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Direito Civil V- Aulas

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Direito Civil V – Daniel Ustarroz
CONTRATO DE PATROCÍNIO
» Contratos Atípicos
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Orlando Gomes: “No direito moderno, é facultado ao sujeito de direito criar, mediante vínculo contratual, quaisquer obrigações. As pessoas que querem obrigar-se não estão adstritas, com efeito, a usar os tipos contratuais definidos na lei. Desfrutam, numa palavra, a liberdade de contratar ou de obrigar-se”. (Contratos. 18. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 103).
O contrato atípico valoriza a autonomia privada. 
Em busca de uma origem: Caio Mecenas (70. a.C.)
É difícil precisar o momento histórico em que surgiu a figura do contrato de patrocínio. Quanto à origem, em geral, costuma-se apontar que ele deriva das mecenas, isto é, pequenas doações animadas pela boa vontade do sujeito, uma liberalidade em benefício de terceiros e da sociedade. O termo “mecenas” derivaria de Caio Mecenas, rico cidadão romano, ministro e amigo do imperador Augusto, que, por volta do ano 70 a.C., prestou auxílio a diversos escritores e artistas, simbolizando com tais atos o altruísmo de seu caráter.
Haviam quatro contratos com características jurídicas definidas (típicos): compra e venda, mandato, sociedade e locação.
Normalmente, a origem do contrato de patrocínio é a doação.
Evolução histórica
A simples contribuição para a realização de um evento ou para o sucesso de uma pessoa não indica a existência do contrato de patrocínio. Isso vale tanto para as relações de afeto, em que ausente o ânimo de constituir relações jurídicas sérias, quanto para as liberalidades praticadas pelas pessoas em favor de terceiros. Ou seja, nem a mãe que subsidia a prática desportiva do filho, nem a empresa que entrega voluntariamente uma quantia para que se torne possível a participação de uma pessoa em uma competição celebram contratos de patrocínio. É necessário existir a vontade de promoção publicitária. 
Passagem do animus donandi ao interesse comercial:
A simples contribuição para a realização de um evento ou para o sucesso de uma pessoa não indica a existência do contrato de patrocínio. Isso vale tanto para as relações de afeto, em que ausente o ânimo de constituir relações jurídicas sérias, quanto para as liberalidades praticadas pelas pessoas em favor de terceiros. Ou seja, nem a mãe que subsidia a prática desportiva do filho, nem a empresa que entrega voluntariamente uma quantia para que se torne possível a participação de uma pessoa em uma competição celebram contratos de patrocínio. É necessário existir a vontade de promoção publicitária. 
» Identificação dos elementos caracterizadores:
(a) a finalidade publicitária: 
Se não há finalidade publicitária, o juiz entende como uma doação, e doação não precisa ser contínua.
(b) a realização dessa publicidade por meio de pessoas estranhas à empresa beneficiada; 
Camilo Verde qualifica o patrocínio como “uma atividade que tende à difusão de uma mensagem publicitária por meio de um colegamento entre o nome ou a marca do patrocinador e um evento ou uma série de eventos, protagonizados por um ou mais sujeitos que não participam de seu quadro de pessoal”.
(c) a coligação entre a imagem dos sujeitos;
Francesco Galgano, indica que contrato de patrocínio é “o contrato através do qual uma empresa (sponsor) com a finalidade de aumentar a notoriedade de seus signos distintivos entrega uma quantidade de dinheiro, ou de bens ou serviços, ao organizador de manifestações desportivas ou de iniciativas culturais, de espetáculos televisivos, etc., ou de uma pessoa individual do esporte, do espetáculo (sponsorizado), para que este publicite, no momento previsto no contrato, os produtos ou a atividade da empresa”.
(d) a autonomia própria de cada parte, na condução de suas ações. 
No conceito de Lina Mussumarra, essa característica fica clara, pois o contrato seria “uma particular forma de colaboração de caráter essencialmente promo-publicitário que se instaura entre um atleta esportivo e uma pessoa com finalidade e objeto social completamente diversos e que ocasiona a veiculação de um signo distintivo do sponsor, mediante remuneração.”
(e) Necessidade de colaboração para que o contrato alcance sucesso. 
Emanuela Giacobbe ensina que “mediante o contrato de patrocínio se objetiva criar um ‘colegamento’, mais ou menos estreito, entre uma empresa (sponsor) e um evento (ou uma atividade) de natureza variada, o qual apresenta como característica constante não ser um veículo publicitário tradicional, com o objetivo de promover o nome, a marca e outros atributos do sponsor”.
Faltando qualquer desses elementos, dificilmente a relação negocial poderá ser enquadrada no patrocínio.
» Abordagem dos principais deveres das partes
1. Esforços para a divulgação da marca
De um lado, compete ao patrocinado envidar os seus melhores esforços para viabilizar a adequada divulgação da marca do sponsor. Engloba, como salienta Camillo Verde, comportamentos negativos e positivos; pois, de um lado, se limita a consentir a vinculação de sua figura ao nome-imagem do sponsor e de outro, a desempenhar as atividades necessárias para a veiculação da imagem do patrocinador. Sem esses dois nortes, o contrato não teria sido formado, pela ausência de causa.
2. Entrega da prestação prometida:
Competirá ao sponsor (patrocinador) alcançar ao patrocinado aquilo que foi acordado contratualmente. Como regra, ocorre a outorga de quantia em dinheiro. Contudo, nada impede que sejam acordados outros meios alternativos, como o fornecimento de matérias-primas, marketing, treinamento, etc. Desde que passíveis de qualificação patrimonial, a natureza do contrato será atendida. Pela autonomia privada, as partes serão livres para convencionar a melhor forma de efetuar o intercâmbio econômico.
» Cláusulas típicas
1. Regramento da prestação esperada. 
2. Análise da exclusividade.
3. Direito de preferência (igualar a oferta da concorrência e renovar o contrato).
4. Confidencialidade.
5. Cláusula compromissória (as partes recorrerem a via arbitral e não ao judiciário. As partes se comprometem a não ir ao judiciário).
6. Cláusula penal (estipular multas. Ex: se o atleta não conseguir ganhar, perde 20% do patrocínio).
7. Prazo.
8. Cláusulas resilitivas e resolutivas (causas que determinam a finalização do contrato).
CONTRATO DE FRANQUIA
Conceito
Conforme Orlando Gomes, Contrato de Franquia é “a operação pela qual um empresário concede a outro o direito de usar a marca de produto seu com assistência técnica para a sua comercialização, recebendo, em troca, determinada remuneração”.
O Código de Deontologia Europeu para o Franchising, vigente desde 1º de janeiro de 1991, conceitua o franchising como um sistema de comercialização de produtos e/ou serviços e/ou tecnologias, baseado numa estreita e contínua colaboração entre empresas jurídicas e financeiramente distintas e independentes, o franqueador e seus franqueados, através do qual o franqueador concede aos seus franqueados o direito, e impõe a obrigação, de explorar uma empresa de acordo com o seu conceito de negócio (Código de Deontologia Europeu para o Franchising).
