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Prévia do material em texto

Ivoneti da Silva Ramos 
ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Imagem da capa: © Tetiana Yurchenko // Shutterstock
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte 
desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos 
direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Copyright Universidade Positivo 2018
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Curitiba-PR – CEP 81280-330
Prof. Paulo Arns da Cunha 
Prof. José Pio Martins
Prof. Carlos Longo
Prof. Everton Renaud
Profa. Roberta Galon Silva
Profa. Ivoneti da Silva Ramos 
Profa. Tricia Thaise Silva Pontes
Bianca de Brito Nogueira
Indaiana Almeida, Regiane Rosa e Silvia Mara Hadas
Valdir de Oliveira
Presidente da Divisão de Ensino 
Reitor
Pró-Reitor 
Coordenação Geral de EAD
Coordenação de Metodologia e Tecnologia
Autoria
Parecer Técnico
Supervisão Editorial
Validação Institucional
Layout de Capa
DTCOM 
DIRECT TO COMPANY
Análise de Qualidade, Edição de Texto, 
Design Instrucional, Edição de Arte, 
Diagramação, Imagem de Capa, 
Design Gráfico e Revisão Textual
Ícones
Afirmação
Contexto
Biografia
Conceito
Esclarecimento
Dica
Assista
Curiosidade
Exemplo
Sumário
Apresentação .................................................................................................................. 11
A autora ........................................................................................................................... 12
Capítulo 1 
Introdução à administração financeira ............................................................................ 13
1.1 Conceitos básicos ....................................................................................................... 13
1.1.1 Definição de finanças ..............................................................................................................................................14
1.1.2 Finanças e riqueza...................................................................................................................................................15
1.1.3 Valor do dinheiro no tempo ................................................................................................................................... 16
1.1.4 Risco e retorno ........................................................................................................................................................18
1.2 Função da administração financeira .......................................................................... 19
1.2.1 Decisões financeiras ................................................................................................................................................19
1.2.2 Estrutura financeira das empresas ........................................................................................................................ 20
1.2.3 O papel do administrador financeiro .................................................................................................................... 22
1.2.4 Inter-relação das finanças com a economia e a contabilidade ............................................................................. 23
1.3 Noções de planejamento e controle financeiro .........................................................25
1.3.1 Definição de planejamento e controle ................................................................................................................... 25
1.3.2 Planejamento orçamentário .................................................................................................................................. 26
1.3.3 Funções de controladoria ...................................................................................................................................... 27
1.3.4 Análise das despesas financeiras ........................................................................................................................... 28
Referências ......................................................................................................................30
Capítulo 2 
Análise macroeconômica e mercado financeiro .............................................................31
2.1 Conceitos básicos macroeconômicos .........................................................................31
2.1.1 Produto interno bruto ............................................................................................................................................ 32
2.1.2 Taxa de juros e investimento ................................................................................................................................. 33
2.1.3 Inflação e índices de preços ................................................................................................................................... 34
2.1.4 Taxa de câmbio ...................................................................................................................................................... 36
2.2 Sistema financeiro no Brasil ......................................................................................37
2.2.1 Ativos financeiros................................................................................................................................................... 37
2.2.2 Composição do mercado financeiro ...................................................................................................................... 38
2.2.3 Instituições financeiras .......................................................................................................................................... 39
2.2.4 O papel das bolsas de valores ................................................................................................................................41
2.3 Impactos político-econômicos nas finanças empresariais ........................................42
2.3.1 Principais políticas econômicas ............................................................................................................................. 42
2.3.2 Impactos da política fiscal ..................................................................................................................................... 44
2.3.3 Impactos da política monetária ............................................................................................................................ 45
2.3.4 Impactos da política cambial ................................................................................................................................ 46
Referências ......................................................................................................................47
Capítulo 3 
Administração financeira de curto prazo ........................................................................49
3.1 Gestão da tesouraria ..................................................................................................49
3.1.1 Funções e atividades .............................................................................................................................................. 50
3.1.2 Sistemas de tesouraria ........................................................................................................................................... 50
3.1.3 Controle interno ......................................................................................................................................................51
3.1.4 Relações bancárias ................................................................................................................................................. 52
3.2 Gestão do capital de giro ..........................................................................................55
3.2.1 Conceitode capital de giro .................................................................................................................................... 55
3.2.2 Ativos circulantes................................................................................................................................................... 60
3.2.3 Passivos circulantes ................................................................................................................................................61
3.2.4 Rentabilidade e risco ..............................................................................................................................................61
3.3 Planejamento e controle do fluxo de caixa ...............................................................64
3.3.1 Gestão de caixa ...................................................................................................................................................... 65
3.3.2 Orçamento de caixa ............................................................................................................................................... 65
3.3.3 Controle do fluxo de caixa por atividade ............................................................................................................... 67
3.3.4 Projeções de fluxo de caixa ................................................................................................................................... 69
Referências ......................................................................................................................71
Capítulo 4 
Gestão de indicadores financeiros ...................................................................................73
4.1 Sistema de indicadores financeiros............................................................................73
4.1.1 Indicadores de liquidez ...........................................................................................................................................74
4.1.2 Indicadores de atividades ...................................................................................................................................... 78
4.1.3 Indicadores de endividamento .............................................................................................................................. 80
4.1.4 Indicadores de rentabilidade .................................................................................................................................. 83
4.2 Indicadores aplicados na prática ...............................................................................86
4.2.1 Análise financeira da empresa ............................................................................................................................... 86
4.2.2 Controle de contas a pagar ................................................................................................................................... 87
4.2.3 Controle de contas a receber ................................................................................................................................. 88
4.2.4 Limitações do uso de indicadores ......................................................................................................................... 89
4.3 Análise de desempenho da empresa ........................................................................89
4.3.1 Valor de mercado da empresa ............................................................................................................................... 89
4.3.2 Ferramentas de análise de desempenho .............................................................................................................. 90
4.3.3 Definição e cálculo do valor econômico agregado ............................................................................................... 91
4.3.4 Avaliação do valor econômico agregado .............................................................................................................. 92
Referências ......................................................................................................................94
Capítulo 5 
Análise baseada na demonstração de resultado da empresa ..................................................... 95
5.1 Atividades empresariais .............................................................................................95
5.1.1 Atividades de operações ........................................................................................................................................ 95
5.1.2 Atividades de investimentos .................................................................................................................................. 97
5.1.1 Atividade de financiamento ................................................................................................................................... 98
5.1.2 Demonstração de resultados e atividades empresariais ....................................................................................... 99
5.2 Ciclos operacional, econômico e financeiro .............................................................100
5.2.1 Inter-relações entre os ciclos ................................................................................................................................101
5.2.2 Regimes de competência e de caixa ....................................................................................................................102
5.2.3 Fluxo de operações .............................................................................................................................................. 103
5.2.4 Resultado das operações .................................................................................................................................... 104
5.3 Alavancagem operacional .......................................................................................106
5.3.1 Conceitos básicos ................................................................................................................................................. 106
5.3.2 Grau de alavancagem operacional ...................................................................................................................... 108
5.3.3 Ponto de equilíbrio contábil, financeiro e econômico ......................................................................................... 109
5.3.4 Impacto da variação de custos no ponto de equilíbrio 
e na alavancagem operacional......................................................................................................................................111
