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Linguagens e 
suas representações
Plurissignificação das linguagens
Em meados dos anos 1980 iniciou-se uma discussão sobre a necessidade de re-modelação da escola brasileira. Tal discussão culminou na elaboração dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) – cujas diretrizes fundamentaram-se na 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 e no Parecer do Conse-
lho Nacional da Educação/Câmara de Educação Básica 15/98. Assim, os PCN não 
podem ser entendidos como “a nova regulamentação” para o ensino, mas como um 
documento que traz sugestões para o trabalho do professor. Dessa forma, os PCN 
não são um trabalho pronto, acabado, mas uma “obra aberta” na qual o trabalho do 
professor e da escola é fundamental para que se atinja o objetivo: adaptar o Ensino 
Médio às exigências do mundo contemporâneo.
Esta unidade aborda a área de Códigos e Linguagens, que agrega as seguintes 
disciplinas: Língua Portuguesa e Literatura, Língua Estrangeira Moderna, Educação 
Artística, Educação Física e Conhecimentos de Informática. O respeito à diversidade é 
o princípio básico da proposta desta unidade.
Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Fernando Pessoa
Torna-se necessário, dessa forma, que antes de abordarmos o tópico códigos e 
linguagens tracemos um paralelo entre diversidade e linguagens.
A partir da Revolução Francesa pretendeu-se um Estado cuja ação garantisse a 
igualdade dos cidadãos perante a lei. Neste final de século nos deparamos com inúmeras 
transformações por que passa o mundo – como, por exemplo, as diversas culturas e iden-
tidades que se evidenciam no leste europeu, as guerras étnicas em Ruanda e Etiópia etc., 
– o desafio que se coloca, então, é como pensar a diferença. Dessa perspectiva, a luta 
atual não se limita apenas a lutar pela igualdade, mas essa luta estende-se também à 
luta pelo direito à diferença. A questão que se coloca, então, é a 
[...] diferença entre povos, culturas, tipos físicos, classes sociais: estará fadada a ser eternamen-
te compreendida e vivida como desigualdade? Como relações entre superiores e inferiores, 
evoluídos e primitivos, cultos e ignorantes, ricos e pobres, maiores e menores, corretos e incor-
retos, com direitos e sem direitos, com voz e sem voz? (SILVA; GRUPIONI, 1995, p. 17)
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Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.iesde.com.br
Linguagens e suas representações
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De modo particular, cabe-nos perguntar: como a comunidade escolar (entenda- 
-se aqui professor / aluno / escola) trata e vivencia a diferença, o diferente?.
A tendência da escola sempre foi a de valorizar uma determinada manifestação 
cultural, uma determinada modalidade de língua em detrimento de outras modalidades 
e de outras manifestações, ou seja, a tendência da escola é reproduzir valores da cultura 
dominante (determinadas quase sempre pelo poder econômico), ignorando qualquer 
outra manifestação que fuja desse padrão. Ao colocar-se o respeito à diversidade como 
eixo dos PCN chama-se a atenção para o reconhecimento de manifestações culturais, 
linguísticas e históricas de comunidades historicamente marginalizadas. 
No processo pedagógico não se trata de substituir uma variedade por outra (porque uma é 
mais rica do que a outra, porque uma é certa e outra errada etc.), mas se trata de construir pos-
sibilidades de novas interações dos alunos (entre si, com o professor, com a herança cultural), 
e é nestes processos interlocutivos que o aluno vai internalizando novos recursos expressivos, 
e por isso mesmo novas categorias de compreensão do mundo. Trata-se, portanto, de explorar 
semelhanças e diferenças num diálogo constante e não preconceituoso entre visões de mundo 
e modos de expressá-las. (GERALDI, 1996, p. 69)
O papel que o professor assume diante dessa perspectiva é de suma importância 
e o coloca como um dos possibilitadores da transformação esperada pela sociedade, 
pois não basta que a escola apenas reconheça a diversidade, seu papel é muito mais 
amplo; cabe à instituição escolar não apenas reconhecer diversas manifestações, mas 
também valorizá-las.
Trata-se aqui de mudanças de concepções que fundamentam os currículos es-
colares brasileiros. No ensino de Língua Portuguesa, por exemplo, mais do que res-
peitar a língua do aluno, é preciso compreender que esse aluno também constrói a 
língua que todos usamos. 
