Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APOSTILA DE MÁQUINAS E MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA 2 SUMÁRIO Página CAPÍTULO 1 – Introdução ao estudo das fontes de potência ............................ 4 1.1 Consumo de energia pelo homem ............................................................. 4 1.2 Métodos de conversão de energia ............................................................. 5 1.2.1 Conversores eólicos e hidráulicos ............................................................ 6 1.2.2 Conversores térmicos de combustão externa e interna ........................... 7 1.2.3 Conversores termonucleares ................................................................... 9 1.2.4 Pilha de combustível, conversores termossolares, magnetodinâmico e reator termonuclear ................................................. 9 1.3 Fontes de potência para a agricultura ...................................................... 10 1.3.1 Constituição geral das máquinas motoras ............................................. 10 1.3.2 Rendimento na conversão de energia .................................................... 11 1.3.3 Tipos de fontes de potência para uso na agricultura .............................. 12 1.4 Noções elementares de mecânica ........................................................... 13 1.4.1 Objetivos e subdivisões .......................................................................... 13 1.4.2 Força, trabalho, energia e potência ........................................................ 15 CAPÍTULO 2 – Formas de Mecanização .......................................................... 26 CAPÍTULO 3 – Animais domésticos como fontes de potência ......................... 28 3.1 Formas de utilização ................................................................................ 28 3.2 Capacidade de trabalho em tração .......................................................... 30 3.3 Escolha de animais em função da espécie .............................................. 30 3.4 Escolha em função da raça ...................................................................... 32 3.5 Jornada dos animais e número de cabeças da tropa de serviço .............. 34 3.6 Rendimento termomecânico ..................................................................... 34 3.7 Formas de atrelamentos e arreios ............................................................ 36 3.8 Implementos para tração animal .............................................................. 36 CAPÍTULO 4 – Tratores Agrícolas .................................................................... 38 4.1 Constituição geral dos tratores ................................................................. 38 4.2 Classificação dos tratores ........................................................................ 40 4.2.1 De acordo com o tipo de rodado ............................................................ 40 4.2.2 De acordo com a conformação do chassi .............................................. 42 3 4.3 Funções das principais partes constituintes do trator ............................... 44 CAPÍTULO 5 – Órgão de acoplamento............................................................. 47 5.1 Categorias de máquinas e implementos de acordo com o tipo de acoplamento ao trator .............................................................................. 47 5.2 Acoplamento por barra de tração ............................................................. 48 5.3 Características do acoplamento com levantamento ................................. 48 5.4 Acoplamento com braços convergentes. Engate de três pontos .............. 49 CAPÍTULO 6 – As máquinas agrícolas ............................................................. 51 6.1 Preparo primário ou inicial do solo ........................................................... 51 6.2 Procedimentos preliminares ..................................................................... 52 6.2.1 Avaliação global do terreno .................................................................... 52 6.2.2 Levantamento detalhado das condições do local ................................... 53 6.2.3 Classificação dos tipos de vegetação .................................................... 53 6.2.4 Esquema de operações mecanizadas no desbravamento ..................... 55 6.2.5 Esquema de operações mecanizadas no preparo convencional do solo ........................................................................................................ 56 4 Capítulo 1 Introdução ao estudo das fontes de potência A engenhosidade do homem na manipulação das diversas fontes de energia disponíveis na Terra influi fortemente na sua capacidade de sobrevivência e no seu desenvolvimento social. O primeiro passo nesse sentido verificou-se quando aprendeu a usar o fogo, para seu próprio aquecimento. Enquanto os demais seres vivos continuam a condicionar seu comportamento ás restrições impostas pelas variações do meio, a habilidade inversa de alterar substancialmente o meio ambiente pertencente unicamente ao homem. Ele mesmo se introduz no ciclo natural da energia, convertendo formas menos desejáveis em uma mais desejável, ou seja, capim em carne, carvão em calor, queda- d’água em eletricidade, etc. E, à medida que as sociedades se desenvolvem, cria crescentes dependências energéticas. 1.1 Consumo de energia pelo homem O suprimento de alimentos, o conforto físico e a elevação dos padrões de vida, além das atividades elementares à sobrevivência, estão diretamente associados à capacidade de conversão da energia disponível na natureza em trabalho útil. A Fig. 1.1 ilustra, graficamente, o aumento exponencial do consumo diário de energia, para seis estágios evolutivos do desenvolvimento social humano. Figura 1.1. Consumo diário de energia, per capita, para sociedades em seis estágios de desenvolvimento humano. A área com hachura do Estágio VI corresponde ao consumo sob a forma de energia elétrica. Adaptado de: Cook., “The Flow of Energy in a Industrial Society”. Sc. Am., 224 (3), 1971. 5 O homem primitivo (no leste da África, há 1 milhão de anos) do Estágio I consumia apenas a energia dos alimentos ingeridos crus, representando cerca de 2 mil kcal/dia. O homem das palafitas e choupanas (na Europa, há 100 mil anos) do Estágio II, se alimentado mais e utilizando o fogo para cocção de alimentos e aquecimento ambiental, para consumir 5 mil kcal/dia. No Estágio III, das sociedades agrícolas primitivas, o uso de animais domésticos para alimentação e no trabalho de cultivo aumenta o consumo diário para 12 mil kcal. As sociedades agrícolas mais avançadas (no noroeste da Europa, no século XV) do Estágio IV, já se utilizando do carvão, de energia hidráulica, eólica e de animais domésticos para transporte, alcançam níveis de consumo da ordem de 26 mil kcal/dia per capita. No estágio V, por ocasião da revolução industrial de baixa tecnologia (Inglaterra, em 1875), o consumo do homem industrial passou a 77 mil kcal/dia. Finalmente, a atual revolução industrial de alta tecnologia levou o homem tecnológico do Estágio VI a consumir cerca de 230 mil kcal/dia (E.U.A. e, 1970). A utilização da energia depende de dois fatores: disponibilidade de potencial energético e capacidade tecnológica para convertê-lo em calor e trabalho. Todavia, a crescente expansão da necessidade humana de energia tem gerado difíceis problemas econômicos, sociais e ambientais, cujas soluções exigem consciente seleção de alternativas, através de processos políticos e mercadológicos. A projeção de nossas exigências energéticas para o novo milênio indica a necessidade de uma completa avaliação das opções disponíveis e cuidadoso planejamento de nossas futuras atividades. 1.2 Métodos de conversão de energia A energia interna dos combustíveisdisponíveis na Terra pode ser aproveitada quase que diretamente pelo homem, para aquecimento. Todavia, a obtenção de trabalho útil exige a presença de conversores de energia. Conforme ilustra a Fig. 1.2, a partir de uma forma qualquer de energia disponível, os conversores primários podem fornecer diretamente energia mecânica e elétrica. Também, a energia mecânica assim obtida poderá ser transformada em elétrica e vice-versa, através de um conversor secundário. Figura 1.2. Fases da conversão da energia disponível nas fontes naturais em trabalho útil. 6 Foram desenvolvidos cerca de 12 diferentes tipos de conversores de energia, a saber: eólicos: os moinhos e rodas de vento; hidráulicos: os monjolos, as rodas-d’água e as turbinas hidráulicas; de combustão externa: os motores e as turbinas a vapor; de combustão interna de êmbolos: os motores convencionais a gasolina, álcool e óleo diesel; turbinas de combustão interna: as turbinas a gás; de reação: motores dos foguetes; termonucleares: os reatores atômicos; pilhas de combustível: que convertem diretamente a energia química de gases em eletricidade; termossolar: que utiliza a radiação solar na obtenção de vapor para acionamento de turbinas; turbinas magnetodinâmicas: que convertem a energia contida em gases condutores superaquecidos diretamente em eletricidade; reator termonuclear: nos quais a eletricidade é obtida diretamento de uma reação termonuclear; pilhas solares: que convertem a radiação solar incidente, diretamente em energia elétrica. 