Referências .................................................................................................................... 114
Capítulo 6 
Investimentos de curto e longo prazo........................................................................... 115
6.1 Orçamento de capital .............................................................................................. 115
6.1.1 Motivos do gasto de capital ..................................................................................................................................115
6.1.2 Tipos de investimento ..........................................................................................................................................116
6.1.3 Fluxos de caixa relevantes ....................................................................................................................................118
6.1.4 Engenharia econômica .........................................................................................................................................118
6.2 Técnicas de orçamento de capital ........................................................................... 119
6.2.1 Conceitos básicos de matemática financeira ........................................................................................................1196.2.2 Payback .............................................................................................................................................................. 122
6.2.3 Valor presente líquido ......................................................................................................................................... 125
6.2.4 Taxa interna de retorno ........................................................................................................................................127
6.3 Riscos dos investimentos ........................................................................................129
6.3.1 Riscos operacionais e financeiros ......................................................................................................................... 130
6.3.2 Restrição de capital ..............................................................................................................................................131
6.3.3 Análise de sensibilidade .......................................................................................................................................131
6.3.4 Avaliação de cenários ...........................................................................................................................................132
6.4 Cálculo de risco e retorno ........................................................................................133
6.4.1 Fundamentos de risco e de retorno ......................................................................................................................133
6.4.2 Medidas estatísticas de mensuração de risco ......................................................................................................135
6.4.3 Mensuração de risco individual a partir das medidas estatísticas ...................................................................... 136
6.4.4 Mensuração de risco de carteira a partir das medidas estatísticas ......................................................................137
Referências ....................................................................................................................140
Capítulo 7 
Captação de recursos e financiamento das atividades da empresa ..............................141
7.1 Custo de capital ........................................................................................................141
7.1.1 Estrutura de capital ...............................................................................................................................................142
7.1.2 Custo de capital próprio ........................................................................................................................................143
7.1.3 Custo de capital de terceiros ................................................................................................................................ 146
7.1.4 Custo médio ponderado de capital .......................................................................................................................147
7.2 Alavancagem financeira e total ...............................................................................149
7.2.1 Conceitos básicos ................................................................................................................................................. 150
7.2.2 Grau de alavancagem financeira ..........................................................................................................................151
7.2.3 Alavancagem total ................................................................................................................................................152
7.2.4 Grau de alavancagem total .................................................................................................................................. 153
7.3 Captação de recursos ...............................................................................................154
7.3.1 Ações ....................................................................................................................................................................155
7.3.2 Debêntures ...........................................................................................................................................................155
7.3.3 Empréstimos bancários ....................................................................................................................................... 156
7.3.4 Operações de factoring ........................................................................................................................................ 157
Referências ....................................................................................................................159
Capítulo 8 
Estratégias financeiras de curto e longo prazo .............................................................161
8.1 Conversão de caixa ..................................................................................................161
8.1.1 Cálculo do ciclo de conversão de caixa .................................................................................................................161
8.1.2 Exigências de financiamento ............................................................................................................................... 162
8.1.3 Financiamento sazonal ........................................................................................................................................ 164
8.1.4 Estratégias de gestão ........................................................................................................................................... 166
8.2 Administração de disponibilidades .........................................................................167
8.2.1 Integração do fluxo de caixa................................................................................................................................ 167
8.2.2 Saldo mínimo de caixa ........................................................................................................................................ 168
8.2.3 Geração de caixa operacional ............................................................................................................................. 169
8.2.4 Aplicação de fundos ociosos ................................................................................................................................170
8.3 Decisões financeiras de longo prazo .......................................................................171
8.3.1 Expectativas não enviesadas ................................................................................................................................172
8.3.2 Preferência pela liquidez ..................................................................................................................................... 173
8.3.3 Segmentação de mercado ...................................................................................................................................174
8.3.4 Influência da inflação ...........................................................................................................................................174
Referências ....................................................................................................................177
Você já parou para pensar quantas decisões financeiras são tomadas diariamente 
nas empresas, nas famílias e no governo? As empresas decidem como financiar novos 
investimentos; as famílias decidem a alocação entre consumo e poupança; e o governo 
define o custeio e os investimentos públicos.
Qual o papel da administração financeira nesse contexto? Bem, a gestão adequa-
da do dinheiro pode significar criação de valor para as empresas, aumento do patrimô-
nio das famílias e melhoria da qualidade nos serviços públicos.
Neste material,vamos entender um pouco mais sobre o campo das finanças aplica-
do às empresas. Para isso, é importante compreender os conceitos básicos de finanças, 
o impacto político-econômico nas finanças empresariais, a gestão da tesouraria e do 
capital de giro, a gestão de indicadores financeiros, bem como os investimentos e os 
financiamentos de longo prazo.
 A partir desses conhecimentos, você estará mais bem preparado para a tomada 
de decisão financeira no campo empresarial. 
Apresentação
Dedico esta obra a meu marido, Saulo Pioner de Carvalho, 
e a minha filha, Monique Ramos de Carvalho, parceiros 
nas decisões financeiras domésticas; e especialmente a 
minha mãe, Delicia da Silva Ramos, que é uma financista 
nata e me repassou conhecimentos tácitos de finanças, 
despertando meu interesse na área.
A autora
A Professora Ivoneti da Silva Ramos tem Graduação em Ciências Econômicas pela 
Universidade Federal de Santa Catarina (2004) e Mestrado em Economia pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (2006). Atualmente, é Professora Efetiva do Departamento de 
Administração Pública da ESAG/UDESC, na cadeira de Finanças Públicas. Atua também 
como professora no ensino à distância na UFSC. Recentemente, também atuou como 
Diretora Administrativo-Financeira na Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis. 
Tem experiência na área de Economia e Finanças, principalmente nos seguintes campos: 
Gestão Financeira, Finanças Públicas, Indicadores Socioeconômicos, Governança Pública e 
Desenvolvimento Econômico.
Currículo Lattes: 
<lattes.cnpq.br/4525355347539365>
1 Introdução à administração financeira
Você sabia que o dinheiro perde valor ao longo do tempo? E que há riscos asso-
ciados à expectativa dos retornos? Conhece o papel do administrador financeiro na 
empresa? Percebe a importância do planejamento e do controle na área financeira?
A imagem a seguir ilustra as inter-relações entre a administração financeira, que 
recebe subsídios do planejamento, da economia e da contabilidade para a tomada de 
decisão em investimentos e financiamentos que, por sua vez, precisam ser monitora-
dos por sistemas de controle para alcançar o objetivo de maximização da riqueza da 
empresa. Observe:
Inter-relações da administração financeira
Admistração
Financeira
Tomada de decisão
Investimentos e
financiamentos
Maximização
da riquezaControle
Planejamento
Dados econômicos
Relatórios contábeis
Fonte: GITMAN, 2010; ASSAF NETO, 2009. (Adaptado).
Na sequência deste material, você compreenderá os fundamentos da administração 
financeira relacionados aos conceitos básicos, à função, ao planejamento e ao controle 
financeiro nas empresas.
1.1 Conceitos básicos
Você já parou para pensar na diferença entre finanças e riqueza? 
Enquanto o conceito de finanças pode ser compreendido como a arte de gerir o 
dinheiro da empresa, a riqueza é o conjunto de ativos (conquistados por ela ao longo 
dos anos de operação) e de investimentos (GITMAN, 2010). Por isso, a riqueza pode 
ser medida pelo patrimônio líquido (resultado obtido pela diferença de bens e direitos 
menos as obrigações) da organização.
©
 D
TC
O
M
AdministrAção FinAnceirA 14
Ativos são bens e direitos das empresas. Por exemplo: conta bancária, duplicatas a receber, 
veículos, máquinas, imóveis etc.
Em função da existência de riscos de perdas financeiras, é fundamental conhecer o 
perfil de investidor (conservador, moderado, arrojado ou muito arriscado) para realizar 
investimentos. No Brasil, de acordo com Lima et al. (2013), o administrador financeiro é tra-
dicionalmente cauteloso em relação à escolha de ativos para aplicar recursos financeiros. 
Neste tópico, vamos estudar os conceitos básicos de finanças e contextualizar o 
conceito de riqueza e de risco no âmbito empresarial. Vamos, então, compreender a 
definição de finanças, a relação entre finanças e riqueza, o valor do dinheiro no tempo 
e as noções de risco e retorno.
1.1.1 Definição de finanças
O termo finanças pode ser compreendido como a arte e a ciência da gestão do 
dinheiro (GITMAN, 2010). O dinheiro é a matéria-prima tratada em finanças, ou seja, é 
o objeto de gestão.
Mas como ocorre a gestão do dinheiro? Da mesma forma que se gerencia qualquer 
outro ativo: planeja-se seu uso, com base em sua disponibilidade e necessidades de “uso”; 
executa-se o que foi planejado, ou seja, utiliza-se o dinheiro para as necessidades previstas 
(e, também, para as imprevistas); e monitora-se esse processo de execução, isto é, com-
para-se constantemente o que foi planejado com o que, de fato, está sendo executado 
(GITMAN, 2010).
Tal comparação tem por finalidade suportar as decisões de cunho financeiro que 
garantirão o alcance dos objetivos financeiros que foram traçados. Por exemplo, se 
uma pessoa estabeleceu um objetivo de acumular R$ 100,00 toda semana, de forma a 
obter após três meses o montante necessário para fazer uma viagem, ela se planejará, 
considerando os recebimentos (ex.: salário) e gastos (ex.: pagamento de contas), para que 
haja a “sobra” semanal dos R$ 100,00. No entanto, imprevistos acontecem e, dessa forma, 
um defeito no carro da pessoa pode fazer com que ela tenha uma despesa não prevista de 
R$ 200,00, o que comprometeria o objetivo de ter o dinheiro total para a viagem.
