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METODOLOGIA DO ESTUDO E DA PESQUISA FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE COORDENAÇÃO GERAL DE GRADUAÇÃO METODOLOGIA DO ESTUDO E DA PESQUISA CRISTIANNE LOPES RECIFE, 2017 Capítulo 1 – FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DO CONHECIMENTO E DA CIÊNCIA ....................... 5 1.1 Conhecimento, saber ................................................................................................................... 6 1.2 Tipos de conhecimentos ............................................................................................................ 11 Capítulo 2 – CIÊNCIA E MÉTODO CIENTÍFICO ........................................................................................ 17 2.1 O método científico .................................................................................................................... 19 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 22 SUMÁRIO BLOCO 2 CONHECIMENTO E CIÊNCIA 5 Capítulo 1 – FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DO CONHECIMENTO E DA CIÊNCIA Olá. Finalizamos o bloco I, no qual exploramos o universo acadêmico em suas nuances, discutindo sobre o processo de estudo e seu métodos, assim como também a exploração da plataforma lattes no CNPq. Daremos, então, continuidade nos nossos estudos com o Bloco II; neste, iremos discutir sobre o conhecimento e o saber – desmembrando esse conhecimento em seus tipos – e falaremos um pouco sobre ciência e pesquisa. Temos como objetivo que você compreenda sobre essa construção do conhecimento e suas especificidades e, ainda, que você consiga descrever e caracterizar os tipos de conhecimentos. Neste sentido, vamos iniciar nosso estudo com a leitura sobre a concepção de Ciência a partir da música “A ciência em si”. A CIÊNCIA EM SI Gilberto Gil e Arnaldo Antunes Se toda coincidência Tende a que se entenda E toda lenda Quer chegar aqui A ciência não se aprende A ciência apreende A ciência em si Se toda estrela cadente Cai pra fazer sentido E todo mito Quer ter carne aqui A ciência não se ensina A ciência insemina A ciência em si Se o que se pode ver, ouvir, pegar, medir, pesar Do avião a jato ao jaboti Desperta o que ainda não, não se pôde pensar Do sono eterno ao eterno devir Como a órbita da terra abraça o vácuo devagar Para alcançar o que já estava aqui Se a crença quer se materializar Tanto quanto a experiência quer se abstrair A ciência não avança A ciência alcança A ciência em si A obra de Gil, nos mostra uma forma interdisciplinar na construção do conhecimento, quando a letra é capaz de nos apresentar o cotidiano e a filosofia, a razão e a fé, a 6 ciência e o sonho. Ou seja, a “Ciência, enfim, é tudo”! Existe uma infinidade de tentativas, a partir de vários teóricos, em tentar definir Ciência. O significado etimológico da palavra Ciência se origina do latim, a mãe da língua portuguesa, sendo a progressão da palavra “scientia”, cujo significado é conhecimento ou saber. De acordo com Trujillo Ferrari (1974, p. 08) “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. A seguir, discutiremos sobre o conhecimento, sua relação com o objeto e o sujeito a ser conhecido e sua veracidade, tipos de conhecimentos e suas características mais pontuais. 1.1 Conhecimento, saber O saber no legado do filósofo grego Platão, é a habilidade para aplicar o conhecimento, de forma adequada, no exercício das ações. Envolve experiência e maturidade, por isso mesmo o sábio é sinônimo de homem prudente. (SERRA e ALMEIDA, 2010). Entendemos então por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. 7 Fonte: https://www.google.com.br/search.tipos+de+conhecimento+charge&espv. Por natureza, o homem é fundamentalmente diferente dos animais dos quais evoluiu. Segundo Richardson (2009, p. 20), os homens não possuem os atributos necessários para sobreviver no reino animal, estando ele dotado de algo muito mais poderoso: a consciência, a capacidade de pensar. Somos os únicos capazes de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos. Essa característica é o que nos permite dizer que somos diferentes dos outros animais. O conhecimento é construído individual e coletivamente a partir de um processo em que o sujeito interage com a realidade (outras pessoas, ambiente sociocultural, ambiente físico, etc.) 8 Fonte: arquivo pessoal, slide material de aula Nesta relação podemos dizer que, como objeto, está tudo aquilo que desperta curiosidade e pode vir a ser estudado pelo homem. Como sujeito, temos o homem, que se relaciona