Um aluno falante da variedade não padrão, numa escola que possibilite interlocuções com 
outras variedades (inclusive a padrão, mas não só ela, já que numa mesma sala de aula con-
vivem diferentes variedades, por menores que sejam as diferenças que as identifiquem), não 
se apropria do dialeto de prestígio, mas ao contrário, enquanto locutor e interlocutor por seu 
trabalho linguístico, participa da construção desse dialeto. O dialeto de prestígio também se 
constrói historicamente, modificando-se, ainda que suas mudanças formais sejam mais len-
tas. (GERALDI, 1996, p. 60)
Finalmente, é preciso não perder de vista que é inerente ao ser humano a necessida-
de de comunicar-se e buscar meios para isso. Dessa necessidade resultam manifestações 
diversas marcadas pela história sociocultural de cada indivíduo e de cada comunidade.
Área de Códigos e Linguagens
Desde que um homem foi reconhecido por outro como 
um ser sensível, pensante e semelhante a si próprio, 
o desejo e a necessidade de comunicar-lhe seus 
sentimentos e pensamentos fizeram-no 
buscar meios para isto. 
Rosseau
A área de Códigos e Linguagens, coerente com o princípio da diversidade, 
agrupa disciplinas que trabalham as diferentes manifestações da linguagem: Língua 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.iesde.com.br
Linguagens e suas representações
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Coppélia. Espetáculo apresen-
tado pelo Grupo Petit Ballet – 
Curitiba.
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9.
Máscara indígena.
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Adorations des Bergers – Georges de La Tour.
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3.
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Embora a linguagem verbal permaneça a forma de comunicação mais utilizada 
pelo homem, existem outras formas de manifestar seu pensamento, seus sentimen-
tos, como a dança, as artes plásticas, a música, o teatro etc. É tão importante para um 
ser humano comunicar ao outro o que sente que estamos sempre buscando formas de 
manifestar isso e, nesse processo, todos somos ao mesmo tempo produtores e “con-
sumidores” de várias formas de linguagens.
Assim, se as linguagens são fruto de criação coletiva, a escola não pode mais 
privilegiar apenas uma manifestação para fundamentar seus ensinamentos. No seu 
trabalho com as linguagens, o professor deve proporcionar ao aluno um contato mais 
amplo possível com as diversas manifestações, sem esquecer que, como parte de 
uma comunidade, o aluno também tem papel ativo na sociedade, logo, produz novas 
linguagens e renova as já existentes. Face a essas colocações, 
[...] não se quer mais somente um cidadão que reconheça a herança cultural, mas que se torne 
um produtor de cultura. E aqui uma nova heterogeneidade: a escola tradicional reconhecia 
como cultura apenas certas manifestações do homem; o mundo contemporâneo (e em conse-
quência a escola) reconhece culturas e cada vez mais essas culturas se interpenetram, cons-
Portuguesa e Literatura, Língua Estrangeira Moderna, Educação Artística, Educa-
ção Física e Conhecimentos de Informática. 
Atente para as linguagens abaixo:
O poema
 Mario Quintana
Um poema como um gole d’água bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema.
Triste.
Solitário.
Único.
Ferido de mortal beleza.
Estematerial é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.iesde.com.br
Linguagens e suas representações
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tituindo o mosaico fragmentário do mundo em que vivemos e que precisamos conhecer para 
nele interferirmos. (GERALDI, 1996, p. 69)
Ao entender que existem várias linguagens que se manifestam de modos dife-
rentes valorizam-se não apenas as manifestações, mas o ser que produz essas mani-
festações. Frei Beto verbalizou algo nessa direção em um texto publicado na revista 
Caros Amigos (abr./2000): 
Por isso é errado dizer que uma pessoa é mais culta do que a outra, ensinava Paulo Freire. O 
que há são culturas paralelas, complementares nas relações que a vida tece entre as pessoas. 
Você, por exemplo (falava a um agricultor), sabe o que é safra, irrigação, arrendatário, estia-
gem, ocupação, assentamento. Talvez muitos estudantes de Medicina não consigam explicar 
o sentido dessas palavras. Mas conhecem o que é etiologia, diagnóstico, tomografia e terapia, 
como sei o que é liturgia, pastoral, gregoriano e escatologia. Cada pessoa domina as palavras 
e as artes de seu mundo. 
Assim, se retoma o importante papel da escola de proporcionar a valorização 
do ser humano, a tolerância e a melhora da qualidade de vida através do saber.
1. As variedades linguísticas trazidas pelo aluno para a sala de aula são uma manifestação de “diver-
sidade”. A partir das discussões apresentadas, como o professor poderia trabalhar esse fato?
2. As linguagens são manifestadas de várias maneiras pelo homem. Ao reconhecer e valorizar 
essas manifestações, que papel a escola assume diante da sociedade?
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.iesde.com.br

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