Nesse caso, havendo um afastamento entre o que foi planejado e o que acontece, 
a pessoa tomaria decisões para que o objetivo ainda pudesse ser alcançado. Por exem-
plo, a partir da ocorrência da despesa não prevista, replanejaria seus gastos de forma 
a passar a acumular R$ 150,00 pelas próximas semanas (para isso, ela deixaria de ir ao 
cinema, por exemplo), no intuito de compensar o gasto adicional e garantir que acu-
mularia o total necessário para a viagem.
AdministrAção FinAnceirA 15
Cabe salientar que, no contexto das empresas, tam-
bém podemos aplicar os conhecimentos financeiros para a 
interação com as demais áreas estratégicas. Por exemplo, 
uma empresa pode planejar a gestão do processo de pro-
dução a fim de evitar desperdícios de matérias-primas, oti-
mizando a utilização dos recursos e colaborando com a 
administração financeira da organização. 
Em suma, a administração financeira de uma empresa é 
o gerenciamento do dinheiro dela, ou seja, é o setor que per-
mite que todas as atividades sejam realizadas, já que, sem capital, a organização não 
pode executar suas atividades operacionais nem desenvolver novos produtos a fim de 
crescer no mercado.
Por isso, a área de finanças deve estar em contínua atualização, pois os mercados 
financeiros mudam rapidamente. Nesse cenário, o administrador financeiro precisa 
agir na mesma velocidade, pois uma decisão errada poderá deixar a empresa descapi-
talizada, levando-a à falência.
1.1.2 Finanças e riqueza
Na prática, podemos entender as finanças como a aplicação de uma série de prin-
cípios econômicos para maximizar a riqueza ou valor total de uma organização. 
Pelo princípio da escassez, a empresa deve realizar a alocação eficiente de recur-
sos, uma vez que eles são escassos. Pelo princípio do custo-benefício, as vantagens 
de uma ação devem exceder os custos, o que é denominado excedente econômico. Já 
pelo princípio marginal, o benefício marginal que resulta de um aumento em determi-
nada atividade da empresa deve exceder o custo marginal, que é o custo decorrente do 
acréscimo da produção de uma unidade do bem ou serviço (MANKIW, 2013).
Uma empresa maximiza seu valor selecionando 
os investimentos que têm a melhor compensação 
entre risco e retorno, ou seja, ela está gerindo seu 
dinheiro (conceito de finanças) para adquirir os melho-
res investimentos (conceito de riqueza). 
Isto pode ser representado pelo seguinte 
exemplo: imagine um empreendedor, dono de uma 
lanchonete, que identifica a possibilidade de aumentar a atratividade de seu negócio 
para os clientes passando a oferecer doces, salgados e sucos de origem orgânica. Para 
tanto, ele precisa investir na identificação dos fornecedores dos ingredientes, desen-
volveras receitas e fazer propaganda dos novos produtos.
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AdministrAção FinAnceirA 16
Como se trata de produtos diferentes (doces, salgados e sucos), isto significa que 
são necessários investimentos para cada um deles: os fornecedores e os ingredientes 
são diferentes para cada produto, bem como as receitas.
 Contudo, ainda que os resultados esperados por conta de tais investimentos 
sejam encorajadores, o empreendedor pode não dispor de todo o capital necessário e, 
dessa forma, precisa escolher no que investir inicialmente. 
O empreendedor pesquisa os clientes e identifica que eles se sentem bastante 
atraídos pelos sucos, indicando que a receita adicional (e, consequentemente, o lucro) 
seria superior à dos doces e salgados. Decide, então, iniciar sua linha de produtos orgâ-
nicos pelos sucos, deixando doces e salgados para uma oportunidade futura.
Assim, é possível perceber que, em longo prazo, as decisões financeiras tomadas nas 
empresas têm reflexos no valor das ações e, consequentemente, na riqueza da empresa.
1.1.3 Valor do dinheiro no tempo
Você sabia que um real recebido hoje vale mais que um real a ser recebido no 
futuro? Isto ocorre porque o dinheiro perde valor ao longo do tempo em função do 
processo inflacionário. 
Por essa razão, quem empresta dinheiro 
no mercado cobra um preço pela operação, que 
é a taxa de juros aplicada sobre o valor prin-
cipal emprestado. A taxa de juros se refere, 
portanto, à remuneração paga pelo dinheiro 
tomado emprestado, expressa na forma per-
centual, seguida do período de empréstimo, 
exemplo: 10% a.a. (ASSAF NETO, 2009).
Nesse contexto, podemos falar em valor presente e valor futuro do dinheiro. O 
primeiro é o valor monetário corrente de uma quantia futura de dinheiro, enquanto 
o segundo é o valor monetário corrigido com o passar do tempo (GITMAN, 2010). O 
valor presente também pode aparecer na literatura financeira como principal e o valor 
futuro como montante.
Da matemática financeira, temos que os juros de determinada aplicação podem 
ser calculados pela fórmula:
J = VP x i
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 / 
/ S
hu
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oc
k
AdministrAção FinAnceirA 17
Sendo que:
J = juros
VP = principal ou valor presente
i = taxa de juros
Já para o cálculo do valor futuro, temos: 
VF = VP x (1 + i)n
Sendo que:
VF = valor futuro;
VP = principal ou valor presente;
i = taxa de juros;
n = número de períodos.
Quando precisamos achar VP a partir de VF, podemos usar:
VP = VF x 
(1 + i)n
1
É importante ressaltar que a taxa de juros a ser utilizada nas fórmulas deve estar 
na forma de taxa fracionária, isto é, o valor deve ser dividido por 100. Para enten-
der melhor, considere este exemplo: a empresa Delta solicitou um empréstimo de 
R$ 10.000,00 em uma financeira, que cobra uma taxa de juros de 2,5% a.m. Qual o 
valor futuro dessa dívida após seis meses? Observações: 
1. No cálculo, utilize o valor percentual em número decimal, ou seja: 2,5/100 = 0,025.
2. No cálculo, utilize três casas após a vírgula.
Vamos ao cálculo:
VF = VP
(1 + i)n
VF = 10.000,00 (1 + 0,025)6
VF = 10.000,00 x 1,16
VF= R$ 11.600,00
AdministrAção FinAnceirA 18
O valor futuro da dívida será de R$ 11.600,00 após um prazo de seis meses.
Assim, quem empresta recursos deixa de consumir hoje para consumir no futuro 
e, por isso, precisa ser recompensado pelo sacrifício, e o valor precisa ser corrigido 
para manter o poder de compra.
1.1.4 Risco e retorno
Será que as empresas são propensas a investimentos de alto risco? A resposta é: 
essa decisão depende dos retornos atrelados a esse investimento e do nível de aversão 
ao risco da empresa e do administrador financeiro. No quadro a seguir, Gitman (2010) 
apresenta os conceitos relacionados ao perfil do investidor e do investimento.
Perfil do investidor e do investimento selecionado
Perfil do investidor Investimento selecionado
Avesso ao risco Menor risco
Neutro Indiferente
Propenso ao risco (risk lover) Maior risco
Fonte: GITMAN, 2010, p. 187. (Adaptado).
No perfil avesso a risco, o administrador tradicional seleciona investimentos com 
menor risco, em que as perdas também são menores. No perfil neutro, o investidor é indi-
ferente ao risco, ou seja, escolhe seus investimentos sem considerar o nível de risco. Já no 
perfil propenso a risco, o investidor assume maiores riscos em busca de maiores retornos. 
Em finanças, risco é sinônimo de incerteza e se refere à variabilidade dos retor-
nos associados a um ativo (GITMAN, 2010). Por exemplo, uma aplicação em um título 
público com valor de face, ou seja, o valor inscrito no título, de R$ 1.000,00, que rende 
juros de R$ 50,00 no prazo de trinta dias, não apresenta risco, porque não há varia-
bilidade associada a seu retorno. Por outro lado, um investimento de R$ 1.000,00 
em ações, que, no mesmo prazo, pode gerar qualquer resultado entre R$ 0,00 e 
R$ 100,00, é uma situação arriscada em virtude da grande variabilidade de seu retorno.