Conceito Legal – Lei 8.955/94
Art. 2º: “Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício”.
Ideia de franquia
O contrato de franquia traz, em sua essência, a natureza de um sistema de parceria empresarial, devendo, sob tal aspecto finalístico, ser interpretado. Dessa forma, as partes devem guardar coerência com o escopo de colaboração que motivou a formalização do vínculo. O franchising cria entre as partes uma relação duradoura,pautada por estreita e contínua colaboração e amarrada por laços de confiança, que devem ser observados antes da celebração, durante a execução e mesmo após a resolução do pacto.
É um sistema de parceria empresarial, pois quanto mais o franqueado vender, mais o franqueador vai lucrar. Os contratos de franquias são relações duradouras, pois, normalmente, envolvem um grande investimento. 
“Subordinação empresarial”
“O franqueado deverá organizar a sua empresa com estrita observância das diretrizes gerais e determinações específicas do franqueador. Essa subordinação empresarial é inerente ao contrato. Não existe franquia sem tal característica. Ela é indispensável à plena eficácia dos serviços de organização empresarial, que o franqueado adquire”.
	O franqueado não pode deixar de seguir as regras legais do franqueador.
Organização empresarial
Engineering: o “visual” dos estabelecimentos comerciais franqueados. Uniformização arquitetônica e decorativa. Unidade visual da rede. Instalações, bandeira, logomarca, a imagem deve ser padrão, para atingir o público consumidor.
Management: auxílio na administração. Deve o franqueador auxiliar no treinamento dos funcionários do franqueado, indicar padrões de atendimento. Controle do “mostruário”. Dever de assistência para garantir a qualidade do atendimento, dos produtos e dos serviços.
Marketing: relação com o mercado. Técnicas de distribuição dos produtos e serviços perante os consumidores. Elaboração de estudos do mercado. Identificação de tendências do mercado, estratégias de venda, técnicas publicitárias, campanhas de lançamento, promoções, etc. Planejamento, incluindo estudos de mercados. Justificam-se encargos contratuais para a constituição de fundo de propaganda.
Classificação do contrato de franquia
- Formal ou solene (forma escrita);
- Oneroso (finalidade lucrativa);
- Bilateral, pois ambos os contratantes assumem direitos e obrigações;
- Em geral, de adesão (modelo ditado pelo franqueador);
- Comutativo (álea não decisiva, reduzida pelos estudos técnicos, prestações já estipuladas);
- De execução continuada (contrato duradouro);
- De colaboração empresarial, pois os interesses das partes são predominantemente comuns;
Deveres do franqueado
- Pagar a taxa inicial (front Money) fixada para ter acesso aos produtos ou serviços. Deve, ademais, pagar as somas periódicas (participação nas receitas e ou alugueres fixados) conforme acordado;
- Aquisição de produtos, serviços ou técnicas do franqueador;
- Acatar as instruções quanto à produção, comercialização, apresentação, marketing e submetendo-se à sua supervisão, no desempenho da franquia, de molde a que o ofertado mantenha as características e qualidades do produto original.
- Manter confidencialidade a respeito dos métodos comerciais e da tecnologia transferida. 
- Exclusividade perante o franqueado, abstendo-se de se instalar na mesma zona comercial, com a prestação de serviços semelhantes ou concorrente, quando findo o contrato.
Deveres do franqueador
- Por à disposição o produto ou o serviço;
- Prestar a assistência técnica necessária,
- Treinar o franqueado, para que atenda aos requisitos técnicos e de performance do produto ou do serviço original.
- Respeitar a territorialidade fixada, e, quando assim for, a exclusividade concedida, durante todo o decorrer do prazo contratado.
Circular de oferta de franquia
	É um documento anterior ao contrato que surge na fase de negociações, através do qual o franqueador transmite as principais características do seu negócio, para que o outro empresário tenha condições de avaliar se vale a pena investir na franquia. Se esse documento não for dado ao franqueado no mínimo 10 dias antes da assinatura do contrato, ele pode ser anulável. 
Art. 3º Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma circular de oferta de franquia, por escrito e em linguagem clara e acessível, contendo obrigatoriamente as seguintes informações: (...) 
Art. 4º A circular oferta de franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este. Parágrafo único. Na hipótese do não cumprimento do disposto no caput deste artigo, o franqueado poderá arguir a anulabilidade do contrato e exigir devolução de todas as quantias que já houver pago ao franqueador ou a terceiros por ele indicados, a título de taxa de filiação e royalties, devidamente corrigidas, pela variação da remuneração básica dos depósitos de poupança mais perdas e danos.
I - histórico resumido, forma societária e nome completo ou razão social do franqueador e de todas as empresas a que esteja diretamente ligado, bem como os respectivos nomes de fantasia e endereços;
II - balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora relativos aos dois últimos exercícios;
III - indicação precisa de todas as pendências judiciais em que estejam envolvidos o franqueador, as empresas controladoras e titulares de marcas, patentes e direitos autorais relativos à operação, e seus subfranqueadores, questionando especificamente o sistema da franquia ou que possam diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia;
IV - descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado;
V - perfil do franqueado ideal no que se refere a experiência anterior, nível de escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente;
VI - requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na administração do negócio;
VII - especificações quanto ao: a) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, implantação e entrada em operação da franquia; b) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de caução; e c) valor estimado das instalações, equipamentos e do estoque inicial e suas condições de pagamento;
VIII - informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por este indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte: a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado (royalties); b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial; c) taxa de publicidade ou semelhante; d) seguro mínimo; e e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que a ele sejam ligados;
IX - relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e subfranqueadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e telefone;
X - em relação ao território, deve ser especificado o seguinte:
a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre determinado território de atuação e, caso positivo, em que condições o faz; e b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu território ou realizar exportações;
XI - informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação, operação ou administração de sua franquia, apenas de fornecedores indicados e aprovados pelo franqueador, oferecendo ao franqueado relação completa desses fornecedores;
XII - indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo franqueador, no que se refere a: a) supervisão de rede; b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado; c) treinamento do franqueado, especificando duração, conteúdo e custos; d) treinamento dos funcionários do franqueado; e) manuais de franquia; f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a franquia; e g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado.
XIII - situação perante o Instituto Nacional de PropriedadeIndustrial - (INPI) das marcas ou patentes cujo uso estará sendo autorizado pelo franqueador;
XIV - situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a: a) know how ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em função da franquia; e b) implantação de atividade concorrente da atividade do franqueador;
XV - modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-padrão de franquia adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive dos respectivos anexos e prazo de validade.
PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA
Dados Introdutórios:
- O beneficiário escolhe o momento de recebimento do benefício.
- Como receber o benefício: renda periódica, vitalícia ou resgate único.
- As contribuições podem ocorrer de variadas formas (uma única vez, mensalmente, anualmente, etc.).
- Portabilidade: Estimula concorrência e permite reflexão (reavaliar investimentos).
Motivos que levam à contratação
- Insuficiência da previdência pública: O “teto” da previdência pública (INSS) é de R$ 4.663,75.
- Planejamento de vida.
