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DIVERSIDADES LINGUISTICAS NO CONTEXTO ESCOLAR (3) LETRAS

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10
universidade PAULISTA
Polo - GAMA
Curso: letras/inglês
Diversidades Linguísticas no contexto escolar
 no Ensino Fundamental II
 gama
 2021 
 HELOISA DE LIMA COELHO - RA 1759964
Diversidades Linguísticas no contexto escolar 
no Ensino Fundamental II
Relatório Curricular de conclusão de Curso apresentado à Universidade paulista como requisito básico para a obtenção do título de Licenciatura em Letras/Inglês. 
Orientador (a): Prof (a). Me. Bruno César do Santos.
gama
2021
Relatório Aprovado Como Requisito Parcial Para A Conclusão do Curso de Letrea/ Inglês da Universidade Paulista – Unip De São Paulo, Polo Gama Pela Comissão Formada Pelos Professores.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________ 
Orientador (A): Prof (A). Me. Bruno César dos Santos
_________________________________________________ 
Nome Completo Prof (A).
_________________________________________________ 
Nome Completo Prof (A).
gama
2021
 dedicatória 
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, autor do nosso destino, meu esposo e família.
 
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por seu cuidado e por sentir sua presença em todos os momentos de minha vida, nos felizes, nos tristes, nos fáceis e nos difíceis.
A esta faculdade e todo seu corpo docente, além da direção e administração que me proporcionou as condições necessárias para que eu alcançasse meus objetivos.
À orientador Professor Drº Bruno César do Santos pela sua simpatia, dedicação, paciência e comprometimento, que Deus lhe conserve assim. 
Enfim, a todos que de alguma maneira, não menos valiosa, contribuíram para eu chegar até aqui.
 
 
 
 EPÍGRAFE
SUMÁRIO
RESUMO
O tema deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é A Diversidades Linguísticas no Contexto Escolar no Ensino Fundamental II. O objetivo Geral analisar as variações linguísticas nos resultados de processos comunicativos dos alunos no ensino Fundamental II ,cujo objetivos específicos Relatar as variações linguísticas dentro de sala de aula, Descrever e analisar fenômenos das variações linguísticas em sala de aula, ressaltar a importância das variações linguísticas no Ensino Fundamental bem como ampliar o conhecimento nessa área, promovendo assim uma reflexão acerca dos problemas relacionados ao uso da linguagem, a fim de que os educadores possam trabalhar de forma contextualizada com a realidade dos alunos e da escola, num processo educativo coletivo de construção e troca do conhecimento, visando a um ensino significativo com o intuito de proporcionar aos educandos uma educação modernizada, atendendo as exigências da nova era, mas acima de tudo respeitando as diversidades sócio-culturais e étnicas da cada ser. Para a obtenção do propósito investigativo fundamentou-se o estudo nos aportes teóricos trazidos por pesquisadores tais como: Marcos Bagno em O preconceito Linguístico o que é e como se faz (2007), A língua de Eulália (2006), Sirio Possenti, em Porque (não) Ensinar Gramática em Sala de Aula (2008), Irandé Antunes e Aula de Português: encontro & interação (2003), Stella Maris Ricardo-Bortoni e Educação em Língua Materna: a sociolinguística em sala de aula (2004), Louis-Jean Calvet em sociolinguística: Uma Introdução Crítica (2002), entre outros estudiosos do assunto. O que se espera por meio desse estudo é mostrar a importância do ensino de variação linguística no âmbito escolar com o objetivo de refletir sobre o preconceito linguístico, bem como compreender que não existem “erros” na língua, uma vez que a fala é livre e que os discursos se adequam a diferentes contextos. Para a realização da pesquisa será realizada a revisão bibliográfica: com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. De acordo com Gil (2002), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
Palavra-Chave: Diversidades Sócio-culturais. Diviersidade Linguistica. Variações Linguística.
ABSTRACT
BUNNY. HELOISA DE LIMA, LANGUAGE DIVERSITY IN THE SCHOOL CONTEXT OF ELEMENTARY EDUCATION II. Project of Final Paper of Graduation Course in Languages/English – Pvt – Universidade Paulista, 2021.
The theme of this Final Course Paper (TCC) is Linguistic Diversities in the School Context in Elementary School II. The General objective to analyze linguistic variations in the results of communicative processes of students in Elementary School II, whose specific objectives Report linguistic variations within the classroom, Describe and analyze phenomena of linguistic variations in the classroom, emphasize the importance of linguistic variations in Elementary School as well as expanding knowledge in this area, thus promoting a reflection on the problems related to the use of language, so that educators can work in a contextualized way with the reality of students and the school, in a collective educational process of construction and exchange of knowledge, aiming at a meaningful teaching in order to provide students with a modernized education, meeting the demands of the new era, but above all respecting the socio-cultural and ethnic diversity of each being. To obtain the investigative purpose, the study was based on theoretical contributions brought by researchers such as: Marcos Bagno in O Prejudice Linguístico what it is and how it is done (2007), The language of Eulália (2006), Sirio Possenti, in Why (no) Teaching Grammar in the Classroom (2008), Irandé Antunes and Portuguese Class: encounter & interaction (2003), Stella Maris Ricardo-Bortoni and Mother Language Education: sociolinguistics in the classroom (2004), Louis- Jean Calvet in Sociolinguistics: A Critical Introduction (2002), among other scholars on the subject. What is expected through this study is to show the importance of teaching linguistic variation in the school environment in order to reflect on linguistic prejudice, as well as to understand that there are no "errors" in the language, since speech is free and that the speeches fit to different contexts. To carry out the research, a bibliographic review will be carried out: based on material published in books, magazines, newspapers, electronic networks, that is, material accessible to the general public. According to Gil (2002), bibliographical research is developed based on material already prepared, consisting mainly of books and scientific articles.
