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Controle da Incidência Tributária IBET

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TRABALHO - REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA, OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E SUJEIÇÃO PASSIVA
Carlos Henrique Costa Tavares
1 – A norma não se confunde com a letra da lei. A norma, nas lições de Lourival Vilanova é uma estrutura lógica-sintática capaz de gerar significado. É a ideia dotada de significado cuja a formação se dá com a atuação do exegeta que ao interpretar a linguagem descritiva legal é capaz de chegar a uma estrutura mínima dotada de sentido. O professor Paulo de Barros Carvalho define a norma jurídica como sendo a expressão mínima e irredutível de manifestação do deôntico, com sentido completo. 
A regra-matriz de incidência tributária é um plexo normativo possuidor de um antecedente e um consequente, constituído por um descritor e um prescritor que possui critérios capazes de definir e identificar a ocorrência de um evento. No caso da regra-matriz de incidência tributária é possível identificar em seu antecedente os critérios materiais, espaciais e temporais da ocorrência do referido evento, enquanto que em seu consequente identifica-se os critérios pessoal e quantitativo. A regra-matriz da incidência tributária é a norma geral e abstrata que regula a incidência fiscal. 
A função do consequente normativo é a formação da relação jurídico-tributária cujo o objetivo é, partindo da existência da obrigação tributária, estabelecer, utilizando-se dos critérios pessoal e quantitativo, quem são os sujeitos desta relação jurídico-tributária, identificando o sujeito detentor do direito subjetivo que poderá exigir o cumprimento da obrigação tributária e quem é o sujeito possuidor do dever fiscal, ou seja, aquele que tem a obrigação de cumprir a obrigação. Além disso, o consequente identifica também, através do critério quantitativo, o objeto prestacional decorrente desta relação jurídico-tributária. 
2 – Obrigação tributária é a relação jurídica dotada de patrimonialidade que decorre da incidência tributária. Conforme estabelece o art. 113, do CTN, a obrigação tributária se divide em obrigação principal e acessória. A primeira decorre do fato gerador, constitui-se em pecúnia cujo objeto decorre do pagamento de um tributo ou de uma penalidade pecuniária, extinguindo-se com o creditamento (art. 113, §1§). Em relação a esta, o professor Paulo de Barros Carvalho tece uma crítica quanto a sua formação ter como objeto também as penalidade pecuniárias, uma vez que o próprio conceito de tributo dispõe que este não constituição sansão de ilícito. A segunda, por sua vez, decorre da legislação tributária e tem como objeto prestações positivas e negativas de interesse do fisco na fiscalização e arrecadação de tributos (art. 113, §2º). Quanto a esta a crítica é nominativa, uma vez que o professor Paulo de Barros prefere denomina-las de deveres instrumentais ou formais, tento em vista que não pode ser definida como uma obrigação em razão de não possuir a característica da patrimonialidade, bem como que também é indevida ser considerada como acessória, tendo em vista que a acessoriedade pressupõe o vínculo com algo que é principal e nas obrigações tributárias pode existir “obrigação acessória” e não existir obrigação principal, em razão de aquelas possuírem autonomia em relação a estas. 
A multa aplicada pelo não pagamento do tributo, também denominada de multa moratória não pode, em tese, ser caracterizada como obrigação tributária, uma vez que constituição sansão pelo não pagamento do tributo, ou seja, pelo não cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo. No entanto, em que pese o pensamento crítico, o art. 113, §1º, do CTN, estabelece pertencer à obrigação principal os valores pecuniários decorrentes da aplicação de penalidades pecuniárias, bem como as multas e penalidades aplicadas pelo descumprimento dos deveres instrumentais, os quais se convertem em obrigação principal (art. 113, §3º, do CTN).
3 – A sujeição passiva é formada pelo sujeito que possui o dever de cumprir a obrigação tributária e de quem o sujeito ativo tem o direito subjetivo de exigir o cumprimento da referida obrigação, podendo ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. 
O sujeito passivo pode ser contribuinte ou responsável. O contribuinte é aquele que possui relação direta e pessoal com a realização do fato gerador, ou seja, é aquele que pessoalmente realiza o fato gerado, que faz materializar a hipótese de incidência tributária. Por sua vez, o responsável é aquele que embora não realize o fato gerador acaba por integrar a relação jurídica em razão da própria disposição legal, ou seja, é aquele terceiro que é selecionado pela lei para cumprir a obrigação tributária. Note-se que alguns doutrinadores, como o professor Eduardo Sabbag, dispõe que o responsável também é aquele que possui um certo vínculo seja com a obrigação, seja com o contribuinte, que diante do grau deste vínculo acaba por figurar no polo passivo da relação jurídico-tributária, constituindo uma relação indireta com a obrigação ou o contribuinte. 
