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Aula 6_20171117-1517

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TEORIA GERAL DO PROCESSO
Professor: MSc. Pedro Henrique Arazine Godoy de Carvalho Costandrade
6 As Fontes da Lei Processual 
Fontes do Direito são meios de produção das normas jurídicas.
As fontes típicas do Direito são: a lei, os costumes, o negócio jurídico e a jurisprudência. 
As fontes abstratas, também chamadas de supletivas, do Direito Processual são as mesmas fontes do direito: a lei, o costume, o negócio jurídico e a jurisprudência.
Alguns doutrinadores dividem as fontes Supletivas em Indiretas (costume, jurisprudência e princípios gerais do direito) e em Secundárias (direito Histórico, direito estrangeiro e doutrina).
6 As Fontes da Lei Processual 
A lei, como fonte do Direito Processual, tem na Constituição Federal sua maior expressão.
A Constituição Federal cria normas de Direito Processual de três tipos, a saber: 
i) princípios e garantia processuais; 
ii) normas de jurisdição constitucional das liberdades; 
iii) normas de organização judiciária.
6 As Fontes da Lei Processual 
As Constituições Estaduais também são fontes do Direito Processual, pois organizam nos estados os tribunais, organizam as comarcas, atribuem competências especializadas e dão outras providências que estão dentro das atribuições que lhes são reservadas.
As leis complementares também são fontes da norma processual.
Da mesma forma há possibilidade de a lei ordinária, bem como a delegada também criarem norma processual.
Não se permite a criação de norma processual por Medida Provisória:
6 As Fontes da Lei Processual 
CF, Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a: 
[...]
b) direito penal, processual penal e processual civil [...].
Ainda em relação à lei como fonte da norma processual, podemos citar as convenções e os tratados dos quais o Brasil seja signatário; 
Os regimentos internos dos Tribunais também são fonte da norma processual.
6 As Fontes da Lei Processual 
Como regra, apenas a União pode criar leis processuais:
CF, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho [...].
No entanto, quando o assunto for criação e funcionamento dos juizados, e procedimentos em matéria processual, a competência é concorrente:
CF, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual [...].
6 As Fontes da Lei Processual 
Por outro lado, a jurisprudência pode ser fonte da norma processual.
É possível que a atuação reiterada dos tribunais crie norma de Direito Processual. 
A jurisprudência é a aplicação de decisões reiteradas dos tribunais em matéria processual. Também são exemplos as Súmulas e as Orientações Jurisprudenciais.
Os costumes são regras sociais que de tanto serem aplicadas criam a convicção de que tais regras são obrigatórias. 
6 As Fontes da Lei Processual 
Princípios Gerais dos Direito são enunciados de valor genérico que em geral foram trazidos desde o Direito Romano. 
Outra fonte particularmente interessante são os chamados negócios jurídicos processuais.
CPC, Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
6 As Fontes da Lei Processual 
CPC, Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
Na vigência do Código anterior, as partes apenas podiam transigir sobre prazos dilatórios, mas não sobre os peremptórios.
Agora, as partes podem transigir sobre o procedimento como um todo, o que pode tornar mais célere o processo.
6 As Fontes da Lei Processual 
Há doutrinadores que ainda citam como fonte abstrata da lei processual o Direito Histórico, o Direito estrangeiro e a doutrina. 
Por sua vez, as fontes concretas são as manifestações das fontes abstratas: 
i) normas de superdireito (normas que normatizam normas): dizem respeito às próprias fontes formais das normas processuais (LINDB e a CF); 
ii) normas relativas à criação, organização e funcionamento do Judiciário; 
iii) normas referentes aos direitos e garantias processuais; 
iv) normas sobre remédios processuais específicos. 
7 Interpretação da lei processual e Integração do direito processual 
Interpretação da lei é a atividade de determinar o seu significado e fixar o seu alcance. 
A atividade de interpretar é composta de várias etapas e perspectivas, e ao somatório dessa análise para a obtenção de uma interpretação completa, dá-se o nome de método de interpretação. 
Entre os métodos encontrados na doutrina, destacam-se:
7 Interpretação da lei processual e Integração do direito processual 
i) Método gramatical ou filosófico: analisa cada palavra que compõe a lei, individualmente e em conjunto com as demais palavras; 
ii) Método lógico-sistemático: leva em conta o ordenamento no qual a lei está inserida, a relação dessa lei com as demais leis que integram esse mesmo ordenamento jurídico, bem como os princípios que informam esse ordenamento; 
iii) Método Histórico: leva em consideração os aspectos históricos que definiram a existência daquela lei, como as dificuldades e os anseios da sociedade que conduziram à criação de tal norma. 
iv) Método comparativo: considera a existência de outros ordenamentos que em seus Estados têm a mesma finalidade da lei analisada; 
7 Interpretação da lei processual e Integração do direito processual 
A análise feita em todas essas etapas, utilizando-se todos os métodos de interpretação, considerando que a lei tem um objetivo (finalidade) e um valor, oferecerá um resultado - a completa interpretação da lei. Esse resultado pode ser declarativo, extensivo, restritivo ou ab-rogante:
i) Interpretação Declarativa: atribui à lei o exato sentido contido nas palavras que a compõem; 
ii) Interpretação extensiva: amplia o alcance a lei para além dos casos nela expressos; 
iii) Interpretação restritiva: diminui o alcance da lei para aquém dos casos nela expressos, contidos na literalidade da lei; 
7 Interpretação da lei processual e Integração do direito processual 
iv) Interpretação ab-rogante: indica a inaplicabilidade da lei diante do conflito inafastável entre ela e outro preceito legal, ou entre ela e um princípio geral do ordenamento jurídico.
7.1 Interpretação e integração
Existe uma ficção jurídica pela qual o ordenamento jurídico não possui lacunas, afinal, ao juiz não é dado deixar de decidir um caso posto sob seu crivo.
No entanto, existem casos que, na prática, não encontram uma solução pronta no ordenamento, pois o legislador, nem que desejasse, seria capaz de prever cada situação da vida em sociedade.
Assim, o intérprete deve preencher as lacunas da lei, modificando sua abrangênciapor meio de pesquisas e formulação de regras jurídicas pertinentes à situação concreta não prevista.
Essa atividade recebe o nome de integração. 
7.1 Interpretação e integração
CPC, Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
 
