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trabalho e sociedade

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TRABALHO E 
SOCIABILIDADE 
Jacqueline Kalakun
O processo evolutivo 
do trabalho
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Situar a evolução histórica do processo de trabalho no mundo.
  Reconhecer a evolução histórica do processo do trabalho no Brasil.
  Identificar a racionalidade capitalista no modelo de administração 
das organizações.
Introdução
Para que compreender a prática profissional do Serviço Social na atuali-
dade, é necessário ampliar o olhar sobre o processo histórico do mundo 
do trabalho, uma vez que todas as pessoas são afetadas pelas significativas 
mudanças societárias que vêm ocorrendo, com reflexos no desenvolvi-
mento econômico, cultural e social no mundo. Diante desse contexto, 
cabe realizar uma releitura do terreno sócio-histórico e das formas de 
produção até os dias atuais, em que as metamorfoses ocorridas no mundo 
do trabalho impactam a vida dos trabalhadores. 
Os sujeitos sociais, trabalhadores e organizações empresariais, são 
demandantes do trabalho técnico profissional do assistente social, que 
se insere na divisão sociotécnica do trabalho e protagoniza a sua ação, 
comprometida com a democracia e com a ética profissional.
Neste capítulo, você vai situar historicamente o trabalho no mundo e 
no Brasil, e identificar os processos e modelos de produção (taylorismo, 
fordismo e toytismo) implementados nas organizações ao longo do 
tempo, a partir da racionalidade capitalista vivenciada nesses ambientes. 
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Evolução histórica do processo de trabalho 
no mundo
Nos últimos séculos, o mundo experimentou mudanças radicais, que deram outra 
confi guração às relações econômicas, culturais e sociais. Tais transformações 
ocorreram, principalmente, após o século XVII, quando entraram em cena as 
grandes Revoluções da Humanidade — Revolução Francesa, Revolução Gloriosa e 
Revolução Industrial —, que apresentaram um marco na história da humanidade, 
pois passaram a instaurar o modo de produção capitalista, o qual afetaria a vida 
das pessoas de uma forma mais ampla e complexa. O sistema econômico, antes 
baseado na agricultura e na atividade artesanal, foi substituído pela industriali-
zação, que se baseia na produção em grande escala e na valorização do capital. 
Alguns historiadores afirmam que a Revolução Gloriosa, ocorrida na Inglaterra em 1689, 
foi equivalente à Revolução Francesa (1789), porque significou o fim do Absolutismo 
e a ascensão do poder da burguesia. 
A Revolução Gloriosa, movimento revolucionário e pacífico, possibilitou o fim da 
Monarquia Absolutista, em que o rei detinha o poder e centralizava a política, dando 
início à Monarquia Parlamentar Constitucional, em que o poder está no Parlamento, 
que fiscaliza e controla a política e detém superioridade em relação à coroa britânica. 
Em consequência da Revolução Gloriosa, foram estabelecidas as bases econômica e 
política para a futura Revolução Industrial.
A Revolução Francesa foi marcada pela tomada da Bastilha (prisão) pelo povo francês, 
que foi às ruas com o slogan “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” contra o poder do 
clero (Igreja) e da nobreza. Em decorrência desse movimento revolucionário, o regime 
feudal foi abolido e os privilégios do clero e da nobreza foram eliminados.
A Primeira Revolução Industrial teve início na Inglaterra, em 1760, e se alastrou 
para o resto do mundo, provocando profundas mudanças, caracterizada pelo uso 
de novas fontes de energia e pela invenção da máquina a vapor. Isso permitiu 
aumentar a produção com menos gasto de energia humana, sendo que o processo 
operou a partir da divisão do trabalho e da aplicação da ciência na indústria, o 
que gerou crescimento financeiro, afirmando o poder econômico da burguesia e 
o aparecimento da classe operária. O período de desenvolvimento do capitalismo 
industrial caracterizou-se pelo crescimento da produção, pelo êxodo rural e pela 
concentração de novas populações urbanas. Por volta de 1830, independentemente 
das condições de trabalho, dos baixos salários e do alto número de horas traba-
O processo evolutivo do trabalho2
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lhadas, era preciso assegurar a subsistência das famílias. As crianças e jovens 
também participaram do processo produtivo como trabalhadores das indústrias. 
Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século 
XX, após a Primeira Guerra Mundial, surgiu um novo período, denominado 
Segunda Revolução Industrial. Uma das principais características desse período 
foi a crença na lucratividade advinda da ciência, ao contrário do empirismo 
tecnológico, quando a invenção da energia elétrica potencializou a capaci-
dade produtiva do homem. Inicialmente, nas grandes indústrias, o modelo de 
produção utilizado pelas empresas foi chamado de taylorismo e vigorou por 
séculos. Esse modelo se caracterizava por elementos constitutivos básicos que 
eram dados pela produção fabril de massa, com a fragmentação das funções ou 
atividades produtivas, reduzindo a atividade do trabalho a uma ação mecânica 
e repetitiva, sobretudo pela divisão dos homens quanto às tarefas. 
Frederick Taylor (1899) criou esse método de administração científica e 
implementou novos métodos de produção, orientados para a realização da 
tarefa, cujos resultados deveriam apresentar maior produtividade a partir do 
controle dos tempos e movimentos: tempos padronizados, controle do tempo 
de produção e do tempo dos trabalhadores, tempo de descanso, de atrasos, 
tempo improdutivo, sem desperdício e sem ócio, sem “vadiagem” (denunciada 
como perda de tempo, de produção e de dinheiro), considerada, na época, por 
Taylor, um vício da classe operária. 
De acordo com Taylor, um resultado econômico maior seria produzido, do 
qual tanto a empresa quanto o trabalhador receberiam porções mais substan-
ciais. A frase a seguir demonstra claramente a racionalidade do modelo que 
Taylor introduziu como nova forma de produção: “Cada homem deve aprender 
como abrir mãos de sua maneira particular de fazer as coisas, adaptar seus 
métodos a muitos padrões novos e crescer acostumado a receber e a obedecer 
a ordens, respectivos detalhes, grandes e pequenos, que no passado eram 
deixados ao seu próprio julgamento” (HAMPTON, 1983, p. 11). 
Taylor descreveu o funcionário de valor como aquele que acata exatamente aquilo 
que a chefia diz: “Chegar cedo e trabalhar até a noite. Quando a chefia disser para 
caminhar, caminhe; sentar, sente-se; ou seja, fazer exatamente o que é ordenado, sem 
reclamar. Antes de cair a noite, eu saberei se você é ou não um funcionário de valor” 
(HAMPTON, 1983, p. 11). 
3O processo evolutivo do trabalho
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Assim, quem possuía o capital se apropriava dos meios de produção e 
comprava, com salários, a força de trabalho daqueles que passavam a depender 
da venda da sua mão de obra, de acordo com as regras impostas pelo modelo 
de administração e de acordo com a racionalidade do sistema capitalista. É o 
que Karl Marx chamou de exploração de classe. Marx, nos seus manuscritos de 
1988, já descrevia o processo de alienação e a luta de classes como a tolerância 
gradual que vai contra aos desejos, necessidades e liberdades do trabalhador, 
e que se percebe materializada na descrição acima, de Taylor.
 Vê-se, aqui, a diminuição de espaços voltados à auto-organização dos 
trabalhadores, típica da época e do estágio de desenvolvimento das forças 
produtivas: rígidas, controladas, hierarquizadas e mecânicas.
 Os experimentos de Taylor foram reconhecidos, e a ele foi conferido o 
título de “pai da administração científica”, por criar novos métodos de aumento 
da eficiência na indústria. 
A Figura 1 apresenta publicação de 1911, feita pela Industrial Workers of the 
World (Sindicato dos Trabalhadores do Mundo) e representa o reconhecimento 
do modelo de pirâmide daestrutura capitalista da época.
Figura 1. Representação da pirâmide da estrutura 
capitalista, em 1911.
Fonte: PYRAMID OF CAPITALIST SYSTEM (2016, docu-
mento on-line).
O processo evolutivo do trabalho4
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Após a Primeira Guerra Mundial (1919), o Tratado de Versalhes (tratado 
de paz assinado pelas potências europeias para encerramento oficial da Pri-
meira Guerra Mundial) garantiu a criação da Organização Internacional do 
Trabalho (OIT) e impulsionou a formação, em resposta aos conflitos, de um 
Direito do Trabalho e da relação de forças entre o capital e este, uma vez que 
os desajustes sociais e econômicos da época foram considerados geradores 
da Primeira Guerra Mundial. 
Esse período marcou a primeira norma voltada, exclusivamente, à proteção 
dos trabalhadores, em consequência dos movimentos sociais e do declínio do 
poder do empregador sobre os empregados, pela intervenção legal do Estado.
