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TEXTO 8- ABIB- Arqueologia do Behaviorismo Radical e o conceito de mente

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Capítulo 3
Arqueologia do Behaviorismo Radical 
e o conceito de mente
tosé Antônio Damásio Abib
U mvcmddiU' / a/c r.il </e SJo C .ir/o i
Fa/se, neste ensaio, uma leitura arqueológica do behaviorismo radical com o objetivo de deslindar o conceito de mente 
defendido por Skinner Desconstrói-se o problema mente-corpo e reconstrôi-se a relação mente-corpo longe do mentalismo 
e do materiallsmo. Mas o behaviorismo radical oscila do flslcalismo eplstemolôgico ao fisicallsmo ontológlco. É imperativo 
abandonar o flslcalismo ontológico e desconstrulr o real, para livrar-se da definição fisicalista ontológlca de estimulo e dos 
conceitos de 'mundos externo e interno', pressupostos que inviabilizam o estudo do comportamento como assunto da 
psicologia. A essa primeira radicaluaçAo segue-se esta: abandona-se a distmçAo entre oventos públicos e privados. 
Conseqüência do fisicallsmo ontológico, ela é solidária com a diferença entre eventos externos e Internos e contribui para 
fortalecer nAo só os conceitos de "mundo externo e interno" mas também interpretações externalistas do behaviorismo 
radical - que sêo Incompatíveis com o projeto constitutivo da filosofia do behaviorismo radical e, conseqüentemente, com 
uma ciência psicológica do comportamento. Conclul-se que o behaviorismo radical é uma filosofia da mente. Para o 
behaviorismo radical, a mente é Imnnente ao comportamento e pode ser por isso, radicalmente Investigada, no nlvel público, 
como comportamento
Palavras-chave: arqueologia, fisicallsmo, behaviorismo radical, comportamento, mente
In this esaay, an archeologlcal reading of radical behaviorism is offered with the objective of clarlfying the concept of mind 
defended by Skinner. The mlnd-body problom is deconstructed and the mlnd-body relation is reconstructed independently of 
mentallsm and materlalism But radical behaviorism oscilates from epistemological physicalism to ontologlcal physicalism. 
It Is Imperative to abandon ontologlcal physicalism and to deconstruct the real, to get rid of tho ontologlcal physlcalist 
deflmtion of stimulus and the concepts of "internai and externai worlds" < assumptions which ronder impossible to study the 
behavior as a subject matter of psychology Tho following radicaliration follows upon the first: the distinctlon botween public 
and privato events is abandoned. As a consequence of ontologlcal physicalism. it Is allied to the distinctlon between externai 
and Internai events and contributes to the strengthening not only of the concepts of "internai and externai worlds" but also 
of externalist interpretatíons of radical behavionsm • wfiich are incompatfbfe with the constituílve profect of the phílosophy of 
radical behaviorism and. consequently. with a psychological Science of behavior. It is concluded that radical behaviorism is 
a philosophy of mind For radical behaviorism, mind is Immanenl In behavior, and can be, accordingling, Investigated, at a 
public levei, as behavior.
Key words archeology, physicalism, radical behaviorism, behavior, mind
O behaviorismo ó filosofia da psicologia (Malcolm, 1964). Como filosofia da 
psicologia, o behaviorismo radical é filosofia da ciôncia do comportamento humano, do 
assunto e método dessa ciôncia (Skinner, 1964,1969, 1974). O behaviorismo radical é 
uma filosofia mais ampla do que a que se encontra nos behaviorismos de Watson (1930), 
Tolman (1932) e Hull (1943). Com efeito, ó um discurso que abrange não só a psicologia 
como ciôncia do comportamento humano, mas também a ciôncia, linguagem, subjetividade, 
educação, ética, política e cultura (Skinner, 1945/1999, 1957, 1968, 1971, 1978, 1987,
2 0 losó Antônio PtimAtio Abib
1989). Nesse sentido mais largo, o behaviorismo radical é uma filosofia do comportamento 
humano.
O behaviorismo radical é uma filosofia fundamentalmente diferente dos behaviorismos 
de Watson (1930), Tolman (1932) e Hull (1943). Porque, de um lado, rompe irremediavelmente 
com a explicação mecânica do comportamento e, de outro, subverte os pressupostos do 
discurso moderno, comofundacionismo na epistemologia, representacionismo na linguagem, 
metanarrativas do progresso político e cultural do Ocidente e obrigações éticas universais 
(Chiesa, 1994; Leigland, 1999; Abib, 1999, no prelo). Pressupostos estes que também 
não encontram guarida no discurso pós-moderno(Lyotard, 1979/1998,1986/1987; Rorty, 
1980; Murphy, 1990). Nesse sentido, a filosofia do behaviorismo radical está muito próxima 
do pensamento pós-moderno (Abib).
Examina-se, aqui, se, como filosofia do comportamento humano, mais abrangente 
e radicalmente diferente dos behaviorismos de Watson (1930), Tolman (1932) e Hull (1943), 
o behaviorismo radical pode ser também filosofia da mente. A pergunta básica é esta: O 
nome e conceito de mente fazem algum sentido em uma filosofia do comportamento 
humano como o behaviorismo radical? Essa questão dá origem a pelo menos duas leituras 
referentes ao conceito de mente no behaviorismo radical. A primeira gira em torno da 
desconstrução do problema mente-corpo. A segunda volta-se para a reconstrução da 
relação mente-corpo. Este texto trata dessas leituras e faz um breve perfil do behaviorismo 
radical como filosofia da mente.
Behaviorismo radical e desconstrução do problema mente-corpo
De dentro da formulação tradicional do problema mente-corpo, Skinner (1969, 
1974) nega o angelismo platônico, a idéia de que a mente é imortal, incorpórea, usa o 
corpo e o abandona após seu desaparecimento (Platão, s.d./1985). Com essa refutação, 
Skinner também alcança Descartes na exata medida em que para o filósofo francês a 
mente é uma substância imaterial e independente do corpo, um fantasma na máquina, 
que age na máquina e que é também por ela afetado (Descartes, 1641/1979; Ryle, 1949/
1980) - embora, paradoxalmente, Descartes tenha defendido também na Sexta Meditação4 
no tratado As Paixões da Alma,(1649/1979) e nas Cartas à Princesa Elisabeth da Boêmia 
(1643/1979), a união substancial real da alma e do corpo. É essa mente angelical e 
fantasmagórica, esse homúnculo, que Skinner (1969) renega, bane do behaviorismo radical. 
