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Sorocaba 2017 CLAYTON ALVES UKRACHESKI PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL Métodos simples que podem melhorar a fermentação Sorocaba 2017 PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL Métodos simples que podem melhorar a fermentação Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Sorocaba, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em engenharia química. Orientador: Ângela Vinhas CLAYTON ALVES UKRACHESKI CLAYTON ALVES UKRACHESKI PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL Métodos simples que podem melhorar a fermentação Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Sorocaba, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em engenharia química. Orientador: Ângela Vinhas BANCA EXAMINADORA Prof(ª). Dra Daniela Branco Tavares Mascagni Prof(ª). Msc. Thaís Matiello Gonçalves Prof(ª). Ricardo Carvalho Canatto Sorocaba, 04 de dezembro de 2017 Ukracheski, Clayton Alves. Produção de cerveja artesanal: Métodos simples que podem melhorar a fermentação. 2017. Número total de folhas 31. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em engenharia química) – Faculdade Anhanguera, Sorocaba, 2017. RESUMO A produção de cerveja artesanal está conquistando cada vez mais os amantes de uma boa cerveja, e com isso a quantidade de cervejeiros caseiros vem aumentando rapidamente com o fácil acesso a equipamentos para a própria produção de cerveja em casa. Porém ao produzir suas próprias cervejas, os cervejeiros encontram alguns fatores importantes que determinam o sabor final na cerveja. Pensando nisso, este estudo tem como objetivo demostrar métodos simples e de fácil controle no processo de fermentação da cerveja caseira, assim orientando como chegar mais próximo do sabor desejado sem cometer erros na fermentação, etapa do processo onde se atribui os principais sabores e características de uma cerveja. Os métodos propostos indicarão utilizar objetos comuns que podem ser úteis no processo de fermentação, a utilização de equipamento profissional ou amador, auxiliará na execução destes métodos, tais como resfriar e isolar o fermentador garantindo baixa variação na temperatura, e até mesmo PH que é medido através de fitas ou phmetro, e também nutriente próprio para levedura, um deles o zinco, outro fator muito importante é a contaminação, possível de acontecer na fermentação, que combinados com uma fermentação irregular resultam em off-flavors. Estes detalhes são muitos importantes e podem afetar os resultados finais, com estes métodos e outros que veremos, será possível manter um padrão na produção de cerveja caseira. Palavras-chave: Fermentação; Levedura; off-flavor; Ukracheski, Clayton Alves. Homebrew production: Simple methods that could improve the fermentation 2017. Total number of pages 31. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em engenharia química) – Faculdade Anhanguera, Sorocaba, 2017. ABSTRACT The production of craft beer is increasingly winning lovers of good beer, and so the number of homemade brewers is rapidly increasing with easy access to brewing equipment at home. However when producing beer for themselves, brewers find some important factors that determine the final taste in beer. Thinking about, this study wants to demonstrate simple methods and easy control in the fermentation process of homemade beer, thus guiding how to get closer to the desired taste without making mistakes in the fermentation, process stage where the main flavors and characteristics are attributed on beer. The proposed methods will indicate the use of common objects that may be useful in the fermentation process, the use of professional or amateur equipment, will assist in the execution of these methods, such as cooling and isolating the fermenter ensuring low temperature variation, and even PH that is measured through tapes or phmetro, and also a nutrient suitable for yeast, one of them zinc, another very important factor is the contamination, possible to happen in the fermentation, which combined with an irregular fermentation result in off-flavors. These details are very important and can affect the final results, with these methods and others that we will see, it will be possible to maintain a pattern in beer production Key-words: Fermentation; Yeast; off-flavor; LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Levedura do gênero Saccharomyces ..................................................... 18 Figura 2 – células de servomyces ligadas ao ZN++ .................................................27 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Nomenclatura das linhagens da espécie saccharomyces. ..................... 19 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................13 1 ESTILOS DE CERVEJA E SUAS LEVEDURAS........................................16 1.1 CONTAMINANTES MICROBIANOS NO PROCESSO CERVEJEIRO....18 1.2 Leveduras selvagens................................................................................19 2 A IMPORTANCIA DO PH E TEMPERATURA.............................................21 3 NUTRIENTES E POSSIVEIS CONTAMINAÇÕES.......................................27 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................32 REFERÊNCIAS..............................................................................................33 13 INTRODUÇÃO Na ultima década o consumo de cerveja artesanal teve um grande aumento devido à qualidade exigida pelos amantes de cerveja. O mundo da cerveja pode ser fragmentado em três grandes vertentes. A primeira é o domínio das grandes cervejarias, a segunda vertente é dominada por micro cervejarias que detém uma pequena parcela no mercado com estilos especiais e tradicionais, e por fim os cervejeiros caseiros. Muitas cervejarias de grande porte adicionam em sua cerveja diversos produtos químicos para correções, e ingredientes menos