Você pode compreender melhor a dimensão sócio-histórica da época assistindo ao 
filme Tempos Modernos (1936), produzido e interpretado por Charles Chaplin, que, 
sendo um operário, trabalha em uma linha de montagem de uma grande indústria 
automobilística na Inglaterra, no período da Pós Revolução Industrial. Essa obra clássica 
do cinema mostra as transformações societárias ocorridas naquele tempo partir da ótica 
do trabalhador e ressalta o modelo de organização taylorista adotado pelas empresas, 
apresentando a noção do seu impacto para a classe trabalhadora. 
Dessa forma, o taylorismo propunha uma expropriação intensificada do 
operário-massa, destituindo-o de qualquer participação na organização do 
processo de trabalho, que se resumia a uma atividade repetitiva e desprovida 
de sentido (ANTUNES, 2000). O produto final não possuía a identidade 
do trabalhador e a sua marca pessoal, estando o esgotamento físico destes 
relacionado não somente aos trabalhadores braçais, mas ao conjunto de ope-
rários da produção de massa e ao aumento da produtividade. Ao separar, 
radicalmente, o trabalho intelectual do trabalho manual, o sistema de Taylor 
neutralizou a atividade mental dos operários, cujos corpos deveriam ser dóceis 
e disciplinados ao comando. 
Nesse sentido, para melhor compreender as estratégias e sutilezas dos 
modelos implementados, cabe esclarecer os conceitos de dócil e disciplinado. 
Foucault descreve tais conceitos no livro Vigiar e Punir: o corpo “é objeto de 
investimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está 
preso no interior dos poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, 
proibições ou obrigações” (FOUCAULT, 2009, p. 134). A disciplina fabrica, 
5O processo evolutivo do trabalho
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assim, corpos submissos e exercitados, corpos dóceis. A disciplina aumenta as 
forças do corpo em termos econômicos de utilidades e diminui essas mesmas 
forças, em termos políticos e de obediência. “Se a exploração econômica separa 
a força e o produto do trabalho, a coerção disciplinar estabelece, no corpo, 
o elo coercitivo entre uma aptidão aumentada e uma dominação acentuada” 
(FOUCAULT, 2009, p. 134). 
É nesse sentido que a obra de Taylor se constitui em uma verdadeira filosofia prática 
do capitalismo: o taylorismo exige uma concepção mecanicista de homem, a partir 
dos pressupostos de que o trabalhador é incapaz e ignorante, cabendo a ele a tarefa 
de execução. A produção em série, com movimentos repetitivos, foi introduzida, 
inicialmente, na indústria automotiva e, posteriormente, transformou a produção 
industrial dos países capitalistas.
Em 1914, Henry Ford, fundador da indústria Ford de veículos automotivos, 
criou o termo fordismo para descrever o modelo de produção capitalista 
empregado na sua empresa, caracterizado pelo conjunto de mudanças no 
processo de trabalho e pela introdução da primeira linha de montagem, re-
volucionando a indústria automobilística e criando o mercado de venda em 
massa para os automóveis. 
O sistema americano conhecido como fordismo demonstrou a sua eficiência 
na condição de forma de extração de mais-valia, à medida que, a partir das 
suas relações de produção e das novas formas de organização do processo 
produtivo, foram concebidos e veiculados novos modos de vida, de compor-
tamento, de valores ideológicos, na forma de buscar um consenso por meio 
da veiculação de uma nova concepção de mundo, de interesse do capital. 
Para que o operário fosse “fordizado”, foi preciso aliar-se ao plano científico 
do processo produtivo os novos mecanismos de adaptação ideológica “na” e 
“da” vida privada. Portanto, o sistema capitalista se consolidou de maneira 
global, reproduzindo as relações de dominação e exploração, que separavam 
o capital do trabalho. 
Porém, ao final da década de 1960 e início dos anos 1970, tal padrão produ-
tivo começou a apresentar sinais de seu esgotamento. Isso porque o padrão de 
acumulação de produção deparou-se com a incapacidade de responder à retração 
do consumo que se acentuava. Essa retração já era uma resposta ao desemprego 
O processo evolutivo do trabalho6
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estrutural que se iniciava. A competitividade internacional com o Japão e a crise 
do petróleo em 1973 contribuíram para o que se chamou de crise do fordismo. 
Com o crescimento acelerado e desordenado da indústria e com a introdução 
dos avanços tecnológicos, foi necessário treinar mão de obra qualificada e especia-
lizada para atender à nova demanda. Metodologias foram implementadas a partir 
dos estudos de Taylor. Fayol introduziu a teoria sistêmica e enfatizou a natureza 
das organizações como um sistema em que organização, pessoas e tarefas são 
interdependentes, ou seja, em que todo o processo está interligado. Essa noção de 
sistemas remetia à noção do corpo humano, em que todo o processo e/ou mudança 
em uma das partes, afeta outras partes ou o todo, podendo levá-lo à falência. 
