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143 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Unidade III 5 SINARTROSES E ANFIATROSES Ao notar uma manobra de um esquiador estilo livre em uma montanha, ou um jogador driblando e deixando os defensores para trás, se está observando as articulações em ação. Os músculos puxam os ossos para movê‑los, entretanto, o movimento não seria possível sem as articulações entre os ossos. O local onde dois ou mais ossos se encontram, existindo ou não movimento entre eles, é chamado de articulações ou junturas. Figura 148 – Esquiador Figura 149 – Drible no futebol Ainda que sempre reflitamos sobre as articulações como móveis, esse nem sempre é o caso. Muitas possibilitam apenas movimentos limitados e outras não consentem nenhum tipo de movimento aparente. A estrutura de uma determinada articulação está diretamente relacionada com o seu grau de movimento. As articulações móveis são locais do corpo onde os ossos se movimentam em contato próximo um com o outro. Ao trabalhar com máquinas, compreendemos que as peças que fazem contato entre si demandam maior conservação. Contudo, em nossos corpos, damos pouca importância às articulações móveis até que patologias ou danos tornem a mobilidade muito precária. Se a mobilidade for limitada, 144 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III mesmo em uma articulação altamente móvel, a qualquer instante uma articulação móvel pode ser transformada em uma articulação imóvel. Os três tipos principais de articulações podem ser subdivididos em sinartroses, anfiartroses e diartroses. As partes ósseas das sinartroses são conectadas por um tecido de preenchimento. Nas sinartroses encontram‑se as articulações fibrosas, cuja conexão óssea é constituída por tecido conjuntivo. Já nas anfiartroses encontram‑se as articulações cartilagíneas, cuja conexão óssea é composta por cartilagem. As diartroses se caracterizam pela presença de uma cavidade articular entre os ossos articulados, preenchida por líquido sinovial ou sinóvia. As articulações fibrosas e cartilagíneas são estabelecidas pela continuidade dos ossos articulantes por meio do tecido interposto. As articulações sinoviais se fazem por contiguidade. 5.1 Articulações fibrosas Nas articulações fibrosas os ossos são conectados entre si por fibras de tecido conjuntivo, e desse modo é possível muito pouco movimento. Consideram‑se os seguintes tipos de articulações fibrosas: suturas, sindesmoses, gonfoses e esquindileses. 5.1.1 Suturas Nas suturas existe um pequeno afastamento entre os ossos e, consequentemente, uma pequena quantidade de tecido conjuntivo interposto. As suturas da calota craniana são exemplos desse tipo de articulação. A morfologia dessas suturas diferem entre si, são elas: sutura serrátil, sutura escamosa e sutura plana. Sutura sagital Figura 150 – Vista superior do crânio 145 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Sutura escamosa Figura 151 – Vista lateral do crânio Sutura palatina mediana Figura 152 – Palato duro (vista inferior) Na sutura serrátil as margens apresentam dentículos que se engrenam de forma simples inicialmente, mas posteriormente pode apresentar a extremidade mais dilatada que a base, o que impede o afastamento dos ossos. A sutura escamosa apresenta as margens ósseas cortadas em bisel, às custas das faces opostas dos ossos. Já na sutura plana as margens ósseas são planas e lisas. 146 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III 5.1.2 Sindesmoses Essas articulações fibrosas ocorrem quando o afastamento entre os ossos é grande e há consequentemente grande quantidade de tecido conjuntivo interposto. Os dois ossos vizinhos são conectados por fibras colágenas de tecido conjuntivo, como, por exemplo, a membrana interóssea do antebraço, entre os ossos rádio e ulna; ou a sindesmose tibiofibular, conforme ilustram as figuras a seguir; a membrana interóssea da perna, entre os ossos: tíbia e fíbula; ou por fibras elásticas de tecido conjuntivo, como, por exemplo, nos ligamentos amarelos entre os arcos de vértebras vizinhas. Membrana interóssea Figura 153 – Sindesmose Sindesmose tibiofibular Figura 154 – Sindesmose 5.1.3 Gonfoses Nas gonfoses temos a união das raízes de um dente com as paredes dos alvéolos dentários. As fibras colágenas de tecido conjuntivo conectam o periósteo do osso alveolar ao periodonto. 