nobres, sendo que o consumo em excesso destes produtos químicos são controversos a saúde. Por outro lado, pesquisas apontam que cervejas produzidas em micro cervejarias com ingredientes de qualidade proporcionam diversos benefícios à saúde, com esses atributos positivos, diversas pessoas pelo mundo optaram por cervejas de qualidade e até iniciaram em suas casas a própria produção com estilos únicos e sabores personalizados. O processo de fermentação é a principal etapa na produção de cerveja, e neste processo se utiliza um micro organismo para transformar um simples caldo com nutrientes e açucares, em álcool e cerveja com sabores excepcionais, as leveduras. As leveduras são fungos como os bolores e cogumelos, apresentam-se caracteristicamente sob a forma unicelular. São seres vivos invisíveis a olho nu, que somente podem ser vistos com o auxílio de microscópio. São encontradas em vários lugares: solo, ar, plantas, frutos e alimentos. A espécie mais comum é a Saccharomyces cerevisiae, conhecida vulgarmente como levedura de padeiro ou da cerveja, Porque ela tem um papel milenar na produção de pão, vinho e cerveja, devido à sua capacidade de produzir álcool (principalmente o etanol, presente em bebidas fermentadas) e dióxido de carbono (que permite a expansão da massa do pão) a partir de açúcares. As primeiras observações microscópicas das leveduras foram feitas por Van Leeumenhoek em 1680. Em 1835 foram associadas à fermentação alcoólica. A partir de 1837 as leveduras observadas no malte o nome Saccharomyces cerevisiae começou a ser utilizado para designa-las.Louis Pasteur em 1857 estabeleceu a relação entre a fermentação e o metabolismo de leveduras. Em 1876 ele deu inicio aos estudos sobre a levedura da cerveja, já em 1877 ocorreu a introdução do termo “enzima” em leveduras. https://pt.wikipedia.org/wiki/Unicelulares https://pt.wikipedia.org/wiki/Microsc%C3%B3pio https://pt.wikipedia.org/wiki/Saccharomyces_cerevisiae https://pt.wikipedia.org/wiki/Etanol https://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%B3xido_de_carbono https://pt.wikipedia.org/wiki/Anton_van_Leeuwenhoek https://pt.wikipedia.org/wiki/Fermenta%C3%A7%C3%A3o_alco%C3%B3lica https://pt.wikipedia.org/wiki/Malte https://pt.wikipedia.org/wiki/Saccharomyces_cerevisiae https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Pasteur https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Pasteur https://pt.wikipedia.org/wiki/Metabolismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Enzima 14 O isolamento de células de levedura, e a utilização de estirpes puras para produção de cerveja se deu em 1880. Já em 1884 houve a recuperação de álcool e dióxido de carbono de extratos livres de células. A produção de glicerol a partir das leveduras começou em 1915. A revisão da fisiologia das leveduras ocorreu em 1920 por Guilliermond. E em 1930 a 1960 kluyver iniciou a taxonomia das leveduras. Lindegren fez em 1949 o primeiro mapa genético da levedura da cerveja, bem como a demonstração da reprodução sexuada e o sistema de reprodução na levedura. Hinnen, Hicks e Fink fez a primeira transformação de leveduras em 1978. Toda cerveja fabricada artesanalmente possui características distintas e uma das características que são mais importantes no processo de fabricação é a fermentação. Com o grande aumento no consumo de cerveja artesanal, a quantidade de cervejeiros caseiros vem aumentando ano após ano, e estes cervejeiros não tem conhecimentos adequados para elaborar receitas exatas e o uso de fermentação adequada de suas cervejas, assim decidimos elaborar estudos que nos promova conhecimento e melhoramento na utilização de leveduras. Com estes estudos será possível chegar próximo do processo e manipulação em escala industrial e de micro cervejarias, possibilitando o cervejeiro caseiro de fazer sempre a mesma cerveja. Com o estudo aprofundado de células de leveduras, podemos chegar ao melhoramento do organismo da levedura, Saccharomyces cerevisia, usada recentemente na criação em laboratório de novo fungo sintético, resultando na criação de cromossomos sintéticos. Com o avanço de pesquisas da levedura, surgiram utilidades em áreas que traz benefícios ao ser humano, foram usadas na indústria farmacêutica e biotecnológica para produzir antibióticos, enzimas e na produção de biocombustíveis. A levedura mais usada neste processo é a Saccharomyces cerevisia, e será a levedura que terá mais atenção em nossa pesquisa. A escolha desta pesquisa é mostrar ao cervejeiro caseiro partes do processo de fermentação que se deve seguir, podem trazer problemas ao resultado final e até mesmo poderá perder o produto. A pesquisa desenvolvida irá mostrar alguns métodos simples que são capazes de serem efetuados por cervejeiros caseiros dentro do processo de fermentação. Quais métodos deverão ser seguidos desde o inicio da fermentação, até seu estágio final? Alguns métodos são um PH de acordo com o estilo de cerveja e a https://pt.wikipedia.org/wiki/Di%C3%B3xido_de_carbono https://pt.wikipedia.org/wiki/Glicerol-3-fosfato_desidrogenase https://pt.wikipedia.org/wiki/Reprodu%C3%A7%C3%A3o_sexuada 15 temperatura que influencia no resultado final, após isso tem cuidados que precisam ser seguidos para melhorar o processo. Demostrar métodos e simples alternativas, que possibilitam ter um melhoramento e consequentemente um padrão na produção de cerveja. Estes métodos seguem uma ordem alinhada ao processo de fermentação, ph, esterilização, inoculação da levedura ao mosto, controle de temperatura. Outros fatores que ocorrem durante este processo serão abordados, como contaminação no inicio e fim da fermentação, off-flavors que são sabores indesejados na cerveja, e nutrientes que podem ser tratados como energia para as leveduras. Demostrar métodos que afetam a fermentação da cerveja, em caso de não seguir estes métodos, o resultado pode ser para melhor ou pior, estes métodos ajudam o cervejeiro a decidir como será sua cerveja. Conhecer melhor sobre as leveduras e entender a utilização de algumas espécies para determinados estilos de cerveja, cada estilo tem sua faixa de temperatura específica. Descrever a importância do método de controle de ph e temperatura durante a fermentação. Apontar outros métodos que se aplicados corretamente podem melhorar o resultado, a utilização de zinco como nutriente para levedura, e contaminação que pode resultar em off-flavors. 