Isso posto, cabe salientar que a ciência da administração está embasada no 
método científico de Taylor, cujos princípios são planejamento, organização e li-
derança. O método apresenta etapas que fazem parte de uma grande engrenagem, 
conhecida atualmente na administração das organizações como metodologia do 
ciclo PDCA: plan (planejar), do (fazer), check (conferir, verificar) e act (agir). 
Henri Fayol também introduziu alguns princípios e conceitos relaciona-
dos com divisão do trabalho, disciplina, hierarquia, centralização, ordem, 
subordinação e remuneração, que buscaram organizar o mundo do trabalho 
e das relações humanas. 
Na sociedade do conhecimento, do capitalismo neoliberal, houve a neces-
sidade de forjar um novo habitus no trabalhador, mais flexível e que acom-
panhasse o frenético ritmo de inovações. Com as tecnologias, romperam-se 
as barreiras de tempo e espaço, observadas no âmbito do trabalho.
A remuneração dos trabalhadores já não era mais uma relação direta entre 
tempo e salário, que se calculava em função do tempo em que o trabalhador 
cumpre sua jornada na fábrica, mas pelo produto do seu trabalho. 
 Marx (1980) teceu considerações sobre o trabalho (que permanecem 
vivas) ao dizer que este é um processo de que participam homem e natureza; 
processo em que o ser humano, com a sua própria ação, impulsiona, regula 
e controla o seu intercâmbio material com a natureza. Percebe-se o quanto o 
ser humano e a natureza estão implicados entre si, colocando a humanidade 
na condição vital de dependência. O capitalismo, como uma ação racional, 
para poder se firmar, teve a necessidade de adotar de forma generalizada as 
técnicas de mensuração do tempo, as técnicas do direito e da administração.
A chamada Terceira Revolução Industrial ocorreu no Pós-Segunda Guerra 
Mundial, quando as indústrias químicas e eletrônicas se desenvolveram. 
Tempo e espaço foram dimensões centrais desse período histórico e para a 
compreensão das mudanças pelasquais a sociedade vinha passando. Castells 
(1999) ressalta que o tempo é atemporal — as respostas se dão em tempo real 
7O processo evolutivo do trabalho
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e o espaço é desterritorializado, passando a noção de desterritorialização e 
globalização a fazer parte dessa racionalidade dos modos de produção, de ser 
e viver o cotidiano no mundo do trabalho. 
A transformação do modelo produtivo começou a se apoiar nas tecnologias 
que vinham surgindo nas décadas do pós-guerra e nos avanços das novas 
tecnologias de informação. Em substituição ao taylorismo (modelo americano), 
o método de produção Toyota (modelo japonês) combinou máquinas de alta 
complexidade com uma nova forma gerencial e administrativa de produção. 
Novos métodos e processos produtivos e novas formas de administração foram 
inseridos na busca pela eficácia empresarial. 
O modelo chamado toyotismo, conhecido pela expressão just in time, significa 
produzir somente a quantidade necessária, no tempo necessário, evitando ao 
máximo o excedente (estoque). O modelo criado pelo engenheiro Taiichi Ohno 
foi aplicado, inicialmente, na fábrica da empresa Toyota, por isso a origem do 
nome. O padrão, por volta dos anos 1960, logo se espalhou para vários países do 
mundo e entre grandes empresas, e continua sendo aplicado por muitas delas.
Entre suas principais características em relação ao processo de trabalho, cabe 
citar: a produção ajustada à demanda do mercado, o uso do controle de qualidade 
total (TQC, total quality control) em todas as etapas do processo de produção, 
para evitar desperdício e ampliar a qualidade dos produtos, a mão de obra mul-
tifuncional, qualificada e treinada para atuar em várias áreas da produção e, por 
fim, a análise de mercado, para atender às exigências do cliente. Ainda, na busca 
pela redução de custo, a mudança significativa nas relações de trabalho ficou por 
conta das subcontratações, terceirizações de serviço e flexibilização do trabalho.
A introdução de novas tecnologias digitais, como computadores e, poste-
riormente, dispositivos móveis (laptops, celulares, etc.), como ferramentas de 
trabalho, mudou as relações em sociedade e as relações de trabalho em todos 
os setores das empresas, da sociedade, da economia, do conhecimento e da 
informação. Mudanças radicais ocorreram no período de transição entre a 
Era Industrial e a Era Digital, também conhecida como Era Tecnológica, após 
a década de 1980. Esse novo paradigma social e uma série de fatos históricos 
acabaram provocando a desarticulação dos operários e da classe trabalhista, 
que teve a sua ascensão na Era Industrial.