com o meio e obtém conhecimento como resultado dessa experiência, por meio de um contato que se dá em etapas: da sensação, passando pela percepção, pela compreensão, pela definição, pela argumentação e pelo discurso, até chegar à transformação científica. De acordo com Hessen (2000), a teoria do conhecimento é uma interpretação e uma explicação filosófica do conhecimento humano, sendo necessário, antes de filosofar sobre um objeto, examiná-lo com exatidão. Qualquer explicação ou interpretação deve ser precedida de uma observação e de uma descrição exata do objeto. No conhecimento defrontam-se consciência e objeto, sujeito e objeto. O conhecimento aparece como uma relação entre dois elementos. Nessa relação, sujeito e objeto permanecem eternamente separados. O dualismo do sujeito e do objeto pertence à essência do conhecimento. Ao mesmo tempo, a relação entre os dois elementos é uma relação recíproca (correlação). O sujeito só é sujeito para um objeto e o objeto só é objeto para um sujeito. Ambos são, o que são apenas na medida em que o são um para o outro. Essa correlação, porém, não é reversível. Ser sujeito é algo completamente diverso de ser objeto. A função do sujeito é apreender o objeto; a função do objeto é ser apreensível e ser apreendido pelo sujeito. Hessen (2000, p. 20) 9 A compreensão é a apropriação intelectual do objeto de estudo. É através dela que se descobrem as características ou propriedades específicas de determinado objeto, o que possibilita a elaboração de conceitos. Nessa fase, os conceitos podem ser descritos por meio de códigos – palavras, vocábulos, símbolos – que permitem a verbalização. Na academia, é sempre válido lembrar que a construção dos conceitos está baseada na interação do sujeito com o objeto do conhecimento, que cria sensações e percepções, e não na simples memorização dos signos capazes de exprimi-los. Fonte: arquivo pessoal, slide material de aula. Mas o que entendemos por verdadeiro? Na imagem abaixo o que vejo? Fonte: https://www.google.com.br/search?percepção+visual+velha+e+moça 10 E você, conseguiu com facilidade ou precisou um pouco de tempo, ou solicitou ajuda, para interpretar a imagem? Já as conhecia? Segundo ainda Hassen (2000) a essência do conhecimento está estreitamente ligada ao conceito de verdade. Só o conhecimentoverdadeiro é conhecimento efetivo. Entendido esse relacional no contexto de onde se expressa um relacionamento, a saber, o relacionamento do conteúdo do pensamento, da “figura” com o objeto. O próprio objeto, ao contrário, não pode ser nem verdadeiro nem falso. O conhecimento pressupõe a presença investigativa, curiosa, em face do mundo; requer, portanto, uma ação transformadora sobre a realidade, busca constante, invenção e reinvenção. É a reflexão crítica de como se dá o ato de conhecer. Neste sentido, Galliano (1979, p.18) afirma que O processo de acumulação e transmissão de conhecimentos tem sido a mola propulsora da ciência e do progresso material da humanidade. Sem a contribuição do conhecimento anterior, acumulado por nossos antepassados em séculos e séculos de observação, pesquisa e experimentação, estaríamos ainda vivendo como animais selvagens. Tendo em vista que o humano sabe, é fato a diversidade desse conhecer. O conhecimento não é igual para todos; ele varia de acordo com a origem, levando em consideração a forma e a confiança de como foram obtidos e suas aplicações. Por isso, vários tipos de conhecimentos surgem, tema essa que iremos discutir logo adiante. “Conhecimento não – verdadeiro” não é propriamente conhecimento, mas erro e engano. Em que consiste, então, a verdade do conhecimento? [...] a verdade deve consistir na concordância da “figura” com o objeto. Um conhecimento é verdadeiro na medida em que seu conteúdo concorda com o objeto intencionado. Consequentemente, o conceito de verdade é um conceito relacional. Hessen (2000, p. 20) 11 1.2 Tipos de conhecimentos Fonte: https://www.google.com.br/search?q=tipos+de+conhecimento+charge. É imensa a diversidade de conhecimento existente, como: mítico, ordinário, artístico, pedagógico, sociológico, histórico, tecnológico, dentre muitos outros. Assim, o conhecimento é algo sem comparação, é único, e tem diversas formas de se apresentar. Destacamos aqui, para comentar, os conhecimentos popular, filosófico, religioso e científico. Conhecimento Empírico (vulgar/senso-comum/popular): é o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas. É o conhecimento da espontaneidade, em que se aprende diariamente com experiências, sem fundamentos, sem questionamentos, mas