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Controle de Constitucionalidade no STF - Informativos Recentes

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DIREITO CONSTITUCIONAL AVANÇADO – PROFESSOR HÉRCULES CARVALHO 
DIREITO CONSTITUCIONAL - STF 
 
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
(1) Impossibilidade de, em sede jurisdicional, criar-se norma geral e abstrata em substituição ao 
legislador, ao julgar ação direita de inconstitucionalidade por omissão (ADO22/DF). 
 
(2) O STF entendeu que é possível a cumulação de pedidos típicos de ADI e ADC em uma única demanda 
de controle concentrado (STF, Plenário, ADI 5316 MC/DF). 
 
(3) É cabível nova ADI por inconstitucionalidade material contra ato normativo já reconhecido 
formalmente constitucional pelo STF. O fato de o STF ter declarado a validade formal de uma norma não 
interfere nem impede que ele reconheça posteriormente que ela é materialmente inconstitucional (STF, 
Plenário, ADI 5081/DF). 
 
(4) A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de preceito normativo 
não produz a automática reforma ou rescisão das decisões proferidas em outros processos anteriores 
que tenham adotado entendimento diferente do que posteriormente decidiu o STF (STF, Plenário, RE 
730462/SP). 
 
Eficácia Normativa da ADI OU ADC: significa manter ou excluir (declarar nula) a referida norma 
do ordenamento jurídico. 
 
Regra: efeitos ex tunc (eficácia retroativa). 
 
Eficácia Executiva ou Instrumental (Eficácia Vinculante): a sentença de mérito na ADI ou ADC 
provoca também um efeito vinculante, consistente em atribuir ao julgado uma força impositiva 
e obrigatória em relação aos atos administrativos ou judiciais supervenientes. Dessa forma, os 
atos judiciais e administrativos praticados depois do julgado pelo STF deverão respeitar aquilo 
que foi decidido. 
 
Regra: efeitos ex nunc, ou seja, o termo inicial será o dia da publicação do acórdão do 
STF no Diário Oficial. 
 
Inobservância da Eficácia Executiva (Vinculante): em caso de descumprimento da 
eficácia vinculante, a parte prejudicada poderá ajuizar reclamação junto ao STF. 
 
Cuidado: o efeito vinculante não atinge os atos passados, sobretudo a coisa julgada. 
Portanto, os atos passados, mesmo quando decididos com base em norma 
posteriormente declarada inconstitucional, não estão submetidos aos efeitos 
vinculantes da decisão do STF proferida em sede de ADI ou ADC, nem podem ser 
atacados por simples via de reclamação. Somente poderão ser desfeitos ou rescindidos, 
se for o caso, em processo próprio. “A superveniência de decisão do STF, declaratória 
de inconstitucionalidade de diploma normativo utilizado como fundamento do título 
judicial questionado, ainda que impregnada de eficácia “ex tunc” – como sucede, 
ordinariamente, com os julgados proferidos em sede de fiscalização concentrada, não 
se revela apta, só por si, a desconstituir a autoridade da coisa julgada, que traduz, em 
nosso sistema jurídico, limite insuperável à força retroativa resultante dos 
pronunciamentos que emanam “in abstracto” da Suprema Corte”. 
 
(5) É inconstitucional lei estadual que veda ao Poder Público estadual exigir a revalidação de títulos 
obtidos em instituições de ensino superior dos países membros do Mercado Comum do Sul – 
MERCOSUL. A lei estadual que trata sobre revalidação de títulos obtidos em instituições de ensino 
superior dos países membros do MERCOSUL afronta o pacto federativo (art. 60, §4º, I, da CF/88) na 
medida em que usurpa a competência da União para dispor sobre diretrizes e bases da educação 
nacional (art. 22, XXIV). STF. Plenário. ADI 5341 MC- Referendo/AC, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 
10/3/2016. 
DIREITO CONSTITUCIONAL AVANÇADO – PROFESSOR HÉRCULES CARVALHO 
 
(6) É possível a impugnação, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, de leis 
orçamentárias. Assim, é cabível a propositura de ADI contra lei orçamentária, lei de diretrizes 
orçamentárias e lei de abertura de crédito extraordinário. STF. Plenário. ADI 5449 MC-Referendo/RR, Rel. 
Min. Teori Zavascki, julgado em 10/3/2016. 
 
