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Aula 5 - O formalismo russo e o estruturalismo

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1 Objetivos de aprendizagem
INSTITUTO FEDERAL DE
EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
PARAÍBA
AULA 08
O formalismo russo e 
o estruturalismo
 � Conhecer as principais teses do formalismo russo e do 
estruturalismo, correntes da crítica literária surgidas no século XX;
 � Reconhecer a organização interna da obra literária como 
mais um critério de análise dos textos poéticos;
 � Problematizar as teses formalistas e estruturalistas.
UNIDADE 03Teoria Literária I
118
O formalismo russo e o estruturalismo
2 Começando a história
Olá, meu caro estudante.
Começaremos agora a estudar duas correntes ou escolas da crítica literária. Você 
já deve ter percebido que o nosso componente curricular – Teoria Literária I – 
tem percorrido uma trajetória histórica para mostrar como a Literatura, ou, mais 
especificamente, a poesia, foi concebida ao longo do tempo.
Do ponto de vista cronológico, analisaremos duas correntes de interpretação 
poética surgidas no século XX: o Formalismo Russo e o Estruturalismo.
Mas, pensando bem, você já deve ter ouvido falar a respeito delas, não é verdade? 
Refrescando a memória, você pode voltar aos materiais do primeiro semestre e 
verificar de que forma os referidos movimentos foram mencionados. Uma dica: tem 
a ver com literariedade e Ferdinand de Saussure, respectivamente. Lembra agora?
Se a memória ainda falha, vamos dar uma colher de chá. 
No material de Introdução aos Estudos Literários, mais especificamente na Aula 
4, sobre o conceito de Literatura ao longo da história, mencionamos a respeito 
da literariedade como um conceito fundamental dos formalistas russos. Na 
ocasião, ilustramos com um poema de João Cabral de Melo Neto – Catar feijão. 
Em Introdução à Linguística, por sua vez, várias aulas foram dedicadas ao 
Estruturalismo, do pai da Linguística – Saussure. Aliás, neste atual semestre, 
em Linguística I, o tema também é trabalhado por meio dos estruturalismos 
europeu e norte-americano.
Pois é, agora vamos retomar algumas ideias já estudadas e partir para um 
aprofundamento no campo da interpretação literária, que é o que nos interessa 
mais especificamente.
Mãos à obra?
3 Tecendo conhecimento
Para iniciar a nossa teorização, cumpre ressaltar, desde já, o caráter imanente 
da análise das duas correntes. Em outras palavras, tanto o Formalismo Russo 
quanto o Estruturalismo estão preocupados em analisar o texto literário única 
e exclusivamente a partir de seus elementos internos. Não interessam, para eles, 
quaisquer condicionamentos externos, tais como biografia, contexto social, 
119
AULA 08
época... Importa, tão somente, a estrutura interna da obra. Tratam-se, portanto, 
de análises imanentes, a partir dos recursos e linguagem empregados dentro 
do texto. Desse modo, os textos se bastam. Os significados encontram-se todos 
dentro do próprio texto literário.
3.1 Os formalistas russos: quem foram e o que defenderam?
No início do século XX, mais especificamente por volta dos anos 1914 e 1915, na 
Universidade de Moscou, surgiu o Círculo Linguístico de Moscou – um grupo 
que objetivava promover estudos de Linguística e Poética, tendo como um de 
seus fundadores Roman Jakobson.
Alguns textos decisivos para as pretensões do grupo foram: “A ressurreição da 
palavra”, de Viktor Chklovsky (1914) e a coletânea “Poética”, iniciativa de Óssip Brik.
A partir de 1917, linguistas e estudiosos da literatura criaram a OPOIAZ (Óbchchestvo 
por izutchéniu poetítcheskovo iaziká), que significa Associação para o Estudo da 
Linguagem Poética. Nascia o grupo que ficou conhecido pela designação de 
formalistas russos. São considerados precursores: Viktor Chklovsky, Vladimir 
Propp, Yuri Tynianov, Boris Eikhenbaum, Roman Jakobson e Grigory Vinokur.
