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SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 1 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EXANTEMA SÚBITO OU ROSÉOLA • Agente etiológico: família Herpes viridae (vírus DNA, variantes A e B) (nas crianças mais variante B). • Mais frequente na primavera e outono. • Faixa etária de 6-18 meses (lactentes, abaixo de 2 anos). • Disseminação assintomático do vírus persistente em secreções de um membro da família, babá ou contato próximo. • Cerca de 90% das crianças tem sorologia positiva aos 5 anos. • Período de incubação: 6-10 dias. Manifestações clínicas: febre alta com duração de 3 a 7 dias e manutenção do estado geral >queda abrupta da temperatura > aparecimento de rush maculopapular eritematoso não coalescente(inicia em tronco, estende- se para braços, pescoço, envolvendo levemente face e pernas) A duração é de horas a dias. Quadros assintomáticos podem ocorrer, bem como complicações neurológicas (convulsões e encefalopatia). Crianças bem dispostas mas com exantema. • Diagnóstico: é clínico. O diagnóstico de certeza requer técnicas de pesquisa por isolamento do HHV6 na amostra de sangue periférico. Isolamento do vírus não é feito de rotina (só em pesquisa, ou casos muito complicados). • Tratamento: medidas de suporte- sintomáticos. ERITEMA INFECCIOSO • Agente etiológico: parvovírus B19 (vírus DNA de cadeia simples). • Maior frequência no final do inverno e início da primavera. • Transmissão: Contato com secreção do trato respiratório, transmissão vertical, exposição percutânea a sangue ou produtos do sangue • Crianças de 2 a 14 anos de idade. Adultos e menores de 2 anos geralmente não são acometidos O diagnóstico na grande maioria dos casos é só clínico, normalmente reservamos laboratorias para casos complicados. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 2 • Período de incubação: de 14 a 21 dias. • Manifestações clínicas: sintomas sistêmicos leves, febre em 15 a 30%, exantema característico acometendo face, com “bochechas avermelhadas” e palidez perioral; geralmente é simétrico, maculopapular, rendilhado, pruriginoso, acometendo tronco, braços, nádegas e coxas. Esvaece com resolução central, havendo duração média de 11 dias e possibilidade de recrudescimento periódico com exercícios físicos, banhos quentes ou transtornos emocionais. o O exantema é simétrico e atinge principalmente as bochechas. • Diagnóstico: clínico! Mas pode ser feito por meio de IGM específico para parvovírus e PCR (sobretudo em pacientes imunodeprimidos). • Tratamento: de suporte e sintomáticos. VARICELA • Comum em crianças em climas temperados. • Muito contagiosa (criança tem que ser afastada dos contatos). • Pico de incidência: Entre 5 e 9 anos Sazonalidade: primavera • Etiologia e Epidemiologia: Vírus Varicela zoster - Herpesvírus • Transmissão: Contato, Gotículas, Aérea. o Inicia-se 1 a 2 dias antes de surgir o rash, termina quando tudo estiver em crosta (7d). • Incubação: 10 a 21 dias • Manifestações Clínicas: Febre baixa; Anorexia; Bom estado geral; Exantema; Polimorfismo de lesões (lesões em diferentes etapas na mesma criança) (pápulas, vesículas, crostas); Distribuição céfalo-caudal (começa na cabeça e se espalha em direção aos pés). • Duração: 7 a 14 dias o Cuidar com cicatrizes pois é muito pruriginosa. • Tratamento: o Suporte: Higiene com água e sabão (as vezes podemos dar antissépticos e anti-histamínicos para reduzir coceira) e cortar as unhas para evitar leões. o Específico: Aciclovir - Não indicado na maioria dos casos, é reservado para poucos casos e mais graves, pacientes imunodeprimidos. • As crianças podem ter complicação de impetigo (infecção de pele bacteriana) por coceira, pneumonia bacteriana por via hematogênica ou viral por varicela, otite. • É uma doença que tem vacina, a tetraviral realizada com 1 ano e 3 meses. A sociedade brasileira de vacinas recomenda que seja feita uma segunda dose, então para quem tem condições de pagar orientamos essa segunda dose. ESCARLATINA • Doença exantemática febril de origem bacteriana, que surge principalmente de faringites e piodermites. • Associada a baixos indicadores sócio-econômicos • Etiologia e Epidemiologia: Streptoccocus do Grupo A (bactéria). • Transmissão: Gotícula e contato. • Pico de incidência: 5 a 15 anos. • Manifestações Clínicas: Início abrupto; febre alta; Cefaléia; Dor abdominal; Amídalas: hipertrofia, hiperemia, presença de exsudato; Petéquias no pálato. Linfadenomegalia cervical dolorosa. o Exantema: Inicia-se no pescoço e tronco; Mais intenso nas axilas e região inguinal; Micropapular difuso: Pele em lixa; Evanescente; Descamação laminar: Inicia pelo tronco e termina com mãos e pés; o Sinais de Filatov e Pastia SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 3 o Língua em framboesa • Diagnóstico: Clínico. • Tratamento: Penicilina Benzatina IM em dose única (escolha); Amoxicilina ou Pen-V-oral por 10 dias. o Alérgicos: Eritromicina ou clindamicina • Atentar para complicações renais e artrite pós streptocócica. ENTEROVIROSES • Doença viral - Infecção primária no TGI; Tropismo pelo SNC e meninges (podem causar como complicações, apesar de não comuns, meningites e encefalites). • Manifestações clínicas: variadas. • Etiologia e Epidemiologia: Família picornavírus: (pelo menos 71 vírus conhecidos) >> Poliovírus, Echovírus, Coxsackie A e B, Hep A e Enterovírus 68 a 72 • Transmissão: Fecal-oral • Manifestações Clínicas: Febre; Alterações Respiratórias, Neurológicas, Cardíacas, Gastrointestinais, enantemas. Síndrome Mão-pé-boca: • Uma enterovirose causada pelo Coxsackie A16, A10 e Enterovírus 71, altamente contagiosa, incubação de 4-6 dias. Pródromo frustro, com febre e mal-estar, seguido de enantema oral e a seguir exantema, caracterizado por vesículas em forma de losango - achatadas, em regiões palmo-plantares com halo