147 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Articulação dentoalveolar (gonfose) Figura 155 – Corte vestibulolingual do primeiro molar inferior e da mandíbula 5.1.4 Esquindilese As esquindileses ocorrem quando a margem óssea aguda é inserida em uma fenda, como, por exemplo, do corpo do esfenoide que se aloja em uma superfície em forma de fenda entre as asas do osso vômer. Esquindilese esfenovomeral Figura 156 – Vista inferior do crânio 148 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III Nas articulações fibrosas, o movimento entre os ossos é reduzido. Elas podem ser classificadas em: suturas, sindesmoses, gonfoses e esquindileses. 5.2 Articulações cartilagíneas As articulações cartilagíneas conectam dois ossos por meio de cartilagem hialina ou fibrosa. Podem ser divididas em dois tipos: primária e secundária. Uma articulação primária, como acontece nas sincondroses, é aquela na qual os ossos são unidos por uma lâmina ou barra de cartilagem hialina. Desse modo, a união entre a epífise e a diáfise de um osso em crescimento e a que ocorre entre a costela I e o manúbrio do esterno são exemplos de tal articulação. Na região da base do crânio localiza‑se a sincondrose esfenoccipital, conforme ilustra a figura a seguir. Nela nenhum movimento é possível. Uma articulação cartilagínea secundária é aquela na qual os ossos são unidos por uma lâmina de fibrocartilagem e as faces articulares dos ossos são cobertas por uma fina lâmina de cartilagem hialina. Esse tipo encontra‑se na sínfise púbica, entre os ossos do quadril, e nos discos intervertebrais, entre os corpos das vértebras. Nela uma pequena quantidade de movimento é possível. Sutura incisiva Sincondrose esfenocciptal Figura 157 – Vista inferior de um crânio infantil 149 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Sínfise púbica (a cartilagem foi removida) Figura 158 – Vista anterior da pelve óssea Sínfise intervertebral Figura 159 – Corte sagital paramediano da cabeça e do pescoço (vista medial) Algumas articulações cartilagíneas possibilitam pequenos movimentos entre os ossos. Elas são classificadas em dois tipos: sincondroses e sínfises. 6 DIARTROSES As articulações sinoviais, ou também chamadas de diartroses, têm grande mobilidade e possuem diversas estruturas anatômicas essenciais. Nelas as as terminações ósseas articulares são recobertas por cartilagem hialina, de maneira a compor uma superfície lisa, o que leva a uma diminuição máxima do atrito, chamadas de superfícies articulares. 150 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III Suas superfícies articulares podem ser convexas, ou seja, esse formato de corpo articular é chamado de cabeça articular; ou côncavas, nesse caso, diz‑se um acetábulo. O acetábulo pode estar elevado em tamanho em virtude de uma protuberância de suas margens, por meio do lábio glenoidal, como, por exemplo, as articulações do ombro e do quadril. A incongruência de algumas superfícies articulares é contrabalançada por discos ou meniscos. Lembrete A cartilagem articular, formada por tecido conjuntivo, consiste em uma camada protetora de 1 a 5 milímetros de espessuradesse material que reveste as extremidades dos ossos, que se articulam nas articulações sinoviais. Durante o crescimento normal, a cartilagem articular em uma articulação sinovial, como o joelho, aumenta em volume conforme a criança vai ficando mais alta. A segunda estrutura anatômica que encontraremos nas articulações sinoviais é a cápsula articular. Ela forma um folheto de tecido conjuntivo em torno da articulação, isolando‑a de modo hermético. A cápsula articular encontra‑se presa aos dois ossos articulares, em geral, na margem das superfícies articulares recobertas por cartilagem. Ela é formada por uma camada interna e outra externa. A camada interna de uma cápsula interna é a terceira característica anatômica, que define a articulação sinovial, pois é formada de uma membrana sinovial que produz e aprisiona o líquido sinovial dentro da cavidade articular. A membrana sinovial é altamente vascularizada e transporta muitas das trocas fisiológicas necessárias para manter as superfícies articulares em funcionamento. Assim, a quarta estrutura anatômica que encontraremos nas articulações sinoviais é a cavidade articular. Ela, na realidade, não existe como uma cavidade, uma vez que entre as