INTRODUÇÃO
A língua de um povo constitui-se como um dos seus bens mais preciosos. É na língua que se apresentam refletidas as representações e construções de uma sociedade. É pela língua que se dão as relações de poder e dominação, os consensos, as discórdias, as transmissões culturais. Assim como é pela língua que o sujeito constrói seu lugar na sociedade, também é através dela que é excluído. 
Considerando que as cidades de nossa região são formadas pela união de diversas raças e povos, é impossível ignorar que a diversidade étnica caracteriza nosso país. A língua, em suas diversas formas e variantes, é uma entidade viva, dinâmica e é o código utilizado pelo ser humano para se comunicar com seus semelhantes, trocar informações, difundir idéias e conceitos.
A língua portuguesa é uma unidade composta por diversosvariantes e sofre várias transformações. Contudo traz em si a ideia de época em que ela é usada, cabendo ao ser humano à consciência que a língua muda e deve ser respeitada em suas variantes.
A linguagem não é usada apenas para transmitir informações, mas também, tem função de comunicar ao ouvinte à posição que o falante ocupa na sociedade em que está inserido. As pessoas falam para serem “ouvidas”, para serem respeitadas e para exercer influência no ambiente em que se realizam seus discursos (atos lingüísticos). A língua possibilita ao homem uma representação da realidade física e social, desde o momento em que lhe é ensinada nos vínculos familiares até no âmbito da realidade social. Para Gnerre (1987, p. 3-4):
As “regras de linguagem” levam em conta as relações sociais entre os interlocutores. Todo falante tem que agir de acordo com essas regras, isto é, tem “saber”: quando pode falar e quando não pode; que “assuntos” podem ser abordados; que variedade linguística é adequada à situação de comunicação.
A variação lingüística é considerada um sistema comum a qualquer outro que da possibilidade ao indivíduo de interpretar e analisar o mundo e a realidade, como qualquer fenômeno natural, vista como um ato de função da fala e do ouvinte, porém sendo muitas vezes ignorada no ambiente social como no ambiente escolar, devido a falta de recursos para o professor lidar com fenômenos muitas vezes incompreendidos na sociedade.
A língua se relaciona com a sociedade porque é a expressão das necessidades humanas de se congregar socialmente, de construir e desenvolver o mundo. A língua não é somente a expressão da alma, ou do íntimo, ou do que quer que seja, do indivíduo; é acima de tudo, a maneira pela qual a sociedade se expressa como se fosse a sua boca. (SIGNORINI, 2002, p. 76-77)
É importante ter um discurso condizente com a realidade social, mas a consideração da modalidade lingüística que o educando traz de casa, é essencial, já que a democracia e a liberdade de expressão devem acontecer desde o espaço escolar e, porque por meio dessa linguagem é possível estabelecer a comunicação. Com respeito pela linguagem do aluno, é possível levá-lo a aprimorar-se da variedade lingüística valorizada socialmente, o que possibilitará a ele a adequação de uso da linguagem ás diversas situações sociais em que precise se manifestar. 
Ao contrário do ensino tradicional, que silencia, e contribui, desse modo, para a manutenção da ordem social vigente, com as mudanças no ensino poderão ser conseguidas mudanças sociais ao se garantir que a possibilidade de expressão deixe de ser sonegada à grande parcela da população. Não é preciso substituir a modalidade do aluno, mas é possível fornecer-lhe outra adicional, a de maior prestígio, para que, com isso, ao mesmo tempo em que ele possa conseguir sua ascensão social, também continue participando de seu grupo de origem, não sofrendo, assim, um processo de despersonalização.
Os profissionais ligados à área de Letras, como os gramáticos tradicionalistas, dicionaristas, acadêmicos de Letras, escritores de livros, etc., investiram maciçamente na prescrição de regras gramaticais, elaboração de construções sintáticas sofisticadas e palavras eruditas a fim de enriquecer suas práticas linguísticas.
E é justamente com base nesse “estilo” padrão linguístico que as escolas brasileiras oferecem as aulas de português. Dessa forma, considera-se como "errado" o conjunto das demais variantes da língua instauradas, sobretudo na oralidade, e inseridas no Português não-padrão (PNP).
Essas variantes do Português não-padrão (PNP) são faladas pelas pessoas das classes sociais mais empobrecidas da sociedade que, normalmente, não completaram os anos da Educação Básica ou tiveram acesso a uma precária educação formal.
Nesse sentido, a realização do estudo justifica-se pela importância de repensar as ações didáticas com relação às variações linguísticas e suas implicações em sala de aula, oportunizando aos alunos a apropriação dos saberes linguísticos envolvidos em sua própria língua. Por isso, propoem-se uma prática pedagógica que se realizasse a partir de um ensino pautado no objetivo de desenvolver a competência linguística dos alunos, como também contribuir com profissionais preocupados e conscientes da necessidade de ampliar a competência dos educandos diante das múltiplas formas de manifestações da língua.