que está disponível para todos. Pelo conhecimento empírico, o homem simples conhece o fato e sua ordem aparente, tem explicações concernentes à razão de ser das coisas e dos homens; tudo isso obtido pelas experiências feitas ao acaso, sem método, e por investigações pessoais feitas ao sabor das circunstâncias da vida; ou então, haurido no saber dos outros e nas tradições da coletividade; ou, ainda, tirado da doutrina de uma religião positiva. Você já ouviu o conceito popular de que “não se deve comer manga com leite” que vai passar mal? Pois bem, isso foi se 12 constituindo enquanto verdade por um longo período de tempo; hoje não mais. Haja vista os deliciosos sucos com leite! E a própria descoberta da origem desse conceito. Você sabe? Compartilhe conosco no Fórum. Um outro exemplo: o ato de esfregar um dos dedos na mão até esquentar e pôr em cima do terçol, para acabar com ele, não tem comprovação científica e não se sabe explicar qual sua origem. Conhecimento Filosófico: é fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. É um conhecimento infalível e exato, visto que seus postulados e suas hipóteses não são submetidas ao teste de observação, e também é racional, sendo uma das características mais importante deste conhecimento, pois consiste num conjunto de enunciados logicamente relacionados. A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais universal. Não dá soluções definitivas para grande número de questões. Habilita, porém, o homem a fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da vida concreta. Um exemplo desse tipo de conhecimento é a própria reflexão do homem e seus questionamentos. O O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na “organização” particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das ideias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas. (MARCONI, LAKATOS, 2005, p. 78) 13 objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceituais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta, por instrumentos, como por exemplo, a que é exigida pelo conhecimento científico. Conhecimento Teológico ou Religioso: conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. É suposição, e exige a autoridade divina; aqui, as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, pois consistem na “revelação” da divindade. Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo. O conteúdo da revelação, feita a crítica O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: “as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação” (Trujillo, 1974:12); por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, , quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são ideias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumento), como a que é exigida pela ciência experimental. O método porexcelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica” (Ruiz, 1979: 110). O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência. (MARCONI, LAKATOS, 2005, p. 78-79) 14 dos fatos aí narrados e comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se de autenticidade e de verdade. Passam tais verdades a ser consideradas como fidedignas e, por isso, aceitas. Isso é feito com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade, venha donde vier, contanto que seja legitimamente adquirida. Fonte: https://www.google.com.br/search?hl=pt- BR&site=imghp&tbm=isch&source=hp&biw=1242&bih=594&q=conhecimento+empirico&oq=conhecimento+empirico&gs_l=img.3..0l3j0i5i30k1j0i24k1l6.1395.9 987.0.11155.37.26.7.3.3.0.294.3986.0j12j8.20.0....0...1ac.1.64.img..7.27.3532...0i10i24k1j0i30k1.osP1GfMdm7s#hl=pt- BR&tbm=isch&q=conhecimento+religioso&imgrc=_WL9kxWt5XHxLM%3A O conhecimento religioso, isto é, teológico, apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que, em ambos os modos de conhecer, deve a evidência resultar das pesquisas dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência, pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina. (MARCONI, LAKATOS, 2005, p. 79) 15 Conhecimento Científico: é o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. Podemos então dizer que o conhecimento científico: é racional e objetivo; atém-se aos fatos; transcende aos fatos; é analítico; requer exatidão e clareza; é comunicável; é verificável; depende de investigação metódica; busca e aplica leis; é explicativo; pode fazer predições; é aberto; é útil (GALLIANO, 1979). O conhecimento científico é um conhecimento organizado sobre um determinado objeto, mediante observações e experiências dos fatos num método próprio; é um