16 1 ESTILOS DE CERVEJAS E SUAS LEVEDURAS Cervejas são classificadas basicamente em dois tipos: lager (de baixa fermentação) e ale (de alta fermentação). Cervejas do tipo lager são fermentadas à temperatura entre 7 a 15 °C e a duração da fermentação e da maturação é de 7 a 10 dias (ARAÚJO; SILVA; MINIM, 2003). Devido às baixas temperaturas usadas no processo, os sabores e aromas das cervejas lager são mais suaves e leves em comparação com as ales. As cervejas do tipo lager, são elaboradas com linhagens de Saccharomyces uvarum sendo mais populares mundialmente. As cervejas do tipo ale são fermentadas à temperatura de 18 a 22 °C e a duração da fermentação e da maturação é de 3 a 5 dias, são elaboradas com linhagens de Saccharomyces cerevisae sendo muito populares na Grã Bretanha. Embora exista esta diferenciação tecnológica no setor de cervejarias, geralmente a espécie de levedura cervejeira é o Saccharomyces cerevisiae, sendo que outras classificações são utilizadas para agrupar diferentes linhagens de Saccharomyces (VAUGHAN-MARTINI; MARTINI, 1993;). O processo de fermentação alcoólica realizado por S. cerevisiae é resultado da transformação dos açúcares redutores presentes no mosto em álcool, dióxido de carbono (CO2) e em menor escala gliceróis, álcoois superiores, aldeídos, ésteres e acetatos. Tais compostos minoritários conferem coloração e sabor característicos da bebida fermentada. As leveduras são fungos unicelulares eucarióticos que se reproduzem por brotamento ou fissão. Na preparação, Saccharomyces cerevisiae é o gênero e espécie de maior importância. As leveduras de cerveja inglesa e de cerveja alemã são atualmente ambas classificadas como Saccharomyces cerevisiae mas historicamente têm sido consideradas espécies separadas com leveduras de lager na classificação de Saccharomyces uvarum (carlsbergensis). Leveduras desempenham um papel importante na história humana. Sem fermento, grampos importantes como pão, cerveja e vinho não existiriam. Tão importante quanto às leveduras estão em nossa história comum, não foi até recentemente (1841) que as leveduras foram reconhecidas como a causa da fermentação. Desde então, as cepas de leveduras foram isoladas e reconhecidas por características únicas que ajudam a criar estilos específicos de cerveja e acrescentam características específicas ao vinho, aos espíritos destilados e ao pão. Há literalmente centenas (se 17 não milhares) de estirpes de fermento usado para fermentação para criar bebidas alcoólicas em quase todas as partes da terra. As leveduras possuem a habilidade de metabolizar eficientemente os constituintes do mosto que é um caldo resultante da mistura fervida de malte e água, rico em açúcares fermentáveis. Esse caldo é filtrado, para receber o fermento a ser transformado em álcool e gás carbônico a fim de produzir uma cerveja com qualidade e estabilidade sensorial satisfatória (CARVALHO et al., 2006).Por ser fundamental na formação de aromas na cerveja, é de suma importância que a cultura de levedura sejaa mais pura possível, isto é, isenta de micro-organismos contaminantes (bactérias e leveduras “selvagens”). FIGURA 1 – Levedura do gênero Saccharomyces Fonte: Cerveja artesanal, 2017. As características de sabor e aroma de qualquer cerveja estão determinadas de forma preponderante pelo tipo de levedura utilizada. Embora o etanol seja o principal produto de excreção produzido pela levedura durante a fermentação do mosto, esse álcool primário tem pequeno impacto no sabor da cerveja. O tipo e a concentração de vários produtos de excreção formados durante a fermentação são quem primariamente determinam o sabor da cerveja. A formação desses compostos depende do processo metabólico do cultivo da levedura. Vários fatores podem afetar esse processo metabólico e, consequentemente, o sabor da cerveja, incluindo a linhagem de levedura, a temperatura e o pH da fermentação, o tipo e a proporção de adjunto, o modelo de fermentador e a concentração do mosto (MORADO, 2009). 18 O gênero Saccharomyces apresenta várias linhagens consideradas seguras e capazes de produzir dois metabolitos primários importantes, etanol e dióxido de carbono. Os tipos de cervejas mais importantes (lager e ale) são fermentados com linhagens de S.uvarum (S. carlsbergensis) e S. cerevisiae, respectivamente. Atualmente, taxonomistas de leveduras têm designado todas as linhagens empregadas na produção de cerveja como pertencentes a espécie S. cerevisiae. A tabela 1 mostra as mudanças na nomenclatura das linhagens pertencentes à espécie S. cerevisiae. Tabela 1 – Nomenclatura das linhagens da espécie saccharomyces. Fonte: Jin e Speers (1998); LIBKIND,D. (2011) 1.1 CONTAMINATES MICROBIANOS NO PROCESSO CERVEJEIRO Bactérias são agentes deterioradores comuns da cerveja. As bactérias Gram- positivas, que trazem os maiores problemas para a cerveja, são as bactérias lácticas pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Pediococcus, sendo que pelo menos 10 espécies de lactobacilos podem causar danos a este produto. Os lactobacilos cervejeiros são heterofermentativos (fermentação da glicose resulta em vários 19 produtos como ácido lático, oxalacético e fórmico) e homofermentativos (fermentação da glicose resulta apenas em ácido láctico) e produzem ácido láctico e acético, dióxido de carbono, etanol e glicerol como produtos finais, com algumas espécies produzindo também diacetil. Os Pediococos são homofermentativos e possuem seis espécies identificadas, mas a espécie predominante encontrada na cerveja é Pediococcus damnosus, sendo sua infecção caracterizada pela formação de ácido láctico e diacetil. Entre as bactérias Gram-negativas que causam danos à cerveja incluem-se as bactérias acéticas (Acetobacter e Gluconobacter), e certos membros da família das enterobactérias (Escherichia, Aerobacter, Klebsiella, Citrobacter e Obesumbacterium), como também Zymomonas, Pectinatus e Megasphaera (ALMEIDA E SILVA, 2005). 