Na relação entre capital e trabalho, um novo perfil de trabalhador passou a 
ser exigido pelo mercado, com maior valorização da capacidade criativa e da 
qualificação profissional para manuseio desses dispositivos. As tecnologias 
demandam novas competências aos trabalhadores, para além das habilidades 
restritivas das tarefas. Diante desse fato, pode-se salientar que, quanto maior 
a exigência de qualificação profissional, maior é o fosso de desempregados e 
O processo evolutivo do trabalho8
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subempregados e, consequentemente, maiores são a exclusão e a desigualdade 
sociais, decorrentes do modelo neoliberal ou do capitalismo contemporâneo. 
Se, ao longo da história da humanidade, a riqueza esteve sempre ligada à 
posse e ao controle dos recursos materiais como a terra, o ouro, o petróleo (fonte 
de energia), hoje, a riqueza não é algo material, mas imaterial: o conhecimento 
é a fonte primária da riqueza na sociedade pós-industrial.
Com base nas informações acima, é possível apresentar um resumo histórico, 
a fim de melhor situá-lo, demonstrado na Figura 2, expondo na linha do tempo 
fatos históricos que vêm influenciando e constituem o mundo do trabalho. 
Figura 2. Representação do contexto histórico no mundo do trabalho. 
Primeira
Revolução
Industrial
1760–1860
Segunda
Revolução
Industrial
1860–1900
Terceira
Revolução
Industrial
Século XX e XXI
Idade
Média
Taylorismo
Fordismo
Toyotismo
1750 1900 1970 1980
Europa
Inglaterra
Estados
Unidos
Japão
Mundo
globalizado
• Artesanato
• Trabalho
doméstico
• Sistema
fabril
• Produção
série/massa
• Just in time
• Era da
informação
• Sistemas
informatizados
• Grandes
corporações
industriais
Primeira Guerra
Mundial
Segunda Guerra
Mundial
1914–1918 1939–1945
Evolução histórica do trabalho no Brasil
O processo de trabalho no Brasil é reconhecido a partir do marco histórico 
da abolição da escravatura, ocorrida em 1888, quando os escravos foram 
libertados e os imigrantes europeus deslocaram-se para o Brasil, incentivados 
pelo governo, que procurava atraí-los, subsidiando a passagem de navio e esta-
belecendo contratos com empresas e particulares, a fi m de que os imigrantes 
explorassem a agricultura neste novo país.
9O processo evolutivo do trabalho
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Os imigrantes enfrentaram as péssimas e impostas condições de trabalho, 
e instalaram-se nos núcleos coloniais ou nas fazendas, na condição de em-
pregados. Isso, em consequência da ausência do trabalho servil dos escravos, 
que desde então deveriam ser pagos para realizar a atividade na lavoura. Os 
fazendeiros, em todo o território do país, estavam sofrendo com a falta de mão 
de obra e com a desorganização do trabalho, tendo sido grandes as perdas nas 
lavouras de café por falta de colhedores. Fazendeiros e elite preferiram pagar 
aos imigrantes a pagar o trabalho dos negros, agora livres, ou aos imigrantes 
africanos, pois isso restabeleceria o tráfego negreiro. 
O processo de imigração dos europeus em massa impulsionou a organização 
dos trabalhadores a partir da última década do século XIX, quando foi fundada 
a Confederação Brasileira do Trabalho (CBT). Homens, mulheres e famílias 
eram encarregados da base de produção material da sociedade, cumprindo 
a sua função social, ou seja, a conversão da natureza em produtos sociais. 
Entre os imigrantes que vieram para o Brasil, os italianos tinham uma noção identitária de 
pertencimento e uma cultura muito forte, a exemplo da Canção dos imigrantes toscanos, 
expressa na letra descrita abaixo. Essa música reforça a importância do trabalho, objeto 
do processo migratório das famílias vindas da Europa, entre elas as famílias italianas.
Canção dos imigrantes toscanos
Itália bela, mostra-te gentil
E os filhos teus não a abandonarão
Senão eles vão todos para o Brasil
E não se lembram mais de voltar
Ainda aqui haveria trabalho
Sem ter que emigrar para a América
O século presente está nos deixando
E o novecentos se aproxima
Eles têm a fome pintada na cara
E para saciá-los não existe a medicina
E cada momento escutamos dizer:
E vou para lá onde tem a colheita do café.
Fonte: Família Boaretto (1999, documento on-line).