1.2.1 Conversores eólicos e hidráulicos A Fig. 1.3 mostra, esquematicamente, alguns dos mais antigos conversores de energia construídos pelo homem. A energia do vento, isto é, o ar em movimento como fonte de energia potencial, foi descoberta provavelmente por acaso. A movimentação de embarcações, obtida pela conversão da energia potencial dos ventos em força de impulsão nos mastros das velas, constituiu a primeira utilização prática dessa forma natural de energia. Dispondo as velas em torno de uma roda, criou-se o moinho de vento. Os motores eólicos convertem a energia dos ventos diretamento em trabalho útil (bombeamento de água, moagem de grãos) ou, através de geradores, em energia elétrica. Os monjolos e rodas-d’água, precursores das atuais turbinas hidráulicas, convertem a energia potencial em cinétrica das quedas-d’água diretamento em trabalho útil. A conversão da energia hidráulica em energia elétrica é da mais alta importância para as regiões que contam com vasto potencial hidroenergético, como é o caso do Brasil e outros países da América do Sul. 7 Figura 1.3. Conversores de energia eólica e hidráulica. (I) Vela de embarcação. (II) Moinho de vento. (III) Roda-d’água. 1.2.2 Conversores térmicos de combustão externa e interna Os conversores térmicos de combustão externa ou interna são máquinas nas quais ocorrem a transformação da energia interna dos combustíveis em energia mecânica, através da conversão de parte do calor de combustão em trabalho útil. A queima dos combustíveis, sob determinadas condições especiais, resulta em calor e uma expansão gasosa, que gera pressão. Esta pressão, aplicada em certas partes móveis, gera movimento e, dessa forma, potência mecânica. Dependendo do local onde ocorre a combustão, fora ou dentro do próprio conversor, distinguem-se duas grandes categorias: de combustão externa; de combustão interna. Conversores de combustão externa. Nos conversores de combustão externa, a queima do combustível, que pode ser lenha, carvão ou óleo pesado, é feita visando a aquecer a água contida em recipientes, denominado caldeiras. O aquecimento da água se faz até convertê-la em vapor, e este, por estar contido num recipiente hermético, desenvolve pressão. O vapor sob pressão é conduzido por uma tubulação para um motor de êmbolo ou uma turbina, mostrados esquematicamente na Fig. 1.4, através dos quais se obtém potência mecânica. Conversores de combustão interna. Nos conversores de combustão interna, cujos tipos principais são mostrados esquematicamente na Fig. 1.5, a queima do combustível é feita no interior do motor. O combustível, geralmente um derivado do petróleo – gasolina, querosene ou óleo diesel – é introduzido numa câmara juntamente com ar, onde a mistura é comprimida e entra em ignição. A combustão explosiva dessa mistura, gerando uma elevação brusca de temperatura, resulta no desenvolvimento de altas pressões que, aplicadas sobre as partes móveis do motor, produzem movimento e liberação de potência mecânica. As partes móveis, que recebem diretamente a pressão dos gases resultantes da combustão, são denominados órgãos receptores. Quando esses órgãos são constituídos por cilindro e êmbolo, apresentando entre si movimento retilíneo alternativo, trata-se de uma máquina motora de combustão interna de êmbolos. Quando os receptores são rodas providas de palhetas, a máquina motora recebe o nome de turbina de combustão interna. Existem, todavia, certas máquinas motoras de combustão interna desprovidas de órgãos receptores, sendo a potência mecânica fornecida diretamente pela 8 reação dos gases, expelidos a altas velocidades da câmara de combustão – são os denominados motores a jato ou a reação. Figura 1.4. Os motores de combustão externa são acionados por vapor d’água sob pressão, produzido em caldeiras. (I) Motor de êmbolo a vapor. (II) Rotor de turbina a vapor. (III) Esquema dos componentes de uma instalação para geração de eletricidade utilizando conversor de combustão externa. 9 Figura 1.5. Diagrama esquemático dos principais componentes dos conversores de energia de combustão interna e de reação. No motor de êmbolos, uma mistura de ar + combustível entra em ignição; os gases em expansão agem sobre o êmbolo que, através do sistema biela-árvore de manivelas (ADM), desenvolve trabalho mecânico útil. Nos motores do ciclo Otto (a gasolina e a álcool), a ignição é feita através de uma vela (centelha elétrica), enquanto nos motores do ciclo Diesel a ignição se verifica pelo calor de compressão da mistura ar + combustível. As máquinas motoras de combustão interna de êmbolos, ou, simplesmente, motores de explosão, atualmente representam a principal fonte de potência para uso agrícola não estacionário. Em nosso país, por orientação do Governo Federal, todos os tratores agrícolas são obrigatoriamente equipados com motores diesel. Como uma das partes fundamentais dos tratores agrícolas é o motor, será dada ênfase especial às máquinas motoras de combustão interna de êmbolos, que utilizam como combustível o óleo diesel. Nas turbinas a gás, empregadas comumente em aviões a jato, a contínua expansão dos gases aquecidos, provenientes da câmara de combustão, agem sobre uma turbina que aciona um compressor de ar. A energia cinética do jato de gases expelidos da turbina fornece o empuxo necessário à propulsão do avião. Nos motores a reação, o jato de gases propulsores é gerado na câmara de reação, onde se verifica a mistura do combustível com um oxidante. Dessa forma, os motores a reação, ao contrário das turbinas a gás, para seu funcionamento independem da presença de um suprimento de ar, razão pela qual são empregados nos foguetes portadores de naves espaciais. 1.2.3 Conversores termonucleares A Fig. 1.6 mostra, esquematicamente, a constituição de conversores de energia nuclear em energia elétrica. Nos reatores usuais, a fissão do U-235 libera diretamente energia para produção de vapor; este, tal como nos conversores de combustão externa, aciona a turbina motora do gerador de eletricidade. Nos reatores de tipo especial (breeder reactor) os nêutrons excedentes são captados numa manta de U-238 ou Th-232 não físseis, que se transformam em Pu-239 e U-233, físseis; portanto, à medida que o reator trabalha, gera novas quantidades de combustível.O calor do reator, neste caso, é removido por meio de sódio líquido e, através de um permutador de calor, é transferido à caldeira. 10 Figura 1.6. Conversores de energia nuclear. A esquerda, esquema de um reator convencional e, à direita, um reator de tipo especial (breeder reactor), onde o calor é removido por sódio líquido e transferido à caldeira geradora de vapor. Fonte: Summers, C. M. “The Conversion of Energy”, Sc. Am., 224 (3), 1971. 1.2.4 Pilha de combustível, conversores termossolares, magnetodinâmico e reator termonuclear Alguns dos mais recentes conversores de energia são mostrados esquematicamente na Fig. 7. A pilha de combustível converte diretamente energia dos gases em eletricidade e sua aplicação em trator, feita experimentalmente, resultou na obtenção de cerca de 20 HP. A reação dos gases combustíveis tem lugar em eletrodos porosos, originando um fluxo de elétrons (corrente contínua) no circuito externo, com produção de água e dióxido de carbono. Os conversores termossolares captam a radiação solar em painéis, aquecendo sódio líquido. Um trocador de calor permite a obtenção de vapor para acionar a turbina de um gerador de eletricidade. No conversor magnetodinâmico, a energia de gases superaquecidos é convertida em eletricidade quando suas partículas, carregadas eletricamente, cortam o campo magnético de um ímã. Nos reatores termonucleares, os núcleos de elementos leves fundem-se com núcleos de elementos pesados liberando energia; as partículas de alta velocidade e carregadas eletricamente, produzidas pelo reator, podem ser coletadas de forma que geram diretamente energia elétrica. 11 Figura 1.7. Esquema de conversores de energia, recentemente desenvolvidos. Fonte: Summers, C. M. “The Conversion of Energy”, Sc. Am., 224 (3), 1971. 1.3 Fontes de potência para a agricultura Fontes de potência é uma designação genérica dada aos recursos energéticos e aos meios pelos quais é captada e transformada uma forma qualquer de energia em energia mecânica, visando a uma utilização específica. O estudo das várias formas de energia e das diversas máquinas motoras, utilizadas na sua conversão em energia mecânica, para acionamento de máquinas agrícolas, constitui o tema central deste trabalho. 1.3.1 Constituição geral das máquinas motoras Define-se máquina motora como sendo um conjunto de órgãos, constrangidos em seus movimentos por obstáculos fixos e de resistência suficiente para transmitir o efeito de forças e transformar energia. Elas são constituídas de órgãos receptores, transformadores, operadores, e reguladores. Receptores: são órgãos que recebem diretamente a energia, na forma original, e a transferem aos órgãos transformadores, sob a forma de movimento (exemplos: êmbolo, nos motores de combustão; rodas de palhetas, nos motores eólicos e nas turbinas). Transformadores: são órgãos que recebem a energia captada pelos órgãos receptores, na forma de movimento e transformam-na em energia mecânica, geralmente caracterizada por um binário e movimento rotativo (exemplos: mecanismo biela-manivela, nos motores de combustão, conversores e torque, nos tratores, etc.). Operadores: são órgãos que, recebendo energia mecânica dos transformadores, colocam-na em ação, para realizar trabalho mecânico (exemplo: tomada-de-potência e rodado, nos tratores; árvore motriz, nos motores). Reguladores: são órgãos que se destinam a regularizar o funcionamento das máquinas motoras, estabelecendo um equilíbrio entre o momento motor e o momento 12 resistente, para cada condição de sobrecarga; são representados pelo volante e pelo regulador centrífugo (também a vácuo, hidráulico, etc.). 