamento escolar 163 há necessidade na atenção à escolha do material didático (apostilas, livros didáticos, jogos, coletâ- neas de textos, livros de literatura, entre outros). Para isso, três questões precisam ser observadas: 1. A coerência entre o material selecionado e a proposta curricular da escola. 2. A participação efetiva dos professores na es- colha dos materiais didáticos. 3. A orientação para a utilização correta e ade- quada do material selecionado. O papel do pedagogo, portanto é de apoio e subsídio ao trabalho do professor, acom- panhando tanto a elaboração do plano de ensino e do plano de aula, quanto o desenvolvimento do trabalho a ser realizado com os alunos. Nesse sentido, sua atuação junto aos professores não se restringe a supervisionar numa perspectiva de tutela, mas de contribuir para a autonomia inte- lectual destes. Desse modo, pedagogo e profes- sor tornam-se corresponsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem. Um não se sobrepõe ao outro, mas assumem funções diferentes e impor- tantes nesse processo. 164 3.3.2. A Função Supervisora do Pedagogo e a Avaliação Discutir o planejamento escolar em todas as suas dimensões implica também pensar o pa- pel do pedagogo em relação à avaliação escolar/ institucional (aquela que se refere à instituição como um todo) e à avaliação da aprendizagem. É preciso considerar que os resultados da apren- dizagem dos alunos expressam as dificuldades e sucessos no trabalho realizado pelos professores e pela escola como um todo. Lembramos que, segundo Luckesi (2006, p.28), A avaliação educacional, em geral, e a avaliação da aprendizagem escolar, em particular, são meios e não fins em si mesmas, estando sempre delimita- das pela teoria e pela prática que as circunstancia- lizam. Desse modo, entendemos que a avaliação não se dá por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica. Portanto, a avaliação só tem sentido na medida em que possibilite o redimensionamen- to da prática pedagógica, ou seja, deve permitir 165 a revisão dos encaminhamentos metodológicos definidos anteriormente, tendo em vista uma to- mada de decisão. A avaliação, nesse sentido, tem sempre um caráter diagnóstico e não é o ponto final de um processo. Não deve também ser clas- sificatória ou seletiva. No que diz respeito à avaliação, cabe ao pedagogo discutir com os professores a sua for- ma e o seu conteúdo, ou seja, os instrumentos e os critérios para realizá-la. Assim, entendendo-se a avaliação como uma forma de acompanhamen- to do processo de ensino-aprendizagem, é preciso que o pedagogo defina, junto com o professor, as produções de texto, entre outros. Também é im- portante discutir sobre a necessidade de estabele- cer critérios de avaliação. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (Brasil, 1997), “os critérios de avaliação têm um papel importante, pois explicitam as expectativas de aprendizagem, considerando objetivos e conteúdos propostos para a área do conhecimento, série ou ciclo”. É importante ressaltarmos que o papel do pedagogo, no que diz respeito à discussão sobre o conteúdo e às formas da avaliação da aprendizagem, ocorre durante todo o período letivo, envolvendo ações específicas em relação à 166 organização dos processos avaliativos e a análise dos resultados obtidos. A organização dos pro- cessos avaliativos ocorre no momento em que é realizado o planejamento do processode ensino como um todo. Portanto, é necessário pensar a avaliação vinculada à seleção dos conteúdos e dos encaminhamentos metodológicos, evitando- -se, assim, uma visão dicotômica entre e ensinar e o avaliar. Já a análise dos resultados obtidos por meio dos processos avaliativos pelo profes- sor deve ocorrer em momentos especialmente organizados para esse fim, mais especificamente, nos conselhos de classe. “O Conselho de Classe guarda em si a possibilidade de articular os di- versos segmentos da escola e tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o eixo central em torno do qual se desenvolve o processo de trabalho escolar” (Dalben, 1992, p.16). Importa destacar a necessária articulação entre a avaliação da aprendizagem e o processo de ensino. Os conselhos de classe fazem parte da rotina de todas as escolas, no entanto, há algum tempo existem questionamentos quanto à sua forma tradicional relacionada ao repasse dos re- sultados escolares (notas e comportamento dos alunos), sem que provoque real redimensiona- 167 mento do trabalho pedagógico da escola. Assim, na tentativa