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DIREITO ADMINISTRATIVO I

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DIREITO ADMINISTRATIVO I
UNIDADE 1 – ESTADO E ADMINISTRAÇÃO
· Estado:
· Conceito “núcleo social politicamente organizado e ordenado, com um poder soberano, exercido em um território, com um povo, para o cumprimento de finalidades específicas” (Dirley da Cunha Júnior); 
· Elementos: povo + território + governo;
· Personalidade jurídica pessoa jurídica de direito público, ainda que atue em atividade privada, ou seja, não se sujeita à teoria da dupla personalidade;
· Estado de Direito baseia-se na tripartição dos poderes e na submissão da administração pública ao ordenamento jurídico vigente, assim como os cidadãos;
· Função do Estado: exercer atividades em nome e interesse do povo;
· Divisão dos poderes do Estado:
	PODER
	FUNÇÃO TÍPICA
	FUNÇÃO ATÍPICA
	Executivo
	Administrativa
	1. Legislativa (ex: medidas provisórias, decreto executivo, etc)
2. Jurisdicional (ex: processos administrativos, etc)
	Legislativo
	Legislativa
	1. Administrativa (ex: contratação, etc)
2. Jurisdicional (ex: impeachment, etc)
	Judiciário
	Jurisdicional
	1. Administrativa (ex: gestão, etc)
2. Legislativa (ex: regimentos internos, etc)
OBS.: para alguns doutrinadores, existe uma quarta função (função política ou de governo) que abrange os atos que não se encaixam em nenhuma das outras três funções.
CUIDAR FUNÇÃO POLÍTICA (atos que versam sobre gestão superior da vida estatal) ≠ FUNÇÃO ADMINISTRATIVA (atos que versam sobre a gestão dos interesses da coletividade).
· Governo (elemento formador do Estado): 
a) Sentido subjetivo cúpula diretiva do Estado, responsável pela condução das atividades estatais;
b) Sentido objetivo atividade diretiva do Estado;
· Administração:
a) Sentido subjetivo é a estrutura física que compõe a pessoa jurídica (bens, agentes, etc);
b) Sentido objetivo é a atividade administrativa 
OBS.: a responsabilidade do Estado é objetiva, mas a da administração não porque esta não tem personalidade jurídica. 
· Administração Pública: 
a) Sentido subjetivo é o conjunto de órgãos e agentes estatais no exercício da função administrativa, independente do poder a que pertencem;
b) Sentido objetivo atividade administrativa exercida pelo Estado;
· DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Surgimento século XVIII + influência do direito francês;
2. Critérios para definição de um conceito:
a) Legalista/exegético – normas que regem a Administração Pública;
b) Serviço Público – disciplina que rege a instituição, organização e prestação de serviços públicos (toda atuação estatal);
c) Poder Executivo – normas que regulam a atuação do poder Executivo;
d) Relações Jurídicas – regula as relações jurídicas entre administração pública e particulares;
e) Teleológico – sistema de princípios jurídicos que regula as atividades do Estado para cumprimento de seus fins;
f) Residual/negativo – estudo de toda atividade que não for legislativa ou jurisdicional;
g) Da distinção da atividade jurídica e social do Estado – ramo jurídico que estuda e analisa as normas regentes da função administrativa;
h) Da Administração Pública – conjunto de princípios que regem a atividade administrativa, seja exercida pelo Judiciário, Executivo ou Legislativo, que tende a realizar de forma concreta, direta e imediata os fins desejados pelo Estado.
· Concreta a ação possui destinatário determinado e o atinge diretamente;
· Direta ação que independe de provocação;
· Imediata é a ação de natureza jurídica do Estado;
3. Sistemas de controle da atuação administrativa:
a) Contencioso administrativo (sistema francês/dual) – os atos administrativos são revisados pela própria administração e, excepcionalmente, pelo Poder Judiciário;
b) Jurisdição única (sistema inglês) – quem decide em última instância é o Poder Judiciário (coisa julgada material).
OBS.: quando não tomadas pelo Poder Judiciário, não produzem coisa julgada.
