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E-book 1 Giovana Gavioli GESTÃO DE OPERAÇÕES COM CÂMBIO Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 INTERNACIONALIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES �������������������������������������������������4 MOTIVAÇÃO PARA O COMÉRCIO EXTERIOR ������������������������������������������������������ 9 AMBIENTE ECONÔMICO NACIONAL E INTERNACIONAL ������������������������������������13 BUSCA DE MERCADOS ����������������������������17 PADRONIZAÇÃO E ADAPTAÇÃO �������� 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������27 SÍNTESE �������������������������������������������������������28 2 INTRODUÇÃO Neste e-book, vamos entender como a globalização impacta na decisão da empresa em tornar as suas operações prontas para o comércio internacional. Para isso, preparamos um material que fala sobre o processo de internacionalização da empresa, desde um vendedor ou comprador esporádico até tornar- -se um participante ativo do comércio internacional. Você entenderá as principais motivações de uma empresa em comprar ou vender seus produtos e ser- viços no mercado externo, conhecerá o ambiente econômico internacional, identificando os principais países compradores e vendedores do Brasil, assim como os principais tipos de produtos comercializa- dos. Por fim, entenderá como buscar mercados em âmbito global, conhecendo as principais fontes de pesquisa e as práticas de padronização ou adaptação que podem ser necessárias ao produto e ao serviço, como resultado das preferências dos consumidores internacionais. O objetivo deste conteúdo é fazer com que você en- tenda o contexto global das operações de comércio internacional e possa auxiliar a empresa, seja ela de pequeno, médio ou grande porte a buscar as melho- res oportunidades de compra e venda fora do país. Vamos juntos? Bons estudos! 3 INTERNACIONALIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES Silva (2008) afirma que: “o processo de internaciona- lização consiste na participação ativa das empresas nos mercados externos, o que ocorreu com a eli- minação das barreiras que protegiam as empresas nacionais, caminho natural para se tornarem conti- nuamente competitivas”. Para o autor, a globalização propiciou a internacio- nalização das operações empresarias, uma vez que as empresas no mercado interno passam a sofrer pressões com a concorrência de empresas estran- geiras. Dessa forma, para não perder participação de mercado, estas empresas nacionais não tem outra opção a não ser se modernizar e tornarem-se com- petitivas em escala internacional. Segundo Martinelli (2004) apud Segre (2018, p. 206): “O termo globalização surge da necessidade de mi- nimização de distâncias e custos, atendimento de interesses, facilidade de negociações, envolvendo a busca de contentamento de duas ou mais partes envolvidas”. A globalização ocasiona um aumento da concor- rência mundial, inserida em um ambiente que está em constante mudança e atualização. A inovação possibilita custos cada vez menores, condição essa, segundo Segre (2018), básica para que as empresas sejam competitivas em qualquer lugar do mundo. 4 Fique atento Você sabia que o primeiro contato da empresa com o mercado internacional geralmente se dá ao acaso? Seja por indicação, uma participação em feiras de negócios ou um anúncio em revista especializada, a empresa pode receber compradores internacionais interessados em seu produto. Inicialmente, isso pode representar uma transação aleatória para a empresa, mas, se o mercado é analisado com cuidado, por ve- zes, o lucro proporcionado pode ser muito atrativo para que a empresa invista em transações internacionais cada vez mais frequentes. Sousa (2010) define duas principais orientações em processos de internacionalização: 1. Orientação geocêntrica: a empresa entende suas operações como um mercado global e a sua inter- nacionalização como uma estratégia integral, enten- dendo a participação nos mercados externos como parte da evolução natural da empresa; 2. Orientação etnocêntrica: a empresa considera sua participação em mercados internacionais como uma extensão dos objetivos nacionais, utilizando as vendas externas para combater as oscilações do mercado interno. Nesse caso, a exportação é trata- da como um aproveitamento de uma oportunidade pontual. Ludovico (2018) destaca diferentes níveis de inter- nacionalização, desde