de superar esse quadro, indicamos, com base em Dalben (1992), a possibilidade de organização dos conselhos de classe com a par- ticipação dos pais e dos alunos, bem como da direção, dos pedagogos e dos professores. O conselho de classe participativo é compreendido como um espaço privilegiado de reflexão acerca da organização do trabalho pedagógico, capaz de impulsionar o redimen- sionamento da prática do professor e do traba- lho coletivo que se procura realizar na escola. Para tanto, durante os conselhos, deve-se evitar a prática de apenas “passar” o nome de cada aluno, mas os professores, junto com os alu- nos, podem apresentar e discutir com os pais os conteúdos que estão sendo trabalhado na es- cola, em cada uma das áreas do conhecimento, naquele determinado período (bimestre trimes- tre e outros). Os pais convidados a participar do conselho podem opinar sobre o trabalho realizado e dar sugestões, bem como discutir os encaminhamentos da escola. O conselho de classe, nessa perspectiva, e uma “reunião” com os pais e alunos na qual estes não são meros ouvintes, mas se constituem participantes do 168 processo de planejamento do ensino, das ações que serão encaminhadas pela escola para tentar resolver os problemas que está enfrentando (as dificuldades de ensino e de aprendizagem). A avaliação da aprendizagem será discuti- da também em conselhos de classe internos (que envolvem a participação apenas dos profissionais da escola),tendo o caráter de pré ou pós-conse- lho participativo e podendo se realizar nas pró- prias horas-atividade ou em reuniões pedagógicas. Como pré-conselho, tem a finalidade de levantar dados do processo avaliativo, ou seja, apontar os avanços e as dificuldades encontradas no período em análise. Esse levantamento inicial pode ser uti- lizado como referência para as discussões no con- selho participativo. Na condição de pós-conselho, esse momento tem como objetivo recompor a to- talidade das discussões realizadas durante o con- selho participativo com vistas a (re) encaminhar o trabalho pedagógico da escola. É o pedagogo, portanto, o responsável por organizar esses momentos de forma a cole- tar os dados sobre o processo avaliativo com os professores e sistematizar esses dados; subsidiar teoricamente a discussão e a análise dos dados; preparar os momentos do conselho de classe 169 participativo junto com os professores, definin- do o tempo, o espaço e as dinâmicas de discus- são. Esse trabalho deve resultar numa proposta, construída coletivamente, para o redimensiona- mento do próprio processo de ensino, visando à aprendizagem dos alunos. Dessa forma, a avaliação da aprendi- zagem deixa de ser entendida como o final do processo de ensino-aprendizagem e passa a ser como o final do processo de ensino-aprendiza- gem e passa a ser compreendida como elemen- to inerente ao próprio processo, referindo-se ao aprender e ao ensinar. Nessa direção, a avaliação da aprendizagem é parte de um processo mais amplo de avaliação escolar/institucional. Porém, de que maneira a avaliação da aprendizagem e a avaliação institucional estão relacionadas? Segundo Vasconcelos (2007, p.48) que: Para além da avaliação do aluno, é necessário, pois, avaliar também constantemente a prática pedagógica (além do próprio contexto em que ela se insere). Na verdade, a avaliação institucio- nal deve abarcar todas as dimensões da escola: Pedagógica, Comunitária e Administrativa. Devemos destacar que o caráter da avaliação ins- 170 titucional, assim como da aprendizagem, deve ser formativo, emancipa tório. De nada adianta aumentar o campo de incidência da avaliação, se não houver uma ruptura com sua intencionalida- de seletiva, punitiva. A avaliação institucional visa o pensar e o repensar, sistemático e rigorosos, encaminha- mentos da escola em suas dimensões pedagógi- ca, comunitária e administrativa que, de forma articulada, têm como finalidade a garantia da efe- tivação do processo de ensino-aprendizagem. Consideramos que realizar a avaliação institucional significa avaliar o próprio PPP, uma vez que esse documento expressa a direção do trabalho educativo a ser realizado na escola e norteia as ações a serem desenvolvidas pelos profissionais que nela atuam. “Considerando a avaliação dessa for- ma, é possível salientar dois pontos importan- tes. Primeiro, a avaliação é um ato dinâmico que qualifica e oferece subsídios ao projeto político- -pedagógico. Segundo, ela imprime uma direção às ações do educador e do educando”. (Veiga, 1998, p.32). 