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Princípios Constitucionais Específicos da Seguridade Social - AULA 2

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Princípios Constitucionais Específicos da Seguridade Social
(Aula avançada 2) 
Prof. Eduardo Tanaka
Vamos agora tratar dos princípios específicos e que são muito cobrados em provas de concurso. O Título VIII, que fala “Da Ordem Social” na Constituição Federal, dispõe, em seu art. 193, que “A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”.
Logo após, seu art. 194 assim preconiza:
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Previdência e à Assistência Social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I – universalidade da cobertura e do atendimento;
II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV – irredutibilidade do valor dos benefícios;
V – equidade na forma de participação no custeio; 
VI – diversidade da base de financiamento;
VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
Primeiramente, passamos ao exame do parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal: Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
O parágrafo único alerta que a competência para organizar a seguridade social é do Poder Público. 
Percebe-se o princípio da legalidade sendo destacado, quando o texto constitucional traz o trecho: “nos termos da lei”. A partir daí, começa a enumeração dos objetivos da Seguridade Social. 
Sendo assim, os princípios/objetivos enumerados são da Saúde, Previdência Social e Assistência Social, todos ao mesmo tempo.
ATENÇÃO! Interessante notar que esses “princípios” são chamados pelo parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal de objetivos. A maior parte das bancas de concursos públicos chama-os de “objetivos”. De modo que há bancas examinadoras que os chamam de “princípios”, mas a maioria os chama de “objetivos”.
Passaremos, agora, a tratar desses princípios/objetivos da Seguridade Social contidos nos incs. I a VII do parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal.
1.3.2.1. Universalidade da cobertura e do atendimento
Segundo Martins,
a universalidade da cobertura deve ser entendida como a necessidade daquelas pessoas que forem atingidas por uma contingência humana, como a impossibilidade de retornar ao trabalho, a idade avançada, a morte etc. Já a universalidade do atendimento refere-se às contingências que serão cobertas, não às pessoas envolvidas, ou seja, às adversidades ou aos acontecimentos em que a pessoa não tenha condições próprias de renda ou de subsistência.
Sendo assim, todas as pessoas têm o direito de estar cobertas pela Seguridade Social e todas as contingências humanas devem ser atendidas pela Seguridade Social. Já há autores que, assim como as bancas examinadoras CESPE e FCC, entendem o contrário. Assim, estes entendem que as contingências devem estar cobertas e as pessoas devem ser atendidas. Veja a questão a seguir:
Ademais, sabemos que existem regras particularizadas para a Saúde, Assistência Social e Previdência 
Social, no que concerne a esse tema. Entretanto, a Saúde é a mais universal das três espécies da Seguridade Social. Isso porque a Saúde é universal, todos têm o direito, independentemente da classe social, origem, raça etc.
Lembrando que esse objetivo da Universalidade, por ser da Seguridade Social, é aplicável também à Previdência Social e à Assistência Social. Logicamente, dentro dos próprios limites constitucionais.
1.3.2.2. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
Seguindo-se o princípio da igualdade, deve haver um tratamento equânime entre as populações urbanas e rurais.
Uniformidade diz respeito aos tipos de benefícios existentes. Por exemplo: tanto o trabalhador urbano como o rural têm direito aos mesmos benefícios.
Equivalência diz respeito ao valor dos benefícios, que, em regra, não será menor que um salário mínimo. Anteriormente à Constituição Federal de 1988 (atual) era possível um trabalhador rural se aposentar com menos de um salário mínimo, devido ao reduzido valor da contribuição previdenciária; hoje não.
ATENÇÃO! Você sabe qual é a diferença entre benefício e serviço? Quando você ler a palavra benefício, leia-se DINHEIRO. Assim, uma aposentadoria, por exemplo, é um benefício, pois é recebida em dinheiro. Já num atendimento médico pelo SUS recebe-se um serviço (e não dinheiro).