Fotos: Viktor Chklovsky, Vladimir Propp e Roman Jakobson
Uma das obras fundamentais para se conhecer as teses dos formalistas é Teoria 
da Literatura: formalistas russos (1971). Nela, encontram-se os textos considerados 
determinantes para a explicação e divulgação dos métodos de análise da referida 
corrente crítica. Já no próprio prefácio do livro (edição brasileira), escrito por uma 
das maiores autoridades em Literatura russa no nosso país, Boris Schnaiderman, 
há um levantamento significativo das principais ideias defendidas pelo grupo.
Desde o início a nova corrente se caracteriza por uma 
recusa categórica às interpretações extraliterárias do texto. 
Figuras 1 - 2 - 3 
120
O formalismo russo e o estruturalismo
A filosofia, a sociologia, a psicologia, etc., não poderiam servir 
de ponto de partida para a abordagem da obra literária. Ela 
poderia conter esta ou aquela filosofia, refletir esta ou aquela 
opinião política, mas, do ponto de vista do estudo literário, 
o que importava era o priom, ou processo, isto é, o princípio 
da organização da obra como produto estético, jamais um 
fator externo. (SCHNAIDERMAN apud EIKHENBAUM et al., 
1971, p. IX).
Um dos textos de Roman Jakobson recorrentemente citado, considerado uma 
espécie de manifesto das ideias formalistas, indica essa preocupação com o 
“processo” ou organização interna da obra como produto estético. Extraído 
do artigo “A novíssima poesia russa”, assim está reproduzido no texto de Boris 
Schnaiderman há pouco mencionado:
A poesia é linguagem em sua função estética.
Dêste modo, o objeto do estudo literário não é a literatura, 
mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determinada obra 
uma obra literária. E no entanto, até hoje, os historiadores da 
literatura, o mais das vêzes, assemelhavam-se à polícia que, 
desejando prender determinada pessoa, tivesse apanhado, 
por via das dúvidas, tudo e todos que estivessem num 
apartamento, e também os que passassem casualmente na 
rua naquele instante. Tudo servia para os historiadores da 
literatura: os costumes, a psicologia, a política, a filosofia. Em 
lugar de um estudo da literatura, criava-se um conglomerado 
de disciplinas mal-acabadas. Parecia-se esquecer que 
êstes elementos pertencem às ciências correspondentes: 
História da Filosofia, História da Cultura, Psicologia, etc., e 
que estas últimas podiam, naturalmente, utilizar também 
os monumentos literários como documentos defeituosos e 
de segunda ordem. Se o estudo da literatura quer tornar-se 
uma ciência, ele deve reconhecer o ‘processo’ como seu 
único ‘herói’. (JAKOBSON apud EIKHENBAUM et al., 1971, p. 
IX-X) (mantida a grafia original).
Vamos aproveitar as palavras de Jakobson para nos certificar de que realmente 
estamos entendendo a proposta? Vamos explorar esse trecho em forma de 
exercícios? Veja se você consegue responder aos seguintes questionamentos:
Exercitando
1) O que se quer dizer com “A poesia é linguagem em sua função estética”?
2) Por que o crítico faz uma analogia entre a ação da polícia e a ação dos 
historiadores da literatura de sua época?
121
AULA 08
3) Qual poderia ser o prejuízo para a literatura se ela for estudada a partir de 
elementos externos ao texto?
4) Por que se pode afirmar que Jakobson se preocupava em tornar o estudo 
da literatura uma ciência e de que modo isso seria possível?
Conseguiu responder às perguntas anteriores? Se sim, vamos seguir em frente. 
Se não, compartilhe suas dúvidas no fórum do nosso Ambiente Virtual de 
Aprendizagem e interaja com os demais colegas e professores.
Antes de prosseguirmos aprofundando as propostas dos formalistas, vamos 
saber o porquê de essa corrente priorizar o estudo imanente do texto literário. 