Sobre os ativos, Gitman (2010, p. 184) faz duas importantes afirmações: “Quanto 
mais certo for o retorno de um ativo, menos variabilidade e risco ele oferecerá. [...] Os ati-
vos considerados mais arriscados são os que oferecem maiores possibilidades de perda 
financeira”. Diante disso, podemos entender que os investimentos de menor risco nos 
oferecem uma rentabilidade muitas vezes menor, porém mais garantida do que os inves-
timentos de alto risco, que podem trazer grande rentabilidade ou gerar grandes prejuízos.
Nesse contexto, a área financeira da empresa está diretamente relacionada 
à gestão do dinheiro, já que há perda de valor ao longo do tempo, necessitando, 
assim, de correção de valores. Além disso, para garantir a maximização da riqueza da 
empresa, é necessário compatibilizar o risco e o retorno dos investimentos.
AdministrAção FinAnceirA 19
A administração financeira precisa, então, lidar com os diversos aspectos rela-
cionados ao dinheiro: sua disponibilidade e recursos de obtenção, a noção de riqueza 
atrelada e, em especial, o importante conceito do valor do dinheiro no tempo quando 
tomamos decisões quanto ao retorno esperado de investimentos e os riscos envolvi-
dos. Na sequência, vamos abordar como se dá a administração financeira, que envolve 
todos esses aspectos. 
1.2 Função da administração financeira
A administração financeira pode ser entendida 
como uma atividade aplicada à maximização de retornos 
financeiros, propiciando à empresa o cumprimento de 
suas obrigações e a valorização das ações no mercado.
Você já se perguntou como são tomadas as deci-
sões financeiras em uma empresa? O que faz o admi-
nistrador financeiro? As finanças são independentes 
das demais áreas do conhecimento? 
Para responder a essas questões, vamos ao estudo das decisões e da estrutura 
financeira das empresas, bem como do papel do administrador financeiro e da relação 
com as áreas de economia e contabilidade.
1.2.1 Decisões financeiras
Para todas as empresas, independentemente da natureza de sua atividade ope-
racional, podemos destacar duas áreas de decisões financeiras básicas: decisão de 
investimentos, ou seja, como aplicar os recursos, e decisão de financiamento, que se 
refere à captação de recursos para viabilizar as atividades da empresa. Em torno des-
sas duas grandes áreas existem funções que auxiliam no alcance do melhor resultado 
financeiro possível para a empresa.
Estrategicamente, as principais funções que demandam decisões financeiras 
podem ser observadas no quadro a seguir:
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Funções que demandam decisões financeiras e respectivas finalidades
Funções Finalidades
Planejamento financeiro Selecionar os ativos mais rentáveis para a empresa.
Controle financeiro
Avaliar o desempenho financeiro da empresa, o alcance das metas e 
propor medidas corretivas se for o caso.
Administração de ativos
Escolher a melhor estruturade ativos que minimize riscos e maximize 
retornos, bem como acompanhar as defasagens no fluxo de caixa para 
melhor gestão do capital de giro.
Administração de passivos
Analisar a necessidade de financiamento e gerenciar a estrutura dos 
financiamentos, a fim de manter a liquidez para a empresa e reduzir 
seus custos e riscos financeiros.
Fonte: ASSAF NETO, 2009, p. 7. (Adaptado).
O quadro anterior apresenta algumas definições básicas da área financeira da 
empresa, que precisam ser avaliadas constantemente pelo administrador financeiro a 
fim de gerar mais rentabilidade aos sócios e acionistas da organização. Por exemplo, a 
seleção dos ativos mais rentáveis está associada à escassez de recursos, isto é, ao fato 
de não haver recursos suficientes para investir em todas as possibilidades que gerem 
retorno positivo, sendo necessário priorizar-se no que investir e que investimentos 
manter. Ao mesmo tempo em que se gerenciam os investimentos e ativos, devem-se 
gerenciar as fontes de financiamento e passivos. Tal gerenciamento é representado, 
basicamente, pelo ciclo e planejamento, execução e controle, com constante monito-
ramento e decisões que visem garantir o alcance dos objetivos traçados.
Para exemplificar, veja o caso do estoque, que exerce forte impacto no caixa, sendo 
necessário analisar se é mais interessante efetuar as compras à vista ou a prazo. Se a com-
pra for à vista, o impacto é imediato no caixa; se for a prazo, o impacto ocorre após o 
período relativo ao prazo (dias, meses etc.), porém, é preciso observar a incidência de juros 
nesse tipo de transação, que muitas vezes anula o benefício do prazo de pagamentos.
Observe que, nesse caso, as decisões de negócio estão relacionadas aos inves-
timentos na aquisição de estoques e nas fontes de recursos para tais investimentos, 
além, é claro, do fator do valor do dinheiro no tempo, que nunca pode ser esquecido 
quando se fala de administração financeira. Assim, por meio das funções financeiras, a 
empresa pode melhor fundamentar suas decisões de investimentos e financiamentos. 
1.2.2 Estrutura financeira das empresas
Nas pequenas empresas, a administração financeira muitas vezes é realizada 
pelo próprio contador, porém, nas grandes, existe um setor especializado, ou seja, um 
departamento financeiro (GITMAN, 2010).
AdministrAção FinAnceirA 21
A lógica existente é a de que, em uma grande empresa, o volume de infor-
mações a serem analisadas e de decisões a serem tomadas é muito grande. Se em 
uma pequena empresa falamos de dezenas de fornecedores (por exemplo, em uma 
pequena papelaria), com poucas transações a cada mês, além de transações com os 
clientes e, usualmente, uma única conta em um único banco, nas grandes empresas a 
situação é completamente diferente.
Uma grande empresa precisa lidar com muitas transações a todo o momento. Por 
exemplo, um único automóvel produzido contém milhares de peças. Além disso, por 
conta da produção e comercialização do automóvel, bem como a manutenção de toda a 
estrutura produtiva (instalações, maquinário, empregados, serviços etc.), a empresa pre-
cisa calcular e recolher dezenas de impostos, taxas e contribuições diferentes. Sob a ótica 
financeira, isto é feito junto a diversas instituições financeiras, tanto para investimentos 
como financiamentos. Trata-se, portanto, de um alto grau de complexidade que não pode 
ser gerenciado por uma única pessoa, como acontece em pequenas empresas.
A seguir, temos um organograma que apresenta uma estrutura básica da área de 
finanças.
Organograma representativo da área de finanças
Finanças
Tesouraria Controladoria
Contabilidade
financeira
Contabilidade
de custos
Administração
de tributos
Sistemas de
informação
Administração
de caixa
Crédito e contas
a receber
Contas a
pagar
Planejamento
financeiro
Orçamentos
Câmbio
Fonte: HOJI, 2009, p. 8. (Adaptado).
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Nas empresas de micro, pequeno e médio portes, é comum que a responsabili-
dade do departamento financeiro fique a encargo de uma única pessoa, que também 
executa as demais atividades administrativas da organização.
Nas empresas de maior porte, o administrador financeiro tem apoio técnico de 
profissionais especializados em tesouraria (tesoureiro ou gerente financeiro) e contro-
ladoria (controller ou contador). A tesouraria se liga basicamente à administração de 
caixa, contas a pagar e a receber, operações de câmbio e planejamento financeiro como 
um todo. Já a controladoria diz respeito à parte contábil, tributária e orçamentária.
Controller é o profissional contador que exerce a atividade de contabilidade gerencial, ou seja, 
a contabilidade que não se restringe às exigências formais e legais, mas provê as informações 
para suportar decisões gerenciais do negócio.
Dessa forma, não há um padrão predefinido para a estrutura do departamento 
financeiro. No entanto, ele sempre deve cumprir suas funções de planejamento, tesou-
raria, orçamento, contabilidade e auditoria (controle).
1.2.3 O papel do administrador financeiro
O administrador financeiro trabalha voltado para a análise e o planejamento finan-
ceiro, elementos que propiciam as tomadas de decisão de investimento e financiamento. 
Dessa forma, as principais atividades, segundo Hoji (2009), são: análise, planejamento e 
controle financeiro; tomadas de decisão de investimentos e de financiamentos.