1.2 Leveduras selvagens Levedura selvagem é qualquer levedura diferente da levedura de cultivo utilizada na elaboração de determinada cerveja. Leveduras selvagens podem ser originadas de diferentes fontes. Estudos com 120 leveduras selvagens isoladas a partir da cerveja, leveduras em propagação e garrafas vazias, mostram que, além de várias espécies de Saccharomyces, foram encontradas espécies dos gêneros Brettanomyces, Candida, Debaryomyces, Hansenula, Kloeckera, Pichia, Rhodotorula, Torulaspora e Zygosaccharomyces (ALMEIDA e SILVA, 2005). Cerca de 80% das leveduras selvagens são pertencentes ao gênero Saccharomyces. Assim S. diastaticus (= S. cerevisiae) ataca a cerveja envasada, mas não pasteurizada (chopp), produzindo turbidez, super atenuação e sabor desagradável. A fermentação contaminada com S. cerevisiae var. ellipsoideus resulta em cerveja com sabor fenólico. Linhagens deficientes respiratórias de S. cerevisiae podem se desenvolver ao lado da cultura industrial e produzir, na cerveja, odor e sabor anormais, dentre eles o diacetil (VENTURINI FILHO e CEREDA, 2001). As leveduras selvagens podem causar defeitos, como é o caso da formação de película na superfície da cerveja, produção de turbidez, desenvolvimentos de odor e sabor estranhos e fermentação lenta (VENTURINI FILHO; CEREDA, 2001; ALMEIDA E SILVA, 2005). Segundo Venturini Filho e Cereda (2001), em fermentações contínuas, têm-se observado a presença de leveduras produtoras de micocinas (toxinas “Killer”). Essas 20 linhagens produzem uma proteína letal para as leveduras (sensíveis) de cultivo. A manutenção do pH baixo, indefinidamente, durante a fermentação contínua, propicia o crescimento de linhagens selvagens, que pode eliminar completamente a levedura iniciadora do processo e produzir sabor desagradável (DRAGONE et al., 2010). As leveduras selvagens podem ser detectadas por exame microscópico, por provas de resistência térmica, esporulação, fermentação de açúcar, sorológicas etc. No mais, a eliminação da levedura selvagem ou a manutenção da sua concentração em níveis mínimos na cervejaria, pode ser conseguida utilizando inoculo da cultura iniciadora em condições assépticas, o que é possível quando se faz propagação da cultura em laboratório a cada um ou dois meses (VENTURINI FILHO; CEREDA, 2001). Para um cervejeiro caseiro todo cuidado é pouco com as leveduras selvagens, pois se trata de micro organismos impossíveis de serem detectados na produção caseira, apesar de um pouco de levedura selvagens não contaminará o processo todo. 21 2 A IMPORTÂNCIA DO PH E TEMPERATURA O ph é a medida da concentração de íons de hidrogênio ou a acidez de uma solução. O pH é medido em uma escala de 0 a 14, sendo 7 considerado neutro. Valores inferiores a 7 são cada vez mais ácidas e aqueles com um pH superior a 7 são mais básicos. Para uma cervejaria, a alcalinidade da água de infusão é mais importante do que seu pH. Para entender sua água de infusão, você não só precisa entender o pH, mas também os sistemas de tampão na água. Um tampão é um composto químico em uma solução que reage (dissocia / associe) à adição de outro produto químico (sal, açúcar, ácidos, bases) a resistir efetivamente às mudanças no pH da solução. O tampão primário na água potável é geralmente alcalino, medindo o pH da água sem saber o tipo e quantidade o sistema de tampão é como medir a tensão em uma bateria desconhecida. A tensão não nos diz o tamanho ou capacidade da bateria. Da mesma forma, você deve conhecer o tipo e as quantidades de tampão em solução para ter algum contexto para o pH. Por que o pH de infusão é mais importante do que o pH da água? Porque as melhores cervejas são produzidas quando uma infusão é controlada dentro de faixas de temperatura e pH bastante estreitas. O pH é o resultado de um produto equilíbrio químico. O pH da água é o resultado do equilíbrio das reações químicas que ocorreu na água. O pH de infusão é o resultado do equilíbrio na infusão, que é o que queremos no controle. A água e os maltes são os novos componentes da reação e o pH de infusão é uma medida da reação do produto (Palmer, John J., 2013). A diminuição do pH é aproximadamente linear com a temperatura e a diferença é de 0,34 entre 18 e 65 ° C com água destilada e 0,33 com "água dura média" para as mesmas temperaturas. Isso significa que há um deslocamento consistente entre o pH do mosto na trituração e na sala de temperaturas. Como a maioria dos estudos técnicos usou o padrão de temperatura ambiente para medição, as medições de pH e temperatura ambiente são mais suaves em equipamentos analíticos (Palmer, John J., 2013). Em determinados processos de fermentação se utiliza o método de adição de sais e ácidos para controle de pH antes de se iniciar a fervura e fermentação do mosto. Para isso naprimeira tentativa foi usado 10 gramas de cloreto de cálcio e 10 mL de ácido fosfórico a 85% para acidificar os 30 litros mosto quente. Este mosto analisado com 2,4 ppm de Ca e 4,2 ppm de Cl-. O pH final aumentou, com valor de 5,47, após fervura. O final a cerveja parecia ter as características normais de 22 fermentação e FG típico, mas tinha uma sensação de cerveja mais seca. Tem que se ter um grande cuidado ao usar sais no controle de ph, em concentrações altas de cloro, a taxa de fermentação pode ser afetada. A transformação da glicose em etanol e gás carbônico envolve doze reações que são catalisadas por enzimas especificas. A fermentação alcoólica se processa