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INTEGRAÇÃO DOS MEIOS DE TRANSPORTE COM INSERÇÃO DO MONOTRILHO NA CIDADE DE VITÓRIA Thais Perini Zanotelli Nadja Lisboa da Silveira Guedes Menção Honrosa 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 148 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 149 RESUMO O trabalho intitulado ‘Integração dos Meios de Transporte com Inserção do Monotrilho na Cidade de Vitória’ possui relação com o tema ‘Transporte de Passageiros sobre Trilhos para o Desenvolvimento Urbano e Regional’, pois considera a implantação do monotrilho integrado aos outros meios de transporte, buscando aprimorar a qualidade do sistema. O cenário atual da mobilidade no Brasil apresenta problemas referentes ao sistema de uma forma geral, porém, os benefícios dados aos automóveis consomem grande parte dos recursos financeiros e espaços públicos. Diante deste fato, o objetivo do trabalho é apresentar uma alternativa que busque um sistema de mobilidade e acessibilidade sustentável com foco na cidadania. Para isso, foi feita uma pesquisa base relacionada ao tema e posteriormente um estudo projetual de intervenção em dois pontos da cidade de Vitória, com proposta de redesenho dos espaços viários e inserção de um novo modo de transporte: o monotrilho. Utilizou-se como método o projeto urbanístico com uso de técnicas de desenho arquitetônico, recursos gráficos eletrônicos e inserções fotográficas. Os resultados obtidos foram estudos urbanísticos teórico e prático que contribuem academicamente com discussões sobre um assunto de crescente relevância, a mobilidade urbana. Concluiu-se que a mobilidade urbana sustentável requer um estudo integrado que preserve não apenas os recursos ambientais, mas principalmente a cidadania e direitos de ir e vir com segurança a e conforto. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 150 1. INTRODUÇÃO 2. CONCEITOS 3. COMPONENTES DO TRÂNSITO 3.1 Pedestres 3.2 Ciclista 3.3 Transporte Coletivo Monotrilho Dados Técnicos 4. SITUAÇÃO ATUAL DE VITÓRIA 5. O ESTUDO PROJETUAL 5.1 Componentes do Trânsito Calçadas, Ciclovias e Pista de veículos Transporte Coletivo 5.2 Intervenções Avenida Nossa Senhora da Penha (Reta da Penha) Ponto 01 Avenida Nossa Senhora dos Navegantes Ponto 02 6. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SUMÁRIO 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 151 1. INTRODUÇÃO Um bom funcionamento do sistema de mobilidade e acessibilidade de uma cidade gera aquecimento econômico, melhora a qualidade de vida da população, entre outros. Contudo, a maioria das cidades brasileiras apresenta um sistema de mobilidade e acessibilidade precário. As estruturas para pedestres e ciclistas são inadequadas, os transportes públicos possuem baixos níveis de serviço e os congestionamentos são constantes. Além de uma estrutura deficitária, o Brasil enfrenta uma questão de âmbito mundial: a sustentabilidade. Este problema reflete diretamente na questão da mobilidade, pois a maioria dos deslocamentos consome combustível fóssil, cuja queima provoca sérios problemas à biosfera. O grande fluxo de automóveis significa um maior consumo de combustíveis e de emissão de gases poluentes. Apesar de todos esses problemas, os incentivos aos meios sustentáveis de mobilidade, como investimentos em percursos para pedestres, ciclovias, transportes públicos, ficam em segundo plano. Ao contrário, os benefícios continuam sendo oferecidos ao automóvel, aumentando a atratividade desse meio de locomoção. Levantando estas questões, o objetivo do trabalho é repensar a divisão dos espaços de circulação, buscando garantir a qualidade de todos meios de transportes priorizar os mais sustentáveis. Junto a um redesenho desses espaços, o trabalho propõe a inserção de um novo meio de transporte para a cidade de Vitória, o monotrilho. O monotrilho e os outros modos funcionarão de forma integrada, formando um sistema de mobilidade em rede, onde há a possibilidade de deslocamento utilizando um ou mais meios de transporte. As mudanças propostas serão demonstradas por estudos de intervenções e inserções fotográficas dentro da cidade de Vitória. O trabalho se estrutura em 5 partes. O primeiro capítulo conceitua os termos base que justificam o presente trabalho. O tema central é mobilidade urbana, mas engloba outros termos que a qualificam, com o título ‘Mobilidade e Acessibilidade Sustentáveis: uma questão de cidadania’. O segundo capítulo refere-se aos ‘Componentes do Trânsito’ pedestres, ciclistas e transportes coletivos. São descritas características desejadas para se garantir a qualidade, a participação e a relação entre os componentes na mobilidade urbana. O terceiro capítulo aborda a ‘Situação Atual da Cidade de Vitória’, levantando as questões sobre a mobilidade e acessibilidade na cidade de acordo com pesquisas e observações pessoais da autora deste trabalho. O quarto capítulo elabora estudos de intervenções para a cidade de Vitória, propondo um redesenho dos espaços públicos de circulação de forma a adequar todos os meios de transporte às necessidades de quem os usufrui. Propõe também a implantação de um novo modal de transporte coletivo, o monotrilho. Por fim, a conclusão fala sobre a importância de um desenvolvimento integrado, em relação aos meios de transporte, no contexto regional e na sociedade, que deve ser pioneira em atitudes sustentáveis. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 152 2. CONCEITOS O trabalho em questão possui em quatro termos fundamentais em quais se baseia. Eles se relacionam entre si e o primeiro capítulo os define de forma integrada, com o título : ‘Mobilidade e Acessibilidade Sustentáveis: uma questão de cidadania’. A primeira definição de mobilidade a coloca como capacidade de movimento de um ponto de origem a um destino desejado (Bocanegra, 2002 apud Stemerding, 1996). Bocanegra também cita Ferrandiz (1990), que relaciona mobilidade à facilidade de deslocamento e, quando ocorre no âmbito urbano, fala-se de ‘mobilidade urbana’. O conceito de mobilidade também envolve fatores como segurança, freqüência, regularidade, conforto entre outras. Citado por Henrique (2004), Tagore e Skidar (1995) dizem que a mobilidade depende da performance do sistema de transporte, da hora e da direção na qual se pretende viajar e de características individuais como renda, sexo, idade, etc. A definição do termo acessibilidade também pode relacionar-se aos deslocamentos urbanos. Definido pela NBR 9050/1994, da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - e citado por Silva (2004), acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos. Quando a análise sobre acessibilidade relaciona-se à mobilidade urbana, os pontos abordados referem-se à localização e às oportunidades de deslocamento. Segundo Vickerman (1974) citado por Bocanegra (2004), a acessibilidade envolve a combinação da localização de superfície relativa para destinações satisfatórias e das características de rede de transporte ou ligações de pontos daquela superfície. Para Jones (1981), citado por Henrique (2004), a acessibilidade está relacionada à mobilidade do indivíduo. Portanto, os padrões de mobilidade influenciam os padrões de acessibilidade. O site da WBCSD (2001) - World Business Council for Sustainable Development – define que a “mobilidade é principalmente um meio de aumentar a acessibilidade”. Acessibilidade pode então ser colocada como possibilidade e facilidade de acesso relacionada às oportunidades de transporte do local. Mobilidade, como capacidade e facilidade de deslocamento dependentes das características do cidadão. “Na primeira, as variáveis associadas se relacionam a aspectos espaciais de distribuição das atividades; na segunda, as variáveis estão associadas com as características da pessoa que realiza o deslocamento” (Henrique, 2004). Apesar de poderemser diferenciadas, as pessoas combinam as duas qualidades para atingir seus objetivos, como citado pelo WBCSD (2001): “Globalmente, as pessoas procuram aumentar a sua mobilidade visando aumentar a acessibilidade”. Da mesma forma, a mobilidade não existe apenas para garantir acessibilidade, mas para a satisfação de outras vontades humanas, pois “certos tipos de mobilidade são desejados pelo simples prazer de se deslocar” (WBCSD, 2001). Porém, este prazer e bem-estar oferecidos pela mobilidade podem se transformar em problemas e perda de qualidade de vida, pois o “aumento excessivo da mobilidade [...] resulta em aumento no consumo de combustíveis, conduz a inaceitáveis alterações no ambiente físico [...], enquanto que a mobilidade por automóvel vem a conflitar diretamente com outros critérios de planejamento físico” (Nijkamp & Blaas, 1994 apud Bocanegra, 2002). Esse aumento excessivo de mobilidade e uso do automóvel foi acelerado a partir de meados do século XX, com a intensa urbanização de países em desenvolvimento e suburbanização de países desenvolvidos. No final desse século, então, as pessoas começaram a se perguntar se as formas de 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 153 mobilidade que estavam sendo praticadas eram sustentáveis. O WBCSD (2001) define ‘mobilidade sustentável’ como sendo “a capacidade de atender às necessidades da sociedade em deslocar-se livremente, em ganhar acesso, em comunicar, em comercializar e em estabelecer relações sem sacrificar outros valores fundamentais humanos ou ecológicos, hoje ou futuramente”. Porém, deve-se pensar na definição do termo sustentabilidade para que o termo não sirva apenas para legitimar um sistema capitalista insustentável. Nesse sentido, a sustentabilidade busca a preservação da vida humana e da sociedade global e, em relação à mobilidade sustentável, a prioridade para o cidadão. O princípio 1 da Agenda 21, descreve que “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza” (United Nations, 1992). Um dos objetivos buscados pelo desenvolvimento sustentável é o termo cidadania, citado por Lavalle (2003) como um status concedido aos membros integrais de uma comunidade e todos os que possuem o status são iguais em relação aos direitos e obrigações pertinentes ao status. Ferreira et alli (2002) ainda afirma que cidadania não é apenas um conjunto de direitos, mas implica a participação responsável na esfera pública e social. 