O processo evolutivo do trabalho10
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No Brasil, com o excesso de mão de obra imigrante, o Presidente Getúlio 
Vargas aprovou a Lei de Cotas de Imigração e dificultou a entrada de estran-
geiros no país. Após a Revolução de 1930, e com o estímulo à expansão das 
atividades urbanas, o eixo produtivo foi se deslocando da agricultura para a 
indústria. 
Na segunda metade do século XIX, ocorreu o surgimento dos primeiros 
grandes empreendimentos industriais brasileiros, em número significativo, 
constituindo a base da industrialização do país. Em 1889, havia pouco mais 
de 600 estabelecimentos industriais e, em 1920, já eram mais de 14.000, pre-
dominantemente de propriedade nacional, concentrados nos setores de bens 
de consumo não duráveis, principalmente empresas têxteis, de alimentos e 
de bebidas (BIRCHAL, 2004).
Cabe salientar que, no período entre as duas grandes guerras, a presença 
do capital estrangeiro era significativa no Brasil. O capital inglês controlava 
as principais empresasde fumo, fósforo e papel, com investimentos no setor 
têxtil, calçadista e em moinhos. O capital americano estava presente nos 
setores de alimentos, equipamentos ferroviários, lâmpadas, transformadores, 
cimento. No setor automotivo, a Ford, a General Motors e a Chrysler já haviam 
estabelecido unidades de montagem de automóveis no País; o capital suíço, 
nos setores de curtume e alimentos; e os franceses, no segmento químico. 
Na área farmacêutica e química, a presença maior era de empresas alemãs, 
francesas, americanas e britânicas (BIRCHAL, 2004).
Nesse período, foi estabelecida a economia moderna brasileira, em meio 
a muitas tensões políticas e instabilidades. O Ministério do Trabalho foi criado 
em 1930 e, em 1934, com a Constituição, se estabeleceu ao trabalhador o 
direito ao salário mínimo, à carteira de trabalho, à filiação sindical e a férias 
remuneradas. Também foram garantidas a proteção ao trabalho feminino e 
infantil, bem como a jornada de 8 horas de trabalho aos empregados. 
Entre os anos de 1940 e 1953, houve aumento da população urbana e 
duplicação do contingente da classe operária. Em 1941, foi aprovada a Con-
solidação das Leis do Trabalho (CLT) e toda a legislação moderna edificada 
a partir da Era Vargas.
São Paulo conquistou o maior número de indústrias e assumiu a denomi-
nação “cidade do trabalho”, enquanto, nesse mesmo período, o mundo passava 
pela Segunda Guerra Mundial. O Brasil estabeleceu acordo com os Estados 
Unidos (EUA), um dos países aliados no fornecimento de borracha e minério 
de ferro. Um acordo de empréstimo financeiro com os EUA permitiu a cons-
trução da Usina Siderúrgica Nacional (CSN), em abril de 1941. Foi fundada, 
11O processo evolutivo do trabalho
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em 1946, na cidade de São Paulo, essa empresa de capital aberto e uma das 
maiores do mundo, que chegou a empregar 19.000 trabalhadores. 
Ao longo do século XX, o Brasil passou a consolidar-se como um país de 
economia industrial e, entre os anos de 1940 e 1950, o processo de industria-
lização foi irreversível. Com o êxodo rural expressivo, houve uma expansão 
da mão de obra assalariada nas áreas urbanas. 
Como nação industrial, os países passaram, aos poucos, a exportar as suas 
indústrias para os países ditos periféricos, do terceiro mundo (denominação 
em desuso) ou emergentes, entre eles o Brasil, não só porque encontravam mão 
de obra mais barata, como também uma legislação trabalhista mais flexível, 
além de menores tributos e uma legislação ambiental menos rígida e punitiva 
para as indústrias poluentes. 
A expansão da indústria proporcionou um deslocamento de empresas para o Brasil, 
o que acabou elevando os investimentos, principalmente nos setores produtores de 
bens de consumo duráveis. Assim, surgiram as primeiras empresas de controle estatal 
e capital estrangeiro. 
Na segunda metade dos anos 1970, e ao longo da década seguinte, as 
instituições de capital estatal e privado nacional se expandiram e contro-
laram, juntas, 2/3 das vendas das 500 maiores empresas brasileiras. No 
entanto, com a privatização das estatais e com a globalização da economia 
brasileira na década de 1990, as empresas de capital nacional voltaram a 
perder espaço para as estrangeiras, que passaram a controlar quase metade 
da venda dessas 500 maiores organizações no país, fenômeno chamado de 
desnacionalização.
