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Fichamento Dto Penal MIRABETE, Julio Fabbrini.

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MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. Volume 1. São Paulo, 1996.
Direito Penal é a reunião das normas jurídicas pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos para a aplicação das penas e das medidas de segurança. (p. 19)
Art. 22, I Compete à União legislar sobre matéria penal.
O fim do Direito Penal é a proteção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patrimônio, costumes, paz pública...) (p. 21)
O Direito Penal positivo é valorativo (valora os fatos de acordo com a sua gravidade), finalista (visa à proteção de bens de interesses jurídicos merecedores da tutela mais eficiente) e sancionador (Para Zaffaroni o Direito Penal é predominantemente sancionador e excepcionalmente constitutivo.).
A lei penal, portanto, não cria a antijuridicidade, mas apenas se limita a cominar penas às condutas que já são antijurídicas em face de outros ramos do Direito e a descriminalização de um fato não lhe retirará a sua ilicitude. (p. 23) 
Art. 5º CF
XXXIX a lei penal não retroagirá (regra);
XL retroage quando mais benigna ao réu; 
O Direito Processual Penal é um ramo jurídico autônomo em que se prevê a forma de realização e aplicação da lei penal, tornando efetiva a sua função de prevenção e repressão de crimes. Através da relação entre o Direito Penal e o Direito Processual Penal que se decide sobre a procedência de aplicação do jus puniendi do Estado, em conflito com o jus libertais do acusado. (p. 27)
Criminologia Crítica (p 30-31)
MARQUES, Oswaldo Henrique Duek. Sistema penal para o terceiro milênio, RT663/390-392. “extinção da pena privativa de liberdade.
A lei penal apresenta as seguintes características: é imperativa porque a violação do preceito primário acarreta a pena. É geral por estar destinada a todos, mesmo aos inimputáveis, sujeitos à medida de segurança. É impessoal por não se referir a pessoas determinadas e exclusiva porque somente ela pode definir crimes e cominar sanções e, por fim, se aplica apenas a fatos futuros, não alcançando os pretéritos, a não ser quando aplicada em benefício do agente criminoso. (p. 48)
Leis penais ordinárias são as que vigem em qualquer circunstância. Leis excepcionais são as destinadas a viger em situações de emergência.
Leis penais incriminadoras (lei penal em sentido estrito) é a que define os tipos penais e comina as respectivas sanções; e lei penal não incriminadora (lei penal em sentido amplo) explicativas (esclarecem o conteúdo de outras ou fornecem princípios gerais para a aplicação das penas) e permissivas são as que não consideram como ilícitos ou isentam de pena o autor de fatos que, em tese, são típicos.
Norma penal em branco: são preceitos indeterminados ou genéricos, que devem ser preenchidos ou completados. As normas penais em branco são, portanto, as de conteúdo incompleto, vago, exigindo complementação por outra norma jurídica (lei, decreto, regulamento, portaria etc.) para que possam ser aplicadas ao fato concreto. 
Norma penal em branco em sentido estrito é apenas aquela cujo complemento está contido em outra regra jurídica procedente de uma instancia legislativa diversa, seja de categoria superior ou inferior àquela. 
Leis penais em branco em sentido estrito não afetam o princípio da reserva legal, pois sempre haverá uma lei anterior, embora complementada por regra jurídica de outra espécie. (p. 49)
Há que se fazer também a distinção entre norma penal em branco, em que a complementação do tipo é efetuada mediante uma regra jurídica, e os tipos abertos, em que essa complementação é realizada pela jurisprudência e pela doutrina, por não conterem a determinação dos elementos do dever jurídico cuja violação significa realização do tipo, tal como ocorre nos crimes culposos e nos crimes impróprios. (50)
A interpretação da lei, contudo, é indispensável, mesmo quanto às leis mais claras, ao menos para se alcançar o sentido do léxico dos termos delas constantes. Pode-se conceituar a interpretação como o processo lógico que procura estabelecer a contade contida na norma jurídica. A interpretação autentica é a que procede da mesma origem que a lei e tem força obrigatória. Quando vem inserida na própria legislação, é chamada contextual. 
A jurisprudência pode ser conceituada como o conjunto de manifestações judiciais sobre determinado assunto legal, exaradas num sentido razoavelmente constante. A interpretação jurisprudencial é assim a orientação que os juízos e tribunais vem dando à norma, sem, entretanto, ter força vinculativa.
A interpretação pode ser doutrinária, quando constituída da communis opinio doctorum, ou seja, do entendimento dado aos dispositivos legais pelos escritores ou comentadores do direito. 
