Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANÁLISE DA CONJECTURA DE GOLDBACH-EULLER: EXPERIMENTAR, CONJECTURAR, FORMULAR HIPÓTESE E GENERALIZAR A IDEIA PEREIRA, Marcelo Rodrigues1 RESUMO A conjectura de Goldbach-Euler desde 1742 tem causado inquietude no mundo da matemática. O que mais causa popularidade da conjectura de Goldbach-Euler, se falar na sua fácil compreensão, o que leva a muitos curiosos a tentar prová-la ou refutá-la. Nesta pesquisa não temos a intenção de provar ou menos refutar conjectura de Goldbach-Euler, buscamos compreender melhor os conceitos/elementos que a envolvem, como: os números naturais, inteiros, pares, ímpares, compostos e primos, as operações de adição e multiplicação, o Teorema Fundamental da Aritmética e finalizamos, propondo a experimentação, a conjectura, a formulação de hipóteses e expandindo a ideia de generalizar a conjectura de Goldbach-Euler por meio do pensamento algébrico. Palavras-chave: Números. Paridade. Primaridade. Conjectura. INTRODUÇÃO De acordo com EVES (2011), no ano 1742, Christian Goldbach (1690-1764) escreveu um carta a Leonhard Euler (1707-1783) onde havia observado que todo número par, exceto 2, parecia ser exprimível como soma de dois primos. No momento atual, passado quase três séculos a conjectura de Goldbach- Euler continua em aberto; i.e., nem provada e nem refutada. Embora ocorressem avanços matemáticos científicos neste período. O que chama bastante atenção nesta conjectura seria devido a sua fácil compreensão, por estudantes da educação básica e, por desenvolver conteúdos matemáticos, tais como: conjunto numérico dos naturais, números compostos, números primos, números pares, números ímpares, operação aditiva: soma de parcelas pares resulta em número par, operação multiplicativa: conceito primitivo de soma de parcelas que se repetem e Teorema Fundamental da Aritmética: 1 Aluno do Pós-graduação em Docência Superior de Matemática da União das Faculdades Alfredo Nasser UNIFAN. Relatório apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso - 2018/2. qualquer número composto pode ser decomposto em fatores. Assim pode – se propor estudos bastante significativos aos discentes de nível superior, de modo a experimentar, a conjecturar, a formular hipóteses e a por fim a generalização de um modelo bastante razoável da conjectura de Goldbach-Euler. FUNDAMENTAÇÃO 1. INTRODUÇÃO A TEORIA DOS NÚMEROS NATURAIS Inicia-se o estudo dos números naturais a partir da definição deste conjunto. De acordo com HEFEZ (2005, p.2) o conjunto dos números naturais ℕ = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ...} tem as seguintes propriedades: Adição Multiplicação Fechado A + B = C, com A, B e C ∈ ℕ A x B = D com A, B e D ∈ ℕ Associatividade A + (B + C) = (A + B) + C A x (B x C) = (A x B) x C Comutatividade A + B = B + A A x B = B x A Existência de elementos neutros A + 0 = A A x 1 = A Distributividade A x (B + C) = (A x B) + (A x C) Nenhum divisor de zero Se A x B = 0, então A = 0 ou B = 0 1.1 A CLASSIFICAÇÃO DOS NÚMEROS NATURAIS Conforme HEFEZ (2005, p.37), os números naturais são classificados são como pares ou ímpares. Assim defini-se os números naturais pares e ímpares: Dado um número natural N qualquer, chama-se par o número escrito na forma N = 2k ou chama-se ímpar o número escrito na forma N = 2k + 1 para qualquer número natural k. 1.2 OPERAÇÃO ADITIVA COM NÚMEROS NATURAIS De acordo com HEFEZ (2005, p.37) se A e B são números naturais, ambos pares ou ambos ímpares, na operação aditiva, o resultado será um número C par. Demonstração: Seja A = 2k (par) e B = 2k (par), para ∀ k ∈ ℕ, assim A + B = C → 2k + 2k = 4k = 2(2k) = 2K = C (par) ou Seja A = 2k + 1 (ímpar) e B = 2k + 1 (ímpar), para ∀ k ∈ ℕ, assim A + B = C → 2k + 1 + 2k + 1 = 4k + 2= 2(2k + 1) = 2K = C (par) □ Como consequência obtem-se com operação aditiva de parcelas sendo uma par e a outra ímpar, na importa a ordem, pois sabemos que adição é comutativa, resulta em um número ímpar. 1.3 OPERAÇÃO MULTIPLICATIVA COM NÚMEROS NATURAIS A ideia mais primitiva que temos da operação de multiplicação seria como soma de parcelas que se repetem como bem destaca FISCHBEIN et al. (1985). Demonstração: Seja p um número natural par. Ao decompor o número p em fatores primos, obte-se . 