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Guia de Redução de Danos e saída de 
Medicamentos Psiquiátricos 
autonomia e saúde mental ao alcance de todos 
Sumário 
 
1) Os princípios do guia.......................................................................................................................................6 
 
2) Como funcionam os medicamentos psiquiátricos.........................................................................................18 
 
3) Retirando a medicação gradualmente............................................................................................................34 
 
4) Antes de você começar a parar.......................................................................................................................40 
 
5) Parando: passo a passo...................................................................................................................................50 
 
6) Reflexões finais...............................................................................................................................................57 
 
Recuperação e Medicamentos 3 
Nota do autor 
 
Este é um guia que eu gostaria de ter tido quando 
estava tomando medicamentos psiquiátricos. O 
Prozac me ajudou por um tempo, depois me fez 
maníaco e suicida. Fiquei doente por dias depois de 
sair de Zoloft, com quem teria que cuidar de mim me 
dizendo que eu estava fingindo. 
 
Enfermeiras que extraíam amostras de sangue para 
meus níveis de lítio nunca explicavam que era para 
verificar a toxicidade dos medicamentos no meu 
corpo, e me diziam que o Navane e outros anti-
psicóticos que eu tomei para acalmar meus estados 
mentais eram necessários por causa da química 
cerebral defeituosa. 
 
Eu usei muitas drogas psiquiátricas diferentes ao 
longo de vários anos, mas os profissionais médicos 
que as prescreveram nunca me fizeram sentir 
empoderado ou informado. Eles não explicavam como 
os medicamentos funcionam, não discutiam 
honestamente os riscos envolvidos, não ofereciam 
alternativas ou me ajudavam a desistir quando eu 
queria parar de tomá-los. 
 
As informações que eu precisava estavam faltando 
 
 
 
Recuperação e Medicamentos 4 
eram incompletas ou imprecisas. Quando eu finalmente 
comecei a aprender maneiras de melhorar sem 
medicação, não foi por causa do sistema de saúde 
mental. 
 
Parte de mim realmente não queria estar usando 
medicamentos psiquiátricos, mas outra parte de mim 
precisava desesperadamente de ajuda. Meu sofrimento 
era muito sério - tentativas múltiplas de suicídio, ouvir 
de vozes persecutórias, desconfiança extrema, 
experiências bizarras, esconder-me sozinho no meu 
apartamento; eu era incapaz de cuidar de mim mesmo. 
 
A terapia não funcionou e ninguém me ofereceu outras 
opções. Eu estava sob pressão para ver meus problemas 
como "biologicamente baseados" e "precisando" de 
medicação, em vez de considerar a medicação como 
uma opção entre muitas. Por um tempo, a medicação 
pareceu ser a minha única saída. Demorou anos para 
aprender que as respostas, e minha esperança de 
melhorar, estavam realmente dentro de mim. 
 
Quando finalmente saí dos hospitais, instalações 
residenciais e abrigos para sem-teto em que morei por 
quase um ano, comecei a fazer minhas próprias 
investigações. Comecei a julgar minhas opções com mais 
cuidado, não com base em autoridades mal informadas 
que me diziam o que fazer, mas em minha própria 
pesquisa e aprendizado. 
 
 
Esse processo me levou a fundar o Freedom Center, 
uma comunidade de apoio no oeste de Massachusetts 
que reúne pessoas que fazem perguntas semelhantes. 
 
Através do Freedom Center descobri que me foi 
negado um direito médico básico: consentimento 
informado, com informações precisas sobre meu 
diagnóstico e medicação. 
 
Eu aprendi que os maus-tratos como os que eu passei 
costumam acontecer normalmente na área saúde 
mental. 
 
Me deparei com pesquisas ignoradas pela grande 
mídia, incluindo estudos da organização britânica 
MIND e da British Psychological Society, que 
confirmaram minha experiência: a maioria dos 
profissionais não está informado sobre a saída de 
medicamentos e, muitas vezes, desencorajam os 
pacientes. 
 
O Freedom Center me levou a trabalhar com o Projeto 
Icarus e, juntas, essas comunidades de apoio mútuo 
ajudaram muitas pessoas a tomarem decisões mais 
sábias - se é para continuar com medicamentos 
quando são úteis ou explorar a possibilidade de sair 
quando não são. 
 
 
Recuperação e Medicamentos 5 
Muitos de nós estão vivendo sem medicamentos 
psiquiátricos, aqueles que os médicos nos diziam que 
precisaríamos por toda a nossa vida, e apesar do 
diagnóstico de esquizofrenia, eu tenho estado livre há 
mais de 15 anos. 
 
- Will Hall 
 
 
Os princípios deste guia 
Capítulo 1 
Escolha. Os medicamentos psiquiátricos afetam os 
aspectos mais íntimos da mente e da consciência. 
Temos o direito à autodeterminação: definir nossas 
experiências como quisermos, procurar profissionais 
em quem confiamos e descontinuar os tratamentos 
que não estão funcionando para nós. 
 
Não julgamos os outros por tomar ou não tomar 
medicamentos psiquiátricos: respeitamos a 
autonomia individual. Quando as pessoas têm 
dificuldade em se expressar ou serem compreendidas 
pelos outros, elas merecem acomodação, apoio à 
tomada de decisões e paciência dos defensores do 
cuidado, de acordo com o princípio de “primeiro não 
fazer mal” e a menor invasão possível. Ninguém deve 
ser forçado a tomar nada contra sua vontade. 
 
Informações. Empresas farmacêuticas, médicos e a 
mídia precisam fornecer informações precisas sobre 
os riscos dos medicamentos, a natureza do 
diagnóstico psiquiátrico, como os medicamentos 
funcionam, os tratamentos alternativos e como usar 
tais medicamentos. A ética médica exige que os 
profissionais entendam os tratamentos que 
prescrevem, protejam os pacientes de danos e 
promovam alternativas mais seguras. 
 
Recuperação e Medicamentos 7 
Acesso. Quando escolhemos alternativas para 
medicamentos psiquiátricos e tratamentos 
convencionais, deve haver programas, opções acessíveis 
e cobertura de seguro disponível. Escolha sem acesso a 
opções não é uma escolha real. Os serviços controlados 
pela comunidade devem estar disponíveis para todos 
que precisam de ajuda para sair de drogas psiquiátricas 
ou lutar contra estados extremos de consciência. 
 
Pedimos a todos os profissionais de saúde que ofereçam 
serviços gratuitos e de baixo custo a alguns de seus 
clientes, e que todos os que têm privilégios econômicos 
e sociais trabalhem para ampliar o acesso a tratamentos 
alternativos a todos. 
 
Redução de danos para a saúde 
mental 
 
“A experiência de cada um é diferente, e como cada um 
de nós é único, é como se estivéssemos navegando por 
um labirinto, nos perdendo e encontrando nosso caminho 
novamente, criando nosso próprio mapa à medida que 
avançamos.” 
 
Abordagens absolutistas à educação sobre drogas e sexo 
ensinam abstinência, “apenas diga não” como um 
caminho para todos. Eles trabalham para algumas 
pessoas, mas não para a maioria, 
e se você não seguir o modelo, poderá acabar sendo 
julgado e não ajudado. 
 
A redução de danos é um movimento internacional na 
educação de saúde comunitária que reconhece que 
não existe uma solução única para cada pessoa, 
nenhum padrão universal de “sucesso” ou “fracasso”. 
É algo diferente, pragmático, não dogmático. 
 
Livrar-se do problema não é necessariamente o único 
caminho. Em vez disso, a redução de danos aceita a 
realidade das pessoas e as educa para fazer escolhas 
informadas e calcular as compensações que reduzem 
o risco e aumentam o bem-estar. As pessoas precisam 
de informações, opções, recursos e apoio para que 
possam avançar para uma vida mais saudável - no seu 
próprio ritmo e em seus próprios termos. 
 
A aplicação da filosofia de redução de danos à saúde 
mental é uma abordagem nova, mas crescente. Isso 
significa nem sempre tentar eliminar “sintomas”ou 
descontinuar todos os medicamentos. Ela reconhece 
que as pessoas já estão tomando medicamentos 
psiquiátricos, já tentando sair deles, e já vivendo com 
sintomas - e que nesta realidade complicada as 
pessoas precisam de ajuda verdadeira, não de 
julgamento. 
 
Recuperação e Medicamentos 8 
Ela incentiva o equilíbrio entre os diferentes riscos 
envolvidos: os danos causados ​​por estados extremos, 
bem como os danos causados ​​por tratamentos como 
efeitos adversos de medicamentos, redução do poder de 
rótulos e hospitalização traumática. 
 
Tomar decisões de redução de danos significa observar 
honestamente todos os lados da equação: como as 
medicações podem ajudar a vida de uma pessoa que se 
sente fora de controle, como essas mesmas medicações 
podem ser arriscadas e o papel das opções e 
alternativas. 
 
Qualquer decisão se torna um processo de 
experimentação e aprendizado, incluindo aprender com 
seus próprios erros e mudar seus objetivos ao longo do 
caminho. A redução de danos aceita tudo isso, 
acreditando que a essência de qualquer vida saudável é 
a capacidade de ser fortalecido. 
 
Não há fórmula para sair de medicamentos psiquiátricos. 
O que existe e o que este guia apresenta é alguma 
experiência comum, pesquisa básica e informações 
importantes que podem potencialmente tornar o 
processo menos difícil. 
 
Muitas pessoas param com sucesso de tomar a 
medicação, com ou sem orientação, enquanto outras 
acham muito difícil. 
E muitas outras acabam ficando sem nunca explorar 
novas opções, por simplesmente não as conhecerem. 
 
Quando nos baseamos apenas em médicos, televisão 
e fontes tradicionais, pode parecer impossível 
imaginar lidar com nossos extremos emocionais sem 
medicamentos psiquiátricos. Talvez nunca tenhamos 
ouvido falar de alguém passando pelo que passamos 
sem medicamentos. 
 
As vezes as pessoas estão divididas entre os riscos de 
permanecer e os riscos de sair dessas medicações. 
 
Outras podem querer sair, mas não ser o momento 
certo, ou podem ter tentado no passado, sem o 
conhecimento de alternativas terapêuticas, e 
experimentado um retorno de sintomas assustadores, 
e decidiram voltar por agora. 
 
Na realidade, nossos caminhos para parar ou 
encontrar uma cura são únicos. Alguns de nós não 
precisam fazer mudanças de vida, deixando que o 
tempo e a paciência o façam. Outros podem precisar 
fazer grandes mudanças na nutrição, no que 
conhecem, no trabalho, na vida familiar ou nos 
relacionamentos. 
Recuperação e Medicamentos 9 
Podemos precisar nos concentrar mais no autocuidado, 
na expressão, na arte e na criatividade; adotar outras 
abordagens como grupos de apoio em pares, terapia, 
fitoterapia, acupuntura ou homeopatia; ou encontrar 
novos interesses de vida, como ir à escola ou se conectar 
com a natureza. 
 