O contexto parece explicar as razões. Nas palavras de Boris Schnaiderman,
o movimento voltava-se não só contra os excessos de crítica 
sociológica e política, da submissão estética à ética, que 
havia caracterizado a crítica russa durante anos e anos, 
mas sobretudo e particularmente, contra a metafísica e 
religiosidade dos simbolistas russos, para quem o texto 
literário aparecia com muita freqüência apenas como uma das 
maneiras de buscar o ‘inefável’, o ‘inconsútil’, o extraterreno. 
O trabalho crítico dos assim chamados formalistas voltava-se 
parao contingente, o imediato, o palpável, o analisável. 
(SCHNAIDERMAN apud EIKHENBAUM et al., 1971, p. X).
Conclui-se, então, que houve uma contingência histórica e crítica que alimentou 
esse posicionamento dos formalistas de olhar mais detidamente para dentro do 
texto literário, desprezando fatores alheios a ele.
3.2 A literariedade
Voltando ao texto de Roman Jakobson, observe a presença de um aspecto 
determinante para os formalistas: a literariedade, cujo conceito está bem explícito 
nas palavras do autor: aquilo que torna determinada obra uma obra literária. 
Nesse sentido, podemos perceber que os formalistas defendem uma distinção 
entre linguagem literária e não literária. As particularidades daquela, a saber: 
os recursos que tornam o texto “artístico” singularizam o texto poético. Mais 
adiante, trataremos da “função poética da linguagem”, outro conceito caro aos 
formalistas.
Por enquanto, vejamos um quadro que expõe as características da literariedade. 
A Revista Conhecimento Prático Literatura, em sua edição 23 do ano 2009, publicou 
um artigo do professor Leonardo Passos intitulado “Formalismo russo e suas 
122
O formalismo russo e o estruturalismo
contribuições para a moderna crítica literária”. Trata-se de um material disponível 
na internet. O quadro abaixo, apresentando as principais características da 
literariedade, foi retirado do mencionado artigo:
Confira o texto completo sobre as contribuições do formalismo russo para 
a crítica literária no seguinte site: 
http://literatura.uol.com.br/literatura/figuras-linguagem/23/formalismo-
russo-e-suas-contribuicoes-para-a-moderna-critica-134431-1.asp
3.3 A desautomatização da linguagem
Você prestou bem atenção ao quadro reproduzido no tópico anterior e às 
considerações a respeito da literariedade? Pois bem. Tudo isso tem a ver com 
Figura 4 
123
AULA 08
o que os formalistas designaram desautomatização da linguagem. No afã de 
estabelecer uma diferenciação entre a “linguagem automática do dia a dia” e a 
“linguagem literária”, os defensores da tese formalista entenderam que um dos 
aspectos diferenciadores era a natureza incomum da palavra poética.
Vejamos as palavras de Terry Eagleton sobre o assunto:
Os formalistas começaram por considerar a obra literária 
como uma reunião mais ou menos arbitrária de “artifícios”. [...] 
Os artifícios incluíam som, imagens, ritmo, sintaxe, métrica, 
rima, técnicas narrativas; na verdade, incluíam todo o estoque 
de elementos literários formais; e o que todos esses elementos 
tinham em comum era o seu efeito de “estranhamento” 
ou de “desfamiliarização”. A especificidade da linguagem 
literária, aquilo que a distinguia de outras formas de discurso, 
era o fato de ela “deformar” a linguagem comum de várias 
maneiras. Sob a pressão dos artifícios literários, a linguagem 
comum era intensificada, condensada, torcida, reduzida, 
ampliada, invertida. Era uma linguagem que se “tornara 
estranha”, e graças a este estranhamento, todo o mundo 
cotidiano transformava-se, subitamente, em algo não familiar. 