no citoplasma celular, pois é nessa região que se encontra todo aparato enzimático. As enzimas glicolíticas sofrem ações de diversos fatores (pH, temperatura, nutrientes, etc.) que podem estimular ou reprimir a ação enzimática, afetando dessa forma o desempenho do processo fermentativo conduzido pelas leveduras (LIMA et al., 2001). O último fator para afetar o crescimento de levedura é o pH. Levedura cresce bem a pHs ácidos. Eles crescem melhor entre pH 4 a pH 6. O mosto normal é ácido com um pH próximo de 5.2. Durante o crescimento e a fermentação, o pH cai para cerca de 4,1-4,2 e, em alguns casos, ainda mais baixo. A maior acidificação do mosto ajuda a prevenir a infecção bacteriana. (A maioria das bactérias não pode tolerar o pH ácido). O fermento pode sobreviver a um pH muito baixo, tão baixo quanto 2,0. Esta é à base da lavagem ácida, onde a carga bacteriana de uma pasta de levedura é reduzida antes do reaproveitamento, baixando o pH para 2,2. A maioria das bactérias será destruída a este pH, enquanto uma boa porcentagem de fermento sobreviverá. Curiosamente, o mel não fermentado diluído é mais ácido do que o mosto e a produção de mais ácido durante a fermentação realmente retarda sua fermentação. Embora o ácido ajude a equilibrar o sabor, inibirá a fermentação e, portanto, só deve ser adicionado após a conclusão da fermentação. Na verdade, alguns cervejeiros adicionarão uma pequena quantidade de carbonato de cálcio para amortecer a acidez e elevar o pH. Isso pode acelerar significativamente a fermentação. Os meios artificiais como os descritos são uma boa ideia ajustar o pH abaixo de 6,0. Isso ajudará a minimizar a contaminação bacteriana durante os procedimentos de propagação. O lúpulo também supostamente tem efeitos antibacterianos e também pode ser adicionado a esses meios e iniciantes. O pH influência a atividade da fermentação interferindo na estabilidade dos grupos ionizáveis das enzimas, no sítio ativo e na conformação tridimensional das moléculas. O pH adequado propicia que os grupamentos do sítio ativo fiquem na forma química adequada para interagirem com as leveduras. Em geral, enzimas são ativas numa faixa limitada de pH e em muitos casos existe um 23 valor ótimo. O efeito do pH na atividade fermentável é geralmente analisado experimentalmente. A força iônica e a atividade de água também devem ser consideradas como fatores que podem afetar as leveduras (Bastos, 2010). O pH ou concentração de H+ pode afetar grandemente a atividade biológica. De forma geral, sempre existe um pH ótimo para uma dada propriedade específica do microrganismo, como crescimento e formação de produto. O pH é uma ferramenta fácil e barata para avaliar a aptidão geral de fermento para fermentação. Medição do pH nas suspensões de levedura, para reparar, pode dar a um cervejeiro uma indicação de fermento viável, bem como fornecer um indicador de autólise de levedura. Segundo (Layfield e Sheppard), observaram que existe um relacionamento entre autólise de fermento, excreção, atividade de protease e pH da pasta de levedura. Lamas de fermento que foram armazenadas por muito tempo (> 20 h a 4 ° C) teve um aumento de pH, FAN e outros íons. Autólise celular, liberando componentes celulares básicos, poderia causar um aumento de pH. Inoculação negativa com lata de fermento cronologicamente envelhecida impactou as qualidades organolépticas da cerveja acabada por níveis crescentes de álcoois de fusel, diacetilo e acetato. Dentre um pH de cerveja final ≈4.0, suspensões de fermento acima de pH 4.9 deve ser rejeitado devido à probabilidade de ocorrência de autólise na população celular. O pH final da cerveja é dependente na composição do mosto e na capacidade de tampão, bem como tensão de levedura e crescimento. O pH também pode ser usado como uma ferramenta para monitorar a capacidade de fermento durante uma fermentação contínua. Acidificação de mosto ou redução do pH, ocorre como resultado do consumo de carboidratos de mosto e compostos tampão (geralmente FAN) e a produção de ácido carbônico (da geração de CO2) e alguns ácidos orgânicos. O pH do mosto cai rapidamente no início da fermentação (≤ 24 h) e lentamente nos estágios posteriores, embora pequenos aumentos de pH pode ser visto no final da fermentação se o fermento permanecer em contato com a cerveja depois que todos os carboidratos fermentáveis são consumidos . O pH inicial médio de mosto (20 ° C) é ≈5,3, variando de 5,0 a 6,0 (43); O mosto de ale é geralmente menor (pH 5.1) e cerveja ligeiramente leve (pH 5.4- 5.7). Fermentação de mostos com pH mais alto podem influenciar a produção de sabor de fermento; sulfeto de dimetilo (milho doce) os níveis são reduzidos na medida em que o pH inicial é reduzido.Como mencionado anteriormente, o pH final 24 da cerveja depende de vários fatores, mas, em geral, a fermentação pode levar a uma redução de 1,5% em pH ao longo de uma fermentação, produzindo um pH final médio de aproximadamente 4,2-4,4 Extremo níveis finais de pH, tipicamente vistos em fermento após sofrer lavagem ácida (pH aproximadamente 2,1-2,8) antes de repetir, pode causa várias mudanças fisiológicas e genéticas na fermento. Os valores de pH finais muito baixos (<4,0) podem aumentar a estatura da cerveja acelerando as reações de oxidação que ocorrem durante a cerveja no armazenamento e distribuição. É claro que o monitoramento e controle do pH nas suspensões de fermento e durante a fermentação fornecem outra fonte importante de informações para avaliar fermentação física. Num desenvolvimento de processo, essas características têm de ser levadas em conta no momento da otimização, ou seja, na busca pelas condições ótimas de crescimento ou produção de um componente desejado. Os substratos devem apresentar composição capaz de suprir as exigências dos microrganismos, sendo assim, são preparados de acordo com a matéria-prima a ser usada. Materiais amiláceos são hidrolisados, xaropes e melaços