Podemos descobrir que o primeiro passo é ter um sono 
reparador; podemos precisar de mais estrutura para nos 
ajudar com a motivação; ou parar de tomar qualquer 
droga ou álcool; ou passar a falar com maior 
honestidade e vulnerabilidade sobre o que estamos 
passando. 
 
O processo pode parecer misterioso e arbitrário, e uma 
atitude de aceitação e paciência é vital. Aprender 
significa tentativa e erro. 
 
Olhando criticamente para a 
psiquiatria e os “transtornos 
mentais” 
 
Os médicos colocam as pessoas em medicações 
psiquiátricas em função de experiências rotuladas como 
“transtornos mentais”: extrema aflição emocional, 
sofrimento avassalador, mudanças bruscas de humor, 
crenças incomuns, comportamentos disruptivos e 
estados misteriosos de loucura. 
 
Atualmente, milhões de pessoas em todo o mundo, 
incluindo bebês e idosos, tomam medicamentos 
psiquiátricos quando diagnosticadas com algum tipo 
de transtorno: transtorno bipolar, esquizofrenia, 
psicose, depressão, ansiedade, déficit de atenção, 
estresse obsessivo-compulsivo ou pós-traumático. Os 
números sobem todos os dias. 
 
Para muitas pessoas, as medicações psiquiátricas são 
muito úteis. Colocar os freios em uma vida fora de 
controle, ser capaz de funcionar no trabalho, na 
escola e nos relacionamentos, adormecer e manter os 
limites emocionais pode ser um salva-vidas. A 
sensação de alívio revigora, e os medicamentos 
podem provocar emoções muito poderosas e até 
sentimentos de salvação. 
 
Ao mesmo tempo, a ajuda que as medicações 
psiquiátricas oferecem para essas muitas pessoas 
pode deixar pouco espaço para que enxerguemos 
outras realidades: outros experimentam essas 
medicações como negativas, prejudiciais e até mesmo 
como elementos criadores de riscos de vida. 
 
Como resultado, é raro na sociedade encontrar uma 
compreensão clara de como 
Recuperação e Medicamentos 11 
e porque essas drogas funcionam, ou uma discussão 
honesta sobre riscos, alternativas e como se desfazer 
delas se as pessoas quiserem. 
 
Muitos médicos e anúncios de TV dizem às pessoas que 
a medicação psiquiátrica é necessária para uma doença 
biológica, assim como a insulina para o diabetes. Eles 
promovem a ideia de que essas drogas corrigiriam 
desequilíbrios químicos e tratariam anormalidades 
cerebrais. 
 
A verdade é diferente, no entanto. "Biologia" e 
"desequilíbrios químicos" tornaram-se insinuações 
simplistas para persuadir as pessoas a depositarem sua 
fé em médicos e soluções rápidas. Essas palavras são, na 
verdade, muito mais complicadas e pouco claras. Fatores 
biológicos (como nutrição, repouso e alergias 
alimentares) afetam tudo o que experimentamos. 
 
Dizer que algo tem uma causa biológica ou base 
biológica pode passar sempre uma mensagem de que a 
solução deve ser sempre médica e que “tratamentos” 
têm que incluir essas medicações. Uma vez que as 
pessoas tenham um diagnóstico e comecem a tomar 
medicação, é fácil pensar nos medicamentos como 
fisicamente necessários para a sobrevivência. 
 
Não só não existe uma ciência sólida por trás da visão 
dos transtornos mentais como os simples 
maus funcionamentos da biologia são “corrigidos” 
pelas medicações, porém, muitas pessoas com 
diagnósticos graves de esquizofrenia ou de transtorno 
bipolar se recuperam completamente sem medicação. 
As experiências que recebem distúrbios mentais 
rotulados não são “incuráveis” ou para sempre “ao 
longo da vida”, são mais misteriosas e imprevisíveis. 
 
Para algumas pessoas, as medicações psiquiátricas 
são ferramentas úteis que modificam a consciência de 
maneiras úteis, mas não são tratamentos médicos 
necessários para o problema. 
 
Uma vez que você reconhece isso, mais opções se 
tornam pensáveis. E os riscos potenciais dessas 
medicações ficam sob maior observação, dado que 
são muito graves - incluindo doenças crônicas, 
deficiência mental, dependência, piores sintomas 
psiquiátricos e até risco de morte prematura. 
 
Os medicamentos psiquiátricos se tornaram uma 
indústria multibilionária, como os grandes gastos 
petrolíferos e militares, e as empresas têm incentivo e 
meios para encobrir fatos sobre seus produtos. 
 
Se você olhar com mais atenção para a pesquisa e 
Recuperação e Medicamentos 12 
examinar de perto as alegações do sistema de saúde 
mental, descobrirá um quadro muito diferente do que as 
empresas farmacêuticas e muitos médicos nos levam a 
acreditar. 
 
As empresas ativamente reprimem avaliações precisas 
dos riscos de medicamentos, enganam os pacientes 
sobre como as teorias são controversas, promovem uma 
falsa compreensão de como eles realmente funcionam, 
mantêm pesquisas sobre abordagens alternativas não 
financiadas e não publicadas e obscurecem o papel do 
trauma e da opressão no sofrimento mental. 
 
Em grande parte do sistema de saúde mental, 
escândalos estão crescendo e a fraude e a corrupção em 
torno de algumas medicações psiquiátricas estão 
atingindo proporções do setor de tabaco. 
 
Neste ambiente cultural complicado, as pessoas estão 
procurando informações precisas sobre possíveis riscos e 
benefícios para que possam tomar suas próprias 
decisões. 
 
Demasiadas vezes, as pessoas que precisamde ajuda 
para reduzir e abandonar estes medicamentos ficam 
sem apoio ou orientação. Às vezes eles são tratados 
como se o desejo de sair delas fosse, em si, um sinal de 
doença mental - e uma necessidade de mais 
medicamentos. 
 
Ao discutir "riscos" e "perigos", é importante entender 
que toda a vida envolve riscos: cada um de nós toma 
decisões todos os dias para assumir riscos aceitáveis, 
como dirigir um carro, trabalhar em um trabalho 
estressante ou beber álcool. 
 
Pode não ser possível prever exatamente como os 
riscos nos afetarão, ou evitar completamente os 
riscos, mas é importante saber o máximo possível 
sobre quais são os riscos. 
 
Observar os riscos do tratamento com medicações 
também significa encarar ou não os riscos de 
sofrimento emocional e assim tomar a melhor decisão 
para você. 
 
Talvez as drogas psiquiátricas sejam a melhor opção 
dadas suas circunstâncias e situação, ou talvez você 
queira tentar reduzir ou sair. Este guia não pretende 
persuadi-lo de uma forma ou de outra, mas sim ajudar 
a educá-lo sobre suas opções, se você decidir explorar 
os medicamentos. 
 
Baseamos este guia nas melhores informações 
disponíveis, incluindo excelentes fontes do Reino 
Unido, e trabalhamos com um grupo de consultores 
profissionais de saúde 
Recuperação e Medicamentos 13 
, incluindo médicos psiquiatras, enfermeiros e outros 
profissionais, todos com experiência clínica ajudando 
pessoas a viverem sem medicações. 
 
Também utilizamos a sabedoria coletiva de uma rede 
internacional de conselheiros de grupos de ajuda mútua, 
aliados, colegas, ativistas e curadores que estão 
conectados com o Freedom Center e o Projeto Icarus, 
além de sites como o Beyond Meds. 
 
Encorajamos você a usar este guia não como o recurso 
definitivo, mas como um ponto de referência para iniciar 
sua própria pesquisa e aprendizado. E esperamos que 
você compartilhe o que aprendeu com outras pessoas. 
 
Declaração universal dos direitos e 
liberdades da mente 
 
1) Que todos os seres humanos são criados diferentes. 
Que todo ser humano tem o direito de ser mentalmente 
livre e independente. 
 
2) Que todo ser humano tem o direito de sentir, ver, 
ouvir, imaginar, acreditar ou experimentar qualquer 
coisa, de qualquer forma, a qualquer momento. 
 
3) Que todo ser humano tem o direito de se 
comportar de qualquer maneira que não prejudique 
os outros ou não quebre as leis justas. 
 
4) Que nenhum ser humano deve ser submetido, sem 
consentimento, ao encarceramento, restrição, 
punição ou intervenção psicológica ou médica na 
tentativa de controlar, reprimir ou alterar os 
pensamentos, sentimentos ou experiências do 
indivíduo. 
 
Quão difícil é sair dos 
medicamentos psiquiátricos? 
 
Ao trabalhar com centenas de pessoas ao longo de 
muitos anos, descobrimos que não há como prever 
como será o processo de saída. Não há realmente 
nenhuma maneira de saber com antecedência quem 
pode e quem não pode se dar bem sem as 
medicações psiquiátricas, quem pode se dar bem com 
menos comprimidos ou doses menores, ou quão 
difícil será. 
 
Vimos pessoas parando com sucesso depois de mais 
de 20 anos, pessoas que decidem continuar a recebê-
las depois de apenas 
Recuperação e Medicamentos 15 
um ano ou menos e pessoas que lutam com a retirada a 
longo prazo. Porque sair é potencialmente possível para 
qualquer um, a única maneira de realmente saber é 
tentar devagar e com cuidado, e ver como está indo, 
permanecendo aberto para permanecer. Todo mundo 
deveria ter a oportunidade de explorar isso. 
 
O estudo da MIND, a principal instituição de caridade em 
saúde mental no Reino Unido, confirma nossa 
experiência. A MIND descobriu que “o tempo de duração 
da medicação surgiu como o fator que mais claramente 
influenciou o sucesso ao sair. 
 
Quatro em cada cinco pessoas (81%) que estavam em 
uso de medicamentos por menos de seis meses 
conseguiram sair. Em contraste, menos da metade (44%) 
das pessoas que estavam em uso por mais de cinco anos 
tiveram sucesso. 
 
”Enfrentar essas incógnitas significa permanecer flexível 
e aprender à medida que deixar de tomar a medicação 
completamente pode, ou não, ser o certo para você. 
Apesar da incerteza, todos podem se tornar mais fortes 
conforme a experiência.” 
 
A política da retirada 
 
De certa forma, a questão de abandonar os 
medicamentos psiquiátricos é profundamente política. 
Pessoas de todas as origens econômicas e 
educacionais reduzem com sucesso ou deixam de usá-
las. 
 