As críticas de Skinner ao mentalismo puro visam essa mente inventada por Platão - 
embora um mentalismo impuro (uma mistura de mentalismo e materialismo, de fisiologia 
e metafísica) já se fizesse presente nos pré-socráticos, por exemplo, em Tales (Farrington, 
1944; Skinner, 1974). Na verdade, o mentalismo puro finca suas raízes no orfismo, um 
culto religioso-filosófico difundido na Grécia por volta do século VI antes de Cristo 
(Livingstone, 1938/1953). Segundo Livingstone, Platão assimilou do orfismo o que tinha 
"apelo para ele" (p. 83). De acordo com Skinner (1974), Platão inventou uma versão da 
mente quando transformou o mentalismo impuro dos pré-socráticos em um mentalismo 
puro. E as origens órficas do angelismo platônico só vêm revigorar a interpretação do 
mentalismo como uma fábula, a fábula órfica dos dois mundos, o mundo terrestre, do 
corpo, e o mundo celeste, da alma.
Sobre Comportamento c Cognifilo 21
A história das tentativas de resolver o problema mente-corpo é longa, complexa e 
continua atual. Duas delas são o espiritualismo e o materialismo; monistas, porque negam, 
respectivamente, a existência do corpo e da mente. Como rejeita o mentalismo puro ou 
impuro, o behaviorismo radical pode ser interpretado como metafísica materialista. Por 
ignorarem a mente, metafísicas materialistas são freqüentemente acusadas de desumanas 
e o behaviorismo radical náo escapou a essa critica, que erra o alvo, porque é o materialismo 
mecanicista que é desumano (Kvale e Grenness, 1967). Segundo uma leitura equivocada, 
o behaviorismo radical é mecanicista (logo é desumano), e o equívoco está em definir o 
comportamento como uma relação estlmulo-resposta (Chiesa; 1994). Skinner (1957) define 
o comportamento considerando suas conseqüências: “Homens agem sobre o mundo e 
modificam-no e são por sua vez modificados pelas conseqüências de suas ações" (p. 1). 
Essadefinição afasta o behaviorismo radical do mecanicismo ao mesmo tempo que o 
aproxima do materialismo dialético (Kvale, 1985).
Interpretar o behaviorismo radical longe do materialismo mecanicista e próximo 
do materialismo dialético tem suas vantagens. Seria um humanismo porque resgata a 
ação transformadora das pessoas sobre o mundo; porém, sem compromissos com o 
espiritualismo, já que expurga as noções de autonomia absoluta, livre-arbltrio, imortalidade 
e incorporalidade da mente. Denunciaria, por isso, a ilusão de liberdade do liberalismo 
político e bem que poderia contribuir com reflexões teóricas e práticas para enfrentar as 
armadilhas do pensamento neoliberal - o behaviorismo radical seria uma filosofia de 
esquerda. Há desvantagens também. O termo dialético na expressão materialismo dialético 
remete a noções de conflitos ideológicos que hoje parecem distantes e ultrapassadas e o 
termo esquerda parece ter perdido seu sentido revolucionário. E, mais importante da 
perspectiva da presente análise, o termo materialismo encerra o behaviorismo radical em 
um estilo de discurso que precisamente Skinner (1969,1974) parece abandonar: o discurso 
que admite a existência do problema mente-corpo e que incansavelmente busca solucioná- 
lo com doutrinas que oscilam do exótico e fantástico ao pouco plausível e nada convincente.
Não é fácil demonstrar que o behaviorismo radical não ô um mecanicismo e ainda 
mais difícil é argumentar que também não é um materialismo. Uma dificuldade fundamental 
relaciona-se com a doutrina filosófica do fisicalismo, defendida por Skinner (1945/1999). 
Ontologicamente, o fisicalismo parece estar indissoluvelmente ligado ao materialismo e 
isso significa dizer que, em última análise, a realidade é física ou material e que os conceitos 
e leis das ciências sào redutlveis a conceitos físicos e derivàveis de leis da ciência física 
(Carnap, 1933/1965; Bunge, 1979; Creel, 1980; Rorty, 1991). Epistemologicamente, 
fisicalismo significa apenas uma orientação metodológica para definir conceitos físicos e 
mentais com base em operações físicas (Carnap; Abib, 1997). Obviamente, há afinidades 
eletivas entre posições epistemológicas e compromissos ontológicos (Abib, 1993). Assim 
como é mais plausível que o idealismo se comprometa ontologicamente com o 
espiritualismo, é também mais aceitável que o fisicalismo se solidarize com o materialismo. 
Porém, isso não significa que exista uma relação de implicação ou de necessidade lógica 
entre epistemologias e metafísicas, mesmo quando suas afinidades são notáveis.
Skinner (1945/1999) defende o fisicalismo no contexto da discussão sobre eventos 
públicos e privados com o propósito de demonstrar a gênese pública dos eventos privados 
bem como de interditar, desse modo, qualquer possibilidade de explicar o comportamento 
com base em eventos privados completamente separados e independentes de eventos públicos. 
Trata-se de um fisicalismo epistemológico (metodológico) que orienta procedimentos de
José Antônio D.im«Wio A bib
investigação pública do comportamento visando a produção de evidências para apoiar a 
observação indireta (ou a inferência) de eventos privados (que existem e que são observáveis 
por uma pessoa, ao menos: aquela que observa) - um procedimento, diga-se de passagem, 
perfeitamente legitimo na investigação cientifica.