1.3.2.3. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
Sabemos que o Brasil, apesar de suas riquezas, não é um país em que sobram tantos recursos capazes de prover as necessidades de toda a população. Talvez, por falta de dinheiro ou vontade política, muitas ações sociais são deixadas de lado. Também, é comum depararmos com fraudes de pessoas de má-fé, que se utilizam de sua torpeza para serem “agraciadas” com benefícios a que jamais teriam direito.
Por isso, deve haver uma seletividade séria e consciente, escolhendo-se criteriosamente, dentro da legalidade, quais as pessoas que realmente têm o direito à prestação dos benefícios e serviços da Seguridade Social.
A distributividade diz respeito ao caráter social de distribuição de renda, procurando beneficiar determinadas pessoas e localidades pobres do país, fazendo que essa alocação de dinheiro minimize o sofrimento de determinadas comunidades e propicie o mínimo necessário para sua sobrevivência.
Dentre as espécies da seguridade social, esse princípio é mais aplicável à Assistência Social. Entretanto, como comentamos, é aplicável também à Previdência Social e à Saúde. Por exemplo, no caso da saúde, se o governo for construir um grande hospital referência em tratamento de ponta, qual seria a cidade a ser escolhida para abrigar esse grande centro médico? Um pequeno município com mil habitantes ou um centro urbano? Ora, levando-se em conta esse princípio da seletividade e distributividade, esse hospital deveria ser construído em um centro urbano.
1.3.2.4. Irredutibilidade do valor dos benefícios
Esse princípio diz respeito a toda Seguridade Social, sendo assim, devemos entender que os benefícios não poderão ter seu valor nominal diminuído. Assim, por exemplo, caso o valor de determinado benefício fosse de R$1.000,00, em momento algum ele poderia diminuir para R$999,00. 
Dessa forma, a doutrina e jurisprudência do STF entendem que essa irredutibilidade do valor dos benefícios refere-se ao valor nominal.
Já, quando tratamos da Previdência Social, é importante saber que o valor do benefício não pode diminuir, pelo contrário, deve ser preservado conforme dispõe o art. 201, § 4º, da Constituição Federal, que passaremos a transcrevê-lo: “É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei”. Este reajustamento dos benefícios refere-se à manutenção de seu valor real. 
Dessa forma, podemos concluir que o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, elencado no art. 194 da Constituição Federal, não garante o reajustamento do valor real. Garante apenas a manutenção do valor nominal. Sendo assim, um benefício da Assistência Social, como a bolsa família, não necessariamente será reajustado conforme os benefícios previdenciários.
ATENÇÃO! Segundo STF, o princípio constitucional da irredutibilidade do valor dos benefícios NÃO impede a redução da renda mensal da aposentadoria que tenha sido concedida em desacordo com a lei.
1.3.2.5. Equidade na forma de participação e custeio
Este princípio pode ser entendido como: “quem tem mais paga mais; quem tem menos paga menos e quem nada tem nada paga”.
Quando falamos em custeio, estamos falando em pagamento.Um pagamento equânime é um pagamento justo.
Sendo assim, as empresas contribuem com um valor maior do que o trabalhador, e, por sua vez, aquele que ganha mais contribuirá com uma alíquota maior sobre seu salário do que aquele que recebe menos. Por exemplo, um trabalhador que recebe R$ 1.000,00 por mês contribuirá com uma alíquota de 7,5% sobre esse valor e outro, cujo salário é de R$ 6.000,00, o percentual utilizando-se a tabela progressiva será de 14%. E a empresa, a princípio, recolherá 20% sobre todos os salários pagos.
1.3.2.6. Diversidade da base de financiamento
Este princípio, com a Emenda Constitucional nº 103/2019 a reforma da previdência está com a seguinte redação:
diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social
Você com certeza já ouviu um velho ditado: “Nunca coloque todos os ovos no mesmo cesto”. Isso porque, se o cesto cair, todos os ovos quebrar-se-ão e não haverá mais ovo algum.