No entanto, as vezes, o privilégio econômico pode 
determinar quem tem acesso a informações e 
educação, quem pode pagar tratamentos alternativos 
e quem tem a oportunidade de fazer mudanças na 
vida. 
 
Pessoas sem recursos são frequentemente as mais 
vulneráveis ​​a abusos psiquiátricos e lesões em 
decorrência do uso de medicamentos. 
 
A saúde é um direito humano para todas as pessoas: 
precisamos de uma revisão completa do nosso 
“sistema de saúde mental” fracassado em favor de 
alternativas verdadeiramente eficazes e compassivas 
disponíveis para todos, independentemente da renda. 
 
Empurrar medicações arriscadas e caras como 
Recuperação e Medicamentos 16 
a primeira e única linha de tratamento deve terminar; a 
prioridade deve ser a prevenção, o fornecimento de 
locais de refúgio seguros e tratamentos que não causam 
danos. 
 
Numerosos estudos, como os da Soteria House, na 
Califórnia, e os da abordagem Open Dialogue, na 
Finlândia, mostram que tratamentos não-
medicamentosos e com baixo nível de drogas podem ser 
muito eficazes e ainda custariam menos do que o 
sistema atual. 
 
Em vez de encarar as experiências da loucura apenas 
como uma “incapacidade”, que pode ser um estigma 
estigmatizante, a sociedade deve incluir as necessidades 
de pessoas sensíveis, criativas, emocionalmente feridas 
e incomuns que fazem contribuições para a comunidade 
além dos padrões de competição, materialismo e 
individualismo. 
 
Para realmente ajudar as pessoas que são rotuladas 
mentalmente doentes, precisamos repensar o que é 
“normal”, da mesma forma que estamos repensando o 
que significa ser incapaz de ouvir, não ter visão, ou 
possuir uma mobilidade física limitada. 
 
O design universal e o acomodar daqueles que são 
diferentes acabam por beneficiar a todos. 
 
Precisamos desafiar o poder de todas as formas, e 
questionar a sabedoria de se adaptar a uma sociedade 
opressiva e insalubre, uma sociedade que em muitos 
aspectos é bastante louca. 
 
Um modelo social de inclusão significa aceitar as 
diferenças humanas e não mais tratar os impactos da 
pobreza e da opressão como problemas médicos. 
Nossas necessidades estão interligadas com as 
necessidades mais amplas de justiça social e 
sustentabilidade ecológica. 
Recuperação e Medicamentos 17 
Como funcionam os medicamentos 
psiquiátricos 
Capítulo 2 
A maioria das pessoas começa a tomar medicamentos 
psiquiátricos porque estão angustiadas e aflitas. Elas 
estariam experimentando estados avassaladores de 
sofrimento emocional, ou mesmo a pessoa estaria 
aflita com seu comportamento - ou alguma 
combinação de ambas. 
 
Há muitos rótulos para esses estados, como 
ansiedade, depressão, compulsão, mania, psicose, 
vozes e paranoia, e os rótulos mudam com o tempo. 
 
Os médicos dizem às pessoas que seu sofrimento 
emocional é devido a um distúrbio mental que tem 
uma base a bioquímica, que seu sofrimento é 
perigoso e deve ser interrompido (como medos de 
suicídio ou alegações de deterioração da doença) e 
que a medicação por meio de drogas psiquiátricas é 
necessária como tratamento. 
 
Os medicamentos psiquiátricos atuam no cérebro 
para alterar o humor e a consciência como qualquer 
outra substância psicoativa. Como muitas medicações 
podem embotar ou controlar os sintomas de 
sofrimento emocional - tranquilizando uma pessoa, 
acelerando-a, entorpecendo a sensibilidade ou 
induzindo-a a dormir - ela pode tirar vantagem dos 
estados extremos. 
 
Recuperação e Medicamentos19 
Eles ajudam algumas pessoas a se sentirem mais capazes 
de viver suas vidas. É importante perceber, no entanto, 
que as medicações psiquiátricas não alteram as causas 
subjacentes do sofrimento emocional. 
 
Elas são mais bem entendidos como ferramentas ou 
mecanismos de enfrentamento que, às vezes, aliviam os 
sintomas e abrem o caminho para a mudança - mas com 
riscos significativos para quem os toma. 
 
Os medicamentos psiquiátricos 
realmente concertam sua química 
cerebral ou tratam seu problema? 
 
Dizem às pessoas que os transtornos mentais estão 
diretamente associados a uma química do cérebro 
“anormal”, que a doença é causada por “predisposições” 
genéticas e que as medicações psiquiátricas são 
necessárias para interromper um processo de doença e 
corrigir os desequilíbrios. 
 
No entanto, não é assim que os medicamentos 
funcionam e as teorias de doenças cerebrais não foram 
comprovadas pelos estudos como verdadeiras. Acreditar 
nessas afirmações pode reforçar a sensação de ser uma 
vítima indefesa da biologia e deixar as pessoas sentindo 
que não há opções além de medicamentos. 
 
Apesar de décadas de pesquisa dispendiosa, nenhum 
desequilíbrio químico, predisposições genéticas ou 
anomalias cerebrais causaram consistentemente um 
diagnóstico bipolar, de depressão ou de esquizofrenia. 
A mídia relata pesquisas “promissoras” que “precisam 
de mais estudos”, mas nada conclusivo foi 
encontrado. 
 
Testes físicos, como a tomografia cerebral ou a coleta 
de sangue, não são usados ​​para um diagnóstico de 
bipolar, esquizofrênico ou depressivo e não podem 
revelar se seu cérebro está anormal. (Estados 
alterados com causas físicas claras, como, por 
exemplo, concussões, demência ou delírios por conta 
do álcool, são chamados de “psicose orgânica”.) 
 
Uma linha de base nunca foi estabelecida para o que 
constitui um cérebro “psicologicamente normal” para 
todas as pessoas. Três pessoas com o mesmo 
diagnóstico podem ter química cerebral muito 
diferente, e alguém com química cerebral semelhante 
pode não ter nenhum diagnóstico. 
 
Enquanto muitas pessoas enfrentam problemas físicos 
como a deficiência de vitaminas que um médico ou 
profissional holístico pode resolver, 
Recuperação e Medicamentos 20 
isso pode também ajudar problemas emocionais - ou 
talvez não. A medicina não descobriu a biologia da 
doença mental da mesma maneira que a tuberculose, a 
síndrome de Down ou o diabetes. 
 
A angústia emocional e a loucura permanecem abertas à 
interpretação. E quanto a genética? Os diagnósticos 
mentais podem parecer "correr entre famílias", mas 
também elementos como o abuso infantil e a pobreza. 
 
Por causa do ambiente compartilhado, de expectativas e 
traumas intergeracionais, a história da família pode 
significar muitas coisas além de hereditariedade 
inescapável. 
 
Estudos afirmam que os gêmeos tendem a ter uma 
chance ligeiramente maior de ter o mesmo diagnóstico, 
mas essa pesquisa é muitas vezes falha e os resultados 
são exagerados. Os pais sabem que as crianças têm 
diferentes temperamentos, mesmo no nascimento, mas 
a experiência pré-natal tem influência. 
 
Traços individuais como sensibilidade e criatividade só se 
tornam loucura depois que fatores sociais muito 
complicados, como trauma e opressão, têm 
desempenhado um papel. Mesmo o sequenciamento do 
genoma humano não revelou nenhuma chave para a 
doença mental, e a ideia de "predisposição" genética 
permanece especulativa e não comprovada. 
 
Na verdade, quanto mais a neurociência descobre 
sobre genes, comportamento e o cérebro, mais 
complicada se torna a imagem. A epigenética mostra 
que, em vez de um "plano genético", o ambiente 
interage para ativar e desativar genes. 
 
Usar a ciência genética para simplificar demais a 
diversidade do comportamento humano é um 
retrocesso aos desacreditados conceitos de 
darwinismo social e eugenia. Ele retrata algumas 
pessoas como destinadas a serem inferiores, 
defeituosas e menos que totalmente humanas. 
 
Cada sentimento e pensamento existe de alguma 
forma no cérebro como uma expressão da biologia, 
mas a sociedade, a mente e o aprendizado intervêm 
para tornar impossível estabelecer qualquer relação 
causal. 
 
O estresse, por exemplo, está associado à química do 
cérebro, mas uma pessoa pode prosperar sob 
circunstâncias estressantes que são debilitantes para 
outra. 
 
A nova ciência da “neuroplasticidade” mostra que o 
cérebro está em constante crescimento e que a 
própria aprendizagem 
Recuperação e Medicamentos 21 
pode mudar o cérebro: por exemplo, a psicoterapia pode 
reorganizar a estrutura cerebral e os pesquisadores 
descobriram que as regiões cerebrais associadas à 
memorização de mapas foram aumentadas nos taxistas 
de Londres. 
 
Se a aprendizagem pode afetar o cérebro de uma forma 
tão profunda, então não somos tão limitados pela 
biologia como se acreditava. 
 
A psiquiatria não pode reivindicar credibilidade sem 
resolver então o mistério da relação mente-corpo por 
trás da loucura. Sem respostas claras da ciência, o 
diagnóstico psiquiátrico não é, em última análise, uma 
declaração de fato, mas a opinião subjetiva de um 
médico sobre um paciente. 
 
O médico inevitavelmente confia em seus próprios 
preconceitos, suposições, medos e preconceitos. Os 
médicos muitas vezes discordam uns dos outros, as 
pessoas às vezes têm muitos diagnósticos diferentes ao 
longo do tempo, e a discriminação baseada em classe, 
raça e gênero é comum. 
 
A decisão de tomar medicamentos psiquiátricos deve 
basear-se na utilidade dos efeitos da medicação em 
relação aos riscos envolvidos, e não em qualquer crença 
falsa de que a pessoa “deve” estar na com a medicação 
por causa da biologia ou dos genes. 
 
Quem é o culpado? Você mesmo? 
Sua biologia? Ou nem um dos 
dois? 
 
Se a biologia e a química do cérebro não são 
“culpadas” pela ansiedade, vozes, sentimentos 
suicidas, mania ou outras aflições, isso significa que a 
culpa está em você? É culpa do seu cérebro ou sua 
culpa? 
 
Um diagnóstico psiquiátrico pode ser um grande alívio 
se a única outra opção for se culpar por ser 
preguiçoso, fraco ou falso. Quando você se sente 
impotente e as pessoas não levam a sério a sua dor, 
um médico dizendo que você tem um distúrbio 
mental pode estar “validando” sua situação. 
 
Escolher reduzir ou sair da medicação pode parecer 
uma mensagem errada, como se o seu sofrimento não 
fosse tão ruim e você realmente não precisasse de 
ajuda. E não ser capaz de sair também pode parecer 
vergonhoso, como se você tivesse que se esforçar 
mais e tudo dependesse de você. 
 