Na rotina da fala cotidiana, nossas percepções e reações à 
realidade se tornam embotadas, apagadas, ou como os 
formalistas diriam, “automatizadas”. A literatura, impondo-
nos uma consciência dramática da linguagem, renova essas 
reações habituais, tornando os objetos mais “perceptíveis”. 
[...] Estamos quase sempre respirando sem ter consciência 
disso; como a linguagem, o ar é, por excelência, o ambiente 
em que vivemos. Mas se de súbito ele se tornar mais denso, 
ou poluído, somos forçados a renovar o cuidado com que 
respiramos, e o resultado disso pode ser a intensificação da 
experiência de nossa vida material. Lemos o bilhete escrito 
por um amigo, sem prestarmos muita atenção à sua estrutura 
narrativa; mas se uma história se interrompe e recomeça, 
passa constantemente de um nível narrativo para outro, e 
retarda o clímax para nos manter em suspense, adquirimos 
então a consciência de como ela é construída, ao mesmo 
tempo em que nosso interesse por ela pode se intensificar. 
(EAGLETON, 2003, p. 4-5).
O crítico conclui o raciocínio afirmando que os formalistas “consideravam a 
linguagem literária como um conjunto de desvios da norma, uma espécie 
de violência linguística: a literatura é uma forma ‘especial’ de linguagem, em 
contraste com a linguagem ‘comum’.” (EAGLETON, 2003, p. 6).
124
O formalismo russo e o estruturalismo
3.4 A função poética da linguagem
Outro aspecto importante para os formalistas russos é a “função poética da 
linguagem”. Certamente, você já estudou o assunto na escola, inclusive, visualizando 
em livros o esquema da comunicação, o qual reproduzimos abaixo como lembrete. 
Aqui, vamos nos ater à função poética especificamente.
Quem teorizou a respeito desta temática foi Roman Jakobson em seu livro Linguística 
e Comunicação (2010), cuja dica de leitura está dada na seção “Aprofundando seu 
conhecimento”. Para o referido autor, a função poética é aquela em que há “o 
pendor para a mensagem como tal, o enfoque da mensagem por ela própria” 
(JAKOBSON, 2010, p. 163). Em outras palavras, a literatura (chamada pelo linguista 
de arte verbal) caracteriza-se por uma preocupação com a própria elaboração 
da mensagem.
Nesse sentido, Jakobson entende que é inerente a toda obra poética o trabalho 
especial com a linguagem em seus dois modos básicos de arranjo: a seleção e a 
combinação. Noutros termos, na literatura, há uma escolha criteriosa das palavras 
(seleção) e uma combinação estética, semântica e sonoramente pensada para se 
obter efeitos específicos. Daí, a importância do ritmo, das rimas, dos sons, das 
metáforas, das aliterações, das ambiguidades...
Aliás, falando em ambiguidade, para o autor de Linguística e Comunicação, ela 
“se constitui em característica intrínseca, inalienável, de toda mensagem voltada 
para si própria, em suma, num corolário obrigatório da poesia” (JAKOBSON, 
2010, p. 191).
RECEPTOR
(Função conativa)
EMISSOR
(Função emotiva)
MENSAGEM
(Função poética)
CONTEXTO
(Função referencial)
CANAL
(Função fática)
CÓDIGO
(Função metalinguística)
125
AULA 08
ATENÇÃO: “um linguista surdo à função poética da linguagem e um 
especialista em literatura indiferente aos problemas linguísticos e ignorante 
dos métodos linguísticos são, um e outro, flagrantes anacronismos” 
(JAKOBSON, 2010, p. 207).
3.5 O Estruturalismo: o que é e como surgiu
Ao lado do Formalismo russo, como mais uma tendência crítica que enfatiza 
a análise imanente do texto literário, surgiu o Estruturalismo. Jonathan Culler 
apresenta sucintamente o contexto de aparecimento da referida corrente. 