uma simples remessa até o 5 estabelecimento de subsidiárias no país de destino das mercadorias: Envolvimento no Comércio Internacional Práticas Não Interessado A empresa manifesta interesse, mas prefere comprar e vender no mercado interno. Parcialmente interessado Atende pedidos externos e realiza compras de fornecedores interna- cionais, mas sem um planejamento estratégico para tal. Exportador/Importador experimental Realiza comércio apenas com países vizinhos e de cultura e normas técni- cas similares. Exportador/Importador ativo Modifica e adapta seus produtos para atender aos mercados internos e externos. A atividade passa a fazer parte da estratégia, dos planos e do orçamento da empresa. Tabela 1: Graus de envolvimento no Comércio Internacional. Fonte: Adaptado de Ludovico (2018, p. 32) Concordando com Ludovico (2018), a transição das atividades de uma empresa puramente nacional para uma empresa internacionalizada apresenta alguns aspectos básicos como o estabelecimento de uma rede internacional de contatos; a criação de uma mentalidade internacional; a busca contínua de novos conhecimentos e o envio de gestores do departa- mento de comércio exterior para os países dos quais se pretende comprar ou para os quais se pretende vender. Essa prática, em especial, é essencial para que seja possível adquirir maior conhecimento da cultura e dos consumidores locais. 6 Segundo Castro (2007), recorrer ao comércio inter- nacional apenas em épocas em que a empresa e o mercado nacional estejam em crise, exige cuidados especiais da empresa, pois, geralmente, as opera- ções são feitas sem regularidade e podem provocar desconfiança quanto ao grau de comprometimento com as operações internacionais. Para participar de forma ativa, a empresa deve es- tabelecer uma estratégia. Além disso, para evitar maiores problemas, deve definir com antecipação qual o grau de envolvimento desejado. Com base na maior quantidade de informações possíveis, a empresa deve decidir se vale a pena investir em de- terminado mercado para exportação ou importação. Vamos conhecer os principais fatores estratégicos a serem analisados pelas empresas quando da sua decisão de internacionalização, na tabela 2: Fator Análise Geográfico Qual a distância do país para o qual a empresa deseja exportar? A análise geográfica engloba um estudo logístico, que pode encarecer e até inviabilizar a operação. Econômico Qual o poder aquisitivo da população do país para o qual a empresa pretende exportar produtos? Ele é compatível com o preço final do produto ou do serviço? Sociopolítico Qual a legislação vigente no país de destino? Existe alguma restrição específica ao produto? A avaliação sociopolítica visa a identificar fatores impeditivos como controles sanitários, burocráti- cos, documentais, qualitativos e quantitativos que podem afetar radicalmente as perspectivas de comercialização. 7 Fator Análise Cultural A cultura do país exige adaptações do produto ou do serviço? Tecnológico Avaliar qual a capacidade de aceitação da quali- dade do material. Tabela 2: Fatores estratégicos de análise na internacionalização. Fonte: Adaptado de David e Stewart (2010) Castro (2007) também destaca que a empresa deve dominar, no mínimo, o inglês ou a linguagem do com- prador, a fim de evitar constrangimentos e desenten- dimentos das regras de compra e venda, facilitando a realização e concretização das vendas. Conhecemos um pouco dos aspectos da interna- cionalização, mas você consegue identificar o que efetivamente leva uma empresa a participar do mer- cado internacional? Vamos aprofundaresse tema. 8 MOTIVAÇÃO PARA O COMÉRCIO EXTERIOR Os fatores pelos quais as empresas optam por im- portar ou exportar produtos e serviços são inúmeros. Primeiramente um produto ou serviço pode, sim- plesmente, não existir no mercado nacional. Fatores tecnológicos, de qualidade de matéria-prima, de disponibilidade de recursos, de diferença de clima entre outros, podem impactar para que um produto ou serviço seja encontrado fora do país a um preço muito mais baixo que do mercado nacional. Reflita A Argentina, por conta do seu clima, tem uma produção de trigo muito maior do que a que precisa para abas- tecer o seu mercado nacional. Estima-se que a popula- ção consuma somente 1/5 de tudo que é produzido. O excedente, então, é exportado para outros países e o que mais compra trigo argentino é o Brasil. O preço