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AULA 2 
FINANCIAMENTO DO CAPITAL 
DE GIRO E FLUXO DE CAIXA
Prof. Francisco de Oliveira Cruz Granatto 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
O curso de MBA (Master in Business Administration) tem o intuito de 
promover reflexão, debate e aprimoramento de conteúdos teórico-práticos 
gerenciais e administrativos. Quando direcionado à área de Gestão Financeira, 
Controladoria e Auditoria, deve proporcionar conteúdo e ferramentas para a 
alavancagem do desempenho profissional e organizacional. 
Com base nesse preceito, a disciplina de Financiamento do Capital de Giro 
e Fluxo de Caixa é estruturada em seis aulas segmentadas, abordando assuntos 
de relevância para o tema. 
 Aula 01 – Conceitos Básicos de Financiamento de Capital de Giro; 
 Aula 02 – Prazos Médios; 
 Aula 03 – Ciclometria; 
 Aula 04 – Fluxo de Caixa; 
 Aula 05 – Ativos e Passivos: Financeiros e Operacionais; 
 Aula 06 – Gestão do Capital de Giro. 
Desta forma, a presente aula versará sobre os Conceitos Básicos de 
Financiamento de Capital de Giro, momento este em que iniciaremos o estudo 
sobre temas que proporcionarão o embasamento teórico relacionado ao tema. 
Tenha uma excelente aula! 
 
 
CONTEXTUALIZANDO 
O incremento de conhecimento multidisciplinar alcançado pelos 
profissionais da área de gestão tem proporcionado às empresas um 
aprimoramento das suas atividades nas áreas operacionais, táticas e estratégicas. 
Esse fator influenciou a cultura organizacional, proporcionando horizontes 
diferentes e demonstrando a importância do funcionamento empresarial como um 
sistema de engrenagens. 
Essa visão proporciona um funcionamento com base em processos 
internos. Quando estruturados corretamente e com controle, eles criam um 
diferencial competitivo, como o que acontece quando tratamos da gestão de 
prazos. 
 
 
03 
TEMA 1 – CONCEITOS INICIAIS 
O estudo sobre financiamento de capital de giro é completamente apoiado 
no que chamamos de administração financeira, pois envolve a forma como a 
entidade deve gerenciar seus bens, direitos e obrigações com o intuito de 
sustentar a atividade empresarial. Desta forma, é necessário elucidar os conceitos 
que impactam o processo de gestão na grande maioria das empresas, no que se 
refere ao regime de caixa e ao de competência. 
Conceitualmente, o regime de competência se refere à forma de registro 
na qual leva-se em consideração a data real de acontecimento do fato gerador, 
ou seja, não leva em consideração a movimentação financeira para identificar a 
data da operação. Esse regime é utilizado pelo departamento contábil. 
Já o regime de caixa se refere à forma de registro na qual é levada em 
conta a data em que ocorreu a movimentação monetária, ou seja, é reconhecido 
o momento em que houve o pagamento ou recebimento de valores. Esse regime 
é utilizado pelo departamento financeiro. 
Quadro 1 – Regime de caixa e regime de competência 
Regime de Caixa Regime de Competência 
Demonstra o dinheiro que a empresa 
possui em caixa 
Demonstra a operacionalização do negócio 
Possibilita o gerenciamento da liquidez do 
negócio 
Demonstra a estrutura financeira e o 
modelo de negócio 
Impossibilita a mensuração do resultado 
operacional 
Não proporciona o conhecimento sobre a 
realidade financeira 
Proporciona falso-positivo ou falso-
negativo sobre a situação empresarial 
Exige que a empresa possua uma rotina 
de planejamento eficiente 
 
Embora às vezes os assuntos pareçam desconexos, é preciso entender 
que a contabilidade e suas informações devem ser consideradas como uma 
estrutura que viabiliza o processo de tomada de decisão em todos os graus da 
entidade. 
Como já discutido durante a primeira aula, quando tratamos do tema capital 
de giro é imprescindível o entendimento sobre o conteúdo contábil e sobre como 
o CG pode ser proporcionado. 
𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝑮𝒊𝒓𝒐 = 𝑨𝒕𝒊𝒗𝒐 𝑪𝒊𝒓𝒄𝒖𝒍𝒂𝒏𝒕𝒆 
Dentro do entendimento de que o capital de giro é essencial para realizar a 
manutenção da atividade empresarial, o conhecimento do processo, assim como 
a utilização de ferramentas de planejamento, são essenciais. Porém, muitas 
 
 
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vezes, a empresa não possui capital disponível para isso e busca alternativas para 
a sua obtenção. 
Sabe-se que, para sua obtenção, duas formas são dispostas. Capital 
Próprio e Capital de Terceiros. Qual delas utilizar? Bom, após entender o fluxo da 
necessidade do capital de giro, é preciso conhecer melhor alguns conceitos que 
são essenciais para esta definição. 
Figura 1 – Fluxo da necessidade de capital de giro 
 
