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ESTRANGEIRISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA Acadêmico: Sara Costa Sena Tutor Externo: Henrique Cignachi Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Letras Inglês (FLX0070) - Prática do Módulo III – 21/09/2018 RESUMO Com o processo de globalização e avanço tecnológico, é cada vez mais comum adotar-se palavras de outros idiomas, principalmente do Inglês, por esta ter se tornado uma língua global. Esse procedimento de incorporação de palavras é chamado de estrangeirismo, no qual pode haver aportuguesamento, quando a palavra estrangeira é modificada na forma escrita e/ou na pronúncia, respeitando as regras gramaticais da língua portuguesa, ou sem aportuguesamento, que é quando a palavra estrangeira integrada mantém sua grafia e/ou pronúncia. O estrangeirismo sofreu resistência por parte de alguns gramáticos tradicionais que apontam que poderia ser uma ameaça a soberania da língua portuguesa, ao ponto de tentar-se proibir o uso dessas palavras “intrusas” no nosso país. Mas a língua está em constante desenvolvimento e é inevitável que ela cresça, acrescentando novas palavras ou abandonando as que caem em desuso, como a própria língua inglesa que, por ser falada no mundo todo, tem seu vocabulário cada vez mais expandido por causa das diferentes culturas e contextos sociais dos falantes. Palavras – chave: Estrangeirismo; Língua Portuguesa; Aportuguesamento. 1 INTRODUÇÃO É cada vez mais popular o uso de palavras de outros idiomas na língua portuguesa. Essa é uma consequência natural do avanço tecnológico e do processo de globalização, que acabou por aproximar diferentes culturas pelo mundo contemporâneo. Segundo o dicionário Michaelis, estrangeirismo significa uma “palavra ou expressão estrangeira, ainda não integrada ao sistema linguístico receptor (gráfica, fonológica, morfologicamente) empregada com sua significação e/ou forma estrangeira em um texto vernáculo”. Este trabalho tem por objetivo analisar o uso de palavras estrangeiras na língua portuguesa, verificando sua necessidade e consequência no cotidiano das pessoas, bem como indicar o contexto do surgimento desses estrangeirismos. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 ESTRANGEIRISMO Segundo Melo (2017), “o estrangeirismo é o uso de uma palavra, um termo ou de uma expressão estrangeira que tenha ou não tradução”. Ela aponta ainda que: Este fenômeno linguístico é considerado em algumas gramáticas um método de composição de palavra, em outras é considerado uma figura de linguagem e há ainda aquelas gramáticas que são mais conservadoras, em que o estrangeirismo é considerado um vício de linguagem. Para que seja considerado um estrangeirismo é preciso que o termo ou expressão tenha valor estilístico para o texto e que a palavra estrangeira seja conhecida e utilizada na língua nativa. De Acordo com Araújo (2016): O estrangeirismo pode também ser chamado de peregrinismo ou de barbarismo. Alguns gramáticos mais tradicionais consideram todos os estrangeirismos como barbarismo, expressão que vem dos latinos (consideravam que todo estrangeiro era um bárbaro). Observamos então, que não são todas as pessoas que apoiam esta “adoção” de palavras e expressões de outros idiomas. Há quem acredite que essa prática pode “ameaçar a soberania da língua portuguesa, bem como empobrecer e dificultar a comunicação, função primordial da linguagem” (PEREZ, 2016). Em alguns casos mais extremos, tentou-se abolir os estrangeirismos do país. Perez (2016) ressalta um episódio que evidencia isso: Em 1999, o então deputado Aldo Rebelo criou um Projeto de Lei que propunha “a promoção, proteção, defesa e o uso da língua portuguesa”, cujo objetivo era abolir os empréstimos linguísticos e punir quem insistisse em conspurcar o português, essa última flor do Lácio, inculta e bela … Bom, o final dessa