e a qualidade são superiores ao que é plantado aqui por conta da diferença de clima. Nesse caso, seria possível dizer que a importação traz vantagens para ambos os países? Já no caso da exportação, Ludovico (2018, p.12) indica como vantagem a isenção ou suspensão dos impostos que são aplicados no mercado interno. A empresa também poderá utilizar diversos incenti- 9 vos financeiros que são concedidos para empresas exportadoras. Segundo o autor: “outro fator impor- tante é que muitos produtos são modificados pelas empresas por sugestão do mercado externo, fazen- do que passem a ser comercializados também no mercado interno. Costuma-se dizer que aprendemos com o exterior sem pagar por isso, e ainda vendemos internamente”. Entendemos, portanto, que qualquer exigência de outros mercados pode possibilitar à empresa a mo- dernização do seu parque fabril, além da melhoria na aquisição de suas matérias-primas, nacionais ou importadas. Ludovico (2018) também afirma que o consumidor de uma marca reconhecida como exportadora passa a ter mais confiança, uma vez que associa a acei- tação do produto pelo mercado internacional como sinônimo de qualidade superior. Ele lista as principais vantagens que a atividade exportadora oferece às empresas: ● Maior produtividade: exportar significa vender mais, somando ao que já é fabricado para o mercado na- cional, dessa forma é possível colocar em utilização qualquer capacidade ociosa da empresa ou dos re- cursos produtivos. Isso diminui o custo dos produtos e torna seus preços mais competitivos; ● Diminuição da carga tributária: a empresa pode compensar o recolhimento dos impostos internos por meio da exportação; ● Redução da dependência de vendas internas: ao diversificar os mercados, atendendo tanto o nacional 10 quanto o internacional possibilitará à empresa estar mais segura contra possíveis alterações de demanda; ● Aumento da capacidade inovadora: as empresas exportadoras costumam adotar programas de quali- dade e desenvolvem novos processos de fabricação e novos produtos com mais frequência; ● Aperfeiçoamento de recursos humanos: como a qualificação exigida dos colaboradores é maior, a exemplo da exigência básica de inglês avançado, as empresas tendem a possuir uma melhor remunera- ção de seus colaboradores; ● Aperfeiçoamento dos processos industriais e co- merciais: elaboração de contratos mais precisos e melhores condições de concorrência interna e externa. ● Imagem da empresa: fica associada com refle- xos positivos para os clientes e fornecedores, uma vez que o mercado internacional é visto como mais exigente. Existem algumas teorias para a principal motivação dos países para participar do comércio internacional. Conheça em nosso podcast: Teoria das vantagens. Podcast 1 A empresa que exporta pode também prolongar o ciclo de vida do produto, ou seja, um produto que já não é aceito no mercado nacional, pode ser vendido no mercado internacional. 11 https://famonline.instructure.com/files/717260/download?download_frd=1 Reflita Vamos conhecer alguns exemplos de como as empre- sas podem se beneficiar com o Comércio Internacional? As novelas produzidas e exibidas no Brasil passam tam- bém em outros países. A novela Avenida Brasil, exibida em 2012, teve sua exibição em mais de 50 países, al- guns com muito sucesso, como na Argentina. Isso tam- bém pode acontecer com outros produtos. Peças de moda praia, como biquínis, maiôs, sungas, podem ser vendidos no Brasil na época do verão e em países do he- misfério norte, como Estados Unidos, Inglaterra, França e Alemanha, nas demais estações do ano. Dessa forma, a empresa transforma meses que seriam de baixa ven- da, por causa do inverno e do frio, em meses de venda normal ou até superior, aproveitando-se do verão nesses países. Outro exemplo de sucesso é a empresa Alparga- tas e seu produto, as Havaianas. Visto no Brasil como um produto para as classes C e D, a empresa foi bus- car mercados estrangeiros, posicionando seu produto como item de luxo e status. O resultado foi um sucesso e essa mudança também afetou a percepção do consu- midor brasileiro, que passou a enxergar o produto como alto padrão, voltado para as classes A e B. Para conseguir aproveitar todas essas vantagens, é necessário que a empresa analise cuidadosamente o ambiente econômico interno e externo. 