Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Letícia Nano – Medicina Unimes Eczemas Os eczemas são dermatites caracterizadas pela presença de eritema, edema, vesiculação, secreção, formação de crostas, escamas e liquenificação. Essas lesões se sucedem ou se associam, formando os aspectos multiformes dos eczemas, e são acompanhadas do prurido, um sintoma constante, que pode ser mínimo, moderado ou intenso. A síndrome eczematosa pode ser classificada em aguda, subaguda ou crônica, de acordo com o aspecto que apresenta. Quando ocorre eritema, edema, vesiculação e secreção, o eczema é agudo; se o eritema e o edema são menos intensos e predominam as manifestações de secreção com formação de crostas, tem-se o subagudo. O eczema de evolução prolongada, com liquenificação (espessamento dos sulcos da pele, hipertrofia camadas epiderme), é a forma crônica. A síndrome eczematosa é das mais frequentes afecções cutâneas, sendo causada por agentes exógenos (contactantes) ou endógenos (endotantes), que atuam com mecanismos patogenéticos diversos. Por critério clínico e etiopatogênico, podem-se agrupar as seguintes formas de eczemas ou dermatites eczematosas: Eczemas De contato (dermatite de contato) Atópico (dermatite atópica) Seborreico (dermatite seborreica) “caspa” Desidrótico (disidrose) Numular (dermatite discoide) Paciente Qualquer idade, independe de predisposição genética (principal causa de dermatoses ocupacionais) Início na infância (95% casos antes dos 5 anos) Qualquer idade, pico em adultos jovens. Predomínio nos homens e incidência maior em pacientes com HIV e doenças neurológicas como Parkinson Bastante frequente. Mais comum em jovens adultos. A associação com atopia é bem frequente entre pacientes e familiares Maior incidência em pacientes atópicos, mais comum em homens, principalmente idosos Agentes Substâncias químicas* Multifatorial Causa desconhecida Multifatorial Causa desconhecida Etiopatogenia Etiologia alérgica (sensibilização) ou irritativa* Detergente, solventes, bijuterias, esmaltes, tintas, sabonetes, couro, cosméticos Imunológico (desbalanço TH2 ou hipersensibilidade tipo I; ↑IgE), constitucional (defeitos na produção de ceramidas da pele); ambiental (menor exposição à alérgenos); genético (antecedente familiar de rinite, asma e dermatite- 50% chance); infeccioso (colonização exacerbada por S. aureus). Pode piorar c fatores emocionais Provável hipersensibilidade devido a leveduras comensais que hidrolisam os ácidos graxos (da secreção sebácea), que se tornam irritativos, causando a dermatite. Piora no inverno e fatores emocionais Fisiopatologia desconhecida. Pode ser uma manifestação da própria dermatite por contato alérgica (comum no níquel e cobalto). Pode se manifestar em reações a antígenos microbianos, como fungos e bactérias, e também pode ser desencadeado por fatores emocionais Forte associação com xerose cutânea, predispondo à ação de bactérias como S. aureus, e maior incidência das dermatites de contato (tanto irritativa quanto alérgica). Há também uma hiper-reatividade dos mastócitos Localização Predominante na área de contato ou distante (alérgica) Mais comum: mãos (irritativa) e face (alérgica) RN: couro cabeludo e face, sup extensoras (poupa área da fralda). Adultos: áreas de dobra e superfícies flexoras, fossas cubitais e poplíteas, pescoço e pálpebras. Face e couro cabeludo RN: face, couro cabeludo dobras e áreas da fralda Adultos: face, couro cabeludo, região esternal e dorso Região palmoplantar Extremidades, mãos e pés Características Apresentação aguda, subaguda ou crônica. Ardor e prurido podem estar presentes Forma crônica recorrente. Prurido é obrigatório e intenso. Pele xerótica é comum. Se for por hipersensibilidade tipo I (igE) acompanha rinite e asma. Forma crônica recorrente, caracterizado por eritema e descamação em áreas ricas em glândulas sebáceas. Os sintomas mais comuns são Forma crônica recorrente, caracterizada