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Estudo Dirigido Fisiologia Cardíaca

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Estudo Dirigido do Bloco de Fisiologia Cardiovascular
QUESTÃO 1 (1,0): 
Um pesquisador retirou de um coelho células ventriculares cardíacas. Ao estimular eletricamente estas células para disparar o potencial de ação, o pesquisador obteve o seguinte gráfico:
Com base no gráfico acima, responda:
a) Em relação à célula cardíaca, justifique o formato do potencial de ação, apresentando as fases do potencial, bem como os principais íons envolvidos em cada fase.
R: Trata-se do potencial de ação no músculo cardíaco, com resposta rápida onde ocorrem 5 fases:
Fase 0 = deflexão ascendente – aumento da condutância de Na+
Fase 1= repolarização inicial- fechamento dos canais de Na+ e corrente de efluxo de K+
Fase 2 = platô – aumento da condução de Ca++ e efluxo de K+
Fase 3 = repolarização – aumento da condutância de K+ e diminuição da condutância de Ca++.
Fase 4 = potencial de repouso – equilíbrio das correntes de influxo e efluxo dos íons.
b) Explique por que o potencial de repouso da membrana de qualquer célula é mais próximo do potencial de equilíbrio do potássio do que do potencial de equilíbrio do sódio.
R: Existem gradientes de concentração na membrana para Na+ e K+. Os íons se deslocam de acordo com seus gradientes através de canais, ocasionando uma separação de cargas que resulta no potencial de repouso.
A membrana é muito mais permeável ao K+ do que ao Na+, por isso o potencial de repouso é próximo ao potencial de equilíbrio do K+ (o potencial que seria gerado pelo K+), se ele fosse o único íon no sistema.
QUESTÃO 2 (1,0):
Descreva a sequência normal da condução elétrica cardíaca e cite qual é a estrutura presente nas células miocárdicas que permite a passagem de íons, auxiliando na propagação elétrica quase simultânea, fazendo do coração um “sincício”.
R: O estímulo elétrico para a contração do miocárdio se origina em um pequeno agrupamento de células especiais, localizado na junção da veia cava superior com o átrio direito, na região chamada seio venoso. Esse conjunto de células é o NÓDULO SINUSAL. As células do nódulo sinusal por meio das reações químicas no seu interior geram o impulso elétrico que se propaga pelos átrios e produz a contração do miocárdio atrial. O estímulo elétrico se propaga pelos átrios, em ondas e através de vias preferenciais chamadas vias internodais. O estímulo das vias internodais é captado em outro nódulo, localizado junto ao anel da válvula tricúspide, próximo ao orifício do seio coronário, chamado NÓDULO ATRIOVENTRICULAR, ou simplesmente nódulo A-V.
Deste nódulo A-V parte um curto feixe das células especiais, o feixe atrioventricular ou FEIXE DE HISS, que atravessa o esqueleto fibroso e se divide em dois ramos, direito e esquerdo. O ramo esquerdo, por sua vez se subdivide em outros dois feixes, um anterior e um posterior. Os feixes principais, direito e esquerdo, vão se ramificando, como uma árvore, no interior da massa miocárdica, constituindo um emaranhado de células condutoras, chamado REDE DE PURKINJE.
As células do nódulo sinusal, por mecanismos químicos, geram o próprio impulso elétrico, a intervalos regulares, o que garante a automaticidade e a ritmicidade da estimulação cardíaca. O estímulo gerado no nódulo sinusal se propaga pelos átrios e alcança o nódulo A-V e o feixe de Hiss, onde sofre um pequeno retardo. Do feixe de Hiss, o estímulo rapidamente alcança os feixes direito e esquerdo e as fibras terminais de Purkinje, que por sua vez estimulam o miocárdio ventricular. No adulto, o nódulo sinusal produz aproximadamente 80 impulsos elétricos por minuto, constituindo-se no marca-passo do próprio coração.
O nódulo sinusal, o nódulo atrioventricular e o feixe de Purkinje recebem terminações nervosas simpáticas e parassimpáticas. Quando há estimulação simpática, liberam-se as catecolaminas adrenalina e noradrenalina, que produzem aumento da frequência dos impulsos elétricos do nódulo sinusal. A estimulação parassimpática ou vagal se faz pela acetilcolina e tem o efeito oposto, reduzindo a frequência dos impulsos. Na eventualidade de secção das fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas cessa a influência nervosa sobre o coração, que, contudo, mantém a automaticidade e ritmicidade pelo nódulo sinusal.