TEMA 2 – PRAZO MÉDIO DE COMPRAS 
Como acabamos de ver, o fluxo da obtenção do capital de giro passa pela 
fase de análise sobre a necessidade, o que torna relevante conhecer alguns 
aspectos da atividade empresarial. Neste momento, são elencados os aspectos 
referentes aos prazos médios. 
O prazo médio de compras (PMC), também chamado de prazo médio de 
pagamento (PMP) ou até mesmo prazo médio de pagamento a fornecedores 
(PMPF), é o primeiro a ser estudado. Ele se refere à quantidade de dias (média) 
que a empresa demora para pagar os fornecedores de matéria-prima, de 
mercadorias e até mesmo de serviços. De uma forma simples, reflete o prazo que 
a empresa possui para pagar o fornecedor. 
Necessidade
Análise
Obtenção
Utilização
Controle
Pagamento
 
 
05 
Para a análise do prazo médio de compras, é fácil concluir que, quanto 
maior for o prazo, maior será a folga financeira que a empresa tem. O prazo 
proporciona um financiamento da atividade com um recurso que não onera a 
empresa. 
𝑷𝑴𝑪 = 𝑷𝑴𝑷 = 𝑷𝑴𝑷𝑭 = 
𝑭𝒐𝒓𝒏𝒆𝒄𝒆𝒅𝒐𝒓𝒆𝒔
𝑪𝒐𝒎𝒑𝒓𝒂𝒔
× 𝒕 
Onde: 
 PMC: Prazo médio de compras; 
 PMP: Prazo médio de pagamento; 
 PMPF: Prazo médio de pagamento a fornecedores; 
 t: refere-se ao período de cálculo (Ex. 360  anual); 
 Fornecedores: representa as obrigações perante os fornecedores. Para 
facilitar os cálculos, com base no Balanço Patrimonial, são utilizados os 
valores iniciais e finais da conta; 
 Compras: representa o valor médio de compras no período utilizado como 
base para o cálculo dos fornecedores. Quando o cálculo se torna difícil ou 
extremamente complexo, utiliza-se o valor do custo dos produtos e/ou 
serviços. 
𝑪𝑷𝑽 = 𝑬𝑰 + 𝑪𝑶 − 𝑬𝑭 ou 𝑪𝑶 = 𝑪𝑷𝑽 + 𝑬𝑭 − 𝑬𝑰 
O cálculo do PMC/PMP/PMPF é extremamente útil, pois demonstra o 
período que a empresa é financiada por um passivo não oneroso (neste caso, 
fornecedores). 
Figura 2 – Prazo médio de compras 
| PMC – PMP – PMPF | 
Compra  Pagamento 
 
DATA 
 
É importante não esquecer que o estudo do prazo médio é iniciado com 
cálculos simples, mas o resultado só terá relevância se a empresa conseguir 
entender a essência dos dados obtidos e utilizar essas informações de forma 
benéfica para os seus interesses. Normalmente, o cálculo é utilizado de forma 
genérica, porém, dependendo do profissional que realiza o estudo, poderá existir 
 
 
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o viés por produto/fornecedor, enriquecendo os resultados. Observe um exemplo 
em nossa videoaula. 
TEMA 3 – PRAZO MÉDIO DE ESTOQUES 
Assim como o cálculo do prazo médio de compras, outros tipos de prazo 
são de extrema relevância para a manutenção da atividade empresarial. Neste 
momento, vamos discutir a respeito do prazo conhecido como PME, o prazo médio 
de estoques. 
Como o próprio nome diz, representa o período ou tempo médio em que os 
produtos ficam armazenados/estocados antes de serem comercializados. De uma 
forma simples, representa o tempo médio entre a compra e venda. 
𝑷𝑴𝑬 =
𝑬𝒔𝒕𝒐𝒒𝒖𝒆
𝑪𝒖𝒔𝒕𝒐 𝒅𝒐 𝑷𝒓𝒐𝒅𝒖𝒕𝒐 𝑽𝒆𝒏𝒅𝒊𝒅𝒐
× 𝒕 
Onde: 
 PME: Prazo médio de estoque; 
 Estoque: representa o estoque médio no período, ou seja, pode ser 
calculado pela média entre estoques inicial e final; 
 Custo do Produto Vendido: representa o custo das mercadorias vendidas 
no período desejado. 
𝑪𝑷𝑽 = 𝑬𝑰 + 𝑪𝑶 − 𝑬𝑭 
 t = refere-se aoperíodo de cálculo (Ex.: 360  anual) 
Figura 3 – Prazo médio de estoque 
 
 | PME | 
Entra no Estoque  Sai do Estoque 
 
DATA 
 
A análise do prazo médio de estoques pode variar muito conforme o tipo 
de produto, porém existe a tendência de que o valor não deva ultrapassar o 
período de um ano (justificado com base no exercício social). 
Embora não sendo vislumbrado pela grande maioria dos gestores, 
principalmente nas pequenas e médias empresas, esse indicador pode refletir 
diretamente uma falha no processo de gestão do capital. Altos valores 
 