duas partes articuladas há apenas uma fenda capilar em razão da pressão negativa existente ou da tração dos músculos que passam sobre a articulação. A quinta estrutura anatômica que compõe as articulações sinoviais é o líquido sinovial ou sinóvia. Ele é um líquido viscoso, claro ou amarelo‑claro, assim chamado por sua semelhança em aspecto e consistência com a clara do ovo. Como visto anteriormente, o líquido sinovial é secretado por células sinoviais na membrana sinovial e líquido intersticial filtrado do plasma sanguíneo. O líquido sinovial tem três papéis principais: • Fornecer lubrificação: a fina camada de líquido sinovial que reveste a face interna da cápsula articular e as faces expostas das cartilagens articulares oferece lubrificação e diminui o atrito. Isso é alcançado pelo ácido hialurônico e pela lubricina do líquido sinovial, que diminuem o atrito entre as superfícies das cartilagens articulares em uma articulação sinovial até cerca de um quinto daquele visto entre dois pedaços de gelo. 151 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR • Nutrir os condrócitos: a quantidade total de líquido sinovial em uma articulação é normalmente inferior a 3 mililitros, mesmo em uma articulação grande como, por exemplo, a do joelho. Esse volume relativamente pequeno de líquido deve circular para oferecer nutrientes e uma via de rejeite de resíduos para os condrócitos das cartilagens articulares. A circulação do líquido sinovial é estimulada pelo movimento articular, que também traz ciclos de compressão e expansão nas cartilagens articulares contrárias. À compressão, o líquido sinovial é forçado para fora das cartilagens articulares; à reexpansão, o líquido sinovial é trazido de volta para as mesmas cartilagens. Esse fluxo de líquido sinovial para fora e para dentro das cartilagens articulares provê nutrição para seus condrócitos. • Agir como amortecedor de impactos: o líquido sinovial amortece os impactos nas articulações sujeitas à compressão. Por exemplo, as articulações de quadril, joelho e tornozelo são contidas durante a deambulação e intensamente contidas durante a deambulação acelerada ou a corrida. Quando a pressão eleva abruptamente, o líquido sinovial concentra o impacto e o dissemina de maneira invariável sobre as faces articulares. Lembrete O líquido sinovial também contém células fagocíticas que retiram micróbios e resíduos resultantes do uso e desgaste da articulação. Quando uma articulação sinovial fica imobilizada por algum período, o líquido se torna bastante viscoso, como um gel, contudo, conforme o movimento articular se intensifica, o líquido se torna menos viscoso. Uma das benfeitorias do aquecimento antes da prática de exercícios é a estimulação da produção e secreção de líquido sinovial; mais líquido quer dizer menos estresse nas articulações durante a prática de exercícios. Figura 160 – Aquecimento antes de uma partida de futebol 152 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III Saiba mais Para saber mais sobre o aquecimento, habitualmente praticado antes de uma atividade esportiva e eficaz para a prevenção de lesões e melhorias no desempenho esportivo. SANTIAGO, E. L. et al. Efeitos de diferentes formas de aquecimento no desempenho da avaliação de força. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Luís, v. 10, n. 58, p. 273‑281, 2016. Disponível em: <http://www.rbpfex.com.br/index.php/rbpfex/article/view/933>. Acesso em: 30 abr. 2019. As articulações sinoviais podem apresentar uma diversidade de estruturas anatômicas acessórias, como, por exemplo, o disco de fibrocartilagem e os corpos adiposos, os ligamentos, os tendões, as bolsas sinoviais e as bainhas tendíneas sinoviais. Elas são as mais numerosas no organismo e apresentam a superfície articular, a cápsula articular, a cavidade articular, a membrana sinovial, o líquido sinovial, os ligamentos, os meniscos e os discos articulares. Os ligamentos conectam os ossos uns aos outros. Todas as articulações sinoviais são reforçadas por ligamentos de tecido conectivo elástico, mas não muitos. Cápsula articular Figura 161 – Articulação sinovial 153 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Ligamento extracapsular Cartilagem articular Ligamento intracapsular Menisco Figura 162 – Articulação sinovial Cápsula articular Faces articulares Cavidade articular Figura 163 – Articulações sinoviais Nas articulações complexas, como, por exemplo, a do joelho, estruturas anatômicas acessórias podem localizar‑se entre as faces articulares opostas e alterar as formas dessas faces, como os que são citados a seguir. • Os meniscos e discos articulares são estruturas fibrocartilagíneas em forma de meia lua e localizadas no joelho. Os papéis dos meniscos e discos articulares não são totalmente entendidos, contudo as conhecidas incluem: (1) absorção de impacto; (2) melhor encaixe entre as superfícies ósseas da articulação; (3) oferecimento de superfícies amoldáveis para movimentos combinados; (4) distribuição de peso sobre uma superfície de contato maior e (5) propagação do líquido sinovial pelas faces articulares da articulação. 154 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III • Os corpos adiposos, geralmente, estão localizados próximo à periferia da articulação, delicadamente revestidos pela membrana sinovial. Os coxins de corpos adiposos oferecem proteção para as cartilagens articulares e servem como material de arranjo para a articulação como um todo. Eles ocupam os espaços produzidos quando os ossos se movimentam e a cavidade articular altera de formato. • A cápsula articular que circunda toda a articulação é contínua com o periósteo dos ossos que se articulam. Os ligamentos são estruturas anatômicas acessórias que amparam, fortalecem e reforçam as articulações sinoviais. Os ligamentos intrínsecos, ou ligamentos capsulares, são adensamentos da própria cápsula articular. Os ligamentos extrínsecos são separados da cápsula articular. Esses ligamentos podem ser encontrados externa ou internamente à cápsula articular e são chamados ligamentos extracapsulares e intracapsulares, respectivamente. • Os tendões, ainda que caracteristicamente não componham parte da articulação como uma estrutura anatômica essencial ou acessória, geralmente atravessam a articulação ou em sua proximidade. A tonicidade muscular normal mantém os tendões tensos e a tensão pode restringir a amplitude de movimento. Em algumas articulações, os tendões são partes complementares da cápsulaarticular e oferecem resistência significativa à cápsula. • As bolsas sinoviais são pequenas estruturas anatômicas preenchidas por líquido sinovial no tecido conectivo. São recobertas pela membrana sinovial e podem comunicar‑se ou não com a cavidade articular. Elas constituem‑se onde o tendão ou os ligamentos entram em atrito contra outros tecidos. Seu papel é diminuir o atrito e atuar como amortecedor de choque. Elas são localizadas ao redor da maioria das articulações sinoviais, como, por exemplo, a do ombro. • As bainhas tendíneas sinoviais são bolsas tubulares que rodeiam os tendões onde eles atravessam as superfícies ósseas. Elas também podem surgir embaixo da pele que recobre um osso ou no interior de outros tecidos conectivos sujeitados a atrito ou pressão. As bolsas que se desenvolvem em situação anormal ou devido a pressões anormais são chamadas de bolsas adventícias. Disco articular Figura 164 – Articulações sinoviais 155 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR As crianças que realizam atividades esportivas vigorosas acumulam cartilagem articular de forma mais rápida que as que não realizam as mesmas atividades. Já os meninos tendem a adquirir cartilagem articular no joelho mais rapidamente que as meninas. Observação As inflamações dos tendões são chamadas de tendinites. A inflamação da bolsa sinovial é chamada de bursite. Na presença de cargas elevadas, pode acontecer uma inflamação da bainha tendínea, chamada de tendovaginite. Saiba mais Para saber mais sobre as lesões esportivas: CARVALHO, B. T. S. et al. Lesões esportivas em atletas de basquete masculino veterano de Maringá. Revista Uningá, Maringá, n. 26, p. 21‑32, 2010. Disponível em: <http://revista.uninga.br/index.php/uninga/article/ view/908/579>. Acesso em: 30 abr. 2019. CRUZ, R. S. et al. Compreendendo as lesões das raízes posteriores dos meniscos: da ciência básica ao tratamento. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v. 52, n. 4, p. 463‑472, 2017. Disponível em: <http://www.scielo. br/pdf/rbort/v52n4/pt_1982‑4378‑rbort‑52‑04‑00463.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2019. BALDON, R. M. et al. Diferenças biomecânicas entre os gêneros e sua importância nas lesões do joelho. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 24, n. 1, p. 157‑166, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/fm/ v24n1/v24n1a18>. Acesso em: 30 abr. 2019. ALMEIDA NETO, A. F.; TONIN, J. P.; NAVEGA, M. T. Caracterização de lesões desportivas no basquetebol. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 26, n. 2, p. 361‑368, 2013. Disponível em: <https://periodicos.pucpr.br/index.php/ fisio/article/view/21567/20673>. Acesso em: 30 abr. 2019. 6.1 Classificação das articulações sinoviais A seguir está uma classificação das articulações sinoviais de acordo com a função: • Uniaxiais: executam o movimento em torno de um só eixo. Por exemplo, a articulação umeroulnar e as articulações interfalângicas, que possibilitam apenas movimentos de flexão e extensão. 156 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III • Biaxiais: executam o movimento em torno de dois eixos. Por exemplo, a articulação radiocarpal, que possibilita movimentos de flexão, extensão, adução e abdução. • Triaxiais: executam o movimento em torno de três eixos. Por exemplo, as articulações do ombro e do quadril, que possibilitam extensão, flexão, adução, abdução e rotação. • Não axiais: não executam movimentos em torno de eixos, apresentando apenas um pequeno movimento de deslizamento entre os ossos. Por exemplo, as articulações intercarpais. Agora, uma classificação das articulações sinoviais de acordo com o formato das faces articulares. Elas serão classificadas em plana, gínglimo ou dobradiça, trocoide, condilar, selar e esferoide. • Plana: as faces articulares são planas ou ligeiramente curvas. O movimento que acontece nessas articulações é o deslizamento de uma face sobre a outra. Por exemplo, as articulações intercarpais e intertarsais. • Gínglimo ou dobradiça: nessas articulações existe uma superfície óssea convexa e outra côncava. Os ligamentos colaterais resistentes da região restringem o movimento a um deslocamento planar, como o de uma dobradiça. Por exemplo, as articulações umeroulnar e interfalangeanas. • Trocoide: nesse tipo uma das faces articulares tem o aspecto semelhante a uma roda ou pivô. Por exemplo, a articulação radioulnar proximal. • Condilar: nesse tipo pelo menos uma das faces tem o formato elíptico. Por exemplo, a articulação temporomandibular e a articulação atlantoccipital. • Elipsoide: possui um formato tipo fuso no qual uma superfície convexa um tanto plana se articula com uma superfície côncava profunda. Por exemplo, a articulação radiocarpal no punho. • Selar: a face articular apresenta o formato de sela, ou seja, cada um dos ossos tem uma superfície côncavo‑convexa. Por exemplo, a articulação carpometacarpal do polegar. • Esferoide: uma das faces articulares apresenta formato de segmento de esfera, que se encaixa um receptáculo oco. Por exemplos, as articulações do ombro e do quadril. A figura a seguir ilustra os diversos tipos de estruturas articulares das articulações sinoviais: gínglimo ou dobradiça, condilar, elipsoide, sela, pivô e bola e soquete. 157 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Articulações uniaxiais Articulações biaxiais Articulação triaxial Articulação em dobradiça Articulação em pivô Articulação bola e soquete Articulação em selaArticulação condilarArticulação elipsoide Figura 165 – Classificação das articulações sinoviais Lembrete Funcionalmente, as articulações são classificadas como: sinartrose, uma articulação imóvel, por exemplo, as suturas; anfiartrose, uma articulação discretamente móvel, por exemplo, a sínfise púbica; diartrose: uma articulação livremente móvel. Todas as diartroses são articulações sinoviais, possuem diversos formatos e permitem vários tipos diferentes de movimentos, por exemplo, o joelho. 6.1.1 Denominação dos movimentos em articulações Como as articulações são junções entre partes ósseas ou segmentos, sua denominação segue uma convenção muito simples. As articulações são chamadas utilizando‑se os nomes dos dois ossos que compõem essa junção, normalmente com o osso proximal primeiro. Por exemplo, a articulação do punho está entre o rádio distal e a linha proximal dos ossos do carpo, portanto, a articulação do punho é a radiocarpal. A terminologia descritiva direcional é usada para descrever os tipos de movimentos vistos entre os dois segmentos articulares, como explicitado a seguir. • Flexão e extensão: são considerados movimentos angulares. Na flexão, há diminuição do ângulo existente entre o segmento que permanece fixo e aquele que se desloca; na extensão, há aumento do ângulo entre o segmento fixo e o que se desloca. Ocorrem no plano sagital e, de acordo com a regra, o eixo é laterolateral ou transversal. 