No caso das tomadas de decisão de 
investimentos e financiamentos, é necessá-
rio analisar quais as melhores aplicações, bem 
como quais as melhores origens dos recursos 
necessários aos investimentos. Por exemplo, 
é preciso decidir se os recursos, em deter-
minado momento, devem ser destinados a 
ativos circulantes (bens/direitos que permi-
tem o giro da empresa: caixa, estoques etc.) ou a ativos permanentes (bens/direitos 
da empresa: edificações, veículos, máquinas etc.), ou seja, são decisões que envolvem 
prazos diferentes e, usualmente, montantes também distintos. 
Há ainda as decisões quanto às fontes mais adequadas para financiamento 
(recursos próprios da empresa ou recursos de instituições financeiras ou de outros, 
como fornecedores ou clientes; e, se de instituições financeiras, de curto, médio 
ou longo prazo), bem como o risco e o retorno das operações envolvidas tanto nos 
investimentos quanto nos financiamentos. 
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Nas atividades de análise, planejamento e controle financeiro, é necessário reali-
zar a gestão do caixa (ou seja, o que “entra” e “sai” de dinheiro diante das necessidades 
e oportunidades existentes), dos orçamentos e da estrutura de custos (a qual nos per-
mite, entre outras, tomar decisões sobre os produtos e serviços comercializados, isto é, 
se são rentáveis e devemos continuar com eles ou se devemos descontinuá-los; em quais 
devemos investir para aumentar margem etc.), além de produzir os relatórios com os 
indicadores de desempenho e com a projeção do balanço patrimonial, demonstrativo de 
resultados do exercício e demais relatórios. 
Dessa forma, o administrador financeiro contribui para as finanças da empresa 
com a gestão do caixa e o controle da utilização dos recursos financeiros. Para tanto, 
ele desempenha funções específicas como tesoureiro e controller.
 Para que o administrador atue corretamente, tanto na tesouraria quanto na con-
troladoria, é preciso ter conhecimentos aprofundados sobre contabilidade e economia, 
o que será abordado no tópico a seguir.
1.2.4 Inter-relação das finanças com a economia e a contabilidade
Os relatórios econômicos e contábeis são importantes ferramentas de planeja-
mento financeiro para a empresa. Vamos entender um pouco mais a inter-relação de 
cada uma dessas áreas com a administração financeira.
Com relação à área econômica, a inter-relação está no fato de que podemos con-
siderar que a administração financeira é uma forma de economia aplicada, uma vez que 
os gestores financeiros precisamcompreender o ambiente econômico e acompanhar 
as mudanças de política econômica e a variação dos níveis de atividade econômica, 
medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). Em resumo, precisam realizar análises micro e 
macroeconômicas (GITMAN, 2010).
No âmbito da microeconomia, os gestores financeiros se preocupam com a aná-
lise da oferta e da demanda, as estratégias de maximização de lucro e a teoria da for-
mação de preços. Por exemplo: o princípio econômico da escassez diz que o gestor 
financeiro precisa estudar a melhor alocação dos recursos, procurando a fonte mais 
barata de fundos para investir na melhor e mais eficiente combinação de ativos. 
Nos aspectos macroeconômicos, é necessário acompanhar as questões de 
inflação, taxa de juros, nível de atividade e de legislação tributária (GITMAN, 2010). 
Por exemplo, o gestor financeiro necessita atualizar os valores do fluxo de caixa da 
empresa e, para isso, precisa acompanhar os relatórios de inflação divulgados pelos 
institutos oficiais de pesquisa – Fundação Getúlio Vargas (FVG) e Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE).
AdministrAção FinAnceirA 24
Enquanto a microeconomia estuda o comportamento de indivíduos, famílias e empresas, a 
macroeconomia estuda o comportamento do sistema econômico como um todo: produção ou 
produto total de uma economia, nível de emprego e poupança, investimento, consumo e nível 
geral dos preços.
Com relação à contabilidade, Gitman (2010) destaca os seguintes relatórios con-
tábeis que auxiliam o gestor financeiro a visualizar o alcance das metas da empresa:
Principais relatórios contábeis e gerenciais
Demonstração de resultado 
de exercício – DRE
Relatório contábil das vendas, dos custos operacionais e dos encar-
gos financeiros de uma empresa. Por meio dele, obtêm-se informa-
ções sobre a lucratividade.
Balanço patrimonial – BP
Demonstrativo contábil que revela os ativos, os passivos e o patri-
mônio líquido e apresenta informações sobre o resultado da 
empresa em relação à posição financeira.
Fluxo de caixa – FC Informações sobre entrada e saída dos recursos financeiros.
Fonte: GITMAN, 2010, p. 36-39. (Adaptado).
As demonstrações e os relatórios contábeis fornecem base para analisar o nível 
de lucratividade e desempenho financeiro, bem como o cálculo de índices econômicos, 
financeiros e contábeis para orientar possíveis medidas de ajustes. Se o lucro da DRE 
projetada for muito baixo, pode-se pensar em corte nos custos ou aumento nos pre-
ços; se o nível projetado de duplicatas é muito elevado, é possível instituir mudanças 
na política de crédito da empresa (GITMAN, 2010).
Assim, com a análise das informações oriundas da economia e da contabilidade, 
o administrador financeiro tem subsídios consistentes para elaborar o planejamento 
financeiro necessário para o alcance das metas e dos resultados estabelecidos pela 
empresa.
Neste tópico, você pôde compreender que as decisões financeiras se relacionam 
diretamente com os investimentos e os financiamentos da empresa, que a estrutura 
financeira é basicamente formada por tesouraria e controladoria, em que o admi-
nistrador financeiro exerce o importante papel de maximizar a riqueza da empresa. 
Para tanto, ele utiliza subsídios oriundos de outras áreas do conhecimento, tais como 
economia e contabilidade.
As diversas funções financeiras estão, dessa forma, relacionadas e se complemen-
tam, provendo o suporte necessário à gestão do negócio, em especial, o planejamento 
e o controle das finanças da empresa, conforme veremos na sequência.
AdministrAção FinAnceirA 25
1.3 Noções de planejamento e controle financeiro
O planejamento e o controle são ferramentas de gestão financeira importantes 
para as empresas. 
O planejamento financeiro tem o papel de orientar a maximização da riqueza da 
empresa e do acionista, enquanto o controle financeiro permite acompanhar as ações 
que foram planejadas e verificar se a maximização da riqueza da empresa foi alcan-
çada (GITMAN, 2010).
Nos casos em que o sistema de controle financeiro, ou seja, a controladoria, 
identificar possíveis dificuldades no cumprimento do planejamento inicial, a empresa 
poderá analisar a necessidade de readequar suas ações financeiras e evitar mais perdas 
em suas operações e investimentos.
Considerando esse cenário, vamos compreender os conceitos de planejamento e 
controle financeiros, planejamento orçamentário, funções da controladoria e análises 
das despesas financeiras.
1.3.1 Definição de planejamento e controle
Planejar e controlar são receitas básicas a serem seguidas pelo administrador 
financeiro para alcançar o objetivo de maximizar a riqueza da empresa.
Podemos entender o planejamento financeiro como uma ferramenta que fornece 
diretrizes para dirigir, coordenar e controlar ações para o funcionamento e a permanência 
da empresa no mercado (GITMAN, 2010). Já o controle financeiro é uma ferramenta que 
objetiva acompanhar o desempenho financeiro da empresa, apresentando análises sobre 
possíveis diferenças entre resultados previstos e realizados, procedendo a correções para 
que a empresa possa alcançar os objetivos originalmente traçados (HOJI, 2009).
Gitman (2010) acrescenta que o planejamento financeiro pode ser realizado, para 
curto prazo, no nível operacional e, para longo, no nível estratégico. São exemplos de 
ações do planejamento de curto prazo: estimar o tempo necessário para a produção, 
quantificar a matéria-prima, as necessidades de mão de obra direta e as despesas ope-
racionais. São exemplos de ações do planejamento de longo prazo: embasar as decisões 
de investimentos e de financiamentos, considerando os custos de capital, a estrutura de 
capital e a criação de valor para a empresa.
É importante salientar que os planos se interligam; assim, a partir do planejamento 
de curto prazo, podemos projetar a DRE, o BP e o orçamento de caixa, bem como desen-
volver o plano de financiamento em longo prazo e o plano de investimento de capital, 
sendo que o investimento de capital são os gastos realizados em ativos permanentes. 
AdministrAção FinAnceirA 26
O planejamento financeiro considera, ainda, os riscos associados às decisões 
financeiras, tais como o risco econômico (ou operacional), que é o risco inerente à ati-
vidade da empresa e às características do mercado, por exemplo: sazonalidade da 
demanda, tecnologia, variação no crescimento econômico e nas taxas de juros etc., e 
o financeiro, que reflete as decisões de financiamento e a capacidade da empresa de 
honrar suas dívidas no prazo contratado.