1.3.2 Rendimento na conversão de energia Em qualquer processo de conversão de energia, sempre ocorrem perdas. Estas são expressas através da relação entre a quantidade de energia colocada à disposição do processo e aquela liberada pelo processo após a conversão, conforme ilustra o esquema abaixo: onde oE é a energia original, colocada à disposição do processo e mE a energia mecânica liberada pelo processo. A energia original é também denominada trabalho motor- m e a energia mecânica liberada, trabalho útil- u , logo: 100 m u o rendimento pode ser subdividido em 3, a saber: r rendimento do receptor; t rendimento do transformador; o rendimento do operador; logo, o esquema acima toma o seguinte aspecto: oE fonte de potência perdas (τm) (τu) o m E E 1 mE Eo receptor m r transformador m t operador m o Em u u u energia perdida energia perdida energia perdida 13 E, assim, o trabalho motor realizado em cada órgão responsável pelo processo de conversão, ao ser relacionado com o trabalho útil fornecido ao órgão seguinte, determina diferentes rendimentos. O rendimento global do processo é obtido pelo produto dos rendimentos parciais. Exemplos ilustrativos: a) Seja o caso de um motor de combustão interna energia interna do combustível calor atrito t = 30% m = 90% tm = (0,3 x 0,9) = 27% (rendimento térmico) (rendimento mecânico) (rendimento termomecânico) b) Seja o caso de um motor eólico energia do vento perdas aerodinâmicas atrito e = 42% m = 96% g = (0,42 x 0,96) = 40,3% (rendimento eólico) (rendimento mecânico) (rendimento global) 1.3.3 Tipos de fontes de potência para uso na agricultura As atividades de produção agrícola são também executadas às expensas da conversão de várias formas de energia em trabalho motor, através de diversos tipos de fontes de potência. Nos trabalhos agrícolas exigem-se dois tipos dessas fontes: móveis e estacionárias. As fontes de potência móveis caracterizam-se por desenvolver trabalho através de esforço tratório, como é o caso das operações de aradura, gradagem, semeadura, cultivo, transporte, etc. As fontes de potência estacionárias são utilizadas, principalmente, no bombeamento da água, na trilha, na moagem de grãos, no preparo de silagem, etc. Eo êmbolo t Árvore de manivelas m Em Eo roda de palhetas e Árvore motriz m Em 14 A utilização de máquinas que convertem a energia disponível na natureza, seja do vento, da água, do sol, dos combustíveis fósseis e outros, possibilitaram que o homem ampliasse sua capacidade de trabalho. Para a agricultura essa revolução ocasionada pelos conversores de energia permitiu que houvesse um aumento na produção de alimentos, suprindo assim necessidades crescentes de uma população em expansão e aliviando o homem de trabalho mais pesados. Atualmente a mecanização das atividades agropecuárias avança a cada instante e, praticamente todas as operações agrícolas são passíveis de se mecanizar. Há inúmeras possibilidades de aproveitamento da energia disponível na natureza, sendo que, para a agricultura as mais importantes são os conversores de energia eólica, hidráulica e elétrica, e os motores de combustão interna de êmbolos, permitindo ao agricultor a escolha dos equipamentos mais adequados às suas condições e necessidades. As máquinas caracterizadas como fontes de potência na agricultura são: os animais domésticos; conversores de energia eólica; conversores de energia hidráulica; conversores de energia elétrica; motores de combustão interna de êmbolos; tratores agrícolas; aeronave agrícola. Destas, somente os animais domésticos, motores de combustão interna de êmbolos (quando aplicados nos tratores) e as aeronaves agrícolas são empregados em trabalho de campo como fontes móveis de energia. A energia dos ventos, das quedas-d’água e elétrica, é utilizada em trabalhos estacionários. 1.4Noções elementares de mecânica Nos estudos das máquinas, motoras ou não, é de fundamental importância conhecimentos adequados de Mecânica. Essa palavra provém do grego mekhané que significa máquina, lembrando a etimologia do termo as origens e os primórdios dessa ciência. A Mecânica constitui um dos grandes ramos da Física, vocábulo também proveniente do grego physis e que significa natureza. Desde Aristóteles até o fim da Idade Média, a Física era a ciência da natureza e seu objeto eram as causas tanto “remotas” como “próximas” de todos os seres corpóreos. Com o passar do tempo, as causas remotas passaram ao domínio da Filosofia (Cosmologia, Antropologia, etc.) e as noções que advêm da observação do mundo material, ao domínio de dois grupos distintos: as Ciências Biológicas, que estudam os seres vivos, e as Ciências Físico-Químicas, que tratam das propriedades dos corpos inanimados. No início do século IX ocorreu a separação entre a Química e a Física, preocupando-se a primeira com as propriedades ligadas à constituição íntima dos corpos e a última com as propriedades gerais e as mudanças de estado. Além da Mecânica, outros ramos da Física são a Termologia (calor e suas aplicações), Acústica (teoria do som), Ótica (luz e fenômenos da visão), Eletricidade, Magnetismo, Física Quântica, etc. 1.4.1 Objetivos e subdivisões Mecânica é a parte da Física que estuda os movimentos, suas causas e seus efeitos. Os objetivos fundamentais da Mecânica são: 15 a) caracterizar o movimento de um corpo ou sistema de corpos, sob a ação de forças dadas; b) caracterizar as forças capazes de imprimir a um corpo ou sistema de corpos um dado movimento. Face a esses objetivos, pode-se verificar que no estudo da Mecânica deve-se recorrer a dois importantes ramos da Matemática: o Cálculo e a Geometria. O Cálculo, apoiado na noção de número, constitui o meio através do qual se consegue resolver duas categorias de problemas de Mecânica: a) o da taxa de variação de uma quantidade, por meio do Cálculo Diferencial, e b) o da determinação de uma função, quando se conhece a taxa de variação – através do Cálculo Integral. A Geometria, por outro lado, faz intervir a noção de espaço; através dela consideram-se pontos que descrevem linhas, linhas que descrevem superfícies, etc. De acordo com o enfoque dado ao estudo da Mecânica, ela recebe diferentes denominações: a) mecânica teórica: ciência puramente abstrata, que pode ser desenvolvida como um ramo da matemática aplicada; b) mecânica clássica ou newtoniana: teoria analítica da mecânica idealizada por Isaac Newton (1642-1727) e baseada em três suposições fundamentais, usualmente referidas como “leis de Newton”; c) mecânica racional: preocupa-se com os movimentos e causas sem considerar as propriedades da matéria, constituindo uma aplicação direta das análises algébricas e vetoriais; d) mecânica aplicada: quando focaliza as aplicações práticas, tais como a Resistência dos Materiais, a Balística, a Mecânica dos Fluídos, etc. e, inclusive, a Mecânica Agrícola. Por outro lado, o estudo de diferentes tipos de corpos conduz ao desenvolvimento de certos ramos especializados da Mecânica Aplicada que passam a receber designações particulares, tais como Mecânica dos Sólidos, Mecânica dos Corpos Plásticos, Mecânica dos Fluídos, etc. A base de todas essas matérias, entretanto, é a Mecânica Analítica, fundada na teoria desenvolvida por Newton e que, para fins didáticos, se subdivide em: a) Estática, b) Cinemática, e c) Dinâmica. Estática: o termo estática provém do grego statos que significa parado. A etimologia do termo bem caracteriza seu objetivo: o estudo das forças paradas, independentemente dos movimentos. A Estática Elementar estuda as leis de composição de forças e as condições de equilíbrio de corpos materiais sob a ação de forças. As reações de contato entre corpos, sejam eles sólidos ou líquidos, apresentam normalmente componentes tangentes as superfícies de contato, genericamente denominadas forças de atrito. A caracterização dessas forças é um dos problemas mais complexos da Mecânica Aplicada, em virtude do grande número de fatores que nelas intervêm. Os problemas de atrito entre um sólido e um líquido ou entre partes de um fluído, levam ao estudo das Resistências Passivas, da Lubrificação, da Mecânica dos Fluídos e da Hidráulica. Cinemática: é o ramo da Mecânica que estuda as leis do movimento, com o único objetivo de descrevê-las, sem cogitar de suas causas ou de seus efeitos. Etimologicamente se origina da palavra grega que significa movimento. Nela se estudam as propriedades geométricas dos movimentos, em suas relações com o tempo. Assim, a Cinemática advém da Geometria, com a introdução da noção de tempo, daí alguns autores denominarem-na Geometria do Movimento. Nela se estudam as variações das distâncias dos pontos móveis a um sistema de referência, em função do tempo, e os conceitos básicos de trajetória, velocidade, e aceleração do ponto material e os de movimentos dos sólidos. 16 Dinâmica: estuda as forças e os movimentos, isto é, estuda o estado de um corpo, ou sistema de corpos, que se movimenta sob a ação de forças. É através da Dinâmica que se desenvolvem os conceitos de massa, de energia, de trabalho e de potência. De acordo com a conceituação de Mecânica e seus objetivos, a Mecânica se confunde com a Dinâmica, sendo a Cinemática um ramo auxiliar e a Estática, um caso particular. No estudo da Mecânica, o Cálculo e a Geometria são empregados como linguagem para exprimir as leis que regem os fenômenos mecânicos, em termos matemáticos precisos, e como instrumento para estudar as conseqüências de tais leis. Dessas considerações conclui-se que conhecimentos elementares de Física e Matemática constituem importantes pré-requisitos ao bom aproveitamento do conteúdo desta apostila. 