158 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III • Adução: é o movimento no qual um segmento se aproxima do plano sagital; abdução é o movimento no qual um segmento se afasta do plano sagital. Eles são efetuados no plano frontal e seu eixo de movimento é anteroposterior ou sagital. • Rotação: movimento em que um segmento gira em torno de um eixo longitudinal. O plano em que acontece o movimento é o horizontal, portanto, perpendicular ao eixo de movimento. Nos membros, podemos ter uma rotação medial, quando a face anterior do membro gira em direção ao plano mediano do corpo. Esse movimento, de maneira especial para o antebraço, é chamado de pronação, enquanto a rotação lateral, movimento contrário à rotação medial de supinação. • Circundução: movimento combinatório que inclui adução, extensão, abdução e flexão. Ele acontece nos planos sagitale frontal e nos eixos transversal e sagital. As articulações sinoviais realizam movimentos especiais que ocorrem apenas em certas articulações, como descritos abaixo: • Elevação: é o movimento para cima de uma parte do corpo, como fechar a boca na articulação temporomandibular, elevando a mandíbula ou encolher os ombros na articulação acromioclavicular, elevando a escápula e a clavícula. A depressão é seu movimento contrário. O hioide e as costelas são outros ossos que podem ser elevados ou deprimidos. • Depressão: é o movimento para baixo de uma parte do corpo, como na abertura da boca que deprime a mandíbula ou no retorno dos ombros para a posição anatômica, deprimindo a escápula e a clavícula. • Protração: é o movimento anterior de uma parte do corpo no plano transverso. A retração é o movimento contrário. É possível protrair a mandíbula na articulação temporomandibular empurrando‑a para frente ou protrair as clavículas nas articulações acromioclavicular e esternoclavicular cruzando os braços. • Retração: é o movimento de retorno à posição anatômica de uma parte corporal protraída. • Inversão: é o movimento medial da planta do pé nas articulações intertarsais. Seu movimento contrário é a eversão. A inversão combinada com a flexão plantar dos pés pode também ser chamada de supinação. • Eversão: movimento lateral da planta do pé nas articulações intertarsais. Também podemos chamar a eversão combinada com a dorsiflexão dos pés de pronação. • Dorsiflexão: flexão do pé na articulação do tornozelo ou articulação talocrural, ou seja, entre a tíbia, a fíbula e o tálus, na direção do dorso. A dorsiflexão acontece quando ficamos de pé sobre os calcanhares. Seu movimento contrário é a flexão plantar. 159 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR • Flexão plantar: envolve a flexão do pé na articulação do tornozelo na direção da face inferior ou plantar do pé, como quando se eleva o corpo ao ficar na ponta dos pés. • Oposição: movimento do polegar na articulação carpometacarpo, no qual o polegar se move de um lado a outro pela palma da mão para tocar as pontas dos dedos da mesma mão. Eles permitem o movimento diferencial que confere aos humanos e outros primatas a capacidade de segurar e manipular objetos de maneira muito precisa. Saiba mais Para saber mais sobre os diversos tipos de movimentos articulares. HOUGLUM, P. A. Conceitos básicos de cinesiologia: cinemática. In:___. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. 6. ed. Barueri: Manole, 2014, p. 7‑8. LAROSA, P. R. R. Anatomia humana: texto e atlas. São Paulo: Guanabara‑ Koogan, 2016, p. 68‑69. Exemplo de aplicação Vamos associar os detalhes ósseos estudados com as articulações? Relembre os principais detalhes ósseos dos esqueletos axial, apendicular e das cinturas escapular e pélvica. Na escápula, por exemplo, encontramos a cavidade glenoide, a qual se une com o úmero, ou seja, pela cabeça, formando a articulação do ombro ou glenoumeral. Já a articulação do ombro é classificada morfologicamente como esferoide e funcionalmente realiza movimentos nos três eixos, ou seja, flexão, extensão, adução, abdução e rotação. Esportes de alto rendimento provocam