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Sintaxe do Português Aula 2: O Sintagma nominal e a função sintática de sujeito Apresentação Na aula passada, conhecemos as noções de frase, oração e período e pudemos perceber que esses itens são formados a partir de sintagmas. Como aquela foi uma aula introdutória, vimos de forma ampla os tipos de sintagma. Por isso, nesta aula, trataremos especi�camente do sintagma nominal. Como nas próximas aulas aplicaremos a noção de sintagma à análise dos termos que compõem a oração, nosso objetivo neste momento é que você compreenda o que é um sintagma nominal, em termos de sua estrutura e de seu funcionamento. Além disso, é importante que você compreenda como um SN pode ser formado e quais os aspectos da modi�cação do SN. Em termos de visão tradicional, discutiremos uma das funções sintáticas do Sintagma Nominal que é a função de sujeito. Discutiremos também a classi�cação tradicional dos tipos de sujeito em simples, composto, determinado, indeterminado e inexistente e também faremos uma crítica em relação ao fato de o sujeito aparecer como um “termo essencial” da oração, mas termos um sujeito classi�cado como “inexistente”. Objetivos De�nir sintagma nominal (SN) e determinante; Identi�car o uso de pronomes como SN; Distinguir SNs formados por nomes partitivos; Reconhecer o papel do modi�cador para o SN; Listar os tipos de sujeito; Analisar a classi�cação tradicional de sujeito como termo “essencial” da oração. O sintagma nominal O tema desta aula é o Sintagma Nominal, também chamado de SN, e a possibilidade dele funcionar como sujeito de uma oração. Um sintagma nominal, como vimos na aula passada, é um sintagma cujo núcleo é o nome. Quando construímos um SN escolhemos informações que tornem nosso texto su�cientemente claro para nosso leitor/ouvinte, não é mesmo? Sendo assim, podemos dizer: Livro. Meu livro. Um livro. Qualquer livro. Um livro de suspense. Esse livro de suspense de capa dura. O livro que eu comprei ontem. Em todas as construções ao lado temos sintagmas nominais cujos núcleos são a palavra “livro”, reparou? A diferença reside no fato de o “livro” ser apresentado: Na primeira de forma genérica: Livro. Na fala “Livro”, temos um sintagma nominal formado apenas por seu núcleo, um substantivo. Nas demais com referenciação distinta: Esse livro de suspense de capa dura. Nas demais falas, o núcleo foi expandido, mas, ainda assim, ele projeta sua classe e temos sintagmas nominais. Núcleo referencial e núcleo sintático Em alguns casos, o núcleo referencial e núcleo sintático do SN podem não coincidir. Exemplo Dois livros foram vendidos ontem. Nessa frase, “livros” é, ao mesmo tempo, núcleo sintático e núcleo referencial. Dois dos livros foram vendidos ontem. Já nessa segunda frase, “dois” é o núcleo sintático, enquanto “livros” é o núcleo referencial. “Ao construir um enunciado/texto, o usuário é guiado pela intenção/necessidade de tornar as entidades de que fala su�cientemente inteligíveis/reconhecíveis para o interlocutor. [...] O recurso mais preciso nesse sentido é o emprego de um substantivo próprio (Acabei de ler Os Sertões), o mais vago é o uso de expressões como isso, um trecho, uma parada, qualquer coisa etc. (Diga qualquer coisa). [...].” (p.90) “Um dado objeto do mundo real ou imaginário pode, portanto, ser designado por uma in�nita variedade de representações, segundo as relações do enunciador com esse objeto e segundo as motivações e as necessidades ou peculiaridades comunicativas do evento discursivo — e do texto ― em questão. A seleção dos elementos formadores do sintagma nominal obedece, assim, a necessidade de tornar o conteúdo referenciado por meio dele acessível ao interlocutor. A isto damos o nome de referenciação.” (p. 238-39) AZEREDO, José Carlos e. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. 2ª ed. São Paulo: Publifolha, 2008. Ao construirmos um SN, observamos três posições possíveis: 01 O núcleo, constituído por um substantivo ou seu equivalente. 