2. INTRODUÇÃO A TEORIA DOS NÚMEROS PRIMOS O estudo sobre os números primos são de extrema importância para a Matemática devido associação a problemas famosos tais como a Hipótese de Riemann e, a Conjectura de Goldbach-Euler objeto desta análise. 2.1. DEFINIÇÃO DOS NÚMEROS PRIMOS Para HEFEZ (2005, p.82) um número natural maior do que 1 e que só é divisível por si próprio é chamado de número primo. Euclides de Alexandria que viveu no século III a.C, em sua obra, Os elementos, livro IX mostra-nos a infinitude dos números primos. Demonstração: Suponha que exista apenas um número finito de números primos p1, p2, p3, ..., pr. Considere o número natural n = p1p2p3...pr + 1. Pelo Teorema Fundamental da Aritmética que discorre a seguinte redação: Todo número maior do que 1 ou é primo ou se escreve de modo único (a menos da ordem dos fatores) como produtos de números primos. Assim, o número n possui um fator primo p que, portanto, deve ser um dos p1, p2, p3, ..., pr e consequentemente, divide o produto p1, p2, p3, ..., pr. Mas isto implica que p divide 1, o que é absurdo. Método indireta ou reductio ad absurdum. □ Logo diante do exposto quanto a infinitude dos números primos podemos pelo método Crivo de Eratóstenes determinar todos os números primos até uma dada ordem. Escreva a sequência de números naturais de 2 a 120, pois por definição o número 1 não é primo. Risca-se, de modo sistemático, todos os números múltiplos de 2 acima de 2, pois são números compostos. Depois, risca-se todos os números múltiplos de 3 acima de 3, pois são números compostos. Depois, risca-se todos os números múltiplos de 5 acima de 5, pois são números compostos. Depois, risca-se todos os números múltiplos de 7 acima de 7, pois são números compostos. Ainda não é necessário repetir o procedimento até 120. De acordo com HEFEZ (2005, p.89) existe um lema que diz: Se um número natural n > 1 não é divisível por nenhum número primo p, tal que p² ≤ n, então ele é primo, em outras palavras, o lema que dado um número primo n, basta verificar que não é divisível por nenhum primo p que supere a raiz de n. Portanto os nossos primeiros 120 números primos são: 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109 e 113. 2.2. TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITMÉTICA No Teorema Fundamental da Aritmética, demonstrado por Carl Friedrich Gauss (1777 – 1855) afirma-se que, todo número natural maior do que 1 ou é primo ou se escreve de modo único (a menos da ordem dos fatores) como produto de números primos. Demonstração: Segundo a forma do Princípio da Indução. Se n = 2, o resultado é obviamente verificado. Suponha-se o resultado válido para todo número natural menor do que n e prova-se que vale por n. Se o número n é primo, nada temos a demonstrar. Suponha-se, então, que n seja composto. Logo, existem números naturais n1 e n2 tais que n = n1.n2, com 1 < n1 < n e 1 < n2 < n. Pela hipótese de indução, temos que existem números primos p1, p2, p3, ....pr e q1, q2, q3, ...qs tais n1 = p1...pr e n2 = q1...qs. Portanto, n = p1...prq1...qs. Ainda, prova-se a unicidade da escrita. Suponha, que n = p1...pr = q1...qs, onde os pi e os qj são os números primos. Como p1|q1...qs, pelo corolário que diz: Se p, p1, ...pn são primos e, se p | p1 ... pn, então p = pi para qualquer i = 1,...,n. Temos que p1 = qj para qualquer j, que, após reordenamento de q1,..., qs, podemos supor que seja q1. Portanto, p2...pr =q2...qs. Como p2...pr < n, a hipótese de indução acarreta que r = s e os pi e qj são iguais aos pares. □ O autor HEFEZ (2005, p.84) discorre que a demonstração não explicita o enunciado em sua totalidade uma vez que esta essencialmente contido na obra Os Elementos de Euclides sendo consequência quase que imediata das proposição. 