- Planejamento sucessório: O investimento não entra em inventário, de sorte que o beneficiário retira o saldo administrativamente. 
Tabela do INSS
	
Tabela de contribuição dos segurados empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de Janeiro de 2015.
	
	
	SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (R$)
	ALÍQUOTA PARA FINS DE RECOLHIMENTO AO INSS
	Até R$ 1.399,12
	8%
	de R$ 1.399,12 e R$ 2.331,88
	9%
	de R$ 2.331,88 e R$ 4.663,75
	11%
MODELOS: VGBL ou PGBL
VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre): Durante o período de acumulação, os recursos aplicados estão isentos de tributação sobre os rendimentos. Somente no momento do recebimento de renda ou resgate haverá a incidência de imposto de renda, apenas sobre os rendimentos auferidos. 
É isento de tributação ao longo da formação do capital, só incide o imposto no momento do resgate.
PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre): Abatimento das contribuições no imposto de renda (até o limite de 12% da renda bruta anual) durante o período de acumulação. Sobre os valores de resgate e rendas haverá a incidência de tributação conforme alíquota da tabela do imposto de renda da pessoa física em vigor. Permite dedução de até 12% da renda tributável no IRPF.
Alocação de Recursos
PERFIL: ARROJADO, MODERADO OU CONSERVADOR.
Ilustração dos Planos de Previdência Oferecidos pelo Banco Bradesco: São quatro composições de fundos de investimento disponíveis. E o melhor é que, com o passar do tempo, você pode mudar de composição, aumentando ou diminuindo a concentração de renda fixa ou variável, de acordo com as etapas da sua vida. 
IMPORTANTE: Na legislação brasileira, atualmente, o máximo que pode ser alocado em ações é de 49%;
Custos:
- TAXA DE ADMINISTRAÇÃO: É cobrada pela tarefa de administrar o dinheiro do fundo de investimento exclusivo, criado para o seu plano, e pode variar de acordo com as condições comerciais do plano contratado. Os que têm fundos com investimentos em ações, por serem mais complexos, normalmente têm taxas um pouco maiores do que aqueles que investem apenas em renda fixa.
 - TAXA DE CARREGAMENTO: Incide sobre cada aporte/contribuição realizado pelo contratante.
Formas de Tributação
	- Progressiva:
BASE DE CÁLCULO ANUAL EM R$
	BASE DE CÁLCULO MENSAL EM R$
	
	ALÍQUOTA %
	Até 20.529,36
	Até 1.710,78
	 
	-
	De 20.529,37 até 30.766,92
	De 1.710,78 a 2.563,91
	 
	7,5
	De 30.766,93 até 41.023,08
	De 2.563,91 a 3.418,59
	 
	15,0
	De 41.023,09 até 51.259,08
	De 3.418,59 a 4.271,59
	 
	22,5
	Acima de 51.259,08
	Acima de 4.271,59
	 
	27,5
- Regressiva:
 
	Período de aportes
	Alíquota de IR
	Até 2 anos
	35%
	de 2 a 4 anos
	30%
	de 4 a 6 anos
	25%
	de 6 a 8 anos
	20%
	de 8 a 10 anos
	15%
	Mais de 10 anos
	10%
CONTRATO DE DOAÇÃO
1. Conceito (art. 538 CC)
Liberalidade. Quem se envolve em um contrato de doação não quer tirar vantagem econômica com aquele contrato. Não tem dever legal. O doador, voluntariamente, abre mão do seu patrimônio em favor de outrem. 
É um contrato benéfico, pois quem se beneficia com o contrato é apenas o donatário, quem recebe os bens. O donatário nunca é prejudicado, pois se ele entende que não se beneficia daquele patrimônio, ele não aceita a doação. 
2. Breves notas sobre a capacidade das partes (doador e donatário)
a. Doação ao nascituro (art. 542)
Excepcionalmente, pode haver doação ao nascituro. É um dos únicos contratos que o nascituro é parte. Essa doação somente será válida se o responsável legal concordar. 
b. Doação aos absolutamente incapazes (art. 543)
Menores de 16 anos. Não precisa aceitação, pois é um contrato benéfico. 
c. Doação e pessoa jurídica
A pessoa jurídica pode doar e receber doações, em abstrato. 
d. Doação e entidade futura
Pode ocorrer doação à uma entidade que ainda não existe, mas tem projeto, no prazo de 2 anos. 
3. Elementos: 
(a) subjetivo: animus donandi; intenção de doar sem receber nada em troca. 
(b) objetivo: atribuição patrimonial – deve ser um bem com valor patrimonial, passível de negociação no comércio. 
4. Natureza jurídica 
a. Contrato Consensual
Basta o consenso (diferente do real). É consensual porque primeiro as partes acertam o contrato e depois ocorre a entrega da doação. 
b. Contrato Unilateral
Os deveres estão a cargo do doador, o donatário só se beneficia. As obrigações não são parelhas (diferente do bilateral).
c. Contrato Gratuito (art. 540)
Não se retira proveito nenhum com a doação (diferente do oneroso).
d. Contrato solene (art. 541)
Em regra, deve ser escrito. A doação deve ter um contrato escrito ou uma escritura pública. Porém se o bem for móvel e de pequeno valor, podem ser doados na forma verbal. 
5. Formas de aceitação
a. Expressa
É a forma mais tradicional. Consta no contrato todos os dados da doação. 
b. Tácita 
Quando ocorre um comportamento que demonstra vontade inequívoca. 
c. Presumida (art. 539)
O código brasileiro autoriza que o doador fixe um prazo para que o donatário diga se aceita ou não. 
6. Espécies
a. Pura
Doação padrão, se encaixa em todas as características do tipo contratual. 
b. Meritória
Ex: ao salva-vidas que socorreu alguém. Não tem dever legal de remunerá-los, mas ocorre a doação em forma de agradecimento. 
c. Remuneratória (art. 540)
Doação oferecida para profissionais que não cobraram pelo serviço prestado. 
d. Em forma de subvenção periódica (art. 545)
Doação mensal, anual. Não vale para depois da morte. 
e. Em contemplação de casamento futuro (art. 546)
Se a pessoa casar, surge a pretensão a receber a doação. 
f. Em favor de prole futura (art. 546)
Doação feita para os futuros filhos. 
g. Conjunta (art. 551)
Doação para mais de uma pessoa. Bem divisível ou indivisível. 
h. Modal ou com Encargo (art. 553)
Quando o doador fixa uma prestação a ser desempenhada pelo donatário. O donatário deve cumprir o encargo para receber a doação. 
i. Feita a entidade futura (art. 554)
Doação em favor de entidade que ainda não existe, no prazo de 2 anos.
7. Analise da cláusula de reversão (art. 547)
É a cláusula que estipula que diante da morte do donatário, os bens retornam ao patrimônio do doador. É uma cláusula acidental, ou seja, não é necessária, as partes colocam se quiserem. 
Essa cláusula apenas acontece se o donatário morrer antes do doador. 