02 A parte que precede o núcleo e pode ser preenchida por determinantes. 03 A parte que vem após a base e que é ocupada pelos modi�cadores. Essa organização pode ser descrita como o esquema a seguir: Desse modo, podemos observar que a posição dos constituintes no SN possui regra categórica de colocação, ou seja, uma regra obrigatória de colocação para dois itens: O artigo que vem sempre antes do núcleo: “a camisa” mas não “camisa a”. A sentença relativa que vem sempre depois do núcleo: “comida que gosta” mas não “que se gosta comida”. Determinante Os determinantes são um tipo de morfema que depende em gênero e número do substantivo com o qual se relaciona. É importante que você saiba que as nomenclaturas podem ser diferentes. Ataliba de Castilho, importante linguista da atualidade, chama de “especi�cador” o item que outros autores chamam de “determinante”. Segundo ele: "Os especi�cadores compreendem (i) artigos; (ii) demonstrativos; (iii) possessivos; (iv) quanti�cadores; (v) expressões qualitativas do tipo o estúpido do, a porcaria do etc.; (vi) delimitadores [...]. Deve-se ter em conta que o termo “especi�cadores é um rótulo de caráter sintático que designa um constituinte sintagmático e sentencial, qualquer que seja sua interpretação semântica." - (p. 454) (CASTILHO, Ataliba T. de. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010.) A classe dos determinantes é formada por: Artigos de�nidos Artigos inde�nidos Pronomes possessivos Pronomes demonstrativos Pronomes inde�nidos Alguns adjetivos Numerais ordinais Numerais cardinais Classi�cação dos determinantes A determinação pode ser do tipo: Clique nos botões para ver as informações. Quando representa uma quantidade ou a posição em uma escala do conceito que o substantivo expressa. Exemplos: muita fome, sexto dia, algumas bolsas etc. Quantitativo Quando aponta a designação do SN para pessoas do discurso. Exemplos: essa blusa, meu livro. Dêitico Quando informa que a relação dêitica expressa “vínculo, movimento”. Exemplos: minha vida, nossa viagem. Vinculativo Quando informa que o conceito é conhecido do interlocutor ou faz parte da situação comunicativa. Exemplo: mesma casa. Remissivo Quando informa que o conceito, objeto ou ser designado pelo substantivo é conhecido do interlocutor ou faz parte da situação comunicativas. Identi�cador Quando mostra a posição do enunciador sobre o que ele está dizendo, ou seja, aponta a relevância do SN com o resto do enunciado. Exemplo: Ele comprou o próprio apartamento. Focalizador Pronomes como SN Há diversos pronomes que podem funcionar como núcleo do SN e que são chamados pela Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) como pronomes substantivos : Pronomes pessoais ; Formas de tratamento; Pronomes possessivos ; Pronomes demonstrativos (identi�cadores) ; Pronomes inde�nidos ; Quanti�cadores; Remissores; 1 2 3 4 5 SNs formados por nomes partitivos O SN pode ser formado por nomes como: Parte; todo; porção; maioria, entre outros. Exemplo: Parte dos livros se perdeu durante a enchente. A maioria dos alunos fez o exercício. SNs formados por modi�cador O SN pode ser modi�cado por: Sintagma adjetival; Sintagma preposicional que deriva um sintagma adjetival; Sintagma adverbial. Esses modi�cadores assumem diferentes funções sintáticas que serão estudadas nas próximas aulas. Exemplo: Livros bonitos (SN + Sintagma adjetival) Livros de português (SN + Sintagma Preposicionado) http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon381/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon381/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon381/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon381/aula2.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon381/aula2.html O sujeito O SN pode exercer diversas funções sintáticas. Nesta aula, estudaremos a função sintática de sujeito. De acordo com Azeredo (2002, p.347): "Temos a noção de valência e, segundo ela, o sintagma nominal pode ocupar a posição estrutural preenchida pelosujeito: “O argumento que mantém com o verbo uma relação de concordância é o sujeito desse verbo [...]