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Unidade III - Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social

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Oficinas e Estudos Temáticos: 
Infância e Adolescência
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
5
• O Sistema Socioeducativo Brasileiro: o Estatuto da Criança e 
do Adolescente (ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento 
Socioeducativo (SINASE)
• Medidas Protetivas
• Aplicação das medidas socioeducativas a partir do ECA e do SINASE
• Situações de altíssima Vulnerabilidade Social
 · Conhecer quais são as características da aplicação de medidas protetivas e 
socioeducativas para crianças e adolescentes delimitada pelo Estatuto da Criança 
e do Adolescente e pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo;
 · Compreender o que é Vulnerabilidade Social;
 · Aprender mais sobre crianças e Adolescentes em situação de risco.
Sejam bem-vindos à nossa disciplina online. Durante essa unidade iremos aprofundar 
os estudos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e do Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo (SINASE) no que diz respeito à aplicação de medidas protetivas 
e socioeducativas. O foco da unidade é discutir a situação de vulnerabilidade social de crianças 
e adolescentes em diferentes situações de risco social e pessoal.
• Faça a leitura do conteúdo com atenção;
• Realize as atividades propostas para fixação do aprendizado;
• Participe do Fórum da disciplina;
• Tente acessar o material complementar direcionado pelo tutor;
• Em caso de dúvidas, contate a equipe do campus virtual.
Até a próxima e bons estudos! 
Criança e Adolescente em situação de 
Vulnerabilidade Social
6
Unidade: Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
Contextualização
Para estudar a situação das crianças e dos adolescentes em situação de vulnerabilidade 
social e envolvidos na prática de atos infracionais, no cenário brasileiro, aprofundaremos os 
estudos sobre o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) – Lei n° 8.069/90 – bem como 
sobre o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) – Lei nº 12.594/2012 
(Lei Ordinária) de 18/01/2012.
As multifaces da questão social presentes nesta terceira unidade – Criança e Adolescente 
em situação de vulnerabilidade social – são situações decorrentes das violações de direitos 
e de proteção social previstas na Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Criança e 
do Adolescente.
Podemos classificar o termo vulnerabilidade social em situações que colocam em risco 
o desenvolvimento saudável e seguro da criança e do adolescente enquanto sujeito de direito, 
como, por exemplo: exploração sexual, drogadição, trabalho infantil, prostituição, maus 
tratos e negligência familiar, social e estatal, violência física, psicológica e sexual, adolescente 
em cumprimento de medidas socioeducativas, crianças e adolescente fora das escolas, etc. 
Geralmente essas situações de fragilidade e insegurança estão relacionadas às desigualdades 
socioeconômicas, ou seja, precariedade e carência material decorrente das desigualdades entre 
as classes sociais. 
O ECA surge em 1990 com a proposta de normatizar os direitos destinados às crianças 
e adolescentes objetivando a garantia desses direitos e a proteção integral, erradicando 
situações de vulnerabilidade social. A proteção social a que se refere o ECA está expressa nos 
Direitos Fundamentais destinados às crianças e aos adolescentes presentes no artigo 277 da 
Constituição Federal de 1988. 
7
O Sistema Socioeducativo Brasileiro: o Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA) e o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE)
Para estudar a situação das crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social e 
envolvidos na prática de atos infracionais, no cenário brasileiro, aprofundaremos os estudos sobre 
o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) – Lei n° 8.069/90 – bem como do Sistema Nacional 
de Atendimento Socioeducativo (SINASE) – Lei nº 12.594/2012 (Lei Ordinária) de 18/01/2012.
Atenção
O SINASE institui o sistema nacional de atendimento socioeducativo regulamentando a execução 
das medidas socioeducativas destinadas a adolescentes que pratiquem ato infracional, e altera a lei 
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente);
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm
 As multifaces das questões sociais presentes nesta unidade – Criança Adolescente em 
situação de vulnerabilidade social – são situações decorrentes das violações de direitos e da 
proteção social que são previstas na Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Criança 
e do Adolescente.