3. COMPONENTES DO TRÂNSITO Este capítulo tratará sobre os meios de transportes pedestres, ciclistas e coletivos, suas características relevantes para o trânsito e mais especificamente sobre o monotrilho, transporte proposto pelo trabalho para a cidade de Vitória. 3.1 Pedestres Todos, de alguma forma, são pedestres, ao menos nos momentos em que precisam se locomover nos espaços sem o auxilio de instrumentos como o carro, a bicicleta, o transporte público. Também são denominados pedestres as PPD’s - Pessoas Portadoras de Deficiência, que utilizam cadeiras de rodas como auxílio para a mobilidade, pois se locomovem com velocidades semelhantes às velocidades das pessoas caminhando a pé, ocupam espaços semelhantes e necessitam de pisos com características semelhantes às dos pisos recomendados para calçadas. Essas personagens do trânsito são as maiores vítimas no trânsito. Pesquisas revelam que do total de pedestres vitimados pelo trânsito, que somaram 79.728, em 1998, 6.553 morreram, ou seja, 8,2%. Enquanto a mesma relação para os ocupantes de veículos foi de 13.017/256.362, ou seja, de 5,0 % (ABRASPE, 2005). Para garantir segurança e conforto aos pedestres, as calçadas devem ser construídas de forma adequada, o que, de acordo com Gold (2003), significa que esses espaços devem possuir três características: (1) Fluidez – apresentar espaço livre compatível com o fluxo de pedestres; (2) Conforto – apresentar piso liso e antiderrapante, mesmo quando molhado; e (3) Segurança – não oferecer ao pedestre risco de queda ou tropeço. Outro ponto a se pensar na confecção dos espaços é a acessibilidade das PDLs - Pessoas com Deficiência de Locomoção, que inclui, além das PPD’s - Pessoas Portadoras de Deficiência - todos que estão em condição temporária ou permanente de restrição de mobilidade. Desenho Universal surgiu nos Estados unidos, em 1963, para atender às pessoas com deficiência e foi chamado inicialmente de ‘Desenho livre de barreiras’. Atualmente, vai além deste pensamento. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 154 “Trata-se de evitar a necessidade de produção de ambientes [...] para atenderem públicos diferentes. Esta definição inclui [...] a enorme gama de variações do ser humano: altos, baixos, obesos, idosos, crianças, gestantes e, também, pessoas com deficiências diversas” (Brasil, 2005). De acordo com o Ministério das Cidades, a garantia de acessibilidade às pessoas com restrição de mobilidade não se resume ao acesso a um local ou veículo, “mas na capacidade de se deslocar pela cidade, através da utilização de vários modos possíveis de transporte, organizados em uma rede de serviços e por todos os espaços públicos, de maneira independente” (Brasil, 2005). Figura 01: Calçadas livres de barreiras arquitetônicas - Santa Bárbara, Califórnia, EUA. Foto: Acervo pessoal. 3.2 Ciclista Andar de bicicleta proporciona vantagens a toda população e principalmente para os ciclistas, devido aos benefícios para a saúde. Em relação à Arquitetura e Urbanismo, o ciclista observa mais a paisagem, a topografia. Para a cidade, pode significar uma opção ao automóvel. Em relação aos custos, a estrutura para bicicletas demanda baixos investimentos quando comparada à estrutura para automóveis. Dentre os benefícios potenciais ou comprovados do uso da bicicleta, pode-se citar: (1) econômica (redução de custos com automóvel, com horas perdidas em congestionamentos e com despesas médicas devido ao exercício físico); (2) política (redução da dependência energética, poupança de recursos não renováveis); (3) social (democratização da mobilidade); (4) ecológica (noção de ambiente e de equilíbrio ecológico) (Bruxelas, 2000). Apesar dos benefícios, pouco incentivo é dado a este meio de transporte e devido a isto, o ciclista corre riscos de acidentes. A população de baixa renda é a mais prejudicada, pois a bicicleta para essas pessoas é uma forma de economia e ampliação mobilidade ou mesmo o único meio de transporte. Figuras 02 e 03: Incentivo aos ciclistas. Califórnia, EUA. Foto: Acervo pessoal. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 155 3.3 Transporte Coletivo As pessoas têm necessidade de se deslocarem para diversas partes da cidade para cumprirem suas funções e necessidades. Com o crescimento das cidades, essas distâncias aumentam e as facilidades de transpô-las também. Porém, essas facilidades não são iguais para todos, nem as disponibilidades de recursos. O transporte coletivo surgiu para atender a esse tráfego de pessoas. Em todo o Brasil a maior parcela de viagens diz respeito ao transporte público, mas, de acordo com Brasil (2005), o transporte coletivo público urbano no Brasil apresenta um processo de declínio expresso pela queda da demanda e da produtividade dos serviços, tarifas crescentes, oferta inadequada, insuficiente desenvolvimento tecnológico e inovativo, falta de investimentos em infra-estrutura. Os