." Veja a manchete a seguir: Qual é o sujeito do verbo “vira”? Pensando-se na relação de concordância, tanto o sintagma nominal “um palanque político” quanto o sintagma nominal “Salão de Frankfurt” podem ser sujeitos. No entanto, quando pensamos na manutenção do signi�cado e no critério da ordem, concluímos que o sujeito do verbo é o sintagma nominal “O salão de Frankfurt”. “Salão de Frankfurt vira um palanque político.” Qual é o sujeito do verbo “vira”? Comentário O sujeito é mesmo um dos termos essenciais da oração? A de�nição tradicional de sujeito considera que ele, juntamente com o predicado, são termos essenciais da oração. Logo, esbarramos em um problema, pois, como se sabe, há diversas orações que não apresentam sujeito. Função sintática e função semântica As funções sintáticas decorrem da posição estrutural de palavras e sintagmas. Por essa ótica, é um erro identi�car o sujeito como agente da ação do verbo. Saiba mais Antes de continuar seus estudos, veja o porque. Razões Clique nos botões para ver as informações. Do ponto de vista sintático, considera-se sujeito o constituinte que tem as seguintes propriedades: é expresso por um sintagma nominal; �gura habitualmente antes do verbo; determina a concordância do verbo; é pronominalizável por ele; pode ser elidido. (CASTILHO, 2010, p.289) Sintático Do ponto de vista semântico, a agentividade é a propriedade semântica mais frequente nos sujeitos. Observe, no entanto, que “mais frequente” não signi�ca que essa característica aconteça sempre, ou seja, o sujeito pode apresentar a característica de “paciente” conforme o comentário de Bechara. Ataliba cita Pontes (1987:22) no que se refere à questão da agentividade, já que a autora a�rma que “com os verbos intransitivos morrer, machucar o sujeito não tem o mesmo sentido que tem um sujeito de um verbo transitivo indicador de ação, ou seja, ele não é agente.” Semântico Do ponto de vista discursivo, a sentença é “[...] o lugar da informação. Nessa perspectiva, o sujeito é aquele ou aquilo de que se declara algo. Ele é o ponto de partida da predicação, é seu tema.” Discursivo Classi�cação do sujeito javascript:void(0); Sujeito simples É aquele que apresenta apenas um núcleo ligado ao verbo. Sujeito composto É aquele que apresenta dois ou mais núcleos ligados ao verbo. Sujeito indeterminado Leia as de�nições defendidas por Azeredo, Rocha Lima e Kury. Após, re�ita: Qual a sua opinião sobre a discussão apresentada por Kury? Qual o ponto de vista que você acha mais correto? Por quê? Sujeito determinado Rocha Lima e Cunha e Cintra (1985) a�rmam que o “sujeito oculto (determinado)” é aquele que não está materialmente expresso na oração, mas pode ser identi�cado. (p. 124). Portanto, é o tipo que ocorre quando o sujeito, embora não esteja explicitamente expresso na oração, pode ser identi�cado por meio da desinência e, por isso, também é chamado de sujeito desinencial. Nesse tipo de oração, considera-se, atualmente, que o sujeito é simples e determinado, já que pode ser recuperado pela desinência. Leia mais! Sujeito inexistente Nesse caso, temos o que se chama de “oração sem sujeito”, pois ela é formada apenas pelo predicado e apresenta um verbo chamado impessoal. Leia sobre os verbos impessoais para complementar esta parte da aula! Vamos re�etir sobre a classi�cação do sujeito? Como você classi�caria o sujeito do verbo “conhecer” na oração que está sublinhada? Carboidrato zero Conheça a dieta de Pippa Middleton para manter a forma javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); Atividade 1 - Classi�que os determinantes destacados: Este livro é da minha irmã. a) Quantificador b) Dêitico c) Identificadora Alguns alunos chegaram atrasados. a) Identificadora b) Dêitico / vinculativo c) Identificador / Quantificador Quarenta blusas foram jogadas no lixo. a) Quantificador b) Dêitico c) Focalizador