Podemos classificar o termo vulnerabilidade social como situações que colocam em 
risco o desenvolvimento saudável e seguro da criança e do adolescente enquanto 
sujeito de direito, como, por exemplo: exploração sexual, drogadição, trabalho infantil, 
prostituição, maus tratos e negligência familiar, social e estatal, violência física, psicológica e 
sexual, adolescente em cumprimento de medidas socioeducativas, crianças e adolescente fora 
das escolas, etc. Geralmente essas situações de fragilidade e insegurança estão relacionadas 
às desigualdades socioeconômicas, ou seja, precariedade e carência material decorrente das 
desigualdades entre as classes sociais. 
Glossário
Vulnerabilidade: fragilidade, fraqueza, indefensabilidade, insegurança e 
instabilidade.
Crianças trabalhando em um lixão situação de altíssima vulnerabilidade social
 
Fonte: iStock/Getty Images
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm
8
Unidade: Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
O ECA surge em 1990 com a proposta de normatizar os direitos destinados às crianças e 
aos adolescentes focando a garantia desses direitos e a proteção integral, erradicando situações 
de vulnerabilidade social. A proteção social a qual se refere o ECA está expressa nos direitos 
fundamentais destinados às crianças e adolescentes presentes no artigo 277 da Constituição 
Federal de 1988. 
Declaração dos Direitos da Criança (ONU)
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Crian%C3%A7a/declaracao-dos-direitos-da-crianca.html
O sistema socioeducativo brasileiro é estruturado a partir da aplicação de medidas 
socioeducativas e medidas socioprotetivas normatizadas pelo ECA. As medidas socioeducativas 
têm caráter punitivo para adolescentes que cometeram atos infracionais. As medidas protetivas 
focam em ações preventivas e protetivas a situações de vulnerabilidade social.
Explore: Estatuto da Criança e Adolescentewww.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE) instituído por meio da Lei 
Federal n°12.594/2012 em 18/01/2012 complementa as ações do ECA regulamentando 
a execução das medidas socioeducativas destinadas a adolescentes que pratiquem atos 
infracionais e estabelecendo parâmetros para os programas de atendimento a adolescentes 
em conflito com a lei.
Legislação
Segundo o ECA, em seu Título III, Da Prática de Ato Infracional, Cap.I, Art. 103, 
considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.
http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Crian�a/declaracao-dos-direitos-da-crianca.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
9
Medidas Protetivas
As medidas socioprotetivas são aplicadas quando há violação de direitos, como determina 
o Art. 98 do ECA:
As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que 
os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
1. Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
2. Por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
3. Em razão de sua conduta.
Quando crianças (pessoas de até doze anos incompletos) cometem atos infracionais, são 
aplicadas medidas de proteção previstas pelos art. de 103 a 105 do ECA. O art. 101 normatiza 
quais são as medidas de proteção previstas, apresentandooito medidas protetivas, sendo a 
situação de abrigamento institucional uma medida provisória e de caráter excepcional. 
Mesmo para adolescentes que cometam atos infracionais, as medidas protetivas podem ser 
utilizadas como complementares às medidas socioeducativas, que podem ser estendidas às 
famílias dependendo do estudo de caso.
Importante!
Para acompanhar a discussão, leia os artigos de 98 a 105 do ECA.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
Aplicação das medidas socioeducativas a partir do ECA e do SINASE 
A delimitação para a aplicação de medidas socioeducativas está presente no ECA a partir 
do art. 103, que apresenta as disposições gerais para crianças e adolescentes que pratiquem 
atos infracionais. 
A partir dessas disposições, são especificados os direitos individuais dos adolescentes em 
conflito com a lei e quais as suas garantias processuais a partir da comprovação da prática 
de ato infracional. O ECA e o SINASE são ferramentas de trabalho importantes 
ao especificarem e regulamentarem como deve ser a aplicação das medidas 
socioeducativas.