Considerando os cenários instáveis no ambiente econômico, político e social, 
que acarretam riscos ao desempenho da empresa, é prudente revisar o planejamento 
de forma constante. Gitman (2010) destaca que, quanto mais sazonal a receita da 
empresa, mais curto deve ser o prazo de revisão do planejamento.
O planejamento e o controle financeiro são, portanto, ferramentas que permitem 
ao gestor analisar e projetar o crescimento da empresa, identificar possíveis ajustes para 
alcançar os resultados esperados e tomar decisões de investimentos e financiamentos.
1.3.2 Planejamento orçamentário
Para auxiliar o administrador financeiro a planejar a entrada e saída de recursos 
do caixa da empresa existe o planejamento orçamentário (orçamento geral), que é 
uma ferramenta de planejamento estratégico.
De acordo com Hoji (2009), para chegar à composição do orçamento geral da 
empresa, é necessário elaborar orçamentos específicos: de vendas; de produção, de 
matérias-primas, de mão de obra direta; de custos indiretos de fabricação; de custo de 
produção; de despesas de vendas e administrativas; de investimentos; de aplicações 
financeiras e financiamentos. Ainda, devem-se elaborar a análise das movimenta-
ções financeiras, a demonstração do fluxo de caixa projetado (orçamento de caixa) e a 
demonstração do resultado projetado (orçamento de resultados).
Hoji (2009) destaca que a fase do planejamento orçamentário que envolve a pro-
jeçãode cenários econômicos e fiscais é uma das mais importantes. Por isso, duas 
questões necessitam de atenção no momento de planejar o orçamento:
As condições econômicas e financeiras (taxa de câmbio, taxa de juros etc.) se alteram 
ao longo do tempo, portanto, os dados para projeção de índices e taxas de juros devem 
ser revisados periodicamente.
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A legislação tributária sofre alterações frequentes, portanto, as condições tributárias 
devem ser atualizadas de acordo com as regras válidas para a época da elaboração do 
orçamento.
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Assim, com informações consolidadas nos orçamentos específicos, associadas às 
análises econômicas e fiscais, o administrador financeiro pode elaborar o orçamento 
geral, que serve de ferramenta de planejamento financeiro para a empresa. No entanto, 
não podemos esquecer que esse planejamento orçamentário não pode ser estático. Ele 
deve ser acompanhado e revisado periodicamente durante sua vigência, a fim de saber 
se os objetivos estão sendo alcançados ou se é necessário algum ajuste de valor devido 
a variáveis, como juros, inflação e taxa de câmbio.
1.3.3 Funções de controladoria
Neste tópico, vamos abordar as funções de controladoria, importante área de 
atuação financeira, cuja finalidade é garantir informações adequadas para fundamen-
tar as tomadas de decisão nas empresas.
A controladoria é um setor interno da empresa que tem por objetivo fornecer 
relatórios gerenciais completos, passando aos gestores uma visão real e objetiva do 
desempenho organizacional, a fim de reduzir os custos e desperdícios e aumentar a 
produção. Nas empresas de grande porte, a controladoria pode estar dividida em con-
troladoria administrativa e controladoria contábil.
Podemos listar como funções da contro-
ladoria o suporte informacional, o controle 
interno, o planejamento tributário e a elabora-
ção do orçamento, todas planejadas para além 
da apresentação de dados: devem contri-
buir com o processo decisório e de gestão da 
empresa. Para exercer a função de controladoria, 
há nas empresas o controller. O controller poderá 
elaborar relatórios a fim de realizar uma análise comparativa entre os padrões de 
controle estabelecidos e os resultados obtidos em determinado período de tempo, pro-
porcionando aos gestores a oportunidade de realinhar seus objetivos.
Identifica-se na prática de mercado que há uma visão tradicional e uma visão 
moderna da função do controller (HOJI, 2009).
Na visão tradicional, trata-se de uma atitude passiva. Mesmo visualizando os diversos riscos da 
operação, sua função é apenas apontá-los aos gestores que podem tomar as decisões.
Na visão moderna, trata-se de uma atitude mais ativa se comparada à visão tradicional, uma 
vez que o controller pode influenciar no desempenho da empresa por meio da participação em 
decisões estratégicas para a organização.
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Assim, vai ficando no passado a visão de que a controladoria abrange apenas a 
organização e a apresentação de informações extraídas dos relatórios contábeis. Na 
atualidade, assume-se uma abordagem mais dinâmica, que envolve planejamento 
estratégico, previsão de cenários e análise de novas oportunidades para os negócios da 
empresa, perpassando as áreas de finanças, contabilidade, tributação e de operações 
da organização.
1.3.4 Análise das despesas financeiras
No processo de planejamento financeiro, é fundamental analisar e controlar a 
despesa financeira. A empresa realiza investimentos e, em muitos casos, capta recur-
sos por meio de financiamentos com terceiros no mercado. 
Os financiamentos estão diretamente relacionados às despesas financeiras, uma 
vez que, para tomar dinheiro emprestado, a empresa necessita remunerar o capi-
tal financiado. Essas despesas impactam sobre o lucro empresarial e, para se tornar 
atrativo, o investimento da empresa precisa ter uma taxa de rentabilidade maior que a 
taxa de juros contratada. 
Diante disso, o administrador financeiro se preocupa em planejar, controlar e ana-
lisar as despesas financeiras. Uma ferramenta útil nessa atividade é o planejamento de 
operações financeiras, que é realizado por meio do orçamento das despesas financeiras. 
Para Hoji (2009, p. 500), a informação básica para se iniciar a elaboração do orçamento 
de despesas financeiras é o “[...] volume de geração de caixa antes das despesas finan-
ceiras”. Na elaboração desse orçamento, é importante observar que se devem separar 
os saldos dos empréstimos já realizados do saldo dos empréstimos novos. Vamos a três 
observações, de acordo com Hoji (2009):
A taxa que incide sobre os empréstimos já realizados é a taxa contratada respectivamente à 
época da operação financeira. 1
No caso de novas operações, as taxas de juros podem ser compatibilizadas a partir do início 
do empréstimo e ajustar esse valor no orçamento de operações.2
Os empréstimos devem ser agrupados por modalidade e por moeda de indexação (se o 
empréstimo é em dólar, pesos, euro, iene etc.), porque, se o empréstimo estiver indexado 
à moeda estrangeira, além da taxa de juros, vai incidir a variação cambial, que é a flutua-
ção da taxa de câmbio. 
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Assim, podemos concluir que os analis-
tas financeiros devem organizar seus relatórios, 
separando cada contrato de empréstimo e de 
investimento com o objetivo de realizar um 
maior e melhor controle deles. Além disso, 
é possível monitorar a correta aplicação das 
taxas e variações cambiais contratadas.
Tendo em vista que as despesas oriundas das operações financeiras podem afetar 
a lucratividade e a rentabilidade, torna-se fundamental realizar o planejamento dessas 
operações para que se possa maximizar a riqueza da empresa.
Neste capítulo, você pôde compreender que o planejamento e o controle finan-
ceiro são fundamentais para acompanhar o desempenho da empresa. O planejamento 
orçamentário auxilia na gestão estratégica dos recursos financeiros da organização e, 
somado às funções desempenhadas pela controladoria e à análise das despesas finan-
ceiras, propicia melhores condições para a tomada de decisão no âmbito da empresa.
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Referências 
ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas, 2009.
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2006.
______. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Education do 
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HOJI, M. Administração Financeira e Orçamentária: matemática financeira aplicada, 
estratégias financeiras, orçamento empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
LIMA, A. C. et al. Uma análise exploratória do processo de orçamento de capital em 
empresas algodoeiras. Gestão & Produção, São Carlos, v. 20, n. 2, p. 419-432, jun. 2013. 
Disponível em: <scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-530X2013000200012&l
ng=en&nrm=iso>. Acesso em: 07/02/2017.
MANKIW, N. G. Princípios de Macroeconomia. São Paulo: Cengage Learning, 2013.
MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
2 Análise macroeconômica e mercado financeiro
A macroeconomia é uma área das ciências econô-
micas que estuda a determinação e o comportamento 
de variáveis, tais como o nível de atividade do país, o 
nível geral de preços, as taxas de juros, as políticas eco-
nômicas e a dívida pública. O mercado financeiro, por 
sua vez, é o espaço facilitador das transações dos títu-
los mobiliários, inclusive os títulos da dívida pública.