1.4.2 Força, trabalho, energia e potência A compreensão de certos conceitos e grandezas físicas constitui importante pré- requisito ao estudo das fontes de potência utilizadas na Agricultura. A seguir será feita uma revisão dos conceitos elementares de força, trabalho, energia e de potência. Força. É geralmente definida como a ação que um corpo exerce sobre outro, tendendo a mudar ou modificar seus movimentos, posições, tamanho ou forma. Quando um corpo se movimenta, pára ou se deforma, a causa é uma força. Assim, o conceito de força é compreendido pela manifestação de seus efeitos. Dada à impossibilidade de se descobrir a verdadeira causa dos fenômenos físicos, esta é substituída por outra casa fictícia, chamada “força” e capaz de produzir os mesmos efeitos. Força é uma grandeza vetorial, isto é, grandeza cujo valor se caracteriza não apenas por um número, mas também por uma direção e um sentido. Assim, para representar as forças adotou-se um ente geométrico denominado vetor e que é representado por uma seta e simbolizado por uma letra com uma pequena seta acima: Vetor F = FF Como no estudo da Mecânica necessita-se continuamente de certas noções sobre vetores, sugerimos aos estudantes leitura complementar sobre essa matéria. Como relatado anteriormente, o estudo das leis de composição de forças e das condições de equilíbrio é objeto da Estática. A grandeza das forças, ou seja, o poder de produzir maior ou menor efeito denomina-se intensidade. A medida dinâmica das forças é expressa por: mF onde m = massa do corpo; = aceleração comunicada ao corpo. Assim, a equação que define força é a equação fundamental da dinâmica: força = massa x aceleração 17 A medida da intensidade das forças é feita por meio de dinamômetros e aos estudos de mensuração de forças dá-se o nome de dinamometria. Em dinamometria, são empregadas as seguintes unidades: Sistema de unidades Nome e símbolo Descrição CGS Dina ou dine (dyn) é a força que, atuando sobre a massa de um grama, comunica-lhe a aceleração deum centímetro por segundo ao quadrado: 1 d = 1 g x 1 cm/s2 MKS absoluto Newton (N) é a força que, atuando sobre a massa de um quilograma, comunica-lhe a aceleração de um metro por segundo ao quadrado: 1 N = 1 kg x 1 m/s2 MKS técnico ou gravitacional quilograma-força (kg ou kgf) é a força que, atuando sobre a massa de um quilograma, comunica-lhe a aceleração de 9,81 metros por segundo ao quadrado: 1 kgf = 1 kg x 9,81 m/s2 Conversão de unidades 1 N = 105 dinas Sistema britânico: 1 kgf = 9,81 N 1 lbf = 32,2 poundal 1 kgf = 2,2 lbf Trabalho. O conceito de trabalho, do ponto de vista físico, sob certos aspectos, coincide com aquele das atividades cotidianas do homem. Em muitos casos a idéia de trabalho está associada a um movimento e a força. Em Física, toda vez que uma força atua sobre um corpo, produzindo movimento, dizemos que foi realizado um trabalho. Uma pessoa, sustentando um objeto pesado a certa altura não realiza trabalho – apenas desenvolve uma força contrária àquela da gravidade para sustentar o objeto. É nesse ponto, portanto, que existe uma nítida diferença entre o significado comumente dado ao trabalho e o conceito físico do termo. Em Mecânica, toda vez que uma força atua sobre um corpo, produzindo movimento, diz-se que um trabalho foi realizado. A equação que define trabalho é a seguinte: trabalho = força x deslocamento x cos sendo o ângulo formado pela força com a direção do deslocamento. Quando = 0, cos = 1, logo, a expressão acima toma a forma: trabalho = força x deslocamento 18 As unidades utilizadas para expressar trabalho são as seguintes: Sistema de unidades Nome e símbolo Descrição CGS Erg (-) trabalho realizado pela força de um dina deslocando seu ponto de aplicação de um centímetro, ao longo de sua própria direção e sentido: 1 erg = 1 dyn x 1 cm MKS absoluto joule (J) trabalho realizado pela força de um newton deslocando seu ponto de aplicação de um metro, ao longo de sua própria direção: 1 J = 1 N x 1 m MKS técnico ou gravitacional quilogrâmetro (kgm ou kgf.m) trabalho realizado pela força de 1 kgf deslocando seu ponto de aplicação de 1 metro, na própria direção e sentido: 1 kgf.m = 1 kgf x 1 m Conversão de unidades 1 J = 107 erg 1 J = 102 x 10-3 kgf.m 1 kgf = 9,81 J Torque. É um momento, conjugado ou binário, que tende a produzir ou que produz rotação; é o produto de uma força por um raio comumente denominado braço de torque. Desta maneira, não se pode falar em unidade de torque, uma vez que não constitui uma grandeza física isolada, mas um produto de duas grandezas, cada uma com sua respectiva unidade. O sentido físico do conceito de torque é mostrado, sob diversas aplicações práticas, na Fig. 1.10. Por exemplo, considerando-se a Fig. 1.10 I, a força tangencial de 150 N desenvolvida pelo esforço muscular aplicado no cabo da chave a 400 mm de sua boca, equivalente ao torque M de: M = 150 (N) x 40 (cm) = 6.000 cm . N Sabendo-se que a porca apresenta um diâmetro externo médio de 30 mm, a força tangencial F, aplicada pela chave nas faces da porca, será: N cm Ncm F 000.4 5,1 . 000.6 Assim, uma força tangencial de 150 N, desenvolvida por esforço muscular, é convertida em 4.000 N, devido à diferença de comprimento do braço de torque, de 400 mm para 15 mm. Igualmente, na Fig. 1.10 III, a força tangencial de 2.000 N aplicada pela biela ao moente da manivela, determina um torque na árvore de manivelas da ordem de: 19 M = 2.000 (N) x 0,1 (m) M = 200 m . N As relações que definem a multiplicação ou redução de torque, devidas às diferenças nos comprimentos dos raios r1 e r2 de engrenagens, são mostradas na Fig. 1.10 IV. A mensuração do torque consiste, basicamente, em determinar-se a intensidade de uma força que, atuando na extremidade de um braço, tende a produzir ou produz movimento de rotação. Quando o movimento de rotação é limitado, como no caso de porcas e parafusos, essa mensuração é feita através da chave torquimétrica mostrada na Fig. 1.10 II. No caso de movimento rotativo contínuo, como acontece nos motores, o torque é medido através de dinamômetros de absorção ou freios dinamométricos. O torque dos motores é expresso, comumente, em termos de metro x quilograma- força ou m.kgf. É importante observar-se a ordem de apresentação das unidades: primeiro m (metro) e depois kfg, ou seja, m.kgf. Isto, para não haver possibilidade de confusão com a unidade de trabalho kgm – quilogrâmetro. Energia. Mesmo sem conhecer sua definição ou conceito, sempre se tem alguma idéia do que seja a energia. A idéia está intimamente ligada à de trabalho: uma mola comprida possui energia porque, ao voltar a posição natural, executa trabalho; a pólvora possui energia por ser capaz de produzir trabalho, ao ser deflagrada; a água em movimento possui energia, também por ser capaz de realizar trabalho; e assim por diante. Como se observa, a primeira idéia que se faz da energia é a de trabalho armazenado. O conceito de energia tem passado por metamorfoses à medida que se desenvolvem novos ramos do saber. Na mecânica newtoniana, o conceito de energia vincula-se apenas à capacidade de movimentar os corpos; no século XIX tornou-se o princípio edificador de três novas ciências: Termodinâmica, Química Quantitativa e Eletromagnetismo; no século XX, voltou novamente a ocupar importante papel nas teorias da relatividade de Einstein e do quantum de Plank. A equação de Einstein E = m . c2, identificando energia com massa e velocidade da luz, imprimiu notável impulso ao conhecimento do universo astronômico. Idêntico papel desempenhou, sobre o conhecimento do universo subatômico, a equação de Plank E = h . , restringindo a energia portada por uma radiação ao produto de uma constante h, constante de Plank, por sua freqüência . 20 Figura 1.10. Sentido físico do conceito de torque. (I) Torque aplicado por uma chave manual numa porca. (II) Chave torquimétrica para aperto dos parafusos do cabeçote de motores. (III) Torque desenvolvido na árvore de manivelas devido à força aplicada pela biela no moente da manivela. Multiplicação ou redução de torque através de engrenagens com tamanhos diferentes. (Fonte: Sussmann, Winfried et al., Fachkunde fur Landmaschinenmechanik; 5a ed., Stuttgart: Klett, 1975.) A energia é comumente definida como a “capacidade de produzir trabalho”. Como nem sempre é possível obter-se trabalho a partir de uma forma qualquer de energia, o termo “capacidade” torna-se um tanto confuso. Assim, energia deve ser considerada como aquilo que se reduz em proporção e à medida que o trabalho estiver sendo realizado. Logo, a unidade pela qual se mede a energia deverá ser a mesma adotada para o trabalho, isto é, joule – J, quilogrâmetro – kgm, foot-pound – ft – lb, e outras2. A energia pode se manifestar de várias maneiras, ou, em outras palavras, existem muitas formas de energia. De fácil percepção, evidentemente, são aquelas que podem ser transformadas diretamente em trabalho mecânico. Comumente são consideradas duas formas de energia: a) energia potencial, de posição ou estado, e (b) energia cinética ou de movimento. O exemplo mais simples de energia potencial é aquele de um corpo localizado numa certa altura da superfície do solo. Por exemplo, um peso (massa) de 20 2 Em Física Nuclear utiliza-se uma unidade relativamente bem menor, o elétron-volt – EV. Posteriormente, verificar-se- á que as unidades comumente usadas para expressar energia – kw-h, cv-h, etc., derivam de unidades de potência e foram consagradas pelo uso. 21 kg suspenso através de uma corda e roldana a 5 metros do solo, como ilustra a Fig. 1.11 I, será capaz de elevar na mesma altura um outro peso de quase 20 kgf (vetor-força), realizando um trabalho útil de aproximadamente 100 kgm. Não levando-se emconta o trabalho realizado para vencer o atrito na roldana, pode-se afirmar que o trabalho realizado pelo peso em movimento descendente é de 100 kgm. Portanto, quando o peso se acha na posição mais elevada, têm-se disponíveis 100 kgm de energia a mais do que quando ele ocupa a posição mais baixa, calculada de acordo com a seguinte equação: Ep = P . h (2) O termo “potencial”, designativo dessa forma de energia, não implica que ela não seja real; ela existe em potencialidade apenas no sentido de que se encontra armazenada, em alguma forma latente. Um pedaço de carvão tem energia potencial – se for queimado liberará energia para realização de trabalho; quando se dá corda a um relógio, ele adquire energia potencial – sua mola, ao desenrolar-se lentamente, fornece energia para seu funcionamento; a água represada tem energia potencial – deixando-a escoar, a força da correnteza pode movimentar uma turbina. Figura 1.11. Energia potencial e energia cinética Com relação à energia cinética, seu exemplo mais simples é a do martelo de carpinteiro. Quando repousa sobre um prego, não tem energia suficiente para realizar o trabalho útil de fazê-lo penetrar na madeira, como ilustra a Fig. 1.11 II. Movimentando-o com certa velocidade, ele adquire a energia necessária para isso (Fig. 1.11 III). Se for bastante pesado – de maior massa – basta movimenta-lo com pequena velocidade, mas se for leve – de pouca massa – é necessário imprimir-lhe maior velocidade. A essa energia adquirida por um corpo em movimento, que depende de sua massa e velocidade, dá-se o nome de energia cinética ou de movimento. É expressa pela equação: 2 . 2vm Ec (3) onde Ec = energia cinética, em J; m = massa do corpo, em kg; e v = velocidade, em m/s. Considerando-se o peso P do corpo, a equação (3) fica: 22 96,1 . 8,92 . 22 vPvP Ec (4) sendo a Ec expressa em kgm, P em kgf e v em m/s. Todo trabalho é realizado por meio de transformações da energia, de uma forma para outra. Por exemplo, quando se dá partida num trator, a energia potencial da bateria – química – se transforma em energia elétrica; esta, no motor de arranque, transforma-se em energia cinética, movimentando o motor diesel. O óleo diesel, ao ser injetado na câmara de combustão, transforma sua energia potencial – química – em energia cinética, pela movimentação dos êmbolos, árvore de manivelas e demais partes componentes do motor, fazendo-o entrar em funcionamento. Parte dessa energia se aplica na movimentação do gerador, onde se transforma em energia elétrica que vai ter à bateria e, assim, esta se carrega novamente com energia potencial-química. No caso dos combustíveis, todavia, designa-se sua energia potencial como energia interna. O calor como uma forma de energia. Foi Joule3 quem demonstrou conclusivamente, através de trabalhos experimentais, que calor e energia são de mesma natureza e que todas as outras formas de energia podem ser transformadas numa quantidade equivalente de calor. A quantidade de energia que, se completamente convertida em calor, é capaz de elevar a temperatura de uma unidade de massa de água, de 0o C para 1o C, é denominada equivalente mecânico do calor. Os métodos mais recentes e precisos de determinação do equivalente mecânico do calor revelam que para se elevar de 1o C a temperatura de 1 kg de água, é necessário converter completamente em calor uma quantidade de energia equivalente a 427 kgm. O calor como uma forma de energia é coisa intangível, de maneira que não pode ser medida por uma unidade conservada em depósito, num laboratório de padrões. Assim, a quantidade de calor em jogo num dado fenômeno é medida por alguma variação que o acompanha – a elevação da temperatura de uma massa de água. Atualmente existem três unidades comumente usadas: a) a caloria – cal, b) a quilocia – kcal, e c) o BTU, abreviatura de “British Thermal Unit”. A caloria é definida como a quantidade de calor que deve ser fornecida a um grama de água para elevar sua temperatura de 1o C, convencionalmente de 14,5 a 15,5o C. A quilocaloria equivale a 1.000 cal. O BTU é a quantidade de calor que precisa ser fornecida a uma libra – 0,454 kg – de água, para elevar sua temperatura de 1 grau Fahrenheit (1oF = 5/9oC). A correspondência entre essas unidades é: 1 kcal = 1.000,00 cal 1 BTU = 252,00 cal 1 cal = 0,3968 BTU Assim sendo, o equivalente mecânico do calor pode ser expresso como 427 kgm/kcal ou, em unidades inglesas, 778 foot-pound/BTU. As máquinas motoras térmicas, isto é, os motores a vapor, os motores a gasolina e diesel, álcool, etc., caracterizam-se por converterem a energia interna dos combustíveis em trabalho mecânico. Nesse processo ocorre uma transmissão de energia, por meios não mecânicos, denominada escoamento de calor, e o desenvolvimento de uma força que 3 James Prescott Joule, físico inglês, nascido em 1818, que em 1843 anunciou ter encontrado experimentalmente pela primeira vez o valor do equivalente mecânico do calor. 23 efetua um deslocamento, produzindo trabalho. O estudo desses fenômenos que envolvem escoamento de calor associados à execução de trabalho mecânico constitui objeto de análise da Termodinâmica. Assim, para considerações pormenorizadas e em nível mais avançado sobre o funcionamento dos motores térmicos, torna-se necessário conhecer os conceitos, leis, princípios e fundamentos da Termodinâmica. Num motor ideal, a quantidade total de calor fornecida pelo combustível seria convertida integralmente em trabalho útil, cujo valor numérico se obtém através do equivalente mecânico do calor, já definido anteriormente. A quantidade total de calor Qt colocada à disposição de um motor é obtida a partir da quantidade total de combustível gasto e de seu respectivo calor de combustão. Define-se calor de combustão, também denominado poder calorífico, de uma substância como a quantidade de calor liberada por unidade de massa, ou por unidade de volume, quando se queima completamente a substância. A caracterização das várias fases do processo de conversão da energia interna do combustível em trabalho útil resulta no balanço energético do motor, isto é, na comparação das energias colocadas à sua disposição, transformadas em trabalho útil e perdidas sob a forma de trabalho ou não. Dessa comparação resulta o que se denomina rendimento do motor, representado comumente pela letra grega . O rendimento térmico (t) de um motor é expresso por: 100 t u t Q Q onde Qu representa a quantidade de calor correspondente ao trabalho útil desenvolvido pelo motor e obtida através do equivalente mecânico do calor; Qt é a quantidade total de calor fornecida pelo combustível. Potência. Em nenhuma das considerações feitas até aqui se mencionou o fator tempo. Isso porque o elemento tempo não entra, do ponto de vista da Física, na conceituação de trabalho; realiza-se o mesmo trabalho mecânico ao elevar-se um corpo a uma dada altura em um segundo, em uma hora ou em um ano. Igualmente, o trabalho mecânico requerido para arar, gradear, semear, cultivar, etc. um dado terreno agrícola será o mesmo, independentemente do tempo que se demore em executá-lo. Todavia, dada a periodicidade das condições climáticas e das fases de desenvolvimento das plantas cultivadas, o tempo é um fator importantíssimo nos trabalhos agrícolas. Não apenas a quantidade total de trabalho mecânico requerido, mas também a rapidez com que for realizado é da mais alta significância na execução das operações agrícolas. A quantidade de trabalho realizada por uma máquina motora na unidade de tempo denomina-se potência do motor. Embora a potência seja comumente designada por força, como na expressão vulgar: “a força do motor”, na realidade a força é apenas um de seus componentes. Para se determinar a potência desenvolvida na barra de tração do trator ou aquelarequerida para tracionar uma plantadora, três elementos devem ser conhecidos: a força de tração, a distância percorrida e o tempo durante o qual a força agiu em seu percurso. Assim, a potência é definida pela seguinte relação: Tempo Trabalho Potência 24 Como trabalho é o produto da força pelo espaço, a relação acima poderá tomar a seguinte forma: Tempo EspaçoForça Potência e, ainda, sabendo-se que a relação entre o espaço e o tempo é denominada velocidade, a potência poderá também ser expressa: VelocidadeForçaPotência Como a potência é uma relação entre trabalho e tempo, as unidades de potência relacionam-se diretamente com as unidades adotadas para exprimir essas grandezas. As unidades de potência são: Sistema de unidades Nome e símbolo Descrição CGS Erg/segundo (erg/s) potência de uma máquina que produz o trabalho de um erg por segundo: s e se 1 1 /1 MKS absoluto ou SI watt (W) potência de uma máquina que produz o trabalho de um joule por segundo: s J W 1 1 1 MKS técnico ou gravitacional quilogrâmetro por segundo (kgm/s) potência de uma máquina que produz trabalho de 1 kgm por segundo: s kgm skgm 1 1 /1 Unidade prática (métrica) cavalo-vapor (cv) potência de uma máquina que produz trabalho de 75 kgm por segundo: s kgm cv 1 75 1 Unidade prática (britânica) horse-power (hp) potência de uma máquina que produz trabalho de 33.000 ft-lb por minuto ou 550 ft-lb por segundo: min1 000.331 lbft hp s lbft hp 1 550 1 Na prática as unidades de potência do sistema