problemas gerados pela crise dos transportes públicos são absorvidos pela população de baixa renda, que não possui acesso ao automóvel. Porém, estudos indicam que a população mais pobre tem migrado para outros modos de transporte, como caminhada, bicicleta e motocicleta. A crise gera outros problemas, como a informalidade, e estimula o uso do automóvel. Outro problema a ser enfrentado é a falta de integração regional e tarifária. A ausência de um único órgão administrativo quecoordene o transporte público metropolitano e municipal gera problemas como distribuição heterogênea da rede, falta de integração física e tarifária entre modais, superposição de redes. A bilhetagem eletrônica e o uso de tecnologia também são fatores a serem pensados. Esses recursos, devido o pagamento antecipado da tarifa, permitem aumento da velocidade de média de viagem assim como da segurança contra furtos, pois a venda é realizada em locais fixos, que podem ser mais bem vigiados. As diversas formas de comunicação também ampliam a acessibilidade. No Brasil, as normas da NBR 9050, da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - dispõem de descrições construtivas para que os espaços sejam acessíveis aos deficientes, como formas de comunicação universal, tipos de revestimento de piso, dimensões corretas dos elementos e outros detalhes de relevância. Para os deficientes visuais, as faixas de piso podotáteis, com textura diferenciada e cor contrastante são de grande importância e servem como referência para os deficientes. Há também as faixas direcionais, que também possuem textura própria e cor contrastante e indicam a direção dos pontos de embarque e desembarque. Para os cadeirantes, o símbolo universal é uma forma de comunicação e pode indicar os locais de embarque de cadeirantes. Outro recurso, mas de comunicação física, é rampa de deficientes nos locais de embarque e desembarque, nivelando o piso do veículo ao local de acesso. Figuras 04, 05, 06 e 07: Comunicação tátil, visual e física. São Francisco e Nova Iorque, EUA. Foto: Acervo pessoal. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 156 Outro fator que contribui para a baixa qualidade é a ausência de prioridade no trânsito. Apesar de possuírem maior capacidade de transporte, muitas vezes os coletivos não possuem preferência no tráfego e estão sujeitos aos congestionamentos, o que intensifica os problemas e estimula o uso do carro. As formas de priorização no trânsito podem valorizar o uso dos coletivos e diminuir a atração do uso de automóveis. Alguns transportes já possuem a característica de vias exclusivas, como linhas de metrô ou trens. Figura 8: Comparação entre capacidades dos modos de transporte em relação ao espaço ocupado: número de trânsito de pessoas por um período de 01 hora em um espaço de 3 a 5m. Fonte: UITP, 2003 apud Kneib, 2006. Há ainda o uso da energia renovável e não-poluente contribui para a preservação ambiental e é um requisito para novos sistemas considerados eficientes e eficazes. A administração pública deve incentivar práticas sustentáveis, pois o sistema de transporte é necessário para o desenvolvimento da sociedade, mas consome energia e gera poluição. Como os transportes coletivos realizam grande parte da mobilidade urbana, devem ser pioneiros em atitudes sustentáveis. Monotrilho O monotrilho é um meio de transporte que se locomove, como o nome diz, sobre um único trilho, que é uma viga metálica ou de concreto, abraçada pelo sistema de rolagem do trem. Esta característica facilita a posição elevada e proporciona uma estrutura mais leve comparada aos sistemas suspensos de trens sobre dois trilhos. Este sistema é mais conhecido pelos exemplos suspensos, mas também podem estar nos níveis terrestre ou subterrâneo. Os ‘trens’ não se cruzam com os demais modos de transporte, o que evita muitos acidentes. Assim, também liberam espaço para os modos terrestres e em certas ocasiões, transpassam barreiras físicas mais facilmente pela facilidade de elevação e estrutura delgada. Há exemplos de integração com sistemas construtivos, com pontos de parada dentro de edifícios. Figuras 9 e 10: Sistema bidirecional e estação de parada no interior de um edifício. Fonte: The Monorail Society Website 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 157 Em relação aos benefícios ambientais, a maioria dos sistemas usa energia elétrica, o que evita a queima de combustíveis fósseis. A prevenção da poluição sonora é obtida pelo o sistema de propulsão silencioso que usa pneus de borracha. Figura 11: Sistemas de pneus de borracha. Fonte: The Monorail Society Website Apesar das vantagens, os monotrilhos são considerados recentes e, no Brasil, pouco conhecidos. Mas os exemplos em funcionamento provam as vantagens desses trens: (1) redução de custos com maior extensão do sistema; (2) facilidade de transposição topográfica e de cruzamentos; (3) menor demanda de espaços e desapropriações; (4) não influência sobre estruturas de encanamentos e redes elétricas; (5) mitigação ambiental, por liberarem áreas para corredores