Quanto ao meio empregado: sua função gramatical, quanto ao seu significado no vernáculo. Quanto aos resultados obtidos com a interpretação: declarativa: ocorre quando o texto examinado não é ampliado nem restringido, encontrando-se apenas o significado oculto do termo ou expressão utilizada pela lei. A interpretação pode ser restritiva quando se reduz o alcance da lei para que se possa encontrar a sua vontade exata. A interpretação extensiva ocorre quando é necessário ampliar o sentido ou alcance da lei. A interpretação progressiva para se abarcarem no processo novas concepções ditadas pelas transformações sociais, cientificas, jurídicas ou morais que vem permear a lei penal estabelecida. A interpretação analógica ocorre quando fórmulas casuísticas inscritas em um dispositivo penal são seguidas de espécies genéricas, abertas, utiliza-se a semelhança (analogia) para uma correta interpretação destas últimas.
Em princípio, a lei é elaborada para viger por tempo indeterminado. Após a promulgação, que é o ato governamental que declara a existência da lei e ordena a sua execução, é ela publicada. Ao período decorrente entre a publicação e a data em que começa a sua vigência, destinado a das tempo ao conhecimento dela aos cidadãos, é dado o nome de vacatio legis. Esse período é de 45 dias quando a própria lei não dispõe de modo contrário e de três meses para a sua aplicação nos Estados estrangeiros, quando esta é admitida. 
Encerra-se a vigência da lei com sua revogação, que pode ser expressa (quando declarada na lei revogadora) ou tácita (quando a lei posterior regulamenta a matéria disciplinada pela lei antiga. A revogação pode ser parcial, caso em que é denominada derrogação, ou total, quando é chamada ab-rogação. (53) 
Aplicação da lei penal
Princípio da legalidade:
Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Pelo princípio da legalidade alguém só pode ser punido se, anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma lei que o considere como crime. Infringe, assim, o princípio da legalidade a descrição penal vaga e indeterminada que não possibilita determinar qual a abrangência do preceito primário da lei penal e possibilita com isso o arbítrio do julgador.
Em razão do princípio da legalidade é vedado o uso da analogia para punir alguém por um fato não previsto em lei, por este semelhante a outro por ela definido. (56) 
O artigo 5º, inciso XL, que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
Inciso LIV ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
A lei penal no tempo:
De acordo com o princípio tempus regit actum, a lei rege, em geral, os fatos praticados durante a sua vigência. Não pode, em tese, alcançar fatos ocorridos em período anterior ao início de sua vigência nem ser aplicada àqueles ocorridos após a sua revogação. Entretanto, por disposição expressa do próprio diploma legal, é possível a ocorrência da retroatividade e da ultratividade da lei. Denomina-se retroatividade o fenômeno pelo qual uma norma jurídica é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência e ultratividade a aplicação dela após a sua revogação. (58)
Pelo princípio da anterioridade da lei penal,está estabelecido que não há crime ou pena sem lei anterior, o que configura a regra geral da irretroatividade da lei penal. Esse princípio somente se aplica à lei mais severa que a anterior, pois a lei nova mais benigna (lex mitior) vai alcançar o fato praticado anteriormente. Entretanto em vigor lei mais severa que a anterior (Lex gravior) não vai ela alcançar o fato praticado anteriormente.
A lei penal mais benigna tem extratividade (retroativa e ultrativa) e, a contrário sensu, a lei mais severa não tem extratividade.
NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA
A primeira hipótese trata da lei nova que torna típico fato anteriormente não incriminado.
ABOLITIO CRIMINIS
Quando a lei nova já não incrimina fato que anteriormente era considerado como ilícito penal. Artigo 2º CP
A abolitio criminis causa uma extinção de punibilidade artigo 107, III CP.
Não há abolitio criminis se a conduta praticada pelo acusado e prevista na lei revogada é ainda submissível a outra lei penal em vigor (a inicial pode ser aditada antes da sentença final, o juiz pode dar definição jurídica diversa da que constar no pedido). 
Desaparecem o delito e todos os seus reflexos penais, permanecendo os civis (artigo 91, inciso I “torna certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime.”. Há autoria mas o fato não é mais crime.
NOVATIO LEGIS IN PEJUS
Nova lei mais severa que a anterior, não será aplicada.
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS
Lei nova mais favorável que a anterior. Ainda que esteja procedendo à execução da sentença, aplica-se a lei nova, quer comine pena menos rigorosa, quer favoreça o agente de outra forma, pois, nos termos do novo texto, prevalece a lex mitior que, de qualquer modo, favorecer o agente, sem qualquer limitação. (62) (réu ou condenado, sujeito passivo na execução penal). Artigo 2º § único.

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