A responsabilidade por substituição resta configurada quando a lei atribui a responsabilidade tributária a um terceiro diverso do contribuinte cuja atribuição se dá desde a ocorrência do fato gerador, ou seja, diferentemente do que ocorre na responsabilidade por transferência, a qual se dá por fato superveniente à ocorrência do fato gerador, a lei atribui a responsabilidade por substituição ao terceiro (responsável) desde o momento em resta configurada a ocorrência do fato gerador. Tal responsabilidade por substituição pode se dar de duas formas, para frente(progressiva), convencional e para trás (regressiva). A convencional é exatamente a modalidade de substituição mencionada, a qual se diferencia das demais exatamente pelo fato de estar atrelada a apenas um evento e não à uma cadeia de eventos, como ocorre com as outras. Interessante contorno que se pode alinhavar em relação a todas as modalidade é que há uma alteração no polo passivo da relação jurídico-tributária, de forma que evidencia-se a ineficácia técnica do critério pessoal. A substituição para trás é enxergada quando há uma cadeia de eventos de incidência fiscal e a lei atribui aos responsáveis pelos eventos posteriores a responsabilidade pela ocorrência de eventos anteriores, ou seja, um evento que ocorreu anteriormente será de responsabilidade dos responsáveis tributários dos eventos posteriores, de forma que estes últimos respondem pelos eventos que ocorreram anteriormente na cadeia. O que ocorre é a postergação da incidência da obrigação tributária e do recolhimento do tributo para as fases posteriores. Por sua vez, na substituição para frente o legislador atribui a responsabilidade fiscal a um terceiro de evento de incidência presente a incidência de eventos futuros, os quais o legislador pressupõe a ocorrência, ou seja, há uma antecipação da incidência tributária relativa a eventos futuros, cujos dados para a formação do lançamento tributários estão dotados de previsibilidade. Finalmente, agente de retenção é aquele que retém uma parcela do tributo e posteriormente repassa tal parcela ao ente competente, como ocorre no imposto de renda retido na fonte. 
O responsável é sujeito passivo da relação jurídico-tributária, uma vez que tal relação abrange uma série de fatores, sejam eles relativos à obrigação principal, sejam eles relativos ao cumprimento de deveres instrumentais ou formais. 
4 – a) Sim, o fisco poderá exigir da empresa “A” os tributos relativos aos fatos geradores ocorrido antes da aquisição da empresa “B”, uma vez que a empresa “A” incorporou a empresa “B” e conforme estabelece o art. 132 do CTN no caso de incorporação de uma pessoa jurídica pela outra a incorporadora fica responsável pelos tributos relativos a fatos geradores anteriores à incorporação que pertenciam à empresa incorporada. O prazo para o fisco realizar o redirecionamento da execução fiscal é prescricional de 05 (cinco) anos. Se ainda não ocorreu a expedição da CDA poderá o fisco ao expedi-la já o fazer colocando a empresa “A” no polo passivo, uma vez que dianteda Súmula 392/STJ impede a modificação do sujeito passivo após sua expedição, autorizando tão somente a correção de erro material ou formal até a prolação da sentença de embargos. As convenções particulares não produzem efeitos perante o fisco, sendo que a presença de clausula de responsabilidade no contrato de compra e venda só possui relevância perante as partes, mas não perante o fisco, de forma que o fisco fará o lançamento do tributo em nome da empresa incorporadora, ainda que houvesse clausula de responsabilidade obrigando a empresa incorporada ao pagamento dos tributos, conforme estabelece o art. 123 do CTN. Ademais, sua relevância se restringe aos particulares, podendo estes, caso queiram, intentarem competente ação de regresso na ceara civil. 
b) O STJ através da edição da Súmula 554 pacificou o entendimento de que na hipótese de sucessão empresarial a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas, sejam elas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. Assim, as multas/penalidade constituídas após a operação de sucessão não se enquadram nessa modalidade de responsabilidade, tendo em vista que a responsabilidade pelo pagamento de multas moratórias ou punitivas estão restritas aos fatos geradores ocorridos até a data da sucessão e não posteriormente a ela. 