por vesículas na região palmoplantar. As vesículas são mais comuns nas laterais dos dedos (típico). As Forma crônica, placas eritematoescamocrostosas com contornos circulares em forma de moeda. Prurido é presente e pode Letícia Nano – Medicina Unimes Outros: ceratocone, catarata subcapsular anterior, prega de Denie- Morgan (2ª pálpebra inferior), sinal de Hertogue (perda parte caudal sobrancelha) e dermografismo branco (passa unha e fica branco) prurido e ardor. Pode ter limites bem definidos, chamado de dermatite seborreica figurada. Em idosos, pode causar eritrodermia. Pode se manifestar como blefarite vesículas podem confluir e disseminar em toda região palmoplantar. Após a resolução das bolhas, surge a descamação. Infecções 2ª pioram o eritema e podem surgir pústulas. ser intenso. Cicatrização não deixa marcas Diagnóstico Clínico: história do paciente+ exame físico Alérgico: pode utilizar patch teste Clínico: história do paciente + exame físico. *marcha atópica: a dermatite atópica seguida de asma e/ou rinite alérgica. Obs.: complicações graves possivelmente fatais: eritrodermia, e erupção variceliforme de Kaposi (infecção disseminada pelo Herpes) Clínico: história do paciente + exame físico Pelo menos 3 sinais maiores (prurido, quadro crônico recorrente, lesões eczematosas típicas p idade e história pessoal de atopia) Clínico: história do paciente + exame físico Pode ser realizado o teste de contato para detectar a dermatite de contato. Outro exame é a intradermorreação com a tricofitina, para detectar resposta celular contra fungos. Clínico: história do paciente + exame físico Diagnostico diferencial RN: dermatite seborreica Escabiose Adultos: dermatite de contato, RN: dermatite atópica e sd de Leiner. Adultos: psoríase, e dermatite de contato no couro cabeludo. Outros: Histiocitose de Langerhans; pênfigo foliáceo; LES. Tinha vesiculosa e penfigoide bolhoso Pequeno número de lesões: impetigo não pruriginoso ou tinha do corpo. Lesões em grande n: psoríase, parapsoríase, dermatite de contato e atópica Tratamento Afastar agente, uso de corticoides tópicos (ou sistêmico se intenso), anti- histamínicos (p alívio do prurido) e compressas de permanganato de potássio (diminuir exsudação). Após restaurar pele, usar emoliantes/hidratantes. Uso de luvas em atividades laborais Uso de corticoides tópicos, anti- histaminicos (p alívio do prurido e hipersensibilidade por igE). Uso de hidratantes p repor barreira pele. Uso de atb se infecções secundárias. Imunomoduladores tópicos: tacrolimo e pimecrolimo. Casos graves e resistentes: imunossupressores. Tomar banhos mornos, roupas de algodão, controle ambiental da poeira Loções e shampoos com princípios ativos como corticoides de baixa potência e/ou antifúngicos como cetoconazol e ciclopirox. Imunomoduladores como tacrolimo podem ser usados. Terapia sistêmica só na eritrodermia Resolução espontânea é comum. Pode dar banho com permanganato de potássio 1: 20mil, se titulação errada pode piorar o quadro. Nos casos pruriginosos intensos pode ser aplicado corticoides tópicos ou sistêmicos. Anti histamínicos para melhora do prurido, e uso de loções secativas. Fototerapia é uma alternativa Antibióticos tópicos associados com corticoesteroides tópicos. Atb sistêmicos se infecção secundária (com crosta melicérica) e corticoides sistêmicos em casos resistentes ou muitas lesões. Letícia Nano – Medicina UnimesEczema de contato Por irritante Alérgico Fototóxico Fotoalérgico Agente Irritante 1ª rio absoluto: ação cáustica/ácido com contato único com a pele Irritante 1ª rio absoluto de efeito retardado: ação caustica manifesta 12- 24h pós contato. Ex: podofilina Irritante 1ª relativo: necessita vários contatos com a pele. Depende da susceptibilidade do individuo e concentração da substância. É o mais comum. Ex: detergente, sabão, solventes Dicromato de potássio, couro, cimentos, detergentes e borracha. Cloreto de cobalto: cimento, tatuagens e