Aquele carro foi comprado há dois anos. a) Identificadora b) Remessiva c) Dêitico / vinculativo O livro que comprei foi esse. a) Remessiva b) Identificadora c) Focalizador Ele nos deu os mesmos livros do ano passado. a) Focalizador b) Dêitico / vinculativo c) Remessiva Comprou o próprio carros aos 18 anos. a) Quantificador b) Dêitico / vinculativo c) Remessiva Não sabemos quantas horas faltam para a festa. a) Interrogativo b) Remessiva c) Identificadora 2 -Classi�que os sujeitos das orações a seguir: a) Alguém comeu o bolo que estava na geladeira. b) Paulo e Ana perderam a prova. c) Haverá o jogo amanhã cedo. d) Quanto amor existe naquela casa! e) Dia 12, fará dois anos que começamos a namorar. f) Comeram bastante na festa de aniversário. g) Quanta crise há nesse país. h) Compraram meu carro. Notas Pronomes substantivos 1 Segundo Bechara (1999: 163), pronomes substantivos são pronomes que funcionam como substantivo. Quando dizemos “Isso é um absurdo”, o pronome ISSO é um pronome substantivo. Quando o pronome aparece como referência a um substantivo que pode ou não aparecer na frase, temos um pronome adjetivo. É o que acontece em “Nosso carro é mais veloz que o seu”: “nosso” e “seu” são pronomes adjetivos porque se referem ao substantivo “carro”. 2 Pronomes pessoais 2 Os pronomes pessoais apresentam três grupos de funções: Pronomes retos (eu, tu, ele/ela, nós, vós eles/elas) Embora não listados pela Gramática Normativa, os pronomes de tratamento como você/vocês, senhores/senhoras, prezado cliente entre outros, podem funcionar como pronomes retos. Pronomes oblíquos átonos (me, te, lhe, o/a, se, nos, vos, lhes, os/as, se) Aparecem sem preposição. Pronomes oblíquos tônicos (mim, ti, ele, ela, si, nós, vós, eles, elas, si, comigo, contigo, consigo, conosco) Aparecem com preposição. Pronomes Possessivos 3 SINGULAR: 1ª pessoa: meu, minha, meus, minhas. 2ª pessoa: teu, tua, teus, tuas. 3ª pessoa: seu, sua, seus, suas. PLURAL: 1ª pessoa: nosso, nossa, nossos, nossas. 2ª pessoa: vosso, vossa, vossos, vossa. 3ª pessoa: seu, sua, seus suas. Pronomes demonstrativos (identi�cadores) 4 Os pronomes demonstrativos ‘são os que indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso. Esta localização pode ser no tempo, no espaço ou no discurso: 1ª pessoa: este, esta, isto; 2ª pessoa: esse, essa, isso; 3ª pessoa: aquele, aquela, aquilo. [...]São ainda pronomes demonstrativos o, mesmo, próprio, semelhante e tal. Considera-se o pronome demonstrativo [...] quando funciona com valor ‘grosso modo’ de isto, isso, aquilo ou tal: Não o consentirei jamais.” (BECHARA: 1999, 167) Pronomes inde�nidos 5 Aplicam-se à 3ª pessoa com sentido vago ou para indicar quantidade indeterminada. São exemplos de pronomes inde�nidos: Alguém, ninguém, tudo, nada, algo, outrem, nenhum, outro e um quando aparecem isolados, qualquer, cada, muito, mais, menos, diverso etc. Referências AZEREDO, J. C. Iniciação à sintaxe do português. 8. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. AZEREDO, J. C. Fundamentos da gramática do português. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. CASTILHO, A. T. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010. HENRIQUES, C. C. Sintaxe: estudos descritivos da frase para o texto. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. PERINI, M. A. Para uma nova gramática do português. 11. ed. São Paulo: Ática, 2007. SAUTCHUK, I. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo) sintática. Barueri: Manole, 2004. VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. R. Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2009. Próxima aula Sintagma verbal; Os verbos e a predicação; Funções sintáticas do SN (o objeto direto, o objeto indireto, o complemento relativo, o agente da passiva e os dois predicativos, do sujeito e do objeto). Explore mais Pesquise na internet sites, vídeos e artigos relacionadosao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem.
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