Da mesma forma, podemos pensar no dinheiro da Seguridade Social. Imagine a importância, para grande parte da população, dos benefícios da Assistência Social e Previdência Social e dos serviços de saúde pública. Imagine ficar sem esses benefícios e serviços por falta de dinheiro, qual o caos que poderia instalar-se no país?
Pensando nisso, a base de financiamento, a fonte do dinheiro deve vir de diversos locais, para que, se uma fonte “secar”, o dinheiro possa vir de outra fonte.
Da mesma forma, a destinação e consequente utilização deste dinheiro deve ser feito separadamente, levando-se em conta as 3 espécies: saúde, previdência e assistência social. Cada uma dessas espécies de Seguridade Social receberá uma quantia de recursos financeiros para fazer uso em suas prestações de serviços e benefícios. Dessa forma as rubricas contábeis, que é uma forma de organização de suas contas, devem estar informadas separadamente, com o valor de suas receitas e despesas para cada espécie da Seguridade Social (Saúde, Previdência Social e Assistência Social).
No caso da previdência social é necessária a contribuição por parte do segurado, para que este tenha direito a benefício previdenciário. 
Quando estudarmos mais adiante o art. 195 (o segundo artigo mais importante), veremos que o dinheiro vem de diversas fontes, atendendo, assim, a esse princípio da “Diversidade da base de financiamento”.
1.3.2.7. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do governo nos órgãos colegiados
 Dos sete incisos, este é um dos mais pedidos em provas, talvez por ser o maior. Primeiramente devemos saber que esse inciso fala sobre a GESTÃO da Seguridade Social. Assim, fala também sobre a gestão da Saúde, Previdência e Assistência Social. De modo que sua gestão deverá ser feita pelos representantes de segmentos que têm interesse com a Seguridade Social.
Agora, fazendo um exercício de raciocínio, pergunto: – Quem tem interesse, por exemplo, para com a Previdência Social? Assim fica fácil:
1 – os trabalhadores, pelo fato de contribuírem e um dia gozarão de benefício previdenciário;
2 – os empregadores, que são os que mais contribuem para com a Seguridade Social;
3 – os aposentados, que já gozam dos benefícios previdenciários; e
4 – o próprio governo, que tem a competência constitucional de organizar a Seguridade Social.
Vejam que temos quatro partes sendo representadas; assim, essa gestão é de quatro partes. Escrevendo de uma forma mais erudita, essa gestão é QUADRIPARTITE.
Dessa forma, como qualquer órgão em que as decisões são tomadas por diversas pessoas, estamos diante de um ÓRGÃO COLEGIADO.
E, também, como vimos, temos compondo esses órgãos colegiados que farão a gestão da Seguridade Social os trabalhadores, empregadores e aposentados. Esses são representantes da sociedade civil. Pelo fato, então, de haver representantes da sociedade civil, e não somente representantes do governo, proporciona um caráter DEMOCRÁTICO e DESCENTRALIZADO.
Resumindo, esses órgãos colegiados têm o caráter democrático, descentralizado e quadripartite.
Como exemplo, no âmbito da Previdência Social, a Lei no 8.213/1991, em seu art. 3º, instituiu o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS). Sendo que a gestão quadripartite é assim distribuída:
· seis representantes do Governo Federal;
· três representantes dos aposentados e pensionistas; 
· três representantes dos trabalhadores em atividade; 
· três representantes dos empregadores.
Encerramos aqui os sete incisos do parágrafo único do art. 194 da Constituição Federal. 
(2020 - VUNESP – VALIPREV – ANALISTA) Nos termos da Constituição Federal, a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social, e compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base, dentre outros, no seguinte objetivo:
a) seletividade da cobertura e do atendimento.
b) equidade na forma de participação no custeio.
c) diferenciação dos benefícios às populações urbanas e rurais.
d) caráter centralizado da administração e gestão tripartite.
e) vedação da diversidade na base de financiamento.
Gabarito: B

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