eritematoso. Lesões em área de fraldas são comuns. Pré-escolares e escolares são os mais acometidos. Herpangina • Coxsakie A e outros enterovírus: Início súbito com febre, dor de garganta, cefaleia, anorexia e, geralmente, dor no pescoço. Crianças podem apresentar vômitos. Dentro de 2 dias após o início, pápulas cinzentas de 1 a 2 mm de diâmetro se desenvolvem e se tornam vesículas com aréola eritematosa - mais frequentemente nos pilares das tonsilas, mas também no palato mole, nas tonsilas, na úvula, ou na língua. Durante as 24 h seguintes, as lesões se transformam em úlceras rasas, raramente com > 5 mm de diâmetro, que se curam em 1 a 7 dias • Diagnóstico: Clínico ou Cultura de Vírus; Sorologia; PCR (pcte imunodeprimido com complicações). • Tratamento: Sintomáticos. SARAMPO • Em 1992, foi implantado no Brasil o Plano de Erradicação do sarampo, onde aproximadamente 48 milhões de crianças de 9 a 14 meses foram vacinadas, resultando numa queda expressiva do número de casos. É uma doença de notificação compulsória desde 1968, sendo potencialmente erradicável por suas características epidemiológicas. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita ValenteATM 2023/A 4 • Agente etiológico: vírus do sarampo, classificado como membro do gênero Morbilivírus da família dos Paramixovírus. É um vírus RNA. • Final do inverno e primavera. • Transmissão: Os pacientes são contagiosos desde 1 a 2 dias após o início dos sintomas até 4 dias após o surgimento do exantema. Imunodeprimidos podem ser contagiosos durante todo o curso da doença. • Manifestações clínicas: Gera bastante alteração no estado geral da criança. Febre baixa a moderada de 3 a 5 dias, tosse seca, coriza e conjuntivite (bem característico); por volta do 4o dia aparecimento de manchas de Koplik (pontos branco-acinzentados, com aréolas avermelhadas na altura dos molares inferiores), que desaparecem em torno de 12 a 18 horas. Ainda nas primeiras 24 horas, surge exantema maculopapular de face, pescoço, braços e parte superior de tórax; após, dorso, abdome, membros superiores e coxas. Atinge os pés em torno do 2o a 3o dia. Exantema por todo corpo. • Diagnóstico: clínico e detecção de IGM ou aumento de IGG em amostras de soro na fase aguda e de convalescença. Por ser doença de notificação compulsória devemos fazer diagnóstico sorológico. • Tratamento: suporte. • Precauções: isolamento respiratório durante os primeiros 4 dias após início do exantema e durante toda a doença em imunodeprimidos. • Medidas de controle: no plano coletivo, uma alta cobertura vacinal, acima de 95%: o vacinação de rotina; o vacinação de bloqueio (dentro de 72 horas após exposição); o vacinação em campanhas. RUBÉOLA • Agente etiológico: vírus da rubéola, classificado como um Rubivírus da família Togaviridae (vírus RNA). • Final de inverno e início de primavera. • O problema principal da rubéola é a criança infectada ter contato com gestante. o A importância epidemiológica está representada pela possibilidade de ocorrência de rubéola durante a gravidez, resultando em abortos, morte do feto ou síndrome da rubéola congênita. • Transmissão: A rubéola pós-natal é transmitida pelo contato direto com o doente ou com gotículas de secreção nasofaríngea; ocorre poucos dias antes a 7 dias após o início do exantema. Com o uso rotineiro da vacina, houve diminuição em 99% dos casos entre crianças e adolescentes. • Manifestações clínicas: caracteriza-se por exantema maculopapular eritematoso generalizado, linfadenopatia (sobretudo suboccipital, cervical e pós-auricular) e febre baixa. Em crianças, raramente ocorre poliartralgia ou poliartrite. • A síndrome da rubéola congênita caracteriza-se por alterações oftalmológicas (catarata, retinopatia e glaucoma congênito), alterações cardíacas (estenose de artéria pulmonar e persistência do canal arterial), alterações auditivas (surdez neurossensorial) e alterações neurológicas (meningoencefalites, alterações cognitivas); podem ocorrer ainda hepatoesplenomegalia, trombocitopenia, lesões purpúricas e retardo de crescimento. Se a infecção ocorrer durante as primeiras 4 semanas, a incidência de defeitos congênitos é de 85%. • Diagnóstico: detecção de IgM ou IgG; isolamento do vírus (sangue, urina, LCR e orofaringe) particularmente em lactentes infectados por via congênita. (É interessante fazer diagnóstico laboratorial pelo contágio). • Tratamento: de suporte. • Precauções: precauções respiratórias por 7 dias do início do exantema; crianças com rubéola congênita devem ser consideradas potencialmente infectantes desde o nascimento até 1 ano. MONUCLEOSE INFECCIOSA • Agente etiológico: vírus Epstein-Barr (vírus DNA); é um herpesvírus B-linfotrópico. • Transmissão: contato direto com secreções salivares do indivíduo portador; ocasionalmente há transmissão via transfusão sanguínea; é relativamente comum entre adolescentes. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 5 o A excreção viral pelo trato respiratório pode continuar por muitos meses após a infecção e portadores assintomáticos são comuns. • Manifestações clínicas: a infecção primária ocorre numa fase precoce da infância, podendo ser desde assintomática a quadros de intensidade variável (mais leves em crianças pequenas). Há muitos tipos diferentes de manifestações clínicas, as clássicas são: o 80 a 85% referem dor de garganta com linfadenopatia, febre e hiperplasia linfática de faringe; observa- se exsudato branco-acinzentado em tonsila palatina em 50% dos casos. Em 30 a 50%, há hepatoesplenomegalia; 1/3 pode apresentar edema periorbitário (sinal de Hoagland) e 5%, icterícia o O rush cutâneo ocorre em cerca de 3 a 8%, em geral é maculopapular, eritematoso, com textura de lixa fina, podendo ainda ser urticariforme, escarlatiniforme, morbiliforme, hemorrágico ou petequial. o O uso de ampicilina/amoxi leva a exantema em 70 a 100% dos casos. (reação cruzada do vírus com antibiótico) • Diagnóstico: o Testes laboratoriais inespecíficos: hemograma com leucocitose, linfocitose e 10 a 20% de atipia; aumento de transaminases e bilirrubina; o Testes laboratoriais específicos (não para todos os pacientes): monoteste (anticorpos heterófilos - baixa sensibilidade e especificidade) e IGM e IGG para EBV. • Tratamento: terapia de suporte, exceto imunodeprimidos em que se recomenda aciclovir em altas doses. DENGUE • Também pode ter exantema pruriginoso sem apresentação específica. • É importante atentar para hemorragias na pele. • Prova do laço - Indica fragilidade capilar. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 6 PARASITOSES INTESTINAIS • As parasitoses intestinais constituem um importante problema de saúde pública, principalmente nos países subdesenvolvidos. • A prevenção deve ser feita através de saneamento básico, acesso à alimentação saudável e educação continuada da população. ASCARIDÍASE AGENTE: Ascaris lumbricoides Morfologia: • Ovo: os ovos férteis têm forma oval. • Verme adulto: o Longo, cilíndrico e com as extremidades afiladas. o Habitam o lúmen do intestino delgado. o Fêmea: mede em torno de 25-40 cm; põe em média 200 mil ovos/dia. o Macho: mede cerca de 15-20 cm; apresenta um enrolamento ventral da cauda. EPIDEMIOLOGIA: • A OMS estima que existam cerca de 1 bilhão de indivíduos infectados no mundo. • A alta prevalência da infecção resulta pela grande produção de ovos pelas fêmeas fecundas e pela resistência dos ovos em condições ambientais extremas. MODO DE TRANSMISSÃO: • Ingesta dos ovos infectantes do parasita, procedentes do solo, água ou alimentos contaminados com fezes humanas. CICLO BIOLÓGICO: Helmintos Ascaridíase Ancilostomose Tricuríase Enterobiose Estrongiloidíase Esquistossomose Protozoários Giardíase Amebíase SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 7 QUADRO CLÍNICO: • Depende da intensidade da infecção e dos órgãos comprometidos. • Assintomática: Carga parasitária leve ou moderada. • Manifestações pulmonares: o Ciclo da larva. o Síndrome de Loeffler: febre, tosse, dispneia e eosinofilia. • Intestino delgado: Dor abdominal, diarreia, náuseas e anorexia. • Complicações: o Obstrução intestinal: Grande número de parasitas que acabam se enovelando na luz do intestino e formando um “bolo de áscaris”. § Sintomas da obstrução/semiobstrução: vômitos, cólicas intensas, distensãoabdominal, eliminação dos parasitos nas fezes ou pelo vômito. § Volvo, perfuração intestinal, colecistite e pancreatite. • Ação espoliativa: O verme adulto pode consumir proteínas, carboidratos, lipídeos e vitaminas A e C do hospedeiro. Isso pode resultar em subnutrição e baixo desenvolvimento físico e mental. DIAGNÓSTICO: • Clínico: • Laboratorial: o Exame parasitológico de fezes: Presença de ovos do parasita. o Hemograma: Eosinofilia na fase se invasão larvária. TRATAMENTO: • Albendazol 400mg, 10mg/kg, VO, dose única. • Mebendazol 100mg, VO, 2x/dia, por 3 dias. • Levamizol: o < 8 anos: 40 mg, VO, dose única o > 8 anos: 80 mg, VO, dose única • Obstrução intestinal: Piperazina 100 mg/kg/dia + Óleo mineral (40-60 ml/dia) + Antiespasmódicos + Hidratação o Nesses casos está indicado sonda nasogástrica e jejum + mebendazol 200mg/dia de 12/12h por 3 dias. PROFILAXIA: • Higiene pessoal • Educação sanitária • Saneamento básico • Tratamento dos doentes ANCILOSTOMÍASE (Amarelão) AGENTES: Ancylostoma duodenale e Necator americanus Morfologia: • Ovo: São ovóides, medem 40-60 μm. • Verme adulto: o Cilíndrico, medindo cerca de 5-13 mm. o A. duodenale - Cápsula bucal possui dentes. o N. americanus - Cápsula bucal com placas cortantes. EPIDEMIOLOGIA: • São parasitas de região quente e úmida, portanto, predominam-se em áreas rurais, estando muito associado a áreas sem saneamento e cujas populações têm hábito de andar descalças. • A. duodenale mais prevalente na Europa e na Ásia e o N. americanus, na África e nas Américas. MODO DE TRANSMISSÃO: • A infecção pelo N. americanus só ocorre por via percutânea. • Já a transmissão pelo A. duodenale se dá, além da percutânea, pela via oral, por água e por alimentos contaminados com ovos ou larvas. CICLO BIOLÓGICO: (imagem ao lado) SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 8 QUADRO CLÍNICO: • Os sintomas dependem da carga parasitária, do estado nutricional e da etapa de migração do parasita. • Infecções leves podem apresentar-se assintomáticas • Dermatite pruriginosa – “Coceira do solo” quando invadem a pele • Fase pulmonar: tosse, laringotraqueobronquite, faringite. • Infecção intesinal: o Sintomas inespecíficos: dor, anorexia, diarreia. o As principais manifestações clínicas estão relacionadas à perda intestinal de sangue. o Alta carga intestinal: anemia ferropriva, desnutrição proteica. Déficit pôndero-estatural, baixo rendimento escolar e atraso no desenvolvimento. DIAGNÓSTICO: • Clínico: Prurido característico. • Laboratorial: EPF TRATAMENTO: • Albendazol 400mg, VO, em dose única. • Mebendazol 100mg, 2x/dia, VO, por 3 dias. • Pamoato de pirantel 20-30mg/kg/dia durante 3 dias. PREVENÇÃO: • Educação sanitária. • Uso de calçados. • Saneamento básico. • Tratamento de pessoas infectadas. TRICURÍASE AGENTE: Trichuris trichiura Morfologia: • Ovos: ovos embrionados em forma de barril. • Verme adulto: o Filiforme, cilíndrico. o Habita o ceco e o cólon ascendente. o A parte anterior do parasita é afilada e ocupa ¾ de seu corpo (porção semelhante a um chicote). o ¼ posterior é curto e alargado. o O macho é menor que a fêmea e possui uma curvatura ventral acentuada, enquanto a fêmea termina de forma reta. EPIDEMIOLOGIA: • Acomete comunidades rurais com instalações sanitárias inadequadas e solo contaminado com fezes humanas ou animais. • 5-15 anos de idade. MODO DE TRANSMISSÃO: • Ingestão de ovos embrionados: o Contaminação direta das mãos, alimentos ou bebidas. o Pode ocorrer