 É evidente observar, a partir de pesquisas e estudos do mercado industrial, 
que o Brasil passou a integrar de forma mais intensa a divisão internacional 
do trabalho, absorvendo principalmente as operações de montagem de menor 
valor agregado, reduzindo a capacidade de desenvolvimento de novas tecno-
logias, sendo que as atividades mais nobres de desenvolvimento ficaram nas 
empresas matrizes, no exterior. 
Atualmente, indicadores evidenciam as dimensões das mudanças po-
pulacionais, econômicas e sociais que têm impacto no mundo do trabalho. 
Sabe-se que o crescimento e o desenvolvimento do País pressupõem geração 
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de empregos de qualidade. Porém, as perspectivas para o futuro do mercado 
de trabalho nacional, pelo menos em curto prazo, são preocupantes de acordo 
com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), que observa tendências 
nessa área em vários países e previu um brasileiro em cada cinco novos de-
sempregados no mundo, em 2017.
Atualmente, mudanças nas dinâmicas econômicas demonstram um quadro 
recessivo, que vem deteriorando o mercado de trabalho e, consequentemente, 
as relações sociais, na sua forma mais perversa, considerando que o trabalho, 
na sua gênese, dignifica o sujeito. A insegurança e a precariedade caracterizam 
o atual mercado de trabalho no Brasil:
  os dados de 2016, conforme Departamento Intersindical de Estatísticas 
e Estudos Socioeconômicos(DIEESE), demonstram decréscimo na 
oferta de postos de trabalho, redução de contratações e altas taxas 
de rotatividade, demissões no setor privado da indústria, serviços e 
construção civil, atribuídos à forte queda da atividade econômica;
  alto índice de acesso ao seguro-desemprego;
  aumento do trabalho informal e de ocupações menos protegidas pela 
legislação trabalhista;
  persistente desigualdade de remuneração média por sexo, que perma-
nece assimétrica em favor dos homens, com as mesmas características 
regionais e setoriais;
  identificação de fraudes, presentes nos sistemas público e privado, o 
que instabiliza os mercados;
  crescimento da desocupação de jovens e de pessoas acima de 40 anos. 
A racionalidade capitalista no modelo 
de administração das organizações
Pode-se dizer que não há separação nítida entre o passado e o presente no que 
diz respeito à teoria e à prática administrativa das organizações. Ao contrário, 
o passado é sombra do presente, explica Hampton (1983). Porém, a teoria 
administrativa contemporânea enfatiza a natureza das organizações, como 
sistemas, nos quais tudo está interligado. 
Racionalidade capitalista significa colocar o foco na otimização de to-
dos os recursos, inclusive dos recursos humanos (as pessoas), explorando ao 
máximo a sua eficiência, reconhecendo o capital humano como um capital 
invisível, composto de ativo intangível — o capital intelectual. 
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O valor de mercado de uma empresa não depende mais apenas do seu valor 
patrimonial físico ou de seu capital financeiro, mas, principalmente, do valor 
do seu capital intelectual, em que o conhecimento se transforma no recurso 
mais importante da organização. 
O conceito de gestão do conhecimento nasceu na década de 1990 e passou 
a fazer parte da estratégia empresarial. Porém, o conhecimento não é puro 
e simples, ele existe dentro dos sujeitos, por isso é complexo e intangível 
(SVEIBY, 1998). 
O capital intelectual é a soma de conhecimentos de todos em uma organização, é a 
capacidade mental coletiva, é a capacidade contínua de criar valor superior, desen-
volvido pela articulação do capital humano (conhecimento das pessoas), do capital 
estrutural (tecnologias, marca, patente) e do capital cliente (relacionamento). Essa 
nova perspectiva do capital intelectual demonstra a necessidade de as organizações 
desenvolverem estratégias de gestão para conquistar, reter, motivar e desenvolver seus 
recursos humanos, pois o êxito da instituição e a manutenção de sua competitividade 
dependem dos sujeitos que nela trabalham.
Assim, o capital intelectual se torna conceito fundamental para o futuro 
das organizações, cujos ativos intangíveis são os seguintes: 
  nova visão do homem, do trabalho e da empresa;
  estrutura organizacional plana, horizontalizada, enxuta, de poucos 
níveis hierárquicos, compreendida como a organização em rede;
  organização com foco em processos, e não em funções especializadas, 
isoladas;
  foco no atendimentodas necessidades do cliente;
  criação de condições internas para um modelo de administração par-
ticipativa, baseada em equipes e no trabalho coletivo;
  compromisso com qualidade, excelência, inovação e criatividade;
  atenção às mudanças ambientais e à sustentabilidade.