As medidas socioeducativas possuem um caráter punitivo, correcional, mas também há 
outro caráter: o pedagógico. Segundo Liana de Paula (2011), a dimensão punitiva se refere 
ao cumprimento de medida socioeducativa através de uma pena equivalente ao ato infracional 
cometido pelo adolescente. A dimensão pedagógica refere-se ao encaminhamento educativo 
que será dado aos adolescentes através do cumprimento das medidas. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
10
Unidade: Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
[...] por um lado, há a dimensão punitiva, que prevê penalidade compulsória 
no caso de cometimento de ato infracional, definido como a conduta 
descrita como crime ou contravenção penal. Por outro, há a dimensão 
pedagógica que procura instaurar a finalidade educativa da punição por 
meio da garantia dos direitos fundamentais (saúde, alimentação, educação, 
lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade, convivência 
familiar e comunitária) ao adolescente.
(PAULA, 2011, p. 59)
A partir do art.112 do ECA, observamos quais são as medidas socioeducativas aplicadas 
quando se verifica a prática de atos infracionais, são elas:
1. Advertência;
2. Obrigação de reparar o dano;
3. Prestação de serviços à comunidade;
4. Liberdade assistida;
5. Inserção em regime de semiliberdade;
6. Internação em estabelecimento educacional;
7. Qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.B.
Importante!
Para acompanhar a discussão, leia os artigos de 106 a 125 do ECA e os 
artigos 1º e 2º do SINASE.
Tanto o ECA como o SINASE estabelecem que a medida socioeducativa deve 
ser adequada à capacidade do cumprimento da mesma pelos adolescentes. 
Além dessa característica, os dois documentos estabelecem que cada 
adolescente deverá ter um acompanhamento individualizado durante o 
cumprimento da medida socioeducativa, denominado como Plano Individual 
de Atendimento (PIA), que também deverá abranger ações com as famílias 
dos adolescentes, as quais devem ser previstas, registradas e gerenciadas.
Fonte: http://www.brasildefato.com.br/node/12800 
As especificações do ECA e do SINASE não retiram a necessidade de responsabilizar 
os adolescentes pelos atos infracionais, como é notificado pela mídia na atualidade. 
Contrariamente, as leis promovem a responsabilização consciente dos adolescentes para que 
as consequências possam ser realmente visualizadas e, na medida do possível, reparadas. Há 
direitos, mas também há responsabilidades.
Reflita
As medidas socioeducativas precisam ter um sentido para os adolescentes que 
irão cumpri-las, deve-se buscar por meio da reflexão o olhar crítico para suas 
ações e a empatia com as vítimas. Porém, esse pode ser um processo complexo 
devido às inúmeras privações materiais e psicológicas dos adolescentes em 
situação de risco e vulnerabilidade social.
Nesse sentido e visando ao cumprimento das medidas, o SINASE especifica os requisitos que os 
programas de atendimento devem seguir, tanto para as medidas socioeducativas em meio aberto, 
como para as medidas em privação de liberdade, a partir do capítulo IV, do art. 9° ao art. 17.
11
Atenção
O ECA estabelece quais são as medidas socioeducativas e dentro de que parâmetros 
devem ser cumpridas, o SINASE descreve como devem ser executadas em seu 
art. 35 e os procedimentos judiciais de acordo com o art.36.
O estabelecimento do Plano Individual de Atendimento (PIA), que consiste em um plano 
de ação para o adolescente em cumprimento de medida socioeducativa buscando construir 
sua socialização em meio aberto, é elaborado conjuntamente – adolescentes e famílias. o ECA 
especifica quais são as medidas pertinentes aos pais ou responsáveis nos art. 129 e 130, e no 
parágrafo único do art. 52 do SINASE consta que:
[...] o PIA deverá contemplar a participação dos pais ou responsáveis, os quais 
têm o dever de contribuir com o processo ressocializador do adolescente, sendo 
esses passíveis de responsabilização administrativa, nos termos do art. 249 da 
Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criança e do Adolescente), 
civil e criminal.
A proteção social especial garante o atendimento a indivíduos e famílias em situação de 
risco pessoal e social, que envolvam violência, trabalho infantil, cumprimento de medidas 
socioeducativas, entre outras, como explica a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004)
O cumprimento de medidas em meio-aberto e/ou restritivas e privativas de liberdade 
faz parte da Proteção Social Especial de Média Complexidade e de Alta Complexidade, 
respectivamente, como especifica a Política Nacional de Assistência Social (PNAS/2004). 