4. Característica principal desigualdade jurídica (a administração pública se encontra em posição superior ao particular);
5. Fontes:
a) Primárias leis;
b) Secundárias jurisprudência, doutrina, costumes e princípios gerais do direito;
UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
PRINCÍPIOS GERAIS:
· Supremacia do interesse público sobre o privado – todas as condutas estatais têm como finalidade a satisfação das necessidades coletivas;
· Indisponibilidade do interesse público – o agente estatal não pode deixar de atuar quando a necessidade coletiva exigir, uma vez que suas atividades são necessárias à satisfação do interesse do povo;
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS:
· Legalidade – a administração pública somente pode ser exercida conforme a lei, ou seja, só poderá fazer aquilo que a lei autoriza;
· Impessoalidade – a administração pública deve zelar pelo interesse público + os atos são imputados à entidade a que se vincula o agente público e não a ele pessoalmente;
· Moralidade – preservação da ética e da moral em todas as ações da administração pública;
· Publicidade – priorização da transparência e da prestação de contas, conforme determina a lei, em praticamente todas as ações que envolvem os recursos públicos (as exceções devem estar previstas em lei);
· Eficiência – preza pela execução dos serviços públicos com qualidade e bom uso do orçamento;
UNIDADE 3 – OS “DEVERES”-PODERES ADMINISTRATIVOS (guardar a sigla HIPODI DIVINO) 
INTRODUÇÃO 
· Poderes administrativos ≠ poderes políticos;
· Poderes políticos = executivo, legislativo, judiciário;
· Poderes administrativos = instrumentos utilizados pela administração pública (poder executivo) cumpra suas finalidades;
CARACTERÍSTICAS
· São poderes instrumentais instrumento para atingir determinado fim;
· Irrenunciabilidade/obrigatoriedade os poderes são exercidos em prol do interesse público, ou seja, se a administração pública não agir, será responsabilizada;
PODER HIERÁRQUICO
· Conceito: poder conferido à administração pública para organizar a sua estrutura, distribuir, escalonar as funções de seus órgãos e rever a atuação de seus agentes;
· Relacionada à estrutura da administração pública;
PODER DE POLÍCIA 
· Conceito: poder conferido à administração pública para condicionar, restringir ou frenar o exercício de direitos e atividades de particulares em nome do interesse público.
· Princípio que legitima o poder de polícia supremacia do interesse público sobre o interesse particular.
· Pode ser aplicado através de atos:
a) Gerais sem destinatário específico. Ex: proibição da venda de bebidas para menores de idade;
b) Específicos com destinatário específico. Ex: autuação de estabelecimento que vendeu bebida para menor de idade;
· Possui as mesmas características gerais de qualquer ato administrativo:
a) Presunção de legitimidade;
b) Autoexecutoriedade exceção: multa de trânsito (só poderá ser cobrado via judiciário, caso o motorista não pague voluntariamente);
c) Imperatividade/ coercibilidade/ exigibilidade;
d) Discricionariedade;
· CUIDAR polícia administrativa ≠ polícia judiciária/militar;
· O poder de polícia é exercido nos 3 poderes regra: atuação preventiva;
PODER DISCIPLINAR 
· Conceito: poder conferido à administração pública para impor penalidades aos seus servidores e particulares que possuem vínculo jurídico com ela, em razão da prática de infrações funcionais;
· CUIDAR exercício do poder disciplinar é feito, na maior parte, através de ato vinculado porque só poderão ser aplicadas sanções expressas em lei, mas possui parcela de ato discricionário, uma vez que necessita de juízo de valor (conveniência) de quem o aplica; 
PODER DISCRICIONÁRIO 
· Conceito: poder conferido à administração pública para, nos limites da previsão legal, mas com certa liberdade, adotar, no caso concreto, a solução mais adequada para satisfazer o interesse público.
· Pautado na análise da oportunidade e conveniência Ex: concessão de porte de arma;
· É aplicação direta do princípio da legalidade;
PODER VINCULADO 
· Conceito: poder conferido à administração pública para aplicar a norma quando identificar a ocorrência de fato gerador.
· CUIDAR não há margem para análise subjetiva. Ex: concessãode aposentadoria.
PODER NORMATIVO/REGULAMENTAR 
· Conceito: poder conferido à administração pública para complementar leis e possibilitar sua efetiva aplicação. 
· Exercido através de decreto:
a) Decreto de execução (art. 84 IV CF/88) define procedimentos para aplicação da lei;
b) Decreto autônomo (art. 84 VI CF/88) supre situações não disciplinadas em lei; 
UNIDADE 4 – A ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E A DESCENTRALIZAÇÃO DA ATIVIDADE ADMINISTRIVA 
INTRODUÇÃO
· Administração pública:
a) Sentido objetivo = ações que compõem a atividade administrativa que é a finalidade do Estado;
b) Sentido subjetivo = conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que executam a atividade administrativa OBJETO DE ESTUDO DA ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL.
· A atividade administrativa pode ser exercida de duas formas:
a) Centralizada (art. 18 CF/88) exercida pela administração pública direta, ou seja, pelos próprios entes federativos (União, estados, municípios e DF);
OBS.: CUIDAR devido à grande quantidade de atividades a serem realizadas, ocorre uma espécie de “especialização” dentro da administração pública direta fenômeno da desconcentração. 	
b) Descentralizada 
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA DO ESTADO
· ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA exercida de forma centralizada pelos próprios entes federativos (União, estados, municípios e DF) ou através do fenômeno da desconcentração;
· DESCONCENTRAÇÃO = “divisão de competências” feita na estrutura interna do ente, criando órgãos públicos para exercer determinada atividade.