Vejamos suas palavras a respeito do tema:
Em geral, estruturalismo designa um grupo de pensadores 
principalmente franceses que, nas décadas de 50 e 60 deste 
século [XX], influenciados pela teoria da linguagem de 
Ferdinand de Saussure, aplicaram conceitos da lingüística 
estrutural ao estudo dos fenômenos sociais e culturais. O 
estruturalismo se desenvolveu primeiro na antropologia 
(Claude Lévi-Strauss), e depois nos estudos literários e culturais 
(Roman Jakobson, Roland Barthes, Gérard Genette), na 
psicanálise (Jacques Lacan), na história intelectual (Michel 
Foucault) e na teoria marxista (Louis Althusser). Embora esses 
pensadores nunca tenham formado uma escola enquanto 
tal, foi sob o rótulo de “estruturalismo” que seu trabalho foi 
importado e lido na Inglaterra, nos Estados Unidos e em 
outros lugares no final das décadas de 60 e 70.
Nos estudos literários, o estruturalismo promove uma poética 
interessada nas convenções que tornam possíveis as obras 
literárias; busca não produzir novas interpretações das obras 
mas compreender como elas podem ter os sentidos e efeitos 
que têm. (CULLER, 1999, p. 120-121).
Para outras duas autoras, “o Estruturalismo surgiu como mais uma forma de 
reação contra o estudo genético da Literatura e contra as posições (abordagens ou 
perspectivas) extrínsecas à Literatura. Apareceu, portanto, como uma afirmação 
do imanentismoem crítica literária.” (GONÇALVES e BELLODI, 2005, p. 129-130).
Caro aluno, você percebe que há um ponto em comum entre os estruturalistas e 
os formalistas? A saber: ambas as teses rechaçam a análise a partir de elementos 
externos ao texto (biografia, contexto social etc.) e reforçam a ideia de análise 
imanente, ou seja, a partir de aspectos internos da obra.
126
O formalismo russo e o estruturalismo
Segundo Gonçalves e Bellodi (2005, p. 136), os procedimentos estruturalistas 
geraram importantes modelos de análise narrativa, principalmente com Vladimir 
Propp, Tzvetan Todorov, Roland Barthes, Jean Pouillon, Claude Bremond e A. 
J. Greimas.
No Brasil, o professor Affonso Romano de Sant’Anna seguiu a mesma linha num 
projeto de pesquisa que resultou na análise de vários romances brasileiros (A 
moreninha, O guarani, O cortiço etc.) sob esta perspectiva. Abaixo, confira a 
indicação de três obras que utilizaram o método estruturalista como modelo 
de análise.
Para Terry Eagleton (2003, p. 129-130), “o estruturalismo propriamente dito encerra 
uma doutrina característica [...]: a convicção de que as unidades individuais de 
qualquer sistema só têm significado em virtude de suas relações mútuas”. Em 
outras palavras, o Estruturalismo é um método de análise que leva em consideração 
os elementos internos do texto em confronto ou em relação entre si.
3.6 O Estruturalismo: proposta e crítica
Para entendermos melhor a proposta de análise estruturalista, vejamos uma 
ilustração do crítico Terry Eagleton que, ao mesmo tempo em que exemplifica 
a tese, faz também uma ironia ao método. Apesar de ser uma longa citação, 
vale a pena conferir:
Vamos supor que estejamos analisando uma história na 
qual um menino sai de casa depois de uma briga com o 
pai, começa a andar pela floresta ao calor do dia e cai em 
um poço profundo. O pai vai à procura do filho, olha para 
dentro do poço, mas não consegue vê-lo devido à escuridão. 
Naquele momento, o sol está a pino, ilumina o fundo do poço 
Figuras 5 - 6 - 7 
127
AULA 08
com seus raios e permite que o pai salve o menino. Depois 
de uma alegre reconciliação, eles voltam juntos para casa.