12 AMBIENTE ECONÔMICO NACIONAL E INTERNACIONAL Um dos conhecimentos mais importantes de uma empresa que deseja participar do comércio inter- nacional é conhecer o ambiente econômico tanto nacional quanto o internacional. Toda semana o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) apura os dados da balança comercial brasileira, identificando o seu valor e quais foram os principais produtos e serviços importados e exportados pelas empresas e suas respectivas origens. Saiba mais Os dados da balança comercial são obtidos por meio do Siscomex e publicados no site do MDIC. No início de cada ano, o Ministério publica um balanço anual dos resultados, classificando a balança comercial como superavitária (valor exportado foi maior que o impor- tado) ou deficitária (valor importado foi maior que o exportado). Acesse o link para consultar semanalmen- te as publicações: http://www.mdic.gov.br/index.php/ balanca-comercial. Dados finalizados de 2017 mostram que a balança comercial encerrou seu ano com superávit de quase US$ 67 bilhões, ou seja, o valor das exportações (US$ 217.739 bilhões) foi maior que das importações (US$ 150.749 bilhões). 13 http://www.mdic.gov.br/index.php/balanca-comercial http://www.mdic.gov.br/index.php/balanca-comercial Do total importado quase 62% foram concentrados em máquinas e aparelhos (US$ 38.128 bilhões), produtos químicos (US$ 31.311 bilhões) e produtos minerais, principalmente combustíveis (US$ 23.364 bilhões). As principais origens dos produtos importados pelas empresas brasileiras foram China, Estados Unidos, Argentina e Alemanha. Somente China e Estados Unidos representam 35% da origem das importações brasileiras. Já nas exportações, o setor de agronegócio respon- deu, sozinho, por 44,1% do total das exportações do país. Em primeiro lugar vem a soja, seguida pela carne de frango, carne bovina, açúcar em sua forma bruta, celulose, café, e farelo de soja, um total de (US$ 217,74 bilhões). Os principais destinos das exportações brasileiras foram a China, Estados Unidos e Argentina. A partir desses dados, é possível confirmar o que afirma Souza (2009, p. 7): “O Brasil possui vantagens comparativas em commodities [...] são muitas vezes comercializadas por empresas estrangeiras. Além dos recursos naturais, a pesquisa e a mão de obra aplicada estão, nesse caso, proporcionando vanta- gens a quem controla e não a quem é detentor dos recursos”. No caso o Brasil. Fique atento Commodities é uma sigla utilizada para determi- nar produtos agrícolas ou minérios, com preços fixados por bolsas que operam em outros países. 14 O autor dá duas possibilidades para que o país possa otimizar a sua participação no comércio internacional: 1. Penetrar fortemente em mercados mais sofis- ticados,como o da aviação e o da informática que irá utilizar fatores de produção nacionais e especia- lizadas, trazendo o lucro diretamente para o país e não para terceiros; 2. Outra possibilidade é aproveitar os recursos es- tratégicos, como o petróleo, o etanol, alimentos e a água para criar condições de se tornar uma referência em estratégia, e não somente como uma fonte de riquezas. Souza (2009, p. 8) também afirma que as empresas precisam aproveitar as vantagens trazidas pela ex- pansão dos mercados, resultado direto dos acordos multinacionais. Nesse sentido, Ludovico (2018) elogia o pioneirismo da União Europeia, assim como os demais blocos econômicos, como a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC), o Grupo Andino, a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), o Mercado Comum do Sul (Mercosul), o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) e mui- tos outros. Conhecer essa diversidade de acordos possibilita que a empresa possa tratar estratégias mais adequadas ao ambiente econômico no qual ela deseja se inserir. Ludovico (2018) destaca que estas estratégias po- dem ser chamadas de Estratégias de Globalização e estão divididas da seguinte forma: 15 ● Integração das atividades internacionais: esse tipo de estratégia é aplicado de forma plena por empresas que atuam em diversos países, já que, por meio da integração de suas atividades internacionais, podem alcançar economias de escala e sinergias em pro- dução, compras, marketing, finanças e pesquisas. ● Expansão internacional: empregada tanto por em- presas locais como por multinacionais, e tem como objetivo ampliar a participação nos mercados in- ternacionais por meio de exportações, franchising internacional, implantação de unidades