Diante dessa problemática da linguagem faz-se o seguinte questionamento: Porque existe preconceito em sala de aula em relação a diversidade linguística e quais estratégias os docentes podem utilizar para possibilitar a compreensão, por parte dos alunos, das múltiplas variedades da língua?
Assim, com o anseio de contribuir de forma proveitosa para a realização de um ensino eficaz com a diversidade linguística, foi proposto trilhar um caminho para se alcançar os objetivos seguintes: Analisar as variações linguísticas nos resultados de processos comunicativos dos alunos no ensino Fundamental II, bem como ampliar o conhecimento nessa área, promovendo assim uma reflexão acerca dos problemas relacionados ao uso da linguagem, a fim de que os educadores possam trabalhar de forma contextualizada com a realidade dos alunos e da escola, num processo educativo coletivo de construção e troca do conhecimento; relatar as variações linguísticas dentro de sala de aula; descrever e analisar fenômenos das variações linguísticas em sala de aula e ressaltar a importância das variações linguísticas no Ensino Fundamental II, visando a um ensino significativo com o intuito de proporcionar aos educandos uma educação modernizada, atendendo as exigências da nova era, mas acima de tudo respeitando as diversidades sócio-culturais e étnicas da cada ser. 
Para a obtenção do propósito investigativo fundamentou-se o estudo nos aportes teóricos trazidos por pesquisadores tais como: Marcos Bagno em O preconceito Linguístico o que é e como se faz (2007), A língua de Eulália (2006), Sirio Possenti, em Porque (não) Ensinar Gramática em Sala de Aula (2008), Irandé Antunes e Aula de Português: encontro & interação (2003), Stella Maris Ricardo-Bortoni e Educação em Língua Materna: a sociolinguística em sala de aula (2004), Louis-Jean Calvet em sociolinguística: Uma Introdução Crítica (2002), entre outros estudiosos do assunto.
Para o desenvolvimento deste trabalho a metodologia foi de abordagem qualitativa, realizado um levantamento bibliográfico com o objetivo de aprofundar o tema, por meio de livros, artigos, sites e revistas especializadas e periódicos publicadas. A finalidade da escolha da pesquisa bibliográfica visa dar segurança e embasamento teórico as ideias que concerne às variedades linguísticas. O estudo das variedades linguísticas tem a missão de ligar a aprendizagem e o respeito às diferenças vocabulares. (GIL, 2002, p.44). 
Assim, o primeiro capítulo o referencial teórico,que engloba os sub tópicos “Estudo da Sociolinguística como Aspecto Cultural e Social”, “O Preconceito Linguístico” e as “Variedades Linguísticas”, cujo, o primeiro, seguindo a ordem, faz um breve contexto histórico de quando surgiu a ciência sociolinguística e o seu precursor, William Labov, que faz justamente o estudo das línguas e consequentemente os aspectos culturais, sociais e políticos. O segundo concebe como os alunos sofrem por utilizarem uma norma não padrão da língua portuguesa. E como afirma Bagno (2006) a elite do povo brasileiro por força tenta embutir na cabeça das pessoas que a língua portuguesa é um bloco sólido, indissolúvel e na verdade não é, causando consequências gravíssimas para as classes estigmatizadas. 
O terceiro, sabe-se que o Brasil, possuí uma área territorial imensa, que é dividida por regiões e nessas regiões cada grupo ou comunidade tem sua própria maneira de falar, e usar a língua. O paraense, o carioca, o baiano, enfim, cada um desses indivíduos carregam consigo seus traços linguísticos que os diferenciam um do outro, formando assim o nosso idioma terno. E por fim as considerações finais, fechando as discussões e elencandoa importância do tema para ser estudado em sala de aula e as referências. 
CAPÍTULO I - O ESTUDO DA SOCIOLINGUÍSTICA COMO ASPECTO CULTURAL E SOCIAL
Pode-se dizer que a sociolinguística firmou-se nos Estados Unidos na década de 1960, com a liderança do linguista William Labov e é denominada como sociolinguística ou teoria da variação. Tal corrente leva em consideração aspectos sociais ou diastráticas e geográficos ou diatópicos. Segundo Mussalim; Bentes (orgs. 2001, p. 34) “a variação geográfica ou diatópica está relacionado às diferenças linguísticas distribuídas no espaço físico, observáveis entre falantes de origens geográficas distintas”. Já sobre os aspectos sociais ou diastráticos as autoras enfatizam que:
relacionam um conjunto de fatores que têm a ver com a identidade dos falantes e também com a organização sociocultural da comunidade de fala. Neste sentido, podemos apontar os seguintes fatores relacionados às variações de natureza social; a) classe social; b) idade; c) sexo; d) situação ou contexto social. (2001, p. 35).
Como podemos observar os fatores mencionados acima estão verdadeiramente imbricados uns aos outros. Então, falar da língua é falar de um sistema complexo que segundo Tarallo (1994, p. 6) “a cada situação de fala em que nos inserimos e da qual participamos, notamos que a língua falada é a um só tempo heterogênea e diversificada”. E é precisamente essa situação de heterogeneidade que deve ser sistematizada. E ainda os PCN’s (1997), a esse respeito proferem que a língua é um sistema de signos histórico e social que possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio social entendem e interpretam a realidade e a si mesmas. (BRASIL, 1997, p.22).