171 EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. “O planejamento na perspectiva do Princípio Prático está relacionado à tendência tradicional de educação”. Com base nesta afirmação e após todos os estudos já realizados comente sobre os resultados de um planejamento nesta perspectiva. 2. O texto apresenta algumas indagações que o professor precisa fazer para guiar o seu planeja- mento. Comente cada uma delas. 3. No texto são apresentados 3 (Três) tipos de Plano. Comente cada um deles. 4. “O Plano de aula é como uma bússola para dirigir as ações do professor na tarefa de ensino- -aprendizagem, no seu dia-a-dia da sala de aula”. Esta é uma afirmação de uma matéria da Revista Nova Escola. Esclareça. 5. Por que o Planejamento foi mudando ao lon- go do tempo? 6. O êxito da função escolar está identificado por 172 termos abstraídos da teoria administrativa – efi- ciência, eficácia, efetividade, pertinência e quali- dade. Como você compreende cada um destes termos? 7. Existiria, para você, alguma prevalência entre estas qualificações quando aplicadas à questão educacional? 173 Caro Aluno, Nesta quarta unidade, você verá as com- petências para ensinar, a questão disciplinar e a frequência dos alunos. Bons Estudos! As Competências para Ensinar UNIDADE IV 175 4. As Competências Para Ensinar Segundo Philippe Perrenoud (2000), os professores precisam de novas competências para atuar, de maneira que os objetivos da Edu- cação Corporativa sejam atingidos e as quatro aprendizagens essenciais para os profissionais do século XXI se realizam. Dez grandes famílias de competências foram escolhidas e desenvolvidas: 1) organizar e dirigir situações de aprendizagem; 2) adminis- trar a progressão das aprendizagens; 3) conce- ber e fazer com que os dispositivos de diferen- ciação evoluam; 4) envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho; 5) trabalhar em equipe; 6) participar da administração da es- cola; 7) informar e envolver os pais; 8) utilizar novas tecnologias; 9) enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão; 10) administrar a própria formação continua. 1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem - Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem; - Trabalhar a partir das representaçõesdos 176 alunos; - Trabalhar a partir dos erros e dos obstácu- los à aprendizagem; - Construir e planejar dispositivos e sequen- cias didáticas; - Envolver os alunos em atividades de pes- quisa, em projetos de conhecimento. 2. Administrar a progressão das aprendizagens - Conceber e administrar situações - problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos; - Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino; - Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem; - Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa; - Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão; - Rumo a ciclos de aprendizagem. 3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação - Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma; 177 - Abrir, ampliar a gestão de classe para um es- paço mais vasto; - Fornecer apoio integrado, trabalhar com alu- nos portadores de grandes dificuldades; - Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo; - Uma dupla construção. 4. Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho - Suscitar o desejo de aprender, explicitar a re- lação com o saber, o sentido do trabalho es- colar e desenvolver na criança a capacidade de autoavaliação; - Instituir um conselho de alunos e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos; - Oferecer atividades opcionais de formação; - Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno. 5. Trabalhar em equipe - Elaborar um projeto em equipe, representa- ções comuns; - Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reu- niões; - Formar e renovar uma equipe pedagógica; 178 - Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais; Administrar crises ou conflitos interpessoais. 6. Participar da administração da escola: - Elaborar, negociar um projeto da instituição; - Administrar os recursos da escola; - Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros; - Organizar e fazer evoluir, no âmbito da esco- la, a participação dos alunos; - Competências para trabalhar em ciclos de aprendizagem. 7. Informar e envolver os pais - Dirigir reuniões de informação e de debate; - Fazer entrevistas; - Envolver os pais na construção dos saberes. 