Embora frases como “minha dor de dente é exatamente tão física como minha 
máquina de escrever" (Skinner, 1945/1999, p. 430) possam dar margem a especulações 
ontológicas, Skinner não se vale dofisicalismo para fazer pronunciamentos sobre a natureza 
material do real. Ao contrário, é um crítico do materialismo (Skinner, 1938,1969). Apesar 
de sua crítica ao materialismo ser de ínfima extensão, seu alvo, como na crítica ao 
mentalismo, ó o mesmo: a metafísica substancialista. Segundo Skinner (1938), materialistas 
defendem conceitos que se referem a alguma coisa substancial bem como apoiam 
explicações de natureza material. Como consideram os conceitos comportamentais verbais 
e fictícios, não aceitam que o comportamento possa ser um legítimo objeto de estudo da 
psicologia. Ironicamente, Skinner (1938) escreve: “Holt adota uma posição moderna desse 
tipo. Sua objeção a um termo como 'instinto' parece ser redutível à proposição de que não 
é possível encontrá-lo recortando e abrindo o organismo" (pp. 440-441). Skinner (1969) 
comenta que matéria é definida como o que não é mente e mente como o que não é 
matéria e conclui que a palavra matéria perdeu sua utilidade. Justamente por essa razão, 
o mesmo poderia ser dito da palavra mente (e se assim fosse, estaria denunciado, nesse 
exato momento, o caráter absurdo da presente investigação). Contudo, como será visto 
adiante, Skinner (1974,1989,1990) está sempre às voltas com a palavra mente ao passo 
que a palavra matéria quase não freqüenta seus textos. Na verdade, o que está em jogo é 
a possibilidade de se elaborar uma filosofia da mente diferente do mentalismo (seria, 
contudo, possível construir uma filosofia da matéria diferente do materialismo?).
Skinner (1938,1945/1999,1969,1974) tenta se livrar da metafísica substancialista 
que, primeiro, separa a mente do corpo e, depois, defronta-se com o problema de como 
relacioná-los. Ele desconstrói o problema mente-corpo: se nem o mentalismo nem o 
materialismo são verdadeiros, então não tem sentido buscar argumentos e provas para 
justificar a defesa, seja de um ou de outro, e muito menos perguntar como duas substâncias, 
uma mental e outra material, isoladas e independentes, se relacionam. A solução de 
Skinner situa-se fora desse estilo de discurso, como será visto agora.
Behaviorismo Radical e reconstrução da relação mente-corpo
A solução de Skinner (1953) começa com sua definição de comportamento (aquela 
mesma que serve para afastar o behaviorismo radical do mecanicismo e aproximá-lo de 
uma leitura dialética). Nessa definição o comportamento é visto como relação fundadora, 
primordial, originária e irredutível com o mundo. Nem o comportamento nem o mundo são 
prévios um ao outro. Um evento do mundo (uma conseqüência ou um antecedente do 
comportamento) só passa a fazer parte da história do comportamento depois que o homem 
agiu no mundo: o mundo não é anterior ao comportamento. Porém, o comportamento 
também não é anterior ao mundo. O comportamento é do corpo e o corpo está no mundo. 
E está em um mundo que de início quase não faz parte de sua história. Com efeito, na sua 
aurora, o corpo está no mundo como máquina bioquímica - o corpo que é objeto de estudo 
da fisiologia - ou como repertório de comportamentos filogenéticos - , o corpo que é objeto
Sobre Comportamento e Co#niç<lo 23
de estudo da etologia (Skinner, 1990). Se o corpo não ó anterior ao mundo e o 
comportamento ó do corpo, o comportamento também náo ó anterior ao mundo: ele está 
no mundo. É com base na relação desse corpo "primitivo" (máquina bioquímica e ação 
filogenótica) com um mundo "indiferenciado" que as contingências ontogenéticas e culturais 
atuarão, forjando o corpo como ação cultural e ontogenética - o corpo que ó objeto de 
estudo de uma parte da antropologia e da análise do comportamento (Skinner, 1990).
O behaviorismo radical é uma filosofia do corpo. O corpo é máquina bioquímica e 
ação. O corpo como máquina bioquímica ou estrutura - ou ainda, o corpo-com-cérebro - 
é o objeto de estudo da física, química, fisiologia e neurociência. O corpo como ação ou 
comportamento é o objeto de estudo das ciências da variaçào e seleção: a etologia, a 
análise do comportamento e uma parte da antropologia. Como filosofia do corpo, o 
behaviorismo radical defende um conceito de corpo que denuncia as insuficiências do 
materialismo e do mecanicismo. O materialismo e a teoria do homem como autômato só 
encontram refúgio no corpo como máquina bioquímica. Como filosofia do corpo, o 
behaviorismo radical sugere como é possível recuperar o conceito de corpo sem reintroduzir 
sub-repticiamente a doutrina metafísica do materialismo.Será que é possível fazer algo 
similar com respeito ao conceito de mente, recuperá-lo sem reintroduzir pela porta dos 
fundos a doutrina metafísica do mentalismo?
A nomenclatura mental não está necessariamente vinculada ao esquema conceituai 
da metafísica mentalista. Ela pode referir-se a outros esquemas. Skinner (1945/1999), no 
seu texto A Análise Operacional de Termos Psicológicos, mostrou muito bem como é 
possível preservar a nomenclatura mental com outra referência conceituai e desde então 
dedicou grande parte de sua obra ao exame dos usos dos termos mentais. Um eventual e 
grave equívoco que deve ser afastado de imediato ó pensar que o behaviorismo radical ao 
rejeitar o mentalismo aproveita e joga fora também a nomenclatura mental (note bem: o 
título do artigo de 1945/1999 denuncia claramente essa falácia).