Se colocarmos o Brasil, como exemplo, que possui uma região territorial imensa e mais de duzentos milhões de habitantes na sua totalidade e afirmar que no país brasileiro a língua falada é apenas uma, com certeza estaríamos mentido. Não é verdade? Cada região possui sua própria característica, a variedade usada pelos nordestinos é diferente da usada pelos paraenses e vice versa. Ambas possuem fatores particulares, sejam eles, sociais, culturais ou geográficos.
A ciência sociolinguística apesar de muito jovem, diferente da gramática que vem se perdurando durante séculos, tenta quebrar esse paradigma de que a maioria do povo brasileiro fala “errado” o português, e apenas um pequeno aglomerado de pessoas, falam um português “correto”, principalmente a classe alta na qual o poder econômico, politico e cultural estão centrados. Para Tarallo (1994, p. 62), “cada comunidade de fala é única; cada falante é um caso individual”. Portanto, a língua não é um bloco sólido como bem afirma Marcos Bagno, muito menos, homogênea.
1.1 - PRECONCEITO LINGUÍSTICO
Existem diversos tipos de preconceito disseminado no seio da sociedade e precisam ser combatidos com inteligência, sabedoria e praticidade. Assim como há preconceito sobre o negro, a sexualidade, a religião existe também o preconceito linguístico, no qual, as pessoas são julgadas pela sua própria maneira de falar. Ora todo cidadão tem o direito de se expressar seja quem for.
Atitudes preconceituosas são comuns no nosso cotidiano, mas o mais repugnante é quando parte de profissionais da área da educação, pois deveriam ser as pessoas mais indicados para mediar e conscientizar seus educandos a terem um posicionamento crítico e conhecedor dos seus direitos. Educá-los que sua língua, sua cultura, seus costumes, seus hábitos não são rudimentar ou atrasados e sim únicos com características próprias. Os PCN’s (1998) orientam que o preconceito linguístico, como qualquer outro preconceito, resulta de avaliações subjetivas dos grupos sociais e deve ser combatido com vigor e energia (BRASIL, 1998, p.82).
Em uma entrevista feita por Carla Viana Costarelli (et all) à Revista Presença Pedagógica Bagno (2008) ressalta que, o primeiro passo, para combater o preconceito linguístico na escola é
[...] o professor assumir que não é falante desse português idealizado e que os seus alunos também não serão, porque, na verdade, ninguém é. É fundamental que o professor reconheça sua própria fala como uma atividade social, como uma manifestação legítima da língua e, principalmente, passe a associar a discriminação que é feita por meio da linguagem com as discriminações que são feitas na sociedade [...]. (presença pedagógica, 2008, p. 10)
Apesar de alguns graduandos estarem saindo da universidade com uma visão mais ampla de como ensinar seus alunos sem utilizar metodologias ultrapassadas tendo como suporte, a gramática tradicional, acabam submetendo-se ao sistema político pedagógico implantado pela escola e o sonho de mudar a realidade de ensino da língua materna, a língua portuguesa, como ela é de fato, desaparece e o reflexo desse sistema manipulador, que persiste na comunidade escolar, aparece nos futuros operadores do ensino. Ocasionado um ensino mecânico e destruidor de vidas.
Marcos Bagno (2007) apresenta e define o preconceito linguístico como:
O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe [...] uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola- gramática- dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, “errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente [...] (BAGNO, 2007, p. 38).
Tal preconceito situa-se na existência de uma língua padrão e numa não-padrão e por existir essa diferença começa o chamado caos linguístico defendido por Tarallo (1994) que é justamente a presença de mais de uma variação existente numa sociedade. Segundo os PCN’s (1997) “[...] há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos diferentes modos de falar é [...] comum considerarem as variedades linguísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas” (BRASIL, 1997, p. 26). É como se quem falasse um dialeto diferente da norma padrão estivesse cometendo erros e não é bem assim, cada ser tem o direito de se manifestar livremente principalmente quando é para mostrar sua identidade cultural e social e nada melhor utilizar-se da sua própria língua para apresentar-se.
É sabido que cada indivíduo possuí características próprias no seu modo de agir, de ser, de se expressar e principalmente de comunicar-se. Os PCN’s (1998) enfatizam que a língua é o veículo principal para os humanos serem diferenciados e contribuí para que haja a socialização de um grupo de fala. Dessa forma, a linguagem nos é concedida para que a comunicação haja em diversas situações de conversação. Bortoni-Ricardo (2004) a despeito da comunicação considera que, um domínio social é um espaço físico onde as pessoas interagem assumindo certos papéis sociais. Os papéis sociais são um conjunto de obrigações e de direitos definidos por normas socioculturais. Os papéis sociais são construídos no próprio processo da interação humana. Assim a língua se torna o signo que melhor representa a figura humana e identifica de onde somos e quem somos.
Assim como os defensores da gramática tradicional, existem pessoas que utilizam a norma culta como única e soberana e, acabam discriminando o norma não-padrão utilizada pela maioria da população brasileira. Tais pessoas agem de forma preconceituosa a despeito dessas variações por não conhecerem ou por ignorarem e acabam cometendo o engano de que a variação não-padrão é, estropiada, feia, errada e etc., e desconhecem que esta realidade está ligada diretamente a vários fatores linguístico e extralinguístico.
