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LIBÂNEO, José Carlos [2000] Cap_12 - Avaliação de sistemas escolares e de escolas

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LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. São Paulo: Heccus Editora, 2015. [6ª Ed., Orig. 2000]
Capítulo 12 – “Avaliação de sistemas de ensino e de escolas”, pp. 195-213.
1. Avaliação educacional hoje. (pp. 197-199)
1.1. Definição de “avaliação”.
“[...] termo geral que diz respeito a um conjunto de ações voltadas para o estudo sistemática de um fenômeno, uma situação, um processo, um evento, uma pessoa, visando a emitir um juízo valorativo”. (p. 197)
1.2. Pressupõe três elementos, destinado a orientar a tomada de decisão:
	1.2.1. Coleta de dados e informações: instrumentos de verificação.
	1.2.2. Juízos de valor: apreciação valorativa sobre o evento, atividade ou pessoa.
	1.2.3. Quantificação/menção qualitativa: alguma forma de medida a partir de critérios explicitados previamente.
1.3. Fenômeno recente na educação: distinção entre avaliação do aproveitamento escolar dos alunos, avaliação institucional da escola e avaliação dos sistemas de ensino.
1.3.1. Causas: atuação de organizações financeiras internacionais para adequação das políticas educacionais dos países membros às exigências da produção, consumo, mercados, competitividade etc.
1.3.2. Distinção: diagnóstico do conjunto das escolas X avaliação da aprendizagem dos alunos e dos processos de ensino.
	1.3.2.1. Entrelaçados, mas não idênticos.
1.4. Avaliação institucional X avaliação de resultados (ou acadêmica, ou científica).
	1.4.1. Avaliação institucional: busca de dados quantitativos e qualitativos sobre a eficiência da instituição.
	1.4.2. Avaliação de resultados: produção de informações (indicadores) para acompanhamento e revisão de políticas educacionais.
1.5. Em hipótese alguma a avaliação da aprendizagem deve ser substituída pela avaliação do sistema de ensino.
	1.5.1. Porque a avaliação da aprendizagem está a serviço das funções sociais da escola e seu projeto pedagógico.
1.5.1.1. A eficácia da escola é medida no grau em que todos os alunos incorporam as competências cognitivas, operativas, afetivas, morais para sua inserção crítica e produtiva na sociedade.
	1.5.2. Porque a avaliação do sistema deve buscar seus critérios na avaliação da aprendizagem.
1.6. O Brasil tem ido para caminho oposto: subordinação do trabalho dos professores aos critérios da avaliação do sistema de ensino.
“Nesse caso, não são os objetivos de ensino que irão determinar as formas de avaliação, mas a avaliação é que acabará por determinar os objetivos, ou seja, dependendo das finalidades postas pelos governos em relação à avaliação do sistema de ensino, ter-se-á uma escola funcional a serviço dos interesses de agências externas à escola”. (p. 199)
2. As reformas educativas mundiais e a avaliação dos sistemas de ensino. (pp. 200-203)
2.1. Mudanças nas políticas educacionais para sintonizar os sistemas ao modelo neoliberal.
2.1.1. Versão modificada da teoria do capital humano: formação de trabalhadores flexíveis, empreendedores e competitivos.
2.1.2. Produziu reformas educacionais basicamente formuladas sob a égide do Banco Mundial, FMI, BID, UNESCO etc.
2.1.2.1. Inglaterra e EUA (anos 1980), Espanha e Portugal (1986), França (1989), México (1992), Argentina (1993).
2.1.2.2. Brasil: Plano Decenal de Educação para Todos (1993-94), consolidada na sequência, no governo FHC.
		2.2.2.1. Reforma institucional: reorganização do MEC, revisão dos padrões de financiamento.
		2.2.2.2. Novos padrões de gestão: descentralização, autonomia das escolas, participação da comunidade.
2.2.2.3. Ações sobre a educação básica: ampliação do acesso, definição de padrões curriculares básicos, formação docente, criação de sistemas de avaliação do desempenho das escolas, padrões de qualidade dos livros didáticos etc.
	2.1.3. Consequentemente, caráter economicista (prevalência da lógica do mercado, desconsiderando implicações sociais e humanas).
2.2. A avaliação dos sistemas encaixou-se bem na lógica dessas reformas.
	2.3.1. Verificação se os resultados desejados pelo sistema compensam o volume de investimentos aplicados.
2.3. Basicamente todos os sistemas de ensino criam organismos para realizar estudos sobre avaliação.
	2.3.1. Na América Latina: Laboratório Latino-Americano de Avaliação da Qualidade da Educação (UNESCO).
	2.3.2. No Brasil, há o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), que criou os seguintes instrumentos:
2.3.2.1. SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), que acompanha a evolução do desempenho dos alunos e dos fatores incidentes na qualidade do ensino, e ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), facultativo, que avalia os concluintes dessa etapa do ensino.