Isso é injusto, pensando que deixa muitas pessoas 
desamparadas e presas no sistema de saúde mental. 
Recuperação e Medicamentos 23 
A publicidade farmacêutica ataca esse dilema: se a dor é 
realmente séria, ela precisa de medicação, se não, você 
está sozinho. Empoderamento significa pensar além de 
uma visão limitada e abraçar formas mais amplas de ver 
as coisas, ao contrário dessa lógica citada acima. 
 
Todo mundo precisa de apoio em algum momento da 
vida diante de diferentes sentimentos e situações da 
vida. Todos nós precisamos aprender a equilibrar a 
responsabilidade pessoal com a ajuda. Você não tem que 
culpar seu cérebro para se dar um pouco de compaixão. 
 
Porque a ciência médica não tem respostas, cabe a cada 
pessoa entender sua vida da maneira que faz mais 
sentido para ela. Os recursos neste guia podem abrir 
novas possibilidades. 
 
Por exemplo, a British Psychological Society, sugere que 
algumas pessoas podem ter maior vulnerabilidade ao 
estresse do que outras. O Hearing Voices Movement, 
nos encoraja a aceitar e aprender com experiências 
incomuns, em vez de apenas vê-las como sintomas sem 
sentido para nos livrarmos delas. 
 
Muitas experiências e estados alterados são possíveis 
em decorrência de traumas/abuso, despertar espiritual, 
sensibilidade, doença ambiental, dinâmica familiar, 
problemas de saúde holísticos, diferenças culturaisou o 
impacto da opressão. 
 
Algumas sociedades até aceitam como normais as 
mesmas experiências que outras sociedades chamam 
de anormais - como ouvir vozes. 
 
E se as pessoas perguntarem, você decide o que 
responder a elas ou não – como "sou um sobrevivente 
de trauma" ou "sou diferente da maioria das pessoas”. 
Conectar-se com outras pessoas que compartilham 
suas experiências, como grupos de apoio presenciais 
ou via internet, pode ser crucial também, à medida 
que você explora quem você é. 
 
Seu sofrimento é real, quer você decida tomar 
medicamentos ou não. Sentir-se impotente e precisar 
de ajuda não significa que você é uma pessoa 
quebrada ou que você é uma vítima passiva da 
biologia. Explicações como trauma, sensibilidade ou 
espiritualidade são tão válidas quanto qualquer outra. 
Todos merecem ajuda. 
 
Como a medicação psiquiátrica age 
no cérebro? 
 
Como qualquer substância que trabalha com a mente, 
as medicações psiquiátricas são psicoativas e alteram 
Recuperação e Medicamentos 24 
o comportamento, afetando a química do cerebral. Sua 
utilidade e riscos vêm da alteração do cérebro / corpo e 
da alteração da consciência, incluindo expectativa e 
placebo. 
 
A teoria médica atual é que a maioria das drogas 
psiquiátricas modificam os níveis de substâncias 
químicas chamadas de neurotransmissores 
(anticonvulsivantes, antiepilépticos e estabilizadores de 
humor, como o lítio, que parecem funcionar alterando o 
fluxo sanguíneo e a atividade elétrica no cérebro em 
geral). 
 
Os neurotransmissores estão ligados ao humor, ao 
funcionamento mental e a todas as células do sistema 
nervoso, incluindo as células do cérebro, que usam 
neurotransmissores para se comunicarem entre si. 
 
Quando os níveis dos neurotransmissores mudam, as 
células “receptoras”, que recebem e regulam os 
neurotransmissores, tornam-se mais sensíveis e podem 
se modificar para um ajustamento. 
 
Antidepressivos, os ISRS (“inibidores seletivos da 
recaptação da serotonina”), por exemplo, aumentam o 
nível do neurotransmissor serotonina no cérebro e 
reduzem o número de receptores cerebrais de 
serotonina. Medicamentos antipsicóticos, como o 
Haldol, 
diminuem o nível de dopamina e aumentam o 
número de receptores de dopamina no cérebro. Esta 
ação sobre neurotransmissores e receptores é a 
mesma que para qualquer droga psicoativa. 
 
O álcool afeta os neurotransmissores, incluindo a 
dopamina e a serotonina, assim como a cocaína altera 
também os níveis de dopamina e serotonina, bem 
como os de noradrenalina e receptores. 
 
Enquanto essas mudanças em seu corpo ocorrem, sua 
consciência trabalha para interpretar e responder do 
seu próprio jeito. O álcool pode relaxar ou deixá-lo 
nervoso; os antidepressivos energizam algumas 
pessoas ou tornam os outros menos sensíveis. 
 
Por causa do efeito placebo e expectativa, todos são 
diferentes. Sua experiência de medicação pode não ser 
a mesma de outras pessoas e acabará por ser 
exclusivamente sua. Confie em si mesmo. 
 
Por que pessoas acham que os 
medicamentos psiquiátricos 
ajudam? 
 
Recuperação e Medicamentos 25 
Diferentemente de seus riscos, os benefícios dos 
medicamentos psiquiátricos são amplamente 
promovidos. Os aspectos úteis desses medicamentos, no 
entanto, tendem a ser misturados com alegações 
enganosas. 
 
As informações abaixo são uma tentativa de eliminar 
qualquer confusão a esse respeito e descrever de 
maneira básica o que muitas pessoas consideram úteis 
sobre essas medicações. 
 
• A privação do sono é uma das maiores causas 
individuais de questões psicológicas sérias e contribui 
também para crises emocionais. O uso de 
medicamentos a curto prazo podem ajudar com o sono. 
 
• A medicação pode interromper e “colocar os freios” 
em um estado extremo de consciência difícil, 
tranquilizando um momento agudo de crise que parece 
fora de controle. 
 
• Muitas pessoas acham que os medicamentos as 
protegem de crises emocionais tão graves que ameaçam 
sua estabilidade e até mesmo suas vidas. Alguns relatam 
que os sintomas parecem mais manejáveis ​​com 
medicamentos e os mantêm mais fundamentados na 
realidade comum. O uso contínuo às vezes pode 
prevenir ou aliviar episódios de mania ou depressão. 
• Interromper a crise e dormir um pouco pode reduzir 
o estresse e ajudar a cuidar melhor de si mesmo com 
alimentos, relacionamentos e outras questões básicas. 
 
Isso pode ser muito menos estressante do que uma 
crise constante, e pode lançar as bases para uma 
maior estabilidade e mudanças que poderiam ter sido 
mais difíceis de outra forma. 
 
• Às vezes, os medicamentos podem ajudá-lo a 
aparecer e funcionar no trabalho, na escola e na vida, 
o que é especialmente útil se você não puder fazer 
uma pausa ou mudar sua situação. 
 
O trabalho pode exigir que você se levante de manhã, 
se concentre e evite mudanças de humor, e os 
relacionamentos podem precisar de você mais estável 
emocionalmente. 
 
• A continuação de alguns medicamentos pode 
impedir os efeitos de abstinência de outros 
medicamentos. 
 
• Todas as drogas têm um efeito placebo poderoso: 
apenas acreditar que elas funcionam, mesmo 
inconscientemente, 
Recuperação e Medicamentos 26 
pode fazê-las funcionar. Em ensaios clínicos, muitos 
medicamentos psiquiátricos têm pouca eficácia 
comprovada, tirando o placebo, devido a esse poderoso 
efeito mental. 
 
A mente desempenha um papel central em qualquer 
cura, e não há como determinar se a eficácia de um 
indivíduo vem do placebo ou da química das 
medicações. 
 
• As vezes as pessoas sentem-se melhor acreditando em 
uma explicação oficial clara de seu sofrimento, e quando 
seguem e obtêm apoio de um médico, membro da 
família ou outra figura de autoridade, as medicações 
tendem a funcionar melhor, quanto mais forte e mais 
próxima a relação com o prescritor. 
 
Fatos que talvez você não saiba 
sobre as medicações psiquiátricas 
 
Apesar do princípio médico do consentimento 
informado, os médicos deixam de fora informações 
importantes sobre os medicamentos que prescrevem. O 
que se segue é uma tentativa de incluir fatos menos 
conhecidos e fornecer uma imagem mais equilibrada. 
 
• Doses mais altas e uso prolongado de medicações 
psiquiátricas muitas vezes significam 
que as mudanças cerebrais podem ser mais profundas 
e duradouras. As medicações são, muitas vezes, mais 
difíceis de saírem e podem ter efeitos adversos nesse 
processo. No entanto, o cérebro humano é muito 
mais resistente do que se acreditava, e pode curar-se 
e reparar-se de maneira notável. 
 
• Os medicamentos neurolépticos ou tranquilizantes 
principais são considerados “antipsicóticos”, mas na 
verdade não têm como alvo a psicose ou qualquer 
sintoma específico ou transtorno mental. 
 
São tranquilizantes que diminuem o funcionamento 
do cérebro em geral para quem os toma. Muitas 
pessoas usando esses medicamentos relatam que 
seus sintomas psicóticos continuam, mas a reação 
emocional a eles é diminuída. 
 
• As primeiras drogas, como o Thorazine e o lítio, 
chegaram ao mercado antes que teorias de 
desequilíbrio químico fossem sugeridas, e não como 
resultado dessas teorias. 
 
Os médicos procuravam “balas mágicas” 
comparáveis ​​aos antibióticos e viam os efeitos 
sedativos das substâncias químicas nos animais de 
laboratório. 
Recuperação e Medicamentos 28 
• Os novos medicamentos antipsicóticos têm como alvo 
uma gama mais ampla de neurotransmissores, mas 
funcionam basicamente da mesma maneira que os 
medicamentos mais antigos. 
 
Os fabricantes comercializavam essas drogas (que são 
mais caras que as mais antigas) como melhores e mais 
eficazes, com menos efeitos colaterais, e eram saudadas 
como milagrosas. 
 
Mas isso foi exposto como falso, com algumas empresas 
encobrindo a extensão dos efeitos adversos, como 
diabetes e síndrome metabólica, levando a processos 
judiciais multibilionários. 
 
• Muitas vezes, as pessoas são informadas de que os 
efeitos adversos dos medicamentos sãodevidos a uma 
“reação alérgica” ou “sensibilidade à medicação”. Isso é 
enganoso: os efeitos das medicações psiquiátricas não 
funcionam da mesma forma que os alimentos ou as 
alergias ao pólen. 
 
• A dependência de benzodiazepínicos - Valium, Xanax, 
Ativan e Klonopin - é um enorme problema de saúde 
pública. A retirada pode ser muito difícil: os 
benzodiazepínicos são mais viciantes que a heroína. Usar 
por mais de 4-5 dias aumenta drasticamente os riscos. 
 