Cuidado: se terminar o exercício financeiro a que se refere a lei sem que a ADI tenha sido 
julgada, haverá perda superveniente do objeto. Ex: foi proposta ADI contra a LDO relativa a 
2014, mas terminou o ano sem que ela tenha sido julgada. Haverá, portanto, perda do objeto. 
Nesse sentido: STF. Plenário. ADI 4663 MC-Ref, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 15/10/2014. 
 
(7) As associações que representam fração de categoria profissional não são legitimadas para 
instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de seus 
representados. STF. Plenário. ADPF 254 AgR/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 18/5/2016 (Info 826). 
 
Ex: a ANAMAGES, associação que representa apenas os juízes estaduais, não pode ajuizar ADPF 
questionando dispositivo da LOMAN, considerando que esta lei rege não apenas os juízes 
estaduais, mas sim os magistrados de todo o Poder Judiciário, seja ele federal ou estadual. 
(8) É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética ("pílula 
do câncer) por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna mesmo sem que existam estudos 
conclusivos sobre os efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem que haja registro sanitário da 
substância perante a ANVISA. Obs: trata STF. Plenário. ADI 5501 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, 
julgado em 19/5/2016 (Info 826). 
 
A Lei nº 13.269/2016, ao permitir o uso da fosfoetanolamina suspendendo a exigência do 
registro sanitário, violou o direito à saúde previsto no art. 196 da CF/88, considerando que é 
dever do Estado reduzir o risco de doença e outros agravos à saúde dos cidadãos. 
 
O STF entendeu, ainda, que a Lei nº 13.269/2016 ofendeu o princípio da separação de Poderes. 
Isso porque incumbe ao Estado o dever de zelar pela saúde da população. Para isso, foi criada a 
Anvisa, uma autarquia técnica vinculada ao Ministério da Saúde, que tem o dever de autorizar e 
controlar a distribuição de substâncias químicas segundo protocolos cientificamente validados. 
A atividade fiscalizatória é realizada mediante atos administrativos concretos devidamente 
precedidos de estudos técnicos. Não cabe ao Congresso, portanto, viabilizar, por ato abstrato e 
genérico, a distribuição de qualquer medicamento. 
 
(9) O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI seja revogado antes do 
julgamento da ação? 
 
Regra: haverá perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 
1203). 
 
Exceção 1: não haverá perda do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso fique 
demonstrado que houve "fraude processual", ou seja, que a norma foi revogada de forma 
proposital a fim de evitar que o STF a declarasse inconstitucional e anulasse os efeitos por ela 
produzidos (STF ADI 3306). 
 
Exceção 2: não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato impugnado 
foi repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. Neste caso, como não houve 
desatualização significativa no conteúdo do instituto, não há obstáculo para o conhecimento da 
ação (ADI 2418/DF). STF. Plenário. ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 4/5/2016 
(Info 824) 
 
O STF entendeu que não houve a perda de objeto da ação mesmo tendo havido a 
revogação do parágrafo único do art. 741 do CPC 1973 pela Lei nº 13.105/2015. Isso 
porque a matéria disciplinada no referido dispositivo foi mantida pelo novo CPC, que 
tratou sobre o tema de forma semelhante, ainda que com algumas diferenças, nos §§ 
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5º a 8º do art. 535 e nos §§ 12 a 15 do art. 525 do CPC 2015. Persistem, portanto, as 
razões invocadas pela autora da ADI para afirmar a inconstitucionalidade da previsão. 
Dessa forma, como não houve desatualização significativa no conteúdo do instituto, 
não há obstáculo para o conhecimento da ação. Nesse mesmo sentido: STF. Plenário. 
ADI 2.501/MG, DJe de 19/12/2008; ADI 3147 ED, julgado em 28/05/2014. 
 