2.3.2.2. ENC (Exame Nacional de Cursos): avaliação dos cursos de graduação.
2.3.2.3. Diferentes censos anuais (Censo Escolar, Censo do Ensino Superior, Censo Financeiro da Educação).
2.3.2.4. Desenvolvimento de um Sistema Integrado de Informações Educacionais (SIEd).
3. Uma avaliação crítica da avaliação dos sistemas educacionais – duas faces. (pp. 203-207)
2.1. A avaliação dos sistemas de educacionais pode ser analisada criticamente em dois aspectos:
	2.1.(1). As reformas educativas atendem aos objetivos de transformação dos processos de produção, dos mercados e do consumo.
		2.1.1.1. Neste caso, a avaliação educacional está atrelada a critérios econômicos de análise de desempenho.
2.1.1.1.1. Bem pouco pedagógico: busca da qualidade dos resultados, e não dos processos de ensino e aprendizagem.
		2.1.1.2. Esse viés economicista fica evidente na própria visão da relação pedagógica como relação entre insumo/resultado.
2.1.1.2.1. I.e.: que tipo e quanto de insumo (livro didático, capacitação docente, tempo na escola, gestão da escola, número de alunos por classe etc.) é mais eficaz para se obter certo nível de aprendizado?
2.1.1.2.2. Os testes padronizados permitiriam fazer relações entre variáveis dos insumos e variações no aprendizado, e assim extrair conclusões sobre onde aplicar ou não mais recursos.
		2.1.1.2.2.1. Ou seja: as opções são avaliadas e escolhidas pelo critério econômico, e não social ou pedagógico.
2.1.1.3. Assim, o objetivo da avaliação é melhorar os resultados do rendimento escolar, atendendo padrões nacionais de desempenho monitorados pelo governo.
2.1.1.3.1. O que se presta a estabelecer mecanismos externos de controle da escola: subordinação da gestão e do projeto pedagógico aos critérios das avaliações externas.
2.1.1.3.1. O “ranqueamento” das escolas fez diretores criarem mecanismos perversos: seleção de alunos, estratégias para excluir crianças que “prejudicariam” os índices de avaliação, pressão sobre os professores.
2.1.(2). O projeto educacional neoliberal é competitivo e socialmente seletivo, criador de um mercado educacional e ampliador da esfera privada dentro do da educação pública.
2.1.2.1. Sim, a sociedade atual demanda uma formação geral, abstrata e polivalente dos trabalhadores; mas isso não deve ocorrer à custa da aniquilação da diversidade individual dos alunos.
2.1.2.2. Seria possível uma visão progressista das avaliações institucionais e dos sistemas? Sim.
2.1.2.2.1. Os mecanismos de avaliação são necessários para regular as políticas educacionais e prestar contas de um serviço público prestado à comunidade; são úteis para ajudar na organização do trabalho da escola.
2.1.2.2.2. Para isso, é preciso se apropriar dos resultados do aprendizado dos alunos, identificar as necessidades locais e enfatizar o desenvolvimento de capacidades básicas de aprendizagem (diferente de mero treino para a prova externa).
			2.1.2.2.2.1. Isso envolve inclusive compreender a elaboração de instrumentos de avaliação.
2.1.2.2.3. Entre os pesquisadores do tema, é preciso avançar em algumas questões:
2.1.2.2.3.1. Como avaliar o nível de competência tendo como referência a prática social? Como definir o perfil de aluno egresso que é formado pelas escolas? Como definir quais são as competências profissionais e éticas que deverão se transformar em conteúdos curriculares e estratégias de aprendizagem?
4. Avaliação educacional – entre a avaliçãode sistemas educacionais e as avaliações do professor na sala de aula. (pp. 207-209)
4.1. Necessidade de integrar as contribuições críticas sobre as avaliações educacionais e as práticas do cotidiano escolar.
4.1.1. Clarilza Souza, “Descrição de uma trajetória na/da avaliação”, 1998: duplo movimento – analisar como o sistema condiciona a qualidade do ensino, e como educadores constroem o nível de ensino ofertado, a partir de suas representações, ações e relações.
4.2. Isso passa pela implantação de programas de avaliação dos sistemas educacionais.
	4.2.1. Objetivo: aferir a qualidade do ensino em termos de sua equidade e verificar o que a macroestrutura pode fazer para melhorá-la.
	4.2.2. Forma: testes padronizados, nacional ou regionalmente, por amostragem ou total.
4.3. E pela transformação da própria avaliação da aprendizagem pelo professor: diagnóstico de defasagens e porque elas aparecem.