Qualquer possibilidade de recuperar um sentido para o conceito de mente no 
behaviorismo radical pressupõe a investigação dos fenômenos nomeados pelo termo mente 
no nível do corpo. Esse pressuposto, que é de ordem metafísica, orienta este programa de 
pesquisa sobre a mente no behaviorismo radical: Primeiro: "Para compreender o que mente 
significa devemos primeiro pesquisar percepção, idéia, sentimento, intenção (...) podemos 
ver como a palavra é usada e o que as pessoas parecem estar dizendo quando a usam" 
(Skinner, 1989, pp. 22-23). Mente é o nome dos usos que as pessoas fazem da 
nomenclatura mental. Isso quer dizer que depois de se fazer um estudo dessa natureza 
não se deve perguntar: E a mente, o que é? Porque mente refere-se precisamente aos 
usos da terminologia mental. Segundo: Os usos desses termos devem ser investigados 
em suas referências a fenômenos do corpo como ação ou comportamento, irredutíveis, 
portanto, ao materialismo e mecanicismo, porque essas doutrinas filosóficas só explicam 
os fenômenos do corpo como estrutura ou máquina bioquímica. Terceiro: A análise dos 
usos da nomenclatura mental deve ser realizada com base nos conceitos da ciência do 
comportamento. Quarto: O uso dos termos dessa nomenclatura é verbal e por isso é no 
nível do comportamento verbal, que precisam ser investigados. Finalmente: A análise 
desses usos é indeterminada, ó receptiva aos usos das mais diversas comunidades verbais.
Em sua análise da nomenclatura mental, Skinner (1945/1999, 1974, 1989) 
freqüentemente refere-se á dificuldade de acessar eventos privados, especialmente no 
caso de sentimentos e emoções. Porém, como eventos privados existem na dependência
24 José Anlònio Pamáíio A bib
de eventos públicos, a análise do uso de termos mentais processa-se com base em 
eventos públicos. Os eventos privados permanecem ou como um indicador de dificuldades 
para a investigação (normais nos procedimentos científicos inferenciais ou de observação 
indireta); ou como um pseudo-problema, se forem desvinculados dos eventos públicos 
(um procedimento inaceitável para Skinner) - e isso na exata medida em que se pode 
perguntar qual é a importância para a análise do comportamento de se pensar na existência 
de eventos privados, que de todo modo escapariam à relação comportamento-mundo. 
Talvez essa objeção fique mais clara se for formulada para eventos públicos. Com efeito, 
de que serviria à análise do comportamento pensar na existência de eventos públicos, que 
de todo modo se furtariam á relação comportamento-mundo? O procedimento é absurdo, 
não só porque pensar na existência de eventos privados ou públicos já pressupõe a relação 
comportamento-mundo, mas também por isto: o que poderia significar pensar em eventos 
públicos que de todo modo se esquivariam à essa relação? Há ainda o risco de retorno ao 
dualismo, travestido nesse momento de duas realidades meramente pensadas, uma objetiva 
e incognoscível e outra subjetiva e incomunicável.
As análises de Skinner (1968,1974,1989) relativas a sentimentos e emoções- 
como amor, ansiedade e medo - e ao pensamento são basicamente centradas nos 
conceitos da ciência do comportamento e nos eventos públicos. Tome-se brevemente o 
caso do pensamento como exemplo. O procedimento de análise de Skinner (1968,1974) 
é perguntar pelos usos desse termo para em seguida submetê-los à uma análise 
comportamental. Nessa análise, o pensamento é definido como comportamento aberto ou 
encoberto e também como precorrente para a solução de problemas. Para descrevê-lo 
como comportamento precorrente, Skinner analisa conceitos mentais como 
intencionalidade, atenção, percepção, deliberação, consciência, pensamento produtivo, 
dedutivo e indutivo, memória, criatividade, liberdade, originalidade e heurística. Apesar da 
complexidade de sua análise, ele não fecha a questão, não a apresenta como uma descrição 
definitiva da atividade de pensar. Porque ó possível que ainda existam outros usos do 
termo pensamento que necessitem ser submetidos à uma análise do comportamento, por 
exemplo, o pensamento concreto com imagens, o pensamento alegórico e as metáforas.
Em sua análise do pensamento, Skinner (1968, 1974) procura identificar as 
contingências de reforço que operam na aprendizagem dessa atividade. Na memória e na 
criatividade, por exemplo, vigoram contingências que fortalecem aprender a aprender e a 
variabilidade de comportamentos. Se as contingências fortalecem meramente a reprodução 
de comportamentos e são inoperantes para fortalecer aprender a aprender, as atividades 
de memorizar, criar e, conseqüentemente, pensar ficarão prejudicadas. É perfeitamente 
plausível dizer que uma pessoa não pensa ou pensa muito pouco se o seu comportamento 
for fortemente marcado pela repetição e monotonia bem como pela incapacidade de recorrer 
a expedientes que demonstrem que ela aprendeu a aprender. Memorizar, criar e pensar 
são atividades, ações, são comportamentos que podem estar ou não presentes em função 
das contingências de reforçamento que estiverem em vigor.
Essa conclusão ó de máxima importância. É com ela que se torna possível 
esclarecer esta afirmação: Mente ó comportamento, mas não se reduz a comportamento. 
Nem todo comportamento indica a presença de fenômenos mentais, nem todo 
comportamento é mental. Um comportamento marcado pela ausência das contingências 
que modelam e reforçam a atividade de pensar é um comportamento sem pensamento, 
sem mente, no sentido aqui tratado, em que pensamento é mente. É possível que, em
‘«obro Comportamento c Coftni(Ao 25
última análise, os comportamentos mais simples se refiram aos fenômenos mentais mais 
simples, um complicador para a tese de que nem todo comportamento é mental. Mas 
ainda aqui seria possível apontar para o repertório comportamental filogenético, reflexos 
incondicionados e instintos, como comportamentos sem mente (o que diriam os etólogos?). 
O que está em discussão é o seguinte: É possível interpretar a mente como comportamento 
sem, contudo, reduzi-la ao comportamento? Ou ainda, é possível encontrar critérios para 
dizer ‘este comportamento é mental’ e 'este comportamento não ó mental'?