são diluídos, uvas e outras frutas, beterraba e cana-de-açúcar sofrem extração de suco. Os líquidos açucarados obtidos têm seu pH corrigido, sendo adicionados nutrientes quando necessário (Bastos, 2010). Segundo Cereda (1983) e Martins (1991), as reações enzimáticas podem ser aceleradas em função do ph e temperatura de ação de cada enzima. Com relação a outras condições, as leveduras podem ser muito sensíveis ao que se chama pressão "osmótica" de seus arredores. Por exemplo, a água comum exercerá uma pressão muito diferente sobre as paredes celulares (a "pele") da levedura do que uma solução de açúcares de malte e água ou cerveja. Como um avião a jato deve ajustar gradualmente a pressão da cabine, a fim de minimizar a tensão em sua "pele", assim como uma célula de fermento que vai de um ambiente líquido para outro. E se mudanças bruscas e drásticas de pressão osmótica são feitas no ambiente de leveduras, muitas literalmente implodirão ou explodirão (o que uma visão feia em um nível microbiano) e aqueles que sobrevivem a tais mudanças reduzem sua atividade enquanto se ajustam ao choque. Para uma saúde de levedura ideal, pense como uma levedura (com certeza e faça transições graduais)(Papazian, 2003). 25 O efeito da temperatura sobre as enzimas é complexo, podendo afetar o estado de dissociação dos grupos funcionais envolvidos na fermentação, a afinidade da levedura por ativadores ou inibidores e a disponibilidade de substratos como o oxigênio. As reações enzimáticas seguem o comportamento da maioria das reações químicas, ou seja, têm sua velocidade aumentada pelo aumento da temperatura. No entanto, isso ocorre somente na faixa de temperatura em que a levedura é estável e mantém sua atividade. A baixa temperatura, leveduras apresenta baixa atividade, sendo dificilmente inativadas, assim, sugere-se o uso de baixas temperaturas para a conservação (Bastos, 2010). O aumento de temperatura favorece o consumo do extrato aparente (concentração aparente dos açucares totais), diminuindo o tempo de fermentação (Ramirez e Maciejowski, 2007; Carvalho 2009). De acordo com pesquisas realizadas por Young-Ran Kim and Seung K. Park ( 2004, p. 119) foi identificado o impacto que a temperatura de fermentação tem em relação à produção de sulfato de hidrogênio (H2S) na cerveja. Duas formulações de cerveja à lager (pilsner americano e levedura de cerveja alemã) e duas formulações de cervejas ale (hefeweizen e levedura inglesa de cerveja) foram fabricadas com malte da Baviera. As fermentações foram realizadas em duplicado em um recipiente de plástico de 2 L a 20 ° C para ale e 10 ° C para lager, que eram as temperaturas normais, e 5 ° C abaixo de (15 ° C) e 5 ° C acima de (15 ° C) temperaturas de fermentação superiores à normal para ale e lager, respectivamente. As taxas de fermentação foram monitoradas diariamente pesando os recipientes de fermentação utilizando um balanço laboratorial e os níveis de produção de H2S foram medidos diariamente usando tubos de detecção de sulfetos que foram utilizados para determinar o teor de H2S do gás fermentador. Em geral, as leveduras produziram o mais alto nível em quantidades de H2S quando estavam no estágio de fermentação ativo e este padrão de produção mostra claramente que as leveduras produzem níveis muito maiores de H2S do que as leveduras ale, independentemente das diferenças na temperatura de fermentação. A 10 ° C, as leveduras produziram 13- 28% de H2S menos do que quando fermentadas a 15 ° C. As leveduras de Ale produziram níveis bastante baixos de H2S durante a fermentação e Hefeweizen ale produziu H2S mais elevado a 20 ° C do que a 15 ° C, mas o contrário foi encontrado a partir de levedura de ale inglesa, que produziu níveis de H2S muito mais altos a uma temperatura mais baixa (15 ° C). A partir dos resultados, mostramos que o 26 monitoramento contínuo dos padrões de produção de H2S e a taxa de fermentação durante o processo de fermentação fornecem ao produtor informações valiosas para controlar a produção de H2S na fermentação de cerveja. Em baixas concentrações, o H2S transmite à cerveja uma desejável característica de frescor. Em altas concentrações é um sabor fora dos padrões, assim deixando características de ovo podre e enxofre, conhecidos como off-flavor. 27 3 NUTRIENTES E POSSIVEIS CONTAMINAÇÕES Vários cátions de metal bivalentes são conhecidos por influenciar o desempenho da fermentação da levedura, incluindo o zinco. Este elemento essencial é especialmente importante para a formação de células de levedura na manutenção de altas atividades de etanol (que é uma Zn-metaloproteína). No processo de fabricação de cerveja, os níveis de Zn podem diminuir durante a infusão, ao ferver o mosto, uma vez que o íon de metal se torna complexado no trub precipitado. Consequentemente, a biodisponibilidade de Zn no mosto pode ocasionalmente ser comprometida, levando a fermentações lentas e incompletas. O estudo atual centrou-se na absorção de Zn por cepas industriais de Saccharomyces cerevisiae, incluindo cepas de lavagem e a posterior utilização deste metal, chave para as células de levedura durante a fermentação. O efeito de variar os níveis iniciais de Zn do mosto e a suplementação dos sais de Zn uma vez que a fermentação havia começado também foi investigado (Walker & De Nicola, 2004. P, 152). Os resultados da pesquisa fornecem padrões completamente diferentes de absorção celular desses cátions comparados com Zn. Conteúdo de Zn de paredes de células de levedura (preparado seguindo homogeneização mecânica das células) permaneceu constante durante a fermentação (cerca de 30% da Zn celular totais). Estes achados, juntamente com os resultados do trabalho usando transporte específico de membrana inibidora, sugerem que a maior parte da captação inicial de Zn foi o metabolismo dependente, através de um fenômeno de absorção da superfície celular. Após períodos iniciais de acumulo de Zn celular e durante o