3. BREVE RELATO DA CONJECTURA DE GOLDBACH-EULER EVES (2011) discorre que, em ano 1742, Christian Goldbach (1690-1764) escreveu um carta a Leonhard Euler (1707-1783) onde, havia observado que todo número par, exceto 2, parecia ser exprimível como soma de dois primos. Tanto Euler (1707-1783) quanto Goldbach (1690 – 1764) formularam a conjectura sem conseguir demonstra-la ou refutá-la. Na atual conjuntura, passado quase três séculos a conjectura de Goldbach- Euler continua em aberto; i.e., nem provada e nem refutada. Embora ocorressem avanços matemáticos científicos neste período. Estar a conjectura de Goldbach- Euler trata-se de algo bastante rico uma vez que com este simploro enunciado pode-se esturar várias conteúdos desde da educação mais elementar a muita avançada na componente curricular da matemática. 4. EXPERIMENTAR, CONJECTURAR, FORMULAR HIPÓTESE E GENERALIZAR A IDEIA De acordo com RUSSEL (2016), que define números como uma coleção. Pode-se chamar de p um número par qualquer. Ainda, de acordo com BURTON (2005), pelo Teorema Fundamental da Aritmética, podemos escrever qualquer número como fatores de números primos. Logo temos q e r são os fatores primos do número p. Para concluir, o número par p pode ser escrito como p = q . r. Para FISCHBEIN et al. (1985) a multiplicação na forma mais primitiva seria a soma de parcelas que se repetem. Portanto, podemos reescrever o número p como p = q + q + q + ... + q + q + q, i.e., as parcelas q aparecerá r vezes. Vale à recíproca. Agora propomos as seguintes particularidades. . . . Diante do modelo citado, apresenta-se uma construção aritmética que aos poucos vai se tornando algébrica, desenvolvendo o processo de pensamento algébrico “teórico” – que exige sobretudo ações mentais de observação, reflexão e generalização. Nesse aspecto concordamos com PANOSSIAN (2014) que aponta- nos a função do ensino, dizendo que o desenvolvimento do pensamento teórico, ocorre a partir de processos de pensamento, da abstração, da generalização e a da formação de conceitos. Na organização do trabalho pedagógico que utiliza-se da conjectura de Goldbach-Euler para promoção da generalização do pensamento aritmético para o pensamento algébrico. METODOLOGIA O presente resumo é fruto de uma pesquisa bibliográfica realizada majoritariamente em livros e alguns poucos artigos publicados em revistas tanto das áreas de educação quanto da área da matemática, sendo um recorte de uma pesquisa maior, ainda em andamento de um artigo para defesa de final de curso em pós-graduação em Docência Superior em Matemática. CONSIDERAÇÕES FINAIS Na pesquisa realizada até o presente momento pode-se compreender os números como uma coleção, os números inteiros como conjunto simétrico ao conjunto dos números naturais. Ainda, define-se os números em: compostos, ímpares, pares e primos. Relembra-se o Teorema Fundamental da Aritmética e por fim, elenca-se a tétrade: experimentar/conjecturar, formalizar a hipótese e generalizar a ideia, onde mostra-se que todo o número par pode ser escrito como soma de parcelas de números primos, promovendo o pensamento teórico algébrico que outrora partiu de observações aritméticas. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 8.069, 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Ret. 27 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm . Acesso em 30 jul. 2018. EVES, Howard. Introdução à história da Matemática. Tradução Hygino H. Domingues. 5ª edição. Campinas, SP. Editora Unicamp. 2011. FISCHBEIN, Efraim. et al. The role of implicit models in solving verbal problems in multiplication and division. Vol. 16. Nº 1. Journal for Research in Mathematics Education. 1985. HEFEZ, Abramo. Elementos de Aritmética. Coleção Textos Universitários. 1ª edição. Rio de Janeiro, RJ. SBM, 2005. PATERLINI, Roberto Ribeiro. Aritmética dos números inteiros: um texto para licenciados e professores de matemática. 2ª edição. São Carlos, SP. UFSCar, 2017. PANOSSIAN, Maria Lucia. O movimento histórico e lógico dos conceitos algébricos como princípio para a construção do objeto de ensino da álgebra. 317 p. Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Educação. Ensino de Ciências e Matemática. Faculdade de Educação de São Paulo. São Paulo. 2014. RUSSEL, Bertrand. Introdução à Filosofia Matemática. Edição e Tradução de Augusto J. Franco de Oliveira. 1ª edição. Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência da Universidade de Évora. 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm
Compartilhar