conhecimento crítico, rigoroso, pois nasce da dúvida e consolida-se na certeza das leis demonstradas. Pode-se dizer que a ciência é um sistema de proposições rigorosamente demonstradas, constantes, gerais, ligadas entre si pelas relações de subordinação relativas a seres, fatos e fenômenos da experiência. É um conhecimento apoiado na demonstração e na experimentação. A ciência só aceita o que foi provado. Segue o método experimental com seus diversos processos, desenvolvidos mais adiante. Como exemplo do conhecimento científico, temos: a teoria de Darwin; o uso de células tronco, dentre tantos outros exemplos. Vá no fórum e deixe suas contribuições sobre mais exemplos de conhecimento científico. Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo” (Trujillo, 1974, p. 14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. 16 Na figura abaixo, apresentamos um resumo das características dos tipos de conhecimento apresentados acima, proposto por Marconi e Lakatos (2005): CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO Conhecimento Popular/senso comum/empírico/vulgar Conhecimento Científico Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso/Teológico Valorativo Real (Factual) Valorativo Valorativo Reflexivo Contingente Racional Inspiracional Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático Verificável Verificável Não Verificável Não Verificável Falível Falível Infalível Infalível Inexato Aproximadamente Exato Exato Exato Fonte: MARCONI, M. A. de; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. De pronto, para darmos continuidade a essa produção do conhecimento caracterizada pelos tipos de conhecimento, iremos a seguir discutir um pouco sobre a ciência e o método científico. Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados. Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa. Um cientista voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. (MARCONI, LAKATOS, 2005, p. 80) 17 Capítulo 2 – CIÊNCIA E MÉTODO CIENTÍFICO “A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade”(Marconi & Lakatos, 1992) Muitos teóricos apresentam o que entendem por ciência, através de conceitos que são permanentemente ampliados, uma vez que suas ideias não são definitivas. De acordo com Trujillo Ferrari (1974, p.8), entende-se por ciência um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento, com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação. Com isso, temos um corpo organizado de conhecimento que é elaborado a partir da ciência. Nesse sentido, foram e são criadas as teorias, hipóteses, leis e conceitos. Fonte: arcevo pessoal dos slides das aulas. 18 As Leis são regras de como a natureza se comporta. Muitas vezes, as leis são expressas em uma única expressão e têm objetivo analítico. São enunciados generalizadores que descrevem relações constantes entre os fenômenos; são aceitas como sendo universais e são os pilares da ciência moderna. As Hipóteses são conjecturas, palpites, explicações provisórias, proposições admissíveis acerca de um fato ou fenômeno e são as premissas dentro de uma determinada teoria, que podem ser validadas com base em um método científico, contribuindo para a formulação de novas hipóteses. Uma hipótese é uma suposição razoável, baseada em um conhecimento anterior ou na observação. Hipóteses são comprovadas e refutadas o tempo todo. As hipóteses desempenham um papel importante no método científico. Se uma hipótese é confirmada, ela se transforma em uma fundamentação de uma teoria científica; se ela é refutada, se transforma em um contra-argumento. A Teoria é o nome dado ao sistema organizado de leis, hipóteses, conceitos, definições interligadas e coerentes. A teoria especifica a causa ou mecanismo subjacente, tido como responsável pela regularidade descrita na lei. São explicações bem fundamentadas para descrever eventos que ocorrem na natureza. Envolvem fatos, leis e hipóteses já testadas. Uma teoria científica consiste em uma ou mais hipóteses que foram suportadas em testes repetitivos. Exemplos: Lei da Queda Livre - Galileu Lei da conservação da Matéria - Lavoisier Leis de Newton: Princípio da Inércia; F = m x a; e Lei da ação e reação. 19 Logo, as leis, hipóteses e teorias são de grande importância, não só para quem estuda os fenômenos e lida com a ciência, no caso os cientistas, mas para quem a utiliza e deseja compreendê-la. Abaixo discutiremos sobre o método científico, seguido pelos cientistas quando os mesmos se prontificam a estudar os fenômenos. 