curso da subsequente fermentação, o Zn torna-se virtualmente indetectável em mosto. À medida que as células de levedura crescem durante este período, Zn se distribui para células filhas na divisão celular e isso efetivamente diminui seu indivíduo e concentração de Zn celular. Dependendo da extensão do crescimento da levedura durante a fermentação, isso pode resultar na redução de Zn e biomassa no momento do cultivo de fermento. No mosto de malte, é necessário zinco em concentrações apropriadas, não só para permitir um bom progresso da fermentação, mas também para a formação de congéneres de sabor através da fermentação. Ocasionalmente, a biodisponibilidade do zinco pode ser comprometida, e isso afeta negativamente a fisiologia do fermento, a fermentação da cerveja e a qualidade do produto. O zinco foi 28 rapidamente (e completamente) acumulado por células de fermento quando colocado em mosto com concentrações de Zn até 10 ppm. As melhores fermentações foram observadas quando os níveis de zinco no mosto de malte variaram de 0,48 a 1,07 ppm ( De Nicola, 2009). Surpreendentemente, as altas concentrações de zinco (10 ppm) não prejudicaram o progresso das fermentações em termos de produção de etanol e cinética de produção, mas esses níveis aumentaram a síntese de álcoois e ésteres superiores, como o caproato de etila e o acetato de isoamilo. As estratégias inteligentes de suplementação de Zn (diretamente para células de levedura por meio de pré-condicionamento) desempenham um papel importante na determinação do desempenho da fermentação e da qualidade do produto. Levedura de cerveja requer um suprimento adequado de nutrientes e minerais para fermentação saudável. (Papazian, 2003). A única vez que você como um cervejeiro caseiro tem que considerar a adição de fermento e nutrientes extra é se você usou mais de 40% de adjuntos - ou seja, outros ingredientes além do extrato de malte. Os nutrientes de fermento são recomendados quando são preparados. Existem diferentes tipos de nutrientes de fermento e energéticos para leveduras disponíveis nas lojas de suprimentos para cervejeiros caseiros. Você verá três tipos de nutrientes de fermento no mercado que podem complementar um mosto que está alto em teores de açúcares refinados ou adjuntos. Fosfato de diamônio - Este é um suplemento de nitrogênio que pode substituir a falta de FAN ( free amino nitrogen). Cascos de fermento - Este é fermento essencialmente morto, cujas carcaças agem como locais de aglomeração e contêm alguns lipídios residuais úteis. Nutriente de fermento ou energéticos - O nome pode variar, mas a intenção é uma mistura de fosfato de diamônio, cascos de fermento, biotina e vitaminas. Essas misturas são um suplemento dietético mais completo para fermento. Servomyces - Este produto é semelhante aos cascos de fermento, mas difere por ter uma quantidade útil de zinco rapidamente assimilável, que é um fator de enzima essencial para a saúde da levedura. Este produtoé aceito segundo a lei de pureza Rheinheitsgebot. 29 A Servomyces pode ser utilizada para aumentar os níveis de zinco durante fermentações de mosto de todos os maltes, mas também ao utilizar mosto contendo complementos, quando a nutrição possa ser particularmente deficitária. E, mais importante ainda, a Servomyces é recomendada para fermentações de alta gravidade, altamente exigentes em termos de levedura e em que a levedura é fortemente reaplicada para ajudar na recuperação. A Servomyces também pode ser utilizada durante a propagação para aumentar a eficiência. O pool de zinco de uma célula de levedura é gasto à medida que gera novas células filhas. Por conseguinte, a adição de zinco é ainda mais relevante durante a propagação, devido à divisão excessiva de células. Figura 2 – células de servomyces ligadas ao ZN++ Fonte – Cátalogo de produtos lallemand. Pode ser observada uma deficiência de zinco, mesmo em mostos de todos os maltes. O zinco é absolutamente essencial para a levedura, enquanto cofator para a desidrogenase da enzima do álcool, responsável pela produção do etanol na cerveja. O zinco também está envolvido na proteção do stress e de outras reações bioquímicas. As vantagens em se adicionar Servomyces na fermentação são; células de leveduras mais saudáveis, fermentação acelerada, impacto positivo no sabor, fermentação reproduzível, e ajuda à sedimentação (Palmer, 2006). Para que qualquer organismo vivo funcione corretamente, a atividade metabólica da vida e paredes celulares saudáveis deve ser mantida. Leveduras precisam de açúcares, proteínas, gorduras e minerais (elementos) Os açúcares são 30 uma fonte de energia alimentar. As proteínas são nutrientes que estão na forma de aminoácidos (livres). Eles são desenvolvidos no processo de maltagem ou durante o processo de trituração. Eles são necessários para uma estrutura de células saudáveis. As gorduras (óleos) são derivadas de lúpulo e do malte, é necessário uma quantidade pequena para a construção de células saudáveis. Os sais necessários para os processos de fermentação em geral das células de levedura, sendo os dois os mais importantes o zinco e o cálcio, o zinco é derivado do malte. O cálcio é derivado de malte e água. Em excesso, ambos Os elementos são tóxicos para leveduras (Papazian, 2003). Sem uma nutrição adequada, muitas coisas resultarão, geralmente, alguns destes são: fermentação lenta, mutação de leveduras, pobre sedimentação, off-flavors e baixa estabilidade da cerveja. Os requisitos de nutrição variam com as cepas de levedura. Oxigênio é um requisito extremamente importante nos estágios iniciais do ciclo de vida das leveduras. Essencialmente, o fermento sofre um processo chamado respiração através da qual irá armazenar energia derivada do açúcar e oxigênio pelo restante do ciclo de vida. Quanto mais você pode minimizar as chances de bactérias indesejadas e levedura selvagem contaminando sua cerveja, melhor será a sua cerveja. A contaminação de