	4.3.1. Como fazer:
		4.3.1.1. Reflexões conjuntas com os professores sobre preocupações, dificuldades e propostas em sala de aula.
		4.3.1.2. Ligar teoria sobre a avaliação ao saber-fazer.
		4.3.1.3. Definir com clareza as competências profissionais do professor para avaliar.
		4.3.1.4. Compreender que a avaliação é instrumento (apenas dá indícios).
5. Avaliação do projeto pedagógico-curricular, organização escolar e dos planos de ensino. (pp. 210-211)
5.1. É preciso cuidado para não tomar o desempenho escolar dos alunos como único parâmetro de análise da escola.
	5.1.1. Avaliar a efetividade do serviço prestado é importante; mas analisar o conjunto dos fatores que levam a ele também.
	5.1.2. Quais são os elementos determinantes da qualidade do sucesso escolar dos alunos? Avaliação global.
		5.1.2.1. Características dos alunos, rendimento escolar por classe.
		5.1.2.2. Composição do corpo docente (tempo de trabalho, idade, currículo profissional).
		5.1.2.3. Condições de trabalho e motivação dos professores.
		5.1.2.4. Recursos físicos, materiais, didáticos, informacionais.
	5.1.3. Ir além: conhecimentos precisos sobre os processos de ensino e aprendizagem, as relações professor-aluno etc.
5.2. Tudo isso precisa ser conduzido com rigor científico e método lógico.
	5.2.1. Testes padronizados não dizem tudo, mas são “pistas” de onde os alunos estão e quais falhas podem estar ocorrendo.
	5.2.2. E esses testes são cada vez mais usados: é preciso entendê-los, ler as análises de seus dados e se apropriar delas.
6. Aspectos a serem avaliados no âmbito da organização escolar. (pp. 211-213)
6.1. As variáveis que incidem sobre a avaliação:
	6.1.(1). Dados estatísticos: população escolar, reprovações, abandono, perfil socioeconômico.
	6.1.(2). Clima organizacional: tipo de direção, tipo de organização, relações humanas, envolvimento da equipe.
	6.1.(3). Acompanhamento do rendimento dos alunos: métodos e procedimentos acordados entre os professores.
6.1.(4). Avaliação da execução do projeto pedagógico-curricular: não olhar apenas professor e aluno, mas a dinâmica de funcionamento da organização escolar, em suas múltiplas variáveis.
6.1.(5). Avaliação de desempenho dos professores: necessidade de criar formas decididas, mas cautelosas, de avalia o corpo docente.
6.1.5.1. O trabalho do professor não se presta a análises meramente quantitativas e parte de suas ações está permeada de uma boa dose de imprevisibilidade e improvisação.
6.1.5.2. Mas, ao mesmo tempo, observação sistemática de aulas e diálogo e reflexão conjunta entre gestores e professores é vital para assegurar o desenvolvimento profissional docente.
6.1.5.3. A pesquisa nesse campo ainda é incipiente: destaque para Franco Ghilardi e Carlos Spallarossa, Guia para organização da escola, 1991.
	6.1.5.3.1. O que avaliar no professor:
		6.1.5.3.1.(1). Qualidade das relações sociais e afetivas com os alunos.
		6.1.5.3.1.(2). Preparo profissional no conhecimento da disciplina e dos métodos de ensino e avaliação.
		6.1.5.3.1.(3). Gestão da classe (organização e desenvolvimento das aulas).
		6.1.5.3.1.(4). Qualidade da comunicação com os alunos.
		6.1.5.3.1.(5). Procedimentos e instrumentos de avaliação da aprendizagem.
	6.1.5.3.2. O que avaliar no contexto do professor:
		6.1.5.3.2.(1). Disponibilidade, organização, utilização dos recursos disponíveis.
		6.1.5.3.2.(2). Critérios de organização das turmas, horários das aulas, distribuição das disciplinas.
		6.1.5.3.2.(3). Ações de formação continuada de professores, funcionários, pedagogos.
		6.1.5.3.2.(4). Encontros e reuniões de professores.
		6.1.5.3.2.(5). Estratégias de relacionamento com os pais e formas de comunicação.
		6.1.5.3.2.(6). Atividades administrativas e de apoio pedagógico-didático.
7. Para finalizar – a avaliação emancipatória. (p. 213)
7.1. Em uma perspectiva de educação emancipatória, a avaliação tem caráter educativo: revisão das ações, para tomada de decisões.
7.2. Três características:
	7.2.(1). Avaliação compreensiva e global do processo de ensino e aprendizagem.
	7.2.(2). Avaliação democrática: resultados discutidos e negociados entre os participantes do trabalho escolar.
	7.2.(3). Autoavaliação: processo reflexivo rigoroso de planejamento-observação-análise-reflexão-planejamento (professor investigador).
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