• Às vezes, as pessoas dizem que estão em uma “dose 
baixa”, embora ainda possam ter efeitos adversos 
poderosos. 
 
• As medicações psiquiátricas são amplamente 
utilizadas nas prisões para controlar os presos, cuidar 
de crianças e casas de repouso para controlar os 
idosos. 
 
• A medicação para dormir, como Ambien e Halcyon, 
embora às vezes seja útil a curto prazo, pode ser 
viciante, piorar o sono ao longo do tempo e causar 
blecautes perigosos e estados alterados de 
consciência. 
 
• Como eles funcionam como drogas recreativas, 
algumas medicações psiquiátricas são vendidas na rua 
para que pessoas possam ficar “chapadas”. 
Estimulantes como a Ritalina e sedativos como o 
Valium são largamente utilizados. Devido à sua fácil 
disponibilidade, o uso ilegal de drogas psiquiátricas é 
generalizado. 
 
• A “Guerra às Drogas” obscurece as semelhanças 
entre medicamentos psiquiátricos legais e drogas 
recreativas ilegais. Os antidepressivos, ISRS e ISRNs, 
Recuperação e Medicamentos 29 
funcionam quimicamente de forma semelhante à 
cocaína oral administrada lentamente. 
 
A cocaína era, de fato, o primeiro remédio 
comercializado com fins antidepressivos para “sentir-se 
bem”, antes de ser declarada ilegal. A coca, base da 
cocaína, era até mesmo um ingrediente da Coca-Cola. 
 
Riscos à saúde causados por 
medicamentos psiquiátricos 
 
Tomar uma decisão sobre o consumo de drogas 
psiquiátricas significa avaliar, da melhor forma possível, 
os riscos e benefícios envolvidos, incluindo informações 
importantes, muitas vezes ausentes das contas 
principais. 
 
Alguns riscos podem valer a pena, outros riscos podem 
não valer a pena, mas todos os riscos devem ser levados 
em consideração, porque cada pessoa é diferente e os 
efeitos das medicações podem variar amplamente. 
 
• Algumas medicações psiquiátricas podem ser tóxicas e 
podem danificar o corpo. Algumas delas podem levar à 
obesidade, à alterações no nível glicêmico, ataque 
cardíaco súbito, insuficiência renal e colapso físico geral, 
quando em união a outros comportamentos da própria 
pessoa. 
 
 
Outros efeitos tóxicos são numerosos e incluem a 
interferência no ciclo menstrual, ameaças durante a 
gravidez e a amamentação, e a “síndrome 
serotoninérgica”, com risco de vida causado por 
antidepressivos isolados ou misturados álcool e 
drogas. 
 
• Alguns medicamentos psiquiátricos podem ferir o 
cérebro. A taxa de discinesia tardia, uma doença 
neurológica grave que pode desfigurar uma pessoa 
com tiques faciais e espasmos, é muito alta entre 
pacientes em vivência longa com medicações 
antipsicóticas/neurolépticas. 
 
Os antidepressivos também podem causar problemas 
de memória e maior suscetibilidade à novos quadros 
de depressão. 
 
• Estudos de eficácia e segurança de empresas 
farmacêuticas são amplamente corrompidos. Existem 
poucos estudos de longo prazo a respeito de como as 
medicações agem de fato. Tomar drogas psiquiátricas 
é, em muitos aspectos, uma experimentação em toda 
a sociedade, com pacientes como cobaias. 
 
• A mistura com álcool e outras drogas pode 
aumentar drasticamente os perigos. 
Recuperação e Medicamentos 30 
• Os efeitos das drogas podem diminuir a qualidade de 
vida, incluindo sexualidade prejudicada, depressão, 
agitação e problemas gerais de saúde. 
 
• Alterações corporais induzidas por drogas, como 
inquietação, obesidade ou rigidez, podem afastá-lo dos 
outros e aumentar o isolamento. 
 
• Os medicamentos para TDAH, como Adderall e 
Ritalina, podem impedir o crescimento de crianças e 
apresentam outros perigos desconhecidos para o 
desenvolvimento cerebral e físico. Como todas as 
anfetaminas, elas são viciantes e podem causar psicoses 
e problemas cardíacos, incluindo morte súbita. 
 
Riscos à saúde mental causados por 
medicamentos psiquiátricos 
 
Os riscos para a saúde mental são alguns dos aspectos 
menos compreendidos dos medicamentos psiquiátricos 
e podem tornar as decisões sobre eles e o processo de 
abstinência muito complicados. Aqui estão algumas 
coisas que seu médico pode não ter lhe dito: 
 
• Medicamentos psiquiátricos podem, as vezes, piorar 
os sintomas psicóticos e aumentar a probabilidade de 
uma crise. 
As drogas podem alterar os receptores de 
neurotransmissores como a dopamina, tornando a 
pessoa “supersensível” à “recuperação” da psicose, 
bem como aumentando a sensibilidade às emoções e 
experiências em geral. 
 
Algumas pessoas relatam seus primeiros sintomas 
psicóticos ou sentimentos suicidas ocorrendo 
somente após o início da ingestão desses 
medicamentos. Alguns psiquiatras podem responder 
dando um diagnóstico mais severo e adicionando mais 
drogas em decorrência desses quadros. 
 
• Alguns medicamentos agora trazem avisos sobre o 
aumento do risco de suicídio, automutilação e 
comportamento violento. 
 
• Muitas pessoas experimentam mudanças negativas 
de personalidade com alguns tipos de medicações 
psiquiátricas, sentindo-se insensíveis e com menor 
capacidade de sentir emoções, sentindo-se grogues, 
ou mesmo com a capacidade criativa reduzida. 
 
• Alguns países, como Finlândia e Dinamarca, usando 
menos medicamentos em seus tratamentos, passaram 
a ter taxas de recuperação mais altas do que as de 
países usando níveis elevados 
Recuperação e Medicamentos 31 
dessas mesmas medicações. 
 
• Medicamentos psiquiátricos podem interromper e 
prejudicar a capacidade natural da mente de regular e 
curar problemas emocionais. 
 
Muitas pessoas relatam ter que "reaprender" como lidar 
com emoções difíceis quando saem desse tipo de 
tratamento. Ser medicado demais pode tornar mais 
difícil lidar com os sentimentos por trás de sua aflição. 
 
• Algumas pessoas, mesmo tendo estado nos mais 
profundos estágios de sofrimento, dizem que ao terem 
passado por suas experiências, ao invés de reprimi-las, 
emergiram mais fortes no final de todo o processo. As 
vezes o “enlouquecer” pode ser a porta de entrada para 
uma grande transformação; uma positiva, grande e 
profunda. 
 
Outros riscos causados por 
medicamentos psiquiátricos 
 
Entender o processo de retirada dos medicamentos 
significa levar em conta muitos fatores diferentes que 
você pode não ter considerado antes: 
 
• Embora não seja amplamente divulgado, 
 
o apoio em grupo, tratamentos alternativos, terapia 
da fala, e até mesmo o efeito placebo, podem ser 
mais eficazes que medicamentos psiquiátricos, não 
portando sequer um risco. 
 
• O uso de medicamentos psiquiátricos geralmente 
significa renunciar ao controle dos julgamentos de um 
médico, que pode não tomar as melhores decisões 
por você. 
 
• Medicamentos podem ser caros, mantendo você 
preso em planos de trabalho e seguro. 
 
• A medicação, por vezes, acompanha um 
“diagnóstico de incapacidade” que pode ser útil por 
um tempo, mas também pode se tornar uma 
armadilha vitalícia. 
 
• O estigma, a discriminação e o preconceito podem 
ser devastadores e até criar uma profecia 
autorrealizável. Os rótulos diagnósticos não podem 
ser retirados do registro da maneira como as histórias 
criminosas podem. 
 
• Medicamentos psiquiátricos podem transmitir a 
falsa visão de que a experiência 
Recuperação e Medicamentos 33 
“normal” é produtiva, feliz e bem ajustada o tempo 
todo, sem mudanças de humor, dias ruins ou emoções 
fortes. Isso encoraja um falso padrão do que é ser 
humano. 
 
• A medicação pode levar à observação de sentimentos 
normais como “sintomas” da doença a serem 
interrompidos, o que nega às pessoas o processo de 
trabalhare aprender com suas próprias emoções mais 
complexas 
 
• Consumir medicações psiquiátricas pode criar uma 
esperança passiva de cura “mágica” que pode podar o 
assumir da responsabilidade pessoal e comunitária pela 
mudança. 
 
Retirando a medicação 
Capítulo 3 
Como os efeitos da retirada afetam 
o corpo, a mente e o cérebro 
 
Excluindo desta lista os placebos, todos os 
medicamentos psiquiátricos funcionam causando 
mudanças cerebrais orgânicas. É por isso que sair leva 
à tantas desistências: seu cérebro se acostuma a ter o 
remédio e tem dificuldade em se ajustar quando a 
droga é removida. 
 
Leva tempo para trazer a atividade de receptores e 
substâncias químicas de volta ao estado original 
anterior à introdução dos comprimidos. 
 
Diminuir a medicação lentamente e gradualmente é o 
melhor a se fazer, pois permite que o cérebro e a 
mente se acostumem a ficar sem ela. Sair rápido não 
costuma dar tempo suficiente para qualquer ajuste 
cerebral, e qualquer um pode acabar tendo sintomas 
intensos de abstinência. 
 
Quando alguém para com uma medicação 
psiquiátrica, efeitos colaterais como o aumento da 
ansiedade, pânico, insônia, sintomas de depressão e 
outros - tão dolorosos quanto estes - podem surgir ou 
retornar. 
Recuperação e Medicamentos 35 
Por outro lado, estes sintomas de abstinência não 
necessariamente provam que este alguém precise 
retomar o uso de medicamentos psiquiátricos, assim 
como dores de cabeça após parar de beber café, não 
provam que alguém precise novamente de cafeína ou de 
outra substância semelhante. 
 
Significa apenas que aquele cérebro se acostumou 
àquele padrão de ingestão e funcionamento e agora têm 
dificuldades em se ajustar a uma dose menor. 
 
Os medicamentos psiquiátricos não são como a insulina 
para um diabético: elas são uma ferramenta ou 
simplesmente um mecanismo de enfrentamento. 
Entretanto, em casos de uso prolongado, podem levar 
anos para que seus efeitos desapareçam por completo. 
 
A boa notícia é que todos podem se curar: pesquisas 
sobre neuroplasticidade apontam que o cérebro está 
sempre mudando e se adaptando. Amizades e amor, 
juntamente com um bom estilo de vida, uma boa 
nutrição e uma perspectiva positiva de futuro, ajudam a 
nutrir o cérebro e corpo para que se recupere logo. 
 