(10) Se é proposta ADI contra uma medida provisória e, antes de a ação ser julgada,a MP é convertida 
em lei com o mesmo texto que foi atacado, esta ADI não perde o objeto e poderá ser conhecida e 
julgada. Como o texto da MP foi mantido, não cabe falar em prejudicialidade do pedido. Isso porque não 
há a convalidação ("correção") de eventuais vícios existentes na norma, razão pela qual permanece a 
possibilidade de o STF realizar o juízo de constitucionalidade. Neste caso, ocorre a continuidade 
normativa entre o ato legislativo provisório (MP) e a lei que resulta de sua conversão. Ex: foi proposta 
uma ADI contra a MP 449/1994 e, antes de a ação ser julgada, houve a conversão na Lei nº 8.866/94. 
Vale ressaltar, no entanto, que o autor da ADI deverá peticionar informando esta situação ao STF e 
pedindo o aditamento da ação. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 
15/12/2016 (Info 851). 
 
Não prejudica a ação direta de inconstitucionalidade material de medida provisória a sua 
intercorrente conversão em lei sem alterações, dado que a sua aprovação e promulgação 
integrais apenas lhe tornam definitiva a vigência, com eficácia "ex tunc" e sem solução de 
continuidade, preservada a identidade originária do seu contéudo normativo, objeto da 
arguição de invalidade. (...) STF. Plenário. ADI 691 MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 
22/04/1992. 
 
(11) ADPF. IMPUGNAÇÃO A NORMAS JURÍDICAS PÓS-CONSTITUCIONAIS JÁ REVOGADAS. PRETENSÃO 
INSUSCETÍVEL DE CONHECIMENTO. INADMISSIBILIDADE DO EXAME DOS EFEITOS RESIDUAIS 
CONCRETOS RESULTANTES DOS ATOS REVOGADOS. DESCABIMENTO DA ANÁLISE DE SITUAÇÕES 
INDIVIDUAIS E/OU DE RELAÇÕES JURÍDICAS CONCRETAS EM SEDE DE CONTROLE NORMATIVO 
ABSTRATO. PRECEDENTES. (ADPF DE QUE NÃO SE CONHECE. ADPF 211-MC/DFm Relator: Ministro Celso 
de Mello) 
 
(12) É cabível ADPF para questionar interpretação judicial de norma constitucional. Em outras 
palavras, cabe ADPF para dizer que a interpretação que está sendo dada pelos juízes e Tribunais a 
respeito de determinado dispositivo constitucional está incorreta e, com isso, viola preceito 
fundamental. STF. Plenário. ADPF 216/DF, Rel. Min. Cámen Lúcia, julgado em 14/3/2018 (Info 894). 
 
(13) Cabe ADPF para discutir a adequada interpretação do § 11 do art. 62 da CF/88, ou seja, se ela 
regularia apenas as relações no período de sua vigência ou também situações nas relações 
prospectivas. STF. ADPF 84 AgR/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgado em 31/5/2006 
(14) É possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em sede de controle incidental de 
constitucionalidade. STF. Plenário. RE 522897/RN, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/3/2017. O 
STF decidiu que é necessário o quórum de 2/3 para que ocorra a modulação de efeitos em sede de 
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida. Considerou-se que esta maioria qualificada 
seria necessária para conferir eficácia objetiva ao instrumento. 
 
