Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Citologia e Embriologia Tyago Eufrásio Segunda semana de desenvolvimento e formação dos anexos embrionários Tyago Eufrásio A segunda semana do desenvolvimento embrionário marca o final da implantação embrionária e a formação das principais cavidades embrionárias que serão importantes para a morfogênese e manutenção do embrião no útero materno. Adicionalmente, neste período ocorre o inicio da formação dos anexos embrionários: saco gestacional, placenta e cordão umbilical. É a partir da segunda semana embrionário que os destinos das células e tecidos começam a ser moldados. Aspectos gerais Aspectos gerais Como pode ser visto o trofoblasto irá formar o sinciciotrofoblasto e o citotrofoblasto que estão relacionados a formação da placenta e saco gestacional. A massa celular interna se dividirá em duas camadas: o epiblasto e o hipoblasto. Estas camadas estarão inicialmente relacionadas a formação de cavidades embrionárias que ocorre na segunda semana do desenvolvimento embrionário. Posteriormente também participarão da formação do embrião. Aspectos gerais A cavidade interna (blastocele) passa a ser conhecida como saco vitelínico primitivo. As cavidades formadas neste período são: (1) cavidade amniótica que produzirá o espaço necessário para formação do tubo neural do embrião e de outras estruturas; (2) saco vitelínico secundário que dará origem a cavidade gastrointestinal do organismo e (3) a cavidade que dará origem ao saco gestacional (córion) onde o embrião permanecerá até nascer. Destino embrionário do trofoblasto No final da primeira semana embrionária temos um blastocisto com uma massa celular interna e uma única camada de célula circundante denominada trofoblasto. Logo no inicio da segunda semana, o trofoblasto se divide em dois tecidos diferenciados: o sinciciotrofoboblasto e o citotrofoblasto. O sinciciotrofoblasto estará relacionado a formação da placenta do embrião e o citotrofoblasto com a formação do saco gestacional onde o embrião fica alojado ao longo do seu desenvolvimento. O sinciciotrofoblasto e a formação da placenta O sinciciotrofoblasto é composto pelas células do trofoblasto que se localizam acima da massa celular interna. Estas células produzem moléculas que têm a capacidade de erodir o tecido endometrial materno. Além disto tais células possuem uma alta taxa mitótica que produz células que invadem o endométrio. Assim as células do sinciotrofoblasto são responsáveis pela formação da parte fetal da placenta. Final da primeira semana do desenvolvimento A placenta Antes de comentarmos os aspectos embriológicos deste processo vamos falar um pouco da importância da placenta no desenvolvimento. O embrião, para se desenvolver precisara de um suporte nutricional e de trocas de gases, compostos e resíduos com o organismo da mãe. Estas funções vão ser desempenhadas basicamente por um órgão temporário denominado placenta. A placenta é constituída de dois componentes: uma porção fetal formada por tecidos do embrião (saco coriônico) e outra materna formada pelo endométrio. A placenta Essa característica faz com que a placenta seja um órgão fetomaterno. Assim sabemos que este órgão possui as seguintes funções: proteção, nutrição, respiração, excreção e produção de hormônios. Após o parto a placenta é logo expelida do útero. A placenta A parte materna da placenta também é chamada decídua que é considerada camada funcional do endométrio onde está sendo desenvolvido o embrião. Caso não ocorra fecundação, como já foi anteriormente comentado o endométrio da mulher descama. Ao contrário uma vez que haja a fecundação a ação de hormônios (principalmente progesterona) fará com que ocorram alterações histo- funcionais importantes no endométrio que são conhecidas como reação da decídua. A placenta Inicialmente, as células endometriais que possuem grande reserva de glicogênio e lipídios irão ser responsáveis pela nutrição do feto. Elas também vão regular até onde ocorrerá a invasão do tecido embrionário (sinciciotrofoblasto) para o interior do útero. Principais regiões da decídua (endométrio gravítico) Decídua basal – é aquela que fica bem na frente do embrião implantado e que dará origem a parte materna da placenta. Decídua capsular - é aquela região do endométrio que fica na parte oposta (polo vegetativo) do embrião e que cicatriza e fecha o embrião dentro do endométrio. Decídua parietal - é o restante do endométrio que envolve o embrião. Em uma gravidez precoce estas três regiões podem ser reconhecidas através de um exame de ultrassonografia. Principais regiões da decídua (endométrio gravítico) A placenta A formação da placenta ocorre em dois períodos bem definidos: o primeiro é o período pré-viloso que acontece entre o 6º e 13º dia de desenvolvimento embrionário. Ou seja, ocorre na segunda semana de desenvolvimento embrionário. O segundo período, o período viloso começa a se desenvolver a partir da 3ª semana de desenvolvimento embrionário e vai até o término da gestação. A placenta: Período Pré-viloso Os principais eventos deste período são sintetizados a seguir: 1. Como dizemos anteriormente, logo após a implantação do blastocisto o trofoblasto se diferencia em duas camadas: citotrofoblasto (que delimita o embrião) e sinciciotrofoblasto que se localiza acima da massa celular interna do embrião (pólo animal) e que irá invadir o tecido endometrial. A placenta: Período Pré-viloso 2. As células do sinciciotrofoblasto começam a se multiplicar com uma rapidez enorme a ponto de não realizarem mais citocinese (separação das células filhas em células individuais) apenas realizando cariocinese (divisão dos núcleos). 