Possenti (1996, p.22) afirma que a “norma não-padrão possuem regras gramaticais perfeitamente entendíveis, caso contrário os “donos” do português brasileiro não se comunicariam com indivíduos, chamados de jecas, caipiras e outros”. Um exemplo, que merecedestaque para rebater esse achismo, foi Luiz Inácio Lula da Silva, assumir a presidência do Brasil e apesar de julgarem “dele falar tudo errado” conseguiu se eleger no primeiro mandato e no segundo se reeleger (BAGNO 2008, revista pedagógica, p. 11). Será que o povo sem língua que é ignorante ou os conservadores de uma língua arcaica? O Brasil não é mais colônia de Portugal e sim um país independente.
Bagno (2007) sobre este aspecto compara a língua como um iceberg na qual a norma culta é aquela parte superficial que flutua na superfície do oceano e a língua é a parte que fica para as profundezas que, justamente é a língua viva e que é utilizada pela maioria do povo brasileiro, enquanto que a gramática normativa é a menor parte, porém, tende ser autoritária, intolerante e repressiva com os alunos. Ainda segundo este autor a língua comparada como um igapó onde a área alagada, uma porção mínima, é comparada com a língua padrão, assim sendo os rios cheios de águas correntes que todo tempo se renovam são comparados a variedade não-padrão, ou seja, a língua é um organismo vivo e está em constante transformação.
1.2 - LINGUAGEM 
Nesse item apresentam-se as perspectivas teóricas sobre as concepções de linguagem, destacando que é preciso estar atento acerca da concepção que o professor adota, haja vista que esta tem a capacidade de influenciar a ação docente, definindo o percurso que será adotado no processo de ensino.
Na busca de explicações entre a linguagem, a mente e o cérebro Aristóteles defendiam que o conhecimento estava no coração e que o cérebro era para esfriar o sangue. Com visão contraria o médico Britânico William Harvey defendia que o coração era responsável por bombear o sangue, logo o conhecimento estaria em outro lugar. Só que contrapondo essa ideia René Descartes acreditava que o cérebro era responsável por bombear um fluido animador, para René Descartes citado por Gomes (2011) esse fluido era distribuído através de nervos que consequentemente movimentaria os músculos e que o cérebro seria apenas uma máquina sem nenhuma realçam com o pensamento, mas acreditava que a mente o pensamento e a linguagem estaria em um único conjunto. 
Contradizendo Rene, Nietzsche defendia que a linguagem seria uma interpretação inspirada com uma “mentira”. Ao longo de muito tempo buscou-se identificar as funções do ser humano, quanto sendo um ser possuidor de pensamento e linguagens, com caráter comunicativo, para Gomes (2011), “ser humano tem poder de entrar na mente de outro ser humano”, isso dado a partir do uso da palavra.
A aquisição da linguagem é um processo contínuo de variações determinantes no reconhecimento da mesma, muitas vezes cultural, em uma abordagem teórica a aquisição da linguagem pode esta dividida em: uma dotação genética, algo passado a parte de sua estruturação específica de cada ser humano; ou com o contato com o ambiente, os diferentes pensadores que estudam o desenvolvimento da linguagem tendem escolher um ou outro conceito. Para o Behaviorismo, a linguagem e dada a partir da interação com o meio ao contrário do inatíssimo que defende que essa aquisição aconteceria a partir de algo pré-existente no individuo. Para o cognitivismo construtivista, a linguagem passa a existir a partir do desenvolvimento do individuo, que seria feita por estágios (... pré-operatório, operatório.), possibilitando assim a aquisição da linguagem.
O estudo da linguagem comporta, portanto, duas partes : uma, essencial, tem por objeto de estudo a lingua, que é social em sua essencia e independente do indivíduo, esse estudo é unicamente psíquico. outra, secundária, tem por objeto a parte individual da linguagem, vale dizer, a fala, inclusive a fonação , e é psicofísica. ( saussure,1973, p. 27)
O próprio Saussure define a parole como esse lugar teórico. Mas ele mesmo não desenvolve esse lado da lingüística. A ele, o mais importante é assentar a lingüística da língua (langue), lingüística com L maiúsculo. Encontraremos, contudo, em Bally (1951), discípulo de Saussure, o desenvolvimento desse ‘lado obscuro’ da lingüística. Esse lugar tem nome e sobrenome: estilística.
Como uma espécie de ‘patinho feio’, a estilística nunca foi definitivamente assumida nem pela lingüística nem pela literatura. Ao longo do século XX, manteve-se à margem, sempre vista com ‘maus olhos’, desprestigiada e carente de sustentação teórica.
À lingüística parecia restar, assim, três alternativas: assumir, bem ou mal, a subjetividade [casos de Bally (op. cit.), Câmara Jr. (1962), Chomsky (1968), num certo sentido], negá-la [casos de Bloomfield (1933) e os estruturalistas, e Pêcheux (1969) e os analistas franceses do discurso] ou deslocá-la conceitualmente.
O estudo linguístico busca explicar as diversas forma de comunicação ou a maneira como são usados os vocábulos, ligando as diversas palavras e seus significados com a interação que ocorre em diferentes ambientes com diferentes pessoas de culturas distintas, segundo alguma definição Gomes (2011) nos situa das principais áreas que tem a incumbência de desvendar os diferentes conceitos. O primeiro seria a fonética que para a autora “estuda os sons da fala, preocupando-se com os mecanismos de produção e audição”, sendo a partir desse estudo que se pode entender e identificar as diferentes formas, ou variedades linguísticas existentes em diferentes agrupamentos sociais e geográficos.