ecológicos; (6) e possuírem menores índices de poluição sonora e atmosférica. O monotrilho também apresenta vantagens em relação a outros transportes: não usa o espaço viário, por isso não está sujeito a cruzamentos e congestionamentos, o que possibilita velocidade e horários regulares. Também liberam espaço no trânsito e não necessitam de abertura de vias para a sua implantação. Dados Técnicos O monotrilho implantado em Okinawa, no Japão, foi usado como base de pesquisa. É um modelo compacto, proposto para médias e pequenas cidades, que possuem menor demanda em relação aos grandes centros como Tokyo, Osaka. Figura 12: Monotrilho compacto da cidade de Okinawa. Padrão mais flexível, para atender às necessidades de transporte de pequenas e médias cidades e integração com linha de metrô. Fonte: Kuwabara et al, 2001. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 158 O documento analisado sobre este monotrilho faz comparações entre os sistemas convencionais com o novo sistema implantado em Okinawa, de menor capacidade. A começar pela carga do sistema, o monotrilho compacto exige uma estrutura que suporte em seus eixos a carga de 8 toneladas e o sistema de maior capacidade suporta em seus eixos a carga de 10 a 11 toneladas. A diminuição dos custos se estende para todo o sistema, como diminuição do comprimento dos trens, menor quantidade de portas de passageiros, simplificação do sistema de energia utilizado, redução dos espaços de garagem, estações de embarque e desembarque compactas, raio de curva menor. Essa redução estrutural permite uma diminuição dos custos de 50% em relação aos sistemas convencionais. Apesar de possuir menor capacidade de carregamento, o monotrilho de Okinawa transportará uma grande quantidade de passageiros. Considerando um veículo articulado de 4 carros e o padrão de ocupação confortável de 0,3m²/passageiro, o trem transportará 200 passageiros por veículo. Se o intervalo entre os veículos for de 4 minutos, a capacidade de transporte poderá ser de 3.000 pass/hora/ direção, o que possibilita um carregamento estimado entre 25.000 e 30.000 pass/dia. Os dois sistemas produzidos pela empresa Hitachi são padronizados, o que torna possível a circulação do trem compacto utilizando a estrutura do trem de maior capacidade. O inverso, porém, não pode acontecer, pois o sistema convencional possui maior carga, demandando estrutura maior de suporte. Figura 13: Comparação entre sistemas convencional e compacto – simplificação da estrutura. Fonte: Kuwabara et al, 2001. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 159 A mudança de direção do monotrilhos é possibilitada pelo deslocamento da viga, que se alinha à direção desejada, unindo-se à viga que dá continuidade ao percurso que se pretende tomar, como demonstrado na figura a seguir. Figura 14: Sistemas de mudança de direção. Fonte: The Monorail Society Website. 4. SITUAÇÃO ATUAL DE VITÓRIA A cidade escolhida para este estudo é Vitória, localizada no Espírito Santo, Região Sudeste do Brasil. Este capítulo falará sobre as características que influenciam no trânsito e sobre os problemas do sistema de mobilidade da cidade. Vitória é uma ilha de relevo acidentado composta também por uma área continental. Aproximadamente 50% do município são compostos pelo maciço central e grande parte das áreas planas é ocupadapor equipamentos urbanos, como o aeroporto, a Universidade Federal, os complexos siderúrgicos da CST e CVRD. A ocupação urbana é uma mancha contínua e consolidada e a cidade exerce a função de centro metropolitano do Estado, o que atrai grande número de viagens. Vitória ainda funciona como eixo de passagem entre os municípios vizinhos, intensificando o fluxo nas avenidas internas da cidade. Apesar de receber todo este fluxo, a estrutura viária de Vitória não foi construída para receber esse tráfego e já mostra sinais de saturação. Além dos problemas viários, Vitória também apresenta deficiências em relação a espaços para pedestres e ciclistas e as poucas ciclovias que estão sendo construídas apresentam problemas como falta de arborização e falta de continuidade em rede. Figuras 15 e 16: Calçadas e ciclovias apresentam problemas e falta de ciclovias em rede. Foto: Acervo pessoal. Em relação ao transporte público, o sistema municipal apresenta qualidade de serviço superior comparado ao metropolitano. Porém, o PDTU de 2001 levanta a questão da sobreposição entre as linhas dos sistemas municipal e TRANSCOL, que não funcionam de forma integrada. A existência de órgãos diferenciados de administração para transportes municipal e intermunicipal gera deseconomias e baixa qualidade de serviço. Há excesso de oferta em áreas centrais e escassez 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 160 em áreas periféricas, os transportes metropolitano e municipal trafegam com poucos passageiros em horários de baixa demanda, utilizando os mesmos itinerários, o que aumenta os custos e a sobrecarga as vias. Ainda sobre os transportes públicos, o PDTU afirma que eles devem receber tratamento prioritário com a implantação de faixas segregadas (canaletas), considerando que, com esta medida, a velocidade comercial atingiria 24 Km/h, sendo que nos trechos mais críticos em horários de maior tráfego, a velocidade varia de 10 a 15 Km/h. Onde não fosse possível a implantação das canaletas, o transporte público deveria ter prioridade no trânsito. 