Apesar disso, pessoas podem achar que parar 
completamente com esse uso não é o certo a fazer no 
momento em que se encontram. Elas podem se sentir 
melhor em permanecer com a medicação e, 
em vez disso, decidir apenas reduzir ou continuar com 
a mesma dosagem e concentrar-se em novas 
maneiras de melhorar suas vidas. E tudo bem com 
isso. 
 
O fundamental é seguir as próprias necessidades sem 
julgamentos ou culpa, e obter apoio para decisões 
diante de sentimentos de vergonha ou impotência 
perante os outros, perante a si mesmo ou perante a 
vida. 
 
Continuando com a medicação, 
mas reduzindo seus danos 
 
Você pode decidir que, dado o grau de crise que está 
enfrentando e os obstáculos para alternativas viáveis, 
você deseja continuar com a medicação psiquiátrica. 
 
Não se sinta julgado por tomar a melhor decisão 
possível. Você tem o direito de fazer o que funciona 
melhor para você e outras pessoas nunca saberão 
como é viver sua vida. 
 
Pode ainda ser uma boa ideia adotar uma abordagem 
de redução de danos. 
Recuperação e Medicamentos 36 
Faça alterações para melhorar a qualidade de sua vida e 
minimizar os riscos associados aos medicamentos que 
você está tomando: 
 
• Não deixe tudo para a medicação. Tenha um interesse 
ativo em sua saúde geral, tratamentos alternativos e 
ferramentas de bem-estar. Encontrar novas fontes de 
autocuidado pode aliviar os efeitos adversos e, 
eventualmente, reduzir sua necessidade de medicação. 
 
• Obtenha cuidados médicos regulares e mantenha-se 
em comunicação sobre seus medicamentos. Obtenha 
suporte de amigos e familiares confiáveis. 
 
• Certifique-se de que tem as receitas e os suplementos 
necessários, porque as doses em falta podem adicionar 
stress ao seu corpo e cérebro. Se você errar uma dose, 
não dobre. 
 
• Cuidado com as interações medicamentosas. Aprenda 
os riscos da combinação com outros medicamentos e 
tome cuidado com a mistura com drogas recreativas ou 
álcool. Algumas ervas e outros suplementos podem ter 
reações adversas. Pesquise seus medicamentos. 
 
• Não confie apenas no seu médico para orientação. 
Aprenda por si mesmo e conecte-se com outras pessoas 
que tomaram os mesmos medicamentos que você. 
 
• Descubra o que você pode de uma variedade de 
fontes sobre seus medicamentos. Use nutrição, ervas 
e suplementos para reduzir os efeitos adversos. 
 
• Considere explorar a redução da dosagem do 
medicamento, mesmo que você não pretenda sair 
completamente. Lembre-se de que mesmo uma 
pequena redução na dosagem pode causar efeitos de 
abstinência. 
 
• Se você está iniciando um medicamento pela 
primeira vez, algumas pessoas relatam que uma dose 
extremamente pequena, muito menor do que a 
recomendada, às vezes pode ser eficaz, com menos 
riscos. 
 
• Tente reduzir o número de diferentes drogas que 
você toma para apenas o essencial, entendendo quais 
carregam os maiores riscos. Atenha-se ao uso 
temporário, se puder. 
 
• Faça um teste regularmente para monitorar reações 
a medicamentos e faça linhas de base para novos 
medicamentos. Os testes podem incluir: tireoide, 
eletrólitos, glicose, nível de lítio, densidade óssea, 
pressão arterial, fígado, ECG, rim, cognição, 
Recuperação e Medicamentos 38 
prolactina e rastreamento de outros efeitos adversos. 
Use os melhores e mais sensíveis testes disponíveis para 
revelar problemas precocemente. 
 
• Os antipsicóticos permanecem no corpo, e algumas 
pesquisas sugerem que “feriados de drogas” de um dia 
ou dois podem aliviar a toxicidade. Lembre-se de que 
todos são diferentes. 
 
• Explore o relacionamento emocional com seus 
medicamentos. Faça um desenho, crie uma 
dramatização, dê aos medicamentos uma voz e uma 
mensagem e faça um diálogo. Você conhece a energia 
ou o estado que a droga lhe dá? Você consegue 
encontrar outras maneiras de alcançar esse estado de 
energia? 
 
Eu quero parar com minhas 
medicações psiquiátricas, mas meu 
médico não me deixa; o que devo 
fazer? 
 
Alguns psiquiatras têm uma atitude de controle e não 
apoiarão a decisão de parar por uma serie de motivos. 
Eles podem ter medo da hospitalização e do risco de 
suicídio por parte de seus pacientes; alguns se veem 
como guardiões, 
sentindo como se tudo o que acontece é de sua 
responsabilidade; e outros, por exemplo, nunca 
conheceram pessoas que se recuperaram com 
sucesso seguindo um caminho tão pessoal. 
 
Se o seu psiquiatra não apoiar os seus objetivos, 
peça-lhe que explique detalhadamente as suas razões. 
Considere o que ele diz cuidadosamente - se estiver 
fazendo sentido, você pode reavaliar seu plano. 
 
Você também pode querer que um amigo ou aliado o 
ajude a se expressar, especialmente alguém em 
posição de autoridade, como um membro da família, 
terapeuta ou profissional de saúde. 
 
Apresente sua perspectiva claramente. Explique que 
você entende os riscos e descreva como você está se 
preparando para fazer mudanças cuidadosamente 
com um bom plano. 
 
Dê a eles uma cópia deste guia e os instrua sobre a 
pesquisa por trás de sua decisão e as muitas pessoas 
que conseguem reduzir e abandonar seus 
medicamentos. Lembre o médico de que seu trabalho 
é ajudá-lo a se ajudar, não administrar sua vida por 
você e que os riscos são seus. 
Recuperação e Medicamentos 39 
Em todas as áreas da medicina hoje os pacientes estão 
se tornando consumidores capacitados, por isso não 
desista! Talvez você precise informar seu médico de que 
está indo em frente com seu plano: às vezes eles 
cooperam mesmo que não aprovem. Se o seu médico 
ainda não der apoio, considere mudar para um novo. 
 
Você também pode confiar em um outro profissional da 
saúde, como enfermeira, naturopata ou acupunturista.As vezes, as pessoas até começam uma redução de 
medicação sem informar seu médico ou conselheiro. 
 
Isso não é o melhor, mas pode ser compreensível em 
muitas circunstâncias. Avalie os riscos de tal abordagem 
com cuidado. 
Antes de você começar a parar 
Capítulo 4 
Todo mundo é diferente, e não há uma maneira 
padrão de se retirar de qualquer medicamento 
psiquiátrico. 
 
A seguir, uma abordagem geral, um passo a passo que 
muitas pessoas acharam útil. Destina-se a ser 
moldado para atender às suas necessidades. Seja 
observador: siga o que seu corpo e coração estão 
dizendo e procure o conselho de pessoas que se 
importam com você. 
 
Por fim, mantenha um registro de como você reduziu 
seus medicamentos e o que aconteceu, para que 
possa estudar as mudanças pelas quais está passando 
e ensinar a outras pessoas sua experiência. 
 
Obter informações sobre seus 
medicamentos e abstinência 
 
Prepare-se aprendendo tudo o que puder sobre a 
retirada de seu medicamento psiquiátrico. Leia a 
partir de fontes tradicionais, bem como fontes 
alternativas, reúna-se e discuta a redução com outras 
pessoas. Liste seus efeitos adversos e certifique-se de 
que você está fazendo os testes adequados. 
Recuperação e Medicamentos 41 
Considere seu tempo 
 
Quando é um bom momento para começar a sair? 
Quando é um mau momento? Se você quiser reduzir a 
medicação, o tempo é muito importante. Geralmente, é 
melhor esperar até que você tenha o que precisa 
primeiro, em vez de começar a sair despreparado 
(embora às vezes as próprias drogas tornem isso difícil). 
 
Lembre-se, sair pode ser um processo de longo prazo, 
então você pode querer se preparar como se estivesse 
fazendo uma grande mudança na vida. Reduzir e sair dos 
medicamentos provavelmente não será uma solução em 
si, mas o começo de novos aprendizados e desafios. 
 
• Você tem estabilidade na sua casa, relacionamentos e 
horários? Seria melhor se concentrar nesses primeiro? 
 
• Você tem adiado grandes problemas ou problemas que 
precisam de atenção? Há coisas preocupantes que você 
deve priorizar? Resolver outros assuntos pode ajudar 
você a se sentir mais no controle. 
 
• Você percebe um agravamento dos efeitos das drogas, 
ou você esteve nas drogas por um longo tempo e se 
sentiu “preso”? Você está se sentindo mais estável e 
capaz de enfrentar emoções difíceis? Estes podem ser 
bons momentos para se preparar para reduzir e sair. 
 
• Faça uma lista dos estressores que levaram à crise 
no passado. Quantos estão presentes hoje? Você 
prevê algum no futuro? Dê a si mesmo tempo para 
resolver isso antes de iniciar uma redução. 
 
Cultive Suporte 
 
• Obtenha ajuda se puder. Desenvolva um 
relacionamento colaborativo com um médico se 
possível, discuta com amigos e familiares e obtenha 
apoio para desenvolver seu plano. Explique que fortes 
emoções podem surgir para você. 
 
Certifique-se de que eles saibam que a abstinência 
pode ser difícil, mas que os sintomas de abstinência 
não significam necessariamente "recaída" ou que você 
precisa voltar ao medicamento. Faça uma lista de 
pessoas para ligar e ficar com as coisas se ficarem 
difíceis. 
 
• Liste seus gatilhos e sinais de alerta. Como você 
sabe que você está indo em direção à crise, e o que 
você fará? Sono, isolamento, emoções fortes ou 
estados alterados podem mostrar que você precisa de 
cuidados extras e suporte de bem-estar. 
 
 
Recuperação e Medicamentos 42 
• Obtenha uma avaliação abrangente da saúde por um 
profissional que possa avaliar detalhadamente o seu 
bem-estar e oferecer formas restaurativas e preventivas 
de melhorar sua saúde. Muitas pessoas com 
diagnósticos psiquiátricos possuem problemas de saúde 
física escondidos e nunca descobertos. 
 
• Preste muita atenção à sua saúde durante a retirada. 
Este é um processo de desintoxicação estressante. 
Fortaleça seu sistema imunológico com muito descanso, 
água fresca, alimentação saudável, exercícios, luz solar, 
visitas à natureza e conexões com sua comunidade. 
Obtenha práticas de bem-estar antes de começar. 
 
Explore sua atitude 
 
Acredite que você pode melhorar sua vida. Com a 
atitude certa, você será capaz de fazer mudanças 
positivas, se está saindo, reduzindo seus medicamentos 
ou aumentando seu bem-estar. 
 