Empregada a modulação dos efeitos em sede de ADI e ADECON (Lei nº 9.868/99, art. 27 e Lei nº 
9.882/99, art. 11) 
Regra Geral: efeitos EX TUNC (retroativos) 
Excepcionalmente o STF pode, pelo voto de, no mínimo, 8 Ministros (2/3): * restringir os efeitos 
da declaração; ou * decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado; ou * de 
outro momento que venha a ser fixado. Desde que haja razões de: * segurança jurídica ou 
excepcional interesse social. 
 
(15) O STF, ao julgar as ações de controle abstrato de constitucionalidade, não está vinculado aos 
fundamentos jurídicos invocados pelo autor. Assim, pode-se dizer que na ADI, ADC e ADPF, a causa de 
pedir (causa petendi) é aberta. Isso significa que todo e qualquer dispositivo da Constituição Federal ou 
do restante do bloco de constitucionalidade poderá ser utilizado pelo STF como fundamento jurídico 
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para declarar uma lei ou ato normativo inconstitucional. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, julgado em 8/3/2017. 
 
(16) O STF não admite a “teoria da transcendência dos motivos determinantes”. Segundo a teoria 
restritiva, adotada pelo STF, somente o dispositivo da decisão produz efeito vinculante. Os motivos 
invocados na decisão (fundamentação) não são vinculantes. A reclamação no STF é uma ação na qual 
se alega que determinada decisão ou ato: (a) usurpou competência do STF; ou (b) desrespeitou decisão 
proferida pelo STF. Não cabe reclamação sob o argumento de que a decisão impugnada violou os 
motivos (fundamentos) expostos no acórdão do STF, ainda que este tenha caráter vinculante. Isso 
porque apenas o dispositivo do acórdão é que é vinculante. Assim, diz-se que a jurisprudência do STF é 
firme quanto ao não cabimento de reclamação fundada na transcendência dos motivos determinantes 
do acórdão com efeito vinculante. STF. Plenário. Rcl 8168/SC, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o 
acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 19/11/2015 (Info 808). STF. 2ª Turma. Rcl 22012/RS, Rel. Min. 
Dias Toffoli, red. p/ ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 12/9/2017 (Info 887). 
 
(17) Se uma lei ou ato normativo é declarado inconstitucional pelo STF, incidentalmente, ou seja, em 
sede de controle difuso, essa decisão, assim como acontece no controle abstrato, também produz 
eficácia erga omnes e efeitos vinculantes. O STF passou a acolher a teoria da abstrativização do 
controle difuso. Assim, se o Plenário do STF decidir a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de 
uma lei ou ato normativo, ainda que em controle difuso, essa decisão terá os mesmos efeitos do 
controle concentrado, ou seja, eficácia erga omnes e vinculante. Houve mutação constitucional do art. 
52, X, da CF/88. A nova interpretação deve ser a seguinte: quando o STF declara uma lei 
inconstitucional, mesmo em sede de controle difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes e 
o STF apenas comunica ao Senado com o objetivo de que a referida Casa Legislativa dê publicidade 
daquilo que foi decidido. STF. Plenário. ADI 3406/RJ e ADI 3470/RJ, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em 
29/11/2017 (Info 886). 
 
(18) O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do julgamento da ação? 
Neste caso, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que a nova redação do 
dispositivo impugnado apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade que existia na redação 
original. A revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus de 
apresentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a inconstitucionalidade na norma 
que promoveu a alteração ou revogação. Se o autor não fizer isso, o STF não irá conhecer da ADI, 
julgando prejudicado o pedido em razão da perda superveniente do objeto. STF. Plenário. ADI 1931/DF, 
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 7/2/2018 (Info 890). 
 
O que acontece caso o ato normativo que estava sendo impugnado na ADI seja revogado antes 
do julgamento da ação? 
 
Regra: haverá perda superveniente do objeto e a ADI não deverá ser conhecida (STF ADI 1203). 
 
Exceção 1: não haverá perda do objeto e a ADI deverá ser conhecida e julgada caso 
fique demonstrado que houve "fraude processual", ou seja, que a norma foi revogada 
de forma proposital a fim de evitar que o STF a declarasse inconstitucional e anulasse 
os efeitos por ela produzidos (STF ADI 3306). 
 