Não tem valor quando é feita em favor de terceiros, pois não é permitido negociar herança de pessoas vivas. Ex: não pode realizar uma doação em favor de A, se A falecer, os bens vão para B. 
8. Doações viciadas – eventualmente serão invalidadas
a. Doação universal (art. 548)
É nula a doação de todos os bens sem a reserva de parte deles para a sobrevivência do próprio doador. Não tem valor jurídico o contrato que aliena todos os bens da pessoa. 
É uma medida de proteção do devedor e aos seus parentes.
 
b. Doação Inoficiosa (art. 549)
É preciso conservar 50% do patrimônio para os herdeiros necessários, aqueles que não são possíveis excluir da sucessão (descendentes, ascendentes e cônjuges). 
Adoação inoficiosa é aquela em que a pessoa doa mais de 50% do seu patrimônio. 
c. Doação ao concubino (art. 550)
Concubino são pessoas que não podem casar entre si, mas tem uma relação (amante). 
A pessoa pode doar para qualquer pessoa menos para o concubino. 
d. Doações em fraude contra credores
Se o devedor doar os bens para terceiro para não pagar uma dívida, o juiz anula a doação e penhora os bens. 
“Concilium Fraudis”.
9. Adiantamento de Legítima (art. 544)
A doação de ascendente a descendente ou de um cônjuge para o outro é chamada de adiantamento de herança. 
Pode colocar uma cláusula afirmando que aquela doação está saindo da parte disponível de seus bens, não sendo considerado adiantamento de herança.
10. Doação entre cônjuges.
Pode haver doação entre cônjuges se tiver alguma utilidade. 
11. Revogação das doações (art. 555)
Regra geral, a doação realizada não poderá ser impugnada, em nome da segurança jurídica. 
Exceções (situações que poderão ocorrer a revogação da doação):
- Quando for caracterizada a ingratidão. 
- Quando for estipulado um encargo e ele não for cumprido.
a. Hipóteses de ingratidão (art. 557 e 558).
Podem ser revogadas por ingratidão as doações (rol exemplificativo):
I - se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele;
II - se cometeu contra ele ofensa física;
III - se o injuriou gravemente ou o caluniou;
IV - se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava.
 Pode ocorrer também a revogação quando o ofendido for o cônjuge, ascendente, descendente, ainda que adotivo, ou irmão do doador.
b. Ação personalíssima (art. 560)
Apenas a vítima pode entrar com o pedido de revogação da doação (doador). Se já entrou com a ação e o doador morre, os herdeiros continuam com o processo. 
Se o donatário foi morto pelo donatário, os herdeiros podem entrar com a ação em nome próprio. 
c. Irrevogabilidade por ingratidão (art. 564)
Não se revogam por ingratidão:
I - as doações puramente remuneratórias;
II - as oneradas com encargo já cumprido;
III - as que se fizerem em cumprimento de obrigação natural (dívida de jogo);
IV - as feitas para determinado casamento.
d. Inexecução de encargo 
Art. 562 - A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida.
A mora decorre de um prazo fixado no contrato ou quando o doador notificar judicialmente o donatário. Se depois disso o donatário não cumprir o encargo, o juiz pode retomar os bens doados. 
CONTRATO DE LOCAÇÃO
1. Breve notícia histórica (a influência romana)
Um dos principais bens locados antigamente era a pessoa humana (escravidão).
2. Conceito. 
“Locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra o gozo temporário de uma coisa, mediante retribuição”. Artigo 1022º Código Civil Português.
Duas vontades complementares se encontram. De um lado tem o locador que possui um bem e busca remuneração, e de outro o locatário que precisa usufruir daquele bem e aceita pagar uma retribuição por ele. 
3. Partes: locador (senhorio, arrendador) e locatário (inquilino, arrendatário)
O locador tem o bem e receberá o aluguel. O locatário irá usufruir do bem e pagara por ele. 
4. Fenômeno da “descodificação”.
Séc. XIX - século da “codificação” – herança da revolução francesa. A lei expressa a soberania popular. O parlamento “cria” códigos que contemplam todo o Direito. 
“Códigos Totais”: “não ensino Código Civil, leciono Código Civil”. (o que é direito está dentro do Código, se não está dentro do Código, não é Direito).
Code Civil/1804------------------------------------------------------------BGB/1900
No século XX, admite-se um sistema plural de fontes jurígenas. Ao lado da lei, desponta no Brasil, a jurisprudência, costume, vontade, doutrina, tratados internacionais, etc. A lei convive com outras fontes do direito. Amplia-se o uso das fontes. 
Miguel Reale: “Código Reale” = CC/2002. 
Descodificação: fuga dos códigos. Os Códigos não precisam regular todos os institutos do direito, mas sim, um regime geral. O código fala da generalidade, existem leis específicas para alguns casos:
4.1. Estatuto da Terra – Lei 4.504/64: Locação de terras: arrendamento rural. Locações de imóveis rurais. Locatário é despejado depois da colheita. 
4.2. Lei do Inquilinato – Lei 8.245/1991: Locações de imóveis urbanos. 
4.3. Imóveis Públicos – Decreto-Lei n. 9760/46: bens públicos. 
5. Elementos:
5.1. Cessão do uso e gozo da coisa 
O locador oferece ao locatário o direito de explorar o seu bem. Não ocorre troca de propriedade, mas enquanto viger o contrato de locação, o bem será usado conforme locatário quiser. 
5.2. Bem não fungível (art. 85, CCB). 
Bem fungível: dinheiro. Se for bem fungível, não é locação, é mútuo.
Bem não fungível: o bem emprestado é o mesmo que será devolvido no final do contrato. 
5.3. Retribuição (aluguel)
A locação precisa ser remunerada. Se for gratuito (emprestar), é comodato.
5.4. Temporariedade 
Tempo determinado ou indeterminado, porém não infinito.
Não há locação eterna, precisa ser temporária. 
Mesmo quando for com prazo indeterminado, as partes podem extinguir o contrato em qualquer momento. 
5.5. Classificação do contrato de locação: Bilateral / Oneroso / Consensual / Informal / Trato sucessivo (execução continuada)
Bilateral: as obrigações das partes são equivalentes.
Oneroso: não é gratuito.
Consensual: basta o consenso para a formação do contrato. 
Informal: não depende de forma particular. 
Trato sucessivo: execução continuada. Não é de forma instantânea, precisa de um tempo. 
6. Principais deveres do locador (art. 566, CCB).
6.1. Entrega do bem em condições de uso.
6.2. Garantir, pelo período do contrato, o uso pacífico da coisa.
7. Principais deveres do locatário (art. 569, CCB)
7.1. Servir-se da coisa adequadamente (desvio de finalidade). Quando o locador entender que o locatário está fazendo mau uso do bem, ele pode alegar desvio de finalidade. 
7.2. Pagar pontualmente o aluguel.
7.3. Dever de informar o senhorio sobre turbações (atos que perturbam a posse) de terceiros. 
7.4. Restituir a coisa no estado que recebeu.
8. Extinção do contrato 
8.1. Vontade das partes (resilição: denúncia ou distrato)
Denuncia: prerrogativa que qualquer uma das partes tem de se liberar do contrato. Uma das partes denuncia o contrato.