8. Utilizar novas tecnologias - A informática na escola: uma disciplina como qualquer outra, um savoir-faire ou um simples meio de ensino?; - Utilizar editores de texto; - Explorar as potencialidades didáticas dos pro- gramas em relação aos objetivos do ensino; 179 - Comunicar-se à distância por meio da tele- mática; - Utilizar as ferramentas multimídia no ensino; - Competências fundamentadas em uma cul- tura tecnológica. 9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão -Prevenir a violência na escola e fora dela; - Lutar contra os preconceitos e as discrimina- ções sexuais, étnicas e sociais; - Participar da criação de regras de vida co- mum referentes à disciplina na escola, às san- ções e à apreciação da conduta; - Analisar a relação pedagógica, a autoridade e a comunicação em aula; - Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça; - Dilemas e competências. 10. Administrar sua própria formação continua - Saber explicitar as próprias práticas; - Estabelecer seu próprio balanço de compe- tências e seu programa pessoal de formação continua; - Negociar um projeto de formação comum 180 com os colegas (equipe, escola, rede); - Envolver-se em tarefas em escala de uma or- dem de ensino ou do sistema educativo; - Acolher a formação dos colegas e participar dela; - Ser agente do sistema de formação continua. Conclusão: A caminho de uma nova profissão? A Educação Corporativa deve estar li- gada a um plano de ascensão e ou de carreira e o profissional envolvido em processo educativo almejará melhores colocações e ou desafios que lhe possibilitem a utilização do conhecimen- to construído. Ela deve desenvolver as quatro aprendizagens essenciais para os profissionais do século XXI, segundo a UNESCO: a) Aprender a Conhecer – conciliar uma cultu- ra geral, ampla o suficiente, com a necessidade de aprofundamento em uma área específica de atuação, construindo as bases para se aprender ao longo de toda a vida; b) Aprender a Fazer – desenvolver a capacidade de enfrentar situações inusitadas que requerem, 181 na maioria das vezes, o trabalho coletivo em pe- quenas equipes ou em unidades organizacionais maiores; assumir iniciativa e responsabilidade em face das situações profissionais; c) Aprender a Conviver – perceber a crescente interdependência dos seres humanos, buscando conhecer o outro, sua história, tradição e cultu- ra e aceitando a diversidade humana. A realiza- ção de projetos comuns, a gestão inteligente e pacífica dos conflitos envolve a análise compar- tilhada de riscos e a ação conjunta em face dos desafios do futuro; d) Aprender a Ser – desenvolver a autonomia e a capacidade de julgar, bem como fortalecer a responsabilidade pelo autodesenvolvimento pessoal, profissional e social. Profissional e empresa devem falar a mesma linguagem, onde os cenários reais das organizações são discutidos em sala de aula po- dendo até corrigir deficiências em seu grupo de colaboradores, utilizando assim a Educação Corporativa como ferramenta de aprimora- mento e desenvolvimento de competências na implantação das estratégias. 182 4.1 A QUESTÃO DISCIPLINAR A ação de trabalho do pedagogo escolar é a questão da orientação disciplinar, ou seja, a atuação desse profissional nas questões conside- radas comportamentais, muitas vezes na escola tidas como problemas de “indisciplina”. Esse foi, por muito tempo, o foco da atuação do orienta- dor educacional, sendo este visto como “a solu- ção” para as questões de indisciplina na escola ou, então, questionadas por sua “incapacidade” em não resolvê-las. Todavia, procuraremos reto- mar essa questão em outro patamar de discussão, pois, em nosso entendimento, não basta discutir ou procurar enfrentar os problemas de “indis- ciplina” dos alunos, é preciso ir além e buscar entender o que é disciplina e de que forma ela se faz necessária no processo de ensino-aprendiza- gem e para o desenvolvimento integral do aluno. Para melhor entender o que é discipli- na e o que ela representa na escola, recorremos novamente às ideias do filósofo italiano Anto- nio Gramsci. De acordo com esse autor, a es- cola tem um papel importante no sentido de contribuir para que o aluno possa desenvolver sua autonomia moral e intelectual, colaborando 183 para a construção da sua autodisciplina. Por esse motivo, Gramsci ressalta a importância de certa orientação dogmática nos primeiros anos escola- res, pois esse autor é contra toda a forma de es- pontaneísmo”. O problema didático a resolver é o de temperar e fecundar a orientação dogmática que não pode deixar