Você sabe citar um indicador de produção do 
Brasil? Sabe quais as instituições que intermediam o 
mercado financeiro? Conhece o impacto da política fiscal restritiva ou da política mo-
netária expansionista sobre a produção das empresas?
Assim, estudando os conceitos básicos de macroeconomia, você poderá entender 
o movimento da economia, contextualizar o mercado financeiro, que propiciacircula-
ção e valorização do capital, entender os principais aspectos das políticas econômicas 
e, ainda, conhecer os impactos de cada política e seus reflexos na economia.
2.1 Conceitos básicos macroeconômicos
Por meio dos conceitos macroeconômicos, conseguimos explicar o funcionamen-
to da economia como um todo e como os indivíduos, famílias e empresas são afetados 
em seu dia a dia pela variação de tais elementos, sejam eles agindo individualmente ou 
combinados. Decisões de investimentos, compras, consumo etc. sofrem forte influên-
cia dos fatores macroeconômicos sobre os quais falaremos. 
Vamos começar o estudo pelo Produto Interno Bruto (PIB) e suas principais carac-
terísticas; em seguida, conheceremos a taxa de juros básica da economia e sua influência 
no nível de investimentos no país; por fim, entenderemos o que é inflação, quais são os 
principais índices de preços e o que é o câmbio. 
Dentro desse contexto, indagamos: você já parou para pensar no que mede o PIB? 
Ou por que com taxas de juros mais altas as empresas investem menos? Para responder 
a essas e a outras questões, vamos ao estudo do produto interno bruto, das taxas de ju-
ros, dos investimentos, da inflação, do nível de preços e do câmbio.
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2.1.1 Produto interno bruto
O PIB é o mais expressivo indicador do nível de atividade, que é o volume de bens 
e serviços finais produzidos no país em um determinado período de tempo. Mankiw 
(2013) define PIB como o somatório de bens e serviços finais produzidos em um país 
no período de um ano, e essa soma é contabilizada por seus valores monetários. 
Assim, o PIB mede a produção de bens e serviços finais agregados aos três seto-
res da economia, que são:
• primeiro setor: organizações públicas;
• segundo setor: organizações privadas que objetivam o lucro;
• terceiro setor: organizações privadas que não objetivam o lucro.
O cálculo do PIB considera preços (P) multiplicados pela quantidade (Q) dos pro-
dutos transacionados no mercado, assim, permite agregar quantidades heterogêneas 
de bens e serviços. Desse modo, a fórmula do PIB é a seguinte:
PIB = ∑ P x Q
Observe os valores do PIB brasileiro dos anos de 2009 a 2014. Tanto os valores nomi-
nais quanto os valores percentuais de crescimento podem ser conferidos na tabela a seguir:
Evolução nominal e percentual do PIB (2009-2014)
Período PIB nominal(∑ P x Q)
Variação percentual 
PIB real*
2009 3.328.173.595.670,00 --
2010 3.886.835.000.000,00 7,6 
2011 4.374.765.000.000,00 3,9 
2012 4.713.095.979.500,00 1,8 
2013 5.157.568.999.999,99 2,7 
2014 5.521.256.074.049,36 0,1 
Fonte: IBGE, 2016. (Adaptado).
O PIB nominal mede o total do produto de um país pelo preço de mercado; já o PIB 
real mede as variações da produção física da economia em diferentes períodos de tem-
po. O PIB real é o que nos importa, pois exclui os efeitos da inflação (MANKIW, 2013).
Dessa forma, podemos dizer que o PIB é a cesta de bens e serviços ofertada na 
economia em determinado período de tempo. No ano de 2014, essa oferta somou 
mais de R$ 5 trilhões em produtos, o que representou um acréscimo de 0,1% em rela-
ção à produção do ano anterior.
AdministrAção FinAnceirA 33
Além disso, existe o PIB per capita, uma medida que apresenta a quantidade de 
bens e serviços finais por pessoa em determinado ano e, por isso, é calculado pelo PIB 
dividido pela população do respectivo ano em análise (MANKIW, 2013). A fórmula utili-
zada para calcular o PIB per capita é a seguinte:
PIB per capita = 
PIB ano x
População ano x
Na tabela a seguir, apresentamos a evolução do PIB per capita do Brasil compa-
rando os anos de 2000 e 2010.
Evolução do PIB per capita – Brasil, 2000 – 2010
Ano 2000 2010 ∆%
Brasil R$ 6.886,26 R$ 19.508,59 183,3
Fonte: IBGE, 2015, p. 2. (Adaptado).
Para que o PIB apresente crescimento de um período para o outro, é importante es-
timular, entre outras variáveis macroeconômicas, os investimentos na economia, porém, 
estes dependem das taxas de juros básicas do mercado. Nesse sentido, é importante en-
tender como as taxas de juros influenciam os investimentos, tema abordado na sequência.
2.1.2 Taxa de juros e investimento
Da mesma forma que os bens têm um preço para sua aquisição, o dinheiro tam-
bém tem seu “preço”, que é a taxa de juros. Considerando um bem normal, a demanda 
é inversa ao preço, ou seja, um aumento do preço é acompanhado por uma queda da 
demanda. O dinheiro sofre efeito semelhante: caso a taxa de juros se eleve, torna-se 
mais caro manter o dinheiro em posse, pois se perde a oportunidade de aplicá-lo em 
um rendimento atrelado à taxa de juros.
Além disso, quando se busca dinheiro por meio de crédito (por exemplo, um 
empréstimo para poder iniciar um negócio), é preciso pagar pelo dinheiro adquirido, que 
é a taxa de juros. Dessa forma, se a taxa de juros for muito alta (isto é, o preço por adqui-
rir o dinheiro for muito alto), pessoas, grupos e empresas podem desistir de buscá-lo e, 
consequentemente, deixam de fazer investimentos.
As taxas de juros no país são referenciadas pelo Sistema Especial de Liquidação 
e de Custódia, mais conhecido como taxa Selic, que é definida pelo Comitê de Política 
Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (Bacen) a cada 45 dias. As instituições 
financeiras fixam suas taxas de juros com base nessa taxa. Se a Selic reduz, os juros 
nas instituições financeiras tendem a baixar; se aumenta, os juros tendem a aumentar. 
AdministrAção FinAnceirA 34
Os investimentos, por sua vez, são aplica-
ções de capital no sistema produtivo ou no sis-
tema financeiro com o objetivo de gerar lucro. 
No caso do sistema financeiro, pessoas físicas e 
jurídicas podem obter ganhos com a aplicação 
em títulos financeiros. No caso do sistema pro-
dutivo, as empresas investem na produção de 
bens e serviços e, para isso, captam recursos no 
mercado para comprar as máquinas e equipa-
mentos, bem como para adquirir as instalações 
das fábricas e das empresas.
Observe os impactos da variação da taxa Selic nos investimentos do setor produ-
tivo (MANKIW, 2013):
Reduz os investimentos, pois torna o capital mais caro no mercado, reduzindo o potencial de 
captação de recursos das empresas para produção de bens e serviços. A renda e o emprego 
tendem a reduzir;
Aumento da taxa Selic
Aumenta o nível de investimentos, pois torna o capital mais barato no mercado, viabilizando 
a captação de recursos das empresas para produção de bens e serviços. A renda e o emprego 
tendem a aumentar.
Redução da taxa Selic
A taxa Selic é, portanto, determinante do nível de investimentos, consumo, renda 
e emprego, além de ser um instrumento de controle da inflação. 
Nesse cenário de inflação controlada, partiremos para o estudo dos conceitos de 
inflação e índice de preços. 
2.1.3 Inflação e índices de preços
Pode-se definir inflação como uma elevação contínua do nível geral de preços, 
com redução do poder de compra do dinheiro. 
Os processos inflacionários podem ser classificados como:
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AdministrAção FinAnceirA 35
Ocorre quando a demanda por produtos é maior que sua oferta, causando uma pressão de alta nos 
preços. Para controle, o governo toma medidas para reduzir a capacidade aquisitiva da população, 
tais como: elevação de impostos, elevação da taxa de juros, redução dos prazos de financiamentos, 
redução da oferta de crédito e diminuição do número de parcelas em planos de consórcios;
Inflação de demanda
É o processo inflacionário gerado pelo aumento dos custos de produção, que são repassados aos 
preços dos produtos.