Distrato: parte dos dois sujeitos. Negociação entre as partes. 
8.2. Prazo determinado e indeterminado
Prazo determinado: extingue o contrato na data final estipulada. 
Prazo indeterminado: enquanto o locatário estiver com bem e pagando aluguel.
8.3. Evicção
Não pode fruir de um bem evicto. Com a evicção, a fruição é proibida.
8.4. Vícios redibitórios
No momento da locação o bem aparentava estar bem para o uso, mas na prática ele tem defeitos imperceptíveis que comprometem o uso do bem. 
9. Direito de retenção (art. 578).
Benfeitorias: 
- Necessárias: fundamentais para a fruição do bem (ex: piso, telhado)
- Úteis: aprimoram a utilidade do bem, consegue fruir mais intensamente, mas não são necessárias.
- Voluptárias: para mero deleite (ex: piscina).
O locatário tem direito de reter o bem até que o locador pague a benfeitoria necessária. 
As benfeitorias úteis devem ter o consentimento do locador. 
A voluptuária é paga por aquele que colocar. 
CONTRATO DE COMODATO
1. Conceito.
Art. 579 CC. O comodato é o empréstimo gratuito de coisa não fungível. É empréstimo de uso. Se faz com a tradição do objeto. 
2. Três notas características
2.1 Infungibilidade da coisa emprestada (art. 85)
O bem emprestado deve ser infungível. Não há troca de propriedade, apenas empréstimo. O bem emprestado deve ser o mesmo devolvido.
2.2 Gratuidade 
O comodato, no direito brasileiro, é um contrato gratuito, não pode cobrar. 
2.3 Temporariedade (art. 581)
Não é vitalício, pode serdesfeito em prazo determinado ou indeterminado.
3. Natureza jurídica
3.1 Contrato Real
Precisa haver a entrega do bem, não basta o consenso/proposta.
3.2 Contrato Unilateral (bilateral imperfeito)
De regra, é unilateral, pois beneficia o comodatário. Mas o comodante também tem obrigações.
3.3 Gratuito (benéfico)
3.4 Não solene
Não precisa de uma forma específica, é um contrato informal.
4. Deveres do comodatário (arts. 582/583)
4.1. Guardar e conservar a coisa emprestada;
4.2. Facultar ao comodante o seu exame/fiscalização;
4.3. Utilizar a coisa consoante o seu fim;
4.4. Tolerar benfeitorias que o comodante queira realizar;
4.5. Não proporcionar o uso aos terceiros;
4.6. Informar o comodante quanto aos vícios;
4.7. Restituir o bem;
Se o comodatário não restituir o bem, o comodante pode arbitrar um valor a título de aluguel, que deverá ser pago pelo comodatário em mora. Alguns autores afirmam que isso faz com o que o comodato se transforma em aluguel.
5. Deveres do comodante 
5.1 Não reclamar a coisa antes do prazo. Exceção: se o comodante demonstrar urgência e comprovar perante o juiz;
5.2 Reembolsar as despesas extraordinárias;
5.3 Indenizar o comodatário de prejuízos em decorrência dos defeitos da coisa.
6. Extinção
6.1 Adimplemento – contrato cumprido.
6.2. Prazo indeterminado (notificação, art. 582, in fine);
6.3. Perecimento do bem.
7. Comodato modal
Ocorre o comodato modal quando o comodante se utiliza do comodato para incrementar as suas vantagens em outro contrato. O comodante estipula o modo pelo qual o bem comodato deve ser utilizado pelo comodatário.
Ex: o restaurante recebe um freezer da Kibon, sem pagar nada por ele. A Kibon busca ampliar a venda de seus produtos.
8. Jurisprudência: REsp 1.087.783/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi.
CONTRATO DE MÚTUO
1. Conceito (art. 586)
Outra modalidade de empréstimo.
Empréstimo de bem fungível. Pode ser trocado por outro de mesma qualidade. O bem devolvido não é o mesmo que foi emprestado. 
Quem recebe bens a título de mútuo pode e deve utilizar o bem. É um empréstimo de consumo. 
O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebe em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. 
2. Nota característica: 
Empréstimo de bem fungível
3. A transferência do domínio e dos riscos (art. 587)
Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição.
4. Mútuo feito em favor de incapazes (arts. 588 e 589)
Não é comum. 
» 588: O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
Quem empresta dinheiro para menor não tem o direito de cobrar. 
» Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente: Exceções:
I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente;
II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais;
III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças;
IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; 
V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.
5. Exceção de insegurança (art. 590)
590: O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica.
Deve comprovar para o juiz que o mutuário está com problemas financeiros. 
6. Prazo (art. 592)
O prazo é livremente pactuado pelas partes. 
Se o contrato não tiver prazo expresso:
Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
I - até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura;
II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;
III - do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa fungível.
7. Limite dos juros civis (arts. 591 e 406)
O mútuo é um contrato oneroso, então podem ser cobrados juros, porém com limites. 
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual.
» Essa norma é aplicável aos Bancos? Os Bancos afirmavam que não obedeciam ao Código Civil, mas sim, ao Banco Central. 
8. Dica de jurisprudência: REsp 1061530/RS (art. 543-C, Bancos)
CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
1. Conceito
A prestação de serviços é o contrato bilateral, temporário e oneroso, mediante o qual uma pessoa (prestador de serviços) se obriga a desenvolver uma atividade eventual, de caráter corporal ou intelectual, com independência técnica e sem subordinação hierárquica, em favor de outra (tomador ou recebedor dos serviços), assumindo esta uma contraprestação pecuniária. O prestador de serviços pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. Prestam-se serviços construindo, reformando, consertando, limpando, vigiando, transportando, em miríades infindáveis de trabalhos não assalariados. Outro campo amplo é o dos profissionais liberais, que exercem suas profissões individualmente, ou em sociedades organizadas.
2. Contrato de Prestação de Serviços (art. 593) e Contrato de Trabalho
É parecido, porém não é igual a um contrato de trabalho. 
O contrato de trabalho é de contrato habitual. O contrato de prestação de serviço é eventual.
2.1. Elementos da relação de emprego: 
(i) subordinação.
(ii) empregado é pessoa física - o prestador de serviço pode ser pessoa física ou jurídica. 
(iii) não eventualidade (habitual) - a prestação de serviços é eventual. 
(iv) onerosidade.
2.2. Distinções entre as figuras: 
Ausência de subordinação e independência técnica.
3. Prestação de Serviços (CCB) e Código de Defesa do Consumidor 
3.1. Conceito de consumidor
Consumidor é quem:
 - Adquire bens ou serviços.
- Utiliza bens ou serviços.
- Está exposto à práticas de consumo.
- Vítima de um evento de consumo (bystander). 
3.2. Conceito de fornecedor
Toda pessoa física ou jurídica que exerce atividade econômica oferecendo bens ou serviços às pessoas com caráter habitual. Na lei é um conceito amplo (produtor, comerciante, importador, etc.). 