De certo modo, essa questão não é nova na psicologia. Por ocasião da constituição 
do projeto da psicologia científica no final do século XIX, ela foi investigada com os conceitos 
de automatismo e inteligência (James, 1890/1950). Segundo James, ações mentais são 
ações inteligentes; ações automáticas como reflexos, instintos e até mesmo hábitos não 
são ações inteligentes e, conseqüentemente, não são ações mentais. Mais tarde, com 
sua teoria comportamental da mente, Ryle (1949/1980) argumentou que ações devidas ao 
exercício (drill), como os hábitos, não são mentais, elas não revelam inteligência. De 
modo ainda mais surpreendente, Kõhler( 1929/1970) argumentou que não é no hábito, na 
associação e na evocação (na aprendizagem e na memória, portanto) que se encontram 
com mais exatidão e clareza os critérios da vida mental. Esses critérios verificam*se no 
agir com discernimento (insighf) ou nas relações compreensivas, na compreensão 
(verstàndlicherZusammenhàng). Skinner (1990), ao comentar o que distingueo homem 
de outras espécies, afirma: "A presença ou ausência de “consciência" ou “inteligência 
consciente" é mais provável de ser citada" (p. 207). Skinner adota como critério para 
distinguir o homem de outras espécies o controle operante da musculatura vocal e destaca 
a importância fundamental do estudo do comportamento verbal para a análise da 
consciência, o que tecnicamente pode ser feito com o conceito de autotacto (self-tact) 
(Skinner, 1957).
O critério de Skinner é importante. Porque, depois de Pavlov (1927/1960) resta 
realmente muito pouco de automatismos não~mentais (talvez efetivamente só reflexos 
incondicionados e instintos). E depois de Kõhler (1925/1978), muito da inteligência humana 
parece ser compartilhada com seus chimpanzés. A investigação do comportamento verbal 
surge assim como critério mais adequado para a pesquisa dos fenômenos mentais e para 
estabelecer melhor a diferença entre pessoas e animais (cabe lembrar neste momento 
que Skinner (1968,1974) investiga o conceito de pensamento, examinando seus diversos 
usos verbais. Um deles é o de pensamento produtivo - um conceito elaborado pelo psicólogo 
da Forma (Gesta/t) Max Wertheimer que Skinner toma como um exemplo de 
comportamento verbal e submete à uma análise comportamental). Em suma, no nível do 
comportamento não verbal, a demarcação entre comportamento mental e comportamento 
não mental parece encontrar seu limite inferior nos reflexos incondicionados, instintos e 
hábitos, ao passo que no nível do comportamento verbal essa demarcação encontra seu 
limite superior na consciência verbal (as expressões comportamento mental e 
comportamento não mental são inusitadas e podem parecer estranhas. O mesmo não 
ocorre com ação mental e ação não mental, que já se encontram em James (1890/1950). 
Skinner (1968,1974) usa o termo ação no mesmo sentido de comportamento operante. 
Portanto, comportamento mental é ação mental)
Reconstruída como comportamento e corpo, a mente mantém com o mundo uma 
relação tão fechada e indissociável como o corpo e o comportamento mantêm com esse 
mesmo mundo. Logo no início dessa reconstrução, foi dito que o pressuposto da mente
26 )osé Antônio Pamáílo A bib
como fenômenos do corpo ó de ordem metafísica. Mais esclarecido agora, significa que a 
relação mente-corpo é uma relação real, é uma realidade, existe. Na verdade, é a primeira 
realidade. Separar mente e corpo é uma operação do pensamento, ó uma abstração. Dal, 
faz-se esta passagem sutil: afirma-se a realidade da separação. Como substâncias 
realmente separadas, surge, então, o problema de como relacioná-las, o problema de 
como estabelecer entre elas vínculos causais. Aparece o problema da causalidade, o 
problema levantado por Hume (1740/1975,1748/1972), o de que não é possível apresentar 
justificativa lógica ou empírica para defender a existência de vínculos necessários e 
suficientes entre entidades e eventos independentes e isolados.
Da perspectiva de uma metafísica relacionai, o problema da causalidade 
desaparece. No caso do behaviorismo radical, não cabe, por exemplo, perguntar se eventos 
privados causam ou não eventos públicos como o comportamento. Em uma metafísica 
relacionai o que existe são redes de relações mais ou menos simples ou mais ou menos 
complexas e no caso do behaviorismo radical as teias de relações mais complexas são 
caracterizadas pela presença do pensamento e da consciência. Agora, se o conhecimento 
da mente, do sujeito (self) e dos eventos privados passa pelo estudo dessas teias e redes 
de relações mais complexas, então é de máxima importância estudar o comportamento 
verbal, o pensamento, e a consciência.
Desconstrução do real
Com a crítica à metafísica substancialista e com a conseqüente desconstrução 
do problema mente-corpo e orientação para uma metafísica relacionai, Skinner (1953,
1957,1969,1974,1989) dessubstancializa a mente e o real. Com a dessubstancialização 
da mente, recupera o corpo e o mundo como texto. É o retorno do reprimido: o corpo 
reprimido pela mente angelical e o mundo terrestre reprimido pelo mundo celeste. É, 
portanto, o fim do rebaixamento do comportamento com relação á mente. A 
dessubstancialização da mente é uma tese límpida no behaviorismo radical porque ela 
significa fundamentalmente a crítica ácida de Skinner (1945/1999,1969,1974,1989) ao 
mentalismo (a história do mentalismo é longa e complexa). Alcança o projeto da psicologia 
científica bem como a psicologia cognitiva recente (James, 1890/1950; Wundt, 1911, 
1913; Skinner, 1989) e só é examinada, aqui, em seus primórdios, e ainda assim 
brevemente.
A tese de dessubstancialização do real não é tão transparente. O problema é 
novamente o fisicalismo. Como já foi visto, fisicalismo não significa materialismo no 
behaviorismo radical. Entretanto, isso não quer dizer que seja impossível defender a 
realidade física do "mundo externo" e suspender juízos sobre a sua natureza última. Skinner 
(1938,1969) ó precisamente um pensador que desvincula o fisicalismo do materialismo, 
ao mesmo tempo em que parece defender a realidade física do "mundo externo". Por 
exemplo, é possível encontrar em seu texto expressões como “nós operamos em um 
mundo - o mundo da física" (1953, p. 139), e logo antes escreve:"... não temos razão para 
argumentar que nossa resposta visual original não foi ao objeto "como ele realmente é" 
["as it really is']” (p. 139). Na verdade, a defesa que Skinner faz do fisicalismo é ampla, 
porque, como também já foi visto, atinge o “mundo interno" quando, vale repetir, escreve: 
"Minha dor de dente é exatamente tão física como minha máquina de escrever" (1945/
Sobre Comportamento e Cognição 27
1999, p. 430). Vinculado ou não ao materialismo, o fisicalismo é uma doutrina ontológica 
e epistemológica, e o behaviorismo radical seria ontologicamente solidário com o fisicalismo- 
menos-materialismo. Em suma, a natureza do "mundo externo" e do "mundo interno” seria 
física sem ser material.