Inflação de custo
Para medir a inflação, foram criados índices que captam as variações nos preços 
ao longo de certos períodos. Os principais índices de preços no Brasil são:
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo IBGE, tem como meta a pes-
quisa do consumo da população com faixa de renda de um a cinco salários mínimos, abrangen-
do dez regiõesmetropolitanas, inclusive Brasília, Goiânia e Campo Grande. É divulgado até o dia 
quinze do mês subsequente;
Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, tem como meta a pesquisa do 
consumo da população com faixa de renda de um a quarenta salários mínimos, e abrange a mesma 
região de pesquisa do INPC, com divulgação até o dia quinze do mês subsequente. O IPCA é o índi-
ce utilizado para referenciar as metas oficiais de inflação do país pelo Banco Central do Brasil;
Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) e Índice Geral de Preços – Mercado 
(IGP-M), ambos calculados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O IGP-DI é o indexador das dívidas 
dos estados com a União e é utilizado também para correção das tarifas de telefonia. O IGP-M é o 
indicador usado para a correção da maioria dos contratos de aluguel e das tarifas de serviços públi-
cos, como energia elétrica.
Assim, a inflação leva à perda do poder aquisitivo, e os índices de preços servem 
como referência para a correção dessa perda. 
No caso de reajuste salarial: se um trabalhador recebe um reajuste salarial anual de 7%, mas a 
inflação foi de 8%, seu poder de compra é reduzido, ao passo que, se a inflação tivesse sido de 
6%, ele teria tido ganhos reais.
Em seguida, estudaremos a taxa de câmbio. 
AdministrAção FinAnceirA 36
2.1.4 Taxa de câmbio
Ainda que em nosso dia a dia trabalhe-
mos exclusivamente com a moeda oficial do 
país, o real, isto não significa que sejamos 
imunes às variações dos preços dos bens de 
fora do país. Por exemplo, alguns produtos 
que não são produzidos no país, mas são aqui 
comercializados, são comprados pelo preço 
estabelecido na moeda de seu país de origem 
e, dessa forma, ao convertermos tal preço em moeda brasileira, precisamos saber que 
taxa de conversão deve ser utilizada.
O mesmo acontece com produtos produzidos no Brasil e que, consequentemente, 
têm seus preços fixados em reais, mas são exportados e comercializados fora do país: 
o preço no país de comercialização dependerá da taxa de conversão das moedas, ou 
seja, da taxa de câmbio.
A taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira (divisa), ou seja, é a medida de 
conversão da moeda nacional em moeda de outros países. Sua determinação pode ser, se-
gundo Mankiw (2013): 1. institucional, pela decisão de autoridades econômicas com taxas 
fixas de câmbio ou, 2. pelo funcionamento do mercado, por meio das taxas flutuantes, que 
oscilam em decorrência das pressões de oferta e demanda de divisas estrangeiras.
A demanda de divisas é constituída pelos importadores, que precisam delas para 
pagar suas compras no exterior. Já a oferta de divisas é realizada pelos exportadores, 
que recebem moeda estrangeira, e pela entrada de capitais financeiros internacionais, 
via turistas e investidores.
No Brasil, a moeda estrangeira mais comercializada é o dólar dos Estados Unidos; 
quando dizemos, por exemplo, que a taxa de câmbio é 2,40, significa que um dólar dos 
Estados Unidos custa R$ 2,40. Podemos, então, dizer que a taxa de câmbio reflete o 
custo de uma moeda em relação a outra.
Cabe salientar que essas expressões são utilizadas mesmo quando as operações 
são realizadas em outras moedas estrangeiras, como euro, iene, peso etc. Assim, a 
taxa de câmbio viabiliza a conversão da moeda nacional em moeda de outros países. 
Você pôde perceber que o PIB é uma medida da produção do país, que sofre 
com a alta das taxas de juros, pois estas reduzem os investimentos, mas que é um im-
portante instrumento de controle inflacionário. Você também pôde aprender que o 
câmbio é o preço que pagamos para adquirir moedas estrangeiras. Agora que você 
compreendeu os conceitos básicos relacionados aos aspectos macroeconômicos, estu-
daremos o sistema financeiro do Brasil.
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AdministrAção FinAnceirA 37
2.2 Sistema financeiro no Brasil
Neste tópico, vamos entender o que são os ativos financeiros, as características de 
cada mercado que compõe o mercado financeiro, as principais instituições que realizam 
a intermediação desses ativos no mercado e a bolsa de valores, que facilita a comerciali-
zação desses ativos no mercado. 
Você já parou para pensar se pode dizer que poupança é um ativo financeiro? 
Você sabe qual o papel do Bacen na economia? 
Para responder a essas e a outras questões, vamos ao estudo dos ativos financei-
ros, da composição do mercado financeiro, das instituições financeiras e do papel da 
bolsa de valores.
2.2.1 Ativos financeiros
Diferentemente dos ativos reais, os quais são tangíveis, físicos e nos trazem benefí-
cios diretos, os ativos financeiros não são capazes de trazer diretamente tais benefícios, 
mas servem de meio para obter os ativos reais. Por exemplo, uma casa é um ativo real e, 
com ela, temos proteção do frio, da chuva, dos perigos do dia a dia etc. Tais benefícios 
são reais, pois são obtidos por meio desse tipo de ativo.
Já os ativos financeiros, por sua vez, representam direitos. Por exemplo, se inves-
timos nosso dinheiro em uma instituição financeira, temos o direito de receber dela 
nosso dinheiro de volta e mais um montante de juros pelo tempo que nosso dinheiro 
ficou em posse da instituição. Para tanto, o investimento feito, ou seja, a disponibili-
zação de nosso dinheiro à instituição, é formalizado por meio de algum tipo de docu-
mento, garantindo que possamos comprovar nossos direitos sobre tal valor.
Consideramos ativo financeiro tanto o dinheiro em espécie quanto os títulos que 
representam posse sobre algum direito, como ações, caderneta de poupança, debêntu-
res etc. Na prática, um investidor que deposita seu dinheiro na caderneta de poupança 
vai adquirir o direito de retirar o montante em uma data futura, de acordo com os rendi-
mentos da poupança para o período de aplicação.
De acordo com Assaf Neto (2009, p. 49), os ativos podem ser divididos em:
• renda fixa: ativos cujos rendimentos são conhecidos previamente, podendo ser: 
• prefixados, quando os juros a serem pagos são previamente definidos e 
conhecidos, independentemente da situação econômica que ocorra ao 
longo do tempo da aplicação; 
• pós-fixados, quando somente uma parcela dos juros é fixa (taxa real de 
juros), sendo a outra parte definida com base em um indexador de preços 
AdministrAção FinAnceirA 38
contratado (IGP-M, TR etc.). São exemplos de renda fixa: Certificados de 
Depósitos Bancários (CDB), debêntures, caderneta de poupança, fundos 
de investimentos em renda fixa, letras de câmbio e letras hipotecárias;
• renda variável: títulos cujo rendimento é definido com base no desempenho 
apresentado pela instituição que o emite, como, por exemplo, as ações, classifi-
cadas como valor de renda variável, tendo em vista que seus rendimentos variam 
de acordo com os lucros auferidos pela empresa emissora. Outros exemplos de 
renda variável são: fundos de ações, commodities e derivativos.
Assim, os ativos financeiros representam tanto formas de captação como formas 
de aplicação de recursos para os investidores.
A seguir, estudaremos a composição do mercado financeiro. 
2.2.2 Composição do mercado financeiro
O mercado financeiro – espaço que permite a intermediação do dinheiro, de tí-
tulos mobiliários, seguros de vida, planos de previdência, entre outros – é composto 
por quatro mercados: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e 
mercado de câmbio.
Vamos entender um pouco mais cada um desses mercados de acordo com Hoji (2009):
• mercado monetário: executa a política monetária do governo federal por 
meio de compra e venda, pelo Banco Central, de títulos da dívida pública emi-
tidos pelo Tesouro Nacional, tais como: Letras do Tesouro Nacional (LTN), 
Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e Notas do Tesouro Nacional (NTN). 
Podemos acrescentar nesse mercado a negociação dos títulos emitidos pelas 
instituições privadas, tais como: Certificado de Depósitos Interbancários (CDI), 
Certificados de Depósito Bancário (CDB) e debêntures.

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