O segundo seria a fonologia que busca identificar distinções nos sons da língua, para Gomes (2011) essa área “preocupa-se também com os sons da língua, mas do ponto de vista da função”. Existe ainda a morfologia, sintaxe, semântica, pragmática, linguística textual, analise do discurso, neolinguística, psicolinguística e o sociolinguismo que é uma área que visa estudar as relações que existe entre a linguagem e a sociedade.
“É na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito; porque só a linguagem fundamenta na realidade, na sua realidade que é a do ser, o conceito de “ego”. (...) A consciência de si mesmo só é possível se experimentada por contraste. Eu não emprego eu a não ser dirigindo-me a alguém, que será na minha alocução um tu. Essa condição de diálogo é que é constitutiva da pessoa, pois implica em reciprocidade – que eu me torne tu na alocução daquele que por sua vez se designa por eu.” (Benveniste, 1995: 286).
“A língua existe não por si mesmo, mas somente em conjunção com a estrutura individual de uma enunciação concreta. É apenas através da enunciação que a língua toma contato com a comunicação, imbui-se do seu poder vital e torna-se uma realidade. As condições da comunicação verbal, suas formas e seus métodos de diferenciação são determinados pelas condições sociais e econômicas da época. As condições mutáveis da comunicação sócio-verbal precisamente são determinantes para as mudanças de formas que observamos no que concerne à transmissão do discurso de outrem. Além disso, aventuramo-nos mesmo a dizer que, nas formas pelas quais a língua registra as impressões do discurso de outrem e da personalidade do locutor, os tipos de comunicação sócio-ideológica em transformação no curso da história manifestam-se com um relevo especial.” (Bakhtin, 1992: 154).
Esse sujeito que articula possui estilo porque escolhe, dentre os recursos da língua, aquele que considera o mais adequado à situação. A partir do conceito saussuriano de língua somos encorajados a buscar uma fala estruturalmente organizada. Benveniste (1995), herdeiro teórico de Saussure, faz a passagem da língua para a fala homologada ao discurso. Apresentada como uma instância que reúne em si as categorias de pessoa, tempo e espaço no ato de apropriação da língua pelo falante, firma-se então a enunciação, e passamos da língua para o discurso. 
“A língua é um sistema cujas partes podem e devem ser consideradas em sua solidariedade sincrônica” (Saussure, 1975).
Para Saussure “é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo, sincronia e diacroniadesignarão respectivamente um estado de língua e uma fase de evolução” (SAUSSURE, 1995, p. 96).
Por língua entende-se um conjunto de elementos que podem ser estudados simultaneamente, tanto na associação paradigmática como na sintagmática. Por solidariedade objetiva-se dizer que um elemento depende do outro para ser formado.
Para Ferdinand Saussure a linguagem é social e individual; psíquica; psico-fisiológica e física. Portanto, a fusão de Língua e Fala. Para ele, a Língua é definida como a parte social da linguagem e que só um indivíduo não é capaz de mudá-la. 
O linguista afirma que:
 “a língua é um sistema supra-individual utilizado como meio de comunicação entre os membros de uma comunidade”, portanto “a língua corresponde à parte essencial da linguagem e o indivíduo, sozinho, não pode criar nem modificar a língua” (COSTA, 2008, p.116).
A Fala é a parte individual da Linguagem que é formada por um ato individual de caráter infinito. Para Saussure é um “ato individual de vontade e inteligência” (SAUSSURE, 1995, p.22). Língua e Fala se relacionam no fato da Fala ser a condição de ocorrência da Língua. O signo linguístico resulta de uma convenção entre os membros de uma determinada comunidade para determinar significado e significante. Portanto, se um som existe dentro de uma língua ele passa a ter significado, algo que não aconteceria se ele fosse somente um som em si.
Então, “afirmar que o signo linguístico é arbitrário, como fez Saussure, significa reconhecer que não existe uma reação necessária, natural, entre a sua imagem acústica (seu significante) e o sentido a que ela nos remete (seu significante).” (COSTA, 2008, p.119).
O sintagma é a combinação de palavras que podem ser associadas, portanto, as palavras podem ser comparadas ao paradigma.
“No discurso, os termos estabelecem entre si, em virtude de seu encadeamento, relações baseadas no caráter linear da língua, que exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Estes se alinham um após outro na cadeia da fala. Tais combinações, que se apoiam na extensão, podem ser chamadas de sintagmas.” (SAUSSURE, 1995, p.142)
As relações paradigmáticas se caracterizam pela associação entre um termo de um contexto sintático. Por exemplo, gato e gado. Quando se juntam as partes paradigmáticas, ocorre o sintagma. Em geral,
¨As línguas apresentam relações paradigmáticas ou associativas que dizem respeito à associação mental que se dá entre a unidade linguística que ocupa um determinado contexto (uma determinada posição na frase) e todas as outras unidades ausentes que, por pertencerem à mesma classe daquela que está presente poderiam substituí-la nesse mesmo contexto.” (COSTA, 2008, p.121)
É importante ressaltar que sintagmas e paradigmas seguem a regra da língua para que essa relação associativa ocorra. 
Portanto, “as relações paradigmáticas manifestam-se como relações in absentia, pois caracterizam a associação entre um termo que está presente em um determinado contexto sintático com outros que estão ausentes desse contexto, mas que são importantes para a sua caracterização em termos opositivos.” (COSTA, 2008, p.121) 
Conclui-se que, “as relações sintagmáticas e as relações paradigmáticas ocorrem concomitantemente.