3. Esta divisão muito rápida produz uma massa citoplasmática multinucleada que a medida que avança vai degradando a matriz extracelular do endométrio e matando algumas células. A degradação destas estruturas servirá como produção de nutrientes para o embrião que está em pleno desenvolvimento. Esta estrutura é conhecida como sincício. A placenta: Período Pré-viloso 4. Entre o 9º e o 13º dia começam a surgir lacunas (espaços sem massa citoplasmática) dentro do sincício que são separadas por membranas (trabéculas). Ao mesmo tempo que estas lacunas surgem o sincício começa a erodir (destruir) os capilares sanguíneos presentes no endométrio. 5. Entre o 11º e 12º dia a erosão destes vasos faz com que o sangue da mãe entre para o meio das lacunas que foram formadas no sincício. Estas lacunas são chamadas de lacunas trofoblásticas. 6. Este processo vai continuar até a 4ª semana quando o embrião já começa a produzir sangue e as trocas entre o sangue materno e fetal começam a acontecer. A placenta: Período Viloso Estas lacunas formam vilosidades terciárias que são a estrutura principal da placenta. Quando uma mulher grávida não tem um ciclo menstrual regular o que torna difícil estimar a idade do feto, através de exame de ultrassonografia pode ser medido o saco gestacional (córion ou saco coriônico) para avaliar a idade do embrião. Quando o embrião tem cerca de 31 dias este saco mede de 2 - 3mm. A placenta vai aumentado de tamanho na medida em que ocorre o crescimento do feto. Quando completamente desenvolvida cobre 15 a 30% da decídua. Formação das cavidades embrionárias A partir da formação do sinciciotrofoblasto que é o tecido localizado acima da massa celular interna que invade o endométrio, e o citotrofoblasto que delimita o embrião, a massa celular interna se diferencia em duas camadas: o epiblasto e o hipoblasto. A cavidade interna (blastocele) passa a ser conhecida como saco vitelínico primitivo. Formação da cavidade aminótica O epiblasto é formado pelas células que estão localizadas próximas ao sinciciotrofoblasto. O epiblasto formado passa a secretar um liquido que forma uma cavidade chamada cavidade amniótica. Esta cavidade tem como principal objetivo garantirespaço para formação posterior do tubo neural que dará origem ao sistema nervoso do embrião e outras estruturas que ocorrerá durante a terceira semana embrionária. Formação da cavidade coriônica (que forma o saco gestacional ou córion) A outra camada formada a partir da massa celular interna, o hipoblasto é a que esta em contato com a blastocele. Células oriundas desta camada começam a se dividir e a crescer formando uma nova camada multicelular adjacente ao citotrofoblasto. Esta camada é conhecida como membrana de Heuser. Nesta fase, a cavidade formada pelo citotrofoblasto e a membrana de Heuser é conhecida como saco vitelínico primititivo. Formação da cavidade coriônica (que forma o saco gestacional ou córion) Formação da cavidade coriônica (que forma o saco gestacional ou córion) Logo a seguir células laterais do epiblasto começam a se dividir intensamente formando uma nova camada múltipla de células que fica entre o citotrofoblasto e a membrana de Heuser. Estas nova camada é conhecida como mesoderma extra-embrionário. Assim que ela é formada, começa um evento contrário no qual uma parte das células do mesoderma extra-embrionário entram em apoptose e morrem. Apenas as células que estão adjacentes ao hipoblasto e adjacentes ao citotrofoblasto é que permanecem vivas. As células intermediárias que morreram dão origem a uma cavidade com liquido chamada celoma extra-embrionário. Formação da cavidade coriônica (que forma o saco gestacional ou córion) Assim, o citotrofoblasto e as células do mesoderma extra-embrionário darão origem ao saco gestacional onde o embrião irá se desenvolver. Outras estruturas formadas • O saco vitelínico primário diminui de tamanho e forma uma estrutura denominada saco vitelínico secundário. • Um espessamento celular é observado em uma das regiões laterais do hipoblasto formando a placa pré- cordal que marca o local da futura boca do embrião. • As células do mesoderma extraembrionário que não morreram e que estão localizadas acima da cavidade amniótica formam o pedúnculo de ligação que posteriormente dá origem ao cordão umbilical.
Compartilhar