Para entender melhor sobre o sistema de proteção básica e especial:
Política Nacional de Assistência Social: 
http://goo.gl/sxJyo5
Para entender melhor sobre o cumprimento de medidas sócioeducativas:
http://goo.gl/J489jB
Percebemos que o sistema socioeducativo brasileiro é baseado na coerção, mesmo que o 
Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleça metas para que as medidas socioeducativas 
tenham um caráter educativo para os adolescentes.
Diálogo com o Autor
Nota-se, portanto, que o objetivo maior das medidas socioeducativas é promover a 
autonomia dos sujeitos a quem elas assistem. Para Piaget (1932/1994), a autonomia só 
pode ser atingida em um ambiente que propicie o respeito mútuo e a reciprocidade entre 
os pares envolvidos; jamais através da coerção, a qual dificulta a formação de sujeitos 
autônomos, capazes de decidir moralmente sobre as questões sociais mais amplas. 
12
Unidade: Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
Situações de altíssima Vulnerabilidade Social
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes: prostituição, pedofilia e pornografia
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de violência significa o uso 
intencional da força física ou do poder, real ou potencial, contra si próprio ou outras pessoas, 
grupo ou comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, 
morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.
O modo de produção capitalista ratificou o poder do homem, macho, branco e rico, 
inferiorizou ainda mais a mulher, os negros e as crianças. Nessa direção, cabe enfatizarmos o 
poder do adulto sobre as crianças, uma relação antagônica entre homem e mulher, ou entre 
classes subalternas e dominantes. 
Nesses termos, a violência sexual se relaciona com a violência estrutural inerente às 
sociedades que se desenvolveram pelo modo de produção desigual. Está presente em 
todas as classes sociais e deve ser considerada como violência de natureza interpessoal.
Basicamente, as violências são separadas em dois grandes grupos: aquelas que violam os 
direitos sociais das crianças em alto risco, “os deserdados do sistema”, mediante a falta 
de efetivação dos direitos sociais naspolíticas públicas; e a violência interpessoal, 
resultante da relação assimétrica entre adultos e crianças, cometida por um agente 
agressor de dimensão concreta, personificado (AZEVEDO; GUERRA, 2007).
Em qualquer um dos formatos, o processo de coisificação é complementar ao de 
dominação, as ações violentas cometidas refletem o tratamento dado ao sujeito como 
coisa, compelido à passividade e ao silêncio. 
A dominação e subordinação se completam pela sexualidade, na passividade dos 
dominados, implicitamente, significando que o abusador tem o direito de usar o outro a 
seu bel-prazer. Como consequência dessa conduta, aceita e enraizada na sociedade, o 
campo se abre para todas as formas de violência sexual contra a população em situação 
de vulnerabilidade.
A violência sexual contra crianças e adolescentes é uma violência interpessoal, isto é, a 
exacerbação do padrão de comportamento do indivíduo agressor através do processo de 
vitimização, pelo qual o agressor, adulto, aprisiona a vontade da criança a fim de satisfazer 
suas expectativas, causando danos físicos ou psicológicos a ela. 
As relações hierárquicas adultocêntricas, expressas no âmbito da sexualidade, confirmam 
o formato de “abuso-vitimização”. Os abusos vitimização são divididos em três tipos: o 
físico, o psicológico e o sexual (AZEVEDO; GUERRA, 2007)
O abuso sexual é “toda situação em que uma criança ou um adolescente é utilizado para 
gratificação sexual das pessoas, geralmente mais velhas”. Ocorre quando o abusador se 
aproveita do fato de a criança ter sua sexualidade despertada para consolidar a situação 
de acobertamento. A criança se sente culpada por sentir prazer e isso é usado pelo 
abusador para conseguir o seu consentimento. (SANTOS; IPPOLITO, 2009, p. 28)
13
Na situação de abuso sexual extrafamiliar, o abusador é alguém que a criança confia e 
convive fora do âmbito familiar. Costuma ser um vizinho, amigo da família, o médico, o 
professor, líder religioso ou psicólogo, mas nada impede de ser um total desconhecido da 
criança, como nas situações de estupro em locais públicos (SANTOS; IPPOLITO, 2009).