1.3 - ENSINO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA
Não há uma língua considerada homogênea, deste modo, não existem fronteiras entre a linguagem e o seu uso. É nessa perspectiva que a Variação linguística atua, ela vem tratar dessas modificações que ocorrem na língua ao longo do tempo e da particularidade de cada comunidade em relação a sua forma de se comunicar oralmente, podendo ser percebidas através de vários aspectos, como regionalidade, nível de escolaridade, questões econômicas, sexo, etc. 
O ensino de variação, no âmbito escolar, ainda apresenta suas resistências em relação à importância desse ensino para os alunos e para sua vida social, uma vez que a sociedade prioriza a língua em sua forma culta proveniente das classes de prestígio. Rodrigues (2011) aborda essa ideia em seu trabalho e destaca a variedade da língua dentro da sala de aula. Ela afirma que essas questões podem auxiliar o professor a entender mais o dialeto de cada aluno e a valorizar a língua em sua forma oral, e utiliza Bagno (1999) para afirmar o seu pensamento:
É preciso garantir, sim, a todos os brasileiros o reconhecimento da variação linguística, porque o mero domínio da norma culta não é uma fórmula mágica que, de um momento para outro, vai resolver todos os problemas de um indivíduo carente. (BAGNO, 1999 apud RODRIGUES, 2011, p. 70- 71). 
Deste modo, é perceptível, dentro desse contexto, a responsabilidade do docente em ensinar essas variações, de modo que o aluno também consiga enxergar a importância da gramática para a aquisição dos seus conhecimentos sobre língua. 
Assim sendo, percebe-se que, apesar de o professor tentar assumir uma nova postura diante das práticas de ensino/aprendizagem, esse docente ainda se depara com muitos desafios em relação a melhor metodologia ou forma de abordagem de um determinado assunto. Trabalhar com variação linguística, especificamente, traz uma série de cuidados a serem tomados em sala de aula, visto que os alunos crescem aprendendo o que está “certo” e o que está “errado” em sua linguagem e o que pode ou não ser dito. Em torno desta reflexão, ficam nítidas as consequências que esse ensino equivocado pode trazer ao aluno, dando espaço para o preconceito e exclusão do discente na sociedade, como assim expõe Alkmim (2008): 
As diferenças linguísticas, observáveis nas comunidades em geral, são vistas como um dado inerente ao fenômeno linguístico. A não aceitação da diferença é responsável por numerosos e nefastos preconceitos sociais e, nesse aspecto, o preconceito linguístico tem um efeito particularmente negativo (ALKMIM, 2008, p. 42).
Diante dessas reflexões, é relevante mostrar a importância do respeito a essas variedades dentro e fora do âmbito escolar, visto que em um país repleto de desigualdades, o aluno é mera consequência desses problemas sociais. A fala “correta”, ensinada nas escolas, acaba desvalorizando o conhecimento que o aluno já possui e as suas especificidades na fala aprendidas no meio onde vive, sendo que essas questões podem acabar resultando em um provável fracasso escolar em relação ao ensino de Língua, como assim expõe Freitag e Lima (2010):
Os alunos das classes dominadas apresentariam desvantagens – déficits – resultantes de problemas de deficiência cultural. Como consequência, a criança proveniente desse meio apresentaria deficiências afetivas, cognitivas e linguísticas que seriam responsáveis por sua incapacidade de aprender e por seu fracasso escolar. (FREITAG; LIMA, 2010, p. 111) 
O papel da escola e do docente, nessa prática de ensino, não é, então, substituir uma Língua por outra, mas sim conscientizar os alunos das diferenças linguísticas existentes e ensiná-los a adequar os seus discursos, sejam eles escritos ou falados ao contexto vivido no momento, tendo em vista também a quem se destinará o seu enunciado.
Referente a esse preparo que o docente deve possuir, Cosson (2011) expõe situações em que a postura do docente na forma de ensinar exerce um papel fundamental no processo de absorção do conhecimento do aluno. Para ele, existem quatro fatores que contribuem para que o ensino se torne mais produtivo: motivação, introdução, leitura e interpretação. Esses fatores não só se aplicam à leitura de um texto literário, mas traz ideias que podem auxiliar no desenvolvimento de uma aula dentro do contexto de variação linguística.
CAPÍTULO II - AS DIFERENTES VARIAÇÕES 
A comunicação é uma das principais funções da língua, a partir dela o ser humano pergunta, instrui, argumenta e se desenvolve. As línguas são heranças históricas passadas de geração para geração, faz parte da identidade e da cultura de um povo presente no cotidiano. Para a comunicação usamos a língua/idioma, que no Brasil é o português, no entanto esse código linguístico sofreu várias interferências, causando assim asvariedades linguísticas. Cada região possui diferenças na comunicação, na fonética das palavras para os autores Mussoi & Bentes, acredita-se que as variações estão situadas no contexto Geográfico (diatópico) e social (diastrático) e define os mesmos como “a variação geográfica ou diatópica esta relacionada às diferenças linguísticas distribuídas no espaço físico, observáveis entre falantes de origem geográficas distintas”.