CGS são pouco conhecidas; usualmente a potência é expressa em termos de hp – horse power, cv – cavalo-vapor e W – watt. Geralmente as duas primeiras unidades são empregadas no âmbito da Mecânica Técnica, enquanto as duas últimas em Eletrotécnica. Porém, é um engano supor que o 25 watt tenha algo de essencialmente elétrico; na realidade, a potência elétrica é comumente expressa em W, mas nada impede que se exprima em potência requerida por uma lâmpada em hp e aquela desenvolvida por um trator em W. No sistema internacional de unidades, e considerado legal no Brasil através do Decreto no 63.233 de 12/9/1968, a unidade de potência é o watt: skgm s joule watt /102,0 1 1 1 Um múltipo dessa unidade, frequentemente usado, é o quilowatt: skgmWkW /102000.11 Comparando-se essa unidade de potência com o hp e cv, obtemos as seguintes relações: 1 cv = 735,7 W 1 hp = 745,5 W 1 W = 0,00136 cv 1 W = 0,00134 hp 1 kW = 1,36 cv 1 kW = 1,34 hp Rendimento. Relação entre energia fornecida e energia consumida. Para homens ou animais de tração é a relação entre a energia consumida nos alimentos e a energia fornecida nos trabalhos. Para os motores de explosão, é a razão entre a energia calorífica química disponível no combustível consumido e a energia mecânica fornecida. Nos motores elétricos é a razão entre a energia elétrica consumida e a energia mecânica fornecida. A diferença entre esses dois valores caracteriza a eficiência da transformação de uma forma para outra. A seguir, os rendimentos aproximados de alguns transformadores de energia. trabalhono fornecida energia de 0,10 a 09,0 trabalhosnos Energia Alimentos dos Energia Bovinos trabalhono fornecida energia de 0,12 a 10,0 trabalhosnos Energia Alimentos dos Energia Equinos trabalhono fornecida energia de 12,0 trabalhosnos Energia Alimentos dos Energia Homens Motores a gasolina = 0,25 de energia mecânica Motores a diesel = 0,35 de energia mecânica Motores elétricos = 0,60 de energia mecânica 26 Energia Humana. O homem produz um trabalho de 7 a 10 kgm/s, variando desde 5 kg a 1,1 m/s, com uma alavanca de mão, até 64 kg (peso de um homem leve) a 0,15 m/s. Trabalhando de modo contínuo desenvolve quase 0,1 cv. A potência média desenvolvida por um homem é mais ou menos a décima parte do seu próprio peso. A associação de vários homens num mesmo trabalho diminui a eficiência de cada um. Exemplo de diminuição da eficiência: 20 homens têm potência de 1 HP e não 2 HP. 27 Capítulo 2 2.1 Mecanização Agrícola Uso de máquinas, implementos e ferramentas com a finalidade de executar as operações agropecuárias. Inclui todos os trabalhos de agricultura e pecuária, como o manejo de solo e culturas, a colheita, o processamento da colheita e as operações de pecuária (tais como a ordenha mecânica e o preparo de forragens). - Máquinas: Conjunto de peças organicamente articuladas para transmitir e/ou transformar energia (usa TDP). - Implementos: Conjunto de peças que transmite o efeito das forças (não usa TDP). - Ferramentas: Implemento em sua forma mais simples, constituindo a parte ativa do implemento ou máquina. 2.2 Formas de Mecanização O fornecimento de enxadas, enxadões e foices ao homem da Amazônia, que só conhece o facão como ferramenta, não deixaria de ser um tipo de mecanização, já que aumentaria sua capacidade de trabalho. O desenvolvimento de tecnologias adaptadas, por meio da construção de pequenas máquinas, visa atender às necessidades do pequeno e do micro produtor, sendo perfeitamente válido para nossas condições. O emprego de animais para realizar serviços agrícolas é menos eficiente se comparado com o resultado obtido com máquinas agrícolas acopladas a tratores, quando as condições do terreno e o tamanho da propriedade forem favoráveis a seu uso. Os tratores apresentam rendimento bem superior ao dos animais, podendo ser empregados em serviços de maior duração sem necessidade de intervalos periódicos para descanso. Para a exploração de grandes áreas é recomendável o uso de tratores, porque eles, podendo realizar trabalho equivalente ao de muitos animais, poupam a terra, que pode ser utilizada para alimentação e pasto, e também mão-de-obra, necessária para o manejo de animais. A mecanização da propriedade agrícola pode processar-se em diversos níveis: Nível de mecanização inicial ou nível zero: M0 Denominado grau da forma original de trabalho, consiste em operações que o homem executa sem auxílio de qualquer máquina, ferramenta ou implemento. Exemplo: arranquio manual da mandioca, transporte de fardos de feno etc. Nesses casos, o esforço do homem em relação ao rendimento do trabalho é grande e a produtividade, pequena. Primeiro nível de mecanização: M1 Denominado primário, caracteriza os trabalhos que o homem executa com a ajuda de ferramentas ou máquinas de acionamento manual: abrir buracos com enxadão, cortar arroz com foice, transportar fardos com carrinho manual etc. O esforço do homem é grande e a produção, baixa. 28 Segundo nível de mecanização: M2 Denominado animal, são os trabalhos executados com a ajuda de implementos, máquinas ou ferramentas, cuja força motriz provém de um animal. Exemplo: transporte com carroça, arado de tração animal etc. Nesse caso, mesmo que o esforço do animal seja grande, a produtividade continuará baixa. Terceiro nível de mecanização: M3 Denominado mecanização preliminar, caracteriza os trabalhos executados com a ajuda de equipamentos ou máquinas, cuja força motriz é feita por motores, mas que são tracionados pela força animal. Exemplo: pulverizador a motor deslocado no lombo de um animal. Nesse caso, o homem só direciona o animal, sendo o esforço inferior ao dos casos anteriores. O rendimento do trabalho também é maior do que os anteriores, graças ao emprego parcial de motor de combustão interna. Quarto nível de mecanização: M4 Denominado motorização, inclui os trabalhos em que se utiliza o trator, ao qual podem ser acoplados diversos implementos, sendo que o homem apenas conduz o conjunto. A produtividade é superior a todos os casos anteriores. Quinto nível de mecanização: M5 Denominado automatização, compreende os trabalhos realizados por máquinas, cujo acionamentoé feito por motor combinado com dispositivos automáticos. Não exigem constantemente intervenção do homem. Como exemplo, temos os secadores automáticos de grãos, ordenhadeiras automáticas para tirar leite de vacas e conjuntos que fazem abastecimento automático de água. O homem apenas supervisiona o trabalho, pondo as instalações em funcionamento, fazendo as regulagens necessárias etc. 29 Capítulo 3 Animais domésticos como fontes de potência Nos dias atuais, quando já ultrapassamos a Era Industrial e adentramos a chamada Era Tecnológica, os animais domésticos podem parecer, a muitos, simples reminiscências de um passado pioneiro. Algumas das principais razões para que esse conceito se generaliza são a acelerada evolução por que tem passado a agricultura de várias regiões de nosso país, a crescente expansão da indústria nacional de motores, tratores e máquinas, o constante declínio na oferta de mão-de-obra na zona rural e a tendência de adotar a tratorização como índice de desenvolvimento. No Brasil, dadas suas dimensões continentais, existem regiões com os mais variados níveis tecnológicos e situações sócio-econômicas típicas, para as quais a tração animal e a tratorização representam, respectivamente, fases primária e avançada de um processo de mecanização agrícola em evolução. Em nosso país, os animais domésticos, como fonte exclusiva de potência, são mais utilizados em regiões onde os agricultores apresentam pequeno poder aquisitivo, devido às reduzidas dimensões de suas propriedades ou à baixa renda de suas culturas. Os animais são também recomendados para zonas de topografia acidentada ou aquelas em que, por falta de estradas, apenas a tração animal pode ser utilizada como meio de transporte. É notório o fato histórico de que os países onde a etapa de tratorização se efetivou com absoluto sucesso são exatamente aqueles onde, anteriormente, o emprego da força animal havia se consolidado em bases técnicas racionais. 3.1 Formas de utilização São duas as formas básicas de utilização dos animais domésticos como fontes de potência: para desenvolver esforço tratório: tracionando máquinas e implementos para transporte de cargas no dorso. Os animais domésticos não se adaptam bem ao fornecimento de potência para fins estacionários. Antes da introdução dos motores de combustão, os equinos e muares e, em menor grau, bovinos e outros animais, foram bastante usados para acionar certas máquinas estacionárias através de atafonas e esteiras rolantes, acionar moinhos, máquinas de bombeamento, etc. Atualmente, usam-se animais para acionar moendas de cana e máquinas de olarias. A atafona, constitui-se de um varal, tendo uma das extremidades fixa um mecanismo de coroa-pinhão e, na outra, são atrelados os animais. O varal descreve um movimento circular, convertendo a força de tração dos animais, aplicada na sua extremidade em torque numa árvore motriz. Tração de máquinas e implementos. A mais usual, entre todas as formas de utilização dos animais na agricultura. A aptidão dos animais domésticos para tração depende da espécie, da raça, do peso vivo e conformação geral de seus corpos, bem como da velocidade e tempo de trabalho contínuo. De forma geral, os bovinos desenvolvem maior esforço tratório a baixas velocidades, enquanto os equinos e muares trabalham a velocidades médias maiores, porém desenvolvendo menor força de tração. 