5. O ESTUDO PROJETUAL Como visto, Vitória apresenta diversos problemas de mobilidade. Buscando rever a ordem de prioridade dos recursos públicos - em especial do espaço urbano - oferecida aos meios de transporte, os espaços de mobilidade são repensados, valorizando os modos sustentáveis por meio de um redesenho urbano. O trabalho adota como locais de intervenção as vias arteriais – locais de deslocamentos de grandes distâncias, uso misto e sinais semafóricos (PDTU, 2001) - por atraírem grande fluxo de pessoas devido às características comerciais e de serviços. Além disso, um tratamento adequado do sistema de mobilidade nas vias arteriais atenderia todas as áreas da cidade. 5.1 Componentes do Trânsito Este traça diretrizes e dimensiona os espaços necessários para os transportes com base em pesquisas em documentos e normas, de forma que garantam qualidade e segurança durante o percurso. Calçadas, Ciclovias e Pista de Veículos O objetivo é garantir acessibilidade, conforto e segurança aos pedestres e ciclistas e evitar o estimulo ao uso do automóvel. Para tornar a cidade acessível a uma ampla diversidade de padrões humanos, é necessário reconstrução dos espaços de circulação de pedestres, seguindo dimensões mínimas para abrigarem seus componentes. De acordo com os dados pesquisados para a configuração, chegou-se à largura de 4,00m para calçadas em vias arteriais. Figura 17: Proposta de dimensionamento para calçadas arteriais considerando as larguras mínimas de seus componentes de acordo com as pesquisas realizadas. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 161 Em relação à circulação de bicicletas, busca-se incentivar o seu uso e integrá-la aos outros meios de transporte. Para isso é proposta a criação de ciclovias nas vias arteriais de Vitória para, dessa forma, criar uma rede ciclística na cidade. A largura mínima determinada foi de 2,50m para ciclovias de duas mãos em vias arteriais. Para a circulação de veículos, o objetivo é incentivar a migração dos motoristas para os meios sustentáveis e o coletivo. Para isso, a configuração restringiu-se à largura mínima necessária para vias arteriais, chegando-se à formulação de duas pistas para cada mão com larguras de 3,20m cada pista. Transporte Coletivo Assim como todo o trabalho, os objetivos relacionados ao transporte coletivo buscam a mobilidade sustentável. Para alcançá-la, são traçadas algumas diretrizes para este meio de transporte: (1) Oferecer acessibilidade universal – os recursos propostos são comunicação com uso de piso podotátil para indicar desníveis e direções a deficientes visuais de baixa ou de nenhuma capacidade de visão, de quadros informativos com textos escritos em Braile, comunicação por símbolos, indicando locais de preferência para deficientes, pontos de embarque e desembarque e outros; (2) Adoção do monotrilho em opção ao ônibus – a Agenda 21 incentiva a utilização dos meios de transporte opcionais ao rodoviário. Este trabalho considera a substituição do transporte intermunicipal rodoviário pela adoção do monotrilho. As vantagens do sistema proposto são: possibilidade de utilização do sistema nos três níveis: elevado, terrestre e subterrâneo, utilização de via própria, liberando espaço viário, e a valorização de visuais da cidade pela situação elevada dos trens; (3) Adoção de sistemas de maior capacidade para longos percursos e de menor capacidade para circulação no interior de bairros – o monotrilho tem grande capacidade de carregamento de passageiros. A proposta é a substituição das linhas principais de ônibus que trafegam pelas vias arteriais pelo monotrilho. Os ônibus ficarão com a função de transporte no interior dos bairros, sendo substituídos por microônibus. Deve-se lembrar, também, que a substituição das linhas troncais por monotrilho libera espaço viário; Figura 18: Proposta de substituição das linhas troncais por ônibus pelas linhas de monotrilho e adoção do microônibus para transporte intrabairro. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 162 (6) Qualificação do transporte coletivo: rapidez, freqüência, pontualidade, conforto ambiental – a adoção do monotrilho permite maior rapidez, freqüência e pontualidade. Além disso, o novo sistema pode ser climatizado, permitindo maior conforto ambiental para o clima quente de Vitória. Também devem ser adotadas novas tecnologias que modernizem e qualifiquem os transportes coletivos, como bilhetagem eletrônica e uso de energias renováveis e não-poluentes; (7) Valorização dos ambientes naturais e urbanos da cidade – o sistema de monotrilho tem facilidade de ser construído na posição elevada. Esta característica possibilita visuais privilegiadas, enfatizando as belezas naturais de Vitória. O sistema