A variação social ou diastrática, por sua vez relaciona-se a um conjunto de fatores que tema ver com a identidade dos falantes também com a organização sociocultural da comunidade de fala. (MUSSOLIN & BENTES, 2006, p. 34). Há também outros fatores responsáveis pelas variações linguísticas sociais e ela pode este presente na idade do individuo. Termos linguísticos usados por jovens de 16 anos não é utilizado por um adulto de 50 anos, existe também as questões socioeconômicas, onde geralmente pessoas com estatuas econômico baixas tem uma linguagem diferente daqueles que tem um estatuas mais elevado.
No contexto mais amplo o uso termos novos na linguagem conhecidos como gíria pode ser determinado como neologismo, que é uma conceituação básica em relação às inovações linguísticas que surge da necessidade comunicativa existente no ambiente. A gíria pode ser um contribuinte fundamental identificando grupos, para Cunha (2005) a gíria é considerada uma forma de comunicação que utiliza termos e vocábulos específicos a um determinado grupo, caracterizando-os e destingindo-os dos demais falantes de uma língua “(p. 49)”.
O Brasil é dividido em cinco regiões, cada região possui culturas diferentes. Apesar de compartilhar de um mesmo código linguístico, a população dessas regiões tem suas variações linguísticas, que os identifica. Os registros orais são marcas da cultura das comunidades de cada região, originaram-se no decorrer de séculos e vem sendo transmitidas de geração a geração tornando-se marcas regionais, sociais, geográficas e histéricas que constitui a identidade e determina as diferenças de cada região.
As influências indígenas, africana europeia e de épocas são fatores, que resultaram na variação linguística, e cada região às vezes do significado diferentes a uma mesma expressão/palavra segundo Cereja (2006) segue alguns exemplos de dizeres como: “bater a caçuleta” usado no nordeste e “levou farelo” usado na região Norte tem o mesmo significado que é “morrer”, porem são expressões totalmente diferentes. “O autor dá um segundo exemplo que são as expressões: (pia) usada na região Sul e (brugelo) usado na região nordeste tem o mesmo significado (criança ou guri)”.
As variações linguísticas é um fenômeno natural que acontece com todas as línguas, não existindo o conceito de certa ou errada, apenas de como é usada e em que momento, embora as variações façam parte da identidade de um povo, o Brasil possui normas padrões que determinam à escrita e a comunicação formal.
2.1- CULTURA E AS VARIAÇÕES
A cultura é responsável pelo tipo/modelo de comunicação e expressão de cada individuo ou grupo social, responsável por refletir valores e possibilitar nas descobertas e novos conhecimentos. A cultura envolve movimentos artísticos, populares e comunicativos. A forma que cada ser humano usa a linguagem pode ou não determinar os seus valores sociais, a cultura envolve a todos seja de um mesmo grupo ou de uma mesma comunidade. Desta forma, ao depararmos com certas “diferenças” em sua maioria, julgamo-las como erros ou ate como falhas, isso dado a partir da cultura como homogênea.
Na perspectiva do “erro”, a forma de comunicação oral e escrita elegeu uma variedade linguística como a melhor devendo ser seguida de forma incontestada. No entanto, o Brasil é formado a partir da miscigenação dessa forma o português brasileiro não tem forma estática o que torna a gramática normativa apresentar regras que geralmente não são mais utilizadas em nosso território não representa de forma efetiva a língua português-brasileira, O que é tratado como “erro de português” quando foge de determinados termos arcaicos que não fazem parte do processo de evolução da linguística.
No consistente a percepção de “erros” as pessoas que partilham de uma mesma cultura tem grande tendência à igualdade de pronuncia vocabular, no modo de escrita, e ate mesmo no vestir-se e alimentarem-se de um mesmo modo, esses indivíduos dividem principalmente o conhecimento informal que este ligado a fala a escrita e a interpretação/compreensão, por tanto o que estiver fora dessa “cultura”, de determinada sociedade (grupo/etnia) é considerado “erro”.
A linguagem ela pode ser dividida em culta, que tem relações com a construção literária, a coloquial, a qual é usada no dia a dia e a popular que tem seu vocabulário limitado acompanhado de gírias. A partir da concepção de linguagem buscamos identificar o preconceito linguístico, o qual é fruto da prescrição de uma gramática normativa para Gomes (2011) o preconceito “é fruto de uma tradição de tratamento da língua como um sistema rígido de leis a serem cumpridas e aquilo que não se cumpre é (julgado e condenado)”. Contudo a autora diz que é muito relativo à concepção de certo ou errado, pois para a mesma “o que é certo hoje pode não sê-lo amanha”. Entre o que é certa ou errada esta a posição de cada individuo ocupa socialmente para a autora “uma pessoa normalmente é julgada pela forma como fala, mas, principalmente, pelo papel que representa na sociedade”.
Na visão da autora para que uma seja considerada certa, tem que ser usada por alguém de prestígio caso contraria e tida como algo errado, dessa forma o preconceito está presente nas diferentes formas de expressões, o que é certo na visão de alguém pode não ser na visão de outra pessoa. O que existe né a diferença tornando cada grupo especial, e as regras não existe, mas sim uma sistematização linguística, ou seja, aquela variedade presente em sua comunidade, para a autora o problema não está no fator linguístico, mas onde o individuo compartilha essas variedades “nas convenções sociais e culturais da sociedade em que esta inserida o falante”.
As variações são partes fundamentais da cultura de cada individuo grupo ou região, reflete os valores e conquistas sociais, tornando algo indenitário nas relações cotidianas do ser humano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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