ou aquisições de empresas no exterior. ● Alianças internacionais: visa a desenvolver as- sociações formais ou informais com fornecedores de produtos tecnologicamente diferenciados, com clientes globais e mesmo com concorrentes inter- nacionais. A aliança tem como objetivo melhorar a eficiência operacional e a atualização tecnológica, o que levara a um aumento de vendas no mercado local e expansão internacional. A figura 1 resume as estratégias de globalização: GLOBALIZAÇÃO DO NEGÓCIO Expansão internacional Alianças internacionais com fornecedores e clientes. Integração das atividades internacionais. Figura 1: Estratégias de globalização. Fonte: Ludovico (2018, p. 27) 16 BUSCA DE MERCADOS Além de conhecer o ambiente internacional, é im- portante utilizar um trabalho de investigação a fim de entender melhor as características essenciais de cada mercado. Ludovico (2018, p. 58) destaca um esquema básico de como a investigação de um mercado internacional pode ser organizada: 1. O mercado em si mesmo: detalhes de governo, indicadores econômicos, estrutura econômica, pla- nos de desenvolvimento governamental, meios e facilidades de comunicação e transporte, além da balança comercial do país; 2. Acesso ao mercado: política geral de importação e exportação, as autorizações e eventuais regulamen- tações, os sistemas de impostos taxas e aduaneiro; 3. Fatores de comercialização: verificar as caracte- rísticas do público consumidor considerando fato- res logísticos, documentos necessários, formas de pagamento, promoções, garantia e substituição de produto, caso necessário; 4. Conclusão: analisar o pacote completo de infor- mações de forma a tomar a melhor decisão consi- derando o cenário completo. 17 Saiba mais Esses são somente alguns itens a ser estudados. O Capítulo 8 do livro Como preparar uma empresa para o comércio exterior, de Nelson Ludovico, da editora Sa- raiva (2018), traz item a item o que deve ser levantado em uma pesquisa de busca de mercado internacional. Está disponível na Minha Biblioteca. A pesquisa de mercados antes de iniciar as opera- ções é essencial para que as operações possam ocorrer sem maiores problemas. Da mesma forma e como afirma Ludovico (2018, p. 18): “pode-se tam- bém, com fortes razões, acreditar que a atenção às exigências do consumidor contribui de maneira de- cisiva para nossos produtos ocupem novos espaços no comércio internacional”. Segundo o autor, um dos primeiros fatores a ser ana- lisado é certificar-se da confiabilidade da empresa no exterior. Seja ela fornecedora ou compradora, é essencial verificar seu site, o cadastro dos produtos, indicações de clientes já existentes, participações em feiras, exposições, congressos e missões comerciais, quais as praças de atuação, quais os bancos com que trabalha, seus principais fornecedores e como ela trata a sua internacionalização, se é de forma estratégica ou não. É importante notar que, da mesma forma, uma em- presa compradora no exterior pode solicitar as mes- mas informações do fornecedor brasileiro, sempre 18 visando a aumentar a confiabilidade nas operações da empresa. Para definir para quais mercados a empresa irá ex- portar, por exemplo, é possível buscar dados estatís- ticos de outras empresas exportadoras que possuam produtos similares ou idênticos. A coleta dessas in- formações pode ser feita em diversas fontes, gover- namentais e não governamentais. Saiba mais As informações sobre culturas, hábitos, países e ou- tras podem ser coletadas em diversos websites: - MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: www.mdic.gov.br. - APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exporta- ções e Investimentos: http://www.apexbrasil.com.br/ home/index. - Aprendendo a Exportar: http://www.mdic.gov.br/ sistemas_web/aprendex. - Câmaras de Comércio dos países, para os quais se pretende exportar ou importar como a AMCHAM – Câ- mara Americana de Comércio: http://www.amcham. com.br. - Consulados e Embaixadas como o Consulado Geral de Portugal: http://consuladoportugalsp.org.br. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pe- quenas Empresas, oferece cursos e orientações sobre como exportar: http://www.sebrae.com.br. Segundo Garcia (2004), a pesquisa tornará possível que a empresa visualize com mais clareza as es- 19 http://www.mdic.gov.br http://www.apexbrasil.com.br/home/index http://www.apexbrasil.com.br/home/index http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex. http://www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex. http://www.amcham.com.br http://www.amcham.com.br http://consuladoportugalsp.org.br http://www.sebrae.com.br tratégias a serem adotadas nos mercados para os quais pretende exportar. Para o autor, é necessário identificar as seguintes informações: ● se os valores exportados ou importados pelo Brasil, no período analisado, são crescentes, decrescentes ou constantes; ● se as quantidades exportadas ou importadas são crescentes, comparadas a valores constantes; se as quantidades são constantes, comparadas a valores crescentes; ou se as quantidades são decrescentes comparadas a valores crescentes. Com essas informações, é possível identificar se o mercado está crescendo, retraindo e se o produto está valorizado ou desvalorizado. A partir desses resultados, a empresa poderá definir para quais mercados é mais interessante investir na criação de relacionamentos de fornecimento. Fique atento Para as estatísticas levantadas, um período de análise de três a cinco anos é o suficiente para identificar um comportamento satisfatório dos dados analisados. A evolução da tecnologia de informação também auxiliou, sobremaneira, o contato entre vendedores e compradores no mundo inteiro. Contatos e reuniões feitas utilizando aplicativos como o Skype facilitam o contato e a troca de informações entre importador 20 e exportador, reduzindo o deslocamento físico, que incorre em tempo e altos custos para ambos. Saiba mais Você conhece alguém que já teve alguma má experiên- cia com compras de sites de venda da China? Conhe- ça essas histórias tristes, porém engraçadas: https:// www.tecmundo.com.br/bizarro/106826-11-compras- -feitas-internet-deram-errado.htm. A pesquisa também podeconsiderar regiões que possuam acordos econômicos com o Brasil, como o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e outras regiões e países com acordos bilaterais ou multilaterais. Fique atento Acordos bilaterais: feitos entre dois países Acordos multilaterais: feitos entre blocos econômicos ou entre vários países A busca por um fornecedor também pode ser limi- tada ao custo de deslocamento do material. Uma empresa brasileira pode optar, por exemplo, por com- prar produtos somente de países próximos, como Estados Unidos, México ou Uruguai, o que tornará o frete mais barato. A diferença de idioma também pode ser considerada. Ao adquirir produtos somen- 21 https://www.tecmundo.com.br/bizarro/106826-11-compras-feitas-internet-deram-errado.htm https://www.tecmundo.com.br/bizarro/106826-11-compras-feitas-internet-deram-errado.htm https://www.tecmundo.com.br/bizarro/106826-11-compras-feitas-internet-deram-errado.htm te de países de língua espanhola ou portuguesa, a empresa brasileira pode ter maior facilidade na ne- gociação e confecção de documentos. Uma das formas mais efetivas de colher informa- ções tanto de vendedores como de compradores é a participação em uma feira internacional. Saiba mais detalhes em nosso podcast: Feiras internacionais. Podcast 2 De acordo com Fontes (2017), outras formas de con- tato são a contratação de assessorias especializadas em buscar fornecedores internacionais e contatar empresas como tradings e traders. As tradings são empresas estrangeiras com escritórios espalhados pelo Brasil que possuem uma carteira de fornecedores de diversos ramos, já os traders são agentes, geralmente pessoas físicas, especializados em determinados segmentos e que conhecem profun- damente o mercado em que residem, possuindo uma carteira de diversos fornecedores, podendo designar ou direcionar o melhor produto desejado pelo impor- tador, cobrando uma comissão sobre as operações realizadas. Segundo Ludovico (2018), a busca de mercados, quando bem realizada, resultará em diversos cuidados especiais a serem tomados, seja com relação à regu- lamentações, normas de segurança, especificações técnicas, tarifas, adaptações dos produtos, licenças, entre outros. Discutiremos mais sobre isso a seguir. 