Exceção 2: não haverá perda do objeto se ficar demonstrado que o conteúdo do ato 
impugnado foi repetido, em sua essência, em outro diploma normativo. Neste caso, 
como não houve desatualização significativa no conteúdo do instituto, não há 
obstáculo para o conhecimento da ação (STF ADI 2418/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, 
julgado em 4/5/2016. Info 824). 
 
Exceção 3: caso o STF tenha julgado o mérito da ação sem ter sido comunicado 
previamente que houve a revogação da norma atacada. Nesta hipótese, não será 
possível reconhecer, após o julgamento, a prejudicialidade da ADI já apreciada (STF. 
Plenário. ADI 951 ED/SC, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 27/10/2016. Info 845). 
 
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(19) É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de preceito 
fundamental (ADPF). É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como a ADPF, 
desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implícito), que 
comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste acordo, o 
STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes no processo. O 
STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que estiverem dentro do 
âmbito da disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolvendo um incidente 
processual, com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional. STF. Plenário. ADPF 165/DF, 
Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 1º/3/2018 (Info 892). 
 
O STF afirmou que, mesmo sem previsão normativa expressa, as associações privadas também 
podem fazer acordos nas ações coletivas. Assim, a ausência de disposição normativa expressa 
no que concerne a associações privadas não afasta a viabilidade do acordo. Isso porque a 
existência de previsão explícita unicamente quanto aos entes públicos diz respeito ao fato de 
que somente podem fazer o que a lei determina, ao passo que aos entes privados é dado fazer 
tudo que a lei não proíbe. 
 
(20) O Estado-membro não possui legitimidade para recorrer contra decisões proferidas em sede de 
controle concentrado de constitucionalidade, ainda que a ADI tenha sido ajuizada pelo respectivo 
Governador. A legitimidade para recorrer, nestes casos, é do próprio Governador (previsto como 
legitimado pelo art. 103 da CF/88). Os Estados-membros não se incluem no rol dos legitimados a agir 
como sujeitos processuais em sede de controle concentrado de constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 
4420 ED-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 05/04/2018. 
 
(21) A Resolução do CNMP consiste em ato normativo de caráter geral e abstrato, editado pelo 
Conselho no exercício de sua competência constitucional, razão pela qual constitui ato normativo 
primário, sujeito a controle de constitucionalidade, por ação direta, no Supremo Tribunal Federal. STF. 
Plenário. ADI 4263/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 25/4/2018 (Info 899). 
 
(22) É cabível ADI contra Resolução do TSE que tenha, em seu conteúdo material, “norma de decisão” 
de caráter abstrato, geral e autônomo, apta a ser apreciada pelo STF em sede de controle abstrato de 
constitucionalidade. STF. Plenário. ADI 5122, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 3/5/2018 (Info 900). 
 
A Resolução do TSE pode ser impugnada no STF por meio de ADI se, a pretexto de regulamentar 
dispositivos legais, assumir caráter autônomo e inovador. STF. Plenário. ADI 5104 MC/DF, Rel. 
Min. Roberto Barroso, julgado em 21/5/2014 (Info 747). 
 
(23) A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) é meio processual inadequado para o controle de 
decreto regulamentar de lei estadual. Seria possível a propositura de ADI se fosse um decreto 
autônomo. Mas sendo um decreto que apenas regulamenta a lei, não é hipótese de cabimento de ADI. 
STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905). 
 
Cabe ADI contra decreto autônomo. O decreto autônomo possui “coeficiente mínimo de 
normatividade, generalidade e abstração”, ou seja, ele retira seu fundamento de validade 
diretamente da Constituição Federal, não regulamentando nenhuma lei. Ele possui caráter 
essencialmente abstrato e primário. 
 