também a transmissão indireta através de moscas ou outros insetos. CICLO BIOLÓGICO: SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 9 QUADRO CLÍNICO: • Assintomáticos: baixa carga parasitária. • Alguns indivíduos podem apresentar um histórico de dor no quadrante inferior direito ou na região periumbilical. • Infecção maciça: disenteria crônica, prolapso retal, anemia, retardo no crescimento, déficits cognitivos e do desenvolvimento. DIAGNÓSTICO: • EPF - Ovo característico em forma de barril. TRATAMENTO: • Mebendazol 100mg, VO, 2x/dia, por 3 dias o Reduz a produção de ovos em 90-99% o Taxa de cura de 70-90% o É eficaz em parte por ser pouco absorvido no TGI • Mebendazol 500mg, VO, em dose única • Albendazol 400mg, VO, em dose única • Atualmente, os esquemas recomendados com dose única de mebendazol e albendazol NÃO tem eficácia na cura de infecções por Trichuris. • Nitazoxanida o 100mg, 2x/dia, VO, por 3 dias – crianças entre 1 a 3 anos o 200mg, 2x/dia, VO, por 3 dias - crianças entre 4 a 11 anos o 500mg, 2x/dia, VO, por 3 dias – adolescentes e adultos o Resultam em taxa de cura superior ao albendazol em dose única PREVENÇÃO: • Higiene pessoal • Melhora das condições sanitárias ENTEROBÍASE • Infecção por oxíuros (oxiuríase). AGENTE: Enterobius vermicularis Morfologia: • Ovos: são convexos em um lado e achatados no outro. • Verme adulto: Nematódeo pequeno (1cm de comprimento), branco, semelhante a uma fio ou com a forma cilíndrica, que habita o ceco, o apêndice e áreas adjacentes ao íleo e cólon ascendente. EPIDEMIOLOGIA: • Acomete indivíduos de todas as idades e de todas as classes sociais. Não está relacionado com o nível socioeconômico da população. • Mais frequente na idade escolar. • Afeta mais de um membro da família, implicando no seu controle, que deve ser dirigido a todas pessoas que vivem no mesmo domicílio. MODO DE TRANSMISSÃO: Feca-oral. • Autoinfecção externa ou direta: Do ânus para a cavidade oral por meio das unhas. • Autoinfecção indireta: Ovos presentes na poeira, roupa, roupa de cama ou alimentos atingem o mesmo indivíduo que o eliminou. • Heteroinfecção: Ovos presentes na poeira ou alimentos atingem um novo hospedeiro. • Retroinfecção: Migração das larvas da região anal para as regiões superiores do intestino grosso, chegando até o ceco, onde se tornam adultas. • Autoinfecção interna: Processo raro na qual as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, transformando-se em vermes adultos. CICLO BIOLÓGICO: (imagem ao lado) SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 10 QUADRO CLÍNICO: • Assintomático • Principal sintoma: prurido perianal. o Mais exacerbado à noite. o Acompanhado de irritabilidade e sono intranquilo. o As escoriações decorrentes ao ato de coçar podem resultar em infecções secundárias em torno do ânus. • Sintomas inespecíficos: vômitos, dores abdominais, tenesmo, puxo e raramente fezes sanguinolentas. • Complicações: salpingites, vulvovaginites, granulomas pelvianos. o Acontecem esporadicamente e são infecções sencundárias às escoriações. DIAGNÓSTICO: • Clínico: Prurido característico. • Laboratorial: Identificação de ovos ou vermes adultos. o SWAB anal o Método da fita - leitura em microscópio. TRATAMENTO: • Deve-se tratar os pacientes infectados e todosos membros de sua família • Pamoato de Pirvínio 10mg/kg, VO, dose única • Pamoato de Pirantel 10mg/kg, VO, dose única • Mebendazol 100mg, VO, 2x/dia, durante 3 dias • Albendazol 10mg/kg, VO, dose única, até o máximo de 400mg PROFILAXIA: • Orientar a população sobre os hábitos de higiene pessoal - Boa higiene dasmãos. • Tratar todos os membros da família. • Trocar roupas de cama e toalhas de banho diariamente. ESTRONGILOIDÍASE AGENTE: Strongyloides stercoralis Morfologia: • Verme adulto: cilíndrico. o Fêmea: habita o intestino delgado e por partogênese libera ovos na luz intestinal. o Macho: habita o solo (forma livre). • Larva rabiditiforme: não infecciosa. • Larva filaróide: forma infectante. EPIDEMIOLOGIA: • A transmissão requer solo quente e úmido. • Fatores de risco: condições ambientais precárias e aglomerações humanas. • Cães e gatos podem ser reservatório. • Hiperinfecção acomete indivíduos imunodeprimidos. MODO DE TRANSMISSÃO: • Viapercutânea: As larvas infectantes (filarióides) penetram a pele do indivíduo. • Auto-endoinfecção: Quando as larvas passam a ser filarióides no interior do próprio hospedeiro, sem passar pela fase evolutiva no meio externo. • Auto-exoinfecção: Quando as larvas filarióides se localizam na região anal ou perianal, onde novamente penetram no organismo do hospedeiro CICLO BIOLÓGICO: (imagem ao lado) SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 11 QUADRO CLÍNICO: • Assintomático. • Sintomas relacionados aos três estágios de infecção: o Invasão da pele: Lesões urticariformes ou maculopapulares ou por lesãos erpiginosa ou linear pruriginosa migratória (larva currens). o Migração das larvas através dos pulmões: Tosse seca, dispnéia, broncoespasmo ou edema pulmonar (síndrome de Löffler). o Parasitismo do intestino delgado pelos vermes adultos: Diarréia, dor abdominal e flatulência, acompanhadas ou não de anorexia, náusea, vômitos e dor epigástrica que pode simular quadro de úlcera péptica. • Hiperinfecção: o Indivíduos imunocomprometidos o Febre, dor abdominal, anorexia, náuseas, vômitos, diarreias profusas, manifestações pulmonares (tosse, dispneia e broncoespasmos, e raramente, hemoptise e angústia respiratória). DIAGNÓSTICO: • Parasitológico de fezes, escarro ou lavado gástrico. TRATAMENTO: • Cambendazol 5mg/kg, dose única, VO • Tiobendazol, VO, em vários esquemas terapêuticos: o 25mg/kg/dia durante 5 a 7 dias – esquema muito utilizado o 50mg/kg/dia dose única, à noite (A dose máxima recomendada é de 0,3g) 10mg/dia por 30 dias - Recomendado para situações de auto-endoinfecção e deficiência da imunidade celular • Albendazol 40mg/dia durante 3 dias • Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de peso: o 15 a 24kg: ½ comprimido o 25 a 35kg: 1 comprimido o 36 a 50kg: 1 ½ comprimidos PROFILAXIA: • Saneamento básico. • Uso de calçados. • Tratar os animais domésticos infectados. ESQUISTOSSOMOSE AGENTE: Schistosoma mansoni Morfologia: • Cercárias: Forma infectante de vida livre. • Caramujo; São hospedeiras intermediárias específicas que vivem em água doce, e se dividem assexuadamente. • Miracídios: Móveis, emergem, infecta as lesmas dos caramujos. • Verme adulto: Ao atingirem a maturidade, migram para locais anatômicos específicos (Veias mesentéricas inferiores). Os esquistossomas adultos (1 a 2 cm de comprimento) são adaptados para uma existência intravascular. A fêmea acompanha o macho dentro de um sulco formado pelas bordas laterais do corpo dele. EPIDEMIOLOGIA: • No Brasil é considerada uma endemia que atinge 19 unidades federadas - É endêmico do Maranhão até Minas Gerais, com focos no Pará, Piauí, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito federal e Rio Grande do Sul • Possui baixa letalidade e as principais causas de óbitos estão relacionadas às formas clínicas graves. MODO DE TRANSMISSÃO: • A transmissão depende do destino dado aos excrementos, da presença dos caramujos hospedeiros intermediários específicos e dos padrões de contato com a água e dos hábitos sociais da população. CICLO BIOLÓGICO: (imagem ao lado) SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 12 QUADRO CLÍNICO: • Depende do seu estado de evolução no homem. • Fase aguda: o Assintomática ou apresentar-se como dermatite urticariforme, acompanhada de erupção papular, eritema, edema e prurido até 5 dias após a infecção. o Febre de Katayama - Após 3 a 7 semanas de exposição pode evoluir para a esquistossomose aguda caracterizada por febre, anorexia, dor abdominal e cefaléia. Esses sintomas podem ser acompanhados de diarréia, náuseas, vômitos ou tosse seca, ocorrendo hepatomegalia. • Fase crônica: o Após 6 meses pode evoluir para a fase crônica. o Hepatointestinal: Caracteriza-se pela presença de diarréias e epigastralgia. Ao exame, o paciente apresenta fígado palpável, com nodulações que, nas fases avançadas dessa forma clínica, correspondem a áreas de fibrose decorrentes de granulomatose periportal ou fibrose de Symmers. o Hepática: Pode ser assintomatica ou com sintomas hepatointestinal. Ao exame, o fígado é palpável e endurecido, à semelhança do que ocorre na forma hepatoesplênica. DIAGNÓSTICO: • Clínico • EPF • A USG pode ajudar a identificar hepatoesplenomegalia. TRATAMENTO: • Praziquantel 26 mg/kg, VO, dose única. • Oxamniquina, cápsula com 250mg e a solução de 50mg/ml para uso pediátrico. PROFILAXIA: • Educação em saúde, mobilização comunitária e saneamento domiciliar e ambiental nos focos de esquistossomose. TENÍASE AGENTE: • Taenia solium ou Cysticercus cullulosae. O porco é o hospedeiro intermediário. • Taenia saginata ou Cysticercus bovis. O boi é o hospedeiro intermediário. • Cisticerco: É constituído de uma vesícula translúcida com líquido claro, contendo invaginado no seu interior um escoléx com 4 ventosas e colo. • A T. solium apresenta ainda o rostelo que é ausente na T. saginata. • Habitat: o Verme adulto: intestino delgado humano. o Cisticerco: C. cellulosae habita o tecido subcutâneo, muscular, cardíaco, cerebral e olhos de suínos/bovinos, acidentalmente em humanos. C. bovis habita tecidos bovinos. • Longevidade: o A T. solium vive cerca de 3 anos, mas pode alcançar 20/25 anos. o A T. saginata vive cerca de dez anos, podendo chegar a até 30 anos. o Os ovos em temperatura ambiente (20 a 30 °C), umidade relativa (50 a 80%) e sombra sobrevivem em torno de 4 a 6 meses. TRANSMISSÃO: • Teníase: Ingestão de carne bovina ou suína crua ou malcozida contendo cisticercos. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 13 • Cisticercose: Ingestão acidental de ovos viáveis de T. solium por: o Auto-infecção externa: ocorre quando o próprio portador da T. solium elimina as proglotes e ovos de sua própria tênia levando-os à boca pelas mãos contaminadas ou coprofagia. o Auto-infecção interna: pode ocorrer durante vômitos ou movimentos retroperistálticos do intestino, possibilitando presença de proglotes grávidas ou ovos de T. solium no estômago. Estes, depois de ação do suco gástrico e posterior ativação das oncosferas voltariam ao intestino delgado, desenvolvendo o ciclo auto-infectante. o Heteroinfecção: quando os humanos ingerem alimentos ou água contaminados com os ovos da T. solium disseminados no ambiente através das dejeções de outro paciente. o Obs: Os ovos de T. saginata não são infectantes para o homem. TRATAMENTO: Teníase: • Niclosamida: 4 comprimidos (2 em 2), com intervalo de 1 hora pela manhã + 2 col. de leite de magnésio durante 3 dias • Praziquantel:4 comprimidos em dose única. o Não deve ser usado em pacientes com teníase e cisticercose o Só a eliminação ou destruição do escólex assegura a cura. Portanto, se ele não for encontrado nas evacuações, aguardar cerca de quatro meses para ver se as proglotes não reaparecem, exigindo novo tratamento. Cisticercose: • O objetivo do tratamento é a redução da resposta inflamatória. • Apenas observação, uso de drogas antiparasitárias e anti-inflamatórias hormonais e eventualmente a cirurgia. Neurocisticercose: • Praziquantel - 50% de eficácia, rompe a membrana do cisticerco – deve ser associado a corticóides -> Esquema de 21 dias • Albendazol – 88% de eficácia, recomenda-se o uso mútuo com dexametasona -> Esquema de 8 dias GIARDÍASE AGENTE: Giardia Lamblia (Giardia intestinalis ou Giardia duodenalis) Protozoário flagelado que infecta o duodeno e o intestino delgado. Morfologia: • Trofozoítos: o Apresenta simetria bilateral e um achatamento dorso-ventral que lhe confere um aspecto piriforme. o Contém dois núcleos