 
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representam que o capital da empresa está parado (sem proporcionar ganhos) 
além do fato de que a política de manter estoques acima do necessário incrementa 
o risco de obsolescência ou perda. Observe um exemplo em nossa videoaula. 
TEMA 4 – PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO 
Figura 4 – Ciclo de operações 
 
Finalizando o ciclo entre compra, armazenagem e venda, temos o chamado 
prazo médio de recebimento (PMR). Na prática, o prazo médio de recebimento 
representa o tempo para o recebimento (financeiro), em média, das vendas 
realizadas, demonstrando o tempo entre o processo de venda e o recebimento 
efetivo. Note que o recebimento está diretamente relacionado ao regime de caixa. 
O impacto dessa transação normalmente é visto por meio das contas de 
disponibilidades, porém sua conta principal é Clientes. Quando realizada a 
operação de venda de produtos, os clientes desejam prazos para efetuar o 
pagamento, e o controle destes é imprescindível. Em alguns casos, podem refletir 
nas contas de curto e de longo prazo. 
Um fator interessante é que o controle desses recebimentos pode 
influenciar o Capital de Giro, pois a relação do prazo de recebimento impacta 
diretamente a disponibilidade de recursos. 
𝑷𝑴𝑹 =
𝐶𝑙𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎
× 𝑡 
Onde: 
 PMR = Prazo médio de recebimento; 
 Clientes = representa o montante a receber de clientes no período, ou seja, 
pode ser calculado pela média entre os valores da conta clientes (inicial e 
final); 
 Receita Operacional Bruta = representa o montante de vendas realizado; 
Compra
Estoque
Venda
 
 
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 t = refere-se ao período de cálculo (Ex.: 360  anual). 
Figura 5 – Prazo médio de recebimento 
 | PMR | 
Venda Recebimento 
 
DATA 
Observe um exemplo em nossa videoaula. 
TEMA 5 – GESTÃO DA INFORMAÇÃO DE PRAZOS 
Ao aplicar os conceitos de administração no processo de gestão da 
empresa, diversos segmentos dessa área de conhecimento são empregados e 
dependem de uma correta análise do profissional envolvido. Quando pensamos 
sobre a gestão dos prazos médios e buscamos informações a respeito de como 
realizá-los, acabamos por esbarrar em alguns conceitos. 
O conceito de Gerenciamento de Prazo normalmente está ligado ao 
PMBOK e possui referência nos “processos necessários para realizar o término 
do projeto no prazo estimado”. 
Quando o intuito se restringe apenas à administração da eficiência dos 
prazos médios e dos recursos, a função do gestor é de controle e apoio à tomada 
de decisão. Para facilitar o entendimento, veja a imagem a seguir: 
Figura 6 – Fatores envolvidos no gerenciamento de prazos 
 
 
Fonte: Adaptado de Loures Júnior, J. (2010). 
Inicialmente é preciso conhecer os processos internos e os pontos que 
realmente são considerados importantes. Neste caso, são identificados quatro 
momentos: Compra  Pagamento  Venda  Recebimento. 
 
 
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Conceitualmente, é importante entender cada um deles e sua relação nos 
estudo dos prazos. A imagem demonstra uma disposição sobre como ocorre o 
fluxo na grande maioria das empresas. 
O grande desafio das empresas, atualmente, é como conseguir reduzir o 
tempo entre a realização do pagamento aos fornecedores e o recebimento dos 
clientes. Essa situação começa a ser possível quando a negociação dos prazos 
proporciona isso. Ex.: O prazo de recebimento é menor que o prazo de pagamento 
aos fornecedores. 
FINALIZANDO 
Sempre relevante para a constituição do seu negócio, embora algumas 
empresas obtenham crescimento mesmo o desconsiderando, o conhecimento 
sobre o giro dos produtos é um fator de suma importância na gestão do capital. 
No momento em que a economia do país passa por altos e baixos, a capacidade 
de gerir os recursos e aproveitá-los nas opções com maior retorno e menor risco 
caminha lado a lado com fatores relevantes como custos, planejamento, entre 
outros. 
O início deste estudo tem base nos conceitos sobre os prazos médios, 
vistos nesta aula. Ele continua no conteúdo sobre Ciclometria, que será discutido 
na aula seguinte. 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-
financeiro. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
_____. _____. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 
_____. _____. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 
_____. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003. 
_____.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Atlas, 
2002. 
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 2. ed. Porto Alegre: 
Bookman, 2001. 
_____. _____. 10. ed. São Paulo: Pearson, 2004. 
LIMA, E. B. Capital de giro. Revista CADE, Rio de Janeiro, n. 7, S.d. Disponível 
em: 
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&cad
=rja&uact=8&ved=0ahUKEwicqvHD-
tLYAhWN8oMKHXEDBFEQFggwMAE&url=http%3A%2F%2Fwww.mackenzie.br
%2Ffileadmin%2FFMJRJ%2Fcoordenadoria_pesq%2FRevista_CADE%2FCADE
_7%2Fgiro.doc&usg=AOvVaw0AVgv31y9asPhr5S_tbwRz>. Acesso em: 12 jan. 
2018. 
PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de 
informação contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.