Não cabe ADI contra decreto meramente regulamentar de lei. Isso porque, neste caso, esse 
decreto terá natureza de ato secundário. 
 
(24) O advogado que assina a petição inicial da ação direta de inconstitucionalidade precisa de 
procuração com poderes específicos. A procuração deve mencionar a lei ou ato normativo que será 
impugnado na ação. Repetindo: não basta que a procuração autorize o ajuizamento de ADI, devendo 
indicar, de forma específica, o ato contra o qual se insurge. Caso esse requisito não seja cumprido, a ADI 
não será conhecida. Vale ressaltar, contudo, que essa exigência constitui vício sanável e que é possível 
a sua regularização antes que seja reconhecida a carência da ação. STF. Plenário. ADI 4409/SP, Rel. 
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6/6/2018 (Info 905). 
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(25) A alteração do parâmetro constitucional, quando o processo ainda está em curso, não prejudica o 
conhecimento da ADI. Isso para evitar situações em que uma lei que nasceu claramente 
inconstitucional volte a produzir, em tese, seus efeitos. STF. Plenário. ADI 145/CE, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 20/6/2018 (Info 907). 
 
Vedação à situação da Constitucionalidade Superveniente: a constitucionalidade 
superveniente seria, portanto, a possibilidade de uma lei ou ato normativo inconstitucional ao 
tempo de sua edição se tornar constitucional a partir da promulgação de novo texto 
constitucional. Como já dito, a constitucionalidade superveniente não é aceita pelo STF. Isso 
porque a norma inconstitucional é nula desde o seu nascedouro, não podendo ser convalidada 
com a alteração do parâmetro constitucional. Adota-se o princípio da contemporaneidade para 
se analisar a constitucionalidade da norma. 
 
A mudança da Constituição Federal não tem o condão (a força) de convalidar o vício da lei 
que era inconstitucional. Se a lei era inconstitucional na época em que foi editada, a alteração 
superveniente não poderá corrigi-la. Isso significa que o direito brasileiro não admite a figura 
da constitucionalidade superveniente. Nesse sentido: 
 
1. Em nosso ordenamento jurídico, não se admite a figura da constitucionalidade 
superveniente. Mais relevante do que a atualidade do parâmetro de controle é a 
constatação de que a inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a 
dispositivos da Constituição Federal que não se encontram mais em vigor. Caso 
contrário, ficaria sensivelmente enfraquecida a própria regra que proíbe a 
convalidação. 
2. A jurisdição constitucional brasileira não deve deixar às instâncias ordinárias a 
solução de problemas que podem, de maneira mais eficiente, eficaz e segura, ser 
resolvidos em sede de controle concentrado de normas. 
 3. A Lei estadual nº 12.398/98, que criou a contribuição dos inativos no Estado do 
Paraná, por ser inconstitucional ao tempo de sua edição, não poderia ser convalidada 
pela Emenda Constitucional nº 41/03. E, se a norma não foi convalidada, isso significa 
que a sua inconstitucionalidade persiste e é atual, ainda que se refira a dispositivos da 
Constituição Federal que não se encontram mais em vigor, alterados que foram pela 
Emenda Constitucional nº 41/03. (...) STF. Plenário. ADI 2158, Rel. Min. Dias Toffoli, 
julgado em 15/09/2010. 
 
Vale ressaltar que nos casos de alteração do parâmetro o STF deverá realizar dois 
juízos: 
1) um juízo de constitucionalidade com relação ao parâmetro original, ou seja, 
verificar se a lei ou ato normativo impugnado era constitucional (compatível com o 
parâmetro impugnado); 
2) um juízo de recepção ou não com o novo parâmetro, isto é, analisar se a lei ou ato 
normativo impugnado está de acordo com a redação atual da CF/88. Fala-se em 
recepção ou não nesta segunda hipótese porque o texto constitucional que se estará 
comparando é posterior à lei ou ato normativo impugnado.

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