Esta narrativa pode não ser particularmente atraente, mas 
tem as vantagens da simplicidade. É claro que ela pode ser 
interpretada de diversas maneiras. Um crítico psicanalítico 
poderia identificar claras sugestões do complexo de Édipo, 
e mostrar como a queda da criança no poço representa um 
castigo por ela inconscientemente desejado devido à briga 
com o pai; uma forma de castração simbólica, talvez, ou 
volta simbólica ao ventre materno. Um crítico humanista 
poderia lê-la como uma dramatização comovente das 
dificuldades implícitas nas relações humanas. Outro crítico 
poderia vê-la como um extenso e absurdo jogo com as 
palavras “son” e “sun” (“filho” e “sol”). O crítico estruturalista 
esquematizaria a história de forma dogmática. A primeira 
unidade de significação, “menino briga com o pai”, poderia 
ser reescrita como “o inferior rebela-se contra o superior”. 
A caminhada do menino pela floresta é um movimento 
ao longo de um eixo horizontal, em contraste com o eixo 
vertical “inferior/superior”, e poderia ser classificada como 
“intermediária”. A queda no poço, um lugar abaixo do solo, 
significa novamente “inferior”, e o zênite do sol, “superior”. 
Iluminado o poço, o sol, em certo sentido, “desceu ao inferior”, 
com isso invertendo a primeira unidade significativa da 
narrativa, onde o “inferior” voltou-se contra o “superior”. 
A reconciliação entre pai e filho restabelece um equilíbrio 
entre “inferior” e “superior”, e a caminhada de volta para 
casa, significando o “intermédio”, marca a obtenção de um 
estado intermediário adequado. Exultando em triunfo, o 
estruturalista redispõe suas regras e se prepara para a nova 
história. (EAGLETON, 2003, p. 130-131).
Você percebeu, caro aluno, de que forma o Estruturalismo estuda o objeto literário? 
Importa a estrutura do texto e a relação que os elementos do texto têm entre 
si. Eagleton continua sua ironia afirmando que poderíamos substituir o pai e o 
filho da história por uma mãe e sua filha ou por um pássaro e uma toupeira e 
ainda assim teríamos a mesma história: “Enquanto a estrutura de relações entre as 
unidades for preservada, não importa quais os itens selecionados” (EAGLETON, 
2003, p. 133).
Entre outras críticas que Terry Eagleton apresenta, está a proposição de que o 
Estruturalismo é uma afronta ao bom senso, pois chega a rejeitar o significado 
“óbvio” das histórias, em busca de estruturas ditas profundas.
Vamos fechar nossa teoria, agora, exercitando?
128
O formalismo russo e o estruturalismo
Exercitando
1) O que há em comum entre os formalistas russos e os estruturalistas?
2) O que essas duas correntes acabam deixando de fora das análises literárias?
3) Que contribuições podemos citar do Formalismo e do Estruturalismo?
4 Aprofundando seu conhecimento
Para aprofundar seu conhecimento sobre o assunto tratado nesta aula, seguem 
duas dicas de leitura:
Livro: Linguística e Comunicação
Autor: Roman Jakobson
Editora: Cultrix
Esta obra já é considerada um clássico do curso 
de Letras. É nela que está o artigo “Linguística 
e Poética”, em que o autor discorre sobre as 
funções da linguagem, com destaque para a 
função poética. Vale a pena conferir!
Livro: Teoria da Literatura: formalistas russos
Autores: B. Eikhenbaum et al.
Editora: Globo
Este livro é um dos mais importantes a respeito 
dos formalistas russos, se não for, de fato, o 
mais importante. Nele, encontram-se artigos 
fundamentais dos formalistas: “A arte como 
procedimento”, de Viktor Chklovsky; “A teoria 
do método formal”, de Boris Eikhenbaum; “Os 
problemas dos estudos literários e lingüísticos”, 
de J. Tynianov e R. Jakobson, entre outros.