de existir nestes primeiros anos”(Gramsci,1991,p.122) Esse autor deixa claro que, no início da vida escolar, a criança precisa de certa dose de coerção e dogmatismo ou, melhor dizendo, de disciplina. No entanto, em Gramsci, a discipli- na vai além de uma visão meramente autoritária: superando o ensino tradicional, essa orientação dogmática deveria ser “temperada e fecunda”, no sentido de entender que apenas por esse ca- minho se chegará, mais tarde, à autodisciplina, atingindo uma fase de maturidade intelectual. A disciplina não pode ser imposta arbi- trariamente, mas as normas devem ser construí- das com a participação de todos os componentes da coletividade. As normas disciplinares não de- verão apenas ser aceitas passivamente, mas as- similadas lúcida e conscientemente em prol da ação a ser realizada. Numa perspectiva gramscia- na, a disciplina está relacionada ao conceito de 184 autonomia, que deve ser entendido como capa- cidade de autocontrole e de autodeterminação, fundamentos da vida social. A disciplinaé fator inerente à organiza- ção da escola como um todo. Com relação ao processo de ensino-aprendizagem, que envolve de forma específica a relação professor-aluno, é preciso entender que a participação ativa dos alu- nos nesse processo não significa falta de direcio- namento do professor, mas uma assimilação viva e atuante do conhecimento pelos alunos. Assim, o simples fato de o aluno obedecer às normas es- tabelecidas pela escola e pelo professor não pode ser entendido como disciplina. A disciplina não é estabelecida com medidas disciplinares, mas a partir da organização de todo o trabalho pedagó- gico, como o resultado do conjunto de determi- nações que atuam sobre o aluno. O pedagogo, ao se deparar com a ques- tão da (in)disciplina na escola, precisa suscitar a discussão coletiva, remetendo-se à necessária re- tomada dessa questão em relação às definições que constam no PPP dessa instituição. Portanto, mais do que discutir os problemas de indiscipli- na na escola como fatos isolados e individuais (seja em relação ao aluno indisciplinado, seja em 185 relação à turma indisciplinada),é necessário dis- cutir suas causas de forma mais ampla e relacio- nadas à própria organização do trabalho peda- gógico como um todo. É preciso evitar a busca por culpados ( o aluno, a família, o professor, o pedagogo), mas procurar soluções no coletivo da escola. Assim, a disciplina não é entendida ape- nas como pressuposto para que a aprendizagem ocorra, mas também como resultado do próprio processo de trabalho educativo. Ou seja, quando os alunos estão envolvidos e interessados naqui- lo que a escola está propondo, a disciplina pode vir a ser consequência do trabalho realizado. Indicações culturais: Escritores da Liberdade Direção: Richard Lagravenese , 2007. 122 min. Filme retrata o trabalho de uma professora em uma escola de periferia nos EUA. Trata sobre as dificuldades encontradas na realização do trabalho educativo em uma turma de jovens envolvidos com vários problemas sociais. 186 4.2 RECUPERAÇÃO PARALELA Sempre acontece de alguns alunos não alcançarem os objetivos propostos. Isso ocorre do planejamento e do esforço desenvolvido pelo professor e pelos próprios alunos. As causas disso podem ser a mais varia- das possíveis: falta de pré-requisitos, pouco in- teresse, método inadequado, problemas pessoais ou sociais, etc. Com essa defasagem o aluno não tem mais condições de acompanhar a programação regular. Por isso há a necessidade de atividades especiais para colocá-lo em condições de seguir regularmente o curso. Sendo a atividade acom- panhada por uma avaliação sistemática e contí- nua, será fácil detectar os problemas que forem surgindo, na medida em que se apresentarem. No momento em que o professor constatar a existência de deficiências em algum aluno ou num grupo, deverá imediatamente de recuperar as falhas, para que estes possam acompanhar normalmente as atividades seguintes. Nisto con- siste a recuperação preventiva. É uma espécie de retomada do processo, para pôr os estudantes defasados em condições de continuar os estudos 187 normalmente. Como realizar esse tipo de recuperação? As principais maneiras de realizá-la são as seguintes: • Intensificar mais atenção sobre os aspectos deficientes. • Promover tarefas e estudos individuais. • Organizar grupos específicos de estudo. • Incentivar os alunos que já realizaram a aprendizagem para que auxiliem os alunos que apresentam maiores dificuldades. Esta recuperação