22 https://famonline.instructure.com/files/717261/download?download_frd=1 PADRONIZAÇÃO E ADAPTAÇÃO Para Minervini (2008), ao entrar em um novo merca- do, a empresa pode optar por duas estratégias em relação aos seus produtos e serviços: a padronização ou a adaptação. ● A padronização consiste em projetar produtos e serviços para os quais as estratégias de produção, marketing, distribuição sejam as mesmas para o mundo todo; ● Já a adaptação acontece quando as empresas realizam sua produção, divulgação, vendas e distri- buição, a fim de atender a cada cultura de cada país comprador. Para conseguir adaptar seus produtos e serviços de forma apropriada, a empresa precisa, antes, realizar uma pesquisa de mercado para enten- der os costumes, gostos, hábitos e comportamento de seus possíveis compradores. A busca de mercados em si pode resultar na neces- sidade de desenvolvimento de novos produtos pela adaptação, de acordo com as características de mer- cado. Segundo o autor, considerando que um produto é vendido para agradar o mercado local, talvez seja necessário adaptá-lo a outras culturas. Reflita Você conhece produtos que são especificamente adap- tados para a realidade do nosso país? Se você fosse criar um produto somente para brasileiros, o que não poderia faltar? 23 Ludovico (2018) destaca algumas diferenças cultu- rais que podem nortear, não somente as questões de padronização ou adaptação, mas também a própria negociação de compra e venda: ● Para componentes elétricos, por exemplo, o mer- cado internacional normalmente exige que o produto receba uma certificação para ser comercializado. Nos Estados Unidos, essa certificação é realizada pela Underwriters Laboratories (UL); ● Chineses e japoneses tendem a ser mais reserva- dos, cuidadosos e de pouca fala. Evitam conflitos e buscam uma relação com base na confiança. Os negócios são realizados em partidas de golfe, res- taurantes ou cafés; ● A cultura russa geralmente gira em torno do preço e do contrato. As decisões são sempre tomadas em grupo e vários almoços de negócios são realizados, geralmente, junto com vodca; ● Os indianos consideram a titulação profissional do responsável da empresa. É comum tomar chá e trocar presentes durante as negociações. O sistema é altamente burocratizado, o que pode tornar o fe- chamento de um contrato muito demorado; ● Ainda na cultura árabe é rara a participação de mu- lheres em mesas de negociação, as conversas são realizadas de forma muito próxima e os estrangeiros devem obedecer as leis islâmicas. Alguns exemplos de adaptação acontecem com a fa- bricação do produto, embalagem, catálogos e preços. 24 ● Design e embalagem devem levar em conta os costumes sociais ou religiosos do país importador. ● Símbolos, sinais, cores, rotulagem, dizeres podem ser contrários ao modo de vida do país de destino. ● Embalagem de transporte também deve ser mo- dificada para proporcionar maior segurança contra roubos, furtos, violações, danos e avarias. ● Os produtos, em sua composição, devem estar de acordo com as normas do país importador (seguran- ça, fitossanitários etc.). ● Catálogos: língua e terminologia do país de destino; dados técnicos; voltagens; pesos; dimensões. ● Preço: conhecer os custos de produção detalhados mais frete, impostos, taxas do país de destino. Minervini (2008, p. 65) destaca alguns exemplos de alterações necessárias no produto, evidenciadas após a coleta de informações de mercado. Um pro- dutor italiano de válvulas, para vender seu produto no México, teve de mudar o tipo de rosca, pois as normas locais para roscas são diferentes daque- las utilizadas na Europa; um produtor brasileiro de biquínis teve de mudar completamente o tamanho das peças que produzia para vendê-las na Itália; um produtor de materiais elétricos teve de adaptar seus disjuntores, passando uma camada de verniz nas bo- binas, por causa da diferença de clima e de umidade do país importador, “tropicalizando” o produto; um produtor de sofás teve de reduzir as dimensões dos assentos para poder vender no sudoeste asiático, 25 considerando que, naqueles países, os apartamentos têm pouco espaço; um produtor de alarmes para automóveis teve de mudar a marca do seu produto porque, em alguns países, o nome transmitia uma imagem pouco séria para a cultura local. A internacionalização das operações somente terá sucesso se, após toda a pesquisa, a atividade passar a fazer parte da estratégia da empresa. A figura 2 resume um planejamento de exportação que parte desde a pesquisa e negociação de preços, quantida- des, condições de pagamento, prazo de embarque e Incoterms, passando pela produção e pelo gerencia- mento de outras providências pós-embarque, como contratos de câmbio, custos financeiros e prazos. Contratação Negociar Objetivos