sua cerveja por micro organismos não convidados pode resultar em cerveja turva, azeda, excesso de carbonatação, mofo de superfície, off-flavors e uma série de outros ocorrências bizarros. Existem alguns contaminantes que não afetarão drasticamente a sua cerveja. Obviamente, alguns são piores do que outros. Você pode garantir que são patogênicos conhecidos (micro organismos tóxicos) que podem sobreviver em cerveja. Seu erro ocasional pode parecer estranho, gosto horrivelmente e momentaneamente deprime você, mas não vai matar você (Papazian, 2003). Limpeza e sanitização são palavras que seguem o mesmo objetivo, eliminação de possíveis contaminações, porém tem uma pequena diferença na exatidão que o processo traz. Eliminando micro organismos indesejado é um processo de duas partes. A palavra limpeza é usada para descreva à aparência física do seu equipamento. A palavra sanitização descreve o equipamento que foi desinfetado. A esterilização é impraticável e quase impossível. As maiores cervejarias do mundo não se esterilizam; eles desinfetar. A desinfecção com 31 desinfetantes reduzirá a população de bactérias e fermento selvagem a tal ponto que a boa fermentação de cerveja será alcançada. O ácido acético não é muito útil para o cervejeiro por causa do forte sabor, conhecido como off-flavors. Na verdade, é mais comumente um contaminante devido ao micro organismo que resulta na fermentação da levedura Brettanomyces resultando em ácido acético. No entanto, também é um produto de fermentação e pode ser desejável a baixa concentração em alguns estilos de cerveja. Acido ascórbico conhecido como vitamina C, é usado em muitos alimentos como um preservativo antioxidante. A oxidação é o processo pelo qual o oxigênio reagirá e se combinará com praticamente qualquer coisa. Quando o oxigênio reage com a cerveja acabada, ele produzirá flutuações e instabilidade. Quanto mais uma cervejeira poder fazer para eliminar o contato com a cerveja uma vez que a fermentação começa, melhor será a cerveja. Quando o ácido ascórbico é adicionado na cerveja, o oxigênio reage com ele, e não com a cerveja. A vitamina C oxidada é menos nociva para a estabilidade e o sabor da cerveja do que a cerveja oxidada. Uma meia colher de chá de cristais de ácido ascórbico dissolvidos em água fervida ajudará a evitar a oxidação de 5 galões (19 I) de cerveja. Não se recomenda a utilização de comprimidos de vitamina C, devido a outros ingredientes adicionados a estes comprimidos. Os cristais de vitamina C estão disponíveis em todos os sistemas de abastecimento doméstico. O ácido ascórbico não é um ingrediente necessário na fabricação de cerveja (Papazian, 2003). Temperaturas mais quentes aumentam o risco de bactérias contaminação e propagação, o fermento também pode produzir alguns aromas indesejáveis na cerveja. Esses off-flavors geralmente podem ser caracterizados como frutados, com manteiga (diacetil), cidreira, gramado (acetaldeído), como solvente (álcoois que não sejam etanol); com algumas cepas de fermento pode ocorrer um aroma de ovos podres (H2S, sulfeto de hidrogênio). Nada do que precede irá prejudicá-lo e pode não ocorrer mesmo com a cepa de fermento que você usa. 32 CONSIDERAÇÕES FINAIS A importância de se conhecer bem a levedura a ser usada, nos mostrou a maneira correta no preparo do mosto de cerveja, porque cada levedura precisa ter tratamento diferenciado. A temperatura para os estilos de lager e ale são realizadas em diferentes temperaturas, e essas temperaturas podem ser controladas usando um método simples, um deles consiste em resfriar o fermentador imerso em agua gelada. O sabor final da cerveja tem como principal influência seu ph e temperatura, e quando atingidos nos traz o sabor já esperado. Mas para garantir que tenha uma boa cerveja, os métodos abordados mostraram que um ph deve ser analisado a partir da água usada no começo da produção, e uma água com ph muito alterado, pode trazer muitos problemas durante a fermentação, como off-flavors. Ao optar pelo uso de nutrientes que contenham zinco, os resultados finais de um mesmo estilo cerveja resultaram em diferenças no sabor final. Mesmo com todos os procedimentos seguidos nos passos anteriores, a presença de algum off-flavor foi perceptível, talvez houve alguma variação em determinado processo, tanto antes como depois da fermentação pode ter ocorrido algum erro, e o método proposto não ter sido seguido como esperado. Nos cervejeiros caseiros estamos suscetíveis a errar em algumas dessas etapas, mesmo seguindo simples métodos, isso talvez seja devido ao fato de não ter equipamentos adequados para medições e controles precisos. Sendo assim, pode- se concluir que o sabor e qualidade final da cerveja serão determinados pelo tipo de processo, pela levedura utilizada e pelos métodosusados durante a fermentação e maturação que exercem maior impacto nas características sensoriais da bebida. Com base nos estudos elaborados, podemos usar os métodos criados para melhorar o processo de fermentação sem o uso de equipamentos tecnológicos, não é possível se manter um padrão exato, porém a possibilidade de se ter uma cerveja de boa qualidade e sempre com os mesmos aspectos existe. 33 REFERÊNCIAS ALMEIDA E SILVA, JB. Cerveja. In: Venturini Filho, G. W. Tecnologia de Bebidas. Edgar Blucher, Brasil, 2005, p.347-380 ARAÚJO, F. B.; SILVA, P. H. A.; MINIM, V. P. R. Perfil sensorial e composição físico química de cervejas provenientes de dois segmentos do mercado brasileiro. Ciências e Tecnologia de Alimentos, v.23, n.2, p. 121-128, 2003. BASTOS, REINALDO GASPAR, Tecnologia das fermentações : fundamentos de Bioprocessos -- São Carlos : EdUFSCar, 2010, 66p. CARVALHO, G.B.M., BENTO, C.V., ALMEIDA e SILVA, J.B. Elementos biotecnológicos fundamentais no processo cervejeiro: 1ª. Parte- As leveduras. Revista Analytica, v.25, p.36 - 42, 2006 CATÁLOGO DE PRODUTOS LALLEMAND. 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