5 – a) A espécie de responsabilidade prevista no art. 135 do CTN é a responsabilidade de terceiro com atuação irregular. Tendo em vista que tal responsabilidade é voltada para a responsabilização pessoal daqueles que agirem com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos, poderá o fisco lançar o tributo em nome do contribuinte e ante a ação abusiva das figuras descritas no art. 135 do CTN poder ser superveniente a este lançamento, então sim, o fisco poderá lançar o tributo em relação a um e posteriormente cobrá-lo de outrem, no caso desta modalidade responsabilidade. 
b) Sim, a dissolução irregular da sociedade está apta a transferir a responsabilidade fiscal da sociedade para o sócio-gerente quando este não cumpre com as obrigações atinentes a modificação do domicílio fiscal, conforme estabelece a súmula 435/STJ; Em relação a qual sócio deve recair a responsabilidade a corte superior entende que não importa o momento da ocorrência dos fatos geradores dos débitos fiscais da sociedade, mas sim o momento em que ocorreu a dissolução irregular da sociedade, ou seja, a responsabilidade irá recair sobre o sócio-gerente que ocupava tal cargo na pessoa jurídica no momento de sua dissolução irregular, podendo neste caso tal responsabilidade abranger, inclusive créditos tributários cujos fatos geradores são anteriores ao ingresso do sócio na sociedade, desde que ele seja o sócio-gerente no momento da dissolução irregular.
c) Não, o mero inadimplemento dos créditos fiscais não transfere a responsabilidade destes para o sócio-gerente, tampouco atribui a ele responsabilidade solidária para tanto, conforme estabelece a súmula 430/STJ.
6 – a) O grupo econômico é a formação de duas ou mais empresas que possuam os mesmos interesses ou interesses aproximados. A aplicação da desconsideração da personalidade jurídica descrita no art. 50 do CC/02 só produz reflexos no meio tributário quando comprovados por meio de provas que houve abuso da personalidade jurídica do grupo econômico, ou seja, quando demonstrado que houve desvio de finalidade ou confusão patrimonial. A desconsideração da personalidade jurídica pode sim ser aplicada no direito tributário em relação a um grupo econômico, podendo inclusive desconsiderar a personalidade jurídica de uma das pessoas jurídicas do grupo para alcançar outra pessoa jurídica também pertencente ao grupo. Não há disposições legais específicas acerca dos grupos econômicos, sendo que sua caracterização e atribuição de responsabilidades encontra respaldo na legislação previdenciária (art. 30, da Lei nº 8.212/1991) e na legislação tributária (art. 124 do CTN). Para efeitos tributários a caracterização de um grupo econômico implica no reconhecimento da responsabilidade solidária, uma vez que ocorre tal caracterização em relação a empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico; a confusão patrimonial apta a ensejar a responsabilidade solidária na forma prevista no art. 124 do CTN, administradas pelos mesmos diretores, estando submetidas a um mesmo poder de controle, o que evidencia a existência de grupo econômico de fato.
b) A matéria a ser alegada pela defesa no incidente de desconsideração da personalidade jurídica é atinente à legitimidade ou não da inclusão no polo passivo da execução fiscal, uma vez que a inexigibilidade da cobrança do crédito tributário a matéria atinente à ação própria o quando for o caso em embargos à execução fiscal. 
7 – a) Observando a hipótese legal, o critério pessoal do consequente do RMIT coloca o município de São Paulo no polo ativo da relação jurídico tributária e o proprietário do imóvel urbano como sujeito passivo, fazendo a ressalva de que caso o imóvel seja alugado, o locatário será o responsável pelo pagamento do tributo, sendo que, caso haja compra e venda do imóvel antes do prazo para o pagamento, o recolhimento do tributo fica a cargo do adiquirente. Por sua vez, no critério quantitativo, a base de cálculo do tributo instituído pela Lei nº 5.151/2015 é o valor venal do imóvel, sendo aplicado a este valor uma alíquota de 0,1%. 
b) A base de cálculo possui diversas funções, sendo ela ponto de referência quantitativo para incidência da alíquota a fim de mensurar/quantificar/apurar o valor do tributo; muito embora o CTN descreva o fato gerador como o ponto determinante da natureza jurídica do tributo, a base de cálculo também pode determinar tal natureza jurídica. No caso proposto, a base de cálculo eleita não é compatível com a hipótese tributária, uma vez que fere a cláusula constitucional descrita no art. 145, §2º, uma vez que as taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos, que no caso, por eleger o valor venal do imóvel urbano, acaba por igualar a base de cálculo da taxa com a base de cálculo do IPTU. Em relação ao último questionamento, não deve prevalecer nem o enunciado da hipótese tributária, nem o enunciado da base de cálculo. Este último não pode prevalecer tendo em vista a violação da cláusula constitucional, como explicado anteriormente. Já o enunciado da hipótese tributária não poderá prevalecer tendo em vista que a natureza jurídica do tributo não está condicionada à denominação que é dada ao tributo, tampouco a outras características formais adotadas em lei, conforme dispõe o art. 4º, inciso II, do CTN.

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