Conforme nossa legislação, os atos sexuais praticados por adultos com menores de 
quatorze anos são condutas criminosas, uma vez que esse grupo de pessoas, pela lei, é 
considerado vulnerável. Ainda, podem configurar crimes sexuais as condutas praticadas com 
adolescentes maiores de quatorze anos, dependendo do grau de parentesco ou status 
de responsabilidade legal e social entre elas, dos meios utilizados para obtenção do ato 
sexual e da existência ou não de consentimento.
A pornografia que envolve crianças e adolescentes é um tema bastante comentado pelos 
meios de comunicação quando associado à pedofilia. Configura-se como ato criminoso 
tanto para os que “fotografam ou expõem crianças nuas ou em posições sedutoras com 
objetivos sexuais, quanto para aqueles que mostram para crianças fotos, vídeos ou cenas 
pornográficas” (SANTOS; IPPOLITO, 2009, p. 31).
Amparada pela cultura machista, indivíduos motivados por uma “satisfação simbólica de 
manter o vigor sexual da juventude perdido na maturidade e na velhice ou pelo desejo de se 
eternizar num corpo jovem” (SANTOS; IPPOLITO, 2009, p. 41) acabam acreditando 
que o sexo com adolescentes é melhor. 
Com relação à pedofilia, trata-se da atração erótica de um adulto por crianças, que 
se desenvolve no campo da fantasia ou no mundo real, em atos sexuais com meninos 
e meninas. Por essa razão, nem sempre o pedófilo comete violência sexual, alguns se 
satisfazem somente pela visualização de fotos, figuras ou filmes que lhe aplaquem o intenso 
desejo sexual que procuram (SANTOS; IPPOLITO, 2009).
Pela forma como é definida a pornografia no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), 
qualquer manifestação produzida pelo homem que envolva criança ou adolescente em cenas 
reais de atividade sexual explícita deve ser coibida, pois se denominou “cena pornográfica” 
toda aquela que simule a participação de uma criança ou adolescente. Assim, gravuras, 
pinturas, desenhos, livros, vídeos ou qualquer forma de expressão que utiliza ou utilizou 
representações de infantes, ou simples insinuações de atividade sexual, é pornografia 
infantil. Enquanto a pornografia infantil é crime e atende, em geral, o mercado de pedófilos, 
a pornografia adulta é uma indústria de entretenimento amplamente difundida e atende 
um público específico, interessado em visualizar cenas que incitem suas mais variadas 
fantasias sexuais. 
Nas trocas sexuais, o sexo é ofertado em troca de favores diversos. Crianças e 
adolescentes são utilizados para obtenção de comida, drogas, produtos de valor comercial 
(como roupas de marcas desejadas ou aparelhos eletrônicos), entre outras coisas. Existe 
uma continuidade no trabalho sexual, pois as ofertas de sexo estão associadas a outras 
práticas de sobrevivência que se alternam em períodos de maior ou menor necessidade 
(SANTOS; IPPOLITO, 2009).
14
Unidade: Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
Os pedófilos fazem parte da sociedade, muitos se relacionam sexualmente de forma 
normal com outros adultos, não são fissurados necessariamente em crianças, mas no 
sexo em si. O desejo para eles nem sempre depende do objeto. Agem de forma 
sedutora e assim conquistam a confiança dos meninos, meninas e de jovens. Embora 
sejam vistos como “cidadãos acima de qualquer suspeita”, quando são descobertas as 
situações de violência que os envolvem, a sociedade se volta fervorosamente contra eles 
(SANTOS; IPPOLITO, 2009).
Como consequência, a pedofilia tem causado repulsa da sociedade, principalmente 
devido aos inúmeros casos noticiados em que se divulga a pornografia pela internet 
ou as ações praticadas por líderes religiosos. Os assassinatos cometidos por pedófilos 
ganham mais destaque ainda, estarrecem pessoas no mundo todo, mas é geralmente 
nos casos de estupro em que há maior conquista do objeto de desejo, onde a crueldade se 
mostra exacerbada. 