Muitas pessoas, mesmo que tenham consumido altas 
doses de medicamentos psiquiátricos por décadas, 
saíram ou reduziram essas doses; ou melhoraram suas 
vidas de outras maneiras. 
 
Afirme que você pode ter maior controle sobre sua 
saúde e vida. 
Certifique-se de que as pessoas ao seu redor 
acreditam na sua capacidade de fazer mudanças. 
Lembre-se que apenas diminuir sua dose pode ser um 
grande passo, e pode ser o suficiente, então seja 
flexível! 
 
O importante é acreditar que você pode melhorar sua 
vida e se encarregar de suas escolhas e 
medicamentos. 
 
Prepare-se para sentir fortes 
emoções 
 
Quando você para de tomar medicamentos 
psiquiátricos, você pode ter que aprender novas 
maneiras de trabalhar com seus sentimentos e 
experiências. Você pode se tornar mais sensível e 
vulnerável por um tempo. Seja paciente consigo 
mesmo e faça o melhor que puder, com apoio. 
 
Lembre-se que a vida nos apresenta constantemente 
desafios: emoções fortes não são necessariamente 
sinais de crises ou sintomas que precisam de mais 
medicação. Não há problema em ter sentimentos 
negativos ou estados alterados de consciência. 
Recuperação e Medicamentos 43 
As vezes eles podem ser parte da riqueza e da 
profundidade de quem você é. 
 
Converse com outras pessoas sobre o que você está 
passando, tente se conectar com as sensações do seu 
corpo e gradualmente desenvolva suas habilidades. Diga 
às pessoas perto de você o que dizer e o que ajuda. 
 
Planeje estratégias alternativas de 
enfrentamento 
 
Nem sempre é possível, mas, se possível, crie 
alternativas antes de começar a reduzir. Você tem 
confiado na medicação para lidar com algumas 
dificuldades e você pode precisar de novos mecanismos 
de enfrentamento. Existem muitas alternativas, como 
grupos de apoio, nutrição, saúde holística, exercício, 
terapia, espiritualidade e estar na natureza. 
 
Todo mundo é diferente, então levará algum tempo para 
descobrir o “remédio pessoal” que funciona para você. 
 
Você pode querer ganhar alguma confiança em suas 
novas ferramentas antes de empreender a retirada das 
drogas. Certifique-se de que seus ajudantes estejam 
cientes de suas alternativas e possam lembrá-lo de usá-
las. Se você puder, tenha tempo suficiente para colocar 
as alternativas em primeiro lugar. 
 
 
Trabalhando com o Medo 
 
Muitas pessoas que pararam com os medicamentos 
psiquiátricos relatam que o medo é o maior obstáculo 
no início do processo. 
 
Você pode se preocupar em voltar para o hospital, 
perder o emprego, entrar em conflito com amigos e 
familiares, provocar estados alterados de consciência, 
enfrentar uma retirada difícil, desencadear 
sentimentos suicidas ou perder uma ferramenta usada 
para lidar com emoções e problemas subjacentes. E 
como pode haver riscos reais, algum medo faz 
sentido. 
 
Começar uma redução de medicação é como 
embarcar numa viagem ou jornada: o desconhecido 
pode ser uma possibilidade empolgante ou uma 
ameaça intimidante. É importante reconhecer que 
você pode ser uma pessoa muito diferente agora do 
que quando começou a usa-la. Você pode ter crescido, 
desenvolvido novas habilidades e obtido novos 
entendimentos. 
 
Você está lidando com as coisas de maneira diferente 
do que quando foi colocado pela primeira vez em 
medicação. 
Recuperação e Medicamentos 45 
Estressores passados ​​podem não estar mais presentes, e 
as circunstâncias de vida podem ter mudado. E 
quaisquer que sejam as dificuldades que você tenha, não 
necessariamente serão sintomas de um distúrbio ou 
sinais de que você precisa novamente de medicação. 
 
Pode ser útil listar seus medos e pedir a um amigo que o 
ajude a examinar o que é real e o que pode ser 
exagerado,assim como qualquer coisa sobre a qual você 
possa não ter pensado. 
 
Você pode ser realista sobre seus medos e honesto 
sobre as diferentes possibilidades? Que tipo de 
preparações você pode fazer? Quais recursos, 
ferramentas e suportes você tem? Você pode encontrar 
espaço para esperança - e transformação? 
 
O futuro não precisa necessariamente ser o mesmo que 
o passado: não deixe que um rótulo de "desordem" ou 
uma terrível previsão de um médico convencê-lo de que 
a mudança é impossível. 
 
Uso intermitente: tomando a 
medicação de tempos em tempos 
 
Algumas medicações levam tempo para acumular efeitos 
no corpo, 
mas outras - especialmente para ajudar com o sono e 
episódios de sofrimento - funcionam imediatamente. 
Pode ser sábio usá-los ocasionalmente para 
descansar, prevenir crises ou protegê-lo quando 
começar a extremos emocionais avassaladores. 
 
Seja flexível, mas cauteloso ao considerar o meio 
termo entre o uso diário e o uso intermitente 
conforme necessário. 
 
Muitas pessoas que se livram das medicações tomam-
nas de novo depois de algum tempo, por exemplo, 
usando brevemente um antipsicótico ou um 
benzodiazepínico quando sentem a necessidade. 
 
Há, no entanto, pouca pesquisa sobre os possíveis 
riscos de sair e voltar ao uso de lítio, antidepressivos 
ou anticonvulsivantes. 
 
Quais alternativas existem ao uso 
de medicamentos psiquiátricos? 
 
• Amizades - com pessoas que acreditam em sua 
capacidade de empoderamento - podem 
 
Recuperação e Medicamentos 46 
ser cruciais. Idealmente, essas pessoas devem ter visto 
você em seus “dias ruins”, pessoas com quem você pode 
ser honesto, estão lá quando você está com problemas e 
estão preparadas para as dificuldades que podem surgir 
da retirada. Ao mesmo tempo, eles devem ser amigos 
que conhecem os limites do que podem oferecer. 
 
• Considere sair de drogas recreativas e álcool. Muitas 
pessoas são mais sensíveis que outras, então o que afeta 
seus amigos de uma maneira pode afetá-lo mais 
fortemente. Abster-se de drogas e álcool pode melhorar 
sua saúde mental, e até mesmo drogas mais leves, como 
a cafeína, podem prejudicar a saúde, a estabilidade e o 
sono de algumas pessoas. 
 
Seja cauteloso em relação à maconha: para alguns, pode 
aliviar os sintomas de abstinência (especialmente o 
CBD), enquanto para outros pode contribuir para 
quadros depressivos ou de crise psicótica. 
 
• Descansar. Encontre maneiras de garantir uma rotina 
de sono saudável. As prescrições podem ser um bom 
backup se usadas com moderação, mas comece primeiro 
com exercícios; ervas como valeriana (ocasionalmente), 
lúpulo e calota craniana; homeopatia e acupuntura; 
suplementos incluindo melatonina, cálcio e magnésio; 
ou produtos sem receita. Abordar qualquer estresse ou 
conflito que contribua para a insônia, e considerar 
eliminar a cafeína vinda de café e refrigerantes. 
 
 
 
Mesmo que você tenha horas suficientes, dormir mais 
cedo do que 11 da noite é mais tranquilo. 
 
Deixe a área da sua cama em paz e dê-se um tempo 
de relaxamento antes de dormir, livre de 
computadores e estimulação. Tire cochilos se eles não 
interferirem no seu horário noturno e, se você não 
conseguir dormir, descansar tranquilamente enquanto 
acordado ainda pode ser benéfico. 
 
• Espere. As vezes o tempo está do seu lado, 
especialmente para a retirada, e seu processo de cura 
natural só precisa de paciência. 
 
• A nutrição pode desempenhar um papel enorme 
na estabilidade mental e na saúde geral. Explore a 
quais alimentos você pode ser alérgico, como aos que 
contém glúten, cafeína ou leite. 
 
Considere tomar suplementos para nutrir o cérebro e 
ajudar o corpo a se curar, como vitamina C, óleo de 
peixe, ácidos graxos essenciais, vitaminas D e B, 
aminoácidos e pró-bióticos para restaurar a digestão 
saudável. 
 
Coma muitos vegetais, proteínas, frutas frescas e 
Recuperação e Medicamentos 48 
gorduras saturadas saudáveis; ​​e tome cuidado com 
alimentos não saudáveis ​​(experimente trocar alimentos 
que você almeja, mas que podem não fazer bem, por 
alternativas mais saudáveis). 
 
Algumas pessoas são afetadas por adoçantes artificiais, 
conservantes e outros produtos químicos em alimentos 
processados. 
 
Aprenda sobre o índice glicêmico alimentar se o seu 
nível de açúcar no sangue estiver instável. Se você toma 
ervas ou remédios para doenças físicas, consulte um 
fitoterapeuta sobre interações com suplementos, 
especialmente se estiver grávida ou amamentando. 
 
• Exercícios como caminhar, alongar, praticar esportes, 
nadar ou andar de bicicleta podem reduzir 
drasticamente a ansiedade e o estresse. O exercício 
também ajuda o corpo a se desintoxicar. Para algumas 
pessoas, a meditação também é muito útil para o 
estresse. 
 
• Beba muita água fresca ao longo do dia. A água é 
crucial para a capacidade de desintoxicação do 
organismo. Cada copo de bebida alcoólica, café, chá 
preto ou refrigerante, desidrata você e precisa ser 
substituído por uma quantidade igual de água. 
 
 
Se a sua água da torneira não for de boa qualidade, 
considere um filtro. Se você estiver superaquecido, 
suando ou ficando desidratado, certifique-se de repor 
os eletrólitos de sódio, açúcar e potássio. 
 
• Examine de perto os outros medicamentos que 
você está tomando para diagnósticos físicos. Alguns, 
como o esteroide, podem causar ansiedade, 
distúrbios do sono e quadros de psicose. 
 
• Os hormônios desempenham um grande papel na 
estabilidade emocional. Se o seu ciclo menstrual for 
irregular ou se você tiver fortes mudanças hormonais, 
procure ajuda de um profissional de saúde. 
 
• Alguns praticantes holísticos, como homeopatas, 
naturopatas, herboristas e acupunturistas, ajudaram 
pessoas a reduzirem suas dosagens medicamentosas. 
 
Eles podem fornecer alternativas poderosas e não 
tóxicas que podem ajudar com a ansiedade, insônia e 
outros sintomas. 
 