aquaviário, também proposto no trabalho, possibilita as visuais a partir da Baía de Vitória, com paisagens constituídas pelas mesmas áreas insulares e relevos próximos ao mar. 5.2 Intervenções Para alcançar o objetivo de priorizar os meios sustentáveis e o não-incentivo ao automóvel, são propostas mudanças no sistema viário pelo redesenho urbano, com a qualificação e integração dos modos de transporte. Figura 19: Integração entre os meios de transporte. Fonte: SEDEC – Prefeitura de Vitória com adaptação própria Para demonstrar as propostas urbanísticas são feitos estudos projetuais em dois pontos da cidade, na Av. Nossa Senhora da Penha e na Av. Nossa Senhora dos Navegantes, representados por desenho urbanístico e inserções fotográficas. Avenida Nossa Senhora da Penha (Reta da Penha) A Avenida Nossa Senhora da Penha é um dos principais eixos viários de Vitória e abriga atividades comerciais, de serviço e institucionais. É classificada pelo PDTU (2001) como arterial comum – deslocamentos de grande distância, uso misto e sinais semafóricos - e recebe intenso carregamento de veículos e fluxo de pessoas. Assim comoas demais avenidas da cidade, a Reta da Penha apresenta diversos problemas relacionados à mobilidade, como calçadas deterioradas, ausência de ciclovias e congestionamento de veículos nos horários de pico. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 163 Figuras 20 e 21: Avenida Nossa Senhora da Penha – problemas de mobilidade referentes à circulação de pedestres, ciclistas e veículos. Foto: Acervo pessoal. Figuras 22 e 23: Foto em nível superior mostrando o congestionamento da Avenida Nossa Senhora da Penha em horários de pico. Fonte: Revista TÓPICOS, CREA-ES, Ano VII, nº 35. Apesar dos problemas citados, esta avenida apresenta uma característica de importância urbanística e histórica para a cidade e para o Estado: constitui um eixo visual para o Morro e o Convento Nossa Senhora da Penha. Figura 24: Avenida Nossa Senhora da Penha - eixo visual para o monumento histórico formado pelo conjunto Morro e Convento Nossa Senhora da Penha. Foto: Acervo pessoal. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 164 Ponto 01 Figura 25: Ponto 01 localizado na Avenida Nossa Senhora da Penha. Fonte: Site Google Earth, com adaptação própria. As propostas apresentadas implicam no redesenho dos espaços de circulação sem que haja desapropriações com ampliação e adequação dos espaços das calçadas, criação de ciclovia, implantação do monotrilho como novo meio de transporte e redução da via de veículos de 3 para 2 pistas para cada mão de direção. Ainda é considerada a substituição do transporte intermunicipal rodoviário pelo sistema de monotrilho, liberando espaço viário para o tráfego de veículos. As figuras a seguir demonstram a situação atual e as modificações propostas no Ponto 01: Figuras 26 e 27: Ponto 01 – situação atual com indicação de corte e Detalhe. Fonte: SEDEC – Prefeitura de Vitória, com adaptação própria. Ponto 01 – corte mostrando a situação atual da área de intervenção. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 165 Figuras 28 e 29: Ponto 01 – situação estudada com indicação de corte e Detalhe. Fonte: SEDEC – Prefeitura de Vitória, com adaptação própria. Figura 30: Ponto 01 – corte mostrando a situação estudada da área de intervenção. Figuras 31 e 32: Ponto 01 – Vista superior. Situação atual e estudada - inserção fotográfica. Foto e inserção: Próprias. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 166 Figuras 33 e 34: Ponto 01 – Nível do pedestre. Situação atual e estudada - inserção fotográfica. Foto e inserção: Próprias. Avenida Nossa Senhora dos Navegantes A Avenida Nossa Senhora dos Navegantes também é classificada pelo PDTU (2001) como arterial comum – deslocamentos de grande distância, uso misto e sinais semafóricos - e, assim como na Av. Reta da Penha, possui visual para o Convento da Penha. Porém, apresenta boas condições de mobilidade para o tráfego de veículos, de pedestres e ciclistas, com calçadas adequadas e ciclovia. Figura 35: Avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Boas condiçções de trânsito. Foto: Acervo pessoal. Ponto 02 Figura 36: Ponto 02 localizado na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes. Fonte: Site Google Earth, com adaptação própria. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 167 A proximidade com a Baía de Vitória foi determinante para a escolha do Ponto 02, para garantir a integração dos meios terrestres com o aquaviário. Para isso, o trabalho propõe a criação de uma praça sobre a avenida, que abrigará uma estação de monotrilho e pontos de parada de ônibus. Os veículos submergirão sob a praça e apenas as pistas à direita permanecerão no nível atual, para o acesso de ônibus. Desta forma, a Praça Intermodal ligará os dois lados da via, permitindo o trânsito preferencial de pedestres e ciclistas. Esta praça também permitirá fácil integração com o transporte marítimo, devido à pequena distância do o Terminal Aquaviário. Figura 37: Ponto 02 –Praça Intermodal sobre a avenida integra os meios de transporte. Fonte: Site Google Earth, com adaptação própria. Figura 38: Ponto 02 – Praça Intermodal interliga os lados da avenida. Fonte: Site Google Earth, com adaptação própria. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 168 O espaço criado sobre a avenida é público e aberto e busca permitir e facilitar o acesso das pessoas aos meios de transporte, priorizando os mais sustentáveis. Por este motivo, a praça cria uma ponte entre os lados da via que garante ao pedestre, inclusive às PPDs – Pessoas Portadoras de Deficiência - o fluxo preferencial. Figura 39: Planta da Praça Intermodal e entorno. Figura 40: Inserção fotográfica - pistas de veículos submergem e pistas à direita permanecem no nível atual para o acesso dos ônibus aos pontos de parada localizados na Praça Intermodal. Para proporcionar melhor mobilidade e acessibilidade aos pedestres, procurou-se evitar barreiras urbanísticas e prover a praça com elementos de comunicação visual e tátil. Os recursos usados foram o nivelamento de pisos, uso de rampas para cadeirantes, comunicação visual e tátil por meio de pisos podotáteis e placas informativas e baixa interferência de fluxo de veículos. A segurança de pedestres e ciclistas ainda é reforçada com o estreitamento das pistas para ônibus e utilização de pisos redutores de velocidade. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 169 Figura 41: Ligação entre os lados da via com faixas elevadas de pedestres e táteis no piso. Figura 42: Recursos adotados melhoram mobilidade e acessibilidade de pedestres e ciclistas. A integração entre os modos é reforçada com a presença dos pontos de parada de ônibus e estação de monotrilho na Praça Intermodal e é possibilitada pelo uso do bilhete eletrônico. Figura 43: Integração entre meios de transporte. Estação de monotrilho e pontos de ônibus localizados na Praça Intermodal. A troca de transporte é feita com recurso de bilhetagem. 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 170 Figura 44: Entrada e saída da estação do monotrilho. Recursos permitem mobilidade e acessibilidade para passageiros. O 1º pavimento constitui as plataformas da estação de monotrilho, abrigando os locais de embarque e desembarque deste modo de transporte. Assim como no térreo, o 1º andar possui faixas de piso podotátil de orientação aos deficientes visuais para acesso aos locais de embarque e desembarque dos trens. Outro item que se repete é a placa informativa, colocadas nas proximidades do elevador e da escada e próximas aos locais de embarque dos trens. Figura 45: 1º pavimento - piso podotátil, placas informativas, local de embarque e desembarque de monotrilho e vista ao fundo do Convento Nossa Senhora da Penha. 6. CONCLUSÃO Vitória apresenta deficiências no sistema de mobilidade cujas soluções extrapolam os limites geográficos da cidade. Este trabalho tem o objetivo de ser um estudo sobre mobilidade urbana e propõe mudanças para a cidade de Vitória. Porém, essas propostas devem ser pensadas juntamente com as cidades vizinhas. Sendo assim, meios de transporte sugeridos, como aquaviário e monotrilho, obterão real significado se englobarem toda a Região Metropolitana da Grande Vitória. Da mesma forma, as melhorias no sistema de mobilidade de uma cidade não se restringem a modificações físicas, mas fazem parte de um conjunto de ações que se inicia com a conscientização na educação infantil e que inclua toda a população, os profissionais da área de urbanismo e o poder 3º Concurso de Monografia CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 171 público, que regulamenta as leis. Algumas soluções para as deficiências da mobilidade urbana podem ser tomadas com baixos investimentos. Exemplo disso são as medidas de moderação de tráfego, que dependem primeiramente de vontade política do que de recursos financeiros. Outro fato levantado pelo trabalho é a prioridade oferecida ao automóvel. A grande quantidade de recursos usados em melhorias de estruturas viáriasbeneficia o automóvel e estimula o seu uso. Este fato também evidencia a ausência de recursos aplicados para os outros modos e o prejuízo por parte de pedestres e ciclistas devido à má condição das calçadas e à ausência de ciclovias. Quanto antes adota-se uma postura correta diante dos fatos, aumenta-se a possibilidade e a velocidade das mudanças. Porém, uma mudança de postura não depende apenas dos órgãos gestores, mas de toda a população, começando por medidas simples como não dirigir alcoolizado, praticar menores velocidade no trânsito, parar em faixas de pedestres, não estacionar em calçadas entre outras. 3º Concurso de Monografi a CBTU 2007 − A Cidade nos Trilhos 172 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Acessibilidade a edifi cações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos: NBR 9050. Rio de Janeiro, 2004. - ABRASPE (Associação Brasileira de Pedestres). Pedestre e Transporte. Disponível em: < http:// www1.folha.uol.com.br/ folha/equilibrio/noticias/ult263u3822.shtml >. 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