Isso ó realismo. É realismo fisicalista. E ó indefensável. Uma leitura realista- 
fisicalista do behaviorismo radical não faz justiça ao texto de Skinner (1945/1999,1953,
1974.1989) e não tem condições de fundamentar filosoficamente o comportamento como 
um assunto psicológico. Skinner não está argumentando que conceitos e leis 
comportamentais são redutlveis a conceitos físicos e deriváveis de leis físicas. Caso 
contrário, não redigiria: “O que ele [o fisiólogo] descobre não pode invalidar as leis de uma 
ciência do comportamento" (1974, p. 215). Nem argumentaria que, mesmo se o fisiólogo 
for bem sucedido em sua tarefa de trazer a público eventos privados, ainda assim "o 
problema da privacidade não pode ser completamente resolvido pela invasão instrumental 
do organismo” (1957, p. 130). Porque "permanece o fato de que no episódio verbal normal 
eles [os eventos] são absolutamente privados. Temos ainda de responder uma ampla 
questão, onde a questão científica pode ser considerada como um caso especial” (1957, 
p. 130). Sua argumentação é epistemológica. Seu fisicalismo é epistemológico, e assim 
como não há vinculaçâo lógica entre fisicalismo epistemológico e materialismo também 
não há entre fisicalismo epistemológico e fisicalismo ontológico.
Como evidência inicial para essa ilação, ó importante ressaltar mais as aspas da 
expressão "as it really is" (as aspas são de Skinner) do que a expressão propriamente 
dita. Essas aspas, ou indicam dúvidas e até mesmo incredulidade quanto á possibilidade 
de conhecer o mundo como ele realmente é (um mundo que Kant (1781/1985) chamou de 
númeno ou coisa em si), ou incerteza referente á sua efetiva existência.
A evidência mais importante é a definição funcional de estímulo, que Skinner 
(1953) denomina de estímulo interpretado {o termo interpretado também vem entre aspas 
como alerta, nessa caso, contra o mentalismo). Longe de uma ontologia fisicalista (que 
só pode apoiar uma definição fisicalista de estímulo e jamais uma definição funcional), 
Skinner define estímulointerpretado quando examina o conceito de controle de estímulos. 
Seu interesse é desconstruir a dualidade experiência-realidade que aparece no campo da 
percepção. Seu argumento é que essa dualidade pode ser interpretada em termos de 
controle de estímulos, onde se verificam relações comportamentais distintas e onde não 
faz o mínimo sentido dizer que a relação é, em um caso, com a realidade e, em outro, com 
a experiência. O que está em jogo ó o controle funcional de estímulos ou o estímulo 
interpretado. Convém notar que a história da Psicologia registra a existência de uma 
tensão na definição de estímulo. Por exemplo, Guillaume (1979) escreve: "A palavra estímulo 
é freqüentemente empregada de modo equívoco para designar indiferentemente os objetos 
eles mesmos e as ações que exercem sobre os orgàos receptores" (p. 56, grifo meu). No 
behaviorismo radical, a definição fisicalista de estímulo pode ser compatibilizada com o 
conceito de estímulo interpretado se e somente se for apenas epistemológica.
Finalmente, contra a realidade do “mundo externo" e do "murido interno", está a 
desreferencialização do real que Skinner (1957) opera no estudo da linguagem. Ele defende 
a pragmática da linguagem e critica a sintaxe e a semântica. Não aceita as teorias 
tradicionais da semântica onde a linguagem ou é um instrumento para expressar idéias 
pré-existentes ou refere-se a um mundo externo cuja existência é também anterior à 
linguagem. E mais, no debate nominalismo-realismo, o behaviorismo radical aproxima-se
28 losé Antônio D.imásio A bib
do nominalismo, especialmente quando o nominalismo ó combinado com o estudo 
experimental de caso único (Zuriff, 1980;Chiesa, 1994; Abib, 1999).
Em suma, da perspectiva do behaviorismo radical, é possível dessubstancializar 
o real com base nos conceitos de estimulo interpretado (na área de controle de estímulos) 
e desreferencialização do real (no estudo da linguagem), bem como com fundamento na 
desconstrução da dualidade experiôncia-realidade (no campo da percepção) e no 
alinhamento com o nominalismo (no debate filosófico nominalismo-realismo).
Uma confusão conceituai que tome o fisicalismo epistemológico como fisicalismo 
ontológico na leitura da obra de Skinner pode conduzir à misteriosa ilação de que o 
behaviorismo radical é solidário com uma ontologia fisicalista não materialista. Com essa 
tese, a próxima questão a ser levantada seria esta: o que é um mundo físico não material? 
Talvez por causa da dificuldade de responder a essa pergunta, o fisicalismo seja identificado 
com o materialismo e Skinner tenha sido identificado freqüentemente com essa última 
doutrina (Kvale, 1967; Bunge, 1979; Creel, 1980).
O fisicalismo epistemológico do behaviorismo radical só se deixa revelar 
com uma investigação arqueológica, uma investigação da origem fundadora de uma obra 
ou de um projeto, com condições de revelar sua origem como sentido e finalidade. Esse 
conceito de Kant (1790/1993, parágrafos 80 e 81) diferencia origem arqueológica de origem 
histórica, que é apenas cronológica e temporal. Confere ao conceito de origem um sentido 
filosófico e demonstra as insuficiências de uma pesquisa histórica sem diretrizes filosóficas. 