Figura 8 
Figura 9 
129
AULA 08
5 Trocando em miúdos
Vamos utilizar as palavras do crítico inglês Terry Eagleton para resumir as ideias 
da corrente chamada de Formalismo russo:
Em sua essência, o formalismo foi a aplicação da linguística 
ao estudo da literatura; e como a linguística em questão era 
do tipo formal, preocupada com as estruturas da linguagem 
e não com o que ela de fato poderia dizer, os formalistas 
passaram ao largo da análise do “conteúdo” literário (instância 
em que sempre existe a tendência de se recorrer à psicologia 
ou à sociologia) e dedicaram-se ao estudo da forma literária. 
Longe de considerarem a forma como expressão do conteúdo, 
eles inverteram essa relação: o conteúdo era simplesmente 
a “motivação” da forma, uma ocasião ou pretexto para um 
tipo específico de exercício formal. (EAGLETON, 2003, p. 4).
O Estruturalismo, por sua vez, apresenta semelhanças com o Formalismo, na 
medida em que se preocupa com as estruturas internas da obra, mas focaliza seu 
método na questão das relações. As palavras de um texto devem ser analisadas 
a partir das relações que estabelecem entre si.
O Formalismo e o Estruturalismo priorizaram o produto em si mesmo, não 
o processo ou a gênese desses produtos. Para eles, o material da poesia é a 
linguagem. Aproveitando o que já foi discutido em aulas anteriores, lembre-se, 
por exemplo, de que o Romantismo promoveu a ideia da linguagem metafórica 
como um traço distintivo da poesia e de todas as belles lettres. No Romantismo, o 
processo criativo era caracterizado como pensamento por imagem. Esse conceito 
era inaceitável para os formalistas, na medida em que envolvia a personalidade 
criativa e a psicologia da percepção.
Apesar de serem passíveis de fortes críticas, as duas correntes – Formalismo e 
Estruturalismo – contribuíram para uma abordagem mais criteriosa da literatura 
como objeto estético e para se pensar o texto como uma totalidade indissolúvel.
130
O formalismo russo e o estruturalismo
6 Autoavaliando
Chegado o fim de nossa aula, reflita sobre os seguintes questionamentos: você 
sabe dizer quais as teses principais dos formalistas russos e dos estruturalistas? 
Sabe também dizer o porquêda existência dessas correntes face o contexto em 
que foram criadas? E, por fim, você é capaz de indicar os pontos positivos e as 
lacunas de cada uma das propostas? Se suas respostas foram todas afirmativas 
e comprovadas, então é sinal de que você entendeu a nossa aula.
131
AULA 08
Referências
BARTHES, Roland et al. Análise estrutural da narrativa. 6. ed. Petrópolis: 
Vozes, 2009.
CULLER, Jonathan. Teoria literária: uma introdução. São Paulo: Beca, 1999.
EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma introdução. 5. ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2003.
EIKHENBAUM et al. Teoria da Literatura: formalistas russos. Porto Alegre: 
Globo, 1971.
GONÇALVES, Magaly Trindade e BELLODI, Zina C. Teoria da literatura “revisitada”. 
2. ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. 22. ed. São Paulo: Cultrix, 2010.
PASSOS, Leonardo. Formalismo russo: e suas contribuições para a moderna crítica 
literária. In: Revista Conhecimento Prático Literatura. 23. ed. São Paulo: Escala 
Educacional. Ano 2009, p. 12-16.
PROPP, V. I. Morfologia do conto maravilhoso. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Análise estrutural de romances brasileiros. 
7. ed. São Paulo: Ática, 1990.
SCHNAIDERMAN, Boris. Prefácio. In: EIKHENBAUM et al. Teoria da Literatura: 
formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1971, p. IX-XXII.
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	O formalismo russo e o estruturalismo
	2	Começando a história
	3	Tecendo conhecimento
	3.1	Os formalistas russos: quem foram eles e o que defenderam?
	3.2	A literariedade
	3.3	A desautomatização da linguagem
	3.4	A função poética da linguagem
	3.5	O Estruturalismo: o que é e como surgiu
	3.6	O Estruturalismo: proposta e crítica
	4	Aprofundando seu conhecimento
	5	Trocando em miúdos
	6	Autoavaliando

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