O preenchimento das lacunas se dá por meio de analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito:
i) Analogia: o método analógico tem como base a coerência. Esse método visa levar soluções semelhantes para situações semelhantes. O que se busca é alcançar a intenção do legislador;
ii) Costumes: tratam-se de comportamentos reiterados dos quais se pode extrais normas. Quando o costume não é previsto pela lei nem por ela proibido, pode ser utilizado enquanto mecanismo de preenchimento da lacuna, permitindo ao juiz redigir uma sentença em conformidade com ele;
7.1 Interpretação e integração
iii) Princípios Gerais de Direito: se mesmo após o uso da analogia ainda não se obtiver um resultado positivo, o interprete deverá utilizar-se dos princípios gerais de direito, inicialmente os atinentes ao ramo do direito especificamente. É um trabalho longo que parte dos princípios específicos dos ramos, até os princípios gerais do direito do próprio ordenamento, os que lhe informam ou ainda lhes são anteriores. 
A interpretação da lei processual deverá sempre levar em conta as finalidades do processo e seu caráter sistêmico.
8 A Lei Processual no tempo e conflitos no tempo
Estando as normas processuais limitadas também no tempo como as normas jurídicas em geral, são como a seguir as regras que compõem o direito processual intertemporal: 
As leis processuais brasileiras estão sujeitas às normas relativas à eficácia temporal das leis, constantes da Lei de Introdução ao Direito Brasileiro. 
Dada a sucessão de leis no tempo, incidindo sobre situações idênticas, surge o problema de estabelecer qual das leis - se a anterior ou a posterior - deve regular uma determinada situação concreta. 
8 A Lei Processual no tempo e conflitos no tempo
Lei Nova: 
Não se encontram problemas com relação aos processos findos, onde a lei é irretroativa, como também aos processos a serem iniciados. 
A questão coloca-se, pois, apenas no tocante aos processos em curso por ocasião do início de vigência da lei nova. 
Diante do problema, três diferentes sistemas poderiam hipoteticamente ter aplicação: 
8 A Lei Processual no tempo e conflitos no tempo
i) sistema da unidade processual: o processo é um todo indivisível; 
ii) sistema das fases processuais: distinguem-se fases processuais autônomas, cada uma suscetível de per si, de ser disciplinada por uma lei diferente; 
iii) sistema do isolamento dos atos processuais: cada ato do processo é considerado unidade, onde a lei nova não atinge os atos processuais já praticados.

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