4. Características:
4.1. Bilateralidade - O tomador paga, o prestador oferece o serviço. 
4.2. Onerosidade
4.3. Consensualidade
5. A remuneração do prestador (arts. 596 e 597)
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.
Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
6. Natureza intuitu personae? (art. 605)
Art. 605. Nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto que os preste.
A pessoa dos sujeitos é valorizada, não pode transferir a prestação de serviços para outra pessoa. Nem quem contratou, nem quem foi contratado pode transferir o serviço. 
7. A necessidade de habilitação profissional (art. 606)
Art. 606. Se o serviço for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé.
8. Prazo do contrato (art. 598)
Art. 598. A prestação de serviço não se poderá convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dívida de quem o presta, ou se destine à execução de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos, dar-se-á por findo o contrato, ainda que não concluída a obra.
9. Extinção (art. 607)
9.1. Morte
Seo contrato é intuitu personae, a morte acaba com o contrato.
9.2. Conclusão do serviço
Adimplemento.
9.3. Impossibilidade
Por mais que o prestador de serviços queira entregar o produto, ele está impossibilitado. 
Fortuito externo e força maior. Não tem efeito indenizatório. 
9.4. Inadimplemento
Algo que poderia ser evitado se o devedor tivesse agido com maior cautela. Tem efeito indenizatório.
9.5. Contrato por termo certo (art. 602)
O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.
9.6. Contrato por prazo indeterminado (art. 599)
Não havendo prazo estipulado, nem se podendo inferir da natureza do contrato, ou do costume do lugar, qualquer das partes, a seu arbítrio, mediante prévio aviso, pode resolver o contrato.
 §único: Dar-se-á o aviso:
I - com antecedência de oito dias, se o salário se houver fixado por tempo de um mês, ou mais;
II - com antecipação de quatro dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;
III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de sete dias.
10. Tutela externa do crédito (art. 608)
Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar serviço a outrem pagará a este a importância que ao prestador de serviço, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos. 
Exceção ao princípio da relatividade dos contratos. 
- Ideia da norma: nós deveríamos respeitar os contratos alheios (polêmica). 
CONTRATO DE EMPREITADA
1. Conceito
Empreitada é o contrato mediante o qual uma pessoa (dono da obra) pactua com outra (empreiteiro) a realização de uma obra, de acordo com as condições e o preço que ajustarem. (...) O conceito de dono da obra não se confunde com o de proprietário, pois a obra resultante apenas ser-lhe-á transferida quando for concluída satisfatoriamente.
Na empreitada uma das partes obriga-se a executar, por si só, ou com o auxílio de outros, determinada obra, ou a prestar certo serviço, e a outra, a pagar o preço respectivo. Obriga-se a proporcionar a outrem, com trabalho, certo resultado. 
1. Natureza Jurídica: 
Assim como na prestação de serviços, a empreitada é um contrato bilateral, oneroso e consensual. 
1. Intuito Personae? (art. 626)
De regra, não é intuito personae (diferente da prestação de serviços). Faz parte do contrato de empreitada o empreiteiro depender do serviço de outros. 
1. Características
3. Autonomia técnica do empreiteiro
O empreiteiro tem o conhecimento especializado (“know how”). Ele domina a técnica e não pode ser constrangido a não seguir a melhor técnica, pois tem autonomia. 
Se houver qualquer erro de técnica na obra, a responsabilidade é do empreiteiro. 
3. Obrigação de resultado
Como regra geral, o empreitante, a técnica é quase irrelevante, ele se preocupa com o resultado. 
1. Espécies (art. 610)
4. De lavor (art. 612)
Neste tipo, o empreiteiro apenas oferece o seu trabalho, quem deve adquirir os materiais é o empreitante. É a regra no Brasil. 
“A contratação de um projeto não gera o dever de executá-lo”.
É ônus do empreitante conseguir os materiais. 
4. De mista (art. 611)
O empreiteiro deve oferecer o trabalho e adquirir todos os materiais necessários para a obra. Precisa de cláusula ou ajuste expresso. 
É ônus do empreiteiro coseguir os materiais. O empreitante já pagou o valor integral. 
1. Divisão dos riscos
A divisão das espécies é importante para saber quem se responsabiliza por qualquer coisa que aconteça com os materiais. 
Se o contrato for omisso sobre a espécie, o juiz entende que a empreitada é de lavor, pois é a regra geral. 
1. Cláusulas usuais
6. Especificação da obra
Atualmente, é frequente que as partes anexem ao contrato fotografias, projetos, representações, etc., para que fique estampado o resultado idealizado. 
6. Tipo de empreitada
Se nada o contrato diz, a empreitada é de lavor.
6. Preço e condições de pagamento
Autonomia privada. As partes acertam quanto a entrada, parcelamento, saldo, descontos, etc. Livre negociação entre as partes. 
6. Prazo para execução e entrega
O contrato deve prever prazo certo para a entrega da obra. 
6. Penalidades para inadimplemento
Se o prazo do contrato não é cumprido, acertam as partes que o empreiteiro deverá pagar em favor do empreitante o valor correspondente. 
- Inadimplemento antecipado: quando fica caracterizado que no prazo futuro acordado pelas partes o contrato não será cumprido, é possível que o empreitante termine antecipadamente o contrato. 
1. Suspensão da obra (art. 625)
Poderá o empreiteiro suspender a obra:
I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior;
II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de execução, resultantes de causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços;
III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo de preço.
1. O recebimento da obra (art. 615 e 616)
De um lado, o empreiteiro demonstra o adimplemento. De outro, o empreitante, em tese, demonstra satisfação com o resultado. 
Art. 615. Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la. Poderá, porém, rejeitá-la, se o empreiteiro se afastou das instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza.
Art. 616. No caso da segunda parte do artigo antecedente, pode quem encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço.
1. Garantia de higidez e segurança da obra (art. 618)
Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais (empreitada mista) e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo. (obrigação de garantia).
9. Prazo decadencial (art. 618, parágrafo único)
Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.
Poder de minimizar o próprio dano. 
9. Enunciado n. 181 – Jornada de Direito Civil
O prazo de 5 anos é uma obrigação de garantia, e após 5 anos é uma obrigação comum, ou seja, deve provar a culpa. É uma prova mais difícil de fazer. 
11. Revisão do contrato (art. 620)
Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão de obra superior a um décimo do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe assegure a diferença apurada.
Se o preço dos materiais ou mão de obra for reduzido em mais de 10%, é direito do empreitante postular a redução do contrato. Essa revisão só beneficia o empreitante. 
Lições de Doutrina:
Na empreitada o que se presta não é a execução de um serviço que transcorre sob a supervisão do contratante, a quem o prestador do serviço fica subordinado, correndo riscos por conta do contratante, salvo quando resulte de culpa do prestador. Na empreitada, o objeto é a prestação de uma determinada obra, sem vínculo de subordinação, e os riscos correm por conta do empreiteiro.
Através do contrato de empreitada, uma das partes – o empreiteiro – se compromete a executar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros, em troca de certa remuneração fixa a ser paga pelo outro contraente – dono da obra –, de acordo com instruções deste e sem relação de subordinação.