deverá constar no pla- nejamento, com períodos bem determinados e atividades programadas de acordo com as ne- cessidades dos alunos defasados. Não se trata de repetir simplesmente as aulas ou atividades ante- riores. Exige-se uma programação especial, com métodos diversificados e atendimento às dificul- dades características, apresentada pelos alunos. Em relação à Recuperação, o parecer 1132/97 afirma que ela é uma estratégia de inter- venção deliberada no processo educativo na es- cola, como uma nova oportunidade que leva os alunos ao desempenho esperado. Os estudos de recuperação de caráter obrigatório representam, 188 de fato uma nova oportunidade de aprendiza- gem, sendo pois, uma conseguência do processo de avaliação continuada. Ambos devem ocorrer concomitamente ao processo educativo para ga- rantir ao aluno a superação de dificuldades em seu percurso escolar. As estratégias de recuperação deverão ser modificadas conforme as necessidades dos educandos. 4.3. CLASSIFICAÇÃO Conforme parecer 1132/97, classificar significa posicionar o aluno em séries ou ciclos compatíveis com sua idade, experiência, nível de desempenho ou de conhecimento segundo o processo de avaliação definido pela escola. A classificação pode ser feita em qual- quer ano do ciclo exceto o primeiro do Ensino Fundamental, ela será feita por: • Promoção: Para alunos que cursaram com aproveitamento o ciclo / série anterior na pró- pria escola; 189 • Transferência: Para Candidatos procedentes de outras escolas situadas no país e no exterior, con- siderando os componentes curriculares da Base Nacional comum; • Avaliação: Independente de escolarização ante- rior, mediante classificação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou ano do ciclo adequado. A reclassificação significa reposicionar o aluno em série ou ciclo diferente daquele indica- do em seu histórico escolar. A decisão de reclassificação deve ser decorrente de manifestação de uma comissão presidida pelo Diretor da escola e que tenha re- presentantes docentes do curso no qual o aluno deverá ser classificado, bem como dos profissio- nais responsáveis pela coordenação / supervisão das atividades. Nesse sentido, a documentação que fun- damenta a classificação ou reclassificação de cada aluno em situação especial deverá ser arquivada na escola. Conforme foi citado, a Comissão Espe- 190 cial decidirá sobre avaliação. Classificação e reclassificação dos alunos em situação especial. Ela será convocada pelo Diretor sempre que se fizer necessário. 4.4. FREQUÊNCIA Como as escolas públicas e privadas podem lidar com a infrequência escolar, espe- cialmente quando alunos e docentes faltam às horas-aula ou têm baixa frequência aos dias letivos? Na jornada escolar, que entendimento devemos ter do período letivo? No presente ar- tigo, pretendo responder as duas questões aci- ma levantadas a partir das concepções sobre a frequência interpretadas à luz da Constituição Federal (1988) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), a Lei 9.394., promulgada em 1996. Comecemos, então, pelo artigo 206, da Constituição Federal (1988). Entre os diversos princípios enumerados no referido artigo, o pri- meiro refere-se à igualdade de condições para o acesso e permanência dos alunos na escola. Mais adiante, no artigo 208, o legislador, ao tratar 191 sobre o dever do Estado com a educação, de- termina que o mesmo será efetivado mediante várias garantias de acessibilidade à escola, esta- belecendo, como competência do Poder Público o recenseamento dos educandos no ensino fun- damental, e outras ações como a de fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola (§ 3º). Estas prescrições da Constituição Federal migraram, ipsis litteris, para a LDBEN. O conteúdo do § 3º do artigo 208 da Constituição Federal é reproduzido, em 1996, no artigo 5º da LDBEN. A Lei reafirma que cabe ao Poder Público zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola. Portanto, aqui o dispositivo é mais aplicável para diretores, coordenadores e professores das redes estaduais e municipais de ensino, enquanto agentes do po- der público e, como os estabelecimentos priva- dos de ensino seguem as orientações nacionais, o zelo pela frequência é uma tarefa também dos pais ou responsáveis. A infrenquência de professores e alunosaos estabelecimentos de ensino, aqui entendida como falta de frequência às horas-aula ou a bai- xa frequência aos dias letivos, fere, portanto, os 192 ditames legais da Constituição Federal