Diante do exposto, a condução da vida dos sujeitos no mundo do trabalho, 
a partir dos modelos de gestão de pessoas e processos, apresenta-se como um 
grande desafio que, liderado pelos interesses do capital, continua apropriando-
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-se das subjetividades humanas. Os sujeitos não são mais os agentes passivos 
do passado, como proposto por Taylor; passaram a ser agentes ativos, gestores 
da sua tarefa, do seu tempo e dos seus resultados, assumindo os riscos da 
gestão das suas vidas. 
O trabalhador se sujeita à objetividade racional do trabalho, que, por meio 
dele, persegue os seus interesses materiais e materialistas, convocados pelo 
consumo, subjetivados para o consumo e deslocados para o consumismo, 
sendo este um atributo do sujeito da sociedade contemporânea, como explica 
Bauman (2008). A sociedade contemporânea só admite consumidores plenos, 
com competência para o consumo. Essa análise desenha o fio condutor das 
relações de trabalho e do desenvolvimento organizacional, que é delineado 
pelo interesse capitalista e fomentado pelo seu crescimento — que, nessa 
lógica, justifica-se por uma administração racional.
Bauman (2008) diz que a descoberta da compra e venda da capacidade de trabalho 
como essência das “relações industriais” é oculta no fenômeno da circulação de mer-
cadorias, uma vez que a capacidade de trabalho não pode ser comprada nem vendida 
em separado de seus portadores. Salienta que a teoria de Marx é, ao mesmo tempo, 
chocante e revolucionária: é um primeiro passo rumo à restauração da substância 
humana na realidade cada vez mais desumanizada de exploração capitalista.
O processo de compra e venda da capacidade de trabalho por um valor de 
mercado transformou-o, a despeito da sua essência, que é de atividade humana 
vital e emancipatória e que dignifica o sujeito, em produto e mercadoria. 
Entretanto, a possibilidade de exclusão do mercado de trabalho passa a 
ser uma nova forma de servidão, que aprisiona o sujeito à sua sobrevivência 
e a de sua família, gerando apreensão e sofrimento também naqueles que, 
empregados, temem a competição e a demissão (DEJOURS, 2012).
Habermas (1975) sustenta que a sociedade consiste em um mundo sistê-
mico, onde prevalecem regras e relações de mercado e do Estado. O mundo 
do trabalho está sob ameaça, diante da nova política do capitalismo, ancorada 
nos grandes grupos industriais e monopolistas. A relação conflituosa entre 
o capital e o trabalho permanece acirrada nos dias atuais porque o capital 
ganha na luta de classes e cria a crise econômica, social e financeira vivida 
globalmente na sociedade contemporânea, que se reproduz nos países subde-
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senvolvidos, assolados pela pobreza e pelo aumento da desigualdade. Eis aí 
as contradições do mundo do trabalho. 
Piketty (2014) constata que a estrutura básica do capital e da desigual-
dade permaneceu relativamente inalterada nos últimos anos, e que a taxa de 
rendimento do capital supera o crescimento econômico. Isso se traduz em 
uma concentração cada vez maior da riqueza, em um círculo vicioso de desi-
gualdade que, a um nível extremo, ameaça os valores democráticos. Portanto, 
“[...] o capitalismo produz, automaticamente, desigualdades insustentáveis e 
arbitrárias, que ameaçam de maneira radical os valores de meritocracia sobre 
os quais se fundam as sociedades democráticas” (PIKETTY, 2014, p. 11).
É necessário analisar a relação dos fenômenos entre o trabalho, a riqueza e 
a desigualdade, e suas consequências para a humanidade, a partir da raciona-
lidade capitalista. Piketty analisou minuciosamente esse fenômeno, em vários 
países do mundo, e declara que:
[...] é necessário colocar a questão da desigualdade no centro da análise econô-
mica, uma vez que o tema da distribuição da riqueza em relação à desigualdade 
tem sido negligenciado, e a riqueza, analisada apenas pelo viés econômico, ou 
seja, pelos modelos matemáticos reducionistas, a fim de que se possa compre-
ender o passado e refletir sobre as tendências futuras (PIKETTY, 2014, p. 11).
 Portanto, compreender como essa racionalidade se constitui nos dias atuais 
é pré-requisito para a discussão dos seus efeitos sobre a sociedade e sobre o 
mundo dos homens, para a discussão do sentido do trabalho na vida dos seres 
sociais, que é pleno de significados e deve ser analisado no cotidiano.
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