Entre duas fibras musculares adjacentes existe uma membrana celular chamada disco intercalar. Em cada disco intercalar, as membranas celulares se fundem de modo a formar junções comunicantes permeáveis (gap junctions), que permitem a difusão quase totalmente livre dos íons. Como a resistência elétrica dos discos intercalares é pequena, os potenciais de ação se propagam facilmente de uma célula muscular cardíaca para a seguinte. Dessa forma, o miocárdio funciona como um sincício no qual as células estão interligadas de forma tal que, quando uma delas é excitada, o potencial de ação espalha-se para todas as outras, propagando-se de célula para célula pela treliça de interligações.
QUESTÃO 3 (1,0):
A eletrocardiografia representa um método não invasivo de registrar a atividade elétrica do coração na superfície do corpo. Correlacione as ondas que podem ser observadas, durante o registro de um indivíduo normal, com os fenômenos elétricos que elas representam.
R: 
· Onda P = despolarização dos átrios
· Complexo QRS: despolarização ventricular
· Onda T: repolarização ventricular
QUESTÃO 4 (1,0): 
Discuta a importância dos canais de Ca++ voltagem dependentes e do receptor de rianodina para a contração do músculo cardíaco. 
R: Durante o repouso celular (diástole), a distribuição de cálcio é totalmente desigual entre os meios intra e extracelular. O citoplasma tem quantidades insignificantes desse íon, que se encontra armazenado no Retículo Sarcoplasmático (RS). Sendo muito baixa a concentração intracelular de cálcio, a ligação miosina-actina é inibida, não havendo contração. O potencial de ação abre os canais lentos de cálcio, mas a quantidade que penetra é insuficiente para favorecer uma contração, não fosse a liberação do cálcio armazenado no RS, proporcionada pela denominada “liberação de cálcio induzida pelo cálcio”. Tal processo consiste no controle, por parte de cada canal de cálcio da membrana, de um grupo de micro estruturas localizadas na membrana do RS, denominadas “receptores de rianodina”. Os íons são interiorizados até essas estruturas, reagem com a rianodina e promovem a liberação de grandes quantidades de cálcio por parte do RS, propiciando a contração. Como a quantidade de cálcio liberada pelo RS é proporcional à quantidade de íon que penetra a cada potencial de ação, a força sistólica dependerá da quantidade de cálcio que penetra na membrana celular, bem como da quantidade de receptores de rianodina disponíveis e ativados, além da quantidade de cálcio existente no RS. A intensidade da contração miocárdica, portanto, varia na dependência da quantidade de cálcio que se liga à troponina e da quantidade de ATP que é hidrolisada a cada contração.
QUESTÃO 5 (1,5):
Considerando o ciclo cardíaco, responda falso (F) ou verdadeiro (V) para as afirmações abaixo e justifique as afirmativas falsas, corrigindo-as. 
a) (F) A despolarização atrial inicia-se durante a fase de enchimento rápido e lento dos ventrículos.
Ocorre somente na fase de enchimento rápido.
b) (F) O volume presente no ventrículo imediatamente antes à sístole ventricular é denominado volume sistólico final.
O volume sistólico final é o volume de sengue no fim da contração.
c) (F) Durante a fase de ejeção ventricular esquerda a válvula aórtica permanece fechada, impedindo o refluxo sanguíneo.
A válvula aórtica tem que permanecer aberta para o fluxo ejetado pelo ventrículo E seguir.
d) (V) Durante a fase de relaxamento ventricular isovolumétrico as válvulas atrioventriculares e semilunares permanecem fechadas.
e) (F) Durante a fase de contração ventricular isovolumétrica a pressão intraventricular diminui rapidamente.
Ocorre aumento da pressão.
QUESTÃO 6 (1,5):
	Conforme documento do Ministério da Saúde, através da Portaria 66, de 06 de maio de 1993, os hospitais que recebemautorização para credenciamento em Alta Complexidade Cardiovascular, devem manter em seus recursos humanos equipes multiprofissionais que, além de profissionais médicos, incluam enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos e fisioterapeutas.