esmaltes Sulfato de níquel: nijuterias, pinças, tesouras e fungicidas; Sulfato de cobre: inseticida, fungicida, tinta p cabelo; ácido paraminobenzoico: fotoprotetor; Balsamo de peru: medicações tópicas, cosméticos, sabonetes; Lanolina: solventes de cosméticos e medicamentos Substância química + raios ultravioleta (UVA) Substâncias: plantas e limão (fitofotodermatose por furocomarinas existentes no limão), medicações sistêmicas: amiodarona, doxicliclina, antiinflamatórios, sulfonamidas, hidroclorotiazidas, carbamazepina e outros anticonvulsivantes Substância química + raios ultravioleta (UVA e UVB) Fotosenssibilizantes: filtros solares, neomicina, prometazina, benzocaína e essências cítricas de perfume Fatores predisponentes Crianças, mulheres, áreas de pele fina, ou pele lesionada (pacientes com dermatite atópica previa), aumento ou diminuição importante da temperatura ambiente, suor excessivo etc É comum em mulheres, mais raro em crianças e idosos. Se for RN nos primeiros dias: descartar a possibilidade de ser alérgico. A espessura da pele não influencia no processo. Pacientes sensibilizados estão mais sujeitos a desenvolver eritrodermia. Incidência maior, em relação ao fotoeczema alérgico. Mais comum em idosos (maior ingestão de medicamentos e interações). Pacientes com predisposição genética para alergias. Mais comum em idosos (maior ingestão de medicamentos e interações) Patogenia Ruptura da barreira epidérmica, dano à membrana celular dos queratinócitos, efeito citotóxico a eles, liberação de citocinas inflamatórias por eles-> imunidade inata – inflamação. Reação imunológica não sensibilizante Hipersensibilidade tardia tipo IV Substância lipossolúvel se liga a proteínas da pele e é fagocitada pelas células apresentadoras de antígeno (Langerhans) que circula até o linfonodo mais próximo. No linfonodo, a substância é apresentada para o linfócito T, que se sensibilizam (cerca de 14 dias). Após novo contato com substância, os linfócitos T previamente sensibilizados reconhecem o antígeno, e desencadeiam resposta celular inflamatória. Pode levar 1-2 dias para início dos sinais e sintomas Substância química sofre modificação após exposição ao raio ultravioleta, e o dano já é direto ao local de exposição, formando radicais livres. As lesões se limitam as áreas fotoexpostas (substância não atinge o sangue). Substância química sofre modificação após exposição ao raio ultravioleta, gerando um antígeno (hapteno), que será processado pelo sistema imunológico, promovendo uma sensibilização (igual a dermatite de contato alérgica). Após um segundo contato que se manifestarão as lesões, nas áreas expostas ao sol, e em áreas cobertas (por sensibilização) Apresentação Irritante 1ª rio absoluto: agudo, intensa dor, pode formar bolhas Irritantes relativos: subagudo, predomina ardor. Ex: dermatite de fraldas Frequência pop: 80% Há predominância de vesículas e prurido Evolução em forma de surtos, surgindo a cada exposição ao contactante, com quadros de instalação cada vez mais rápidos, severos e extensos. Formas agudas, subagudas e crônica Frequência: 10-20% Quadros agudos, restrito às áreas fotoexpostas, comum no “V” do decote cervical. Lesões com características semelhantes a queimaduras. Sintoma de ardor é predominante. Se inicia com eritema, seguido de vesículas e bolhas, descamação e vai ficando Quadros agudos e subagudos, com edema, vesículas, crostas e descamação. Lesões mal delimitadas e não se limitam às áreas fotoexpostas. Lesões com características semelhantes a dermatites. Sintoma de prurido é predominante Letícia Nano – Medicina Unimes mais hipocrômico. Mancha do limão desaparece em 28 dias Localização Mãos, palmas (manipulação do agente), e peles finas. Local de contato com a substancia Rosto e dorso dos dedos e mão. Lesões podem aparecer distantes do local de contato (por disseminação por sensibilização) Áreas fotoexpostas Áreas fotoexpostas inicialmente Testes de contato