Tente fazer mudanças de estilo de vida recomendadas, 
como dieta e exercício. Se o dinheiro é um obstáculo, 
seja persistente. 
Recuperação e Medicamentos 49 
Encontre a referência de alguém em quem você confia, 
porque alguns provedores alternativos não são 
confiáveis. Se você tomar ervas ou suplementos, 
verifique os efeitos colaterais ou interações 
medicamentosas (muitos médicos e fontes tradicionais 
exageram os riscos sobre ervas e suplementos). 
 
• Um grupo de apoio de colegas, terapeuta, 
trabalhadora do corpo ou curador de energia pode ser 
muito útil. Permita-se tempo para se estabelecer como 
um novo participante ou cliente. 
 
• Para muitas pessoas, a espiritualidade ajuda a 
suportar o sofrimento. Encontre uma prática que não 
exerça julgamentos e aceite você como você é. 
 
• Estar na natureza e em torno de plantas e animais 
pode ajudar você a centrar e lhe dar uma perspectiva 
maior da sua situação. 
 
• Arte, música, artesanato, dança e criatividade são 
maneiras poderosas de expressar o que é inacessível 
com palavras e descobrir o significado de sua provação. 
Até mesmo um esboço de giz de cera em um diário ou 
uma simples colagem com o tema “o que sinto agora?” 
pode ser muito útil; ouvir música pode ser uma terapia 
salvadora para muita gente também. 
 
• Considere encontrar redes de suporte on-line 
 
 
Parando: Passo a Passo 
Capítulo 5 
Reduzindo a dosagem dos 
medicamentos com segurança 
 
A seguir, falamos de considerações gerais, e não de 
um padrão único que se ajusta a todos da mesma 
maneira. Cada um se adapta seguindo seu próprio 
tempo e suas próprias características: 
 
• Geralmente, é melhor ir devagar e parar 
gradualmente. Embora algumas pessoas possam sair 
com sucesso rapidamente ou de uma só vez, a 
retirada abrupta de medicamentos psiquiátricos pode 
desencadear diversos efeitos colaterais de 
abstinência, remontando situações do passado. 
 
• Comece com um medicamento. Escolha aquela que 
está lhe causando os piores efeitos negativos, a 
medicação que você sente ser a menos necessária, aque provavelmente será a mais fácil de parar. 
 
• Faça um plano e revise-o conforme necessário. 
Algumas pessoas podem ir mais devagar ou mais 
rápido, mas uma maneira de começar é 10% ou 
menos de redução da sua dose original a cada 2-3 
semanas ou mais. Faça isso até chegar à metade da 
dose original e diminua 10% do novo nível. 
Recuperação e Medicamentos 51 
Tome pílulas de tamanho diferente, use um cortador de 
pílulas (algumas pílulas não devem ser cortadas) ou um 
copo medidor para líquidos. 
 
Por exemplo, se você começou com 400 mg. 
diariamente, você pode reduzir a dose em 10 por cento 
(40 mg), para 360 mg. Após 2 semanas ou mais, se os 
sentimentos forem toleráveis, reduza os próximos 40 
mg. A redução o levaria a 320 mg e assim por diante. 
 
Se você chegou a 200 mg e uma queda adicional de 40 
mg foi muito difícil, você poderia reduzir 10 por cento de 
200 mg. (20 mg), e depois descer para 180 mg e etc. Esta 
é apenas uma diretriz geral, no entanto, e muitas 
pessoas fazem as coisas de maneira diferente; considere 
começar com uma dose teste e revisar conforme 
necessário. 
 
• Se você está tomando uma medicação há muito 
tempo, você pode querer começar com uma redução 
ainda menor e ficar lá por um tempo. Seja flexível - sair 
completamente pode não ser o certo para você. 
 
• Após sua primeira redução, monitore os efeitos 
cuidadosamente. Fique em contato próximo com seu 
médico, um amigo, um grupo de apoio ou um 
conselheiro. Considere manter um diário de sua 
experiência, talvez com a ajuda de alguém. 
 
Lembre-se de que, se as coisas piorarem logo após a 
redução do medicamento, elas podem ser efeitos de 
abstinência e podem passar. 
 
• Especialmente com antidepressivos e 
benzodiazepínicos, as vezes você pode aliviar a 
abstinência ao mudar para uma dose equivalente de 
um medicamento similar com uma “meia-vida” mais 
longa. Permita-se ter tempo, pelo menos duas 
semanas, para ajustar a sua nova medicação, ou mais, 
se houverem dificuldades. 
 
• Se você precisar de doses muito pequenas ou 
irregulares, use farmácias compostas ou mude para a 
forma líquida e um copo medidor ou seringa para 
controlar a dosagem. Fale com seu farmacêutico. 
 
• Se você estiver tomando outros medicamentos 
para efeitos colaterais, permaneça neles até reduzir 
substancialmente seu medicamento e, em seguida, 
comece a reduzir gradualmente a medicação para 
efeitos colaterais. 
 
• Se você estiver tomando medicamentos “normais” 
junto com medicamentos psiquiátricos, as dosagens 
e os efeitos podem estar interagindo. 
Recuperação e Medicamentos 52 
Pesquise sobre essa interação e sobre as medicações, 
seja especialmente cuidadoso e gradual e obtenha bons 
conselhos médicos. 
 
• As benzodiazepinas são altamente viciantes e, por 
vezes, as mais difíceis de parar de tomar, especialmente 
no final. A retirada abrupta é perigosa. Você pode querer 
faze-la lentamente. 
 
• É muito comum que as pessoas iniciem o processo de 
redução e percebam que estão indo rápido demais. Se 
a abstinência é insuportável, muito difícil ou continua 
por muito tempo, aumente a dose novamente. Dê a si 
mesmo duas semanas ou mais e tente novamente. Se 
você ainda tiver dificuldade, aumente a dose e, em 
seguida, reduza mais lentamente, ou apenas fique na 
dosagem em que você está. 
 
• Se você acabar em crise, a veja como um passo em 
um processo maior de aprendizado e descoberta, não 
como um fracasso. Se puder, retome a medicação 
mínima necessária para recuperar sua estabilidade, em 
vez de começar tudo de novo. Tenha em mente que seu 
obstáculo pode se encontrar na retirada da droga em si, 
não necessariamente nas emoções subjacentes ou 
estados extremos. 
 
• Lembre-se, você tem todo o direito de achar difícil 
parar completamente, então aceite isso como uma 
possibilidade e seja flexível com seus objetivos. 
Inclua outras maneiras de melhorar sua vida e bem-
estar e espere para tentar novamente quando for a 
hora certa. 
 
Como isso você irá se sentir? 
 
Todo mundo é diferente, e é importante manter sua 
mente aberta para o que você vai experimentar. Você 
pode não sentir qualquer retirada, ou a retirada pode 
atingir você como uma tonelada de tijolos. Quarenta 
por cento das pessoas participantes do estudo 
realizado pela MIND com medicamentos e seus 
efeitos não relataram problemas significativos em 
suas retiradas. 
 
As vezes, porém, a abstinência pode ser tão severa 
que você pode precisar tentar voltar ao medicamento 
que utilizava ou mesmo aumentar sua dosagem. 
 
Parece que quanto maior tempo você está neles, 
maior a probabilidade de você ter uma retirada mais 
intensa. Ter saúde em geral, um bom apoio, 
ferramentas de enfrentamento e uma atitude 
amorosa positiva, podem torná-lo mais capaz de 
tolerar os efeitos da abstinência. 
Recuperação e Medicamentos 54 
As mudanças químicas em seu cérebro ainda podem ser 
dramáticas e todos estão vulneráveis. Apoie a 
capacidade de cura natural do seu corpo e lembre-se de 
que o tempo está do seu lado em qualquer processo de 
desintoxicação. 
 
É fundamental preparar-se para possíveis problemas, 
incluindo meio de lidar com uma crise. Não espere o 
pior, esteja aberto ao que está acontecendo. 
 
Os efeitos de abstinência mais comuns são o aumento 
da ansiedade e uma maior dificuldade para dormir 
(insônia). 
 
Outros efeitos abrangem uma outra gama de fatores e 
podem incluir: sensações de mal estar, ataques de 
pânico, pensamentos intrusivos/obsessões, dores de 
cabeça, sintomas de depressão, tontura, fadiga, 
tremores, dificuldade respiratória, problemas de 
memória, movimentos involuntários, espasmos 
musculares e náuseas. 
 
A abstinência também pode desencadear crises, 
alterações de personalidade, compulsões, quadros de 
psicose, delírios e outros sintomas psiquiátricos, em 
casos mais graves. 
 
Os sintomas mais graves associados aos antidepressivos 
podem 
incluir agitação, “choques elétricos”, tendências 
suicidas e lesões autoprovocadas, como cortes e 
autoagressão. 
 
Muitas vezes as pessoas relatam os piores efeitos de 
retirada no final do processo, quando reduzem sua 
dosagem para quase zero. Seja criativo e flexível. 
 
Todos esses efeitos podem diminuir em alguns dias, 
semanas ou meses, por isso é importante ser o mais 
paciente possível. 
 
O ajuste emocional e desintoxicante pode durar 
meses ou até um ano, ou mais, à medida que você 
aprende a lidar com sentimentos e experiências que 
foram suprimidas pela medicação e à medida que seu 
cérebro e corpo se recuperam. 
 
Para muitas pessoas, a parte mais difícil é o pós 
retirada, quando se está fora das medicações e 
lutando com suas emoções e experiências, incluindo a 
desintoxicação e a cura a longo prazo. 
Recuperação e Medicamentos 55 
Identificando uma abstinência, o 
retorno de emoções e novos desafios 
 
Nem todos os sintomas dolorosos quando se trata de 
medicamentos fazem parte da abstinência. Você pode 
experimentar, por exemplo, o retorno de emoções 
difíceis que a medicação estaria ajudando a suprimir até 
então, ou mesmo novas emoções. 
 
Mas os sintomas de abstinência tendem a começar logo 
após a redução das doses, e podem diminuir com o 
tempo à medida que o cérebro se ajusta. 
 
Não há uma maneira definitiva de distinguir entre eles, 
especialmente com o papel do efeito placebo e da 
expectativa. Se os sintomas são insuportáveis ​​ou muito 
perturbadores, você pode estar indo rápido demais com 
a redução e considerar uma abordagem mais devagar 
pode ajudar. 
 
Olhando para o futuro 
 
O sofrimento pode colocar o diagnóstico e os 
medicamentos no centro de nossa identidade. Embora a 
atenção à saúde mental possa salvar vidas por algum 
tempo, chegamos a um ponto em que precisamos nos 
unir à comunidade maior e nos concentrar mais em 
nossos dons, talentos e contribuições positivas. 
 
Ao melhorar seu relacionamento com seus 
medicamentos, pergunte-se: como as dificuldades 
interromperam minha vida e o que eu quero

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