Alguns equívocos de uma leitura histórica do behaviorismo radical já foram demonstrados. 
Por exemplo, o de confundi-lo com o behaviorismo metodológico e o de que ó solidário 
com a metafísica do mecanicismo, alimentando, assim, uma psicologia estímulo-resposta 
(Abib, 1985, 1997; Smith, 1986; Chiesa, 1994). É uma leitura arqueológica do texto de 
Skinner que legitima o fisicalismo epistemológico porque é esse fisicalismo que é coerente 
com o sentido e a finalidade do projeto filosófico de Skinner - é coerente com a 
dessubstancialização do real e, portanto, com o conceito de estímulo interpretado. E ó 
esse conceito que constitui a condição de possibilidade do comportamento ser o assunto 
da psicologia - e é ele ainda que dá razão a Skinner dizer que as leis de uma ciência do 
comportamento não podem ser invalidadas por descobertas fisiológicas. O que vale repetir: 
os conceitos e leis do comportamento não podem ser reduzidos a conceitos físicos nem 
derivadas de leis físicas.
O fisicalismo ontológico não pode ser compatibilizado com o conceito de 
estímulo interpretado porque a definição fisicalista ontológica de estímulo não é coerente 
com o conceito de estímulo interpretado (cabe lembrar: a definição fisicalista epistemológica 
de estímulo é coerente com o conceito de estímulo interpretado). A definição fisicalista 
ontológica atribui uma realidade física ao estímulo público - seu passaporte para entrar 
no mundo externo e passar a pertencer a esse mundo. O estímulo torna-se exterior ao 
comportamento. Essa ontologização atinge também o estímulo privado - seu passaporte 
para entrar no mundo interno e passar a pertencer a esse mundo. Mais uma vez o estimulo 
torna-se exterior ao comportamento. Essa exterioridade ó recíproca: o comportamento 
torna-se também exterior aos estímulos, em ambos os casos.
Essas operações ontológicas fazem extricável o que não é. É como se para 
analisar as distinções que podem ser verificadas entre estímulos e respostas houvesse 
obrigatoriamente a necessidade de decompô-los, fragmentá-los, atomizá-los, separá-los.
Sobre Comportamento c Coflniv<lo 29
Isso não é verdade. Uma relação é uma unidade de análise complexa e nesse sentido é 
uma totalidade inextricável de objetos e eventos ou propriedades de objetos ou eventos, 
com qualidades distintas, que podem ser descritas em relação, e cuja descrição constitui 
sua análise. Análise como decomposição e separação é um conceito cartesiano. Foi 
adotado pelo empirismo inglês e criticado por James (1890/1950) na sua descrição do 
pensamento como fluxo. Kòhler (1929/1970) na sua descrição das Formas (Gestalten) 
também não o poupou. James e Kòhler defenderam o conceito de análise como descrição.
Conseqüência inevitável dofisicalismo ontológico e do conceito de estimulo como 
evento físico ontologizado, bem como da análise como decomposição, a exterioridade 
entre comportamento e estímulos é suicida para o behaviorismo radical. Essa exterioridade 
requer princípios de ligação e liqüida com a natureza fundadora da relação entre 
comportamento o mundo, Primordial torna-se agora o estímulo e a resposta. São eles que 
serão submetidos à análise e que depois serão ligados de acordo, ou com princípios 
empiristas de associacão, ou com princípios intelectualistas do mentalismo. Ou ainda, 
com os princípios do cognitivismo mais recente baseados na metáfora computacional da 
mente. Recupera-se em todos esses casos a metafísica do mecanicismo, exatamente o 
que o behaviorismo radical não é. A relação comportamento-mundo adquire então um 
caráter derivado e secundário, precisamente o que o behaviorismo radical não é. (Em 
outro contexto e com outra terminologia, James (1890/1950), no seu capítulo sobre o fluxo 
do pensamento, condenou duramente o atomismo no pensamento filosófico e seus reflexos 
na psicologia quando criticou o empirismo de Hume e o intelectualismo de Kant).
Encerrada no círculo vicioso de ser apoiada e de apoiar os conceitos de "mundo 
externo" e "mundo interno", essa exterioridade orienta interpretações externalistas do 
behaviorismo radical. Com esses pressupostos, é lógico pensar que se o behaviorismo 
radical não ó um internalismo, um mentalismo ou um fisiologismo, ou ainda um mentalismo- 
com-fisiologismo (como Skinner (1950) demonstrou exaustivamente que não é), então é 
um externalismo. Nesse estilo de pensamento, opera uma lógica apoiada no princípio do 
terceiro excluído ou uma lógica disjuntiva, que só admitem o valor de verdade de A ou B, 
Porém, Ae B podem ser falsos. Skinner (1957) contribui para interpretações externalistas 
quando escreve "eventos internos" (p. 130), "condição interna" e "estados internos" (p. 132) 
e, o que é pior, “natureza física de eventos privados" (p. 130, grifo meu). Essa última 
expressão aponta na direçãode um fisicalismo ontológico no behaviorismo radical, um 
ponto que uma análise histórica do texto de Skinner certamente não deixará escapar, mas 
que, da perspectiva da análise arqueológica adotada aqui, é insustentável.
Conclusão
O behaviorismo radical contém uma ambigüidade que oscila do fisicalismo 
ontológico à dessubstancialização do real - reclamando, naturalmente, uma deliberação 
teórica. Em princípio existem duas escolhas. Ou se delibera por manter essa ambigüidade 
ou se decide pela onipresença do fisicalismo ontológico. Essa última decisão inviabiliza 
irremediavelmente o projeto constitutivo do behaviorismo radical e a ciência do 
comportamento; e a primeira o fragiliza diante da critica. Existe, porém, uma terceira 
possibilidade que é a de radicalizá-lo. Da perspectiva da análise arqueológica assumida 
aqui, o fisicalismo ontológico é estranho ao behaviorismo radical. Logo, não há alternativa
30 fosí Anlónio Diimásio Abib
a não ser radicalizá-lo e eliminar de seu corpo teórico o fisicalismo ontológico e de seu 
vocabulário os termos comprometidos com essa ontologia.