Negativo Positivo Negativo Fototeste de contato positivo Diagnostico diferencial Eczema de contato alérgico Eczema de contato irritativo, psoríase, tinha e farmacodermias Fotoeczema alérgico, queimaduras Fotoeczema por toxicidade, demais dermatites Investigação Avaliar rotina e hobbies, e afastar o agente suspeito para excluir a causa Pela localização, presume-se o tipo de substância. Ex: axilas- antitranspirante Testes epicutâneos ou patch test: são colocadas substâncias no dorso do paciente e enumeradas. Após 48 horas há a primeira leitura e 72h para segunda. Não devem ser realizados na fase aguda (pode piorar o quadro).Não realizar quando estiver utilizando corticóides em altas doses (altera resultado) ou apresentar prurido intenso Investigar agente, exposição a florestas, uso de medicamentos etc Investigar agente, uso de medicamentos etc. Pode-se realizar o foto-teste de contato. Tratamento Corticoides tópicos, anti-histamínicos (p alívio do prurido), compressas de permanganato de potássio (diminuir exsudação). Após restaurar pele, usar emoliantes/hidratantes • Usar luvas nas atividades laborais Identificar e remover o agente causador. Agudas: banho, compressas ou cremes Crônicas: pomadas Localizadas: tratamento tópico Generalizadas: tratamento sistêmico Afastar agente causador, corticoides tópicos e fotoproteção para minimizar manchas. Afastar agente causador, trocar medicações habituais, corticoides sistêmicos, com desmame em 10-14 dias. Priorizar uso de filtros solares físicos. Letícia Nano – Medicina Unimes Dermatite de estase Características Eczema de estase ou varicoso ou hipostático Fatores de risco Idosos, histórico familiar, sexo feminino, obesidade, histórico de trmbose venosa profunda, trabalhar em pé etc Fatores agravantes Hipertensão arterial sistêmica e insuficiência cardíaca Fisiopatologia Hipertensão venosa-> Disfunção das valvas-> Obstrução ao fluxo venoso-> Trombose-> sangue retido no mmii Manifestação clinica Acometimento membros inferiores bilateralmente. Hiperpigmentação da pele que evolui com aparecimento de edema e eczematização. A tendência é cronificar, com liquenificação, dermatoesclerose e até ulceração. Pode ocorrer um quadro concomitante com dermatite alérgica, principalmente após uso de inúmeros produtos tópicos sensibilizantes. Diagnóstico diferencial Erisipela (unilateral e pode acompanhar febre) Tratamento Repouso com membros inferiores elevados; meias elásticas (colocar de manhã e retirar ao dormir); corticoides tópicos; antibi[óticos se infecção secundária e cirurgia se houver indicação Dermatite de fralda Características Dermatites de fralda Definição Dermatite de contato irritativa que compromete as áreas convexas da pele em contato com a fralda Fatores de risco Diarreia crônica (↑troca de fraldas), desmame precoce (↓proteçãocontra diarreia), atb de amplo espectro (incidência de diarreia) Patogenia Fezes e urina em contato com a pele+ fricção+ umidade+ calor -> aumento da atividade das enzimas fecais (urease), aumentando o pH do local, favorecendo o crescimento bacteriano (S. aureus S. pyogenes, Candida albicans) promovendo a irritação Localização Nádega, parte posterior da coxa, porção inicial do abdome Formas clínicas DF discreta, moderada e grave o Formas incomuns (graves): dermatite de fraldas erosiva de Jacquet, granuloma gluteal infantil, e pápulas e nódulos pseudo verrucosos Diagnóstico diferenciais Dermatite seborreica (atinge pregas), dermatite atópica, dermatite de contato alérgica, psoríase (Paraceratose na região da fralda), escabiose, histiocitose por células de Langerhans (raro e maligno) e sífilis congênita Tratamento Barreira de proteção-> pomadas ou pastas que contêm óxido de zinco. Suspender uso de detergentes, sabonetes, shampoo etc; Corticoides tópicos de baixa potência; Agentes antifúngicos (diagnóstico de candidíase); promover aleitamento materno (atividade anti-inflamatória e antimicrobiana
Compartilhar