A empreitada é o contrato bilateral, consensual, comutativo, oneroso e não solene. Bilateral, porque envolve prestação de ambas as partes, sendo certo que a prestação de um contratante tem por causa a prestação que lhe fornece o outro. O empreiteiro deve entregar a obra; o dono do negócio, o preço. E mais: o empreiteiro entrega a coisa parareceber o preço e o dono entrega o preço para receber a obra. A prestação de uma parte é a razão de ser a prestação da outra. Consensual, em oposição aos contratos reais, porque a empreitada é negócio que se aperfeiçoa pela mera junção dos consentimentos, sem mister de tradição da coisa, como acontece no mútuo, no comodato, no depósito, no penhor e na anticrese. Comutativo, não só porque, pelo menos subjetivamente, os contratantes crêem na relativa equivalência das prestações, como também porque qualquer deles tem elementos, desde logo, para antever o montante da prestação que receberá. Oneroso, em virtude do seu propósito especulativo, envolvendo um sacrifício patrimonial para ambas a as partes: do empreiteiro, que deve desincumbir-se de sua tarefa, e do dono da obra, que deve fornecer o preço. Não solene, porque não é daqueles contratos que a lei impõe forma determinada. Pode ser ultimado por mero acordo verbal das vontades.
O novo Código, em seu art. 619, repete o preceito precedido da locução ‘salvo estipulação em contrário’. De modo que os riscos da alta ou baixa são assumidos pelo empreiteiro, ficando o dono da obra, por força do contrato, ao abrigo de quaisquer perigos.
A empreitada pode ser apenas de mão-de-obra – empreitada de lavor –, ou pode o empreiteiro contribuir para a obra com seu trabalho e com os materiais – empreitada mista.
CONTRATO DE MANDATO
» Conceito
Art. 653 CC: “Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato”.
A palavra mandato, conforme a doutrina, deriva do latim manum dare ou de in manum dare, significando confiança, dar um encargo a alguém em quem se confia, característica, que, segundo alguns, permanece na doutrina moderna, razão pela qual se lhe atribui o caráter de contrato intuitu personae e se lhe negava a onerosidade, já que baseado na amizade.
Delegar a prática de um ato que eu não posso fazer, para que ela faça em meu nome. O mandatário vai representar o mandante.
» Principais obrigações do mandatário
Ex: advogado, dispachante, etc. 
1. Cumprir diligentemente as ordens e as instruções recebidas (art. 677); O mandatário fala em nome do mandante. Os direitos são do mandante. O que o mandatário falar vincula o mandante. 
2. Prestar contas (art. 668); Ex: o escritório de advocacia manda, mesalmente, relatórios para os clientes sobre seus processos. 
3. Guardar e conservar a coisa, recebida em nome e por conta do mandante; Se o mandatário receber bens que pertencem ao mandante, ele deve conservar a coisa. 
4. Cumprimento pessoal do encargo, quando não autorizado o substabelecimento (art. 667). É um contrato intuitu personae. A pessoa que foi contratada é quem deve cumprir a obrigação. 
» Principais obrigações do mandante
1. Cumprir pessoalmente as obrigações contraídas pelo mandatário em seu nome; Mesmo que o mandatário acerte algum acordo que o mandante não concorde, a obrigação deve ser cumprida. 
2. Arcar com as despesas necessárias ao cumprimento do contrato, bem como reembolsar o mandatário (arts. 675 e 676). 
» Contrato gratuito?
Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.
Se o mandatário for um advogado, por exemplo, não será gratuito, pois se trata de profissão lucrativa. 
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento.
	
» Cessação do mandato
Art. 682. Cessa o mandato:
I - pela revogação ou pela renúncia; Revogar: o mandante informa o mandatário que não quer mais ser representado por ele.
II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer; ex: pessoa declarada falida.
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
» Tutela da Aparência
Busca proteger a aparência jurídica. Em nome da segurança jurídica, algumas pessoas passam a ser vistas pela sociedade como legítimas mandatárias de outras. 
Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos terceiros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as ações que no caso lhe possam caber contra o procurador.
 “A eficácia ulterior dos poderes de representação, uma vez revogado o mandato, tutela a aparência e a segurança do comércio jurídico. Trata-se de distribuir as responsabilidades e a boa fé do terceiro acaba por obrigar o mandante”. Araken de Assis, Contratos Nominados, p. 129. RT: 2005. 
» Direito de retenção
Regra geral: os contratantes não têm direito de retenção, ele deve ser expresso na lei. Cabe retenção, mas deve estar expresso. 
Art. 664: “O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, quanto baste para pagamento de tudo que lhe for devido em consequência do mandato”. 
Art. 681, CCB: “O mandatário tem sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, direito de retenção, até se reembolsar do que no desempenho do encargo despendeu”. 
Enunciado n. 184 – Jornadas de Direito Civil – Arts. 664 e 681: “Da interpretação conjunta desses dispositivos, extrai-se que o mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, tudo o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se a remuneração ajustada e o reembolso de despesas”. 
» O mandato judicial
	Mandato que é outorgado para defesa dos clientes em juízo. 
Art. 692. O mandato judicial fica subordinado às normas que lhe dizem respeito, constantes da legislação processual, e, supletivamente, às estabelecidas neste Código.
Está disciplinado no CPC e no estatuto do advogado. 
» Cláusula “em causa própria”
	O mandante outorga uma procuração para que ela seja usada em favor do mandatário. Nessa cláusula não tem sentido revogar, pois o mandatário estará agindo em causa própria. 
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as formalidades legais.
» Enunciados das Jornadas de Direito Civil
182 – Art. 655: O mandato outorgado por instrumento público previsto no art. 655 do Código Civil somente admite substabelecimento por instrumento particular quando a forma pública for facultativa e não integrar a substância do ato.
Art. 655, CCB: “Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular”. 
Enunciado n. 183 – Arts. 660 e 661: Para os casos em que o parágrafo primeiro do art. 661 exige poderes especiais, a procuração deve conter a identificação do objeto. 
Poderes gerais X especiais
Art. 660. O mandato pode ser especial a um ou mais negócios determinadamente, ou geral a todos os do mandante.
Art. 661. O mandato em termos gerais só confere poderes de administração.
§ 1º Para alienar, hipotecar, transigir, ou praticar outros quaisquer atos que exorbitem da administração ordinária, depende a procuração de poderes especiais e expressos.
§ 2º O poder de transigir não importa o de firmar compromisso.
Ver art. 38, CPC.
Enunciado n. 161 – Arts. 389 e 404: Os honorários advocatícios previstos nos arts. 389 e 404 do Código Civil apenas têm cabimento quando ocorre a efetiva atuação profissional do advogado.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honoráriosde advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Enunciado n. 163 – Art. 405: “A regra do art. 405 do novo Código Civil aplica-se somente à responsabilidade contratual, e não aos juros moratórios na responsabilidade extracontratual, em face do disposto no art. 398 do novo Código Civil, não afastando, pois, o disposto na Súmula 54 do STJ”. 
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. 