lesões nas articulações, como, por exemplo, as luxações e os entorses. Partindo desses exemplos, faça uma descrição de algumas articulações sinoviais: quadril, joelho, tornozelo, ombro, cotovelo, punho e mão, contendo os principais componentes anatômicos, os movimentos que podem ocorrer e sua significância clínica. Resumo As articulações são formadas quando os ossos vizinhos se articulam. Elas são classificadas de acordo com o tecido interposto em fibrosas, cartilagíneas e sinoviais. As articulações fibrosas são de quatro tipos: suturas, sindesmoses, gonfoses e esquindileses. Os dois tipos de articulações cartilagíneas são as sincondroses e as sínfises. As articulações sinoviais com liberdade de movimentos apresentam estruturas anatômicas, como, 160 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 Unidade III por exemplo, a cápsula articular, a membrana sinovial, o líquido sinovial, a cartilagem articular, os ligamentos, os meniscos e os discos articulares. As articulações sinoviais com liberdade de movimentos são envolvidas por cápsulas articulares que contêm líquido sinovial. As articulações sinoviais incluem os tipos plana, gínglimo, trocoide, condilar, elipsoide, selar e esferoide. O movimento de uma articulação sinovial é determinado pela estrutura dos ossos que se articulam, pela resistência e tensão dos ligamentos e tendões associados, e pela disposição e tensão dos músculos que atuam na articulação. Os movimentos nas articulações sinoviais são produzidos pela contração dos músculos esqueléticos que transpõem as articulações e se fixam nos ossos que se articulam ou próximos dos ossos que formam as articulações. Nessas ações, os ossos agem como alavancas, os músculos proporcionam a força e as articulações são o ponto de apoio, ou pivôs. Os movimentos angulares aumentam ou diminuem o ângulo da articulação produzido pelos ossos que se articulam. A flexão diminui o ângulo da articulação em um plano anteroposterior; já a extensão aumenta o mesmo ângulo da articulação. Abdução é o movimento de um corpo afastando‑se do eixo principal do corpo; adução é o movimento de uma parte do corpo aproximando‑se do eixo principal do corpo. Movimentos circulares podem ocorrer somente onde superfícies arredondadas de um osso articulam‑se com depressões correspondentes de outro osso. Rotação é o movimento de um osso em torno de seu próprio eixo. Circundunção é o movimento semelhante a um cone, de uma parte do corpo. Movimentos articulares especiais incluem inversão e eversão, protração e retração, e elevação e abaixamento. Exercícios Questão 1. As articulações, pontos de encontro entre os ossos, recebem diferentes tipos de classificação. As articulações presentes nos ossos do crânio, que se destacam por serem imóveis, são chamadas de: A) Sincondroses. B) Sindesmoses. C) Sínfises. D) Suturas. E) Gonfose. Resposta correta: alternativa D. 161 Re vi sã o: Ju lia na - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 2 8/ 05 /1 9 ANATOMIA DO APARELHO LOCOMOTOR Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: sincondroses estão unidas por uma cartilagem hialina e podem ser substituídas por ossos. B) Alternativa incorreta. Justificativa: sindesmoses são tipos de articulação fibrosa em que os ossos estão unidos por um ligamento. C) Alternativa incorreta. Justificativa: sínfises são linhas de junção e fusão entre dois ossos originalmente distintos. D) Alternativa correta. Justificativa: as suturas são articulações fibrosas encontradas nos ossos do crânio. Essas articulações possuem como função principal a absorção de choques. E) Alternativa incorreta. Justificativa: gonfose é articulação por inserção de uma saliência cônica em uma cavidade, como a da raiz do dente no alvéolo. Questão 2. As articulações podem ser classificadas de acordo com os movimentos que são capazes de realizar. Denominam‑se de diartroses aquelas que permitem grandes movimentos dos ossos e de sinartroses aquelas que permitem pouca ou nenhuma movimentação. Dentre as articulações citadas a seguir, assinale a única que é um exemplo de diartrose: A) Articulações dos ossos do crânio. B) Articulações da vértebra lombar e o osso sacro. C) Articulação da costela com o esterno. D) Articulações do púbis. E) Articulação entre úmero e ulna. Resolução desta questão na plataforma.
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