e da sua legislação correlata, a LDBEN. No artigo 12, inciso VII, da LDBEN, cabe aos estabelecimentos de ensino informar aos pais, responsáveis ou, mesmo aos alunos, quando na maioridade, sobre sua freqüência e seu rendimento acadêmico, bem como sobre a execução da proposta pedagógica ou projeto pe- dagógico do estabelecimento de ensino. Ainda no referido artigo 12, inciso III, cabe as instituições assegurarem o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas. Como sabemos nos estabelecimentos de educação esco- lar, existem dias letivos e horas letivas ou horas- -aula, duas categorias importantes do chamado período letivo. Por hora-aula, devemos entender o espaço de tempo estipulado para o desenvol- vimento de uma aula, isto é o período em que o professor desempenha atividade docente com os alunos, em grupo ou individualmente. Em geral, a duração de cada Hora-aula é de 50 minutos. No âmbito da jornada escolar, o dia leti- vo pode ser tomado como em duas acepções: a primeira, como de trabalho escolar efetivo. Isto quer dizer, como prescreve a LDBEN, que o dia letivo não compreende aqueles reservados às 193 provas finais ou resultados de recuperação. Uma segunda acepção compreende que o dia letivo é aquele em que os alunos ocupam seu tempo em atividades relativas ao desenvolvimento do cur- rículo, na escola ou fora dela (visitas, excursões ou viagens, desde que devidamente planejadas). Assim, quando o professor vai à escola, mesmo não ministrando horas-aulas, está ministrando (observe que estou repetindo o verbo no gerún- dio) seus dias letivos. Quanto à frequência ou infrequência es- colar dos docentes, o que se deve entender, en- fim, nesse particular, é que a frequência no âm- bito escolar deve ser entendia como sinônimo de assiduidade, isto é, se efetiva, legalmente, quando o docente: 1) se faz presente constantemente no estabelecimento de ensino. 2) não falta às suas obrigações; e 3) se aplica, outrossim, quando o docente executa com tenacidade as suas tarefas acadêmicas (ensino, pesquisa, extensão, admi- nistração). Em substância, ser assíduo, ao pé da letra, como se pode sugerir da forma latina “as- sidùus”, é o docente estar sempre presente, em corpo e espírito no estabelecimento de ensino. O artigo 12, no seu inciso IV, diz que cabe às instituições de ensino a incumbência de 194 velar (aqui, o verbo significa “cuidados, proteção a; tratar de, interessar-se, dedicar-se, zelar, prote- ger”) pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente (PTD). Grifaria o pronome cada para dizer que é da incumbência do estabeleci- mento de ensino interessar-se e zelar pelo PTD de cada docente. Uma última palavra é a seguinte: é papel dos estabelecimentos de ensino, quanto à fre- quência dos docentes às aulas, tomar, sempre, como guia de acompanhamento profissional, o que prescreve a LDBEN, diretriz importante para o trabalho escolar. O artigo13, da LDB, diz, entre as incumbências dos docentes (a rigor, os professores com cargos públicos ou contratados segundo as normas trabalhistas da CLT) está a de ministrarem “dias letivos e horas-aulas esta- belecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, avaliação e ao desenvolvimento profissional”. A família é um dos três eixos de promo- ção do direito à Educação. Os pais são responsá- veis por matricular seus filhos nas instituições de ensino e garantir a permanência deles (artigo 55 do ECA). Inclusive, alguns programas públicos de distribuição de renda condicionam o benefí- 195 cio à frequência escolar dos jovens sob tutela dos pais, atestando a família como principal incenti- vadora dos estudos. O Estatuto prevê, entre as medidas que são aplicáveis aos pais ou responsáveis, a obriga- ção de matricular o filho em estabelecimento de ensino e acompanhar sua frequência e aproveita- mento escolar (artigo 129, inciso V do ECA). Evidente, portanto, que, além de uma atribuição do Estado – que tem o dever de fazê- -los zelar pela frequência escolar (artigo 54, pa- rágrafo 3º, ECA) –, a responsabilização pela ma- trícula e acompanhamento das crianças e jovens no ensino fundamental é compartilhada com a família (pais e responsáveis). EXERCÍCIOS PROPOSTOS 1. Os termos que definem a liberdade decisória (genérica) da escola brasileira, na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estão inicialmente ex- pressos nos princípios da educação nacional, dis- postos no seu Artigo 3º. Quais são estes termos?
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