Iniciais - Preços/moedas - Quantidades - Condições de pagamento - Prazo de embarque - Incoterms Objetivos Intermediários - Prazos - Custos - Serviços - Logística Objetivos Finais - Contrato de câmbio - Custos inanceiros - ACC/ACE - Prazos - Liquidação - Tempo - Qualidade - Expedição Planejar Coordenar Gerenciar Produção Embarque Providências Providências Metas Objetivos da empresa Figura 2: Planejamento de exportação. Fonte: Ludovico (2018, p. 108) 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo entendemos como a globalização foi importante para a abertura dos mercados e, conse- quentemente, trouxe maior concorrência para as em- presas brasileiras, que modernizaram seus negócios a fim de tornarem-se competitivas. Com isso, foi tam- bém possível aproveitar aspossibilidades do mercado internacional, que proporciona maior produtividade, redução da dependência exclusiva do mercado interno e associa a imagem da empresa à maior qualidade. Atualmente, o Brasil importa principalmente produtos manufaturados e semimanufaturados, enquanto que exporta produtos de origem do agronegócio e animal. China e Estados Unidos estão entre os principais com- pradores e vendedores. Para iniciar as operações no mercado internacional, é necessário realizar uma busca por mercados. Os resultados auxiliarão a empresa a entender quais as principais modificações devem ser feitas no produto ou no serviço, ou mesmo nas ações de marketing e em seu material de identificação e catálogo, como indicação de peso, medidas e linguagem. Percebemos que participar do comércio internacional em um mundo globalizado passa a ser uma decisão inerente a qualquer empresa, contudo, só terá suces- so aquela que se dedicar a realizar uma pesquisa de mercado de qualidade e, a partir dela, planejar estra- tegicamente as suas operações internacionais. 27 SÍNTESE Adaptação: produção, divulgação, vendas e dis- tribuição voltados para atender à cultura de cada país comprador ou vendedor, adaptando produtos e serviços de acordo com costumes, gostos, hábi- tos e comportamento do mercado-alvo, tomando os resultados da busca de mercado como nor- teadores das adaptações. Melhora a imagem da empresa. Aperfeiçoamento dos processos industriais. Maior qualificação dos colaboradores. Criação de novos processos de fabricação e novos produtos com aumento da capacidade de inovação. Ativo: Modifica e adapta produtos e serviços e planeja estratégias nacionais e internacionais de comercialização. Experimental: Comercializa somente com países vizinhos e de cultura similar. Parcialmente interessado: empresa compra e vende do mercado internacional, sem planejamento estratégico. Internacionalização: Não interessado: empresa prefere o mercado interno. Redução da dependência exclusiva do mercado interno e suas oscilações. Diminuição da carga tributária para empresas exportadoras e possibilidade de aproveitar créditos fiscais para importadores. Motivação: Maior produtividade torna os preços mais competitivos. Globalização: riscos, oportunidades e desafios GESTÃO DE OPERAÇÕES COM CÂMBIO Padronização e Adaptação Padronização: projetar produtos e serviços para os quais as estratégias de produção, marketing e distribuição sejam as mesmas para o mundo todo Referências Bibliográficas & Consultadas CASTRO, J. A. C. Exportação: aspectos práticos e operacionais. São Paulo: Aduaneiras, 2007. DAVID, P.; STEWART, R. Logística internacional. São Paulo: Cengage Learning, 2010. FONTES, K. 7 passos para o sucesso na importa- ção: o manual para ser bem-sucedido no comércio exterior. São Paulo: Labrador, 2017. GARCIA, L. M. Exportar: rotinas, procedimentos, incentivos e formação de preços. São Paulo: Aduaneiras, 2004. LUDOVICO, N. Como preparar uma empresa para o comércio exterior. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JUNIOR, C. comércio ex- terior e negociações internacionais: teoria e práti- ca. São Paulo: Saraiva, 2006. 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SOUZA, J. M. Fundamentos do comércio interna- cional. São Paulo: Saraiva, 2009. SOUSA, J. M. Gestão do comércio exterior: expor- tação/importação. São Paulo: Saraiva, 2010. _GoBack Introdução Internacionalização das operações Motivação para o comércio exterior Ambiente econômico nacional e internacional Busca de mercados Padronização e adaptação Considerações finais Síntese
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