história quase cômica vocês já devem imaginar: o projeto não deu em nada graças ao bom senso de vários linguistas que, por meio de dois ou três argumentos fortes, conseguiram desmontar o absurdo proposto pelo deputado, que se achou no direito de legislar sobre o que não conhecia. Podemos destacar então que a língua é um organismo vivo e está constantemente sendo elaborada e expandida pelos falantes. Bagno (2002) salienta que a variação linguística “[…] sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em Língua Portuguesa está se falando de uma unidade que se constitui de muitas variedades”. 2.2 TIPOS DE ESTRANGEIRISMO O estrangeirismo possui duas categorias: 2.2.1 ESTRANGEIRISMO COM APORTUGUESAMENTO Nesta categoria, a grafia e a pronuncia da palavra são adaptados para o português. Ormaneze e Leite (2017) indicam que: Antigamente, escrevia-se “abat-jour”, termo do francês. Hoje se escreve “abajur”. Da mesma forma, “pic-nic” virou “piquenique”. Com “whisky”, o processo de aportuguesamento transformou o verbete em “uísque” e “stress” virou “estresse”. Quando acontece esse processo, as palavras são submetidas às regras ortográficas vigentes na língua portuguesa, inclusive com a busca de equivalentes do ponto de vista fonético. Este processo de aportuguesamento gráfico e fonológico é feito, principalmente, pela Academia Brasileira de Letras. 2.2.2 ESTRANGEIRISMO SEM APORTUGUESAMENTO Nesta categoria, mantém-se a forma original da palavra, como por exemplo a palavra “feedback”. Neste caso, o termo estrangeiro é mais utilizado do que seu equivalente em português. Ormaneze e Leite (2017) apontam que “a utilização do termo em português [retroalimentação] soaria artificial e dificultaria a compreensão da mensagem por boa parte das pessoas”. 2.3 EXEMPLOS DE ESTRANGEIRISMO Muitas palavras de origem inglesa foram inseridas em nosso vocabulário e, por consequência, sofreram aportuguesamento. Alguns exemplos são: Bife – Beef Blecaute – Blackout Boxe – Boxing Coquetel – Cocktail Esporte – Sport Estresse – Stress Folclore – Folklore Motobói – Motoboy Náilon – Nylon Nocaute – Knockout Mas não foi só da língua inglesa que adotamos palavras, como salienta Perez (2016): Se hoje em dia o inglês é quem mais nos empresta palavras, no início só século XX, po exemplo, o francês era quem dava as cartas por aqui. Algumas palavras desse idioma o tempo levou de nosso vocabulário, enquanto outras foram tão bem recebidas e assimiladas que fica difícil acreditar que não são nossas. Alguns exemplos de palavras francesas assumidas na língua portuguesa são: Bege – Beige Bijuteria – Bijouterie Carrossel – Carrousel Comitê – Comité Creme – Crème Decolagem – Décollage Guichê – Guichet Maiô – Maillot Maquiagem – Maquillage Omelete – Omelette Purê – Purée 2.4 INGLÊS COMO LÍNGUA GLOBAL Com os crescentes avanços tecnológicos e a chegada da internet, as fronteiras mundiais foram se estreitando e precisou-se encontrar um modo eficiente de comunicação entre falantes de diferentes idiomas. Foi então que o inglês se tornou uma língua mundialmente falada, aumentando o uso de palavras de origem inglesa em outros idiomas. Crystal (2000) aponta que em torno de 1,5 bilhão de pessoas no mundo falam inglês como primeira ou segunda ou como língua estrangeira. Com isso também surgiram várias nuances do inglês. Cada país traz elementos da sua própria cultura no aprendizado do idioma, aumentando o vocabulário e muitas vezes modificando o significado de algumas palavras. Mesmo assim, ainda percebemos uma resistência dos falantes de inglês como língua materna em aceitar ou entender a existência dessas variações. Uma boa parte tende a “torcer o nariz” quando ouve uma palavra com a pronúncia diferente da sua, um fato completamente natural quando integra-se uma palavra estrangeira em um diferente vocabulário. Crystal (2000) alega que: Um ponto frequentemente esquecido, principalmente porfalantes de inglês monolíngues, é o de que a língua que se tornou falada por tantas pessoas deixa de ser propriedade exclusiva de qualquer uma se suas comunidades constituintes. Ninguém, atualmente, possui o inglês – nem os britânicos, com os quais a língua começou há 1500 anos, nem os americanos que possuem atualmente a maior comunidade falante de inglês como língua materna. Todos têm uma parte no futuro do inglês, sejam estes falantes de inglês como primeira ou segunda língua, ou como língua estrangeira. 