ovais anteriormente, um disco ventral grande, um corpo mediano curvado posteriormente e quatro pares de flagelos. • Cistos: o Apresenta um formato oval que contém quatro núcleos. o Cada cisto ingerido produz dois trofozoítos no duodeno. o Forma infectante encontrada no ambiente. EPIDEMIOLOGIA: • Doença de distribuição mundial, mais prevalentes em países subdesenvolvidos (áreas com saneamento básico pobre). • Podem ocorrer epidemias em instituições fechadas (creches, pré-escola) • Grupo etário mais acometido: entre 8 meses e 10 a 12 anos. • “Diarréia dos viajantes em zonas endêmicas” • Ingestão de água contaminada • Atividade sexual resultante do contato oro-anal • É significativo em pessoas com desnutrição, certas imunodeficiências e fibrose cística MODO DE TRANSMISSÃO: • Feca-oral: o Direta: contaminação das mãos e consequente ingestão de cistos existentes em dejetos de pessoa infectada. o Indireta: ingestão de água e alimentos contaminados. CICLO BIOLÓGICO: (imagem ao lado) SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 14 QUADRO CLÍNICO: • Assintomática (maioria). • Diarreia aguda - fezes líquidas, explosivas e fétidas, com curso auto-limitado. • Diarreia crônica o A diarreia se torna persistente ou intermitente. o Diarreia, cólica, distensão abdominal, sensação de plenitude gástrica, mal-estar, flatulência, náuseas, anorexia e perda de peso. As fezes ficam gordurosas, com odor fétido e podem flutuar na água (esteatorréia). • Síndrome da má absorção: pode ser uma complicação, má absorção de açúcares, gorduras e vitaminas lipossolúveis, deficiência de ferro, perda de peso e anemia. DIAGNÓSTICO: • Clínico • Laboratorial o Presença de trofozoítos ou cistos nas amostrar de fezes (3 amostras) -> Método tradicional. o Métodos imunológicos - Detecção de antígenos pelo ELISA. o Em raros casos pode ser feito biópsia duodenal com a identificação de trofozoítos. TRATAMENTO: • Tinidazol - 30mg/kg/dia, dose única • Secnidazol - 30mg/kg ou 1ml/kg, dose única, tomar após uma refeição • Metronidazol - 15mg/kg/dia (máximo 250mg), VO, dividida em 2 tomadas por 5 dias PREVENÇÃO: • Filtrar água potável. • Saneamento básico. • Creches ou orfanatos com adequadas instalações sanitárias, enfatizar a necessidade de higiene pessoal. AMEBÍASE AGENTE: Entamoeba histolytica Morfologia: • Cisto: o É a forma infectante. o Esférico ou oval, contém quatro núcleos. o São resistentes a condições ambientais hostis, incluindo o cloro utilizado para a purificação da água, acidez gástrica, enzimas digestivas. o Podem ser mortos por aquecimento a 55ºC. • Trofozoíto: o Uninucleado e móveis (se locomovem pela emissão de pseudópodes). o Colonizam o lúmen do intestino grosso. o Podem invadir o revestimento mucoso e acometer fígado, pulmão, pele e até cérebro. EPIDEMIOLOGIA: • 10% da população mundial • 50 milhões de casos invasivos/ano • Frequente em áreas com baixos padrões socioeconômicos e sanitários • 3o maior causa de óbito por infecção parasitária no mundo. (Nelson) MODO DE TRANSMISSÃO: • Fecal-oral: Ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo cistos amebianos maduros • Transmissão sexual (contato oral-anal) – Mais raramente • Este parasito pode atuar como comensal ou provocar invasão de tecidos, originando as formas intestinal e extra-intestinal da doença. CICLO BIOLÓGICO: (imagem ao lado) SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 15 QUADRO CLÍNICO: • Assintomática • Colite amebiana: É a forma clássica com invasão parasitária da mucosa intestinal e caracteriza-se por dor abdominal em cólica, diarréia com fezes mucosanguinolentas, tenesmo. Apresenta febre em apenas um terço dos pacientes. • Abcesso hepático: É a segunda forma mais comum da doença. Ocorre com a disseminação dos parasitas para o fígado. É incomum em crianças. Nas crianças manifesta-se com febre, dor abdominal, distensão abdominal e hepatomegalia dolorosa. DIAGNÓSTICO: • Presença de trofozoítos e cistos presentes nas fezes; em aspirados ou raspados, obtidos através de endoscopia ou proctoscopia; ou em aspirados de abcesso ou biópsia de tecidos. • Os anticorpos séricos podem ser dosados e são de grande auxílio no diagnóstico do abcesso hepático amebiano. • A USG e TC são úteis no diagnóstico de abcesso hepático amebiano. TRATAMENTO: • 1ª opção o Formas intestinais: Secnidazol 30mg/kg/dia, VO, não ultrapassando o máximo de 2g/dia • 2ª opção o Metronidazol 35mg/kg/dia, 3 tomadas, durante 5 dias o Formas graves: amebíase intestinal sintomática ou extra-intestinal. �-> Metronidazol 50mg/kg/dia durante 10 dias • 3ª opção o Formas extra-intestinais: Tinidazol 50mg/kg/dia durante 2 a 3 dias a depender da forma clínica • 4ª opção o Somente para formas leves ou assintomáticas: Teclozam 15mg/kg/dia durante 5 dias. Em alguns casos podem ser necessários a aspiração do abcesso. PROFILAXIA: Medidas de saneamento e educação em saúde. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 16 DOENÇAS DAS VIAS AÉREAS INFERIORES PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE • Doença do trato respiratório inferior, geralmente provocada por um agente infeccioso resultando na inflamação de ambos pulmões. • Inflamação das vias aéreas distais do pulmão determinada por agente infeccioso. • Acúmulo de neutrófilos e exsudato inflamatório nos bronquíolos distais, alvéolos e interstício. EPIDEMIOLOGIA: • Principal causa de mortalidade em crianças < 5 anos. • Cerca de 1000 óbitos pediátricos/ano no Brasil. • 2-3% das infecções respiratórias altas evoluem para infecção respiratórias das vias aéreas inferiores. • 10-20% dos óbitos. • Lembrete: 4 a 6 (ou 8 a 10) IRA-A cada criança, por ano. PLANO DE AÇÃO GLOBAL CONTRA NEUMONIA E DIARREIA (GAPPD): SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 17SINAIS CLÍNICOS: • São dependentes da idade da criança, extensão do acometimento e gravidade do quadro. • Tosse, febre, taquipneia, tiragens subcostais, estertores finos, dor torácica, hipoxemia e sintomas sistêmicos associados. • Taquipneia (respiração acelerada) é o sinal diagnóstico mais sensível. o Frequência respiratória: Estando afebril, contada em 60 segundos. o o A criança está com tosse ou dificuldade para respirar? • Verificar se há sinais de perigo: o Perguntar: § A criança consegue beber ou mamar no peito? § A criança vomita tudo o que ingere? § A criança apresentou convulsões ou movimentos anormais há menos de 72 horas? o Observar: § Se a criança está letárgica ou inconsciente. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 18 § Se a criança apresenta tempo de enchimento capilar > 2 segundos. § Se a criança apresenta batimentos de asa de nariz e/ou gemência. o Uma criança que apresentar qualquer sinal de perigo necessita ser urgentemente assistida: completar imediatamente a avaliação, administrar o tratamento indicado prévio à referência e referir urgentemente ao hospital. Critérios OMS: • Pneumonia não severa: tosse, problemas na respiração, taquipneia. • Pneumonia severa: parede inferior do tórax, grunhido expiratório, nariz inflamado • Pneumonia muito severa: incapacidade de alimentar, cianose, dificuldade respiratória grave, consciência prejudicada ou convulsão. Diagnósticos diferenciais de quadros que cursam com sibilância (SBP): AGENTES QUE CAUSAM PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE: SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 19 DIAGNÓSTICO: • Clínico. • Laboratoriais: servem apenas como apoio em circunstâncias particulares. o HMG: Leucocitose. Na bacteriana, neutrofilia e formas jovens. o Proteína C reativa elevada. • Rx tórax em casos pontuais e em crianças que internam. o Desafios do Rx na PAC em crianças: § Falta sensibilidade para diferenciar a etiologia bacteriana ou não bacteriana. § Falsamente negativo no início da doença. § Importante inconsistência na interpretação de radiologistas. § Influência do conhecimento clínico prévio do radiologista para interpretação. DERRAME PLEURAL/EMPIEMA: • Contínuo da pneumonia. • Infecção adjacente à pleura -> Aumento da permeabilidade. o Aumento da produção o Bactérias aproveitam. • Linfáticos parietais: podem compensar drenagem até 20x. BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA • Mais comum infecção respiratória inferior em lactentes. • Possui gravidade variável. • Causa mais comum de hospitalização nessas idades. • Tipicamente, corresponde ao primeiro episódio de sibilância em crianças. DEFINIÇÃO: • Inflamação infecciosa aguda dos bronquíolos que leva a obstrução da via aérea, manifestado por sibilância e crepitantes, em crianças menores de 2 anos. • Na maioria das vezes ocorre por vírus. • Acomete lactentes uma ou mais vezes. EPIDEMIOLOGIA: • Tipicamente ocorre em crianças < 2 anos, com pico de incidência entre os 2 aos 6 meses. • OMS: 64 milhões de casos/anos, 160 mil morrem. • 10% dos casos internam. • 10% dos internados necessitam ir para a UTIP. MICROBIOLOGIA: • Tipicamente causada por vírus: Vírus Sincicial Respiratória (vírus de humanos). o Surtos sazonais: § Hemisfério sul: maio a setembro, pico em maio/junho/julho. § Climas tropicais: estação chuvosa. • Ocasionalmente causada por Mycoplama pneumonia. PATOGÊNESE: • Vírus penetra nas células do bronquíolo terminal – lesão direta e inflamação. • Alterações locais iniciam 18 a 24 horas após infecção. • Necrose da célula bronquiolar, disrupção ciliar, infiltração linfocítica peribronquiolar. • Edema, excesso de muco, epitélio esfacelado leva a obstrução aérea e atelectasias, FATORES DE RISCO PARA GRAVIDADE: • Prematuridade. • Baixo peso ao nascer. • Idade <6-12 meses. • Doença pulmonar crônica. • Doença cardíaca hemodinamicamente importante. • Imunodeficiência. • Defeitos anatômicos das vias aéreas. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 20 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA: EXAME FÍSICO: • Taquipneia: o 80-100 em lactentes. o 30-60 em crianças mais velhas. • Tempo expiratório prolongado, roncos, sibilâncias, estertores finos e crepitações. • Possível desidratação. • Possível conjuntivite ou otite média. • Possível cianose ou apneia. DIAGNÓSTICO: • É clínico. • Baseado na história e exame físico. • Clássico “apoio” do Rx: hiperinsuflação, espessamento peribrônquico e infiltrado intersticial. Diagnóstico diferencial: • Sibilância induzida por vírus. • Bronquite ou pneumonia. • Doença pulmonar crônica. • Aspiração de corpo estranho. • Doença do refluxo gastro-esofágico ou disfagia que leva a aspiração. • Doença cardíaca congênita ou insuficiência cardíaca. • Anéis vasculares, broncomalácia, ou outras anormalidades anatômicas. Provas diagnósticas: • Tem maior utilidade em crianças com sintomas complicados como febre, sinais de doença infecciosa de via aérea inferior, doença grave. • RxT • Hemograma • Gasometria Hospitalização se: • Doença grave. • Aspecto tóxico, com pouca ingesta, letargia ou desidratação. • Dificuldade respiratória moderada a grave (FR > 70, dispneia, cianose). • Apneia. • Hipoxemia. TRATAMENTO: • Ambulatorial: o Medidas gerais: higiene nasal, conforto, cuidados na alimentação, antitérmicos SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 21 • Internados: o Oxigênio e suporte • Suporte: o Apoio respiratório e ingesta adequada de líquidos o Líquidos EV se necessário o Higiene nasal superficial o Antitérmicos o Descanso Desafio da doença: • A bronquiolite viral aguda envergonha a ciência médica • Com todos os avanços em microbiologia, imunologia e genética não aconteceram mudanças substanciais nos últimos 50 anos quanto ao tratamento dos lactentes internados com a doença. PREVENÇÃO: • Lavagem de mãos. • Evitas exposição ao fumo. • Evitar contato com pessoas que tenham doença viral. • Vacina da gripe em crianças > 6 meses. • Palivizumav em grupos de risco. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 22 ASMA • Doença heterogênea, caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas, condicionada por fatores genéticos e ambientais, que cursa com hiperresponsividade brônquica e obstrução variável ao fluxo aéreo, total ou parcialmente reversível de maneira espontânea ou por ação medicamentosa, e se manifesta por sintomas respiratórios como sibilância, falta de ar e tosse, de maneira intermitente, persistente e inclusive contínua. • Pode ser controlada, mas não curada. Nas crianças, ela pode “descrescer” – criança nasce com asma mas ao longodos anos pode desaparecer. EPIDEMIOLOGIA: • Doença respiratória crônica mais comum no mundo: 300 milhões. • Prevalência: leve aumento em crianças. • Maior causa de faltas à escola/trabalho por saúde. • Custo da asma: muito elevado. Porém investimentos em medicação preventiva poupa custos (internações, tempo de escola, dinheiro das famílias e vidas). FISIOPATOLOGIA: • Característica central da asma: inflamação crônica da via aérea inferior. DIAGNÓSTICO: • É clínico. • Não há sinal/sintoma patognomônico. • Devem se associar sintomas, sintomas, fatores desencadeantes e antecedentes pessoais/familiares. • Em pediatria, o exame espirométrico é complementar (80% das crianças tem espirometria normal). SINAIS E SINTOMAS: • Maior probabilidade de asma se: o Mais de um tipo de sintomas: sibilos, falta de ar, tosse, aperto no peito. o Sintomas em geral pioram à noite ou ao despertar. o Sintomas variam em intensidade e ao longo do tempo. o Sintomas desencadeados por infecções virais, exercício, exposição a alérgenos, mudanças climáticas, riso, gases irritantes, fumaça ou odores fortes. • Menor probabilidade de asma: o Tosse isolada sem outros sintomas respiratórios. o Produção crônica de escarro. o Falta de ar associada a tontura, sensação de desmaio ou formigamento periférico. o Dispneia induzida por exercício com inspiração ruidosa (estridor). O que se sabe sobre a asma? • Sintomas associados à hiper-reatividade brônquica: o Broncoconstrição. o Espessamento da parede das vias aéreas. o Aumento da produção de muco. • Sintomas desencadeantes/agravados por: o Infecções virais. o Exposição a alérgenos como a fumaça de cigarro. o Exercícios. o Estresse. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 23 Índice de predição da Asma (API): • Criança de alto risco (>= 2 anos): o >= 4 episódios de sibilância no último ano (1>= diagnóstico por médico). o + : Um critério maior ou dois critérios menores. § Um critério maior: um dos pais asmático; dermatite atópica; sensibilidade a aeroalergeno. § 2 critérios menores: sensibilidade ao alimento; eosinofilia periférica (>= 4%); sibilos não pós infecciosos. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Diagnóstico diferencial no lactente sibilante: • Infecções virais recorrentes das vias aéreas: tosse, coriza e obstrução nasal por < 10 dias; sibilância normalmente leve; ausência de sintomas entre as infecções. • Doença do refluxo gastroesofágico: tosse com a alimentação; infecções recorrentes da via aérea inferior; vômito fácil, especialmente após refeições volumosas; pouca resposta a medicações para asma. • Aspiração de corpo estranho: episódio de tosse importante de início repentino e/ou estridor durante a alimentação ou brincadeiras; infecções recorrentes da via aérea inferior e tosse; sinais pulmonares focais • Traqueomalacia: respiração ruidosa durante o choro, alimentação ou infecções da via aérea superior (ruído inspiratório se extratorácica ou expiratório se intratorácico); sintomas normalmente presentes desde o nascimento; pouca resposta a medicações para asma. • Tuberculose: tosse e ruídos respiratórios persistentes; febre não responsiva a antibióticos usuais; adenomegalias; pouca resposta a medicações para asma; contato com alguém com tuberculose. SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 24 • Doença cardíaca congênita: sopor cardíaco; cianose ao se alimentar, dificuldade de crescimento; taquicardia; taquipneia ou hepatomegalia; pouca resposta a medicações para asma. • Fibrose cística: tosse que começa logo após o nascimento; infecções recorrentes da via aérea inferior; dificuldade de crescimento (mal absorção); fezes amolecidas, volumosas e oleosas. • Discinesia ciliar primária: tosse e infecções recorrentes leves da via aérea inferior; infecções crônicas do ouvido; secreções nasais purulentas; pouca resposta a medicações para asma; situs inversus ocorrem em 50% das crianças com essa doença. • Anel vascular: respirações persistentemente ruidosas; pouca resposta a medicações para asma. • Displasia broncopulmonar: nascimento prematuro; peso do nascimento muito baixo; necessidade neonatal de ventilação mecânica prolongada ou de oxigênio suplementar; dificuldade respiratória presente ao nascimento. • Imunodeficiência: febre e infecções recorrentes (mesmo não respiratórias); dificuldade de crescimento • Malformação pulmonar: sintomas constantes desde o nascimento. • Tumores mediastínicos: linfadenopatias. • Bronquiolite obliterante: ruídos respiratórios persistentes após bronquiolite ou infecção respiratória; pouca resposta a medicações para asma. • Distúrbio da deglutição: regurgitações, vômitos, sintomas de aspiração. CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE X NÍVEL DE CONTROLE DA ASMA: TESTE DE CONTROLE DA ASMA (pediátrico): SAÚDE DA CRIANÇA I Talita Valente ATM 2023/A 25 CICLO DO MANEJO BASEADO NO CONTROLE: TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: Abordagem passo a passo para crianças >= 6 anos. Abordagem passo a passo para crianças <= 5 anos. MUDANÇAS NO TRATAMENTO 2020: • No tratamento da crise associar corticoide junto com o tratamento de resgate. • Uso do espaçador com spray: sempre e com o bico sempre para cima.
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