CONTRATO DE DEPÓSITO
1. Conceito.
O depósito é o contrato pelo qual uma pessoa, denominada depositante, entrega uma coisa móvel para que outra pessoa, denominada depositária, a guarde com obrigação de devolvê-la ao depositante ou alguém que este designe. A guarda ou custódia é, no depósito, seu elemento nuclear, tendo a função de assegurar o adimplemento, assumindo o depositário os riscos correspondentes. Como diz Ludwig Enneccerus (1966- 644), a custódia tem de constituir o conteúdo único ou ao menos principal do contrato.
Pelo contrato de depósito recebe alguém objeto móvel para guardá-lo e restituí-lo, por prazo certo. (...) É contrato unilateral, gratuito, real e intuitu personae. Converte-se eventualmente em contrato bilateral. Pode ser oneroso. Passando, então da unilateralidade para a bilateralidade.
2. Natureza jurídica. 
2.1. Real: 
Art. 627 CC. Apenas se perfaz com a entrega do bem. Não existe promessa de depósito, ele surge no momento que o bem é oferecido. Enquanto o bem não for entregue, não há vinculo contratual entre as partes. 
2.2. Gratuito
Art. 628 CC. O contrato de depósito é gratuito, exceto se houver convenção em sentido contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissão. 
2.3. Temporário: 
Devolução da coisa no momento em que pedida. Tão logo o depositante reclame, o depositário é obrigado a devolver. 
3. Deveres do depositário
3.1. Custódia e conservação da coisa
O depositário deve zelar pela segurança do bem depositado. Embora não responda em casos de força maior, na medida em que o proprietário é o depositante, incube ao depositário tomar as “devidas cautelas” para que não ocorra dano ao bem. Havendo dano ao bem, há uma regra geral de indenização ao depositante. Mas se a causa é alheia ao depositário, ele não tem responsabilidade. Sugere-se ao depositário contar com um seguro.
3.2. Não servir-se do bem
Ex: os jornais noticiaram, há poucos anos, o fato de que um funcionário de determinado restaurante resolveu passear com um carro do cliente, envolvendo-se em grave acidente. Ocorreu, aqui, uma nítida infração contratual. 
3.3. Restituir o bem com frutos
Ex: deixo minhas cabeças de gado na propriedade da Sra. Bragança, uma vez que estou finalizando um contrato de compra e venda com uma vizinha sua. Nascem filhotes. Tais filhotes me pertencem. 
4. Deveres do depositante
4.1. Pagar ao depositário a remuneração convencionada
Caso o depósito seja oneroso, deve haver o pagamento. A maior parte dos autores reconhece direito de retenção em favor do depositário. Ex: deixei malas no hotel, se eu não pago a diária, o hotel, na visão de muitos juízes, não precisaria devolvê-las. Elas garantiriam o meu adimplemento. 
4.2. Pagar despesas realizadas pelo depositário para conservação
O depositante tem o dever de ressarcir as despesas realizadas pelo depositário para a conservação do bem. 
4.3. Indenizar depositário pelos prejuízos decorrentes de depósito
Ex: periodicamente, os jornais retratam a seguinte situação: a polícia, investigando uma quadrilha que rouba carros, encontra os veículos em um determinado estacionamento. A polícia não sabe de antemão se o dono do estacionamento está envolvido, e lacra o estacionamento. Dias após, com a comprovação de que o proprietário nada tem que ver com o grupo, o estacionamento é reaberto. 
5. Espécies
5.1. Depósito voluntário
Decorre da vontade das partes (“voluntas”).
5.2. Depósito necessário
Decorre da lei, as partes não têm alternativa, elas devem aceitá-lo. 
5.3. Depósito irregular – não tem natureza de depósito
Depósito para bens fungíveis – aplicam-se as regras do mútuo. Art. 645 CC. 
6. A polêmica prisão civil do depositário (art. 652 x RE 466343).
Sendo o depositário voluntário ou necessário, o depositário que se nega a restituir o bem poderá ser preso pelo prazo de 1 ano.
7. Súmula 150/STJ.
CONTRATO DE CORRETAGEM
1. Conceito
Para que seja devida a comissão, basta a aproximação das partes e a conclusão bem sucedida de negócio jurídico. A participação efetiva do corretor na negociação do contrato é circunstância que não desempenha, via de regra, papel essencial no adimplemento de sua prestação. Portanto, esse auxílio, posterior à aproximação e até a celebração do contrato, não pode ser colocado como condição para o pagamento da comissão devida pelas comitentes.
Art. 722 CC: pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra, em virtude mandato, de prestação de serviços, ou por qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda, em ou um ou mais negócios, conforme as instruções recebidas. 
Apenas viabiliza a compra e venda e a locação.
Ex: o corretor aproxima as pessoas, obriga-se a prestar os serviços negociados. 
2. Características: 
Consensual, bilateral e oneroso
3. Obrigações de meio e de resultado (art. 725)
A remuneração é devida ao corretor uma vez que tenha conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda que este não se efetive em virtude de arrependimento das partes.
4. Deveres do corretor (art. 723)
- Diligência e prudência: se o corretor tiver propostas ele deve, imediatamente, oferecer aos seus clientes.
- Prestação de contas: o corretor deve transmitir o que o mercado lhe transmite, com relação a descontos, valores, etc., para ampliar a chance do negócio ser formado. 
5. A remuneração do corretor (art. 724)
Regra geral: as partes são livres para pactuar a remuneração do corretor. 
Se o contrato for omisso, então, o corretor poderá ingressar com uma “ação de arbitramento de honorários” e o juiz, atento as peculiaridades do negócio, aos usos e costumes locais, ao trabalho realizado, arbitrará o valor merecido pelo corretor.
No RS há um costume de que a comissão seja paga pelo vendedor, contudo as partes podem disciplinar no contrato quem terá o ônus de arcar com tal rubrica. 
6. A cláusula de exclusividade (art. 726)
Regras:
a) Iniciado o negócio e concluído, diretamente pelas partes, sem a interferência do corretor, nenhuma remuneração caberá a ele. 
b) Quando ajustada a exclusividade (que não é a regra no mercado), aí sim o corretor terá direito a remuneração, ainda que seu trabalho não tenha sido decisivo na aproximação das partes. 
c) Se o cliente comprovar que o corretor é desidioso, então, o juiz libera a exclusividade (na prática, é difícil provar a desídia). 
7. Questões polêmicas:
7.1. Direito probatório 
Facebook, cartas, email, livros, jornais, etc. 
O juiz quer saber se houve contratação do corretor, qual a sua renumeração, se houve sucesso no seu trabalho. 
7.2. Inscrição no CRECI
Conselho Regional dos Corretores de Imóvel. 
Mesmo o corretor que não estiver inscrito no CRECI, merece a corretagem, mas não tanto quanto aquele que é inscrito.
7.3. Corretagem no MCMV 
Minha Casa Minha Vida.
O entendimento maior do STJ é que a corretagem para o programa é ilegal, não podendo haver corretagem. A cobrança vai de encontro ao próprio fim social para o qual foi criado.

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