30 Para uma mesma espécie, raça, peso vivo, etc. a capacidade em desenvolver esforço tratório é afetada pela alimentação e pela forma de atrelamento. Transporte de cargas no dorso. A capacidade de transporte de cargas no dorso varia com o peso vivo, segundo a espécie, da seguinte forma: Espécie Capacidade de carga em % do peso vivo Distância percorrida em km/dia Eqüinos 45 – 50 25 – 30 Muares 55 – 60 30 – 35 Asininos 60 – 65 35 – 40 Para distâncias relativamente curtas, todavia, a capacidade de transporte no dorso pode exceder, em muito, aqueles valores. Em estudos de transporte de cana-de-açúcar, realizados em região declivosa do Nordeste Brasileiro foram levantados os dados constantes da Tabela a seguir. Capacidade de transporte de cana-de-açúcar no dorso de muares, em cangalhas1, nas regiões declivosas do Estado de Pernambuco (Relatório Técnico CONOR – PLANALSUCAR/IAA, 1978). Faixa de variação dos dados observados (7 determinações) Local dos Ensaios Declividade do terreno Carga (kg) Distância (m) Tempo (s) Fluxo de transporte (t.km/h) Usina Aliança 30% 317 - 390 122-335 604-778 0,23 - 0,56 Usina Cucaú 36% 26 - 322 67-486 479-1263 0,12 - 0,43 Usina Trapiche 44% 251 - 348 56 – 180 358 – 853 0,11 – 0,26 Usina Pedrosa 46% 220 – 329 249 – 632 841 – 1565 0,25 – 0,55 O fluxo de transporte Ft é obtido através da seguinte relação: t dc Ft onde: c = carga transportada em cada ciclo, em toneladas; d = distância total percorrida no ciclo (ida e volta), em quilômetros; t = tempo total do ciclo (carregamento, ida, descarregamento, volta), em horas. Por exemplo, um fluxo de transporte de 0,25 t.km/h indica que o sistema (animal + cangalha + homem), operando sob determinadas condições, é capaz de transportar 250 kg, na distância de 1 km, no tempo de 1 hora. 1 Armação de madeira ou de ferro em que se sustenta e equilibra a carga dos animais, metade para um lado delas, metade para o outro; cangalha. 31 3.2 Capacidade de trabalho em tração A capacidade para desenvolver esforço tratório relaciona-se com o peso vivo, com a velocidade de caminhamento e com a espécie dos animais. Na velocidade de 0,8 a 1,0 m/s (2,9 – 3,6 km/h), eqüinos e muares desenvolvem a máxima capacidade de trabalho (kgm/dia) na jornada. Nessa velocidade, o esforço tratório desenvolvido varia de 1/8 a 1/10 do peso vivo. Todavia, essas características de desempenho poderão atingir níveis de até 50% mais elevados, sob condições especiais. Assim, em ensaios realizados pela Divisão de Mecanização Agrícola, da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, com parelhas de animais em pista de terra compactada de 100 metros de comprimento, obtiveram os seguintes resultados: Raça Peso vivo da parelha (kg) Força de tração média (kgf) Relação peso vivo/força de tração Velocidade média (km/h) Potência média (cv) Eqüinos mestiço bretão pesado 1080 208 1:0,19 5,4 4,2 mestiço bretão leve 860 166 1:0,19 5,4 3,3 Muares mestiço bretão 830 195 1:0,23 4,1 3,0 nacional 700 188 1:0,27 5,0 3,5 Boi Caracu 1130 215 1:0,19 5,1 4,0 Fonte: Boletim da Divisão de Mecanização Agrícola, DEMA, Secr. Agr. Est. São Paulo. 1957-58. Conforme se verifica, o máximo esforço tratório observado nesses ensaios variou, aproximadamente, entre1/4 e 1/5 do peso vivo da parelha. A escolha dos animais muitas vezes é limitada pela disponibilidade dos mesmos na região. A aptidão dos animais domésticos para tração depende da espécie, da raça e do próprio animal. Descrevemos, a seguir, as vantagens e desvantagens de cada um destes critérios de escolha: 3.3 Escolha de animais em função da espécie Equinos (cavalos) Vantagens o Animal manso, fiel ao seu dono; o Adestramento fácil para diversos tipos de trabalhos; o Animal “inteligente”, apto para trabalhos de precisão; o Trabalha a velocidades maiores de 1 m/s a 1,5 m/se (3,6 km/h a 5,4 km/h). Desvantagens o muitas vezes fora das raças próprias para tração, o cavalo é leve demais para fornecer um trabalho pesado; 32 o requer alimentação e cuidados mais especiais; o cansa mais rápido; o o preço de compra é alto e não se vende para carne depoisda vida útil para o trabalho. Muares (mulas) Vantagens o animal rústico, frugal, resistente; o preço de compra relativamente baixo; o velocidade de trabalho quase equivalente à do cavalo. Desvantagens o mais difícil de adestrar; o menor peso; o preço de venda é baixo depois da vida útil para o trabalho Asininos (jumento) Vantagens o animal manso, fiel, rústico e frugal; o preço de compra baixo, alimentação e cuidados simples; o adestramento fácil, inteligente; o resistente ao trabalho; o adequado para transporte de cargas de até 2/3 de seu peso. Desvantagens o muito leve, esforço limitado de tração disponível; o cansa depressa se a velocidade de trabalho for rápida demais; o sem valor de venda no fim do período útil para o trabalho. Bovinos Vantagens o trabalho lento – 0,6 a 0,8 m/s (2,16 km/h a 2,9 km/h) mas contínuo; o animal rústico e resistente, alimentação simples; o arreiamento muito simples o preço de compra relativamente baixo em comparação com o do cavalo o seu peso permite esforços maiores o bom valor de venda depois da vida útil, principalmente em época de engorda; Desvantagens o animal mais difícil de adestrar- no início precisa de mais uma pessoa para ser conduzido; o lento demais para alguns trabalhos; o pouco adaptado a trabalhos de precisão 33 3.4 Escolha em função da raça No quadro a seguir apresentam-se alguns dados referentes as raças bovinas mais comuns no país. Índice de Baron ou índice anamorfósico. Para se avaliar a aptidão de trabalho de equinos e muares, poderá ser utilizado o denominado índice anamorfósico. Conforme ilustra a Fig. 3.1, sendo A altura da cernelha e C o perímetro torácico. O índice anamorfósico I é fornecido pela seguinte relação A C I 2 Figura 3.1. Dimensões do animal para determinação do índice anamorfósico. (Fonte: Conti, M., tratado de Mecânica Agrícola, Buenos Aires, 1942.) Quando I for maior que 2,116, o animal revela aptidão para tração; se for menor que 2,116, o animal revela aptidão para desenvolver velocidade. O trabalho mecânico ( ) desenvolvido pelo animal por dia de serviço pode ser estimado por: )(VIVO PESO DO PRODUTO kgPESO Ao se medir o comprimento do passo de um animal, verifica-se que ele é cerca de 3/4 da altura da cernelha, quando desenvolve um esforço tratório médio da ordem de 30 vezes o índice anamorfósico. Assim, o trabalho mecânico ( ) desenvolvido pelo animal, em cada passo, poderá ser estimado por: kgm) - tro(kilogrâme 5,22 4 3 30 AIAI 34 Exemplo ilustrativo Um cavalo da raça Percheron apresentou as seguintes características ponderais e dimensionais: peso = 720 kg; altura = 1,7 m; perímetro torácico = 2,1 m. Calcular a distância percorrida por dia de serviço, desenvolvendo uma quantidade de trabalho diário equivalente a 3600 vezes o peso vivo. Solução: a) Cálculo do índice anamorfósico 5941,2 7,1 1,2 2 I b) Cálculo do trabalho mecânico por dia de serviço: )(VIVO PESO DO PRODUTO kgPESO diakgm/ 000.592.27203600 c) Cálculo do trabalho desenvolvido em um passo: AI 5,22 passokgm/ 22,997,15941,25,22 Se dividirmos o trabalho diário realizado pelo animal pelo trabalho desenvolvido num passo, teremos o número de passos dados num dia. passos/dia 124.26 kgm/passo 22,99 kgm/dia 000.592.2 Se multiplicarmos este valor pela metragem de cada passo, teremos a distância (D) percorrida num dia. d) Cálculo da distância percorrida: metros 8,307.337,1 4 3 124.26 D Admitindo como valor médio que cada passo do cavalo se efetue num segundo, sua velocidade (V) de deslocamento será: m/hora 590.4600.37,1 4 3 V 35 O tempo (t) para percorrer a distância (D) será: minutos 18 e horas 7ou horas 3,7 m/hora 590.4 m 8,307.33 t Distribuição do peso do animal. Outro ponto importante é a forma como se distribui o peso do animal entre as patas traseiras e dianteiras. Demonstrou-se que animais ideais para tração são aqueles em que 42 – 43% do peso estão apoiados sobre as patas traseiras e os restantes 57 – 58% sobre o trem anterior. Conforme ilustram as silhuetas da Figura 3.2, essa distribuição pode ser alterada durante o caminhamento do animal e, principalmente, devido à inclinação da linha de tração. O peso P do animal, aplicado em seu centro de gravidade G, se divide entre as patas posteriores e anteriores, de acordo com sua conformação geral característica da raça. A componente “p” da força de tração T é somada ao peso do animal, alterando a posição do centro de gravidade e, consequentemente, a distribuição de cargas. O uso de uma lombeira, conforme indicado na silhueta II da Figura 3.2, pode constituir um recurso para que a componente vertical da tração se distribua de maneira mais uniforme. Figura 3.2. Ação da inclinação da linha de tração sobre a distribuição de peso entre as patas traseiras e dianteiras do animal (Fonte: Conti, M., Tratado de Mecânica Agrícola, Buenos Aires, 1942.) 