Independente da forma como os indivíduos praticam a pedofilia ou o incesto, 
parecem apresentar em comum: o hábito de frequentar casas de prostituição 
infanto-juvenil e consumir produtos pornográficos; a vivência de terem sido 
abusados sexualmente na infância, submetidos à vitimização; utilizarem da relação 
de poder e dominação, característica da cultura do machismo, “ainda que utilizem 
a sexualidade da criança muito mais como uma gratificação compensatória para um 
sentimento de impotência e baixa estima do que para uma gratificação sexual” (SANTOS; 
IPPOLITO, 2009, p. 40).
A exploração sexual de crianças e adolescentes é uma prática para a obtenção de benefícios 
ou dinheiro e visa somente ao prazer dos adultos exploradores, acarreta prejuízo para a saúde 
desses meninos, meninas e jovens. Portanto, o conceito de exploração implica, forçosamente, 
no conceito de dominação, uma vez que para alguém explorar o outro, precisa exercer domínio 
sobre esse outro (SAFFIOTI, 2007).
15
Drogadição de Crianças e Adolescentes
O ECA estabelece no artigo Art. 98 as medidas de proteção à criança e ao adolescente que 
são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I. por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II. por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
III. em razão de sua conduta. 
O Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente 
poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I. encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II. orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
III. matrículae frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino 
fundamental;
IV. inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e 
ao adolescente; 
V. requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial;
VI. inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e 
tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII. acolhimento institucional;
Nesse contexto, observamos que o Estado tem por obrigação atender aos adolescentes que 
passam por dependência química, esse tratamento deve ser feito em clínicas, comunidades 
terapêuticas, hospitais, ambulatorial e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), conforme o artigo 
101, inciso VI, que determina a inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, 
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos. O tratamento de adolescentes 
dependentes químicos (álcool, múltiplas drogas), infelizmente, ainda não é visto como uma 
situação que deva ser tratada no âmbito da saúde pública, e menos ainda na área jurídica, 
mesmo a dependência química, segundo a Organização Mundial de Saúde (ONU), sendo 
considerada uma doença que se espalha em todos os continentes.
16
Unidade: Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
Material Complementar
Para aprofundar seus conhecimentos acerca dos temas abordados na unidade, acesse os 
links/materiais abaixo:
Legislação:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Carta de Constituição de estratégias em defesa da proteção 
integral dos Direitos da Criança e do Adolescente. Disponível em : 
http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/carta-de-estrategias
Lei 8.072 de 25 de julho de 1990. Dispõe sobre os crimes hediondos, 
nos termos do art. 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras 
providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8072.htm.
Lei n.°8.069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da criança e do adolescente. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm.
Lei n.º 12.015 de 07 de agosto de 2009. Altera o Título VI da Parte 
Especial do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, e o art. 
1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe sobre os crimes hediondos, nos 
termos do inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal e revoga a Lei nº 2.252, 
de 1º de julho de 1954, que trata de corrupção de menores. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm.
Lei n.º12.978 de 21 de maio de 2014. Altera o nome jurídico do art. 218-B do 
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; e acrescenta 
inciso ao art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para classificar 
como hediondo o crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma de 
exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12978.htm.
http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/carta-de-estrategias
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Referências
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PAULA, Liane. Liberdade Assistida: punição e cidadania na cidade de São Paulo. 
Dissertação pela Universidade de São Paulo/USP, 2011. Disponível em: www.teses.usp.br/
teses/disponiveis/8/8132/.../2011
SAFFIOTI, Heleieth. A síndrome do pequeno poder. In: AZEVEDO, Maria Amélia. GUERRA. 
Viviane Nogueira de Azevedo (org.). Crianças vitimizadas: a síndrome do pequeno poder. 
2. ed. São Paulo: Iglu, 2007.
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Unidade: Criança e Adolescente em situação de vulnerabilidade social
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