3 MATERIAIS E MÉTODOS O método utilizado foi de pesquisa documental. Foram feitas buscas de artigos que tratassem sobre o tema escolhido, comparando-os entre si e destacando as partes mais relevantes. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Com base no exposto, foi possível concluir que a linguagem é um organismo vivo, sendo impossível que permaneça estática com o passar do tempo. O vocabulário irá se expandir conforme novos termos sejam criados e diferentes culturas sejam incluídas, enquanto que algumas palavras e expressões entrarão em desuso. Por isso, é equivocado e até ultrapassado dizermos que a língua portuguesa deixaria de ter sua importância por causa dos estrangeirismos adotados por seus falantes. Eles contribuem para as atividades discursivas e, quando devidamente utilizados e sem exagero, não se tornam obstáculo na comunicação. A língua inglesa se tornou mundial, em razão disso, tornou-se indispensável o aprendizado do idioma para a comunicação internacional. Portanto, é natural que, quanto mais familiaridade com o idioma estrangeiro, mais palavras do mesmo sejam usadas no cotidiano. O importante é não utilizá-las em demasia, quando não houver necessidade, o que acabaria por dificultar a comunicação. No fim, o que precisamos ter é apenas bom senso e equilíbrio ao utilizar estrangeirismos. REFERÊNCIAS Dicionário brasileiro da língua portuguesa. Michaelis. Disponível em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/estrangeirismo/>. Acesso em: 25 set. 2018. ORMANEZE, Fabiano; LEITE, Rosângela Curvo. De bem com o estrangeirismo. Disponível em: <http://escreverbem.com.br/de-bem-com-o-estrangeirismo/>. Acesso em: 25 set. 2018. Estrangeirismos na Língua Portuguesa. Só Português. Virtuous Tecnologia da Informação, 2007- 2018. Disponível em: <https://www.soportugues.com.br/secoes/estrangeirismos/>. Acesso em: 26 set. 2018. PEREZ, Luana Castro Alves. Tudo que você precisa saber sobre: estrangeirismo. Disponível em: <https://portugues.uol.com.br/gramatica/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-estrangeirismo.html>. Acesso em: 26 set. 2018. ARAÚJO, Ana Paula de. Estrangeirismo. Disponível em: <https://www.infoescola.com/linguistica/estrangeirismo/>. Acesso em: 26 set. 2018. MELO, Priscila. O estrangeirismo. Disponível em: <https://www.estudokids.com.br/o- estrangeirismo/>. Acesso em: 29 set. 2018. Estrangeirismo. Toda Matéria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/estrangeirismo/>. Acesso em: 29 set. 2018. SANTOS, Shirley Aparecida Nunes; BOMFIM, Fernanda Rocha; SOUZA, Renata Herwig de Moraes. A influência do estrangeirismo no cotidiano da língua portuguesa. Disponível em: <http://www.anais.ueg.br/index.php/enfople/article/view/8068/5807>. Acesso em: 01 out. 2018. http://www.anais.ueg.br/index.php/enfople/article/view/8068/5807 https://www.todamateria.com.br/estrangeirismo/ https://www.estudokids.com.br/o-estrangeirismo/ https://www.estudokids.com.br/o-estrangeirismo/ https://www.infoescola.com/linguistica/estrangeirismo/ https://portugues.uol.com.br/gramatica/tudo-que-voce-precisa-saber-sobre-estrangeirismo.html https://www.soportugues.com.br/secoes/estrangeirismos/ http://escreverbem.com.br/de-bem-com-o-estrangeirismo/ https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/estrangeirismo/
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