3.5 Jornada dos animais e número de cabeças da tropa de serviço A jornada dos animais, ou seja, o tempo de duração do trabalho diário, é um fator muito importante quando se compara o desempenho operacional de implementos de tração animal com aqueles tratorizados. A jornada e os dias anuais de trabalho constituem também importante informação, quando se pretende apropriar custos do trabalho animal. A jornada dos animais varia de 6 a 8 horas, para serviços que exigem esforço compatível com o peso vivo e com a alimentação fornecida. Sob condições de trabalho severo, essa jornada reduz-se para cerca de 3 a 4 horas. Sob regime normal de trabalho, os bovinos apresentam uma vida útil média de 10 anos e os muares de 12 a 15 anos. Com relação aos dias anuais de trabalho, a Tabela a seguir mostra os resultados de observações feitas com um lote de 32 muares e 14 bovinos, utilizados sob regime normal de trabalho agrícola. Por essa Tabela, observa-se que a eficiência de tempo varia de 36 acordo com os meses do ano (em função da época de realização das operações agrícolas) e com a espécie (muar ou bovino). A máxima eficiência de tempo, ao longo dos 12 meses do ano, para muares, foi de 80,8% e, para bovinos, de 89,2%. Isso indica que, por vários motivos (doenças, acidentes, etc.), os animais podem deixar de estar disponíveis para o trabalho; daí a necessidade de dimensionar a tropa de animais de serviço com um excesso de no mínimo 10 a 20% sobre o número total de cabeças requeridas. Tempo efetivo de trabalho dos animais durante os meses do ano. (Boletim nº 9, IAC, Campinas, SP, 1937) Dias de trabalho de 1 animal no mês* Eficiência de tempo (%) Meses do Ano Dias úteis Muar Bovino Muar Bovino Jan 25 13,7 16,5 54,8 66,0 Fev 24 11,3 20,5 47,1 85,4 Mar 27 12,8 22,2 47,4 82,2 Abr 24 12,3 19,9 51,3 82,9 Mai 26 9,5 15,7 36,5 60,4 Jun 26 8,0 19,8 30,8 76,2 Jul 25 9,0 22,3 36,0 89,2 Ago 26 10,1 17,5 38,8 67,3 Set 25 14,5 21,3 58,0 85,2 Out 26 21,0 19,8 80,8 76,2 Nov 24 17,2 11,0 71,7 45,8 Dez 26 16,4 17,4 63,1 66,9 ANO 304 155,8 223,9 51,3 73,7 * Média da tropa de animais de serviço 3.6 Rendimento termomecânico - tm Os animais proporcionam trabalho de acordo com os alimentos que recebem em sua ração diária, dentro de certos limites, tal como ocorre com os motores térmicos que convertem a energia dos combustíveis em trabalho útil. Os alimentos representam o que poderia denominar-se de energia potencial, expressa em termos de kcal/kg de alimento. Como 1 kcal corresponde ao trabalho mecânico de 427 kgm, é possível estabelecer-se uma relação entre o trabalho teórico ou motor - m , representado pela conversão total das colorias contidas nos alimentos consumidos, e o trabalho útil - u , proporcionado pelo animal, na tração ou no acionamentode máquinas e implementos. A essa relação dá-se o nome de rendimento termomecânico do animal: m u tm Exemplo ilustrativo Seja uma ração constituída por 12 kg de alfafa e 4 kg de milho, totalizando 16 kg de alimentos, consumidos diariamente por um cavalo de tiro de 500 kg de peso vivo. A capacidade diária de trabalho desse animal, em termos de kgm é numericamente igual a 3400 vezes o seu peso vivo. 37 A análise dos componentes da ração forneceu os seguintes resultados: Componentes Teor (g/kg) nos componentes da ração Alfafa Milho • hidrato de carbono 320 460 • proteínas 160 80 • matérias graxas 27 32 Calcular o rendimento termomecânico do animal. Solução: 1) Cálculo da quantidade de hidrato de carbono, de proteínas e de matéria graxa: a) hidrato de carbono - alfafa (12 x 320 g)... ... ... ... 3840 g - milho (4 x 460 g)... ... ... ... 1840 g Total de hidrato de carbono 5680 g b) proteínas - alfafa (12 x 160 g)... ... ... ... 1920 g - milho (4 x 80 g)... ... ... ... 320 g Total de proteínas 2240 g c) matéria graxa - alfafa (12 x 27 g)... ... ... ... 324 g - milho (4 x 32 g)... ... ... ... 128 g Total de matéria graxa 452 g 2) Cálculo do valor da ração em kcal: Componentes Kcal/kg* Quantidade (kg) Total de Kcal hidrato de carbono 3800 5,680 21584 Proteína 4500 2,240 10080 matéria graxa 900 0,452 407 Total geral 32071 * Fornecido por tabelas de valor calórico de alimentos. 3) Cálculo do rendimento - tm a) kgmkcalm 317.694.13 32071427 b) kgmkgu 000.700.13400 500 c) %41,12 1241,0 317.694.13 000.700.1 tm 38 3.7 Formas de atrelamento e arreios O atrelamento dos animais pode ser classificado de duas maneiras: a) de acordo com o tipo de equipamento a ser tracionado: atrelamento em veículos de transporte: com 2 varais; com 1 varal. atrelamento em máquinas e implementos: com cabeçalho; sem cabeçalho. b) de acordo com a posição relativa dos animais: atrelamento singelo (um a um): em parelha ou junta; em tandem (um atrás do outro). atrelamento por parelhas (dois a dois) em tandem; atrelamento em linha (um ao lado do outro). De acordo com esses tipos de atrelamento, os arreios apresentam maior ou menor complexidade a fim de atender a cada condição. Atrelamento em veículos de transporte. Os veículos de transporte à tração animal são direcionados por meio de varais. Quando é provido de 2 varais, atrela-se o animal no meio destes, conforme mostra a Figura 3.4. Figura 3.4. Atrelamento em veículo de transporte de 2 varais e respectivo arreamento. (A) Tapa, (B) bridão, (C) coalheira, (D) selote, (E) barrigueira, (F) tirante, (G) porta-varal, (H) rédeas, (I) retranca, (J) rabicheira. Quando o veículo de transporte é provido de um só varal, há necessidade de atrelar uma parelha de animais. O varal é colocado entre os animais e sujeitado não por um selote, mas pelas coalheiras, como ilustra a Figura 3.5. 39 Figura 3.5. Atrelamento de 1 parelha de animais em veículo de transporte de 1 só varal. Atrelamento em máquinas e implementos. O direcionamento das máquinas e implementos, em relação aos veículos de transporte, é função secundária. Quando necessário, como é o caso de alguns tipos de semeadoras, adubadoras, etc. essas máquinas apresentam um cabeçalho semelhante ao varal único dos veículos de transporte. Por essa razão, o arreamento é bastante simplificado. Para eqüinos e muares o arreamento padrão de atrelamento a implementos sem cabeçalho é mostrado na Figura 3.6. Consta, basicamente, das seguintes partes: (I) tapa, (II) coalheira, (III) lombeira e (IV) corrente de tiro. O tapa é o conjunto de peças que ocupa a cabeça do animal. Tem por função permitir sua condução, sendo constituído das seguintes partes: A) antolhos; B) faceiras; C) testeira; D) afogador; E) focinheira; F) freio ou bridão; G) cabeção e H) rédeas ou guia. Figura 3.6. Arreamento para atrelamento de eqüinos e muares a máquinas e implementos agrícolas sem cabeçalho. 40 A coalheira é a peça que cinge a base do pescoço do animal. É constituída das seguintes partes: A) almofada; B) canzis; (1 par), metálicos ou de madeira; C) francalete, unindo os canzis na parte inferior. Os canzis apresentam, lateralmente, ganchos (E) que constituem os dois pontos onde se exerce a força de tração do animal. Nestes ganchos prendem-se as extremidades das correntes de tiro (IV). A lombeira é uma faixa de tecido resistente, cuja função é sustentar as correntes de tiro que partem da coalheira e vão ter ao balancim, evitando que se embaracem nas pernas traseiras do animal. Outra função da lombeira é a de melhorar a distribuição da componente vertical da força de tração, conforme foi mostrado na Figura 3.2. Os balancins, mostrados na Figura 3.7, são órgãos que fazem o acoplamento das correntes de tiro à alça de atrelamento da máquina ou implemento. A função do balancim individual para cada animal é igualar os esforços nas correntes de tiro, permitindo que o animal possa desenvolver sua força de tração plenamente, sem perder o equilíbrio. É constituído de um travessão, tendo em cada extremidade um gancho e, na parte média outro gancho, denominado “gancho do balancim”. Figura 3.7. Jogo de balancins. (I) Para 2 animais. (II) Para 3 animais. (III) Para 4 animais. Quando se faz o atrelamento de um número maior de animais (2, 3, 4, 5 etc.), é necessário que haja um balancim maior e mais resistente, entre os balancins individuais, denominado balancim principal, como ilustrado na Figura 3.7. Atrelamento de bovinos. O arreamento utilizado para bovinos recebe a denominação de canga ou jugo, e pode ser de dois tipos: a) de tiro pela cernelha e b) de tiro pela cabeça, conforme ilustra a Figura 3.8. 41 Figura 3.8. Canga ou jugo para juntas de bovinos. (I) De tiro pela cernelha. (II) De tiro pela cabeça. A canga utilizada em nosso país é do tipo de tiro pela cernelha, conforme ilustra a Figura 3.9, e pode ser dupla ou simples. Figura 3.9. Canga de tiro pela cernelha. (I) Canga dupla (A – cangalho, B – canzis, C – brocha). (II) Canga simples. (III) Canga simples sem canzins. No caso específico da canga dupla, o órgão de tiro simplifica-se em uma única peça, de madeira, denominada cambão, que une a alça de atrelamento da máquina ou implemento ao centro do cangalho. Na Europa e Ásia são comuns os jugos de tiro pela cabeça, apesar de ser um sistema primitivo e deficiente. Como se observa na Figura 3.10, o jugo de tiro pela cabeça pode atuar na testa ou na nuca do animal. 42 Figura 3.10. Jugo de tiro pela cabeça. (I) Jugo duplo frontal. (II) Jugo simples de nunca. Tipos de atrelamento de acordo com a posição relativa dos animais. A posição relativa entre os animais determina diversos tipos de atrelamento. O mais simples é o atrelamento singelo de 2 animais. Quando estão um do lado do outro, denomina-se parelha ou junta (caso de bovinos); quando atrelados um na frente do outro, recebe a denominação de atrelamento singelo em tandem. Diz-se que o atrelamento é por parelhas em tandem quando os animais são dispostos aos pares, uns na frente dos outros, conforme mostra a Figura 3.11. Figura 3.11. Atrelamento por parelhas em tandem de 6 cavalos em arado de 3 aivecas. A – balancim do arado. B – balancim principal da parelha. C – corrente de tiro da parelha. Os números referem-se ao comprimento dos braços dos balancins em polegadas. (Fonte: Agr. Eng. 3(2): 23-27, 1922.). * No atrelamento em linha, os animais são dispostos uns ao lado dos outros, conforme mostra a Figura 3.12. 43 Figura 3.12. Atrelamento em linha de 7 cavalos em arado de 3 aivecas. Os números indicam o comprimento
Compartilhar