2.1 O método científico O método científico é um conjunto de etapas ou passos que um cientista segue, em uma sequência lógica e organizada, para estudar os fenômenos. As principais etapas do método científico seguidas pela maioria dos cientistas do mundo são: observação, problema, objetivos, hipótese, coleta de informações, realização de uma experiência controlada, para testar a validade da hipótese, análise e publicação dos resultados. Fonte: http://www.mundobiologia.com/2013/08/o-metodo-cientifico-e-suas-etapas.html Exemplo: Teoria Heliocêntrica: “O sol é o centro do sistema solar”. Teoria Geocêntrica: “A terra é o centro do universo”. Euclides / Aristóteles / Ptolomeu. Os quatro elementos: Terra, Água, Ar, Fogo. 20 O saber metódico (PINTO, 1985 apud RICHARDSON, 2009, p. 22) é a etapa da ciência definida como; “a investigação metódica, organizada, da realidade, para descobrir a essência dos seres e dos fenômenos e as leis que os regem com o fim de aproveitar as propriedades das coisas e dos processos naturais em benefício do homem”. “Método” vem do grego méthodos (meta = além de, após de + ódos = caminho). Portanto, segundo a origem, método é o caminho ou a maneira para chegar a determinado fim ou objetivo, distinguindo-se, assim, do conceito de metodologia, que deriva do grego métodos (caminho para chegar a um objetivo) + logos (conhecimento). Assim, a metodologia são os procedimentos e regras utilizadas por determinado método. A metodologia são as regras estabelecidas para o método científico. A Metodologia Científica consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas limitações e possibilidades. O conceito de ciência está ligado ao conceito de método científico. Demo (1987, p. 19) apresenta que a metodologia é uma preocupação instrumental: trata das formas de se fazer ciência; cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. A finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e praticamente. Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vários caminhos. Disto, diz o autor, trata a metodologia. O método científico é um conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência, a fim de produzir conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes. É baseado na junção de evidências observáveis, empíricas e mensuráveis, com o uso do raciocínio lógico. Método é - [...] é o “caminho pelo qual se chega a determinado resultado [...]”; (MARCONI E LAKATOS, 1982, p. 39-40) 21 Quando se utiliza de um método científico para investigar ou estudar um fenômeno, está- se pensando cientificamente. Sendo assim, todo cientista deve pensar cientificamente quando está pesquisando um fenômeno mediante o método científico. Segundo Richardson (2009, p. 25), pensar cientificamente significa pensar criticamente; significa compreender a exigência de que o conhecimento deve ser submetido, por parte do pesquisador, a uma reflexão para descobrir conexões necessárias entre as ideias e revelar as condições que definirão a verdade dos enunciados emitidos. [...] o pensamento deve proceder segundo determinações regulares que assegurarão a certeza dos resultados obtidos no empenho de conhecer a realidade [...] Saber que sabe, porque sabe e como sabe. (PINTO, 1985, p. 38) Iremos retomar essa temática com suas principais etapas do método científico no Bloco IV, com os tipos de pesquisa, e, ainda, no Bloco V, quando discutiremos o passo a passo deste fazer pesquisa. E discutiremos também no Bloco VI a formatação de trabalhos acadêmicos. [...] é “um procedimento regular, explícito e passível de ser repetido para conseguir-se alguma coisa, seja material ou conceitual” (BUNGE, 1980, p.19); - [...] é a “forma de proceder ao longo de um caminho. Na ciência, os métodos constituem os instrumentos básicos que ordenam de início o pensamento em sistemas, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista ao longo de um percurso para alcançar um objetivo” (TRUJILLO FERRARI, 1974, p. 24); 22 REFERÊNCIAS DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1987. GALLIANO, A. G. O Método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1979. HESSEN, J. Teoria do conhecimento. São Paulo: Martins Fontes, 2000. MARCONI, M. A. de; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2005. MARCONI, M. A. de; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1982. PINTO, A. V. Ciência e existência . São Paulo: Paz e Terra, 1985. RICHARDSON, R. J. (Col.). Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2002. TRUJLLO FERRARI. A. Metodologia da ciência. 2. Ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974.
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