Em uma situação hipotética, durante a leitura do prontuário do paciente, o fisioterapeuta observa que o paciente apresentou batimentos cardíacos aumentados (Taquicardia sinusal) e pressão arterial elevada. 
Responda: 
a) Qual sistema nervoso autonômico está mais ativado para justificar as observações descritas no prontuário?
R: Simpático.
b) O Débito Cardíaco está aumentado ou diminuído? Justifique sua resposta com base em pelo menos 2 parâmetros.
R: Diminuído, pelo aumento da frequência e pela resistência arterial aumentada.
QUESTÃO 7 (1,5) :
O diagrama pressão-volume abaixo mostra a curva de um indivíduo normal (linha cheia) e de um indivíduo com a pré-carga aumentada (linha tracejada).
a) Defina pré-carga.
R: Ao final da diástole os ventrículos possuem cerca de 80 a 150 ml de sangue, esse valor denomina-se Volume Diastólico Final (VDF), também conhecida como pré-carga cardíaca.
c) Quais as alterações provocadas pela pré-carga aumentada no diagrama pressão-volume? Discuta as alterações abordando os volumes sistólico e diastólico finais, débito sistólico e força de contração.
R: Ocorre devido à pré-carga aumentada um aumento de volume de sangue com consequente necessidade de aumento da pressão ventricular, desviando a curva em seu ponto inicial de aumento de volume e pressão. O volume sistólico final fica aumentado, consequentemente o diastólico diminui, levando a necessidade de maior força de contração com diminuição do débito sistólico.
QUESTÃO 8 (1,5) :
Considerando a regulação da pressão arterial, responda falso (F) ou verdadeiro (V) para as afirmações abaixo e justifique as afirmativas falsas, corrigindo-as. 
a) (F) Os barorreceptores arteriais respondem à distensão da parede dos vasos causada por variações da pressão, bem como à menor disponibilidade do O2.
Os barorreceptores são sensores de pressão, localizados nas paredes do seio carotídeo e do arco aórtico. Eles transmitem informações sobre a pressão arterial aos centros vasomotores cardiovasculares no tronco encefálico, sendo que os barorreceptores do seio carotídeo são reativos aos aumentos ou diminuições da pressão arterial, enquanto os barorreceptores do arco aórtico são principalmente sensíveis aos aumentos da pressão arterial. Eles funcionam como mecanorreceptores, que percebem a variação da pressão arterial por meio do estiramento.
b) (F) O aumento da pressão arterial induz estimulação do sistema nervoso autônomo simpático, através da ação dos barorreceptores.
O aumento da pressão arterial ativa o sistema nervoso parassimpático.
c) (F) A angiotensina I age nos rins promovendo menor diurese.
A angiotensina I tem pouca função fisiológica, porém sua conversão em Angiotensina II é fundamental para regulação da pressão arterial
d) (V) Uma das funções da angiotensina II é causar vasoconstrição periférica e induzir a liberação de aldosterona pela supra-renal, elevando a pressão arterial.
e) (F) O hormônio anti-diurético provoca a diminuição do débito cardíaco e aumento da resistência vascular periférica.
Provoca aumento do débito cardíaco.
O sistema renina-angiotensina-aldosterona trata-se de uma série de reações concebidas para ajudar a regular a pressão arterial.
Quando a pressão arterial cai (no caso da pressão sistólica, para 100 mm Hg ou menos), os rins liberam a enzima renina na corrente sanguínea. 
A renina se divide o angiotensinogênio, uma grande proteína que circula na corrente sanguínea, em partes. Uma parte é a angiotensina I.
A angiotensina I, que se mantém relativamente inativa, é dividida em partes pela enzima de conversão da angiotensina (ECA). Uma parte é a angiotensina II, um hormônio que é muito ativo.
A angiotensina II faz com que as paredes musculares das pequenas artérias (arteríolas) se contraiam, aumentando a pressão arterial. A angiotensina II também provoca a liberação do hormônio aldosterona pelas glândulas adrenais e da vasopressina (hormônio antidiurético) pela hipófise.
A aldosterona e a vasopressina fazem com que os rins retenham sódio (sal). A aldosterona também faz com que os rins excretem potássio. O aumento de sódio faz com que a água seja retida, aumentando, assim, o volume de sangue e a pressão arterial.

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