· ÓRGÃO PÚBLICO 
a) Conceito (art. 37 CF/88): centro de competências, unidade de ação, instituído para o desempenho das funções estatais, cuja conduta é imputada à pessoa jurídica de direito interno a que é vinculado. Ex: Receita Federal é órgão público vinculado à União. 
b) Características: 
I. Criados através de lei de iniciativa privada do presidente;
II. No possui personalidade jurídica própria;
III. Não possui pessoal ou patrimônio próprio;
IV. Seus agentes manifestam o interesse do próprio Estado teoria da imputação volitiva;
· ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA exerce a atividade administrativa de forma descentralizada e podem ser criadas de duas formas:
a) LEGALMENTE através de previsão legal, origina 4 tipos de entidades
I. AUTARQUIAS – pessoas jurídicas de direito público, independentes, que executam atividades tipicamente administrativas. Ex: ANATEL 
II. FUNDAÇÕES – pessoa jurídica destinada a atividades culturais, científicas, educacionais, etc. 
· PÚBLICAS pessoa jurídica de direito público criada por lei. Ex: PROCON, FUNAI.
· PRIVADAS pessoa jurídica de direito privado cuja lei autorizou o registro na forma civil. Ex: FGV, FURG.
III. EMPRESAS PÚBLICAS – pessoa jurídica de direito privado, administrada pelo ente criador, que possui capital totalmente público e pode assumir qualquer natureza jurídica (sociedade limitada, etc). Ex: CAIXA, CORREIOS.
IV. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA – pessoa jurídica de direito privado, administrada pelo ente criador, que possui mais de 50% de capital público e, necessariamente, assume a forma de sociedade anônima. Ex: BB e PETROBÁS. 
b) CONTRATUALMENTE criação através de contrato com particulares para que atuem em colaboração com o Estado. 
UNIDADE 5 – ATOS ADMINISTRATIVOS
ATO ADMINISTRATIVO
· Conceito: é a manifestação de vontade unilateral do Estado proveniente da utilização de suas prerrogativas que tenha em seu conteúdo uma providência jurídica (ex: extinguir direitos).
CUIDAR a maioria dos atos administrativos são exercidos pela administração pública (poder executivo), mas podem ser praticados pelo poder judiciário e legislativo também.
· Características:
a) São regidos pelo regime de direito público;
b) São classificados como atos jurídicos;
c) Presunção de legitimidade;
d) Imperatividade – poder de gerar, unilateralmente, obrigações a terceiros. 
e) EXCEÇÃO: auto-executoriedade – capacidade, presente somente em alguns atos, de concretização/execução pela própria administração pública, sem que seja necessário recorrer ao poder judiciário. 
OBS.: só existe quando a lei tácita ou expressamente permitir. 
· Campo da existência o ato administrativo perfeito é aquele que concluiu o ciclo necessário a sua formação;
· Campo da Validade o ato administrativo válido é aquele que contempla os seguintes requisitos:
1. Competência – o agente que exerce o ato administrativo precisa gozar de competência legal ou regulamentar para praticá-lo.
2. Forma – o ato administrativo deve seguir a forma prescrita em lei (oral, escrita ou por símbolos).
3. Finalidade – o ato administrativo deve seguir a finalidade prescrita em lei, sob pena de desvio de poder/finalidade.
4. Motivo – o ato administrativo precisa de um “fato gerador” que ocorre na realidade.
5. Objeto – o ato administrativo precisa visar um efeito jurídico (resguardar, adquirir, etc). 
· Campo da eficácia o ato administrativo eficaz é aquele apto a produzir efeitos.
CUIDAR: situações que retiram a eficácia do ato condição suspensiva, termo inicial e subordinação a outro ato. 
· Classificação:
1. 
FATO ADMINISTRATIVO 
· Conceito: é a realização do que certo ato administrativo determina.
OBS.: fato administrativo nunca possui declaração de vontade.
ATOS DA ADMINISTRAÇÃO
· Conceito: atos exercidos pelo Estado sem utilização de suas prerrogativas e regidos pelo regime de direito privado. 
· CUIDAR:
a) Nem todo ato da administração é ato administrativo;
b) Nem todo ato administrativo é ato da administração só será ato da administração se praticado pela administração pública, caso praticado pelo poder legislativo ou judiciário não é. 
· Espécies/classificação:
1. Atos materiais – são atos que não produzem consequências jurídicas. Ex: professor da UFSM dando aula.
2. Atos de direito privado – são os atos regidos pelo direito privado e não pelo direito público. Ex: venda de serviços financeiros pela Caixa Econômica Federal;
3. Atos políticos – 
4. Atos atípicos – são os atos legislativos ou judiciais exercidos atipicamente pelo poder executivo. Ex: edição de medida provisória. 
5. Atos administrativos somente os exercidos pela administração pública. Ex: demissão de servidos da administração pública. 
UNIDADE 6 – PROCESSO ADMINISTRATIVO

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