O behaviorismo radical não é nem um internalismo nem um externalismo. É um 
descritivismo que encontra seu fundamento filosófico na filosofia descritivista da ciôncia e 
na ontologia do pragmatismo e contextualismo filosóficos (Pepper, 1942/1970; Morris, 
1988; Abib, 1997). A relação entre comportamento e mundo é interna. Mas o sentido do 
termo interno opõe-se ao conceito de exterioridade e não deve ser confundido com o uso 
de interno em expressões como"mundo interno" e internalismo. Portanto, o conceito de 
análise no behaviorismo radical significa descrição. Não significa decomposição. Nesse 
sentido, o conceito de análise no behaviorismo radical tem mais afinidades com as 
psicologias dinâmicas de James (1890/1950) e Kòhler (1929/1970) do que com psicologias 
mecanicistas fundamentadas no behaviorismo - por exemplo, as de Watson (1930) e Hull 
(1943).
Encontra-se no behaviorismo radical a distinção entre eventos públicos e privados. 
É possível assumir uma posição moderada ou radical com respeito a essa distinção. A 
primeira é compatível com o descritivismo filosófico e, conseqüentemente, com o 
behaviorismo radical pois escapa à lógica disjuntiva e não encerra nem dualidade nem 
descontinuidade. Eventos públicos referem-se á observação direta e eventos privados á 
observação indireta ou à inferência. Não existe observação pura ou direta porque observar 
ó uma atividade que envolve conceitos e teorias (Chalmers, 1976/1995; Abib, 1997). Não 
há descontinuidade ou dualidade entre observação direta e indireta e qualquer demarcação 
rígida entre elas deve ser atenuada. O descritivismo refere-se á descrição de observações 
diretas ou indiretas e, sendo assim, abriga os conceitos de eventos públicos e privados. 
Mas não admite a dualidade e descontinuidade que se verificam nos conceitos de 
externalismo e internalismo. Se o leitor externalista ficar com saudades do realismo, 
resta-lhe o consolo de se solidarizar com o realismo empírico, um realismo que suporta o 
conceito de realidade como relação direta ou indireta com as coisas, mas que, como é de 
natureza epistemológica e compatível com o descritivismo, não tem compromisso com 
realismos transcendentes, fisicalista ou materialista e, conseqüentemente, não dá guarida 
aos conceitos de "mundo externo” e externalismo (Schlick, 1932-33/1965; Abib, 1982).
O behaviorismo radical não escapa a uma segunda radicalização: a de abandonar 
a distinção entre eventos públicos e privados. Com efeito, essa distinção é mais uma 
conseqüência do fisicalismo ontológico. No behaviorismo radical, o fisicalismo ontológico 
identifica “mundo externo" ao público e "mundo interno" ao privado. É precisamento por 
isso que Skinner (1957) utiliza os termos"eventos internos","condição interna", “estados 
internos" no sentido de eventos privados; e "estímulos externos" na acepção de eventos 
públicos. Aprisionados nas malhas do fisicalismo ontológico, figurado pelos conceitos de 
"mundo externo" e "mundo interno", os eventos públicos e privados tornam-se exteriores 
ao comportamento. E essa exterioridade inviabiliza mais uma vez o projeto constitutivo do 
behaviorismo radical, agora por causa disto: os eventos privados tornam-se objetos de 
investigação da fisiologia. Com efeito, reintroduz-se uma "referência externa" ao 
comportamento. Não na acepção em que eventos privados pertenceriam ao "mundo externo", 
mas no sentido de serem exteriores ao comportamento.
Essa radicalização contribui para desvelar o projeto constitutivo do behaviorismo 
radical como filosofia da mente. As análises de Skinner (1968, 1974, 1989. 1990) de 
fenômenos mentais como emoção e pensamento são realizadas com base em
Sobre Comportamento e Coflniç.lo 31
contingências e eventos públicos e, como foi mostrado anteriormente, é com esse tipo de 
análise que se pode verificar um volume maior ou menor de pensamento no comportamento. 
É também com uma análise dessa natureza que é possível demonstrar como o 
comportamento verbal diferencia pessoas de animais. Verificam-se nesse ponto mais 
afinidades entre Skinner, James (1890/1950) e Kóhler (1929/1970). James e Kòhler buscaram 
a marca distintiva da mente na ação, James na ação inteligente, e Kõhler no agir com 
discernimento. Ademais, Kòhler é quase que completamente incrédulo quanto à 
necessidade de recorrer a procedimentos indiretos para observar a mente. Simplesmente, 
mente é açao mental (James), ó agir com discernimento (Kõhler), é comportar-se pensando 
(Skinner), é comportar-se verbalmente (Skinner). Existem, portanto, a ação não-mental, o 
agir sem discernimento, o comportar-se sem pensamento. Mente é ação, comportamento, 
mas nem toda ação ou comportamento é mental. O conceito de comportamento é mais 
amplo do que o de mente. A mente é imanente ao comportamento. Isso quer dizer que a 
mente existe e está presente no comportamento bem como dele não se separa. 
Conseqüentemente, habita o nosso humano mundo contidiano e é passível de ser analisada 
(descrita) como presença pública.
Como filosofia da mente, o behaviorismo radical ô um fisicalismo epistemológico 
compatível com uma ontologia relacionai. É uma filosofia cravada antes do problema mente- 
corpo e com o qual não tem qualquer afinidade. É uma ontologia em que o comportamento 
e o corpo, a mente e o mundo são distintos mas inextricáveis, revelando semelhanças 
com a tese cartesiana da união substancial real da alma com o corpo (Descartes, 1641/ 
1979,1643/1979,1649/1979). Neste momento, o leitor pode perguntar; ‘Se o behaviorismo 
radical ó uma ontologia, o que existe, então?’ Acostumado a ouvir, mente ou corpo, 
certamente estranhará esta resposta: ‘Existe o comportamento’. Ao ouvi-la, provavelmente 
insistirá com mais esta pergunta: ’E a mente?’ 'A mente?’ 'A mente é imanente ao 
comportamento.’
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